Revista Pontos de Vista Edição 94

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Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. JULHO 2020 | EDIÇÃO Nº 94 - Periodicidade Mensal | Venda por Assinatura - 4 Euros

MISIGHT® 1 DAY:

JÁ EM PORTUGAL AS LENTES DE CONTACTO QUE PODEM CONTROLAR A MIOPIA DAS CRIANÇAS

PRF

APOSTA VENCEDORA NO HIDROGÉNIO

MARIA JOÃO ESCREVENTE “A UNITEL É UMA MARCA ESPECIAL E OS RECURSOS HUMANOS SÃO UM VERDADEIRO PILAR NO CRESCIMENTO DA EMPRESA”

FOTO: DIANA QUINTELA

DIRETORA DE RECURSOS HUMANOS DA UNITEL



ÍNDICE DE TEMAS

PÁGINA 20 A 51

PONTOS DE VISTA NO FEMININO. MULHERES LÍDERES QUE FAZEM A DIFERENÇA. CONHEÇA ALGUMAS PERSONALIDADES DO UNIVERSO FEMININO E SAIBA COMO AS MESMAS TÊM VINDO A CONQUISTAR O SEU ESPAÇO

PÁGINA 6 A 13

A IMPORTÂNCIA DA APOSTA DO HIDROGÉNIO EM PORTUGAL. UMA OPORTUNIDADE QUE NÃO PODEMOS DESPERDIÇAR

PÁGINA 54 A 71

EM TEMPOS DE PANDEMIA DA COVID-19 DE QUE FORMA É QUE AS MARCAS & ORGANIZAÇÕES SE ADAPTARAM E APOSTARAM EM NOVOS CAMINHOS PARA CONTORNAR AS DIFICULDADES? SAIBA MAIS

PÁGINA 52 A 53

VENHA CONHECER O SOLAR ANTIGO LUXURY COIMBRA E O SOLAR ANTIGO PORTO AEROPORTO, DOIS ESPAÇOS QUE JAMAIS IRÁ ESQUECER

PÁGINA 14 A 15

LUÍS RIBEIRINHO E CARLOS BAIÃO, DA TPF - CONSULTORES DE ENGENHARIA E ARQUITETURA, S.A, ABORDAM A RELEVÂNCIA DO BIM - BUILDING INFORMATION MODELING

PÁGINA 59

A ISS IBÉRIA VOLTA A ESTAR NA LINHA DA FRENTE AO DISPONIBILIZAR UM SERVIÇO DE CONSULTORIA PARA A IMPLEMENTAÇÃO DE SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS ADAPTADAS AOS ESPAÇOS DE TRABALHO

FICHA TÉCNICA DIRETOR: Jorge Antunes

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PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS: Ricardo Andrade

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Editorial A Revista Pontos de Vista apresenta-se como uma publicação editada pela empresa de comunicação empresarial Horizonte de Palavras, sendo de frequência mensal, assume-se como um meio de comunicação que pretende elevar as potencialidades do tecido empresarial em Portugal. Assumimos o compromisso de promover paradigmas práticos e autênticos do que de melhor existe em Portugal, contribuindo decisivamente para a sua vasta difusão.

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Propriedade, Administração e Autor Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda.


» OFTALMOLOGIA – INOVAÇÃO EM LENTES DE CONTACTO

“A COOPERVISION CONTINUA A INOVAR E A DESENVOLVER PRODUTOS E SERVIÇOS DE EXCELÊNCIA” Presente em território luso há muitos anos, a CooperVision, assume-se como um importante player no domínio de lentes de contacto, aportando um nível elevado de inovação nos seus produtos, facto que perpetua a diferença e aporta valor. A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Miguel Angel Pérez, Administrador da CooperVision, onde ficamos a conhecer melhor as valias de um novo produto da marca, a MiSight® 1 day, e que foi criada com dois fitos: garantir uma visão adequada ao paciente míope e, ao mesmo tempo, retardar o crescimento da miopia na infância/adolescência.

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ssumidamente como um dos maiores fabricantes mundiais de lentes de contacto, a CooperVision tem vindo a marcar a diferença no seu setor de atuação, perpetuando uma forte dinâmica no domínio da inovação e da proteção dos nossos olhos. No sentido de contextualizar junto do nosso leitor, de que forma é que a marca tem vindo a perpetuar um caminho na criação e na inovação na indústria das lentes de contacto? Há muito tempo que a CooperVision está na vanguarda no mundo da contactologia. Criando produtos, serviços e conceitos inovadores. Materiais, geometrias, graduações pouco comuns em lentes de contacto descartáveis... a CooperVision vem desenvolvendo lentes de contacto através do departamento de I+D com uma intenção clara: ajudar os profissionais da visão a melhorar a vida dos pacientes com problemas de visão.

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A miopia em crianças e adolescentes é uma das principais patologias no que concerne à saúde dos olhos. Neste sentido, quão importante é promover a prevenção no sentido de evitar e travar a miopia, principalmente nestas idades? A miopia é mais do que um problema de visão. É mais do que ter uma má visão ao longe. O que por si já é um inconveniente para quem é míope. A miopia e a quantidade de graduação que se desenvolve na infância e na adolescência têm uma relação, comprovada, com patologias oculares que se podem desenvolver na idade adulta. Um olho míope é um olho que cresce em excesso e esse crescimento excessivo é o que está por detrás das maiores probabilidades que as pessoas míopes têm de desenvolver patologias como descolamento de retina, maculopatia miópica e outras. Na infância e adolescência é possível agir para limitar o crescimento do olho e, ao mesmo tempo, levar o paciente a desenvolver menos miopia do que teria se não se agisse. Atenta a este problema, a CooperVision criou a MiSight® 1 day, as lentes de contacto que demonstraram diminuir de forma significativa a progressão da miopia. Explique-nos as valias deste produto e como o mesmo reduz o avanço da miopia. As lentes MiSight® 1 day foram desenhadas para dois propósitos: primeiro, garantir uma

MIGUEL ANGEL PÉREZ

visão adequada ao paciente míope e, ao mesmo tempo, retardar o crescimento da miopia na infância/adolescência. É uma lente de contacto hidrófila, suave, que é substituída todos os dias. Isso significa que, para o profissional da visão, para os pais e para o paciente são muito fáceis de adaptar e usar. Como são descartáveis diárias, as probabilidades de desenvolver alguma complicação devido ao uso são praticamente nulas. É um método fácil e muito seguro para retardar a progressão da miopia em crianças e adolescentes. Além disso, ao proporcionar uma excelente visão, as crianças podem desenvolver todo o seu potencial no desenvolvimento psicossocial, habilidades motoras, estudos, relações sociais... Porque é que as mesmas são adequadas para crianças e adolescentes? Para que idades são as lentes de contacto MiSight® 1 day mais adequadas? As lentes MiSight® 1 day são recomendadas para crianças e adolescentes míopes entre

6 e 15 anos de idade, que é quando a miopia provavelmente se estabelece e progride. São fabricadas com um material que oferece um grande conforto no uso e, como comentava anteriormente, devido ao tipo de substituição diária, reduzem drasticamente a possibilidade de qualquer complicação no uso. Especialmente em crianças, os profissionais e os pais devem garantir um alto padrão de segurança. Sabemos que um dos grandes problemas das lentes de contacto, passam pela colocação das mesmas. E sabendo que este produto é direcionado para crianças, de que forma é que a marca garante que as mesmas sejam de fácil colocação? A maioria das pessoas com um curto período de ensino e alguma prática é capaz de colocar e retirar as lentes de contacto. Não detetámos que seja necessária uma maior preocupação no manuseamento das lentes de contacto por serem crianças. Em geral, dos 6 aos 7 anos, a maioria delas tem habilidade suficiente para


Que género de tecnologia utilizam no sentido de proporcionar uma boa visão e, ao mesmo tempo, controlar a progressão da miopia e o crescimento do olho? As lentes MiSight® 1 day estão baseadas na teoria da desfocagem de imagem na retina, que foi extensivamente testada e clinicamente comprovada. Numerosos estudos clínicos foram realizados nos quais foi demonstrado que o crescimento do olho pode ser modulado através da imagem gerada na retina do olho. Desfocando levemente a imagem criada na retina periférica e colocando-a ligeiramente à sua frente, conhecida como desfocagem miópica da retina periférica, pode enviar-se uma mensagem ao olho míope para retardar o seu crescimento. Esse efeito contínuo ao longo do tempo reduz a quantidade de miopia que se desenvolve durante a infância/adolescência em comparação com o que se desenvolveria se não usasse as lentes MiSight® 1 day. Olhando para o mercado em Portugal, de que forma é que a CooperVision tem um papel forte neste domínio e quais são os desi-

deratos que a marca tem para continuar a crescer na sua capacidade de estar presente no mercado? A CooperVision está presente no mercado português há muitos anos em clínicas oftalmológicas e centros óticos. A nossa vocação é a de ter um papel fundamental em Portugal no setor ótico. Colaboramos com profissionais individuais, associações do setor, universidades... pretendemos cumprir a nossa visão e os nossos valores através dos nossos produtos e serviços. Desde o início da presença da CooperVision em Portugal, tem havido um investimento contínuo no crescimento da equipa destinada ao mercado português e, certamente, manteremos essa taxa de crescimento. Honestamente, só podemos agradecer a todos os profissionais e pacientes que confiam nos nossos produtos, que são cada vez mais. As lentes de contacto MiSight® 1 day assumem-se como um produto deveras inovador e diferenciador, demonstrando que a marca está sempre em busca de novas inovações. Assim, de que forma é que marca procura diariamente apresentar produtos inovadores em prol das pessoas que sofrem com miopia? A MiSight® 1 day é o nosso principal compromisso no campo do controlo da progressão da miopia em crianças e adolescentes. Embarcamos nesta aventura para divulgar os benefícios aos profissionais e aos pais das crianças/adolescentes míopes. Se, como sociedade, conseguirmos

limitar o crescimento da miopia nesses estágios iniciais, ajudaremos a evitar muitas complicações na idade adulta que, em alguns casos, podem levar à cegueira. A consciência da sociedade portuguesa é muito importante. E agora que a palavra pandemia está no léxico de todos, devemos lembrar que a OMS declarou a miopia uma epidemia global com a expectativa de atingir 50% da população até 2050. A sociedade portuguesa pode estar na vanguarda da luta contra a miopia. Gostaria de destacar o trabalho que está a ser realizado nesse sentido em pesquisas na Universidade do Minho, em Braga, sem dúvida um ponto de referência mundial na investigação do controlo da progressão da miopia em crianças. A terminar, quais são os principais desafios da marca em Portugal e o que podemos esperar da mesma no sentido de estar sempre próxima daqueles que necessitam dos seus produtos? A CooperVision continua a inovar e a desenvolver produtos e serviços de excelência. Gostaria de convidar todas as pessoas que necessitam de ajuda visual para visitarem o seu profissional da visão e certamente encontrarão uma solução que a CooperVision possa oferecer. Trabalhamos em estreita colaboração com os profissionais mais capacitados para garantir as melhores soluções possíveis. Sem dúvida que a MiSight® 1 day é um produto revolucionário que ajudará muitas crianças a ter uma boa visão hoje e uma boa saúde visual no futuro. ▪

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fazer a manipulação de forma segura. De qualquer forma, recomendamos sempre que os profissionais também instruam os pais, principalmente no caso de crianças entre 6 e 8 anos de idade. De 9 a 14/15 anos, as crianças e adolescentes na sua grande maioria são perfeitamente capazes de manipulá-las em segurança.


» HIDROGÉNIO E A PROMOÇÃO DE UMA NOVA MOBILIDADE

“PORTUGAL TEM AS CONDIÇÕES ÚNICAS PARA SER UM ELEMENTO-CHAVE NA PROMOÇÃO DO HIDROGÉNIO” Uma das maiores ambições do atual Governo, passa pela produção de hidrogénio, de uma forma barata para usar o mesmo de uma forma abundante em Portugal e assim tornar o hidrogénio verde numa realidade no país.

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PONTOS DE VISTA

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novo modelo energético em curso rumo à neutralidade carbónica configura uma oportunidade única para Portugal, que permitirá transformar a economia nacional numa lógica de desenvolvimento sustentável assente num modelo democrático e justo, que promova o progresso civilizacional, o avanço tecnológico, a criação de emprego e a prosperidade, a criação de riqueza, a coesão territorial a par da preservação dos recursos naturais. Neste sentido, o caminho para a descarbonização da economia é simultaneamente uma oportunidade para o investimento e para o emprego. Para isso, Portugal tem vindo a arregaçar as mangas e já está, por exemplo, em conversações com a Holanda e a Alemanha, com vista a assumir-se como líder da nova Aliança Europeia para o Hidrogénio Limpo. Para o Secretário de Estado da Energia, João Galamba, Portugal quer e tem de estar na linha da frente para chegar aos primeiros fundos europeus disponíveis para financiar a descarbonização do continente. Mas será que podemos desperdiçar esta oportunidade? Será que ainda vamos a tempo de apanhar um comboio que já está em andamento? João Galamba não tem dúvidas sobre estas duas questões. “Não e sim. A Europa já olha para nós como líderes na vertente das renováveis e estamos preparados para avançar”, revela João Galamba. Prova disso, por exemplo, é que recentemente foram recebidas, 74 manifestações de interesse relacionados com projetos de investimento na fileira industrial do hidrogénio. De salientar que os investimentos propostos perfazem cerca de 16 milhões de euros, o que é equivalente a 7,5% do PIB luso. Assim, ao Ministério do Ambiente, chegaram os primeiros projetos de investimento para produção de hidrogénio, isto ao abrigo da Estratégia Nacional para o Hidrogénio,

não chega e assim, o hidrogénio é uma solução muito positiva”; realça, assegurando que é necessário olhar para o sistema energético de forma integrada e o hidrogénio é o gás que pode desempenhar um papel central, partindo da eletricidade, mas sendo integrador. A Aliança apela a um esforço concertado entre países, universidades, centros de investigação, indústrias, empresas, e ONG para materializar essa ideia.

JOÃO GALAMBA

que deverá promover a libertação de 7 milhões de euros para o setor, isto na próxima década. “Se estávamos otimistas, podemos afirmar sem dúvida que as expetativas foram completamente correspondidas pela quantidade e diversidade de propostas”, realça o Secretário de Estado Adjunto e da Energia. O Governo prevê assim lançar ainda este ano um pacote de 40 milhões de euros para apoiar o investimento em hidrogénio limpo, em linha com as metas da Aliança Europeia para o Hidrogénio. “Não tenhamos dúvidas, esta é uma enorme oportunidade, é que além de proporcionar garantir as metas do clima, permitirá também que as empresas portuguesas se possam destacar, desenvolvendo uma indústria de enorme valor”, realça João Galamba.

“TEM DE HAVER UMA ESTRATÉGIA PARA O HIDROGÉNIO” Não só Bruxelas reconhece que este processo deve ser acelerado, como acredita que pode ser também uma componente importante do plano europeu de recuperação económica pós-covid. Para contextualizar a nova aliança europeia, João Galamba observa que foram sendo identificadas lacunas no programa para a descarbonização, que era muito focado na pura eletrificação dos consumos, o que deixava de fora algumas atividades que não podem ser facilmente abrangidas pela eletrificação, como a aviação. Fica claro que para atingir as metas propostas até 2030, é fundamental que haja “uma estratégia para o hidrogénio, até porque a eletrificação

PERPLEXIDADE PELO MANIFESTO ANTI HIDROGÉNIO Apesar das evidentes vantagens de toda esta aposta, ainda existe quem não acredite na mesma, gerando em João Galamba um sentimento de perplexidade, revelando por exemplo o manifesto contra a estratégia do hidrogénio, que viu 44 personalidades a dizer que não ao hidrogénio, algo que o Secretário de Estado da Energia não compreende. “A estratégia do hidrogénio não tem de gerar unanimidade, mas permite ter uma visão integrada dos sistemas energéticos, sendo complementar à aposta de reforço das renováveis no setor elétrico e aos objetivos de descarbonização”, revela, assegurando eu esta política de descarbonização “não é um devaneio do Estado português, representando antes uma importância central na política europeia”. A terminar, o Secretário de Estado revelou, que “deveremos ter uma nova meta na versão final da estratégia nacional de hidrogénio, até final do mês, já com objetivos concretos”, salienta, asseverando que “Portugal tem as condições únicas para ser um elemento-chave na promoção do hidrogénio. Queremos produzir hidrogénio verde a larga escala, produzi-lo de forma competitiva e desempenhar um papel relevante na emergência da economia do hidrogénio a partir de uma estratégia de industrialização baseada no hidrogénio”, conclui o Secretário de Estado da Energia, João Galamba. ▪


HIDROGÉNIO E A PROMOÇÃO DE UMA NOVA MOBILIDADE

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“A AP2H2 TEM SIDO DETERMINANTE NA DIVULGAÇÃO E PROMOÇÃO DO HIDROGÉNIO” “A nossa missão ainda não terminou. Deu-se um primeiro passo colocando o Hidrogénio na Agenda. O passo seguinte é o de trazer o Hidrogénio para a nossa vida diária, nas suas diferentes aplicações”. Quem o afirma é Campos Rodrigues, Presidente da Associação Portuguesa para a Promoção do Hidrogénio, e que nos deu a conhecer o papel da AP2H2 nesta dinâmica do hidrogénio em Portugal.

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Analisando o panorama nacional, de que forma é que temos vindo a criar medidas e iniciativas que nos levem a olhar para o desenvolvimento do hidrogénio como algo essencial para o país? O PNEC 2030 e a EN-H2- Estratégia Nacional para o Hidrogénio são as principais referências da Agenda do Hidrogénio. A descarbonização da sociedade implica a electrificação da economia e o abandono dos combustíveis fósseis, É um novo paradigma energético: energias renováveis dominantes, com o hidrogénio a assegurar a resiliência da rede e as aplicações de mobilidade e industriais. Quais são afinal as principais vantagens na utilização do hidrogénio e como se encontra Portugal nesse sentido, comparativamente a outros congéneres europeus? Solucionar os disfuncionamentos da rede resultantes das especificidades das fontes renováveis: sazonalidade, aleatoriedade e intermitência. A liderança Europeia é assumida pela Alemanha, a que se tem associado alguns países do Norte Europeu. O Hidrogénio tem nestes paí-

CAMPOS RODRIGUES

ses maior visibilidade (projectos piloto e de demonstração que não têm acontecido em Portugal). O atraso face a estes Países, é recuperável, face à assertividade do Governo na gestão deste dossier. Ao nível de legislação e de regulamentação do quadro do hidrogénio, ainda existem lacunas? De que forma é que a AP2H2 tem vindo a tentar contribuir neste quadro? Estamos no início do processo de regulamentação e normalização a nível europeu. O contributo da AP2H2 é o de identificar barreiras que condicionem a utilização do hidrogénio na economia, e de, em representação dos seus associados, acompanhar e dar parecer sobre o edifício regulamentar em construção. Quais são os principais desafios das soluções de mobilidade a hidrogénio e qual o compromisso existente com este tipo de tecnologia em Portugal? No curto prazo o principal desafio relaciona-se com a disponibilidade de uma rede de estações de abastecimento (HRS) que viabilize a utilização de frotas piloto nas suas várias formas (transportes de passageiros e de mercadorias e veículos ligeiros). Esperamos que em breve seja definido o quadro de financiamento que permita viabilizar o investimento nos primeiros nós desta rede.

“O contributo da AP2H2 é o de identificar barreiras que condicionem a utilização do hidrogénio na economia, e de, em representação dos seus associados, acompanhar e dar parecer sobre o edifício regulamentar em construção”

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dificada em 2003, a Associação Portuguesa para a Promoção do Hidrogénio (AP2H2), assume-se atualmente como um importante player e promotor da utilização do hidrogénio como vetor estratégico em Portugal. De que forma é que a entidade tem vindo a promover essa facilitação do hidrogénio? A AP2H2 tem sido determinante na divulgação e promoção do Hidrogénio como solução energética sustentável, através das múltiplas iniciativas que realiza/ participa: • Newsletter mensais com informação actualizada sobre o que vai acontecendo no Mundo do Hidrogénio; • Seminários e Conferências que organiza, ou para que é convidada; • Workshops de formação em temáticas relacionadas com a cadeia de valor do Hidrogénio; • Estudos de suporte a um Road Map do Hidrogénio; • Divulgação de informação de interesse para a Comunidade do Hidrogénio: site e redes sociais (Facebook); • Interação com o poder na defesa do Hidrogénio na Agenda política (em especial na sustentabilidade energética e ambiental).

O que podemos continuar a esperar por parte AP2H2, na contínua promoção da utilização do hidrogénio? O objetivo é o da descarbonização da sociedade no cumprimento do Acordo de Paris. Não conhecemos alternativas ao Hidrogénio para se atingir esse objetivo. A nossa missão ainda não terminou. Deu-se um primeiro passo colocando o Hidrogénio na Agenda. O passo seguinte é o de trazer o Hidrogénio para a nossa vida diária, nas suas diferentes aplicações. A missão da AP2H2 ainda não se esgotou, mas ganha novas formas e torna-se mais relevante como a dinâmica de novas adesões, as consultas ao site e as adesões à mailing list têm demonstrado. A AP2H2 está hoje mais robusta, a sua representatividade alargada e a relevância do seu contributo reconhecida pelos players e stakeholders.▪


» HIDROGÉNIO E A PROMOÇÃO DE UMA NOVA MOBILIDADE

“O POTENCIAL DO HIDROGÉNIO ESTÁ AÍ PARA AJUDAR A MUDAR O FUTURO DO PLANETA” Portugal vive atualmente um momento de enorme dinâmica na sustentabilidade e consequentemente numa aposta concreta na vertente do hidrogénio, que é, sem dúvida, uma das grandes alternativas para um futuro energético limpo, seguro e acessível. Neste sentido, a Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Paulo Ferreira, CEO da PRF e Bruno Faustino, Hydrogen Business Unit Manager da marca, que abordaram como a PRF tem vindo a desenvolver uma série de projetos que incluem o Hidrogénio como energia alternativa, pois não nos podemos esquecer que o potencial do hidrogénio está aí para ajudar a mudar o futuro do planeta.

PAULO FERREIRA

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PRF assume-se atualmente como um dos principais players do mercado em Portugal, assentando a sua relação com o mesmo em mais de três décadas de excelência e confiança. De que forma tem vindo a marca a promover uma dinâmica positiva e contributo para o país em prol da proximidade com os clientes? Paulo Ferreira (PF) É nos clientes que temos o nosso foco e a nossa total dedicação, e é neles que investimos para o rigoroso cumprimento dos compromissos assumidos. O rigor e a ética, a qualidade e a segurança, sempre foram os nossos principais valores. É desta forma que fomos crescendo desde 1991, acumulando em 2020, 30 anos de experiência na área do gás. Portugal assumiu em 2016 o objetivo de alcançar a neutralidade carbónica em 2050 e está a caminhar nesse sentido apresentando já várias oportunidades e projetos para atingir esse objetivo. Na visão da PRF, a solução não pode passar apenas pelo Governo e legislação, mas parte também de iniciativas privadas e consciencialização de cada

BRUNO FAUSTINO

um, tendo todos que percorrer esse caminho. É também este um desígnio da PRF e, por isso, temos investido bastante em tempo e recursos. Desde o gás natural e do GNL, ao biogás, ao biometano, incluindo ainda o hidrogénio, em todas estas novas formas de energia a PRF tem vindo paulatinamente a desenvolver projetos, quer seja para as diversas formas de mobilidade em substituição de outros combustíveis verdadeiramente mais poluentes, quer seja para a injeção e mistura nas redes de distribuição de gás natural até às diversas formas de produção de energia elétrica. Sendo uma marca direcionada para a vanguarda e a inovação, de que forma é que a PRF tem vindo a realizar uma forte aposta no domínio do hidrogénio e qual será o futuro do hidrogénio em Portugal? PF A par da qualidade, da capacidade de realização, da permanente disponibilidade e constante crescimento, para mantermos a competitividade e abraçar novos desafios, a empresa foca-se e acompanha permanentemente a inovação nesta área,

“A CONTRIBUIÇÃO DO HIDROGÉNIO PARA A DESCARBONIZAÇÃO DA SOCIEDADE PODE SER MUITO RELEVANTE, QUANDO PRODUZIDO COM RECURSO A FONTES DE ENERGIA RENOVÁVEL. FUNCIONA COMO COMBUSTÍVEL PARA VEÍCULOS, MAS TAMBÉM É MATÉRIA PRIMA PARA PROCESSOS INDUSTRIAIS, COMO REFINARIAS DE COMBUSTÍVEIS, ENTRE OUTROS”


Acredita que neste momento, Portugal tem conseguido reunir as condições necessárias no sentido de continuar a promover e a elevar o hidrogénio como o combustível do futuro? O que falta na sua opinião? PF O Governo português tem já em curso um conjunto de ações importantes no curto prazo, nomeadamente: • regulamentar a produção de gases renováveis; • r egulamentar a injeção de gases renováveis na rede nacional de gás natural; • desenhar um mecanismo de apoio à produção de hidrogénio; • propor a fixação de metas vinculativas até 2030 para a incorporação de hidrogénio na rede de gás natural, nos transportes e na indústria; • entre outros.; que visam criar as necessárias condições e meca-

nismos que permitam reconhecer e valorizar o hidrogénio no mercado nacional. Para além destas medidas, deverá ser dada especial importância à questão dos licenciamentos, que deverão ser o mais expeditos possível, de modo a não criar entropia no desenvolvimento deste desígnio nacional. Com efeito, verifica-se que, em muitas situações, o licenciamento dos projetos se torna muito demorado. Torna-se, deste modo, oportuno explorar ainda, nos diplomas que regulamentam o processo de licenciamento, as possibilidades de reduzir prazos e de simplificar procedimentos, criando também assim uma dinâmica incentivadora da desejada agilização, sempre sem descurar o valor primordial da segurança. Quando é que a PRF deu início à sua unidade de Hidrogénio e que balanço é possível realizar da atividade e atuação da mesma perante o mercado? Bruno Faustino (BF) A PRF, como empresa de referência na área dos gases combustíveis, sempre deu bastante ênfase aos gases renováveis e às oportunidades que existem no mercado do biogás/biometano, e como consequência natural, apareceu o hidrogénio. Desde 2018 que temos vindo a ganhar competências na área do hidrogénio, aproveitando todas as valências que já temos vindo a desenvolver na área do gás natural. Atendendo às características do Hidrogénio e ao esforço coletivo (assumido globalmente pela UE) de se atingir a neutralidade carbónica em 2050, este é um mercado com imensas oportunidades e em crescimento.

Que género de soluções tem vindo a PRF a desenvolver para a utilização do hidrogénio como energia alternativa, na mobilidade e em aplicações industriais? PF A PRF tem vindo a desenvolver uma série de projetos que incluem o Hidrogénio como energia alternativa, nomeadamente na • Aplicação na mobilidade: Postos de Abastecimento para autocarros e veículos ligeiros, bem como soluções portáteis de enchimento (Power-to-Mobility) • Injeção na rede de gás natural: Sistemas de Injeção, Medição e Controlo (Power-to-Gas); • Produção de eletricidade e calor: (Power-to-Power); • Aplicação na Indústria: Sistemas de Armazenagem e Compressão e utilização em fuel-cells (Power-to Industry). A vertente do hidrogénio ainda é relativamente desconhecida para a maior parte dos portugueses. Neste sentido, quais são as principais vantagens do mesmo para o país? BF O hidrogénio é um vetor energético e já é utilizado há vários anos, mas agora tem sido alvo de maior atenção em vários setores, principalmente no da energia e mobilidade. A contribuição do hidrogénio para a descarbonização da sociedade pode ser muito relevante, quando produzido com recurso a fontes de energia renovável. Funciona como combustível para veículos, mas também é matéria prima para processos industriais, como refinarias de combustíveis, entre outros.

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apostando na formação de quadros e apresentando soluções inovadoras aos nossos clientes. Como resultado, criámos, em 2018, uma nova área de serviço inteiramente dedicada ao Hidrogénio para acompanhar o entusiasmante desafio da transição energética. Atendendo aos compromissos assumidos por Portugal e assumidos também pelos restantes países da EU, de atingir a neutralidade carbónica em 2050, e pelo empenho do Governo de Portugal em colocar o Hidrogénio como pilar fundamental para atingir esse objetivo, parece-nos indubitável que o caminho para se atingir esse desiderato terá que passar também pelo hidrogénio.


» HIDROGÉNIO E A PROMOÇÃO DE UMA NOVA MOBILIDADE A injeção na rede de gás natural é outra das aplicações incluída na “Estratégia Nacional para o Hidrogénio”.

A PRF NO MUNDO ANGOLA | MOÇAMBIQUE | BRASIL | ESPANHA | FRANÇA

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“A UE VÊ NA “ECONOMIA DO HIDROGÉNIO” UM POTENCIAL ENORME PARA RESOLVER ALGUNS PROBLEMAS. A APOSTA NESTA “ECONOMIA” PERMITIRÁ POTENCIAR O INVESTIMENTO ESTRUTURANTE E A CRIAÇÃO DE EMPREGO, POTENCIAR O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E A INOVAÇÃO E É UMA ALTERNATIVA ECOLÓGICA QUE PODE AJUDAR A ECONOMIA DOS PAÍSES PERMITINDO A CRIAÇÃO DE POSTOS DE TRABALHO E O DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO”

De que forma é que conseguiremos tirar partido das mais valias do hidrogénio? PF Não vejo como o objetivo da Neutralidade Carbónica possa ser atingido sem a descarbonização da economia e da sociedade em geral, isto é, sem recurso intensivo às energias renováveis não poluentes como alternativas energéticas às fontes fósseis de energia. O Hidrogénio, não sendo uma forma primária de energia, permite aplicações industriais de neutralidade carbónica e constitui uma solução para a mobilidade elétrica, como alternativa às baterias nos transportes pesados, passageiros e carga e nos veículos ligeiros em aplicações não urbanas. A UE vê na “Economia do Hidrogénio” um potencial enorme para resolver alguns problemas. A aposta nesta “economia” permitirá potenciar o investimento estruturante e a criação de emprego, potenciar o desenvolvimento tecnológico e a inovação e é uma alternativa ecológica que pode ajudar a economia dos países permitindo a criação de postos de trabalho e o desenvolvimento económico. Que valias têm vindo a apresentar neste domínio no âmbito da mobilidade? BF Começámos com postos de abastecimento de combustíveis alternativos, nomeadamente o Gás Natural Liquefeito (GNL) e Comprimido (GNC). Consideramos que são combustíveis de “transição” uma vez que não são completamente neutros em emissões de carbono, mas têm muitas vantagens relativamente aos combustíveis tradicionais como o diesel e a gasolina. Neste sentido, o passo seguinte e mais natural é a evolução para o Hidrogénio, que dependendo obviamente do seu processo de produção, pode ser um combustível completamente verde e que apresenta vantagens comparativamente aos veículos a bateria (BEV) atuais. A experiência e o “know-how” obtidos no sector do GN, em termos de operação, manutenção e exigentes critérios de segurança, permite-nos oferecer um conjunto de soluções para a aplicabilidade do Hidrogénio na mobilidade, nomeadamente na conceção, construção e manutenção de Postos de Abastecimento a Hidrogénio. A PRF, no domínio da mobilidade, encontra-se a desenvolver, a estudar e a participar nalguns projetos. Considera que o hidrogénio tem potencial para criar uma cadeia de valor energética sustentável? BF Acreditamos que sim, uma vez que é um elemento que a curto prazo permite a interligação de setores tão importantes como o setor da energia com o do gás natural, que de outra forma permaneceriam completamente distintos. Como é referido na Estratégia Nacional para o Hidrogénio, podemos utilizar o excedente de energia renovável produzida, em períodos de menor consumo, e que de outra forma iria ser desperdiçada, e, através da eletrolise da água, produzir hidrogénio. Podemos injetar na rede de GN, por forma a reduzir as importações de gás e aproveitar e valorizar um ativo muito importante para o nosso país. Permite armazenar energia por longos períodos de tempo, ao contrário das

baterias. O H2 pode, de facto, ser um investimento produtivo e criar uma cadeia de valor sustentável, através da exportação de bens e serviços e da criação de emprego qualificado, através dos nossos recursos naturais de excelência. Sente que Portugal, no domínio da energia/hidrogénio está hoje preparado para dar uma resposta aos desafios relativos ao hidrogénio? BF Portugal é um dos países com maior exposição solar da EU e um país com bastantes investimentos realizados em fontes de energias renováveis (quer solar fotovoltaica, quer eólica), que poderão ser complementados com os investimentos no H2. A via para a descarbonização não pode ser apenas a eletrificação, pois há indústrias e processos que nunca poderão ser exclusivamente elétricos e, portanto, a transição energética, será um “mix” de todas as formas de energia, em que o H2 terá um papel relevante certamente. O que faz da PRF um parceiro de excelência no domínio do hidrogénio? PF A capacidade técnica de toda a equipa, dotada dos melhores meios e recursos materiais, faz da PRF uma empresa capaz de responder aos mais exigentes desafios. A solidez cimentada ao longo de quase 30 anos de atividade, bem como o know-how adquirido, sustenta a nossa ambição de ser um player de excelência neste domínio. Uma das grandes questões que tem rodeado a vertente do hidrogénio passa pela questão do preço/valor. Acredita que este ceticismo é infundado? BF Na verdade, a produção de hidrogénio verde comporta ainda custos elevados, mas Portugal pretende ser um país exportador de H2 verde e, nesse sentido, o Governo pretende iniciar a produção de hidrogénio industrial em 2023 e entregá-lo ao preço, em tudo comparável, ao que está hoje o gás natural. Este objetivo não estará desligado de uma política de “carbon pricing” que fará com que os combustíveis de origem fóssil não tenham preços competitivos. A verificarem-se estas metas, acreditamos que o ceticismo, apesar de compreensível, poderá ser infundado. Quais os desafios da marca para 2020 e de que forma é que a mesma tem vindo a ultrapassar as dificuldades associadas aos dias de hoje? PF O Roteiro para a Neutralidade Carbónica, que Portugal assumiu internacionalmente com muitos países da EU, tem como objetivo atingir a descarbonização a 100%, em 2050 contribuindo assim para a redução das emissões de gases de estufa no mundo. O hidrogénio é, sem dúvida, uma das grandes alternativas para um futuro energético limpo, seguro e acessível. Com a transição energética em andamento, o hidrogénio vai ajudar a acelerar os esforços globais de descarbonização a 100% e até poderá permitir chegar ao objetivo antes do tempo previsto. Embora saibamos que o tempo passa rápido, as tecnologias também evoluem cada vez mais rápido e a PRF tem sabido estar sempre na vanguarda dessas tecnologias. O potencial do hidrogénio está aí para ajudar a mudar o futuro do planeta e a PRF está preparada para desenvolver o potencial que o hidrogénio pode vir a ter no futuro da energia e da sustentabilidade. ▪


HIDROGÉNIO E A PROMOÇÃO DE UMA NOVA MOBILIDADE

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“NÃO PODEMOS PERDER A OPORTUNIDADE DA ECONOMIA DO HIDROGÉNIO” Portugal vive neste momento um importante desafio no que à economia do hidrogénio diz respeito, desafio esse que não pode ser ignorado, sob pena de perdermos o comboio que já partiu. A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Pedro Teixeira, CEO da SCT Power, uma marca com seis anos, que nos revelou que o hidrogénio é uma solução vital para as alterações climatéricas e redução da dependência de Portugal em termos energéticos do exterior.

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A Inovação faz parte do ADN da marca, algo que se reflete na relação com o mercado. Neste domínio, de que forma é que a SCT Power tem vindo a realizar uma

de tornar estes projetos em soluções efetivas. Uma das grandes questões que tem rodeado a vertente do hidrogénio passa pela questão do preço/valor. Acreditam que este ceticismo é infundado? A questão preço/valor é válida, mas ao massificar, o preço será garantidamente competitivo. Olhando para todo o ciclo de vida da grande maioria dos ‘concorrentes’ atuais do H2 como fonte de energia e forma de armazenamento, esses têm um valor incomparavelmente baixo. NUNO CORDEIRO (COO), PEDRO TEIXEIRA (CEO) E DANIEL FÉLIX (CBO)

forte aposta no domínio do hidrogénio e qual será o futuro do hidrogénio em Portugal? A SCT é associada da Associação Portuguesa para a Promoção do Hidrogénio (AP2H2) e participa com regularidade em ações desenvolvidas pela mesma, bem como em feiras da especialidade realizadas a nível internacional. Sobre o futuro em Portugal, é com agrado que vemos cada vez mais empresas interessadas em colocar o H2 no mapa, embora esteja a ser um caminho difícil e longo, já que o H2 já é muito utilizado a nível mundial há vários anos. Olhando para o que tem vindo a ser realizado em Portugal no domínio do hidrogénio, acreditam que estamos no bom caminho no sentido de promover e elevar o hidrogénio como combustível do futuro? Os desafios e as dificuldades

encontradas obrigam a que este caminho seja feito em marcha lenta e por vezes com retrocessos, mas acreditamos que o futuro do H2 é, sem dúvida, o caminho, uma vez que as soluções existem e estão disponíveis. Que género de soluções tem vindo a SCT Power a desenvolver para a utilização do hidrogénio como energia alternativa? As empresas estão abertas ao investimento nas três potenciais vertentes do H2 (armazenamento de energia, mobilidade e aplicações industriais), mantendo-se a SCT a par das mesmas, por forma a identificar soluções, mas enquanto não existir Regulamentação aplicável à realidade nacional, estas soluções não passam de projetos de intenções. Acreditamos que os decisores políticos estão atentos e a curto prazo estaremos em condições

Qual o grande desafio da SCT Power para o futuro no âmbito do hidrogénio? É uma oportunidade, a do hidrogénio, que Portugal não pode falhar? O H2 surge não só como uma parte da solução para as alterações climatéricas, mas também como uma oportunidade para Portugal reduzir a dependência em termos energéticos face ao exterior. Neste sentido, não podemos falhar e Portugal deve posicionar-se na linha da frente no que respeita à vantagem económica que o hidrogénio trará. O grande desafio da SCT é continuar a acreditar que brevemente o hidrogénio será entendido como uma oportunidade e uma solução e não como uma ameaça. Como empresa pioneira no que diz respeito ao desenvolvimento de produtos e serviços no âmbito do H2, apenas desejamos que o mesmo se possa tornar uma realidade em Portugal. ▪

11 JULHO 2020

SCT Power é hoje um dos principais players no domínio da vertente da Energia, perpetuando uma dinâmica de produtos e serviços que apoiam os seus clientes a alcançar o sucesso. Para contextualizar junto do nosso leitor, de que forma é que a marca tem vindo a promover o desiderato de tornar os seus clientes energeticamente mais eficientes? A SCT iniciou a atividade em 2014, fruto de uma oportunidade de poder ajudar as empresas a reduzir custos com a energia elétrica, numa altura em que o mercado liberalizado estava a ganhar força em Portugal. Dada a experiência dos fundadores da SCT em vários setores da economia, identificou-se que atuando sobre os processos consumidores de energia tornando-os mais eficientes, se traduzia numa redução de custos significativamente mais elevada que reduzir os custos diretos com as fontes de energia utilizadas. Ao identificar esta realidade, a SCT evoluiu e passou a desenvolver soluções integradas de energia, sendo hoje reconhecida pelas melhorias realizadas e reduções de consumo e custos proporcionadas nas mais variadas vertentes (p.ex. frio, calor, ar comprimido, eletricidade), em mais de 200 parceiros que acreditaram nas nossas competências para torná-los mais eficientes e economicamente sustentáveis.


» HIDROGÉNIO E A PROMOÇÃO DE UMA NOVA MOBILIDADE

“O LNEG ESTÁ A PARTICIPAR NO ESFORÇO DE TORNAR MADURA A TECNOLOGIA DO H2” Segundo Teresa Ponce de Leão, Presidente do Conselho Diretivo do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG), a instituição que lidera “está a participar no esforço de tornar madura a tecnologia do H2 e contribuir para a industrialização do nosso país”. De que forma é que o tem feito? Quais devem ser os passos a seguir para não perdermos a oportunidade do Hidrogénio em Portugal? A nossa entrevistada explica tudo.

PONTOS DE VISTA

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TERESA PONCE DE LEÃO

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LNEG promove Ciência em Energia e Geologia com vista à aplicação em soluções avançadas que alavanquem economia. Assim, qual tem sido o papel do LNEG no domínio do H2? O H2 é há muito utilizado na indústria nomeadamente para a produção de amónia. O LNEG tem mantido competências avançadas em toda a cadeia de valor, desde a avaliação das diversas fontes de água até à identificação dos vários processos de eletrólise, incluindo a produção a partir da biomassa até ao uso final. Somos um parceiro com conhecimento em

toda a cadeia do H2. Recentemente, fizemos um estudo exploratório com vista à implantação de projetos H2 verde, com eletricidade renovável, identificando os obstáculos ainda em toda a cadeia. Numa postura prospetiva, produzimos em 2019 um “Roteiro para a IDI em H2 como vetor energético” - contribuição para o alinhamento do desenvolvimento desta tecnologia com o investimento, enquadrado numa estratégia que mobilize e integre as capacidades nacionais. O LNEG tem sido chamado para os diversos fóruns promovidos pelo MAAC e pelo SEAE

“CONFIANÇA NA APOSTA. A VARINHA MÁGICA ESTÁ NA CAPACIDADE DE FAZER UMA ANÁLISE SISTÉMICA APROVEITANDO AO MÁXIMO TODAS AS SINERGIAS DA PANÓPLIA TECNOLÓGICA AO NOSSO ALCANCE. COMO GARANTIR A SEGURANÇA DO ABASTECIMENTO DE ENERGIA A PORTUGAL? NADA FAZER? APOSTAR NOS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS? AVANÇAR PARA O NUCLEAR? MAIS HIDROELÉTRICAS? ACEITAR A INTERMITÊNCIA, DA ENERGIA EÓLICA E SOLAR?”


tendo contribuído para a consulta pública para a EN-H2. Portugal reúne as condições necessárias no sentido de continuar a promover e a elevar o H2 como o combustível do futuro? O que falta na sua opinião? Como tirar partido das mais valias do H2? É esta a política da CE, todo o quadro de fundos se foca na economia verde. Portugal quer reunir as condições e tem todas as possibilidades para tal, não há outra solução! Uma nova revolução industrial. Precisamos de renováveis, de segurança no abastecimento e de descarbonização, mas há setores completamente dependentes do GN e a eletrificação não resolve todos os problemas, mesmo com armazenamento. Temos metas a cumprir e fundos do EGD que não se aplicam a combustíveis fósseis. A neutralidade carbónica, compromisso, pós Acordo de Paris, não será atingida sem descarbonização em todos os setores, transporte rodoviário, navegação de longo curso, aviação, processos industriais, incluindo fornos de altas e muito altas temperaturas. No entanto, no contexto de descarbonização do sistema energético e da promoção de H2, existem várias questões chave que necessitam de ser trabalhadas para criar condições que garantam os investimentos necessários, olhando a sustentabilidade, a potenciação das atividades de IDI, a criação de postos de trabalho e as questões de aceitação social. O LNEG

elaborou um documento resposta à consulta pública EN-H2 onde realçamos pontos onde atuar: • Regulamentar a produção de gases renováveis; • Regular a injeção de gases renováveis na rede nacional de GN; • Projetar mecanismos de apoio à produção de H2 (2 GW de eletrolisadores até 2030); • Implementar garantias de origem para gases renováveis; •G arantir que os recursos financeiros disponíveis, nacionais e europeus, permitam o apoio à produção de gases renováveis; • Propor metas vinculativas, que orientem os investidores, até 2030. Garantidos estes pontos o H2 não oferece apenas um contributo para o armazenamento que permite otimizar a utilização dos recursos renováveis, é um vetor que a ser utilizado na forma gasosa substitui o gás natural e na forma líquida substitui os combustíveis fósseis nos transportes, nos setores do longo curso rodoviário, na aviação, na navegação e no ferroviário. Que mensagem gostaria deixar sobre esta aposta nas mais valias do H2? Confiança na aposta. A varinha mágica está na capacidade de fazer uma análise sistémica aproveitando ao máximo todas as sinergias da panóplia tecnológica ao nosso alcance. Como garantir a segurança do abastecimento de

energia a Portugal? Nada fazer? Apostar nos combustíveis fósseis? Avançar para o nuclear? Mais hidroelétricas? Aceitar a intermitência, da energia eólica e solar? O LNEG está a participar no esforço de tornar madura a tecnologia do H2 e contribuir para a industrialização do nosso país. Como o MAAC e o SEAE referem, garantindo que todo o processo tarifário será desenhado de forma a não haver custos adicionais para os contribuintes, o Governo definiu a estratégia com base no estado da arte nesta matéria, colocou-a em

consulta pública e promoveu discussão em fora aberto a todos os setores – da comunidade académica aos setores da indústria, dos transportes, da energia e inclusive nas necessidades de formação. Não estamos sós numa estratégia para o H2, temos como exemplos: Espanha, Alemanha e Holanda. Abracemos esta oportunidade que tem a apetência dos investidores, vem criar potencial de exportação e se nada fizermos arriscamo-nos a ficar para trás, poluentes e dependentes. Ficarmos na cauda da Europa. ▪

13 JULHO 2020

“NÃO ESTAMOS SÓS NUMA ESTRATÉGIA PARA O H2, TEMOS COMO EXEMPLOS: ESPANHA, ALEMANHA E HOLANDA. ABRACEMOS ESTA OPORTUNIDADE QUE TEM A APETÊNCIA DOS INVESTIDORES, VEM CRIAR POTENCIAL DE EXPORTAÇÃO E SE NADA FIZERMOS ARRISCAMO-NOS A FICAR PARA TRÁS, POLUENTES E DEPENDENTES. FICARMOS NA CAUDA DA EUROPA”


» A DESMISTIFICAÇÃO DO BIM - VANTAGENS E IMPACTOS NA VIDA DE UM PROJETO

“AS EMPRESAS QUE APOSTARAM NO BIM REFORÇARAM A QUALIDADE DOS SEUS SERVIÇOS” Que impacto tem tido a estratégia Building Information Modeling - BIM no mercado? Que vantagens aporta a mesma? Sobre este assunto, a Revista Pontos de Vista esteve à conversa com um dos maiores e reconhecidos players no domínio da engenharia em Portugal, a TPF - CONSULTORES DE ENGENHARIA E ARQUITETURA, S.A., tendo conversado com Carlos Baião, Presidente do Conselho de Administração e Luís Ribeirinho, Gestor do Centro de Inovação e Tecnologias de Informação e Comunicação. Conheça mais sobre o modelo BIM e compreenda como o mesmo veio para ficar.

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TPF – CONSULTORES DE ENGENHARIA E ARQUITETURA, S.A. é hoje um dos principais players no domínio da engenharia em Portugal, perpetuando uma dinâmica assente na qualidade, excelência e rigor. No sentido de contextualizar junto do nosso leitor, de que forma é que a marca tem vindo a promover uma vertente positiva na sua atuação, apostando incessantemente na inovação? A TPF começou por materializar a visão estratégica de apoio à inovação em 2012 com a criação de uma comissão para a modernização informática. À época, a digitalização ainda não se tinha transformado na buzzword dos dias de hoje. Foi no seio dessa comissão que se identificou o BIM (Building Information Modelling) como o futuro do setor AECO (Architecture, Engineering, Construction and Operation). A TPF apostou, desde logo, na formação dos colaboradores e na definição do núcleo BIM. O sucesso do trabalho desenvolvido no departamento de Estudos e Projetos permitiu que o núcleo crescesse e alargasse a sua área de intervenção, sendo hoje um departamento de suporte a todas as áreas da empresa, designado Centro de Inovação e Tecnologias de Informação e Comunicação. A TPF tem hoje um papel ativo na comunidade BIM, pertencendo a diversos grupos de trabalho, participando em congressos e partilhando a sua experiência através da divulgação de artigos.

PONTOS DE VISTA

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De forma a informar o nosso leitor, o que é o BIM e que vantagens aporta esta metodologia ao mercado? De acordo com a Comissão Técnica de Normalização CT 197 é o “uso de uma representação digital partilhada de um ativo construído para facilitar os processos de projeto, de construção e de operação, formando uma base confiável para apoiar a decisão”. Essa representação é orientada a objetos e paramétrica. Isto significa que cada objeto representa um elemento da construção, como uma porta, e que se relaciona com outros elementos. Estas relações são dinâmicas. Se a parede se deslocar, então as portas associadas a essa parede também se irão deslocar. Para além disso, cada elemento tem propriedades, não havendo limites para a informação que podemos associar aos elementos e muito menos para o uso que podemos fazer dela e é aí que está o potencial do BIM. A que desafios vem responder o BIM e, sobretudo, porque se tornou crucial na Indústria AECO? Um dos grandes desafios a que o BIM procura dar resposta é à gestão da informação. Num processo tradicional, cada entidade funciona como um silo,

LUÍS RIBEIRINHO E CARLOS BAIÃO

agregando um conhecimento do empreendimento que, em parte, se perde no envio da documentação produzida à entidade seguinte. Ao promover um ambiente comum de dados (CDE), o BIM procura eliminar essas perdas. Um outro desafio a que o BIM procura dar resposta é à afetação mais eficiente dos recursos. Num processo tradicional, o esforço está concentrado na fase de preparação de obra. Nessa fase, o custo de alteração ao projeto já é considerável. O que se pretende com o BIM é deslocar esse esforço para a fase de conceção, onde a capacidade de fazer alterações é mais elevada. Esta mudança só é possível com planeamento. É necessário que se definam claramente os requisitos de informação e que se convoquem as diferentes entidades fornecedoras no início do processo para que, em conjunto, possam definir o Plano de Execução BIM (BEP). De que forma tem o BIM um impacto positivo em todas as fases do ciclo de vida de um projeto? Dando apenas alguns exemplos, ao usar as ferramentas disponíveis para deteção de interferências, é possível antecipar potenciais problemas em

fase de obra e resolvê-los de forma menos onerosa durante a fase de projeto. Tirando partido das ferramentas de análise e simulação, é possível estudar os materiais e as soluções que garantem maior eficiência do empreendimento durante a sua fase de operação. A gestão e manutenção dos empreendimentos beneficia, ainda, do acesso à informação centralizada e estruturada disponível no CDE. Que análise perpetua da utilização do BIM em Portugal? Estamos bem posicionados comparativamente a outros congéneres europeus? Os países nórdicos foram dos primeiros a aplicar esta metodologia. Nos últimos anos assistimos também a iniciativas dos Governos francês, alemão e espanhol. Contudo, nenhum país investiu tanto como o Reino Unido, que tornou o BIM obrigatório em 2016. O nosso Governo ainda não assumiu este compromisso, nem sabemos se o vai fazer. Ainda assim, o lançamento de obras públicas com requisitos BIM está a promover a maturidade BIM do setor em Portugal. É, ainda, de saudar a presença de Portugal na Comissão Técnica 442 do Comité Europeu de Normalização que se dedica ao BIM. A TPF


O BIM já é inevitável, apesar de ainda se verificar alguma resistência na sua implementação. A transição é complexa e isso pode desmotivar um pouco as empresas. Mas, a verdade é que quanto mais tarde se aceitar que o BIM veio para ficar, mais difícil será fazer essa transição. As empresas que não apostarem no BIM correm o risco de ir perdendo a sua quota de mercado para as empresas da concorrência que o fizeram e que já estão a beneficiar do aumento da produtividade e a recuperar o investimento com um retorno que pode ser muito significativo. Para além disso, as empresas que apostaram no BIM reforçaram a qualidade dos seus serviços, o que terá naturalmente um reflexo na imagem das suas marcas.

A TPF oferece serviços nas áreas de negócio de Estudos e Projetos e Gestão e Supervisão de Obras. De que forma é que cada um dos mesmos são suportados em metodologias e processos BIM? A implementação da metodologia BIM na TPF começou no Departamento de Estudos e Projetos e só mais tarde passou para a Gestão e Supervisão de Obras. Neste momento ambas as áreas de negócio estão preparadas para responder a solicitações com requisitos BIM. Os Estudos e Projetos, por estarem no início do processo de materialização de um empreendimento, gozam de maior liberdade na definição da metodologia

a usar. A Gestão e Supervisão de Obras acaba por estar mais dependente da metodologia utilizada nas fases anteriores. Ainda assim, há uma série de medidas que podem ser adotadas para trazer para a obra os conceitos BIM. Mesmo quando não há modelos, continua a fazer sentido promover um CDE. É possível tirar partido das aplicações móveis e disponibilizar checklists digitais. A centralização da informação permite gerar relatórios e indicadores que tornam mais claro o estado dos trabalhos, facilitando a toma de decisão. Acredita que de futuro, o modelo BIM será inevitável, por exemplo, a nível internacional, até porque sabemos que atualmente muitos concursos internacionais já requerem que a candidatura seja feita em BIM.

15 JULHO 2020

orgulha-se de fazer parte da CT 197 que é o mirror committee do CEN/TC442.

O que podemos continuar a esperar por parte da TPF de futuro e quais serão os desafios da marca para 2020? A TPF sempre teve como linha orientadora manter-se a par dos avanços tecnológicos mais recentes. A investigação e o desenvolvimento fazem parte do nosso ADN empresarial desde sempre, como o comprovam as múltiplas ligações da empresa ao mundo académico, através de parcerias profícuas com diversas Universidades. Apesar das dificuldades impostas pelo contexto pandémico que marcará indelevelmente o ano de 2020, acreditamos que só mantendo esta atitude podemos melhor servir os nossos Clientes e os nossos Colaboradores. Queremos continuar, no futuro, a ser uma empresa conotada com os mais altos padrões de qualidade, com a qual e na qual haja satisfação e orgulho em trabalhar. ▪


» DIREITO EM PORTUGAL

“OS LAÇOS DE CONFIANÇA CRIADOS AO LONGO DO TEMPO SÃO OS VERDADEIROS ALICERCES QUE PERMANECEM" A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Sara Macias, Advogada e Sócia da Macias y Associados, uma sociedade de advogados com quatro anos de existência e que tem vindo a percorrer um trilho assente em pilares como a transparência, o rigor e a excelência e que promoveu recentemente a abertura de mais um espaço, localizado na Comporta, sendo hoje um ponto de encontro que tem vindo a resultar plenamente. Saiba mais.

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Macias y Associados conta com quatro anos de existência. Que características é que a sociedade de advogados continua a realçar, para se destacar num meio tão competitivo? A Macias Y Associados tem apenas quatro anos de existência enquanto sociedade de advogados, mas tem nos seus quadros advogados com 25 anos de experiência, que além da antiguidade na profissão, trabalham há muitos anos com outras jurisdições e culturas que lhes permite ter uma visão global e não se circunscrever apenas ao mercado de Portugal. A MyA surge no mercado em 2016 com o conceito de Law Boutique, no sentido de não querer trabalhar de forma massificada, outrossim com total dedicação aos desafios que se deparam a cada momento. Atualmente, congratulamo-nos por termos optado e mantido este modelo de negócio, pois só as fortes ligações de confiança entre advogados e clientes é que permitem viver estes últimos tempos não de forma competitiva, mas com a convicção que estamos no mercado com empenho, confiança e credibilidade. Os laços de confiança e credibilidades construídos são os verdadeiros alicerces que verdadeiramente importam nestes tempos conturbados.

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SARA MACIAS

Continuam a salvaguardar os interesses dos seus clientes, reinventando-se diariamente às alterações da sociedade. De que forma se adaptaram à atual pandemia Covid- 19? Caso esta situação pandémica, quer de estado de emergência quer de calamidade, não tenha obrigado a uma forte introspeção por parte de todos nós, seja a nível pessoal seja a nível profissional, então não valeu a pena viver estas restrições sociais. Na MyA porque tínhamos o nosso único centro de produção de trabalho em pleno coração de Lisboa – Avenida da Liberdade – e vimo-nos impedidos de plena circulação, lançámos o repto aos nossos clientes e promovemos a abertura de um segundo escritório, desta vez em plena Comporta, de forma a fugir do ambiente desertificado da nossa cidade, e assegurarmos um espaço calmo, tranquilo e com todas as condições para reunir com os nossos clientes. O que de início era um segundo escritório de


forma a assegurarmos a paz e a tranquilidade dos nossos clientes em tempos conturbados, tornou-se um verdadeiro ponto de encontro, reuniões e discussões de temas muito interessantes e que resultou em pleno. Enfim, tivémos de nos reinventar para assegurar espaços tranquilos, aptos e discretos e o nosso mercado abraçou este projeto e agora estamos a laboral em dois escritórios, agora com maior enfase no da Comporta em direito imobiliário, registos, contratos e corporate e mantemos o de Lisboa para a nossa prática forense e a nossa área vocacional de Direito da Família a todos que queiram em nós confiar.

Considera que, entre as muitas medidas tomadas pelo Governo, o setor imobiliário foi uma classe abrangida ou esquecida? Qual foi o impacto no setor? Se se refere às medidas anunciadas antes da pandemia sobre a descentralização dos processos de golden visa para outras zonas que não as grandes áreas metropolitanas, confesso que admirei a audácia mas esperava mais demonstrações de atribuição de incentivos fiscais concretos à construção e ampliação em algumas zonas do interior, como temos assistido na legislação espanhola com as províncias menos favorecidas economicamente. Pelo que apenas o anúncio da descentralização destas medidas de per si, não constituiu grande incentivo ao mercado da construção. Se se refere a medidas especificas durante a pandemia para o setor imobiliário, acredito que estando o mesmo sob a égide do setor privado e dado que este tem demonstrado uma brilhante capacidade de se reinventar, pois temos

players fantásticos no mercado, acredito que ainda que haja um ligeiro abrandamento temos os melhores assets da Europa para continuar a atrair investimento estrangeiro e a dar confiança aos mesmo para não recuarem nos seus business plans. Pela sua experiência na área de direito imobiliário, considera que se vai manter em alta a avaliação imobiliária em Portugal? O mercado do imobiliário não tem regras diferentes de qualquer outro sector de atividade, pois para todos o preço é efetuado pela conjugação da oferta e da procura. O que para uns pode parecer que os nossos asking prices estão sobrevalorizados, para mim o importante é mudar os nossos azimutes de captação de investidores para outros mercados onde as nossas qualidades enquanto país europeu são fabulosas, nomeadamente segurança, qualidade de construção, paisagens naturais exuberantes, existência de história e cultura em cada uma das nossas cidades ( e não só as principais) e valorizar os nossos lugares icónicos. Logo, não acredito que os preços estejam sobrevalorizados pois o importante é mudar o

nosso alvo de investidores e reforçar as qualidades que Portugal pode oferecer a outros mercados. Portugal foi identificado como um país com maior segurança, acabando por ser um dos muitos motivos para se considerar o destino perfeito para viver após a Pandemia, nomeadamente para os cidadãos estrangeiros. Prevê que continuem a obter os Golden Visa para atividade de investimento? Quais são os benefícios que analisa? Na MyA somos um escritório que sempre assessorou clientes estrangeiros, seja em processos de golden visa, seja de nacionalidade, seja de ajuda na relocation, pois acreditamos que temos as condições ideais para acolher pessoas singulares que procurem um sociedade tranquila com baixos níveis de criminalidade, excelente parque imobiliário para investimento e uma qualidade de construção que não se assiste na maior parte de outros mercados e ainda a preços muito acessíveis. Portugal ocupa o terceiro lugar no Global Peace Index (GPI) dos países mais seguros do mundo!! ▪ 17 JULHO 2020

De todas as áreas de prática da Macias y Associados, quais foram as mais afetadas? Se pudéssemos dividir os ramos de Direito de uma forma muito espartilhada, diríamos que a nossa área de contencioso viu logradas algumas expectativas de resolução de processos de forma mais célere, e todas as situações que envolviam registos obrigatórios pela morosidade a que assistimos.


» DIREITO IMOBILIÁRIO E GOLDEN VISA

“O DESAFIO PASSA POR REFORÇAR O PAPEL DO ADVOGADO ENQUANTO PARCEIRO DO CLIENTE” A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com João Santos Pinto, Partner na CVSP ADVOGADOS, onde foram abordados diversos temas de importância atual e recorrente, como a vertente do direito imobiliário e questões relacionadas com os Golden Visa. Saiba mais sobre estes e outros temas.

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CVSP Advogados conta com oito anos de existência, sendo que uma das chaves para o sucesso vai de encontro com a satisfação do cliente e as relações profissionais a longo prazo. O que fazem para assegurar essas características num meio tão competitivo? O escritório tem uma clientela internacional diversificada o que torna ainda mais desafiante compreender os interesses e a satisfação dos clientes. Desde o primeiro momento que tentamos perceber quais as suas necessidades e o seu enquadramento sociocultural para que possamos estar alinhados com as suas expetativas. Por outro lado, o acompanhamento personalizado é uma das características que marca o escritório, o que é também reconhecido e valorizado pelos mesmos. Atualmente atravessamos um momento atípico provocado pela Covid- 19. Como se adaptaram a esta nova realidade? No início não foi fácil, dado que cada membro da equipa teve que passar necessariamente por um processo individual de adaptação. Trabalhar a partir de casa e conciliar a parte pessoal num contexto de confinamento necessário. Em todo o caso, as novas tecnologias acabaram por facilitar todo este processo, o que permitiu que se continuasse a dar resposta às mais diversas solicitações dos clientes.

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Considera que, entre as muitas medidas tomadas pelo Governo, o setor imobiliário foi uma classe abrangida ou esquecida? Acredita que a avaliação imobiliária irá continuar em alta? Depende. Ao nível do arrendamento, embora ainda seja prematuro avaliar o impacto das medidas, o Governo criou algumas soluções para tentar reduzir o impacto provocado pelo Covid-19 e a consequente perda de rendimento. Ainda assim, poderia ter ido mais além. Mais

O imobiliário será sempre visto como um investimento seguro. Ao nível dos preços, ainda que possa ocorrer algum ajustamento, em termos práticos não se verificou uma quebra significativa. Assim, neste contexto, os preços manter-se-ão estáveis, o que fará com que a procura subsista. Ao nível do mercado de luxo tudo indica que os preços se manterão em alta e não ficaria surpreendido se até se mantivessem essa tendência.

JOÃO SANTOS PINTO

do que impor aos senhorios sacrifícios no cumprimento da função social do Estado, deveria claramente alargar os benefícios fiscais a este sector. Já quanto ao programa Renda Segura o próprio Governo já admitiu que ficou aquém das expectativas. Embora esta crise não seja específica do sector imobiliário, poderá vir a afetar de forma transversal todos os sectores da economia, embora neste momento não tenha tido repercussões significativas neste sector. No que concerne em específico à avaliação imobiliária, acredito que irá continuar em alta, dado que a procura se mantém estável e o preço da de mão-obra continua em crescendo. Perante todas as adversidades que Portugal enfrentou, foi enaltecido como um dos países com resposta mais eficaz, ganhando pela segurança sanitária rapidamente posta em prática. Tal competência irá permitir continuar em alta na venda e transação de imóveis nos próximos anos?

Portugal foi identificado como um país com maior segurança, acabando por ser um dos muitos motivos para se considerar o destino perfeito para viver após a Pandemia, nomeadamente para os cidadãos estrangeiros. Prevê que continuem a obter os Golden Visa para atividade de investimento? Quais são os benefícios que analisa? Os Golden Visa foram um instrumento muito importante na captação de receita na crise financeira 2007-2008. Nesta atual crise também podem ter um papel relevante na recuperação económica. A autorização legislativa aprovada no âmbito do Orçamento do Estado para 2020 que permitiria a abolição do Golden Visa na área metropolitana de Lisboa e Porto veio criar alguma insegurança junto dos investidores. Contudo, face ao contexto atual espero sinceramente que o Governo volte atrás nessa intenção. Os benefícios são diversos. A captação de investimento permite injetar dinheiro na economia, na arrecadação de receita fiscal e em muitos casos na própria reabilitação urbana. Que desafios futuros podemos esperar da CVSP Advogados para garantir o compromisso com o cliente? Ao invés de ser um mero prestador de serviços externo, o principal desafio futuro será reforçar o papel do advogado enquanto parceiro do cliente e entender o seu negócio e as suas necessidades. ▪


DIREITO EM PORTUGAL

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COMO RECUPERAR UMA EMPRESA NA ERA COVID-19 Túlio Machado Araújo, Advogado e Partner da Túlio M Araújo, Cristina Castro & Associados, não se cansa de apelar ao uso de mediador de recuperação de empresas, do RERE e falou connosco, sobre como recuperar um negócio na era COVID-19.

C

e preparados, é semelhante a dizer que não se gosta de pastéis de nata, sem nunca se ter saboreado. Não vai haver tempo para os formar ou corre-se o perigo de ser um cunhado da prima de alguém. Como funciona o RERE? Quem esteja em situação económica difícil ou em situação de insolvência iminente, por exemplo, porque esteve três meses sem faturar, mas manteve as despesas fixas e agora o negócio ainda está fraco, não vai conseguir manter os prazos inicialmente contratados, vai ter que renegociar prazos... TÚLIO ARAÚJO

Mas que vantagens tem o uso desse mediador? Quando, nas nossas famílias, alguém se zanga, se houver um mediador, o reentendimento será mais fácil, principalmente se expert na matéria e até pode ultrapassar tabus. O mediador do RERE ajuda o nevoeiro a dissipar, corta as silvas entre os vizinhos e são eles que apanham as amoras e redigem o acordo e não um juiz. Têm dois meses para redigir um acordo que, depois, registam na conservatória comercial, sem necessidade de um juiz.

pode ser usado o documento para pedir a penhora dos bens deste. É próximo de uma sentença, com a vantagem da confidencialidade. E ao credor assegura que a dívida não pode ser cobrada, antes do prazo agora acordado. E passando a ser uma dívida, com maior prazo de vencimento, o passivo corrente, do devedor, reduz contabilisticamente, aumentando a viabilidade do devedor. Por outro lado, um juiz impõe uma decisão, mesmo contra a vontade de algum, ao passo que o mediador é um facilitador do alcançar um acordo com o qual todos concordam. Cumprimos melhor o que se combinou, do que o que nos foi imposto.

Mas um acordo, sem sentença, dá garantias aos credores? É um acordo registado na conservatória comercial. Garante ao credor que o devedor reconhece a dívida. Que não vai contestar a dívida, que a aceita como legítima e caso o devedor não cumpra,

Quem escolhe o mediador para a recuperação? Os mediadores são pessoas com cursos universitários, que depois de dez anos de administração de empresas, fazem um curso de mediação e submetem-se a um exame, para se poderem inscrever

nas listas do IAPMEI. São escolhidos pela ordem de inscrição, mas podem ser substituídos. Quem pode recorrer a um mediador, para recuperar de uma situação em que já não consegue pagar, todas as suas dívidas, nos prazos iniciais? Todos os empresários individuais, EIRLs, sociedades civis e comerciais, associações, cooperativas, mas não as pessoas singulares que não sejam titulares de empresa. Para o individuo comum, não empresário, o PEES vai agora criar um procedimento de resolução alternativa de litígios (SISPACSE), criando um conciliador, para reduzir o recurso aos tribunais. Não faz sentido não usar os mediadores de recuperação de empresa, já existentes e subaproveitados, nem intitulá-los de conciliadores. Criar a figura do conciliador para o indivíduo comum, quando já tínhamos os mediadores de recuperação de empresas, devidamente formados

Mas isso são praticamente todos os negócios. Aí está. Estamos perante uma alteração anormal das circunstâncias, ora diferentes daquelas em que contratámos. Há o projeto de um RERE simplex não exigir que se demonstre que a empresa não está insolvente. Apenas não conseguem cumprir, tal como contrataram. Há que renegociar. E todos nós temos credores. Se todos recorrerem a PERs ou PEVEs os Tribunais vão congestionar: não há juízes suficientes, urge e os mediadores estão disponíveis. Mas a lista de mediadores do IAPMEI é finita. O acordo tem 90 dias para ser celebrado. Os mediadores estão preparados para isso. Dar solução ao problema é urgente e, depois, se o RERE falhar, então passemos ao PEVE. Como prevê que seja o futuro? Deixei de conseguir prever o presente. ▪

19 JULHO 2020

om o PEES e o seu Processo de Insolvência e Recuperação de Empresas PIRE ainda faz sentido falar do mediador de recuperação de empresas do RERE? A recuperação começa na descrição dos gabinetes. Quem sabe da existência da dívida além do devedor? O credor. Quanto muito, mais alguns dos credores, do mesmo devedor. Se alguns credores se reunirem com esse devedor, sem que isso provoque alarme geral, a mais-valia é a renegociação com o auxílio de um profissional na mediação. Podem fazer-se vários REREs mas um só PIRE e neste tem que se demonstrar que os problemas surgiram com o Covid-19, o que não é necessário no RERE.


“FOI-ME RELEMBRADO QUE ANGOLA É UM PAÍS DE IMENSOS DESAFIOS, MAS QUE ISSO, JAMAIS PODERIA SER UM IMPEDIMENTO OU UMA DESCULPA. O OBJETIVO ERA EXATAMENTE AJUDAR A CONSTRUIR UMA EMPRESA DE REFERÊNCIA NO SECTOR. FOI PRECISAMENTE ESSE DESAFIO QUE ME FEZ DECIDIR ACEITAR A UNITEL COMO A MINHA MELHOR VIAGEM PESSOAL E PROFISSIONAL” MARIA JOÃO ESCREVENTE,

DIRETORA DE RECURSOS HUMANOS DA UNITEL

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TEMA DE CAPA

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“OS RECURSOS HUMANOS DA UNITEL SÃO UM PILAR FUNDAMENTAL DA MARCA” Os recursos humanos de qualquer empresa assumem-se como o grande pilar de crescimento, desenvolvimento e reconhecimento perante o mercado. São o “rosto” que permite perpetuar uma dinâmica de confiança, transparência e de influência que o público/cliente tem sobre uma determinada marca, sendo assim essencial que os mesmos sejam reconhecidos como uma parte fundamental do sucesso de qualquer empresa/organização. Se assim não for, estaremos, sem dúvida, a criar uma estratégia sem o seu melhor ativo, as PESSOAS.

JULHO 2020

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FOTO: DIANA QUINTELA

FOTO: DIANA QUINTELA

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nteressa compreender que os recursos Humanos nas empresas, nos dias que correm, vão muito mais além do que somente entrevistar, selecionar, contratar e demitir colaboradores, até porque este setor, dos RH, engloba todo um conjunto de práticas, políticas e filosofias relacionadas com a administração de comportamentos no seio de uma entidade/organização. E o que são as empresas? Rostos e Pessoas que «vestem a camisola» e se dedicam diáriamente a atingir os objetivos da empresa. Quisemos saber mais e fomos conversar com Maria João Escrevente, a Diretora de Recursos Humanos da UNITEL, desde 2012, e que nos deu a conhecer um pouco mais sobre esta aventura que tem quase uma década de existência. Nesta conversa, ficamos a perceber como os RH são hoje, cada vez mais, um dos principais valores das marcas e que sem eles podemos fazer perigar qualquer estratégia de crescimento e presença no mercado. Abordamos ainda o impacto da pandemia da COVID-19 e de como isso levou a novas adaptações e à procura de novos caminhos no sentido de defender as pessoas e a empresa. Interessa dar um contexto a esta viagem protagonizada pela nossa entrevistada, uma especialista no domínio dos recursos humanos e que tem já um vasto percurso na «arte» de lidar com pessoas e de as fazer perpetuar um legado fundamental para o êxito. Depois de um longo período em Portugal, mais concretamente na Sonae, entre 1997 e 2001, e posteriormente na Portugal Telecom, entre 2001 e 2011, Maria João Escrevente conseguiu concretizar um dos seus fitos, ou seja, abraçar o sonho de trabalhar a nível internacional e foi assim que se deu o processo de chegada à UNITEL, uma empresa em Angola prestadora de serviços na área de telecomunicações móveis e que se assume atualmente como uma referência no país. Assume-se como uma mulher inquieta e que não gosta de estar estagnada ou do conforto de uma posição, “porque preciso de estar sempre em movimento em busca de novos desafios e projetos”, revela, assegurando que hoje é uma mulher feliz e concretizada por tudo o que foi alcançado pela marca ao longo destes anos. Um dos principais momentos que marcam o início da viagem da nossa interlocutora para Angola e, consequentemente, para a UNITEL, passou por uma das entrevistas que realizou umas das acionistas da empresa e o CEO de então. “Foi-me relembrado que Angola é um país de imensos desafios, mas que isso, jamais poderia ser um impedimento


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ou uma desculpa. O objetivo era exatamente ajudar a construir uma empresa de referência no sector. Foi precisamente esse desafio que me fez decidir aceitar a Unitel como a minha melhor viagem pessoal e profissional”, revela Maria João Escrevente, assegurando que esse repto também foi um “desafio a mim própria, ou seja, um país novo, num outro continente em que eu teria que reaprender quase tudo. Eu a minha família. Mas os desafios de Angola foram também o que fez acreditar na qualidade da empresa e nas razões que levaram esta marca a ter chegado onde chegou. Isso permitiu-me abrir novos mundos, porque estava confortável na minha carreira, e esse click da pessoa inconformada e inquieta que sou, levou-me a tomar essa decisão de ir a Angola pela primeira vez”, revela a nossa interlocutora. “SAÍ DA MINHA PRIMEIRA VISITA A ANGOLA E À UNITEL COM A CERTEZA DE QUE ESTA SERIA UMA LONGA JORNADA” Foram três os pontos essenciais que levaram a nossa entrevistada a tomar a decisão de «vestir a camisola» da UNITEL. Além de um ambiente comum a uma empresa europeia, a UNITEL tinha uma equipa pluridisciplinar, ou seja, feita por angolanos, num registo de uma empresa de Angola para Angola. Esta realidade levou a nossa entrevistada a questionar como poderia ela aportar valor a um projeto de referência. “Mantendo-me fiel a mim própria, aceitei que tinha de compreender as diferenças e semelhanças culturais e, acima de tudo, de ter capacidade de integração e isso foi um desafio que me despertou ainda mais para a enormidade

deste projeto”, afirma, lembrando que sentiu uma grande responsabilidade de devolver à empresa a confiança “que estava a ser depositada em mim. A opção «falhar» não estava em cima da mesa e eu tinha de dar o meu melhor para estar integrada nos valores e princípios que regem a UNITEL”, confirma Maria João Escrevente, assumindo que na UNITEL existe uma capacidade de nunca se cruzar os braços, “e isso é algo que faz da empresa uma marca especial e única. Tinha a perfeita noção que, desde minha primeira visita a Angola e à UNITEL (2011) que saí de lá com a certeza que esta seria uma longa jornada”. E que balanço faz a nossa entrevistada destes oito anos no universo da UNITEL? Diz que é uma Mulher de equipa e de desafios comuns e é por isso que assume que esta viagem é conjunta, ou seja, na companhia da UNITEL. Basta dar o exemplo da pandemia da COVID-19 que, naturalmente, não veio ajudar na prossecução dos objetivos da marca para 2020, mas, mesmo perante as dificuldades evidentes, foi uma prova de que a marca e as suas pessoas jamais baixam os braços. “Continuamos a lutar e, mesmo nas dificuldades do atual contexto, vamos abrir duas novas áreas de negócio na UNITEL, ainda este ano. Mesmo em teletrabalho e à distância, nada parou e isso diz muito do rigor, excelência e qualidade existentes na empresa”. Os RH da Unitel, nos dias que correm, assumem um papel preponderante na dinâmica da marca, acima de tudo, entre outras razões, porque neste momento os recursos humanos da UNITEL trabalham com e para o negócio e, hoje, este segmento do negócio, quando pretende alguma coisa,

"A COVID-19 «DISSE-NOS» QUE O QUE TEMOS DE FAZER AGORA TEM DE SER REALIZADO DE UMA FORMA MAIS CÉLERE E MELHOR, PORQUE A EMPRESA E AS PESSOAS NÃO PODEM ESPERAR E POR ISSO É QUE DIGO ORGULHOSAMENTE QUE FIQUEI EXTREMAMENTE CONTENTE COM A DEDICAÇÃO QUE VI NA FAMÍLIA DA UNITEL”

começa por consultar os RH, realidade que leva Maria João Escrevente a assegurar que atualmente, “os recursos humanos da UNITEL, são de facto um pilar, associados a outros, fundamental na marca. Foi dado um espaço e uma credibilidade ao papel dos RH em projetos da UNITEL, que faz de nós uma unidade que não é somente de suporte, mas de uma unidade de desenvolvimento de negócio e que consegue catapultar o mesmo. Acredito que essa tenha sido a minha grande missão que em equipa conseguimos atingir e alcançar”, salienta a diretora de recursos humanos da UNITEL. Inúmeras vezes que as marcas perpetuam na sua orgânica a uniformização de uma linguagem e comunicação somente para o exterior. E se essa dinâmica é correta, é fundamental que essa comunicação positiva seja também transportada no seu seio interno. A UNITEL é hoje, segundo a nossa


COLABORAÇÃO, CONFIANÇA E COMPROMISSO O mundo tem sido afetado pela pandemia da COVID-19, com todos os estragos e impactos negativos que isso tem tido nas pessoas, nas empresas, nos sistemas de saúde, nas dinâmicas económicas e nos países. Assim, o que conhecíamos como um quotidiano normal, mudou e hoje vivemos num novo mundo, quase num conceito de «novo normal», realidade que também se fez e faz sentir na orgânica da UNITEL, que viu a sua realidade mudar 180 graus, tal como explica Maria João Escrevente. “Somos uma empresa de telecomunicações, mas nunca tínhamos implementado o teletrabalho e isto, neste caso, foi uma necessidade emergente”, assegura, lembrando que mal as notícias começaram a surgir em outros pontos do globo, a empresa de telecomunicações angolana, decidiu promover a proteção e segurança dos colaboradores, mandando para casa, ainda nessa fase, todos os colaboradores com doenças crónicas e todas as gestantes.

FOTO: DIANA QUINTELA

“A segurança dos nossos colaboradores/pessoas era o mais importante. Ainda antes do estado de emergência declarado pelo Governo angolano, começamos a criar condições para que as pessoas pudessem estar em teletrabalho, com todas as dificuldades que isso criou”, revela. Assim, o universo da UNITEL começou a mobilizar-se no sentido de dar resposta a este novo desafio e a 23 de março, momento em que “toda a empresa entrou em regime de teletrabalho e foi muito importante ter visto como as pessoas quiseram contribuir. Como? A empresa não tinha 1300 portáteis para atribuir aos colaboradores identificados para o teletrabalho e assim, foi extremamente gratificante ver as pessoas a mobilizarem-se para suas casas com os seus computadores portáteis no sentido de continuarem a levar a empresa para a frente”, afirma, satisfeita e orgulhosa a nossa entrevistada, relembrando que estas atitudes fizeram parte de uma mobilização espontânea e voluntária e isso “diz muito sobre a vontade de fazer acontecer e de não deixar cair nada”, advoga. "A Unitel é o mais importante". E, se numa fase inicial ainda existia algum ceticismo relativamente aos resultados do teletrabalho, estes foram rapidamente escamoteados pelas conclusões retiradas, em que segundo Maria João Escrevente, “somos muito mais eficazes neste registo e o slogan «Somos UNITEL», nunca fez tanto sentido e foi tão importante, porque este lema compõe-se por três comportamentos: Colaboração, Confiança e Compromisso, realidade que nunca foi tão sentida e visível do que nesta fase do trabalho à distância”, afirma, convicta. LIBERDADE COM RESPONSABILIDADE A capacidade de retirar coisas positivas em momentos complicados e difíceis não é para todos, mas a diretora de recursos humanos da UNITEL e a sua equipa sempre tiveram essa visão. Assim, para a nossa entrevistada é importante retirar lições deste novo mundo. “Percebi que o sentimento esteve e está presente e isso foi o que tornou possível continuar a laborar e a concretizar projetos que estavam agendados para o final do ano. Assim, tudo o que foi transportável para uma versão virtual está a ser movimentado e tivemos, inclusive, situações que não estavam a ser pensadas, mas que foram rapidamente reposicionadas. A COVID-19 «disse-nos» que o que temos de fazer agora tem de ser realizado de uma forma mais célere e melhor, porque a empresa e as pessoas não podem esperar e por isso é que digo orgulhosamente que fiquei extremamente contente com a dedicação que vi na família da UNITEL”, revela, assegurando que este cenário não a surpreendeu, mas “vê-lo concretizado tem um sabor e uma força diferente”. Mas será o teletrabalho algo viável para o futuro? Maria João Escrevente assume que é algo que pode

ser pensado para o vindouro, "e acredito que vamos ter de encarar como um regime de trabalho permanente", relembrando que este novo conceito de trabalho é mais democratizado. “Sou apologista do chavão «liberdade com responsabilidade»”, revela, assegurando que o RH “não é polícia. Temos de acabar com a ideia do controlo puro e duro, onde tudo se baseia na vertente da assiduidade e na presença ou ausência. Naturalmente que são importantes, mas não as formas mais justas de avaliação e, acima de tudo, de fazer com que as pessoas se entreguem mais a um projeto e/ou desafio. Até aqui iremos sentir mudanças no futuro, até porque as novas gerações não se compadecem com sistemas de controlo tão efetivos”. “ESTA JORNADA TEM SIDO DE REINVENÇÃO” Mas fez a nossa entrevistada uma espécie de milagre na UNITEL? Rápida e concisa a responder, Maria João Escrevente assume que a única coisa que fez foi impor o ritmo e dando o exemplo. “Sou a favor do liderar pelo exemplo e isso implica fazer também e não dizer somente para fazer. Em 2011 saí da empresa onde estava porque senti que precisava de um novo desafio para respirar e para crescer, porque se nos sentimos demasiado confortáveis, então não vamos dar tudo de nós a um projeto. E foi isso que tentei passar na UNITEL e é por isso que somos uma grande empresa, porque conseguimos responder a todas as solicitações e a dar resposta às necessidades da empresa, caminhando sempre juntos, porque aqui as pessoas nunca desistem”. Poderá o adeus estar próximo? Mulher e Líder muito prática, a nossa entrevistada gosta de acreditar no hoje, ou seja, viver um dia de cada vez. “Impossível fazer futurismo! Movo-me por projetos estruturantes e duradouros. A minha marca é de entrega total e dar sempre o meu melhor. Sou exigente, acima de tudo comigo própria. A minha missão na UNITEL não está concluída. Contudo, tenho uma sensação de tranquilidade, pois sei que hoje tenho na minha equipa quem levaria essa missão a bom porto”. A palavra com a que nossa entrevistada mais se identifica é “reinventar”. Porquê? Porque segundo Maria João Escrevente, desde que saiu de Portugal, há quase nove anos, teve de se reinventar muitas vezes e “isso devo-o às pessoas com quem trabalho. Não estou a pensar sair da UNITEL, mas no dia que isso acontecer sei que deixo uma família e será para sempre a minha família. A eles devo-lhes um mega obrigada pela forma como sempre me fizerem sentir em casa. Esta jornada tem sido de transformação constante, de conhecimento e de recomeços, tudo para encontrarmos o melhor resultado para a empresa. Confesso que toda a minha dedicação e trabalho teve retorno. É muito gratificante sentir o apoio e a confiança da minha equipa e dos meus colegas, pois é essa energia permanente de fazer algo pela UNITEL que me leva a querer sempre mais, porque não tenho dúvidas nenhumas que, a UNITEL e a minha equipa, são de facto muito especiais para mim”, conclui a diretora de recursos humanos da UNITEL, Maria João Escrevente. ▪

Um agradecimento especial a Rosália Pedrosa, Responsável pelas Clínicas Liberty em Portugal, pela cedência do espaço para a realização desta entrevista.

23 JULHO 2020

FOTO: DIANA QUINTELA

entrevistada, uma empresa mais humanizada e isso também se deve a um projeto criado e catapultado em 2014, denominado por uma iniciativa de cultura organizacional em que foi desenvolvida uma marca interna. Interessa compreender que a marca tem e sempre teve um papel importante na sociedade angolana, mas para os colaboradores da UNITEL sentiam o poder da Marca enquanto empresa para fora, mas não internamente. Faltava algo que os unisse e nos caracterizasse, uma marca própria. Assim, foi decidido desenvolver uma cultura com que as pessoas se identificavam, fomentando o mesmo mindset, permitindo assim uma nova cultura e uma unificação e humanização que faltava. “Promovemos uma cultura assente em comportamentos, ou seja, respondendo a uma questão: O que é que eu, enquanto colaborador, tenho de fazer? Desmontamos esta ideia e criamos uma cultura distinta, dando um «empowerment» a que um colaborador possa, por exemplo, dizer a uma chefia que ele não está a cumprir aquilo que são os padrões de comportamento da UNITEL. Isso foi e é fundamental. Tornou-se numa forte comunicação interna para catapultar a marca e assim eliminamos barreiras entre as áreas de negócio e hierarquias, permitindo comunicarmos melhor, para termos mais diálogo e abertura”, assume a nossa entrevistada, asseverando que foram assim criados um conjunto de chavões, “coisas simples, mas fundamentais”, para traduzir o que é a cultura UNITEL e o que representa. “Essa cultura trouxe-nos unificação e, obviamente, que é algo moroso e que provoca dores de crescimento, mas foi algo extraordinário de ver acontecer, pois percebemos o esforço de todos em fazer a sua parte em prol de um objetivo e isso foi das coisas mais relevantes nestes oito anos”. E de que forma é que essa edificação de uma identidade comunicacional teve impacto fora de portas? Maria João Escrevente não tem dúvidas. “Mudou completamente”, dando o exemplo de um dos slogans da UNITEL, ou seja, «Uma grande Família». “É preciso compreender que Angola e as suas pessoas são muito orientadas para o conceito de família e existem muitas coisas que fazemos internamente que levamos para casa todos os dias. Não tenho qualquer dúvida que esta cultura foi além da Unitel e chegou às suas famílias e passamos todos a falar a mesma linguagem. A nossa marca interna, assenta no «Somos UNITEL» e a partir desse momento conseguimos criar uma identidade, um ADN e um conteúdo que dá muita força à nossa empresa e de alguma forma a todos os angolanos”.


“É BASTANTE INSPIRADOR E MOTIVADOR FAZER PARTE DE UM PROJETO DE MUDANÇA NA MELHORIA DAS PESSOAS” MARGARIDA RISCADO

DIRETORA CLÍNICA DA MR - TERAPIAS, FORMAÇÃO E CONSULTORIA

PONTOS DE VISTA NO FEMININO

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PONTOS DE VISTA NO FEMININO

“QUEREMOS CONTINUAR A MARCAR A DIFERENÇA NA VIDA DAS PESSOAS” O crescimento de uma marca, obedece a diversos critérios e requisitos para que a mesma alcance um estado de maturidade e prestígio perante o mercado que seja inquestionável. Tornar esse desiderato em realidade não se afigura um processo simples ou um percurso tranquilo, sendo necessária uma forte dinâmica inovadora, diferenciadora e promotora de um sentido de autenticidade e excelência perante o cliente.

disponibilidade económica, bem como, da capacitação de outros profissionais e cuidadores ao nível da formação qualificada e certificada. Mas de que forma tem vindo a MR – Terapias, Formação e Consultoria a promover um serviço digno, de rigor e excelência no mercado? Margarida Riscado não tem dúvidas que a base deste crescimento e reconhecimento passa pela “excelência, rigor e qualidade na prestação dos cuidados de saúde”, afirma convicta, assegurando que os mesmos “são fruto de uma equipa altamente diferenciada, motivada e atualizada técnica e cientificamente”, salienta a nossa interlocutora, para quem a coexistência desses princípios assumem-se como um imperativo para a marca, sustentado num trabalho de qualidade que só pode ser conseguido e alcançado com um enorme rigor e superação, “através da procura e busca incessante e sistemática pela excelência”, revela a administradora da MR – Terapias, Formação e Consultoria. Desta forma, torna-se vital para a nossa entrevistada que a marca continue a ser capaz de contribuir para o desenvolvimento do potencial, qualidade de vida e bem-estar da pessoa integrada em sociedade, através de um conjunto de ações e serviços personalizados, sendo que para Margarida Riscado, “é bastante inspirador e motivador fazer parte de um projeto de mudança na melhoria das pessoas”.

“OS TÉCNICOS DA MR TERAPIAS MANTIVERAM SEMPRE O APOIO AOS SEUS CASOS EM ACOMPANHAMENTO. NA FASE DO CONFINAMENTO, PASSARAM A TER APOIO POR VÍDEO CONSULTA E NOS CASOS EM QUE TAL NÃO ERA POSSÍVEL, FOI SEMPRE MANTIDO CONTACTO PARA SUPORTE ÀS FAMÍLIAS. FORAM PROFISSIONAIS EMPENHADOS, DEDICADOS E REINVENTARAM-SE PARA CHEGAR ÀS CASAS E ÀS FAMÍLIAS”

25 JULHO 2020

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este sentido, torna-se importante que as bases de um qualquer projeto ou desafio assentem em pilares como a excelência, o reconhecimento e a busca por uma dinâmica positiva e diferenciadora. Desta forma, a Revista Pontos de Vista foi conhecer a MR – Terapias, Formação e Consultoria, uma entidade que foi edificada há cerca de dez anos, em 2010, e que presta serviços de excelência no domínio da área da saúde e bem-estar, promovendo a integração na sociedade de crianças, jovens e adultos com perturbações de desenvolvimento e/ou adquiridas. Falamos com a mentora e fundadora deste projeto, Margarida Riscado, que assume diversas pastas no domínio da orgânica da marca, Diretora Clínica, Terapeuta da Fala e Formadora da marca. A nossa interlocutora abordou um pouco mais do crescimento da marca e do balanço desta década de atividade, sem esquecer as adaptações que tiveram de ser realizadas fruto da pandemia da COVID-19 e que tudo mudou num ápice, assegurando que a marca está presente no mercado porque tem o desiderato de se continuar a assumir como uma organização de referência ao nível da prevenção, tratamento e investigação das perturbações do desenvolvimento, emocionais e/ou adquiridas, acessível a todas as pessoas, em qualquer fase do ciclo de vida e independentemente da sua

MARGARIDA RISCADO


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

Interessa ainda perceber que o core da atividade da marca passa pelos apoios clínicos e em diversas vertentes como Terapia da Fala, Psicologia Clínica, Educacional, Neuropsicologia, Terapia Família e Psicoterapias, Orientação Vocacional, Musicoterapia, Psicomotricidade e Terapia Ocupacional. “Além destas, a MR Terapias disponibiliza ainda especialidades médicas em áreas de fronteira às intervenções realizadas (Neurologia, Otorrinolaringologia, Pediatria, Pedopsiquiatria), para além da avaliação do Processamento Auditivo Central, que destacamos pela sua importância e paradoxal escassez no mercado nacional”, esclarece Margarida Riscado, que tem na Terapia da Fala a sua paixão.

PONTOS DE VISTA NO FEMININO

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PARCERIAS E PROTOCOLOS DE ENORME VALOR Nada se consegue sozinho, e se a MR - Terapias, Formação e Consultoria alcançou hoje um nível elevado, também o conseguiu fruto da sua capacidade em promover parcerias e redes de cooperação, por exemplo com os denominados Edifícios do Saber, Universidades, Politécnicos e outras entidades de valor e reconhecimento. De salientar que isso se perpetua nas mais diversas dinâmicas, até porque a MR – Terapias, em complementaridade com o core de atividade já revelado, aposta também na formação, consultoria, investigação e apoio ao estudo especializado, que se integram no conceito Academia by MR Terapias, entidade formadora certificada pela DGERT – Direção-Geral do Emprego e das Relações no Trabalho. “Nesta vertente, diria que o grande fito passa por formar e dotar de competências os profissionais de saúde e de educação, nas temáticas respeitantes a perturbações do desenvolvimento, emocionais e do comportamento em crianças, jovens e adultos, contribuindo para a existência de profissionais mais capacitados, que garantam intervenções de grande qualidade e possam fomentar o ajustamento, a redução do sofrimento e a integração social dos utentes”, esclarece Margarida Riscado. Assim, no domínio desses protocolos estabelecidos, é importante realçar instituições de ensino como a ESSA - Escola Superior de Saúde do Alcoitão, o IPS – Instituto Politécnico de Setúbal, IPL – Instituto Politécnico de Leiria, Universidade do Minho, “tudo isto nas áreas da formação, realização de estágios académicos e projetos de investigação”, assevera a nossa interlocutora, realçando ainda que “relativamente às parcerias recém estabelecidas, tenho de mencionar com grande orgulho, a Universidade Católica e o ISPA - Instituto Superior de Psicologia Aplicada”. RECURSOS HUMANOS ESSENCIAIS PARA O SUCESSO DA MARCA A Pandemia da COVID-19 provocou inúmeras mudanças no que considerávamos garantido, obrigando a uma capacidade enorme de adaptação por parte de pessoas e empresas, sendo que as mesmas nem sempre são fáceis de alcançar, pelo menos num curto período de tempo. Contudo, existem exceções, e a MR - Terapias, Formação e Consultoria teve de rapidamente se adaptar a esse «novo normal», obrigando a um novo reajustamento a esta nova realidade. Otimista por natureza, Margarida Riscado acredita que temos de ser capazes de retirar conclusões positivas de momentos considerados mais negativos, “e foi isso que fizemos”, realça a nossa entrevistada, não sem antes reconhecer a importância do corpo de recursos humanos que compõe a marca e

que é, segundo a nossa interlocutora, “uma parte essencial para o sucesso que alcançamos, tendo-se revelado de excelência neste momento mais complicado provocado pela COVID-19”, elogia a mentora da MR – Terapias. Como? “Os técnicos da MR Terapias mantiveram sempre o apoio aos seus casos em acompanhamento. Na fase do confinamento, passaram a ter apoio por vídeo consulta e nos casos em que tal não era possível, foi sempre mantido contacto para suporte às famílias. Foram profissionais empenhados, dedicados e reinventaram-se para chegar às casas e às famílias”. É importante salientar que a Equipa de profissionais da MR Terapias, com práticas diferenciadoras, dedica-se às causas que abraça, designadamente na interligação do trabalho que desenvolve, com as famílias, os professores e os outros profissionais de saúde, formando-se uma rede de suporte à criança/ jovem. Para além disso, os profissionais da MR Terapias procuram as metodologias de intervenção comprovadamente mais adequadas a cada situação e recorrem a intervenções cientificamente validadas, permanentemente atualizados. Satisfeita com aqueles que fazem diariamente a MR – Terapias e que são o rosto dos valores apresentados ao mercado pela marca, para Margarida Riscado esta crise mostrou que o digital funcionou

e veio para ficar. “A dinâmica da empresa mostrou-me que no passado fazia reuniões presenciais com as equipas e isso não era necessário. As plataformas digitais permitem essas mesmas reuniões com os meus técnicos de uma forma mais célere e até com resultados ainda melhores”, assume convicta. Outra área que também não «escapou» às valias do digital, foi a formação em que os resultados foram tão positivos, que levaram a nossa entrevistada a questionar-se porque não optou por este caminho mais cedo. “Menos cansaço, menos viagens, menos custos inerentes e mais qualidade. Conseguimos tudo isto apostando na vertente digital”, advoga. O DIGITAL QUE VEIO PARA FICAR E no que concerne à vertente clínica? Foi a mesma também abrangida por esta senda digital? “Passamos consultas do modo presencial para o online e está provado cientificamente que são similares. Assim, fiz imediatamente os protocolos necessários para dar esse género de resposta e as pessoas aderiram de uma forma positiva e surpreendente”, assume a nossa entrevistada. Mas será que este modelo mais digital veio para ficar e será para substituir completamente o modelo presencial? “Naturalmente que não. Vamos promover


“NESTA VERTENTE, DIRIA QUE O GRANDE FITO PASSA POR FORMAR E DOTAR DE COMPETÊNCIAS OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE E DE EDUCAÇÃO, NAS TEMÁTICAS RESPEITANTES A PERTURBAÇÕES DO DESENVOLVIMENTO, EMOCIONAIS E DO COMPORTAMENTO EM CRIANÇAS, JOVENS E ADULTOS, CONTRIBUINDO PARA A EXISTÊNCIA DE PROFISSIONAIS MAIS CAPACITADOS, QUE GARANTAM INTERVENÇÕES DE GRANDE QUALIDADE E POSSAM FOMENTAR O AJUSTAMENTO, A REDUÇÃO DO SOFRIMENTO E A INTEGRAÇÃO SOCIAL DOS UTENTES”

Mensagem de encorajamento Experiências desafiantes como a que estamos a viver fazem-nos refletir sobre a nossa conduta em sociedade e têm inegável impacto na saúde mental dos portugueses, fator já observável na MR Terapias com o crescimento de novos pedidos de acompanhamento, na área da Psicologia. Deixo uma mensagem de esperança, lembrando que nos desafios, também surgem oportunidades, assim como realço a importância do suporte da rede familiar nesta fase tão peculiar. Espero que possamos começar a olhar para os outros de outra forma e a sentir melhor os afetos. Haverá, certamente uma redescoberta da proximidade e da socialização.

Exemplo de um testemunho que incentiva a equipa da MR - Terapias a continuar a trabalhar desta forma

FAMÍLIA COMO PILAR DE EQUILÍBRIO Gestora, líder, profissional clínica, mulher e mãe. Tudo isto são caraterísticas da nossa entrevistada,

Margarida Riscado, que se considera uma mulher dinâmica, empreendedora e com inúmeras ideias. Assume-se como uma líder democrática, próxima das pessoas e sente a sua profissão com um enorme sentido de missão, assegurando que tudo deve à sua Família, o pilar de equilíbrio em toda a carreira profissional e familiar. “Comecei a trabalhar desde muito cedo como terapeuta da fala, que é, sem dúvida, a minha vocação e a minha paixão”, reconhece, assegurando, contudo que qualquer que fosse a sua área de progressão profissional, desde que implicasse pessoas, ia ser também a sua grande paixão. E o que mudou ao longo destes dez anos na nossa entrevistada? “Nada. Continuo com a mesma paixão e vontade de fazer mais e melhor. O projeto foi, obrigatoriamente, crescendo e não é mais que a minha visão profissional, num suporte com uma grande equipa, mas sempre com esta perspetiva de delegar e de intervir na família, de pensar no bem-estar dos outros, designadamente na área da saúde mental. O meu e o nosso foco são as pessoas e disso não tenho qualquer dúvida. Fico imensamente satisfeita e feliz por poder ajudar e tento dar sempre uma resposta a quem bate à nossa porta. Esse é o espírito que tenho e quero na MR – Terapias. Queremos continuar a marcar a diferença na vida das pessoas”, conclui Margarida Riscado. ▪

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uma coexistência entre o presencial e o digital, até porque ambas são importantes”; revela, dando o exemplo das vantagens do modelo digital, “por exemplo, ao nível das intervenções à distância (por indisponibilidade geográfica do cliente), mas também da praticabilidade e flexibilidade desta metodologia, em termos das deslocações e da flexibilidade horária do acompanhamento. Outro dos principais benefícios que destacamos neste tipo de intervenção é igualmente o fomento da maior participação dos pais nas intervenções com crianças e adolescentes, os quais conseguem estar mais próximos do acompanhamento à criança e do técnico do que estariam num registo presencial, que exige uma organização logística mais delicada”. Isto sem esquecer a abertura de um leque grande a nível internacional também, em que fizemos diversas parcerias e protocolos a nível da formação e investigação, que levam o nosso trabalho além-fronteiras”, esclarece a nossa interlocutora, assegurando que dado este novo panorama, do digital, não sente mais necessidade de inaugurar novos espaços «made in» MR - Terapias, Formação e Consultoria, que hoje são quatro.

Venho por este meio agradecer toda a vossa ajuda no acompanhamento dos meus alunos na direção de turma, o 6.º I. Foram espetaculares! Acompanharam os alunos na escola e agora, no Ensino à Distância, foram essenciais no acompanhamento e progresso dos nossos alunos. Adaptaram os vossos horários, ajudaram na instalação e funcionamento do Teams, ajudaram a organizar a dinâmica familiar para eles se organizarem melhor nos trabalhos e, acima de tudo, estiveram sempre disponíveis para os miúdos, para os pais e para nós, escola, principalmente, para mim, Diretora de Turma, e para a minha colega (espetacular) de Educação Especial. Muito obrigada! Hoje, de manhã, realizámos o nosso Conselho de Turma e fiz questão que esta vossa ajuda/acompanhamento ficasse registado em ata porque foi muito importante. O vosso acompanhamento não é apenas a entrega de um relatório, é muito mais do que isso e foi muito importante nesta época tão desafiante para todos nós. Espero que os nossos alunos valorizem esse acompanhamento. Nos tempos mais difíceis é sempre bom lembrar que houve pessoas que passaram na nossa vida e que se importaram connosco e que acreditaram em nós. Obrigada por tudo!


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

“A FILOSOFIA PASSA POR COLOCAR SEMPRE, EM QUALQUER CIRCUNSTÂNCIA, A PESSOA EM PRIMEIRO LUGAR” Isabel Santos Melo caracteriza-se como uma pessoa empreendedora, exigente, resiliente e com um imenso orgulho nas suas raízes portuguesas. Contudo, é no Reino Unido que está a sua casa, onde contribui diariamente para uma melhor qualidade de vida de pessoas vulneráveis na sociedade, tudo isto realizado pela chancela e excelência do Grupo Mentaur.

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pesar de Portugal lhe trazer muitas (e boas) recordações, Isabel Santos Melo mudou-se para Inglaterra em 1978, onde começou a sua carreira profissional enquanto Enfermeira. Ao trabalhar nos serviços de saúde ingleses, deparou-se com a realidade de pessoas com problemas de saúde mental e rapidamente percebeu que podia e tinha condições para fazer a diferença na vida das mesmas – sempre compreendeu a sua capacidade muitas vezes menosprezada. Nasceu assim, em 1988, o Grupo Mentaur, nos condados de Northamptonshire, Bedfordshire e Leicestershire, em Inglaterra, que providencia serviços residenciais e apoio comunitário a pessoas vulneráveis na sociedade, nomeadamente na área da multideficiência, do autismo e da saúde mental. “O apoio é holístico e engloba todas as atividades de vida diária, bem-estar físico e mental e inclusão na comunidade”, explica Isabel Santos Melo. O Grupo Mentaur dedica igualmente e particular atenção a pesquisas científicas na área em que atua, estando envolvido em diversos projetos nacionais e internacionais. Enquanto CEO do projeto, Isabela Santos Melo conta-nos que o Grupo Mentaur é fruto de muito trabalho e dedicação. “Sou bastante visionária, muito ambiciosa e tenho completa noção de que foram estes dois elementos que me trouxeram até aqui”, afirma, acrescentando que “a responsabilidade que temos perante as pessoas que apoiamos é extremamente elevada e a maior satisfação acontece quando testemunhamos a evolução dos nossos utentes – a atingirem os objetivos e sonhos por muitos julgados impossíveis”. Desta forma, a nossa entrevistada afirma que quer ser lembrada como uma pessoa que fez a diferença na vida de tantas outras. A positividade é uma característica presente na missão do Grupo Mentaur. “Nós ajudamos e apoiamos não só nas atividades diárias, mas

também física e mentalmente, na inclusão na comunidade e em tudo o que os utentes consideram, à partida, impossível… a nossa missão começa por mudar tal perspetiva, até porque a positividade faz logo toda a diferença nos seus pensamentos”. A filosofia passa por colocar sempre, em qualquer circunstância, a pessoa em primeiro lugar, “independentemente do problema que tenha”, assegura a nossa interlocutora. É desta forma que o projeto se continua a afirmar como um dos mais prestigiados do Reino Unido. RECONHECIMENTO PROFISSIONAL SOB A FORMA DE PRÉMIOS Note-se que o objetivo de Isabel Santos Melo e consequentemente do Grupo Mentaur, é continuar a crescer e a consolidar o seu espaço nas áreas em que atuam. No entanto, toda a dedicação emergiu já numa lista sem fim de prémios – e que merecidos reconhecimentos. Quando perguntámos à nossa entrevistada, dentro de todos, qual foi o prémio que lhe brilhou mais nos olhos a reposta foi fácil. “Em 2012, como portuguesa e orgulhosamente portuguesa, recebi o prémio Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa, pelas mãos do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva”, expondo então o orgulho nas suas raízes que atrás denunciámos. Este prémio, para Isabel Santos Melo, foi “um dos mais prestigiados e que me deu maior visibilidade, mas não só, foi muito especial. Ainda hoje me arrepio só de me lembrar daquele momento que me encheu o coração de orgulho”. Mas não só este prémio foi importante na sua vida. Em 2014 ganhou o Outstanding Contribution to Social Care Award, o segundo prémio mais especial. “Tocou-me bastante, a seguir ao prémio de Portugal, este foi o mais importante e gratificante pelo facto de considerarem que estava a desenvolver um trabalho excecional em relação aos assuntos sociais”, recor-


A responsabilidade que temos perante as pessoas que apoiamos é extremamente elevada e a maior satisfação acontece quando testemunhamos a evolução dos nossos utentes

da, emocionada. Também o prémio Business Person of the Year, em 2015, foi muito relevante. Tais reconhecimentos são, para a nossa entrevistada, uma forte motivação e indício de que a sua vida está a ir na direção certa e idealizada nos primórdios da sua carreira, mas não só, para a equipa que está por detrás do Grupo Mentaur é também extremamente motivante. Recentemente criaram uma ferramenta para garantir a qualidade de vida para pessoas com Perturbação do Espectro do Autismo, sendo que, este trabalho de investigação foi apresentado em Bruxelas, no European Social Services Awards,e no qual mereceu o primeiro lugar. “Nós funcionamos sempre num todo, - como uma equipa - um prémio é uma vitória de todos. Assim como um objetivo concretizado de um utente também é um triunfo para a equipa”, garante Isabel Santos Melo, revelando ainda que “um dos prémios que ganhei, em 2007, foi o “Talentos”, em Portugal, organizado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros. E como é que isso aconteceu? Eu estava de férias e duas colaboradoras da empresa resolveram que eu tinha de participar. Prepararam tudo e quando eu voltei ao trabalho, disseram-me que tinham apresentado a minha candidatura - nem queria acreditar. Fizeram o trabalho todo, apresentaram, e eu acabei por ganhar”.

ISABEL SANTOS MELO

29 JULHO 2020

“TRABALHAR ASSUNTOS SOCIAIS REQUER MUITA DEDICAÇÃO” A equipa é unida, algo que advém da personalidade motivadora de Isabel Santos Melo, garantindo que apesar de toda essa exigência é, também, uma pessoa justa, acabando por apoiar todas e quaisquer carreiras profissionais que se cruzem no Grupo Mentaur. “O sistema providencia um serviço fantástico na maioria dos casos que apresentam dificuldades, nomeadamente ao nível do recrutamento de profissionais qualificados”. Na opinião da nossa entrevistada, é algo que “beneficia imensos os profissionais de saúde, mesmo portugueses, porque acabam por encontrar aqui as oportunidades que procuram e o desenvolvimento pessoal e profissional que tanto ambicionam e merecem”. Apesar de apoiar as pessoas e as suas pretensões, Isabel Santos Melo acredita que esta profissão não é adequada a todas as personalidades, uma vez que “trabalhar assuntos sociais requer muita dedicação, porque os utentes têm de ter o melhor cuidado possível, e os nossos profissionais acabam por viver intensamente esta realidade”. No Grupo Mentaur existe um interesse genuíno em promover o desenvolvimento pessoal e profissional contínuo a todos aqueles que colaboram no mesmo. Algo que também destaca Isabel Santos Melo enquanto gestora da empresa e mentora de muitos colegas, é a proximidade que a mesma persevera em manter com os seus utentes. “Todos os meses me encontro com as equipas para me manterem a par sobre cada utente que temos o que aconteceu, se houve algum problema, se fizemos algum trabalho excecional. Eu pretendo ter sempre esse contacto direto com todas as envolventes”, desenvolve a nossa entrevistada.


PONTOS DE VISTA NO FEMININO

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SER MULHER E EMPRESÁRIA SIMULTANEAMENTE Para Isabel Santos Melo a questão de género nunca foi algo que, na sua carreira, fomentou o preconceito social, acabando por se sentir sempre bem enquadrada e envolta na sua profissão. Pelo contrário, afirma que, na sua opinião “as mulheres são muito competentes, bastante inteligentes e creio inclusive que são melhores gestoras – dependendo claro está, da sua personalidade”, acabando por dar como exemplo a conjuntura atual provocada pelo novo coronavírus: “Quais foram os países que lidaram melhor com este problema? Foram os países que têm uma mulher como Primeira-Ministra - a Dinamarca e a Suécia, por exemTodos os meses plo. Não julgo ser coinme encontro com as cidência”. Para a nossa equipas para me manterem interlocutora, muitas a par sobre cada utente que das vezes “as mulhetemos - o que aconteceu, res são mais ponse houve algum problema, deradas, têm um se fizemos algum trabalho instinto mais suave excecional. Eu pretendo ter e mais humano”. sempre esse contacto Já na questão de direto com todas as liderança, Isabel Santos Melo, acredita que envolventes é um instinto que nasce com a pessoa e as suas características são inatas, não descurando de tantas outras que, para si, se desenvolveram com o O QUE FALTA CONCRETIZAR? passar dos anos. “Descobri e desenIsabel Santos Melo conta já com largos anos de experiências qualivolvi ao longo do tempo - e tendo em conta determinadas situações ficadas por si como “arrepiantes e - outras características que me impossíveis de esquecer”, sendo por complementaram enquanto líder: a isso “uma privilegiada”. Ainda assim, maturidade, a experiência e a sabehá sempre algo que, inevitavelmendoria, ajudaram-me a ser mais comte, nos faz sonhar e trabalhar pela sua concretização. No caso da nossa preensiva. Fui aprendendo comigo entrevistada, aquilo que ainda gosmesma”. Além destas particularidades, a nossa entrevistada apresentataria de ver efetuado, seria um pro-se como empática, responsável e jeto seu em Portugal. “Esta questão organizada. nunca me saiu da cabeça, continua

PERFIL

ISABEL SANTOS MELO Nasceu em Moçambique, mais tarde voou para Portugal, mas foi em Inglaterra que se estabeleceu até aos dias de hoje como Enfermeira de vocação e profissão. Fundou o Grupo Mentaur em 1988 e conta já com uma imensa lista de prémios, sendo que o mais especial foi o do Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa: um prémio oferecido pelo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva. Nesse dia prometeu a si mesma, aos seus colegas e amigos, que um dia, o Grupo Mentaur iria expandir-se para Portugal, sendo ainda um sonho por concretizar.

sempre na minha mente e ideias não me faltam, é certo. Principalmente desde que ganhei o prémio do Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa. Nesse dia, prometi que ia trabalhar em Portugal e não me esqueci”. No entanto, até à sua realização, terão de ser pensadas e ponderadas decisões que permitam e garantam o serviço de excelência já interligado ao Grupo Mentaur. Explica que “só acontecerá caso tenha 100 por cento de certe-

za que os critérios de qualidade e de sustentabilidade financeira sejam iguais aos que tenho em Inglaterra”. Enquanto estuda todas as possibilidades, há algo mais que gostaria de ver cumprido, “em termos pessoais e profissionais, queria muito receber reconhecimento por parte da Rainha de Inglaterra, Isabel II”. Apesar disso, Isabel Santos Melo sente-se já (e muito) privilegiada, por todas as experiências positivas que se cruzaram no seu percurso. ▪


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“ESTE É O LOCAL IDEAL, HÁ PAZ E HARMONIA” Azeitãozen! Aqui irá conhecer uma experiência memorável, que fica na alma e que proporciona um sentimento de tranquilidade e relaxamento ímpar. A Revista Pontos de Vista foi conhecer este espaço e esteve à conversa com a Diretora e impulsionadora deste conceito, Sandra Rodrigues, que por palavras explicou o que significa escolher o Azeitãozen.

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SANDRA RODRIGUES

Academia Zen), que dá suporte e é também o escritório. Temos aulas regulares de pilates, yoga e muitas terapias de desenvolvimento pessoal, gabinetes de psicologia, terapia da fala, astrologia entre outras. Na minha casa em Azeitão, no verão, comecei por organizar eventos junto à piscina, inicialmente de um dia, depois dois dias,… surgindo a necessidade de pernoitarem. A organização de retiros com alojamento levaram-me a retomar os estudos aos 40 anos, ingressando na Escola de Turismo. Na vossa orgânica, uma das mais valias passa pela organização de retiros. Explique-nos um pouco como se desenrola esse processo e de que forma são os mesmos relaxantes? Os retiros são a nossa aposta diferenciadora no mercado. Consistem num convite a experienciar e res-

gatar o poder pessoal de cada um. Aprender a esvaziar a mente de tudo e enchê-la de nada. Largar a mochila. Aceitar que todos somos luz e escuridão, respeitando todas as partes. Os retiros decorrem de 6f a domingo, o telemóvel fica off, para não haver estímulos exteriores. As refeições são vegetarianas ou macrobióticas. O ambiente é de partilha, sem julgamentos e o tratamento é por tu. O objetivo comum é: encontrar o equilíbrio em todas as áreas e ser feliz. Vivemos numa sociedade em constante movimento, realidade que nos provoca uma série de sentimentos menos positivos como o stress. É legítimo afirmar que depois de realizar os retiros a nossa vida fica mais simples e fácil? No espaço Azeitãozen fica a garantia do distanciamento do buliço e da confusão.

Que ferramentas adquirimos depois de experienciarmos os vossos retiros? Sendo os retiros temáticos facilitados por vários terapeutas, são diversos os conhecimentos transmitidos. Mas uma das poderosas ferramentas é a meditação, onde se aprende a escutar o mundo interno, acalmar o coração, sentir e compreender cada vez melhor o grande mestre que habita dentro de nós. Trabalhamos a rigidez, as crenças e transformamos bloqueios. É um processo de conexão-transformação-ação. As escolhas são diversas: yoga, pilates, Chi Kung, respiração, entoação de mantras, hoponopono... O nosso papel é orientamos o caminho nesta jornada. Contudo, importa reter que as ferramentas são várias, mas com um propósito único, empoderar e conscientizar cada pessoa da sua própria força, elevando os níveis de energia e consciência. Quais são os desafios do futuro do Azeitão Zen e que convite gostaria de deixar aos nossos leitores? Os desafios são continuar a evoluir, aumentar o leque de ofertas e proporcionar aos hóspedes momentos inesquecíveis, todo o ano, mesmo sem ser em formato retiro temático, para todas as idades e gostos, respeitando as rotinas de cada um. Convido todos os leitores a visitarem-nos, quando ouvirem o coração e quiserem atender ao desejo da alma, este é o local ideal, há paz e harmonia que potencia encontrar o “eu interior” porque a vida acontece Agora! ▪

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Esta marca foi criada por si há 8 anos. Sendo formada em gestão hoteleira e ex proprietária de um restaurante, como é que a sua carreira culminou no projeto Azeitãozen? Com a falta de tempo livre e uma vida muito stressada e após ter sido mãe, percebi que tinha que mudar de vida. Fui procurando respostas e atividades que me permitissem encontrar paz, tranquilidade e principalmente o meu caminho, …a vida não podia ser só trabalho! Iniciei pelo reiki, seguido de taças tibetanas, meditação, numerologia... Na época, gestora do restaurante, fui partilhando com entusiasmo aos meus clientes estas descobertas e estes tornaram-se os meus primeiros clientes. Comecei por alugar uma loja para pequenos convívios, (hoje a nossa

Sentimo-nos protegidos e são partilhadas histórias que nem as famílias sabem, sem críticas. Somos naqueles momentos, Um! Saímos dos retiros mais fortes e com ferramentas para melhorar aspetos menos bons, mas cabe a cada um, colocar em prática tudo o que aprende. A vida não muda de um momento para o outro mas o importante é saber que para ela mudar, a mudança começa em nós.

FOTO: HÉLDER CALDEIRA

marca Azeitãozen é hoje um conceito que vai para além da localização, mais que um destino turístico que perpetua um equilíbrio e uma dinâmica positiva a nível mental e físico a todos os seus visitantes. Explique-nos um pouco do conceito que é colocado ao dispor de quem vos procura. O conceito surgiu na vontade de um Turismo diferenciador, procurando proporcionar momentos de relax num local tranquilo, permitindo a todos os que desejam ter um tempo de paragem e de reflexão, olhar para dentro e descobrir o grande mestre que está dentro de nós, procurar a resposta que está dentro do nosso coração. Pretendemos que os clientes encontrem dias de paz, fujam à rotina e que encontrem tempo para ouvir especialmente a sua voz interior, que reflitam sobre a sua vida, felicidade, alegrias e claro repensar em todos os projetos, para definir prioridades. Os retiros realizam-se geralmente aos fins de semana. Uns realizados por nós e por outros terapeutas, pois existem imensas temáticas por explorar. Aqui reunimos as condições para a reflexão e o ponto de viragem.


DE VISTA NO FEMININO “OPONTOS QUE MARCA A DIFERENÇA QUANDO ESCOLHEM A AMMF SOCIEDADE DE ADVOGADOS É A CAPACIDADE QUE TEMOS EM TRATAR E RESOLVER PRAGMATICAMENTE OS ASSUNTOS DO CLIENTE, SEM QUE ELE PRECISE DE TER QUALQUER PREOCUPAÇÃO: ESTAMOS AQUI PARA SIMPLIFICAR O SEU QUOTIDIANO”

MATILDE FERREIRA

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O SEGREDO DE UMA LIDERANÇA? “MÉRITO, CONHECIMENTO E MÉTODO” Fomos conhecer uma Mulher e Líder pragmática, que reconhece que o desafio de gerir pessoas nem sempre é fácil, e apenas com os olhos postos no objetivo, com sentido de ética e colaboração se consegue liderar uma equipa com sucesso. O segredo de uma liderança positiva? Mérito, Conhecimento e Método. De quem falamos? Venha conhecer. com um mercado especial face ao resto do país, até porque, operando maioritariamente com clientes estrangeiros, a questão do conhecimento de línguas torna-se absolutamente essencial. A nossa entrevistada tem profundos conhecimentos de inglês e francês, mas são também relevantes as valências linguísticas do resto da sua equipa, que conta com um advogado alemão e um jurista holandês. “É essencial que o nosso cliente nos compreenda, até porque atuamos sempre com transparência e queremos transmitir confiança”, salienta Matilde Ferreira, que é uma acérrima apologista da denominada advocacia preventiva. “Quando estamos a trabalhar para o mercado internacional e dada a morosidade e paralisação dos tribunais, acredito que a melhor forma de defender os interesses dos nossos clientes é através dessa advocacia preventiva, em que nos antecipamos e prevenimos os problemas”, salienta a nossa entrevistada. ADVOGADA DEDICADA A UM PROJETO E como é ser uma líder, advogada e gestora de pessoas? Defensora da liderança pelo exemplo, Matilde Ferreira, que lidera cerca de 12 pessoas, assume-se como uma profissional que «veste a camisola», estando sempre disponível para as necessidades e exigências dos seus clientes. “Só assim podemos ter sucesso”, relata, assegurando que a tarefa de liderar pessoas não é (nem nunca foi) simples. “Naturalmente que se consegue, mas é importante compreender que numa equipa lidamos com personalidades distintas, o que implica uma constante capacidade de adaptação. Acredito que o verdadeiro líder tem de estar ao nível das pessoas, mas, quando necessário, deve assumir a sua posição de liderança, para conseguir visualizar o panorama global e geral do negócio, da sociedade e dos seus colaboradores”, esclarece a sócia da AMMF Sociedade de Advogados. A BOA LIDERANÇA NÃO TEM GÉNERO A terminar, Matilde Ferreira assume que nunca sentiu qualquer dificuldade no universo da advocacia por ser mulher e reconhece que, neste

momento, a profissão está um pouco mais equilibrada no que concerne à existência de ambos os géneros. Mas haverá uma liderança feminina versus liderança masculina? “Não acredito de todo nisso. Para mim, o género não é determinante para uma liderança positiva. O que faz realmente a diferença é o mérito, o conhecimento e o método”, conclui a nossa interlocutora, com uma final nota de agradecimento: “A função do líder pode ser algo solitária nos momentos de gestão e tomada de decisões, mas é acompanhada das pessoas certas que me sinto grata e segura numa equipa extraordinariamente dedicada em seguir rumo ao nosso propósito comum: os interesses dos nossos clientes”. ▪

33 JULHO 2020

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Revista Pontos de Vista foi conhecer a António Marante e Matilde Ferreira, Sociedade de Advogados, também conhecida pela sua sigla “AMMF”, e conversou com um dos principais rostos da marca, Matilde Ferreira, Advogada e Sócia do escritório, localizado no Algarve, que nos deu a conhecer um pouco mais do seu trajeto, das conquistas que teve ao longo deste caminho na advocacia, desde que se formou em 1987, pela Universidade Católica do Porto, sem esquecer que o mais importante é continuar a manter a AMMF Sociedade de Advogados como uma referência no Algarve. A jornada da nossa interlocutora em terras algarvias começou três anos após concluir a sua licenciatura. Foi em 1990 que Matilde Ferreira enveredou neste percurso, quando o Advogado António Marante “me convidou para trabalhar com ele”. A Advogada conta que, nesse mesmo ano, a sociedade foi formalmente constituída e, logo dois anos depois, foi convidada para ser sua sócia. “Foi um desejo concretizado”, afirma Matilde Ferreira, salientando que esta aventura tem sido extremamente gratificante, “pois faço o que gosto e tem-me permitido conhecer personalidades de enorme valia”. E o que marca a diferença da AMMF Sociedade de Advogados? Interessa saber que a sociedade está presente em dois locais relevantes no Algarve: Albufeira (onde tem a sua sede) e Quinta do Lago. Operam essencialmente com clientes internacionais, sendo a maior parte de origem inglesa, alemã, holandesa, francesa e, mais recentemente, com o mercado Benelux (este último em franco crescimento na zona algarvia devido aos benefícios fiscais existentes). “O que marca a diferença quando escolhem a AMMF Sociedade de Advogados é a capacidade que temos em tratar e resolver pragmaticamente os assuntos do cliente, sem que ele precise de ter qualquer preocupação: estamos aqui para simplificar o seu quotidiano”, revela a nossa interlocutora, assumindo que a satisfação dos clientes é o grande veículo de publicidade da empresa. “Quando termino um processo, o mais importante é perceber que o cliente sentiu que connosco tudo foi simples e prático; isso dá-nos a motivação para continuar a fazer mais e melhor”, revela, assegurando que é primordial ter capacidade de inovação. “No escritório damos resposta a diversas valências. Considero que somos uma espécie de clínica geral em advocacia, onde temos de encontrar resposta para qualquer problema do cliente e, se não tivermos capacidade para algo, iremos procurar quem o faça, nunca deixando o cliente desprotegido”. DEFENSORA DA ADVOCACIA PREVENTIVA É importante salientar que a AMMF Sociedade de Advogados se encontra localizada numa zona


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A PALAVRA A AN-SOFIE DE VOS, ADMINISTRADORA DA IMMO PORTUGAL

VIEMOS PARA FICAR E SINGRAR Nasci em Gent, na Bélgica, em 1979, e estudei contabilidade, tendo começado a trabalhar como fiscalista no meu país de origem. Logo desde o início desta aventura, senti que isto não era suficiente para mim e comecei a procurar alternativas de negócio que eu pudesse desenvolver.

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u queria ter a minha própria empresa e esse fio condutor e motivação já estavam dentro de mim desde que era criança, embora para que esse desiderato fosse uma realidade, faltava-me ter um suporte financeiro superior. Assim, levou-me muito tempo a encontrar essa oportunidade, mas esse dia chegou quando uma empresa de promoção e construção belga me deu a chance de me desenvolver e seguir na área do real estate. Tive de tomar uma decisão em menos de uma hora e assim decidi abandonar o meu emprego na altura e tomar uma nova direção na minha carreira que haveria de mudar a minha vida completamente. A maior parte das pessoas apenas vê o lado bom do sucesso, mas a estrada para alcançar esse êxito foi difícil e muito longa. Os primeiros anos deste novo desafio, significaram trabalhar setes dias sobre sete dias por semana, 15 horas por dia, sem tempo para a família e amigos, pois estava completamente focada no desenvolvimento da minha carreira. Mas todo esse esforço e sacrifício foi recompensado dois anos após esse começo, e edifiquei a minha empresa no domínio do imobiliário na Bélgica e especializei-me na comercialização de projetos de construção nova para investidores e de residentes na Bélgica e França. Os valores que o imobiliário estava a atingir na Bélgica naquele período estavam em crescendo, rumo ao topo, o que fez com que o interesse por parte dos investidores na compra de propriedades no país fosse decrescendo. Vendo este panorama, decidi analisar o mercado europeu, em outros países, para analisar onde seria mais interessante investir no imobiliário. Este estudo levou-me a conhecer a Costa de Prata, também chamada Silver Coast, que é conhecida como uma das regiões de crescimento mais interessantes neste momento e uma das melhores para investir na Europa. Encontrava-se na segunda posição naquele período, apenas atrás da Polónia. Analisando esta combinação de sol, praias, boa gastronomia e a hospitalidade local, a minha escolha foi muito célere e decidi apanhar um avião e descobrir a Costa de Prata.

COSTA DE PRATA – PAIXÃO IMEDIATA Apaixonei-me de imediato e desde que cheguei que soube que este seria o local onde faria o meu negócio crescer e prosperar. Assim, nesta nova direção, comecei com uma espécie de teste com um projeto e organizei um seminário na Bélgica no sentido de introduzir esta nova ideia e o resultado foi um sucesso imediato, pois encontrei investidores disponíveis para adquirir esse projeto, o que me provou que o mercado belga estava realmente interes-


CRIAR UMA IMAGEM DE CONFIANÇA E SEGURANÇA Passado um tempo, compreendi que era crucial para o sucesso da marca estar em permanência em Portugal, ou de outra forma não iria funcionar. Por isso, decidi deixar tudo para trás na Bélgica e mudei-me definitivamente para Portugal, para me focar na minha empresa e carreira. Inaugurei um espaço de vendas em São Martinho do Porto, bem como um escritório pós-venda, para guiar os clientes durante a fase de construção de um determinado projeto. Além disso, contratei uma equipa local de portugueses, que treinei e orientei para que se tornassem uma equipa comercial de sucesso. Durante estes anos, conseguimos ir criando uma imagem de confiança e sucesso e isso levou-me também a encontrar os parceiros certos para que isto resultasse como construtores,

advogados, contabilistas experientes, parceiros do setor e outros, para que assim conseguíssemos ser capazes de oferecer o pacote completo a todos os clientes. CLIENTE COMO FOCO PRINCIPAL A Immo Portugal trabalha de uma forma um pouco diferente de outras congéneres. Primeiro de tudo, somos especialistas em projetos de construção nova. Exigimos dos nossos construtores uma forma segura de venda, que inclui garantias bancárias, algo que não é fácil de encontrar no mercado luso. Temos uma equipa própria de pós-venda, o que significa que mantemos regularmente o contacto e a comunicação com o cliente até ao momento em que a propriedade é entregue. Isso é positivo porque

fazemos tudo dentro das nossas portas e sob a nossa vigilância e o cliente tem uma garantia de que estamos atentos a todas as vertentes e que tomamos conta dele até ao final do processo. Falamos holandês, francês, inglês e português, e assim podemos assistir facilmente qualquer cliente internacional, pois a língua não é uma barreira. Preparamos o projeto a 100 % antes do seu lançamento, o que significa que confirmamos tudo com os nossos advogados, negociamos os melhores valores com os construtores e preparamos toda a burocracia legal para que assim os nossos clientes possam assinar o contrato e finalizar a sua comprar em apenas um dia. Além disso, a Immo Portugal é um membro ativo do setor do imobiliário, o que significa que estamos a realizar muita publicidade a nível internacional. Temos contratos anuais com os maiores jornais, organizamos diversos seminários para investidores e participamos em inúmeras exposições internacional. Naturalmente que toda esta dinâmica aporta custos elevados para a orgânica da empresa, mas somos compensados através dos elevados níveis de vendas que temos atualmente. Inicialmente estávamos apenas focados no mercado belga. Temos um escritório em Antuérpia e uma equipa local belga que assiste os clientes no seu país natal. Mas nos últimos anos, e com a abertura do escritório em Portugal e com uma equipa portuguesa, estamos cada vez mais a entrar no mercado luso. Sentimos que muitos portugueses de Lisboa e de outras cidades começam a conhecer-nos e vêm até nós porque apreciam a nossa forma de estar e atuar no mercado e isso é fantástico. Hoje temos mais de 200 unidades/projetos de nova construção para comercializar, localizadas em áreas AAA da Costa de Prata. Atendendo que a Immo Portugal vende cerca de cem unidades anualmente, temos produto suficiente para os próximos dois anos. Entretanto, continuamos a investir, a solo e em conjunto com outros construtores, em novos projetos. Ainda temos muito mais para mostrar e fazer, por isso vão continuar a ouvir falar mais de nós. Viemos para ficar e singrar. ▪

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sado. Passado pouco tempo, decidi promover Portugal exclusivamente e mudei a designação da minha empresa para Immo Portugal. Os anos seguintes foram os mais difíceis e complicados. Como devem compreender, não é fácil ou simples uma mulher loira, que não falava uma única palavra de português, entrar num país estranho e no mercado da construção. Posso afirmar, sem sombra de dúvidas, que este foi o maior desafio da minha carreira. Os players da construção nem sempre estavam disponíveis para este novo desafio, ou seja, de abrir portas aos seus projetos para o mercado belga. Além disso, o estilo arquitetónico português, é completamente diferente do estilo belga, bem como a forma de fazer negócios. Levou-me anos até que um construtor local confiou em mim. Esses atores desse mercado, finalmente compreenderam a dedicação e o trabalho árduo que eu tinha para alcançar esses bons resultados e isso levou a que o mercado começasse a reconhecer a nossa qualidade e começamos a ganhar o respeito e o prestígio por parte de um construtor local da zona da Costa de Prata. Que não subsistam dúvidas, levou-me muito tempo para criar um negócio sólido, sustentado e reconhecido.


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“A PALAVRA LIDERANÇA É MUITO FORTE, TODA ELA É UM MUNDO DE OPORTUNIDADES PARA ALGUÉM DAR O MELHOR DE SI A TODA UMA EQUIPA" A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Neuza Silva, Diretora da Agência da Decisões e Soluções de Vila Nova de Santo André, uma empresa que tem na satisfação do cliente o seu único desiderato. Venha conhecer uma Líder que acredita na gestão e liderança pelo exemplo e que assume que da marca que lidera, “podem esperar sempre muita garra, muita disponibilidade e inovação para concretizar sonhos e arranjar as melhores soluções”.

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Decisões e Soluções é uma empresa de consultoria a nível nacional que presta um serviço personalizado com soluções 360º. De que forma a Decisões e Soluções - Vila Nova de Santo André se assume como referência face a um mercado tão competitivo e que análise perpetua do vosso setor de atuação? A Decisões e Soluções abrange cinco áreas de negócio - mediação imobiliária, mediação de seguros, intermediação de crédito, mediação de obras e construção de imóveis – tratamos de tudo para o cliente, toda a documentação e burocracias, com as melhores condições do mercado e é um serviço inteiramente gratuito para o cliente. Este é um projeto apaixonante. Diariamente ajudamos dezenas de famílias a concretizar sonhos e a tornar mais leve a sua vida financeira, para isso contamos com protocolos de excelência nestas áreas em que atuamos, desde investidores a bancos, pois temos um leque de entidades que nos ajuda constantemente a encontrar melhores soluções para ajudar as pessoas. A Decisões e Soluções de Vila Nova de Santo André conta com uma equipa técnica e uma equipa comercial, que diariamente tem formações e reuniões para prestar um serviço de excelência aos seus clientes. Trabalhamos em parceria com as agências Decisões e Soluções, mas também com as outras marcas e até consultores independentes de imobiliário, que detetamos em determinadas regiões, e que seguem um critério de excelência semelhante ao nosso. Trabalhamos em sinergia, pois há um vasto mercado para todos e a finalidade é a satisfação total do cliente. A missão da Decisões e Soluções é garantir aos seus clientes solidez, credibilidade e confiança. De que forma é que promovem esta dinâmica e quão fundamental tem sido na proximidade com o vosso cliente? Somos uma agência muito dinâmica e com um forte sentido de responsabilidade social, desenvolvemos

NEUZA SILVA


Na sua grande maioria, o cliente poupa centenas de euros mensalmente após a nossa revisão de crédito e seguros. Prestamos um serviço também de aconselhamento para o cliente levar para a sua vida diária e conseguir viver mais leve.

Falemos da Neuza Silva e de como chegou a Diretora da Agência. Como pode descrever o seu percurso pessoal e profissional? Comecei a trabalhar muito cedo, não por necessidade na altura, porque era estudante ainda e os meus pais nunca deixaram que me faltasse nada, mas por uma curiosidade e um fascínio por aprender mais e chegar ao ponto de me ser permitido “o fazer acontecer”. Tenho um currículo vasto, sempre com liderança em equipas desde bem cedo, cumpri com os meus estudos académicos, mas continuo sempre a apostar em cursos e for-

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eventos e ações de solidariedade em parceria com entidades da nossa região. Na sequência desta pandemia, tornamo-nos ainda mais ativos e pretendemos continuar a ajudar quem necessita e também apoiamos as entidades que têm esse objetivo. Participámos nas Serras Solidárias, projeto de dez atletas que visa concretizar cinco maratonas em cinco dias e cinco serras diferentes, para angariar fundos e ajudar as famílias de crianças com problemas a pagar os seus tratamentos de saúde, que decorre de 22 a 26 julho. Pretendemos apoiar a Associação de Cães de Busca e Salvamento, reconhecida pela ONU, que começaram a trabalhar com os Bombeiros da nossa terra, projeto este que está a iniciar agora em Vila Nova de Santo André. Diariamente, apostamos na formação das nossas equipas técnica e comercial, para que consigam sempre melhorar e manter o foco naquilo que é essencial: ajudar o cliente. A nossa agência está sediada numa região extremamente agradável para se viver ou para se ter uma segunda habitação. Vila Nova de Santo André, pertence ao concelho de Santiago do Cacém, distrito de Setúbal, usufrui de um areal de vários quilómetros, com praias agradáveis e plenas de uma beleza incomparável. Contamos com escolas muito boas, e uma oferta de serviços em toda a região muito rica. A Decisões e Soluções também está disponível para ajudar empresas a sediarem-se na nossa zona. Temos a refinaria e grandes empresas presentes, prestamos um serviço de aconselhamento a empresas que queiram iniciar a sua atividade e temos os parceiros certos para isso também. Quando escolhi Vila Nova de Santo André para abrir a agência, vi o grande potencial que toda esta região apresenta. Estamos localizados num dos concelhos com mais potencial de todo o Alentejo: Santiago do Cacém, temos Sines a apenas 12 quilómetros, Grândola a menos de 30 minutos, Odemira também e Alcácer do Sal. Permite-nos trabalhar nas regiões mais bonitas e com maior potencial de crescimento e de negócio em Portugal. Temos bons autarcas, bons líderes em grandes empresas, excelentes profissionais de saúde, e uma população que nos enche o coração. É muito gratificante viver e trabalhar cá.

Que mais-valias aponta ao seu grupo de trabalho perante as suas ideias e estilo de liderança? A palavra liderança é muito forte, toda ela é um mundo de oportunidades para alguém dar o melhor de si a toda uma equipa. Eu gosto muito, mas mesmo muito de ensinar às pessoas que me acompanham tudo aquilo que sei, abrir-lhes o meu coração e conseguir mações. Atualmente, sou mãe de um menino estruturar todo um projeto e maravilhoso com cinco anos e tenho o diariamente afinar a máquiprazer de ser gerente desta empresa e Diretora desta agência que foi na, é para mim, a minha o meu primeiro grande projemissão de vida. Eu Tenho a trabalho com muito to, e para o qual continuarei sorte de ter em mim amor, eu olho para a trabalhar. Que o futuro alguns sonhos, muitos os problemas que e todo o meu empenho objetivos, e uma força e garra vão surgindo diame permita desenvolver que me permitem concretizar mais projetos como este. riamente com paimesmo quando tudo parece ser Quero continuar a criar xão e com muito impossível. Gosto muito de dar equipas de excelência, foco em resolvê-los permitir-lhes que tenham da melhor forma. o melhor de mim a quem me ganhos realmente graA minha equipa é rodeia, a minha equipa extremamente deditificantes para todo a sua é reflexo disso dedicação e esforços diários. cada em ajudar os nosAs pessoas que trabalham comisos clientes e isso é para mim o mais importante, porgo são umas guerreiras, estou-lhes muito grata. que tudo o resto já flui da melhor Tenho a sorte de ter em mim alguns sonhos, forma, formação, excelentes parcerias, muitos objetivos, e uma força e garra que me pertrabalhar com rigor, depois tudo faz sentido. mitem concretizar mesmo quando tudo parece Considera que atualmente ainda existe um ser impossível. Gosto muito de dar o melhor de estigma por uma mulher assumir quadros diremim a quem me rodeia, a minha equipa é reflexo disso, cheios de talento e cheios de garra por contivos? Como é ser uma mulher empreendedora em Portugal? cretizar sonhos e permitir uma vida mais bonita Por vezes, sinto que olham para mim com alguaos seus clientes. Sou uma pessoa muito intensa e extremamente ma curiosidade, porque eu tenho 34 anos, sempre dedicada e focada e se encontrar um propósito assumi papéis de liderança e, com alguma facilimaior num projeto e algo que me consiga puxar dade, consigo mover e motivar pessoas a fazerem verdadeiramente, torno-me quase que imparável coisas bonitas. Gerir uma empresa é difícil, gerir para conseguir concretizar e tornar isso como uma empresa com cinco áreas de negócio mais uma missão de fé para conseguir ajudar. Tenho difícil é, e numa zona em que há muita concorrêntido muita sorte em conseguir encontrar pessoas cia a nível de uma das áreas: imobiliária, também é luz no meu caminho, em ter as raízes e a família um desafio. Mas não o considero muito difícil, porque me fez gente, que me educou de uma forma que o nosso projeto é realmente muito diferente extraordinária, um pai e uma mãe muito trabalhadas outras empresas, e a nossa forma de atuar no mercado também. Nós somos consultores, essendores e com uma essência muito bonita, e tive também sorte da vida me ter colocado, em apecialmente é isso, estamos aqui primeiramente para aconselhar e somente depois para fechar os negónas 34 anos, tantas batalhas para eu enfrentar, que me permitiram crescer e aprender e ser a mulher cios. O nosso foco é realmente conseguir entender que sou hoje. o que motiva o cliente e o que o fará verdadeiramente feliz, enquanto não conseguimos isso, não Quão gratificante é fazer parte e liderar um prodesistimos. jeto como a Decisões e Soluções - Vila Nova de Santo André? Que conselho gostaria de deixar a todas as muÉ preciso garantir uma equipa forte e, para tal, a lheres que estão em início de carreira e o que nossa agência aposta em consultores de excelênpodemos esperar de si e da Decisões e Soluções - Vila Nova de Santo André? cia, com foco na felicidade das pessoas e que proTodas as mulheres deveriam parar, respirar, e dar curam soluções que sejam uma extensão daquilo tempo a olhar para dentro delas próprias. Há difeque os seus clientes são. É uma atividade muito gratificante, há processos realmente muito difíceis. rentes fases na vida em que somos forçadas a isso, aconselho-vos a olhar para dentro e para se conDeparamo-nos com processos de crédito que conseguimos aprovar em duas horas e outros cretizarem. Eu nasci assim e sempre me conheci que levamos por vezes meses a conseguir escrienquanto mulher, mas tenho ajudado algumas mulheres a reconhecerem-se. Muita confiança e turar, mas não desistimos. Temos processos muita coragem. defendidos por nós, em que os clientes correm Da Decisões e Soluções de Vila Nova de Santo os bancos todos antes de cá virem, e nós conAndré, podem esperar sempre muita garra, muita seguimos junto dos nossos parceiros, aprovar o disponibilidade e inovação para concretizar sonhos processo e conseguir condições boas de finane arranjar as melhores soluções. Obrigada. ▪ ciamento para o cliente.


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“NÃO DEIXEM MARGEM PARA QUE A MERA DIFERENÇA DE GÉNEROS ABALE A AUTOCONFIANÇA”

RITA MOUTINHO DA COSTA

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Não diz que não a um desafio. Empreendedora e líder nata. Falamos de Rita Moutinho da Costa, Sócia e Managing Partner da MCMA Advogados, que em entrevista à Revista Pontos de Vista, partilhou um pouco mais do seu percurso e de como as diferentes experiências a foram fazendo crescer, contribuindo para uma carreira profissional internacional de referência. Conheça mais de uma Mulher e Líder que assume que nunca se pode parar de lutar para alcançar os nossos desideratos e sonhos.

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rimeiramente, quem é a Rita Moutinho da Costa enquanto pessoa e profissional? O que é que nos pode contar sobre o seu percurso? Há um padrão constante tanto na minha vida pessoal como na profissional: sempre com novas ideias e foco na solução, otimista e muito orientada para o resultado. Desde cedo, o que me divertia era inventar negócios durante as férias, juntar uma equipa de filhos dos vizinhos e no final do verão distribuir os resultados. Esse espírito continuou comigo nos sítios por onde passei. Após a minha formação universitária na Católica do Porto, ganhei a PLMJ como casa mãe, onde estive durante cerca de oito anos e onde verdadeiramente me formei enquanto advogada. Na Suíça, onde vivi cerca de cinco anos, frequentei o

LLM em Direito Tributário Internacional na Universidade de Genebra, e geri uma equipa de consultores especializados na área de Corporate e Direito Fiscal Internacional. Posteriormente, em 2014, fundamos um grupo de consultoria empresarial internacional. Esse grupo cresceu, estabeleceu parcerias, e hoje apresenta-se aos seus clientes sob a marca “allBee GROUP”, onde se integra a MCMA. Atualmente é Sócia e Managing Partner da MCMA Advogados. Como é que descreve o grupo e de que forma a marca tem vindo a distinguir-se num mercado tão competitivo? A MCMA é uma muito sociedade jovem, não apenas pela idade de referência dos profissionais que a integram, mas também por se tratar de um projeto que viu a luz do dia muito recentemente, em pleno

estado de emergência. Ainda assim, é uma ideia antiga na qual alicerçamos, hoje, a visão comercial de nos apresentarmos no mercado enquanto sociedade de advogados. Acreditamos na multidisciplinariedade como o futuro próximo das sociedades focadas na assessoria jurídica de negócio e de investimento. Por outro lado, o fato de estarmos perto do core de negócios dos nossos clientes faz com que mais rapidamente consigamos ir ao encontro daquilo que são as suas necessidades específicas. Enquanto sociedade de pequena dimensão, independente, apostamos numa relação de grande proximidade com o cliente. Apesar de sermos um consultor externo, integramos os processos de tomada de decisão, trabalhamos diariamente com as equipas internas, e asseguramos a articulação técnica


FOTOS: RUI BANDEIRA

RITA MOUTINHO DA COSTA E BRUNO ESTEVES DE MAGALHAES, SÓCIOS DA MOUTINHO DA COSTA, MAGALHÃES & ASSOCIADOS, (MCMA ADVOGADOS)

dos vários profissionais, externos e internos, de diferentes áreas, nas diferentes jurisdições em que as empresas estão presentes, conforme adequado e necessário a cada projeto. O sucesso do cliente é potenciado pela gestão integrada de várias componentes do negócio, não só jurídica, mas financeira e operacional, e na relação cliente/MCMA, o advogado é a chave da solução multidisciplinar. Quando o futuro chegar, vamos estar na linha da frente. Tendo em conta que a sociedade está em constante mudança, que ideias têm para se reinventarem todos os dias e que desafios futuros podemos esperar da Moutinho da Costa, Magalhães & Associados? As tecnologias da informação são ferramentas incontornáveis também na prática jurídica e talvez o mais dinâmico motor de mudança da sociedade. Considerando o foco de negócio da MCMA, estamos a apostar em sistemas que permitam, na perspetiva do cliente, um acesso rápido, direto e

Assumindo um papel de liderança, acredita que as características fundamentais para se ser um líder e gestor de pessoas são inatas ou desenvolveu-as à medida que foi enfrentando tais desafios? Quais são essas características? Um pouco de ambos. A experiência passada é uma ferramenta indispensável aliada a quaisquer traços de personalidade que possamos identificar como característicos do líder. Mas não fazemos omeletes sem ovos, e é fundamental ter por perto pessoas com iguais capacidades de gestão, principalmente num projeto transversal como é o da MCMA e o da sua associação à allBee. Neste caso, a liderança partilhada é fundamental e a parceria com o Bruno Magalhães, sócio fundador da MCMA, uma mais-valia para o grupo, tanto ao nível da gestão como para o enriquecimento do nosso segmento de direito comercial e societário, área de actuação que privilegiamos a par do direito fiscal internacional. Identificar essas características de liderança… receio não conseguir contornar lugares comuns. Na nossa profissão só vamos conseguir gerir uma equipa se a equipa for boa. É preciso saber escolher

e aqui, confesso-me, guio-me pela intuição. A boa intuição é uma boa característica. E sabemos o que se diz do instinto feminino. É essencial fomentar um espírito de boa colaboração, de equipa e de envolvimento das pessoas. Para isso é preciso saber perguntar, saber ouvir e saber compreender. Há que transmitir energia positiva, ser a primeira a arregaçar as mangas e nunca dar um passo atrás perante a adversidade. Passos atrás só os estratégicos, quando queremos dar dois em frente. São lugares comuns, mas são verdadeiros. Embora as opiniões se distingam, hoje em dia ainda há mulheres que sentem preconceito por ocuparem cargos de liderança. Sente que o facto de ser mulher lhe criou mais obstáculos e desafios ao longo da sua carreira profissional? A tomada de decisão de seguir o meu próprio caminho, na pele de empreendedora, valorizou a minha posição enquanto profissional, de uma forma que não deixará de ser transversal aos homens e às mulheres. Comercialmente, a autonomia projeta-nos de uma forma positiva. Na verdade, acho que por ser mulher acabei muitas vezes por beneficiar de um “fator surpresa”. Estar presente em ambientes típica e maioritariamente liderados por homens, estar presente nos processos de tomada de decisão e ser parte da solução, sem sequer pensar na diferença de géneros, acaba por ser (infelizmente ainda) pouco convencional. Se teria sentido mais obstáculos numa progressão de carreira, digamos, mais convencional ou tradicional, por ser mulher? Provavelmente sim. Sinto também que esses obstáculos, tendencialmente, se vão dissipando, e em sinal da evolução dos tempos, acredito na minha geração e nas gerações que se vão preparando para a vida profissional. Que conselho gostaria de deixar a todas as mulheres que pretendem iniciar uma carreira empreendedora? O meu primeiro conselho, às mulheres, é que não deixem margem para que a mera diferença de géneros abale a sua autoconfiança. Os outros conselhos são transversais à carreira empreendedora: é fundamental acreditar, trabalhar com determinação, concretizar e desfrutar dos tempos de lazer nos momentos certos. O work-life balance, termo que agora está na moda, é um capítulo importante do empreendedorismo. ▪

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“user friendly” a toda a informação que passa ou que é tratada por nós. O objetivo é também desburocratizar o diálogo com o cliente e a partilha dos elementos que são a base ou o produto do nosso trabalho, agilizando a tomada de decisões na ótica, claro está, de uma gestão multidisciplinar. O parecer técnico de cem páginas é importante, mas o gestor não o quer ler. O gestor quer compreendê-lo, descodificado. A nota informativa para o cliente é essencial, mas não podemos partilhá-la como se estivéssemos a comunicar com outro advogado… e tantos outros exemplos. Por outro lado, através da associação da MCMA à allBee, vamos continuar a cuidar da nossa presença e parcerias “A tomada internacionais no Reino de decisão de seguir Unido, Angola, Moçamo meu próprio caminho, bique, França e Suíça, na pele de empreendedora, que são um fator relevante quer de presenvalorizou a minha posição ça nas jurisdições com enquanto profissional, de uma que mais trabalhamos, forma que não deixará de ser e melhor conhecemos, transversal aos homens e quer de captação de às mulheres" negócio.


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“PORTUGAL GANHOU O MEU AFETO E CONQUISTOU O MEU CORAÇÃO” Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Esta frase é um dos maiores desígnios de uma das principais personalidades literárias de Portugal e que tão bem assenta na narrativa que aí vem sobre a nossa entrevistada, onde esse propósito de Fernando Pessoa apenas seria alterado no género, ou seja, Deus quer, a mulher sonha, a obra nasce. Mas siga-nos nesta viagem e conheça um pouco mais de Alessandra Nascimento Silva e Figueiredo Mourão, Sócia Fundadora da Nascimento e Mourão – Sociedade de Advogados, escritório localizado no Brasil.

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ais conhecida a nível profissional como Alessandra Mourão, a nossa interlocutora é brasileira de gema que conheceu as terras lusitanas e se apaixonou imediatamente por este cantinho à beira mar plantado, transformando-se numa relação íntima, de carinho, reconhecimento, paixão e amor e que ainda sobrevive até hoje. Lutadora nata e líder incontestável, a nossa entrevistada é mãe de duas crianças, Ana Luiza com 15 anos e de Pedro Paulo com 10 anos, sendo casada com Carlos Figueiredo Mourão, Procurador do Município de São Paulo. Este é apenas um lado mais pessoal e privado de Alessandra, uma Mulher que assume diversas pastas a nível profissional, uma mulher de armas, como se costuma dizer em terras de Luís de Camões, pois além de ter fundado a Nascimento e Mourão – Sociedade de Advogados, que este ano perpetua 25 anos de vida, é ainda professora universitária, coordenadora do curso de negociação para advogados na Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo. Presidente do Comité de Ética Profissional da organização denominada por International Bar Association, IBA, considerada a maior entidade de profissionais da área jurídica, sendo ainda investidora na educação infantil no Brasil, numa escola denominada por «Pequenos Granjeiros». Cansados? Ainda não viram nada, pois Alessandra Mourão apresenta ainda uma veia de empreendedora em Portugal, pois possui um empreendimento chamado Quinta Pedras de Rio, um projeto encantador e que ainda se encontra numa fase embrionária, mas que será, quando estiver em pleno funcionamento, um local completamente inesquecível. “VONTADE DE CONHECER MAIS E DE VIVER EM PORTUGAL” Não é incomum que alguém de uma qualquer nacionalidade estrangeira conheça Portugal e se apaixone por ele. Incomum é que essa ligação fique marcada por um sentimento de paixão e amor, perpetuando aquele velho chavão de ser uma segunda casa. Qual seta de cupido, Alessandra Mourão ficou encantada com as maravilhas lusas, numa relação afetiva que se iniciou corria o longínquo ano de 1998, a primeira vez que a nossa interlocutora pisou Portugal. “Foi uma viagem de enorme regozijo, talvez pelos ancestrais lusitanos que carrego dentro de mim, pois senti uma energia e alegria tão grandes que criou em mim um sentimento enorme de felicidade. Além disso, esta viagem é ainda mais especial, pois foi a primeira aventura para o exterior que tive com o meu marido, algo que marca a mesma no meu coração também por essa razão”, afirma a nossa entrevistada, que recorda com saudade que

ALESSANDRA MOURÃO

nessa viagem conheceu locais maravilhosos em Portugal. Oito anos depois, em 2006, Portugal voltaria a cruzar-se com a nossa entrevistada, fruto do relacionamento mais próximo da universidade em que Alessandra Mourão trabalhava, com Portugal, “onde comecei a dar formação para juristas lusitanos na vertente de negociação para advogados. Comecei a ir a Portugal de uma forma mais recorrente, mais concretamente para a capital, Lisboa e ficava sempre num hotel diferente e isso foi criando em mim a necessidade e a vontade de conhecer mais e de viver em Portugal”, revela a nossa entrevistada, lembrando que nesses tempos teve

oportunidade de conhecer Portugal em momentos positivos e em períodos menos bons, e adquiriu um apartamento em Lisboa, tendo sido este o primeiro passo para que Portugal se tornasse a sua segunda casa. Mas não se pense que esta ligação tenha ficado por aqui, pois nesse período um amigo próximo da nossa entrevistada herdou um conjunto de terras do seu pai, onde possui um projeto pessoal, algo que aguçou a curiosidade de Alessandra Mourão, que avançou para a aquisição de algumas terras na zona central de Portugal, realidade que dissipou qualquer dúvida na relação entre a nossa interlocutora e o nosso país, “cada


QUINTA PEDRAS DE RIO – UM PROJETO BONITO “Fiquei encantada”. É desta forma que Alessandra Mourão revela o seu sentimento da primeira vez que visitou esse local, nos arredores de Abrantes, Vale do Tejo, região que a nossa entrevistada desconhecia. “Percebi que era uma região pouco explorada e vi uma possibilidade de desenvolver ideias inovadoras não só na área da agricultura, mas também na vertente do turismo rural e, mais do que isso, e porque sou uma amante das artes, na área da cultura, pois acredito que projetos culturais podem atrair um público interessado neste universo das artes. Foi assim que surgiu a ideia da Quinta Pedras de Rio, que será um projeto que acomodará interesses múltiplos”, assume. Assim, a nossa interlocutora irá apostar na vertente agrícola, até porque possui uma pequena floresta de sobreiros, onde já é realizada a exploração de cortiça, entre outros desafios ao nível de atividades agrícolas. “Não tenho dúvidas que será um projeto único a conjugar agriturismo e o mundo das artes, em que pretendo que exista uma curadoria de artistas, inicialmente de origem brasileira e portuguesa, mas que será englobado, no futuro, por personalidades das artes de outras nacionalidades”. CONHECER O QUE ESTÁ MAIS ESCONDIDO Interessa ainda perceber que a motivação e o desiderato de Alessandra Mourão em apostar neste projeto, passa também por contribuir para algo maior que o seu amor pelo nosso país, ou seja, o fito passa também por criar um movimento produtivo na região, atrair pessoas nacionais e estrangeiras que estejam interessadas num turismo mais voltado para a natureza e menos de massas e aglomeração, sem esque-

cer que o mesmo também servirá para chamar pessoas para outros cantos de Portugal, ou seja, que saiam do roteiro óbvio das grandes regiões como Lisboa, Porto e Algarve “e passem a conhecer outros locais tão ou mais interessantes que essas, que têm, naturalmente, o seu valor, mas quero que as pessoas vejam mais e conheçam o que está escondido, sem esquecer que esta será uma possibilidade de gerar emprego e de ajudar a região e o povo a ter trabalho”, assegura a nossa entrevistada. Alessandra Mourão acredita que temos de ver o lado positivo de todas as crises, e se o mundo atualmente vive um momento complicado, fruto da pandemia da COVID-19, esse momento aportou uma visão diferente às pessoas, relativamente à ocupação dos territórios, a nossa interlocutora incluída. “A minha atividade central está centrada numa grande cidade, São Paulo, e sinto que a pandemia criou nas pessoas uma vontade imensa de sair das grandes metrópoles, sensação que também tenho e que me leva a procurar estes espaços mais tranquilos. Isso também se reflete nessa busca no domínio do turismo por espaços e lugares de densidade populacional mais reduzida, realidade que pode criar, no pós pandemia, um nicho interessante de turistas que procurem essa serenidade, esses locais mais tranquilos e desprovidos de aglomerados gigantes de pessoas”, revela. Como foi salientado, o mundo mudou e vivemos atualmente numa fase complicada, com diversas restrições de toda a ordem, facto que colocou inúmeros projetos em stand by, algo que também se refletiu no projeto da Quinta Pedras de Rio, que poderá ser atrasado em 9 a 12 meses. “A consecução do projeto exige uma pessoa de confiança na sua liderança e essa pessoa será o meu irmão e só não está em Portugal hoje devido ao encerramento das fronteiras. Contudo, acredito que ainda este ano começará a ser movimentado para darmos início a um verdadeiro sonho que tenho”.

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vez mais próxima e de familiaridade”, revela, assumindo em contexto de boa disposição que essa relação tornou-se de tal forma forte, que hoje “não consigo assistir a um jogo de futebol entre Portugal e o Brasil”.

“ACREDITO PIAMENTE QUE ESSA LIGAÇÃO PESSOAL E PROFISSIONAL COM PORTUGAL FOI E TEM SIDO ESSENCIAL PARA MIM E PARA A TRANSFORMAÇÃO, NÃO SÓ DO NEGÓCIO, MAS TAMBÉM AO NÍVEL DAS ASPIRAÇÕES PESSOAIS QUE TENHO. TENHO MUITA VONTADE DE USAR A MINHA ÚLTIMA TERÇA PARTE DE VIDA NUM PAÍS QUE GANHOU O MEU AFETO, QUE CONQUISTOU O MEU CORAÇÃO E OBTEVE A MINHA DETERMINAÇÃO EM COLOCAR OS MEUS ESFORÇOS, OS MEUS INVESTIMENTOS, PROJETOS E ENERGIA EM PROL E BENEFÍCIO DO PAÍS E DAS SUAS PESSOAS”


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tando cada um deles com uma dinâmica muito própria e com coração, embora sem nunca deixar de lado a vertente mais racional para assim ter uma visão mais realista de cada um deles. Mas quais foram aqueles momentos mais marcantes no percurso de Alessandra Mourão? São inúmeros, mas a nossa entrevistada decidiu colocar neste leque dois momentos que considera terem sido essenciais para chegar onde está hoje, tal como explica. “Na minha carreira, esses momentos surgiram de decisões que me levassem a fazer algo inovador e único e isso aconteceu quando resolvi, por exemplo, apostar, na vida acadêmica, na especialização da área da negociação de advogados, uma disciplina quem nem existia na universidade e para a qual me dispus a criá-la, algo que está no seio do escritório como sendo um foco essen“É importante cial. É um diferenciater ideias que dor importante e possam ser colocadas que levou a nossa Se compreendemos em execução e acredito que banca a ser notada que toda esta relação uma pessoa empreendedora como um escritócomeçou sob a égide do amor, da paixão e rio diferenciado e e líder tenha de ser realmente do carinho da nossa atuante nas mais inovadora, com capacidade entrevistada por Portudiversas especialide execução e gal, interessa também dades jurídicas para adaptação" compreender que esta as empresas nacionais vertente mais negocial do e estrangeiras. Isso e o projeto puro e duro, passa tamter-me envolvido com a International Bar Association, bém pela capacidade empreenpermitiu-nos passar de um escridedora da nossa entrevistada, pois não basta ser criativo ou ter ideias para criar algo. Se tório de base local para uma panorâmica assim fosse, todos nós seríamos empreendedointernacional, criando um sentimento de conres. Então o que marca a diferença? O verdadeiro fiança das empresas brasileiras com interesse empreendedor é o que tem a ideia e a consegue no estrangeiro e empresas estrangeiras com colocar em prática, concretizando-a, tal como interesse no imenso mercado brasileiro e latinoAlessandra Mourão. “É importante ter ideias que -americano”, assume a nossa entrevistada. possam ser colocadas em execução e acredito Mas não ficam por aqui esses momentos, pois que uma pessoa empreendedora e líder tenha não podia faltar Portugal na aventura de Alesde ser realmente inovadora, com capacidade de sandra Mourão. “Acredito piamente que essa execução e adaptação, com um olhar atento para ligação pessoal e profissional com Portugal foi e os movimentos do mundo, das preferências das tem sido essencial para mim e para a transformapessoas e, sem dúvida alguma, tenha de ser um ção, não só do negócio (inclusive com extensão excelente ouvinte. Nenhum líder vence se não dos negócios jurídicos), mas também ao nível tiver consigo uma equipa que acredite nas suas das aspirações pessoais que tenho. Tenho muita ideias. Sou completamente a favor do liderar pelo vontade de usar a minha última terça parte de exemplo, porque um dos principais erros que os vida num país que ganhou o meu afeto, que líderes cometem, passa por falar muito e depois conquistou o meu coração e obteve a minha são incoerentes entre a fala e a ação”. determinação em colocar os meus esforços, os meus investimentos, projetos e energia em prol MOMENTOS QUE MARCAM A CARREIRA e benefício do país e das suas pessoas”, assume, claramente feliz com esta decisão na sua carreira Já compreendemos que a nossa interlocutora e na sua vida. assume sem medos qualquer desafio. Enfren-

“PODÍAMOS DE FACTO TER MAIS MULHERES EM POSIÇÕES DE LIDERANÇA” Muitas coisas têm sido ditas no que concerne a questões relacionadas com a igualdade do género, com o equilíbrio de oportunidades entre mulheres e homens, entre ser líder masculino ou feminino. Mas será que a nossa entrevistada, uma mulher e líder de sucesso, alguma vez sentiu esse estigma? Alessandra Mourão assume que essas questões nunca a afetaram, até porque nunca se sentiu menos do que alguém, tendo sempre dado mais atenção à vertente da competência, pois é essa, na sua opinião, que aporta mais oportunidades, tendo admirado pessoas de qualquer género. “Nunca enfrentei uma situação em que o «clube dos homens» me pudesse impedir de procurar o que queria e sempre procurei alternativas por cada porta que se fechava”, assegura convicta. Apesar de nunca ter sentido essa realidade, a nossa entrevistada confessa, contudo, que nos últimos tempos os seus olhos foram mais abertos para esta situação, que, infelizmente, ainda vigora. Como? “Por colegas mulheres. Por vezes estou numa reunião e olho e vejo que a componente feminina podia estar mais representada naquela reunião, naquela conferência, naquela faculdade, naquela empresa e a partir daí comecei a ter mais atenção a essa realidade e a conclusão a que chego é que podíamos de facto ter mais mulheres em posições de liderança e de tomada de decisões”, assume, assegurando que esse caminho terá de ser feito por cada uma das mulheres que tem um objetivo. “Cabe a cada uma de nós continuar nessa luta, até porque é essencial basear essa dinâmica na competência e nunca nos acharmos diminuídas por ser mulheres, isto mesmo em ambientes em que o cromossoma Y é maioritário. Sejamos únicos, autênticos e façamos a diferença. Não se intimidem em ambientes em que não são a maioria e acreditem nas vossas ideias e no valor das mesmas. Num mundo de redes sociais, em que a informação é tão democrática, o que mais sinto falta é do autêntico e do verdadeiro e é isso que temos de continuar a fomentar para criarmos uma sociedade mais respeitadora das diferenças, dando oportunidades pela competência e valor”. ▪

“Quero destinar a minha energia para Portugal E sobre Alessandra Mourão? O que podemos esperar da nossa interlocutora? “Muita coisa. Os meus projetos e desafios em terras lusitanas são imensamente inovadores em relação ao que já fiz no Brasil. Tenho muita energia, vontade e disposição de colaborar para o bem-estar da região e para o seu desenvolvimento. Tenho inúmeras ideias e a Quinta Pedras de Rio é apenas o início para que estes projetos se possam desenvolver, porque adoro criar coisas novas em terrenos inexplorados e amo Portugal, um país com o qual tenho uma relação afetiva e para onde pretendo destinar muita energia ainda remanescente”, conclui, Alessandra Mourão.


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“UM LÍDER NÃO DEVE TER, MAS SIM SER AQUILO QUE ACREDITA” Sonhadora e apaixonada, é como se caracteriza Irene Graça, Diretora de Capital Humano do BAI – Banco Angolano de Investimentos. É com o coração que muitas vezes toma decisões e é a “escutar” os demais, que continua a traçar o seu percurso de liderança. A Revista Pontos de Vista dá a conhecer quem é a nossa entrevistada, como lidera a sua equipa e de que modo o BAI se adaptou à realidade provocada pelo novo coronavírus.

Como responsável pelos recursos humanos da instituição, quais são as características que acredita que um verdadeiro líder deve ter no sentido de promover um ambiente positivo e saudável no seio da organização? Um líder não deve ter, mas sim ser aquilo que acredita. Eu acredito em ser, porque o melhor líder é aquele que sente, para poder ter. A auto motivação para melhor motivar, a inspiração que vem de genuinamente acreditar nos outros (liderados), a paixão por pessoas - para poder acreditar nas suas vulnerabilidades, e no fim, o que é preciso, é incluir e escutar com coração. Tudo o que chamamos “soft-skills” tornam as “hard-skills” mais leves de conquis-

tar como equipa e com um objetivo comum. O líder deve tomar decisões e influenciar avaliando o risco. O diálogo e a capacidade de escutar são dois dos principais pilares para uma gestão positiva no domínio dos recursos humanos? Eu diria que além do diálogo e escuta, deverá existir a empatia. Somente estaremos num nível de liderança elevado quando tivermos a capacidade de nos colocarmos no diálogo do outro e escutar com eles o que emitimos. Sentir e perceber juntos. Acha que existe alguma diferença entre uma liderança feminina e uma masculina? Ou acredita que a liderança positiva não tem género? Desde que assumi a responsabilidade de liderar não tive tempo para me questionar como agiria se fosse homem, nem nunca me permitir que qualquer tipo de julgamento me condicionasse na minha forma de ser ou atuar. Não acredito que a liderança positiva ou qualquer tipo de liderança tenha género, mas sim “génio”. A liderança deverá sempre ser associada às competências de comunicação, empatia, respeito, valorização, espírito de equipa e tomada de decisão, seja ela exercida por homens ou mulheres. Abordando outra temática, como tem vindo o BAI a lidar e a ultrapassar as dificuldades provocadas pela pandemia COVID-19? De que forma se mantiveram ao lado do vosso cliente e, consequentemente, do povo angolano? Muito bem. Aprendemos muito rápido com um cenário sem precedentes para usar como referência, adaptamo-nos e ajustamos medidas para resolver o binómio -proteção das nossas pessoas e manter a sustentabilidade do negócio. Estamos constantemente em alerta para nos reinventarmos. Muito rapidamente acionámos e ajustámos o nosso plano de contingência para fazer face às várias fases da pandemia de COVID-19. O nosso foco foi adequar as medidas que asseguram a prestação de serviços bancários e a proteção de

IRENE GRAÇA

colaboradores, clientes e parceiros. A atividade laboral, nas instalações do Banco, foi suspensa a quem pertence a grupos de risco e foram reforçados os  procedimentos de higiene e segurança nas instalações do BAI. Reduzimos a força de trabalho presencialmente, criando um regime de rotatividade de forma a reforçar a prevenção do contágio e maximizar o distanciamento social. Adicionalmente foram criadas condições para implementação do regime de teletrabalho abrangendo para mais de 50% dos nossos colaboradores com funções específicas e criticas para a continuidade do negócio. Os desafios são constantes, mas a matriz de inovação que temos na organização de adaptação e resiliência é posta à prova diariamente e torna-nos mais sólidos. Felizmente temos uma liderança próxima e aberta às mudanças, criando nos desafios grandes oportunidades. Estamos de facto a aprender a fazer muito mais com menos. Foram uma das instituições que doaram ao Ministério da Saúde de Angola, testes de diagnóstico, num

sinal de excelência e que revela e bem a vossa missão ao nível da responsabilidade social. Porquê esta aposta e de que forma é essencial que exista uma dinâmica de união entre todos para apoiar o país? O nosso foco na parceria com o contexto atual foi imediato e necessário num cenário em que o país necessitava. Fruto da nossa missão de responsabilidade social e corporativa. A terminar, o que podemos continuar a esperar de si para o futuro e do BAI -Banco Angolano de Investimentos? Termino como começo: sou uma sonhadora apaixonada e que ama o que faz. Tenho imenso orgulho na organização em que estou, nos meus pares, equipa e líderes. Aprendo todos os dias e cada vez mais sobre uma indústria que me fascina e desafia. O que pretendo, é ser parte de um projeto com bases sólidas, que continua a fazer o seu caminho seguindo padrões de excelência, e de elevado desempenho. Pensamos em criar cada vez mais oportunidades para oferecer a melhor experiência bancaria. ▪

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uem é Irene Graça e de que forma é que o seu percurso se uniu ao BAI - Banco Angolano de Investimentos? Que balanço é possível realizar desta ligação e o que acredita que ganhou por este vínculo? A Irene Graça, é antes de tudo uma sonhadora, alguém que sempre acreditou em fazer a sua jornada profissional com empenho e paixão. Formada em Gestão de Recursos Humanos e Psicologia, com Mestrado em Gestão Estratégica de Recursos Humanos. Fiz a minha formação superior toda nos Estados Unidos, onde estudei e trabalhei. Vou estudar para os Estados Unidos, numa altura em que já trabalhava para Chevron em Angola e ganho uma bolsa de estudo. Posso dizer que tive uma oportunidade de carreira fantástica e motivadora num setor relevante e de grande impacto para Angola. A minha experiência nacional e internacional permitiu-me crescer a nível pessoal e profissional. Após o meu percurso de menos de cerca de doze meses na Empresa Nacional de Petróleos (Sonangol), juntei-me à Banca, a um dos maiores Bancos em Angola: o Banco BAI onde exerço há dois anos a função de Diretora do Capital e onde me considero a aprender muito sobre o setor financeiro, sobre a cultura e contextos de uma organização de cariz mais angolano.


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“O MUNDO E AS OPORTUNIDADES ESTÃO AO ALCANCE DE QUALQUER UMA” Com um percurso profissional na advocacia de mais de duas décadas, mais concretamente desde 1998, Rita Montalvão, Advogada Coordenadora dos Núcleos Porto, Coimbra e Algarve RSA LP, abordou, em entrevista à Revista Pontos de Vista, um pouco mais da sua carreira, a forma como as mulheres começam, cada vez mais, a conquistar o seu espaço, fruto do seu valor, sem esquecer que é importante nunca desistir de lutar pelos sonhos. “DA MINHA PARTE, QUERO CONTINUAR A TRABALHAR COM A DETERMINAÇÃO E GOSTO QUE ME TÊM SIDO CARACTERÍSTICOS ATÉ HOJE. TENHO AINDA UM CAMINHO A PERCORRER QUE SOMENTE VAI A MEIO, EM TERMOS PROFISSIONAIS. AINDA TENHO MUITO PARA DAR E MUITO PARA APRENDER”

RITA MONTALVÃO

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dificada em 2013, a Rede de Serviços de Advocacia de Língua Portuguesa (RSA LP), assume-se como uma rede inovadora de sociedades de advogados/ escritórios que operam em parceria. No sentido de contextualizar o nosso leitor, como caracteriza a RSA LP e que percurso tem vindo a ser traçado até hoje? Efetivamente assim é. A RSA LP foi criada em 2013 e é uma criação da RSA - Raposo Subtil e Associados que, desde 1997 tem por matriz um serviço completo e integrado aos seus clientes, tanto a nível nacional como internacional, combinando um profundo conhecimento do negócio com a exigência do conhecimento técnico. Pretendeu-se estender essa matriz a outro nível, o da Lusofonia, criando-se uma rede inovadora de sociedades de advogados/escritórios de advocacia associados, trabalhando em parceria e, até agora, já espalhados por cinco países lusófonos (Portugal, Angola, Brasil, Cabo Verde e Moçambique). A ideia é que o Cliente não sinta qualquer diferença de um escritório para outro e que, esteja onde estiver, consiga obter os mes-

mos serviços com a mesma qualidade, rapidez, eficiência, com o cunho da marca RSA LP. Deixa de existir o escritório de Lisboa, o escritório do Porto, o escritório de Coimbra, o escritório do Algarve, o escritório de Angola, o escritório de Moçambique, entre outros… passa a existir apenas a RSA LP. Como se estivéssemos fisicamente no mesmo edifício. O avanço dos meios digitais veio ainda reforçar mais esta ideia que se pretende passar e, sobretudo se fazer sentir. Não há mares, nem continentes, nem fronteiras intransponíveis. Tem um percurso evidente no universo da advocacia e do direito, sendo atualmente Advogada Coordenadora da RSA LP. Quem é Rita Montalvão e que análise faz da sua carreira e do percurso realizado deste então até aos dias de hoje? Ao longo da sua carreira, que momentos é que considera fundamentais para ter alcançado o patamar em que está atualmente? Sou antes de mais mulher, mãe, filha, irmã, amiga, como qualquer mulher. Sou multitasking e não tenho medo de desafios, sou determinada,

sou positiva, enérgica, focada na tarefa. Gosto de concluir e de ir até ao fim nas tarefas que me são atribuídas. Detesto aquilo que fica a meio. Gosto muito de sentir no final, a sensação de “delivery” ao cliente ou a quem me pediu um determinado objetivo, gosto da resolução de casos intricados, pela criação e implementação de soluções inovadoras. Adoro pessoas, adoro viajar, entre muitas outras coisas. Adoro viver e adoro trabalhar. Meu lema, acreditando que a sorte na vida me permitirá isto: “100 anos, 100 bandeiras (países visitados)”. Na vertente profissional sou apaixonada por aquilo que faço, grata pelo percurso profissional que me tem vindo a ser proporcionado, sobretudo no seio da RSA LP, cheio de desafios estimulantes e que, apenas ainda está a meio. O meu percurso profissional, que se iniciou em 1998, foi sempre na advocacia, maioritariamente na vertente de assessoria, muito ligado a clientes e players internacionais das mais variadas jurisdições. Costumo brincar, dizendo que, num só dia de trabalho dou, virtualmente, a volta ao mundo, da Nova Zelândia a Portugal.


Num passado não muito longínquo, o universo da advocacia/direito parecia estar reservado ao género masculino, retrato que, felizmente, foi sendo mudado ao longo dos tempos. Quão importante é para a profissão que as Mulheres assumam maior relevância no setor? Até à geração dos nossos pais, por uma questão sociocultural as mulheres não tinham ou tinham pouco acesso a este tipo de profissões. Felizmente o mundo mudou. Diria que atualmente, seremos mais mulheres no mundo do direito/ advocacia, que homens. É muito importante que não exista qualquer diferenciação de género no nosso setor, porquanto tanto homens como mulheres têm contributos importantes para dar. Alguma vez sentiu algum ceticismo por ser mulher neste mundo da advocacia? Não, no que a mim me diz respeito. Aliás, o patamar onde me encontro agora é reflexo disso. Nunca deixei de sentir, pelo facto de ser mulher, que “the sky is the limit”. O que é para si ser um verdadeiro líder e gestor de pessoas? O diálogo e a capacidade de escutar são dois dos principais pilares para uma gestão positiva?

vista, que sempre existirão, vão mais além que o simples género, porque cada ser humano é único e tem uma visão única. São diferentes formas de abordar o mundo, diferentes formas de estar que, nalguns detalhes são intrínsecas e específicas de cada género. Não somos totalmente iguais (homens e mulheres) na forma como vemos as coisas e abordamos os assuntos. Mas somos complementares e, nas diferenças, só nos podemos enriquecer enquanto seres humanos e, necessariamente enquanto profissionais e líderes.

Diria que atualmente, seremos mais mulheres no mundo do direito/advocacia, que homens. É muito importante que não exista qualquer diferenciação de género no nosso setor, porquanto tanto homens como mulheres têm contributos importantes para dar

Sem sombra de dúvida. Não existe liderança sem diálogo nem capacidade de escutar. Para mim o verdadeiro líder e gestor de pessoas, é aquele que, consegue criar nas pessoas que lidera o sentido de equipa, do coletivo, de profissionalismo, de motivação, determinação, de partilha, de atingir em conjunto os objetivos a que se propõem, enquanto fazendo parte de um único organismo. A liderança deve ainda dar estabilidade, conforto, compreensão e segurança. O verdadeiro líder e gestor de pessoas tem de conseguir isto e ainda que, aqueles que lidera são felizes no trabalho. Para isso é também muito importante que, consiga criar um ambiente no trabalho que proporcione qualidade de vida para aqueles que lidera. Acha que existe alguma diferença entre uma liderança feminina e uma masculina? Ou acredita que a liderança positiva não tem género? Para mim a liderança positiva não tem género, pelo menos em termos gerais, enquanto ideia conceptual, base de uma boa liderança. Depois disto, existirão diferenças na forma de abordar algumas questões em particular, quando pensamos na liderança masculina vs liderança feminina. A meu ver, estes diferentes pontos de

O que falta, na sua opinião, para que a igualdade de oportunidades seja cada vez mais uma realidade? Acho que cada vez mais a realidade é a de igualdade de oportunidades. O mundo está a mudar muito rápido e, as diferenças também se estão a esbater de dia para dia, pelo menos no meio e sociedade onde vivo e trabalho. Sente que hoje as Mulheres conseguem conciliar melhor a sua vida profissional com a pessoal ou ainda têm de escolher somente um rumo? As mulheres já não precisam de escolher só um rumo nos dias de hoje. Mas é um grande desafio diário. Conciliar a vida profissional cada vez mais exigente com a vida pessoal (família, filhos, casa, entres outros…). Não é fácil e às vezes é desgastante. Mas, o que vejo e sinto é que, todas nós somos cada vez mais multitasking e é incrível como conseguimos fazer tantas coisas em 24 horas. Em tempos de confinamento, durante o teletrabalho, cheguei a dar banho ao meu filho de 5 anos, com uma mão, enquanto segurava na outra o computador para assistir a uma qualquer reunião via teams. Esta é uma das enormes qualidades e vantagens das mulheres. A capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo, sem perder a orientação e a concentração. A terminar, o que podemos continuar a esperar da sua parte e qual a mensagem que gostaria de deixar ao universo feminino que dia após dia continua a mostrar a sua força? Da minha parte, quero continuar a trabalhar com a determinação e gosto que me têm sido característicos até hoje. Tenho ainda um caminho a percorrer que somente vai a meio, em termos profissionais. Ainda tenho muito para dar e muito para aprender. Às mulheres: nunca desistam de lutar pelos vossos sonhos. O mundo e as oportunidades, estão ao alcance de qualquer uma. Não se deixem esmagar pelos obstáculos e acreditem sempre na vossa força (somos ”shewolves”). Tudo é possível. Nada é inconciliável. Nada é intransponível. A História prova isso. ▪

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Tive a sorte de ter trabalhado em diferentes locais, para diferentes entidades, em diversas áreas do direito e nos mais variados temas, o que me permitiu aumentar a minha bagagem em termos de experiência e valências profissionais, mas também em termos de visão, flexibilidade e adaptação. O meu percurso permitiu-me transformar-me em algo semelhante ao pato marreco. Adaptável a qualquer meio. Já viram um animal mais adaptável? Tanto em terra, no ar como na água? É isso que pretendo ser sempre. Adaptável sempre às mudanças, aos novos desafios profissionais, às necessidades dos clientes, para cada vez melhor servir, no âmbito da advocacia. A RSA LP permitiu-me ainda descobrir que a gestão teria sido certamente uma das minhas vocações. Ao assumir as funções de coordenadora dos escritórios do Porto, Coimbra e Algarve, descobri a paixão pela gestão, desde os recursos humanos aos resultados financeiros. E a maior recompensa neste âmbito, é sentir as equipas a trabalharem felizes e realizadas. Não tenho um ou outro momento mais fundamental que possa destacar, porque aquilo que sou hoje e me tem permitido chegar sempre mais além e, me permitiu chegar ao patamar onde me encontro agora, trata-se de uma súmula de todos os momentos profissionais que vivi e experienciei.


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“COM VONTADE E DEDICAÇÃO AS COISAS ACABAM POR ACONTECER” Perfecionista, dedicada, apaixonada - são três características de Filipa Borges Nascimento, Arquiteta de formação, contrariando assim a história e hábito da sua família, que não tinha nenhum background em relação à área, contudo (e cronologicamente falando), conta já com experiências repletas de sucessos, que a Revista Pontos de Vista lhe dá a conhecer.

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FILIPA BORGES NASCIMENTO

escolha do curso de Arquitetura veio mexer com a dinâmica da sua família – inteiramente direcionada para a medicina. No entanto, não só foi bem aceite, como foram os mesmos que a influenciaram na decisão: “a minha mãe tem um bom gosto invejável a nível de decoração e o meu pai era um verdadeiro esteta – as coisas bonitas fascinavam-no”, conta-nos Filipa Borges Nascimento. Estas influências cativaram-na também, seguindo assim para uma das suas primeiras (e imensas) aventuras. “Quando terminei o curso, fiz o meu estágio para acesso à Ordem dos Arquitetos, num atelier de arquitetura em Lisboa, sendo que no final tive oportunidade de dar continuidade ao trabalho que estava a desenvolver, como projetos de grande escala: estádios, escolas ou edifícios públicos”, afirma, lembrando, contudo, que o seu objetivo maior era “trabalhar numa escala mais pequena, de habitação. Sempre tive curiosidade em Arquitetura e Design de Interiores”, salienta a nossa entrevistada. E foi desta forma que se deu início a mais uma aventura: A nossa interlocutora, munida de uma boa dose de coragem e força, voou até Londres, onde tirou um curso de Design e Decoração de Interiores na Inchbald School of Design. Para otimizar o seu tempo ao máximo, dedicou-se ainda a frequentar outros cursos mais curtos, como de Design de Eventos e Interiores, na Central Saint Martins, University of the Arts, e que apesar de mais exíguos, foram também importantes nesta caminhada. Quando decidiu regressar a Portugal conseguiu acrescentar mais duas experiências ao seu currículo, sendo uma delas na construtora Ramos Catarino, onde trabalhou como Arquiteta de Interiores. Para a nossa entrevistada “foi uma grande mais-valia e uma grande escola, uma vez que tinha acabado de concluir as áreas de Arquitetura e Design de Interiores”. Mesmo com estas conquistas, para Filipa Borges Nascimento ainda faltava algo na sua vida, talvez uma experiência que a completasse e enriquecesse. Numa fase de fuga à sua área de formação, concorreu à Emirates e num processo de seleção de seis meses, entrou e foi até ao Dubai. Por questões pessoais, passado cinco meses mudou de destino para São Paulo, onde esteve durante três anos a trabalhar na Vista Alegre, na área do Marketing. Ao voltar, mais uma vez, ao seu país, a Arquiteta trabalhou na empresa TGV Interiores, onde cresceu profissionalmente, relembra, “no último ano, estive responsável por uma das lojas, tudo correu muito bem, tive um contacto mais direto com o cliente e com uma parte mais comercial, que é uma área de que eu gosto imenso. Além de que me deu mais atributos para continuar


“É importante acreditar que funciona e é necessária muita dedicação e muito trabalho. Tudo o que acontece não é resultado de sorte, mas sim de suor, sangue e lágrimas, como costumo dizer”

UMA JORNADA QUE CONCRETIZOU UM SONHO A verdade é que para Filipa Borges Nascimento criar a sua marca nunca foi um desiderato idealizado. No entanto, a quantidade de pedidos foram crescendo e o tempo começou a diminuir – a ideia de ter o seu escritório começou a fazer sentido. Assim, a sua marca surgiu em outubro de 2018 e a nossa entrevistada garante que “não trabalho de maneira diferente por hoje ter a minha marca, até sempre vesti a camisola e sempre dei tudo de mim”. Começou por trabalhar em casa, mas resultado do esforço, empenho e dedicação, sentiu necessidade de passar para um escritório que, passado meio ano ficou pequeno demais tendo em conta a rápida evolução do projeto, sendo por isso obrigada a mudar novamente para um espaço maior. O atendimento da Filipa Borges Nascimento – Arquitetura e Interiores é personalizado. “Com o cliente sou sempre eu que lido, vou à primeira reunião, realizo o briefing com o cliente e faço a apresentação. Estou presente em todas as montagens, um dos momentos mais esperado pelos clientes”, garantindo ainda que “a partir do momento que não conseguir estar em todo o lado, terei uma equipa forte e consolidada capaz de tomar o meu lugar”. Na sua opinião “uma marca ou uma empresa faz-se das pessoas que nela trabalham”. Confessou-nos ainda que aquilo que a move e não a deixa baixar os braços, é ver o brilho nos olhos dos seus clientes no final de cada projeto, acabando “por ser muito gratificante chegar ao fim do projeto e ver o feedback das pessoas, a satisfação das mesmas e os miúdos felizes no quarto novo”.

Tivemos obviamente curiosidade em perceber como funciona o processo no seu escritório, sendo que a Arquiteta ao explicar dividiu em dois setores: projetos residências e projetos comerciais ou de hotelaria. No projeto de habitação – os que são em maior quantidade e dos quais gosta mais – há clientes com peças já existentes que querem manter, sendo a sua missão completar o espaço, há também quem não tenha nenhuma peça e queira tudo de raiz, existindo ainda quem apenas vá completando o projeto à medida que está a ser construído. “Mexemos na intimidade das pessoas, é uma grande responsabilidade. Já nos restantes, o cliente está tão preocupado com os detalhes, muitas vezes partimos de um tema, que terá de ser desenvolvido, maturado e complementado”, afirma. O grande desafio diário tem sido “promover projetos apelativos, com qualidade, onde se veja que foram pensados por um profissional, dentro do orçamento que o cliente nos dá. É aí que me diferencio”. Além disto, a Arquiteta acha também importante o estudo constante e o conhecimento, tendo por isso presença assídua em feiras internacionais, como a de Milão e a de Paris e em formações variadas. COMO É SER MULHER EMPREENDEDORA EM PORTUGAL? Quando abordamos a nossa entrevistada sobre este tema, a resposta dividiu-se: a dificuldade maior não é ser mulher, mas sim apenas empreendedora, especialmente na sua área. Uma vez que Filipa Borges Nascimento vive de corpo e alma o seu negócio, o retorno que tem vindo a sentir não é, de todo, o ideal. Conta-nos, “eu tinha noção que era uma realidade difícil, há dias em que corre tudo bem e eu penso que vai ser bom, que vai ter retorno, mas também

há dias em que ponho em causa se vale a pena todo este esforço”, assume, assegurando que mesmo assim olha sempre para o futuro, até porque “acredito que o trabalho, a dedicação e o empenho têm de ter algum retorno. E as coisas aos poucos estão a acontecer e o feedback está a ser muito positivo.” Quanto à questão de género, a nossa interlocutora afirma que a nível da arquitetura “vou às obras, fazer o acompanhamento, definir várias questões e resolver situações e sinto que, por vezes, o aparecer uma mulher acaba por descredibilizar. Sinto que em determinadas ocasiões o meu género e a minha imagem fazem as pessoas questionarem a minha credibilidade profissional. É importante desmistificar esta ideia, ou seja, o ser-se bonito ou elegante, pode estar a par do ser-se competente, sem qualquer dúvida”. No entanto, no seu meio diário, que é a Decoração e o Design de Interiores, já não sente esse estigma. PARA O FUTURO Uma das maiores prioridades de Filipa Borges Nascimento é consolidar a sua marca e, por fim, equilibrar a vida pessoal com a profissional que, até então, tem sido difícil. Para que tal seja possível, tem em mente melhorar o seu escritório, para ter mais espaço e consequentemente ter o seu trabalho mais segmentado, aumentar a equipa – que já conta com mais duas pessoas, e ateliers no Porto e em Coimbra, a sua cidade natal – e assim conseguir dar respostas mais céleres a todos os pedidos. A nível pessoal, “gostava de ser mãe, e queria conseguir ter mais tempo para a minha família e amigos e quase não me esquecer de mim”. Por fim, e em forma de mensagem para todos os que queiram iniciar um projeto, “é importante acreditar que funciona e é necessária muita dedicação e muito trabalho. Tudo o que acontece não é resultado de sorte, mas sim de suor, sangue e lágrimas, como costumo dizer. Ter muita disponibilidade e acreditar - é difícil - mas com vontade e dedicação as coisas acabam por acontecer”, conclui a nossa entrevistada. ▪

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em busca dos meus sonhos”, salienta convicta.


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“AO IMPACTARMOS POSITIVAMENTE NO OUTRO, SOMOS LÍDERES” A Revista Pontos de Vista foi conhecer Manuela Robinson, Joint Country Manager da Blacktower Financial Management (International), Ltd, uma mulher que trabalha no setor financeiro, uma área que ainda é bastante composta por homens, mas que tem vindo a mudar. Conheça a nossa interlocutora, uma Líder determinada e que não gosta de ser somente uma espetadora, pois gosta de dar o exemplo. Que análise faz da sua carreira e de que modo se cruzou com a Blacktower? Após ter concluído os meus estudos em Business Economics, na África do Sul, iniciei a minha carreira em Portugal, tendo-me mantido ao longo destes últimos 30 anos sempre no setor financeiro. Passei por várias multinacionais, como Barclays e Deutsche Bank acabando por ingressar na Blacktower em fevereiro 2013. Sou Country Manager desde 2015 e sinto-me realizada com o rumo que dei à minha carreira continuando com a mesma motivação.

MANUELA ROBINSON

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que é a Blacktower Financial Management (International), Ltd e de que forma tem singrado no mercado? A Blacktower foi fundada em 1986 por John Westwood e oferece um serviço de consultoria financeira. Já celebrámos mais de 30 anos de sucessos que refletem a nossa capacidade de responder com pragmatismo às exigências do setor. Esse é o fator de excelência da Blacktower, tendo em conta a complexidade do contexto: a incerteza e ciclicidade económica, a variabilidade dos interesses dos investidores, a mutabilidade das legislações nacionais e internacionais. Toda a equipa, deste e do outro lado do Atlântico, tem noção dos desafios, mas quando se está entre pessoas dedicadas, para quem o objetivo cardeal é oferecer um serviço de qualidade que prima pela proteção do investidor, tudo fica mais fácil. Na Blacktower, o esforço é coletivo daí a flexibilidade desta marca global ser orientada para os resultados, centrada nas pessoas, garantindo a confiança dos investidores.

Sendo uma gestora de pessoas e líder reconhecida, que características aponta como cruciais para estes papeis? Uma líder é sempre uma gestora, mas nem sempre uma gestora é uma líder. Do mesmo modo que uma líder é uma empreendedora, mas nem todas as empreendedoras são líderes. Uma líder é uma empreendedora social, que partilha o mérito e o conhecimento, que se corrige, que é capaz de promover relações interpessoais positivas e de ter um compromisso ético. É saber ser empática, saber motivar, ser inspiradora e ter consciência do seu impacto na vida do Outro. Quem é Manuela Robinson como líder e mulher? Sou determinada, frontal, desafio-me a mim própria. Sou mãe e aí tento ser a melhor líder que há em mim. Venho sempre aprendendo com todos os projetos em que participo e faço parte de várias associações. Destaco o Rotary, sou Governadora Assistente 2020/21 e fui Presidente de um Clube Internacional em 2017/18, aí exploro o meu lado empático e humano: conhecendo, ouvindo e sentindo os sentimentos do Outro, como diz Daniel Goleman: não ser mera espectadora. Devemos ser e dar o exemplo. Ser mulher é um fator impeditivo no setor financeiro? Ele é, basicamente, masculino – não é nenhum

segredo e já tenho falado sobre isso. Mas temos visto mudanças no sentido de uma maior inclusão feminina. Empresas têm vindo a realizar programas de mentoria e coaching para jovens mulheres a dar os primeiros passos. Este esforço é fundamental. Mas as mulheres têm de ajudar mulheres. Não podemos ser conformistas ou complacentes com a cultura organizacional que nos envolve. Existe diferença entre uma liderança feminina e uma masculina? Ou a liderança positiva não tem género? A existir, é uma diferença que não deixa de ser subjetiva. A ideia de liderança positiva é, ao invés, neutral e resume-se a transformar a “liderança como posição”, afetada por fenómenos como o glass ceiling, que dificultam o acesso de mulheres a cargos elevados, em “liderança como mindset”. Qualquer pessoa pode ser líder, se tiver o mindset adequado. Ao impactarmos positivamente no Outro, somos líderes. O que podemos esperar de si e da Blacktower? Vamos continuar a garantir um futuro financeiro com a máxima tranquilidade aos nossos clientes, sempre atentos aos desafios dos tempos. Recentemente vimos a correção mais rápida do mercado de ações norte-americano desde o pós-guerra, o medo e o pânico tomaram de assalto os mercados. Vimos hoje, sinais promissores de recuperação económica: bancos centrais com políticas monetárias e governos com políticas fiscais para estabilizar os mercados. Contudo não temos uma bola de cristal e é impossível prever como vão reagir os mercados. Estou confiante que a economia global resistirá e valorizará, a longo prazo, os ativos dos investidores, sobretudo, dos que têm um portfólio diversificado. Os mercados são resilientes e, geralmente, a sua recuperação traz ganhos expressivos. Os mercados financeiros olham para o futuro e a economia informa-nos do que ocorreu no passado. Afinal, “it’s about time in the market – not timing the market”. ▪


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CENTRO DE CONTACTOS ENTRE PORTUGAL E SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE A Câmara de Comércio e Indústria Portugal – São Tomé e Príncipe é fruto de uma necessidade sentida por um grupo numeroso de empresários, cujo objetivo é promover a ligação económica entre os dois países. Quem nos contou mais sobre a associação foi Maria João Mortágua, Vice-Presidente da mesma, dando-nos ainda a conhecer o seu percurso pessoal e profissional. vidade económica e comercial dos empresários portugueses em STP (e no espaço CPLP) e contribuindo para o desenho da nova estratégia UE-África e das prioridades estratégias da UE e dos Estados Membros para STP.

Assumindo-se como centro de contactos, a Câmara de Comércio e Indústria Portugal – São Tomé e Príncipe tem como objetivo fomentar as relações económicas de Portugal e São Tomé e Príncipe. O que fizeram para diligenciar este objetivo? Logo após a criação da Câmara, no final de 2017, STP começou a viver um período de crise política que nos obrigou a adiar muitas das atividades que estavam programadas. Praticamente dois anos depois, esta situação foi ultrapassada com a entrada em funções do atual Governo. Não obstante, apesar disso e agora com a pandemia COVID- 19, a Câmara tem vindo a dar apoio a empresários, portugueses e de outras origens, interessados em investir em STP ou em estabelecer relações económicas com empresas são-tomenses, nomeadamente através do estabelecimento de contactos empresariais e de assessoria jurídica e fiscal. Também tem estado presente em eventos empresariais e tem colaborado com instituições, como o AICEP e a União Europeia, no desenho de ações e políticas impactantes na ati-

Acredita que as características para ser líder de um projeto são inatas ou são traços que se desenvolvem em determinados desafios? Quais

Considera que esta associação é um reforço fulcral para os empresários portugueses e são-tomenses? Quais são as eventuais oportunidades de negócio para ambos? As câmaras de comércio permitem a aproximação dos empresários, o que contribui para o reforço das relações económicas e comerciais entre os países, contribuindo de modo positivo para a eficiência empresarial, o aumento do bem-estar das famílias e dos indivíduos. Existe um conjunto de oportunidades de negócio na área das infraestruturas, construção civil, agricultura, indústria e turismo. Esperemos que a pandemia não prejudique muito esta realidade. As opiniões distinguem-se, porém ainda há relatos de mulheres cujo percurso profissional foi alvo de preconceito por ocuparem cargos de liderança. Sente que o facto de ser mulher lhe criou mais obstáculos? De toda a experiência profissional que tenho até ao presente, e tendo sempre trabalhado maioritariamente com homens, posso dizer que nunca fui alvo nem senti qualquer tipo de preconceito pelo facto de ser mulher.

As câmaras de comércio permitem a aproximação dos empresários, o que contribui para o reforço das relações económicas e comerciais entre os países, contribuindo de modo positivo para a eficiência empresarial, o aumento do bemestar das famílias e dos indivíduos MARIA JOÃO MORTÁGUA

são a características que destaca como fundamentais? Acredito que são sobretudo inatas. O investimento pessoal em formação em liderança pode ser importante, mas é preciso ter-se um determinado perfil e características marcantes, como ter visão, paixão, pensamento estratégico, motivação, disciplina, saber ouvir, ter a habilidade de gerir e unir pessoas, ser criativo, confiante, inspirador, empático, coerente, justo, responsável e íntegro. Que mensagem gostaria de deixar a todas as mulheres que lutam pelo seu direito à igualdade, para começar uma carreira empreendedora? Que não desistam, que acreditem em si próprias, que sejam resilientes, que saibam contornar obstáculos quando tem de ser e nunca abdiquem de ser íntegras. ▪ 49 JULHO 2020

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uem é a Maria João Mortágua enquanto pessoa e profissional? Como nos pode descrever o seu percurso? O gosto, o fascínio e a curiosidade sobre o outro, necessariamente diferente de mim, fazem parte da minha essência. A vontade de contribuir para um mundo melhor também. Inevitável e felizmente, o meu percurso académico espelha isso mesmo. A escolha por estudos superiores em Relações Internacionais, uma formação em Gestão de Projectos de Ajuda Humanitária e depois mais tarde um doutoramento versando fluxos migratórios deram-me conhecimentos importantes. Depois, dediquei uma dúzia de anos à Investigação, sobretudo como investigadora e membro do Conselho Diretivo da Unidade de Investigação em Economia Internacional onde tive a oportunidade de participar em diversos projetos, eventos científicos e redes de investigação internacionais, de elaborar um conjunto de produção científica, e onde estive sempre ligada a países africanos de língua portuguesa. Sem razão lógica, a minha preferência (paixão) por São Tomé e Príncipe sempre existiu. No final de 2007, eu e o Jorge Batista de Sousa, com conhecimento do descontentamento que empresários portugueses sentiam em relação à falta de uma Câmara de Comércio e Indústria e sabendo do potencial de investimento de STP, constituimo-nos sócios fundadores da CCIPSTP.


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“UNIÃO E SOLIDARIEDADE FORAM FUNDAMENTAIS, MAS EU ACRESCENTARIA A CONFIANÇA”

FOTO: EDUARDO RESENDES_AÇORIANO ORIENTAL

Para Teresa Machado Luciano, Secretária Regional da Saúde do Governo Regional dos Açores, a pandemia da Covid-19 aportou um novo cenário e para o qual foi necessário dar uma resposta forte e severa de prevenção e contenção, algo que foi realizado no Arquipélago dos Açores. Como? Segundo a nossa entrevistada, a união, a solidariedade e a confiança, “foram essenciais para ultrapassar as diversas dificuldades”.

TERESA MACHADO LUCIANO

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mundo vive num momento particularmente difícil, fruto da pandemia da COVID-19, que aportou uma série de mudanças no nosso quotidiano e nos obriga hoje a viver num «novo normal». No sentido de contextualizar junto do nosso leitor, que análise perpetua da forma como as entidades responsáveis dos Açores lidaram e lidam com esta novo panorama? A Região Autónoma dos Açores impôs medidas muito severas para a prevenção e contenção da pandemia, restringindo liberdades e direitos dos cidadãos, tão caros à nossa Autonomia. Fizemos do isolamento das nossas ilhas a nossa maior força. Agora estamos concentrados na retoma da atividade, em todos os sectores, de forma cautelosa, mas segura. Quais foram, na sua opinião, os momentos chave para que a região tenha conseguido ultrapassar os obstáculos e as dificuldades impostas?

Os momentos-chave corentre todas as ilhas da respondem à escalada, Região. Foram decisões em grau de severidade, difíceis, mas adequaNão é possível das medidas adotadas das à situação epideassegurar a defesa na Região desde o dia miológica. da saúde dos cidadãos 11 de março, data da declaração da situaMuito recentesem o apoio das ção de alerta em todo mente agradeceu a autarquias, intervenientes o território da Região todas as organizaem todos os sectores Autónoma do Açores. ções do setor social da atividade A título de exemplo, que se aliaram ao em 12 de março, encerGoverno dos Açores rámos estabelecimentos no âmbito das medidas de ensino, de diversão noturde prevenção e contenna e salas de cinema, ginásios, ção da pandemia de COrespostas sociais, museus, entre VID-19. De que forma é que este outros. sentido de união e solidariedade foram Em 13 de março, decidimos impor quarentefundamentais nesta luta? na a todos os passageiros desembarcados na União e solidariedade foram fundamentais, Região e concentrar os voos da Azores Airlimas eu acrescentaria a confiança. Foi graças nes nos aeroportos de Ponta Delgada, em São à confiança que, quando surgiu um caso de Miguel, e das Lajes, na Terceira. A 19 de março, infeção na comunidade sem-abrigo, contámos suspendemos as ligações aéreas e marítimas com o apoio de organizações do sector social,


que garantiram o acolhimento, o isolamento e a vigilância dos casos suspeitos com ele relacionados. Assim, prevenimos o que se poderia revelar uma tragédia. E esta cooperação evolui nos dois sentidos, porque, perante um caso de infeção numa estrutura residencial para idosos, foram os enfermeiros da Unidade de Saúde da Ilha de São Miguel que prontamente asseguraram todos os cuidados aos utentes daquela instituição.

“PARA ACOLHER MELHOR E COM MAIS SEGURANÇA QUEM CHEGA À NOSSA REGIÃO, ESTABELECEMOS CONVENÇÕES COM LABORATÓRIOS EM TERRITÓRIO CONTINENTAL E NA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA. TRATA-SE DE UM ESFORÇO MUITO GRANDE DA REGIÃO E DOS PROFISSIONAIS DO SERVIÇO REGIONAL DE SAÚDE, QUE TRABALHAM DIA E NOITE NOS AEROPORTOS E NOS LABORATÓRIOS, PARA GARANTIR O PROCESSO ADMINISTRATIVO, A COLHEITA, A ANÁLISE LABORATORIAL E A COMUNICAÇÃO DO RESULTADO”

De que forma tem sido importante implementar medidas centradas no reforço da relação entre a autarquia, entidades de saúde e a população? Tem sido crucial. Não é possível assegurar a defesa da saúde dos cidadãos sem o apoio das autarquias, intervenientes em todos os sectores da atividade. Por outro lado, não haverá fator mais decisivo para a saúde do que a conduta individual. Por isso, fizemos uma campanha de comunicação assertiva, em diversas frentes, para garantir a transparência e o conhecimento da população sobre a situação epidemiológica, as medidas adotadas e os meios de autoproteção. Todos esperamos que isso não aconteça, mas na possibilidade de uma segunda vaga, estão os Açores preparados para dar resposta a este novo desafio, caso o mesmo venha a acontecer? Estamos mais preparados do que no início do ano. Os profissionais estão mais treinados, a população está mais sensibilizada, as organizações estão mais ágeis, temos mais equipamentos e material clínico. Mas não podemos baixar a guarda. Nenhum sistema é inexpugnável e o fator crítico de sucesso será a conduta de cada um de nós.

Abordando um outro tema, fale-nos um pouco mais do seu percurso e de como a sua capacidade de liderança, aliada a outros fatores, foi fundamental, por exemplo, nesta luta. Enquanto Secretária Regional da Saúde, com a tutela da Saúde e da Proteção Civil, a minha principal preocupação é garantir dois elementos fundamentais. Primeiro, que as unidades de

saúde e os seus profissionais e os bombeiros dos Açores dispõem de recursos para lidar com um aumento do número de casos de Covid-19. Segundo, que a prestação de cuidados urgentes ou inadiáveis e a vigilância da doença crónica não são descuradas. Por isso, procurei fazer um acompanhamento de proximidade, reunindo diariamente com os dirigentes e profissionais de hospitais, unidades de saúde de ilha e do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores. O que é para si ser um verdadeiro líder e gestor de pessoas? O diálogo e a capacidade de escutar são dois dos principais pilares para uma gestão positiva? Liderar é manter a visão de conjunto, mesmo quando os problemas ameaçam enviesar a análise, é dar o exemplo, é manter um discurso confiante, é estar mais perto de quem está no terreno. O diálogo e a capacidade de escutar são dois pilares essenciais, mas são também o mais difícil em momentos críticos. Por isso, optei por agendar reuniões sempre ao mesmo dia e à mesma hora. Assim, todos parávamos, ao mesmo tempo, para debater os acontecimentos do dia.

Acha que existe alguma diferença entre uma liderança feminina e uma masculina? Ou acredita que a liderança positiva não tem género? A liderança positiva não tem género, tem pessoas. Não se aprende, pois não há receita. Cada líder tem o seu estilo de liderança, que resulta do seu desenvolvimento pessoal. Funcionará à escala da sua mundividência. O que falta, na sua opinião, para que a igualdade de oportunidades seja cada vez mais uma realidade? Circunscrevendo-me à nossa realidade, eu diria que as mulheres deveriam ser tão exigentes com os homens como são com elas próprias. A terminar, o que podemos continuar a esperar da sua parte e qual a mensagem que gostaria de deixar ao universo feminino que dia após dia continua a mostrar a sua força? Poderão esperar da minha parte, garantidamente, alegria no trabalho. Estou na Saúde para cuidar das pessoas, por isso, todos os dias são proveitosos. A minha mensagem para o universo feminino é: nunca desfaçam as malas. O mundo está cheio de desafios, na nossa rua ou no outro lado do planeta. ▪

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Que conselho deixaria à população dos Açores no sentido de evitarmos essa segunda vaga? O que está a ser realizado nesse sentido? Não existindo, à data, nenhum caso de transmissão local, temos de apostar na contenção dos casos importados. Assim, todos os passageiros que chegam à Região têm de apresentar um teste de despiste ao SARS-CoV-2, realizado nas 72 horas antes da partida pelo método RT-PCR, com resultado negativo, ou fazer o teste à chegada. Caso permaneçam na Região, deverão fazer novo teste seis dias após o primeiro. Para acolher melhor e com mais segurança quem chega à nossa Região, estabelecemos convenções com laboratórios em território continental e na Região Autónoma da Madeira. Trata-se de um esforço muito grande da Região e dos profissionais do Serviço Regional de Saúde, que trabalham dia e noite nos aeroportos e nos laboratórios, para garantir o processo administrativo, a colheita, a análise laboratorial e a comunicação do resultado.


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E quando quiser conhecer um espaço de requinte, prestígio e elegância, não se esqueça de procurar por Solar Antigo Luxury Coimbra e por Solar Antigo Porto Aeroporto. E porquê estes espaços? Porque sairá dos mesmos com vontade de regressar, e se for a primeira vez que visita os mesmos, acredite, será uma aventura que perdurará na sua memória para sempre.

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uando fomos conhecer o Solar Antigo Luxury Coimbra, não sabíamos ao que íamos, nem o que nos esperava. Mas depois do tour feito por paredes repletas de história, arte e cultura, acredite, estas palavras serão sempre parcas para descrever aquilo que conhecemos e sentimos, porque se existe espaço que nos coloca num patamar elevado e nos oferece sensações indescritíveis e maravilhosas, então tem de vir conhecer este local situado em pleno centro histórico de Coimbra, classificado como Património Mundial da Unesco. Não se esqueça, este é um local secular, elegante e único, repleto de charme e que fará a sua estadia inesquecível. Mas vamos por partes, pois interessa compreender que existem em Portugal dois Solares Antigos, um na apelidada cidade dos estudantes, Coimbra e outro na Invicta, no Porto, mais concretamente junto ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro, sendo que se ambos primam pela diferença e pela capacidade de criar um sentimento de magnitude, é também importante salientar que os visitantes e turistas que procuram ambos, são distintos, até porque em Coimbra o visitante procura mais lazer, enquanto que no Porto essa demanda é realizada por pessoas que procuram uma boa cama para algumas boas horas de sono, ou seja, um cliente de cariz mais empresarial. Para nos dar a conhecer um pouco mais destes espaços, a Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Cátia Costa, Diretora do Solar Antigo Luxury Coimbra e do Solar Antigo Porto Aeroporto, e que personifica aquela célebre frase proferida por Confúcio, «Escolhe um trabalho de que gostes, e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida». Venha connosco nesta viagem e não se esqueça do que já dissemos… as palavras serão sempre exíguas e humildes para conseguir descrever o mergulho de emoções e sensações que temos ao entrar na soleira da porta do Solar Antigo Luxury Coimbra.

CÁTIA COSTA

CONCEITO DIFUSO – ORIGINALIDADE E EXCELÊNCIA Conhece o conceito Difuso? Assume-se como um género de alojamento aportado através de um conceito inovador de hospitalidade, tendo sido lançado há cerca de 40 anos, em Itália, tendo como fito a revitalização de pequenas aldeias e centros históricos que não estão no roteiro turístico habitual. Este tipo de alojamento está convertido em vários edifícios históricos numa pequena comunidade. Os quartos e as outras instalações são distribuídos em edifícios já existentes. “Este conceito foi trazido pelos proprietários de ambos os espaços e que ainda não se encontra muito desenvolvido em Portugal, mas que tem tido um enorme sucesso connosco, principalmente no espaço de Coimbra, pois é algo diferenciador e que consegue promover uma filosofia de maior proximidade com o cliente”, revela a nossa entrevistada, lembrando que este conceito oferece ainda aos turistas uma experiência de vida autêntica ao

lado dos moradores, onde os mesmos podem experimentar a beleza do centro histórico de Coimbra, como um residente e não somente como um turista. A beleza arquitetónica é algo que salta logo à vista mal entramos neste local, onde parece que reside uma espiritualidade sobranceira e apaziguadora, que nos permite respirar a pura essência daquela que foi a primeira capital de Portugal, Coimbra, uma cidade repleta de história, de arte e de cultura. “Também por isso os nossos quartos em Coimbra são completamente distintos do espaço do Porto, pois aqui mantivemos a traça original do nosso edifício e sabemos que o cliente que nos procura, quer lazer, quer cultura e história”, assume Cátia Costa. O FUTURO É UMA INCÓGNITA, MAS NÃO SE PENSA EM DESISTIR O mundo mudou. Hoje começa a ser comum ouvirmos esta frase, tudo pela pandemia da COVID-19 e que teve e tem tido um forte im-


SOLAR ANTIGO LUXURY SPA COIMBRA

DESINFEÇÃO - TECNOLOGIA DE VANGUARDA E INOVADORA Os espaços do Porto e de Coimbra já se encontram munidos com o selo Clean & Safe, iniciativa criada pelo Turismo de Portugal e que distingue as empresas do setor do Turismo que cumpram as recomendações da Direção-Geral da Saúde para evitar a contaminação dos espaços com o novo coronavírus. Contudo, só isto não chega e mais uma vez primando pela diferença, a diretora de ambos os espaços, a partir de junho, começou a notar que os visitantes estavam um pouco assustados “e faziam inúmeras questões sobre a segurança dos nossos espaços, a higienização e desinfeção, entre outros. Assim, em conjunto com os proprietários dos espaços, chegamos à conclusão que era fundamental criar essa tranquilidade e segurança no nosso hóspede e decidimos apostar em equipamentos de vanguarda e inovação, onde investimos em máquinas com produtos bactericidas que perpetuam uma desinfeção eficaz e fiável no domínio dos nossos pés”, revela Cátia Costa, lembrando que “não estamos a dar a devida atenção à permeabilidade dos nossos pés no

"SOMOS PEQUENOS, MAS BONS E MARCAMOS SEMPRE PELA DIFERENÇA, PORQUE O NOSSO HÓSPEDE É O CENTRO DAS NOSSAS ATENÇÕES, DESDE O MOMENTO EM QUE ENTRA ATÉ À SUA SAÍDA"

que concerne ao transporte de bactérias e vírus. Assim, além das proteções mais convencionais, como máscara, desinfetante para as mãos e acrílicos, a administração de ambos os espaços, apostou e investiu fortemente em equipamentos com tecnologia hospitalar, ou seja, usada em hospitais de topo a nível mundial, e que são munidos por vapor e lâmpadas Ultra Violeta, sendo os únicos espaços a possuir esta tecnologia em Portugal no que concerne a unidades hoteleiras, cenário que revela e bem a preocupação aqui existente com a segurança de todos os hóspedes. “É para isso que aqui estamos, ou seja, para proporcionar memórias e recordações inesquecíveis aos nossos hóspedes, sem nunca esquecer a sua segurança, pois é essencial que sintam cómodos e seguros quando nos escolhem e visitam”.

EQUIPAMENTO DE DESINFECÇÃO ULTRAVIOLETA

SOLAR ANTIGO PORTO AEROPORTO

“SOMOS PEQUENOS, MAS BONS” Mas o que é que marca a diferença quando vamos conhecer o Solar Antigo Luxury Coimbra e o Solar Antigo Porto Aeroporto? Se existe algo que ficamos a compreender quando fomos visitar os mesmos, passou pela excelência do tratamento dada a cada hóspede. Cada cliente é um cliente, que passa a amigo. Existe um tratamento humano e de proximidade, de preocupação com as vontades e desejos do visitante, quase de conhecimento daquilo que pretende. “Oferecemos, por exemplo, um bolo a aniversariantes, fazemos pequenos mimos para casais que fazem anos de casados, entre muitas outras coisas que marcam, sem qualquer dúvida, a diferença”; salienta Cátia Costa, assegurando que estes «mimos» são todos ofertas, “porque queremos que o nosso hóspede se sinta realmente especial. Somos pequenos, mas bons e marcamos sempre pela diferença, porque o nosso hóspede é o centro das nossas atenções, desde o momento em que entra até à sua saída. Ninguém sai daqui sem querer voltar porque as pessoas ficam mesmo felizes e nós ficamos orgulhosos de poder contribuir para o sorriso e felicidade de quem nos procura. As palavras não descrevem o que é ficar num dos nossos espaços, tanto no Solar Antigo Luxury Coimbra como no Solar Antigo Porto Aeroporto. Venham conhecer-nos e sejam felizes”, conclui a nossa entrevistada, Cátia Costa. ▪

53 JULHO 2020

pacto em todos os quadrantes da sociedade, e que, naturalmente, afetou principalmente a dinâmica turística e hoteleira em Portugal e no mundo. O Solar Antigo não escapou a esse desígnio, realidade que se verificou imediatamente após a indicação de obrigatoriedade de confinamento, isto em março passado e que se refletiu num impacto muito negativo, tal como refere Cátia Costa. “Nos meses de março e abril tínhamos prevista uma taxa de ocupação a rondar os 80% e de repente ficamos com uma taxa de 5%, e que também foi cancelada porque foi tudo fechado”, afirma a nossa interlocutora, realçando que foi somente a partir de junho “que começamos a ter alguma procura. Quando saímos do confinamento, tivemos alguma procura, mas somente do visitante luso e mais ao nível dos fins de semana”, assume Cátia Costa, reconhecendo, contudo, que agora, no mês de julho, altura de reabertura do espaço aéreo, “começamos a ter uma afluência maior de turistas, sobretudo espanhóis e belgas”, revela. Se no passado o amanhã não era certo, então hoje, com todas as incógnitas provocadas pela pandemia da COVID-19, tudo se tornou ainda mais incerto e não é possível fazer cogitações do que aí vem, principalmente a nível hoteleiro. “Não sabemos o dia de amanhã e o simples facto de Portugal estar na chamada lista negra de alguns países, provocou imediatamente cancelamentos”, salienta a nossa entrevistada, assegurando, contudo, que “continuaremos prontos para saber receber quem nos procura”.

SOLAR ANTIGO LUXURY COIMBRA


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ALBUFEIRA “É O PARAÍSO”

PONTOS DE VISTA

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A 6 de junho arrancou a época balnear, o período tão esperado por todos os portugueses. Albufeira registou uma grande quebra na procura, mas continua a ser “destino de emoções”. O Presidente da Câmara Municipal, José Carlos Rolo diz mesmo que Albufeira continua a ser um paraíso, com qualidade de atendimento acrescida nos hotéis, o sol de sempre e as praias de melhor qualidade do país, e espera a visita de milhares de turistas este verão.

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lbufeira preparou-se devidamente para este verão, marcado pela pandemia? O Algarve não tem um número tão expressivo de infetados como o resto do país. Exigiu trabalho e despesa. Em Albufeira já investimos cerca de 5M€ no combate à Covid-19, desde o passado mês de março e estamos preparados desde o início da época balnear para receber os turistas. Os profissionais do setor estão preparados, há segurança máxima, quer social, quer sanitária e todos serão bem recebidos. E para além desse investimento, foi também criado um Fundo de Apoio Empresarial e As-

sociativo para o concelho, com uma dotação de um milhão de euros… Sim, essa medida foi criada para salvaguardar o setor económico e social do concelho. Aberto a todos, dentro das condições previstas, nomeadamente, é dirigido a microempresas de restauração e similares, comércio de bens a retalho, prestação de serviços e indústria e agricultura. Não podemos parar, sob pena de não conseguirmos reerguer-nos com facilidade. Sendo o Turismo uma área fundamental da economia do país e sendo Albufeira um concelho de importância maior nesta matéria, teve algum contacto por parte do Governo para apoiar e salvaguardar esta época?

Não, especificamente para o Turismo, não. E como se não bastasse, assistimos ao fecho do corredor aéreo vindo do Reino Unido. Mesmo assim, Albufeira continua a ser “destino de emoções”? Continua, sim. Destino das melhores emoções possíveis. Atrevo-me a dizer que nunca as águas foram tão límpidas, os areais tão limpos, os hotéis e os restaurantes reforçaram cuidados e atenções para com os clientes. Temos um conjunto de “emoções” para partilhar, ao nível das nossas tradições, da cultura, da gastronomia e das paisagens deslumbrantes. Como destino de férias, estamos no caminho da qualidade e da excelência.


A autarquia desenvolveu uma campanha de sensibilização intitulada “Albufeira Praias Seguras”. Sim, é uma medida que vigorará até ao final da presente época balnear e que procura garantir a máxima segurança a quem nos vista. Resultou de um longo trabalho de preparação e coordenação com os concessionários e demais entidades com responsabilidades na orla costeira para que os banhistas possam usufruir da beleza das nossas praias em condições de segurança. Nomeadamente, visa garantir a disponibilização de informação em todas as praias, em português e inglês, sobre a utilização das zonas balneares e dos deveres dos banhistas, colocação de mastros para instalação de bandeiras “semafóricas”, com a indicação da ocupação de cada praia, dispensadores de álcool gel, marcação de circuitos de circulação única, limpeza diária do areal e reforço da sinalética. Com reforço da vigilância, segundo apurámos. Naturalmente que neste contexto tínhamos

que reforçar esta área. Assim, acionámos um mecanismo de vigilância e sensibilização dos banhistas, em parceria com a ANSA – Associação de Nadadores Salvadores de Albufeira que será feita com a participação de nadadores salvadores e de uma viatura todo o terreno que irá circular pelas várias praias do concelho (medida extraordinária), a par dos elementos do ISN – Instituto de Socorro a Náufragos, e ainda reforçámos a fiscalização das praias em colaboração com as autoridades competentes. Houve uma grande quebra na procura. Espera que ainda venham mais turistas? Este é um verão diferente, com menos pessoas. Importa favorecer esta vinda de turistas. Todas as 26 bandeiras azuis (25 praias e a Marina de Albufeira) e as 18 Bandeiras de ouro revelam a nossa aposta na política ambiental. É o paraíso! E precisamos que venham experimentar este paraíso. Qual a recomendação que faz para este verão?

“Temos um conjunto de “emoções” para partilhar, ao nível das nossas tradições, da cultura, da gastronomia e das paisagens deslumbrantes"

Que se respeitem as regras com civismo. A situação exige uma atitude racional, mas sem esquecer o lado emocional das pessoas, são as suas férias e é uma altura de tranquilidade e relaxamento, e tudo isso pode ser feito desde que se sigam as regras emanadas da DGS. Quer deixar uma mensagem para os nossos leitores ? Claro! Este ano façam férias em Albufeira. É um verdadeiro “destino de emoções”. ▪

55 JULHO 2020

JOSÉ CARLOS MARTINS ROLO


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“ATA PROMOVE CAMPANHA PARA A RETOMA TURÍSTICA” A campanha promovida pela Associação de Turismo dos Açores | ATA para a retoma da atividade turística na região já arrancou. Focada nas qualidades naturais do território e na variedade da oferta das várias ilhas (e nas suas paisagens amplas), tem como objetivo atrair atenções para os Açores e promover o destino em Portugal e nos quatro cantos do mundo. A tranquilidade do abundante verde puro e do amplo azul seguro é o primeiro cartão de visita do arquipélago, num momento em que a segurança é a maior preocupação para todos.

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ual o objetivo desta campanha? O grande objetivo é mostrar que os Açores continuam de portas abertas para receber quem procura viver momentos inesquecíveis, de forma segura, em cenários naturais diversificados, mas sempre deslumbrantes. Os tempos são difíceis e especiais, percebemos que há muita coisa que está a mudar, mas as nossas ilhas continuam a preservar o lado orgânico e puro que tanto sucesso faz e que tanto impressiona quer estrangeiros, quer portugueses.

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LUÍS BOTELHO

Porque é que os Açores são o destino a escolher este Verão? Porque precisamos todos de uma pausa (especialmente em tempos tão agitados e incertos) e aqui é possível fazê-la com a tranquilidade que merecemos. Há nove ilhas diferentes, nove universos que podemos descobrir e pelos quais nos podemos apaixonar. Boa comida, carne das nossas pastagens, peixe dos nossos mares, gente que sabe receber como ninguém, atividades ao livre — que é tudo o que precisamos neste momento —, espaço para estarmos em segurança e privacidade com aqueles de que mais gostamos... O que é que podemos pedir mais? E há espaço para todos. Sim, isso é garantido. Ao contrário do que acontece em muitos outros destinos por esse mundo fora, nos Açores espaço é algo que não


Os próprios açorianos têm muito para descobrir. Esta campanha é também um convite aos açorianos. Como as nove ilhas são tão diferentes, há sempre coisas novas que iremos encontrar, e já estando por cá torna-se muito mais fácil. Para além disso, sendo este ano mais complicado apostar-se em destinos mais longínquos, é perfeitamente possível vivermos ótimos momentos na nossa terra, e ainda por cima ajudarmos os negócios locais que neste momento tanto precisam do nosso incentivo. Esta chamada de atenção para o “É tempo de Açores” como dizem na campanha, é também uma forma de tentarem ajudar os comerciantes locais e quem tem projetos abertos ao público nas ilhas? Sim, é um momento difícil para todos, em especial para os que têm negócios, que se veem com uma quebra inimaginável nas suas receitas, devido à diminuição nas chegadas e no fluxo de turistas. Estamos conscientes disso, e queremos muito promover o destino para ajudar todas essas pessoas, e fazer com que possa haver alguma agitação financeira. Sabemos todos que vai ser um ano muito diferente dos anteriores a todos os níveis, mas acreditamos que é possível, aos poucos, irmos sentindo alguma retoma. Como é que se concilia essa necessidade de

“O GRANDE OBJETIVO É MOSTRAR QUE OS AÇORES CONTINUAM DE PORTAS ABERTAS PARA RECEBER QUEM PROCURA VIVER MOMENTOS INESQUECÍVEIS, DE FORMA SEGURA, EM CENÁRIOS NATURAIS DIVERSIFICADOS, MAS SEMPRE DESLUMBRANTES”

ativação económica com a proteção dos açorianos e residentes nas ilhas? A segurança de todos os açorianos e de quem cá vive é sempre a nossa prioridade. Temos sido um exemplo no controlo do vírus, na manutenção da segurança e no cumprimento de todas as normas e assim queremos continuar. No entanto percebemos a necessidade económico-financeira, e o desejo de se recuperar alguma normalidade. É a vida de muitas pessoas que está em jogo, no que toca à segurança, mas também no que toca aos negócios. Por isso temos que conciliar os dois campos, sempre com bom senso e justiça. O controlo através dos testes de despiste SARS-CoV-2 negativo na chegada ao arquipélago ou efetuado na origem

nas 72 horas antes da chegada, é uma das formas encontradas e deverá continuar. E depois é cumprir com todas as normas, uso de máscaras, distância de segurança, extra higienização dos espaços, evitar aglomerados…uma nova normalidade. Chegou à Associação de Turismo dos Açores recentemente. Qual o seu propósito? Mais do que um propósito, costumo dizer porque o sinto, que tenho uma missão. Quero que os Açores sejam conhecidos em todo o mundo, pela sua autenticidade, por serem um destino de natureza exuberante, exclusivo, seguro, com muita variedade e qualidade de atividades ao ar livre (terra e mar), onde há espaço para todos, desde os amantes de desportos de natureza, aos apreciadores de arte, a quem procura restaurantes gastronómicos, novos hotéis mais sofisticados, história e património. O que acha que ainda não se sabe sobre os Açores lá fora? Há coisas que podemos explorar melhor, especialmente a variedade, os roteiros mais alternativos, a gastronomia e o vinho, o lado mais sofisticado e contemporâneo, sempre aliado às nossas gentes maravilhosas. A cultura e as artes têm vindo a ganhar um grande relevo nas nossas comunidades e é algo a que queremos dar mais destaque também. Temos muitos projetos de restauração e hotelaria recentes, com uma linguagem consonante com aquilo que é feito em muitas outras partes do mundo que só nos valoriza e que queremos continuar a dar a conhecer. Sempre aliado ao nosso lado mais tradicional, que está sempre lá. E acima de tudo, é importante que saibam que os Açores são o ano todo, que não precisam de esperar pela época de Verão para conhecer e explorar os Açores. ▪

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falta, com paisagens amplas, opções de alojamento que permitem individualidade e muitas atividades. Aqui a expressão “ar livre” faz mais sentido do que em qualquer outro lugar. Para além de que é muito fácil deslocarmo-nos entre os vários pontos turísticos, dentro ou fora da mesma ilha, sem termos que passar por muitas confusões ou de lidar com multidões.


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“O NOSSO PRINCIPAL FOCO FOI AJUDAR OS NOSSOS CLIENTES A MANTER A SUA ATIVIDADE” O mundo mudou, fruto da pandemia da Covid-19, e com naturais impactos em todos os quadrantes económicos, sociais e empresariais. Neste sentido, a Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Teresa Virgínia, Modern Work & Security Business Group Lead da Microsoft Portugal, uma das entidades mais prestigiadas a nível nacional e não só, e que nos deu a sua visão sobre como a marca lidou e tem vindo a lidar com todos obstáculos provocados por esta nova realidade. Quais os desafios vindouros? Saiba mais.

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tualmente assistimos a uma das maiores transformações mundiais provocadas pela pandemia da Covid-19. Que estratégias foram necessárias adotar de modo a dar continuidade ao trabalho da Microsoft Portugal? Na Microsoft Portugal foi tudo feito sem esforço e com naturalidade. A nossa forma de trabalhar já era híbrida antes do Covid-19: as nossas ferramentas de trabalho permitem-nos trabalhar de qualquer local e a nossa cultura já formentava o trabalho tanto do nosso escritório, como do escritório de clientes ou de casa, promovendo uma melhor integração da vida profissional com a pessoal. O grande desafio foi ajudar milhares de pessoas dos nossos clientes a fazê-lo num brevíssimo espaço de tempo, muitos deles sem estarem ainda preparados tecnológica ou cultaralmente para o fazer.

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Que recursos disponibilizaram às organizações para responder às dificuldades que surgiram? Num primeiro momento preocupámo-nos em ajudar os nossos clientes a usar o Microsoft Teams: é a nossa plataforma de colaboração por excelência, onde podemos fazer video/conferências, chat, guardar documentos, co-editá-los em simultâneo e aceder a todas as aplicações relevantes para a atividade profissional. Um verdadeiro local de trabalho digital. Muitos dos nossos clientes já tinham Teams, foi uma questão de ajudá-los a adoptar ou a alargar a um maior número de pessoas dentro da organização. Para os que não tinham, disponibilizámos o Teams durante seis meses de forma gratuita, o que ajudou muitos clientes a manterem a sua atividade, sem investimento imediato, durante uma altura tão crítica. Posteriormente e com o problema base de capacidade de trabalhar de casa resolvido, começámos a endereçar outras questões, também urgentes, como a cibersegurança ou a digitalização e otimização de processos. Outra das nossas grandes prioridades foi a educação: como ajudar as escolas, os professores e os alunos a terem, não só capacidades de audio-conferência, mas sobretudo uma experiência digital de aprendizagem positiva e integrada. O teletrabalho foi um dos temas mais debatidos sob diferentes pontos de vista. Quais são as vantagens que, na vossa orgânica, esta vertente poderá ter na vida dos colaboradores? Considera que se trata do começo de uma era mais digital e sustentável?

TERESA VIRGÍNIA

Acreditamos numa abordagem híbrida: há situações onde o contacto humano é essencial. Mas as vantagens de poder também trabalhar de casa são muitas. Do ponto de vista do colaborador, as vantagens vão da otimização da gestão do tempo, dado que o tempo de transporte na maioria dos casos ainda é substancial, à melhor integração entre a vida profissional e pessoal. Para as empresas a redução de custos nos escritórios ou dos próprios escritórios é sem dúvida uma vantagem. Para todos e para o planeta, a redução de ter diariamente, em todo o mundo, alguns milhões de pessoas a menos a viajar diariamente é um ganho enorme. Uma das missões da Microsoft Portugal é capacitar cada pessoa e organização para ser mais produtiva de forma a atingirem o seu potencial. Qual é o grau de importância que hoje, mais do que nunca, tal missão tem na vida das mesmas? É nestes momentos que sentimos que a nossa missão e o nosso propósito nos fazem tanto sentido. Nestes últimos meses temos posto o foco em ajudar os nossos clientes a manter a sua atividade neste novo e desafiante contexto. Queremos ainda ajudá-los a repensar nos seus negócios e a acelerar a transformação digital, o que em muitos casos vai ser chave para a sobrevivência dos seus negócios.

"Outra das nossas grandes prioridades foi a educação: como ajudar as escolas, os professores e os alunos a terem, não só capacidades de audioconferência, mas sobretudo uma experiência digital de aprendizagem positiva e integrada”

Mas infelizmente neste momento é preciso mais. A crise económica retirou o trabalho a milhões de pessoas e a Microsoft quer ajudá-las. Assumimos agora o compromisso de requalificar 25 milhões de pessoas em todo o mundo: novas capacidades digitais podem ser a chave para um emprego e um futuro melhor. Apelidada como uma das empresas mais dinâmicas do mundo, que desafios podemos esperar no futuro? O futuro do trabalho, e também da educação, estão a ser desenhados neste momento. Na Microsoft estamos numa posição única para observar, aprender e imaginar como esse futuro será. O papel da Microsoft será de evoluir as suas ferramentas de forma a ir de encontro às necessidades e desafios atuais, mas também ler tendências, algumas menos óbvias, e inovar e encontrar soluções disuptivas para o futuro. ▪


INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

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SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS PARA TRABALHAR DE FORMA SEGURA -química tradicional. Estes dispositivos permitem minimizar a carga viral de um espaço ou de uma superfície e podem ser utilizados para a desinfeção de salas, condutas ou para descontaminar o correio postal que chega à empresa antes de ser distribuído.

arantir a higiene e a segurança dos colaboradores é atualmente a maior preocupação das empresas no regresso à normalidade.

Quanto tempo irá durar esta nova normalidade laboral? É segura ou há risco de contágio? Estas são algumas das questões que a maioria dos trabalhadores faz e que despertam maior ansiedade. As empresas regressaram aos espaços de trabalho, mas o desafio de manter a segurança enquanto existir a possibilidade de um novo surto é sem dúvida, a prioridade máxima das empresas grandes e pequenas. Não é uma tarefa fácil de abordar e, por isso nesta nova etapa, a ISS Ibéria empresa líder na integração de serviços gerais, aposta na incorporação de soluções tecnológicas que já utiliza em setores como o da saúde ou o alimentar, onde a higiene sempre foi fundamental. A sua idoneidade irá depender dos espaços e caraterísticas da zona ou do segmento onde se aplica, bem como deverão ser realizadas por profissionais formados com esse objetivo. “É muito importante que sejam soluções que já tenhamos aplicado anteriormente noutros setores porque sabemos que são eficazes e quais os requisitos necessários para as utilizar. Isto permite-nos transferir estas tecnologias controlando o risco em escritórios ou noutros espaços de trabalho como fábricas ou lojas onde antes da COVID uma limpeza mais standard era suficiente”, afirma Alex Díaz, diretor do Service Excellence. A tecnologia irá ajudar, sem dúvida, a assegurar este regresso aos espaços de trabalho numa perspetiva que, segundo todos os indícios, pode prolongar-se no tempo e que poderá voltar a repetir-se no futuro. SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS PARA REFORÇAR A SEGURANÇA DOS COLABORADORES Manter a higiene e evitar que os espaços de trabalho sejam um foco de contágio é a prioridade das empresas que querem evitar a todo o custo ter que dar um passo atrás. A ISS Ibé-

• APP de gestão de espaços para conhecer o nível de ocupação do escritório, antes de sair de casa. Graças a esta aplicação, o utilizador pode tomar a decisão de trabalhar no escritório ou permanecer em casa. No caso de ir num veículo próprio também pode ver antecipadamente a ocupação do estacionamento.

ria propõe reforçar a segurança através de um vasto leque de soluções tecnológicas à medida das necessidades de cada empresa: • Dispositivo para quantificar o número de microrganismos nas superfícies e verificar se a limpeza e desinfeção foi efetuada de forma correta. A solução 3M-Clean Trace ATP tester para superfícies, utiliza para isso, amostras de forma aleatória. O dispositivo faz parte de um plano de higienização concebido para desinfetar de forma periódica os pontos de elevado contacto e minimizar o risco de contágio, melhorando o controlo e a qualidade da limpeza sobre as superfícies identificadas como críticas devido ao elevado grau de exposição à Covid-19. • Sensores para monitorizar a lotação dos espaços, como por exemplo nas casas de banho ou nas cantinas em tempo real, graças à aplicação da tecnologia IoT (Internet of Things). • Sistemas de desinfeção através de raios ultravioletas. Quer as lâmpadas de raios UV-C como os robots UV-D são um método de desinfeção eficaz que respeita o ambiente e que não são químicos, pensados para uma desinfeção preventiva como complemento à limpeza físico-

• APP para cantina da empresa Grab & Go permite consultar o menu de forma online, reservar e recolher a refeição sem filas. A aplicação permite também realizar o pré-pagamento de forma antecipada através da emissão da fatura através do telemóvel. CONSULTORIA DE WORKPLACE PARA UM REGRESSO AO TRABALHO À MEDIDA Face à atual pandemia, a ISS Ibéria adaptou o seu serviço de consultoria de Workplace para ajudar as empresas a adaptar o seu espaço de trabalho, criando ambientes preparados para fazer frente aos novos desafios e ajudar as empresas a criar espaços seguros, eficientes e sustentáveis seja qual for o setor em que operam. O planeamento do regresso, os protocolos de conduta para colaboradores, as medidas para regular o acesso, a redistribuição e sinalização dos espaços, a formação e comunicação aos colaboradores e a proposta de melhorias tecnológicas fazem parte do serviço que a ISS oferece aos seus clientes, para além dos tradicionais serviços de limpeza, manutenção, serviços de apoio, entre outros. Um dos objetivos prioritários da empresa nestes momentos de dificuldade económica é otimizar a prestação dos seus serviços para alcançar um aumento da higiene e segurança, sem que isso tenha impacto no custo do serviço. ▪

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“Service Excellence”, a área da ISS Ibéria que disponibiliza um serviço de con­sultoria para a implementação de soluções tec­nológicas adaptadas aos espaços de trabalho.


» COVID – 19 – ESTRATÉGIAS E DESAFIOS DAS MARCAS E ORGANIZAÇÕES

“A EXPORTAÇÃO É TANTO UMA NECESSIDADE COMO OPORTUNIDADE” Dulce Forte, Presidente da Direção e Beatriz Dias, Analista de Mercados Internacionais da AIIE - Associação Internacionalização e Inteligência Económica, explicaram à Revista Pontos de Vista, o porquê de se classificarem como "o braço direito do seu negócio para a internacionalização”, de que forma se adaptaram à nova realidade provocada pelo novo coronavírus e qual o impacto do mesmo nas micro e pequenas empresas.

BEATRIZ DIAS E DULCE FORTE

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e que forma a AIIE – Associação Internacionalização e Inteligência Económica tem vindo a contribuir para um mercado cada vez mais

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exigente? Dulce Forte (DF) A AIIE – Associação Internacionalização e Inteligência Económica, é uma associação empresarial fundada em janeiro de 2016 com o principal objetivo de apoiar micro e pequenas empresas no processo de internacionalização. Este propósito surgiu pela falta de suporte e recursos que este tipo de empresas apresenta e que muitas vezes acaba por ser um elemento limitador da sua atividade. Para além disso, sendo o tecido empresarial português constituído maioritariamente por PME’s, é crucial apresentar estratégias que possibilitem uma maior aposta no seu crescimento e abertura. Neste sentido, desenvolvemos um trabalho bastante completo de consultoria e formação, elementos básicos fundamentais para uma empresa crescer, e prestamos serviços complementares de acompanhamento. Nestes serviços englobamos estudos de mercado, marketing internacional, apoio na candidatura a fundos comunitários, apoio no processo de exportação/internacionalização, entre outros. Com um mundo cada vez mais interconectado e interdependente, contamos com uma rede de parceiros localizada em mercados estraté-

gicos pronta para contribuir. Tal como mencionou, o mercado é cada vez mais exigente e neste sentido o acesso rápido a informação atualizada e correta é essencial. É também por esta razão que os nossos parceiros são um elemento imprescindível de apoio aos nossos associados. De que forma a Associação se tem adaptado à nova realidade provocada pela pandemia do Covid-19? Beatriz Dias (BD) A AIIE tem procurado sobretudo por oportunidades. É um momento muito sensível e é importante olhar com atenção para o que se passa no mundo e, mais especificamente, nos mercados. Acima de tudo, alertamos os nossos associados para a importância da estratégia. O planeamento será essencial para reduzir riscos e perceber o melhor momento para reagir. Por outro lado, esta crise veio tornar ainda mais evidente a importância do online. É neste sentido que a Associação apresenta o seu próprio Marketplace, uma ferramenta que estará à disposição dos seus associados e de outros possíveis interessados e que irá alocar um conjunto de negócios num espaço comum de venda online. Garantindo maior visibilidade, e menos riscos, a estrutura estará montada a fim de reduzir custos e sobrecarga às empresas.

“É nosso papel desmistificar algumas ideias e apresentar projetos e soluções para os nossos clientes. Mais do que tudo, é necessário mostrar que em situações de crise surgem também novas oportunidades”

Outra área a que nos dedicamos é a formação. N e s t e momento está a decorrer o 2ºCiclo da Formação Ação, projeto financiado que permite que micro e pequenas empresas empreguem recursos em áreas onde, de outra forma, teriam mais dificuldades. Neste caso, a formação teve de ser totalmente transferida para as plataformas online. Mas a adaptação foi bastante rápida e fácil. O que fizeram, nestes tempos difíceis, para salvaguardar as missões e objetivos das empresas com o qual trabalham? (BD) Inevitavelmente algumas ações tiveram de ser adiadas. A instabilidade no setor dos eventos, por exemplo, levou a que adiássemos a presença em feiras ao qual já tínhamos planeado acompanhar associados e para o qual tínhamos grandes perspetivas. Com isto, a nossa estratégia teve de ser revis-


Na atual conjuntura, quão importante é para as empresas a exportação e internacionalização das mesmas? (BD) O mercado português não é grande e somos dos países europeus com menor poder de compra, por essa razão, focar exclusivamente a atividade no mercado nacional é um risco. Por outro lado, a maior parte das nossas exportações são para os mercados da União Europeia, o que é ainda mais preocupante visto que se espera um grande abrandamento da atividade económica neste espaço. A exportação é, portanto, tanto uma necessidade como oportunidade. Uma necessidade porque precisamos dela para potencializar a nossa atividade, uma oportunidade porque surge como alternativa para diversificarmos os riscos a que estamos expostos e diminuir dependências.

É claro que uma estratégia mal planeada pode reverter-se num risco gigante, e por isso importa ressaltar a importância de apostar na inovação e na singularidade do produto a apresentar nos novos mercados. Perceber de que forma este será recebido no mercado, se com maior ou menor abertura, quem é o público alvo, e principais concorrentes, são aspetos fundamentais. Quais são, para si, os maiores desafios que a AIIE enfrenta face ao coronavírus? (BD) Um dos maiores desafios, e penso que seja transversal a qualquer organização que atue no mesmo sentido que nós, é quebrar uma certa tendência protecionista que possa ter emergido - as pessoas ficaram com medo e os negócios retraíram. Neste sentido, é nosso papel desmistificar algumas ideias e apresentar projetos e soluções para os nossos clientes. Mais do que tudo, é necessário mostrar que em situações de crise surgem também novas oportunidades. Paralelamente, parte da nossa atividade manteve-se bastante ativa pois adaptámo-nos rapidamente. Se por um lado os nossos consultores foram fundamentais para manter o contacto próximo com os clientes e procurar fazer a

manutenção dos projetos em curso, por outro, fomos procurando novas parcerias e projetos. Manter uma atividade dinâmica e pró-ativa neste cenário pode ser um fator muito importante para não perder espaço e oportunidades. Isto possibilita ainda criarmos uma imagem positiva e de suporte aos nossos associados que, obviamente, acabam por ser os maiores beneficiados das nossas iniciativas. Sempre com caráter inovador, o que falta conceber e o que podemos esperar do futuro da AIIE – Associação Internacionalização e Inteligência Económica? (DF) Apesar de ter apenas quatro anos de existência, a AIIE tem procurado ao máximo explorar oportunidades e envolver-se no mundo empresarial de forma ativa e empreendedora. Queremos criar sinergias, fomentar o crescimento e contribuir ativamente para o sucesso das empresas portuguesas. Atualmente encontramo-nos a explorar parcerias com outras entidades de forma a ter acesso a mais oportunidades e aumentar a nossa rede de parceiros. Já iniciamos alguns contactos e o feedback é bastante positivo. ▪

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ta e estamos a fazer um trabalho de acompanhamento e identificação de lacunas. De forma a auxiliar este processo, desenvolvemos o ‘Mosaico da Internacionalização’, uma ferramenta que agrupa um conjunto de serviços e áreas que consideramos essenciais para o processo de crescimento de uma empresa e sua consequente ida para o exterior. No mosaico destacamos as áreas onde prestamos consultoria e o objetivo é que sirva também como um pré-diagnóstico com perguntas e opções previamente estipuladas, o que possibilita que as empresas, ao irem respondendo, tenham uma perceção imediata de quais as áreas onde apresentam maiores deficiências e é urgente atuar. Isto torna o processo mais rápido e alinhado com os seus objetivos e ambições. Para além disso, apostámos na formação. Organizámos um Webinar bastante dinâmico sobre uma temática um pouco desconsiderada e ao qual tivemos uma grande adesão: A Comunicação Intercultural. Simultaneamente, estamos a desenvolver uma pós-graduação no âmbito da internacionalização em parceria com uma instituição de ensino superior. Tudo isto serve como um trabalho prévio e de grande relevância para uma fase posterior de saída para os mercados externos.


» COVID – 19 – ESTRATÉGIAS E DESAFIOS DAS MARCAS E ORGANIZAÇÕES

“É UMA INSPIRAÇÃO PODER CONTRIBUIR PARA A SOCIEDADE” Na fase em que a pandemia da Covid-19 se instalou, muitas foram as empresas que tiveram de se reinventar e ajustar à realidade atual. A Alprometal, em conjunto com o Portal Clean, decidiu produzir e fazer a promoção de um túnel de desinfeção e descontaminação. O principal objetivo desta unidade de desinfeção passa por prevenir e minimizar o risco de contágio entre a população, em benefício da segurança e do bem-estar de todos.

MANOEL DIONÍSIO, ALICE CARINA PINTO, ANGELINO MIRANDA, SÉRGIO BARATA

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oram diversas as estratégias que as empresas tiveram de colocar em prática, lutar contra um inimigo invisível é um desafio muito grande, (optamos por criar uma solução em resposta às adversidades que o novo coronavírus provocou na sociedade a nível mundial). Após muitas horas de estudo e dedicação da conceção à concretização - foram necessárias apenas três semanas. O trabalho em equipa foi uma das chaves para o sucesso: o Diretor Comercial da Alprometal, Angelino Miranda, criador da unidade de desinfeção e o Administrador do Portal Clean, Sérgio Barata, assim como Manoel Dionísio, promotores do mesmo, contaram-nos como foi todo este processo. “Começámos a desenhar, e nessa mesma semana demos vida ao primeiro protótipo da unidade de desinfeção, e já está neste momento, a ser comercializado”. A diminuição de risco de contágio por Covid19 foi algo que importou logo no início da pandemia a este industrial – manter os postos de trabalho, garantir o serviço continuado da unidade fabril e assegurar a segurança dos funcionários bem como todos os compromissos profissionais e pessoais. Além desta preocupação, o projeto acabou por tomar proporções maiores: a segurança e bem-estar da população. “Queríamos contribuir com a nossa criação para a sociedade com algo que fosse útil”, afirma Angelino Miranda, assessorado por Sérgio Barata, que lembrou que “isto não deixa de ser um negócio, mas é um desafio para o

bem da humanidade. É um negócio do bem e funciona como um auxílio é uma prevenção que estamos a oferecer à sociedade”. A unidade de desinfeção foi apresentada numa manifestação, em Lisboa, na qual a Direção Geral da Saúde teve oportunidade de experimentar, averiguar os seus componentes e aprovar o projeto. DO QUE SE TRATA O TÚNEL DE DESINFEÇÃO E DESCONTAMINAÇÃO? No processo de construção tiveram o acompanhamento de uma empresa especializada em produtos químicos que os apoiou na fase de ajuste do protótipo. Esta unidade permite a desinfeção e descontaminação profunda em espaços com grande fluxo de pessoas, reduzindo assim o risco de contágio. “Servimos a todos o tipo de indústrias: hotéis, estádios de futebol, aeroportos, ou seja, tudo o que tenha muita afluência de pessoas”, garantem Angelino Miranda e Sérgio Barata. A unidade de desinfeção tem um deposito incorporado que nos permite por cada reabastecimento desinfetar até aproximadamente 13000 pessoas continuas num curto espaço de tempo, sendo que cada desinfeção tem uma duração de apenas 3 segundos. A unidade de desinfeção é ativada por um sensor de movimento que ativa na presença de uma pessoa e cria uma neblina que contém um desinfetante pulverizado por aspersão, sendo o suficiente para garantir uma

“TEMOS OS TESTES DO LABORATÓRIO PRODUTOR DO BIOCIDA RECOMENDADO E A CONCLUSÃO É QUE REDUZ EM 99 POR CENTO AS BACTÉRIAS”


“A UNIDADE DE DESINFEÇÃO É ATIVADA POR UM SENSOR DE MOVIMENTO QUE ATIVA NA PRESENÇA DE UMA PESSOA E CRIA UMA NEBLINA QUE CONTÉM UM DESINFETANTE PULVERIZADO POR ASPERSÃO, SENDO O SUFICIENTE PARA GARANTIR UMA DESINFEÇÃO COMPLETA DAS ROUPAS, CABELOS, MÃOS, CHAVES, TELEMÓVEIS, ENTRE OUTROS PERTENCES E OBJETOS QUE POR LA PASSEM”

desinfeção completa das roupas, cabelos, mãos, chaves, telemóveis, entre outros pertences e objetos que por la passem. Como suplementos, existe também um tapete de desinfeção que se pode acoplar à unidade e um Face ID que mede a temperatura corporal e pode ser incorporado a uma base de dados. «MADE IN PORTUGAL» No mercado existem outras soluções com o mesmo princípio, no entanto esta destaca-se por variadas razões: a sua estrutura é robusta e antivandalismo, tem uma capacidade de grande fluxo de pessoas num curto espaço de tempo, estando também preparada para pessoas com capacidade reduzidas, existe também a possibilidade de personalização da imagem à medida de cada cliente, seja essa personalização estática ou dinâmica, inclui um kit de rodas para fácil mobilização e claro está, é produzida em Portugal. “Temos os testes do laboratório produtor do biocida recomendado e a conclusão é que reduz em 99 por cento as bactérias”, asseguram os nossos entrevistados. Esta é uma das muitas vantagens que a máquina detém, porém, ao idealizar o protótipo inicial, foram também pensadas questões como a tecnologia e a sua evolução. “O reconhecimento facial encontra-se preparado para comunicar com um sistema de entradas e saídas de funcionários de fábricas por exemplo, ou para bilheteiras e contagem de pessoas. Podemos também interligar o nosso sistema a um banco de dados da polícia, caso nos seja solicitado sendo possível dessa

forma identificar todas as pessoas que por ali passarem”, afirma Sérgio Barata. Mas não fiquemos por aqui, no aeroporto “a unidade de desinfeção é importantíssima, uma vez que por ali passam comandantes, tripulação e passageiros de todo o mundo”, colocando em cima da mesa a questão emocional que não foi esquecida no processo. Os nossos entrevistados afirmam que “ao entrar no aeroporto, se passarmos pela unidade de desinfeção, temos a garantia de que vamos minimizar o risco de contágio. Isto vai criar um efeito psicológico muito positivo nas pessoas porque vão ficar, de certa forma, mais descansadas”. Outra vantagem mencionada pelos nossos interlocutores, é a redução dos custos de mão-de-obra atuais que, muitas indústrias foram obrigadas a acrescentar para manter a saúde e segurança pública. “Não será necessária mão-de-obra para estar nas entradas a medir a temperatura das pessoas, acabando assim com as filas nos hospitais e supermercados por exemplo, tornando tudo mais célere e eficaz, uma vez que a unidade de desinfeção é capaz de fazer todo esse controle de forma segura e autónoma. Este projeto não foi pensado apenas para fazer frente à Covid-19 e apelar à segurança mundial, fazendo também todo o sentido numa fase pós pandemia, uma vez que, além de todas as utilidades já referenciadas, um dos objetivos passa por implementar a unidade de desinfeção em escolas públicas e privadas. “A ideia é que todas as crianças, ao entrar na escola, passem pela cabine e uma vez que a mesma contém Face ID, se a criança não aparecer no prazo de meia hora após o início das aulas, os pais recebem a informação no seu telemóvel”, afirmam, acrescentando que “além dos pais ficarem descansados por saberem que a criança está em segurança, acabam por saber também que, ao passar pela unidade de desinfeção a criança está também desinfetada e descontaminada, reduzindo assim os riscos de contágio”. UM APELO MUNDIAL À SAÚDE PÚBLICA Ao idealizarem o projeto do túnel de desinfeção e descontaminação, pensaram, obviamente, na saúde pública, na questão emocional, na tecnologia que está notoriamente cada vez mais evoluída, em poupar recursos às empresas e consequentemente gerar a possibilidade de as mesmas voltarem a trabalhar ou pelo menos, lentamente, voltar à sua rotina. “É uma inspiração poder contribuir, de facto, e com total eficácia, para a sociedade”, afirmam os nossos entrevistados. Em Portugal o feedback tem sido positivo, mas não só. França, Suíça, Inglaterra e Brasil também começaram a apostar neste equipamento, para o bem dos seus cidadãos. “A nível nacional respondemos mais rápido, mais precisamente à volta de quinze dias úteis. O processo de exportação é mais moroso, dependendo do país”, garantem os nossos interlocutores. Para Angelino Miranda, Sérgio Barata, Manoel Dionísio e toda a equipa que está por detrás de todos os processos, é necessário apelar às câmaras municipais para a importância que este túnel de desinfeção e descontaminação tem nas vias públicas, como nas praias nesta altura do ano, “pretendemos oferecer o máximo de proteção possível à população, estamos a apelar à segurança nacional e assim dar uma melhor qualidade de vida em tempos tão difíceis” finalizam os nossos entrevistados. ▪



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» TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E INOVAÇÃO

"CONTRIBUIR SIGNIFICATIVAMENTE PARA A INDÚSTRIA COM SOFTWARE INOVADOR" Portugal vive um momento positivo no que concerne à transformação digital, até porque hoje existe recetividade em perceber como a inovação pode ser utilizada na promoção de negócios e atividades. A Revista Pontos de Vista conversou com Carlos Ferreira, CEO da CSI Portugal, uma marca focada em aportar valor aos clientes e claramente direcionada para a promoção da tecnologia e da inovação.

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uando foi edificada a CSI Portugal e de que forma é que a marca tem vindo a contribuir para o mercado, apostando em pilares como a excelência, a diferenciação e uma dinâmica positiva de valor através de produtos e serviços de vanguarda? Em 2004, em resultado de uma grande paixão por software, elementos finitos e engenharia, dei os primeiros passos para estabelecer uma atividade empresarial focada naquilo que desde 2009 se transformou nas marcas CSI Portugal e CSI España. Por outro lado, a CSI Computers & Structures, empresa americana sediada na Califórnia, com a qual mantemos uma estreita ligação e dependência, iniciou a atividade em 1975, numa década de ouro e clara expansão das tecnologias associadas aos elementos finitos. A tecnologia subjacente aos produtos que vendemos, os elementos finitos, é por si um pilar fundamental da evolução tecnológica nas últimas décadas da civilização moderna. Sem os elementos finitos não teríamos o mundo que conhecemos hoje e não teríamos os desenvolvimentos que hoje reconhecemos em estruturas, aeronáutica, aeroespacial, naval, medicina, electrónica, geotecnia e muitas outras áreas onde a modelação de problemas do nosso mundo pode ser simplificadamente resolvida com a resolução de equações diferenciais. A nossa missão tem sido garantir uma consistente qualidade e evolução dos nossos produtos e fundamentalmente prestar aos engenheiros que usam estas tecnologias, serviços de suporte técnico e formação muito focadas nos problemas de engenharia e numa clara e transparente aplicabilidade de conceitos científicos e académicos em problemas reais, contribuindo para uma formação contínua que vai muito para além da simples utilização do interface do software. A nossa maior diferenciação qualitativa está a montante, relacionada com a nossa paixão por engenharia, desenvolvimento de software e elementos finitos. Sabemos que hoje, cada vez mais, vivemos num período em que a Transformação Digital, mais que uma necessidade, passou a ser uma exigência. Neste sentido, de que forma é que a CSI Portugal tem vindo a promover e a apoiar os seus clientes neste processo para um domínio mais inovador? Por termos tido desde sempre um foco em software, temos estado naturalmente envolvidos na transformação digital. Vários aspetos relacionados com, por exemplo, o licenciamento dos nossos produtos, com a forma como gerimos a relação comercial e de suporte com os clientes, com as ferramentas que usamos para ministrar formações, com as tecnologias que usamos para desenvolver software e soluções para clientes, demonstram claramente a forma como estamos, nós e os clientes, profundamente dependentes e enraizados

CARLOS FERREIRA

nas tecnologias digitais. Apostamos também em inovação, mas neste caso associada a tecnologias computacionais que são usadas nos nossos produtos e que fazem parte do nosso processo interno de investigação e desenvovimento para criar soluções inovadoras que beneficiem os engenheiros e clientes em geral.

do e crescente interesse na implementação de tecnologias BIM (Building Information Modeling) que tem permitido um "A nossa mais eficiente processo maior diferenciação de comunicação e parqualitativa está a tilha de dados entre os montante, relacionada vários intervenientes no processo de desenvolcom a nossa paixão vimento de projetos de por engenharia, infra-estruturas como desenvolvimento de edifícios, estruturas software e elementos industriais e pontes, confinitos" duzindo potencialmente a reduções significativas de custos, erros e omissões duranSente que hoje os empresáte a fase de projeto. Existe também a consciência que a inovação digital rios lusos estão mais recetivos às pode em algumas situações, potencialmente necessidades de tornar os seus negócios tornar alguns dos processos de engenharia mais mais direcionados para a inovação e para a transopacos, mais rígidos e mais dependentes daquiformação digital? Em geral os empresários e os engenheiros com lo que as empresas que desenvolvem software quem nos relacionamos estão naturalmente recetenham implementado como solução. Em suma, é um caminho inevitável, vantajoso, mas que tem tivos à transformação digital e muito interessados que ser percorrido com as devidas precauções para em perceber como a inovação pode ser usada na que a qualidade da engenharia ou do processo sua atividade. Por um lado, sentem-se normalmencriativo nunca seja colocada em causa. te atraídos por tecnologia e gostam de explorar as tendências mais recentes e, por outro, do ponto de De que forma é que a Inteligência Artificial covista empresarial, sentem que faz sentido procurar ou explorar transformações digitais que tornem o meça, cada vez mais, a ser analisada em Portugal negócio mais rentável e competitivo. Exemplificancomo uma importante fonte no que concerne à Inovação? Qual o papel da CSI Portugal no domído, nos últimos anos temos assistido a um profun-


de forma bastante comum a inteligência artificial a ser usada na interpretação de imagens, vídeos, voz, texto, entre outros, mas, na nossa área, temos necessidade de ter o computador a interpretar e compreender modelos de forma que seja possível auxiliar o processo de decisão e modelação do engenheiro. Como observação final, parece-me interessante referir que embora IA tenha aberto uma enorme oportunidade para abordar problemas e encontrar soluções que seguindo metodologias programáticas tradicionais seria muito difícil ou mesmo impossível, é importante perceber que existem riscos associados à difícil previsibilidade de IA em situações relativamente diferentes daquelas para as quais foi treinada e não devemos olhar para IA como uma solução mágica para tudo mas como uma ferramenta auxiliar que irá progressivamente demonstrar o seu potencial à medida que o hardware e a capacidade de “ensinamento” de sistemas de IA sejam melhorados. Sendo vocês uma empresa que olha para inovação como um objetivo, sente que hoje em Portugal vivemos uma senda de procura pela transformação digital e inovação? A pandemia da COVID-19 veio acelerar esse processo? Portugal parece-me sem dúvida um país cheio de talentos e pessoas inteligentes. Sinto uma clara sensação de termos um tecido empresarial e académico com bastante “eficiência” em inovação e em penso que existe uma motivação clara, quer do ponto de vista de quem gere fundos públicos e privados, quer do ponto de vista de quem desenvolve a indústria, de tornar Portugal numa crescen-

te referência em inovação. A pandemia que agora enfrentamos lançou grande parte das empresas e instituições para uma solução de trabalho remoto e parece-me que não só forçou e motivou a uma melhor utilização de metodologias de gestão e comunicação remotas associadas a tecnologias de informaçao, como adicionalmente impulsionou muitas empresas desta área a criar soluções inovadoras para dar resposta a múltiplos desafios, oportunidades e necessidades que, entretanto, surgiram. Diria que a pandemia veio criar picos de inovação, mas em geral, sem considerarmos futuros efeitos de possíveis novas e eficientes políticas de relançamento da economia, corremos o risco de haver um estrangulamento da inovação, se local e globalmente assistirmos a uma retração económica significativa. O que podemos continuar a esperar da CSI Portugal para o futuro e quais os desafios que se colocam à marca neste domínio da inovação? A CSI Portugal, está claramente focada em criar valor tecnológico e inovação do ponto de vista do software que estamos a desenvolver, assim como criar valor na forma como contribuímos com cursos formativos, consultoria e suporte técnico para os nossos clientes. Os desafios claros que temos pela frente são fundamentalmente dois. Contribuir significativamente para a indústria com software inovador e impulsionar o necessário reconhecimento da profissão de engenheiro de estruturas como uma importante e muito relevante atividade do nosso tecido social, científico, empresarial e económico. ▪

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nio da IA? É legítimo afirmar que a IA é o futuro? O termo inteligência artificial é por vezes usado num âmbito demasiadamente amplo. Existem muitas tecnologias digitais que atualmente são usadas de forma muito inteligente, de forma inovadora e disruptiva, mas na verdade não são de todo inteligencia artificial. Por exempo, hoje vemos na área do projeto de arquitetura cada vez mais modelações geométricas paramétricas, formas cada vez mais criativas assistidas pelo software, mas não são necessáriamente fruto de inteligência artificial. É importante definir o que separa inteligência artificial do resto. Inteligência artificial necessita de um ou mais sistemas que sejam capazes de intepretar dados externos, aprender através desses dados externos e posteriormente aplicar essa aprendizagem em tomadas de decisões, classificações, ou simplesmente atingir objetivos e realizar tarefas. Assistimos nos últimos anos a uma crescente divulgação e aplicabilidade de IA em Portugal e em empresas portuguesas, sendo que nos parece óbvio uma continuidade desta tendência. Nós consideramos a inteligência artificial como uma tecnologia fundamental que está e vai continuar a mudar a forma como a sociedade funciona e parece-nos incontornável que também esteja e venha a ser usada na nossa área de trabalho de engenharia cada vez mais. Actualmente já se dão alguns passos nessa direção e a nossa empresa está envolvida num projeto onde a médio prazo a inclusão de AI fará parte do processo de investigação e desenvolvimento, onde se irá prototipar a capacidade intepretativa de bases de dados vectoriais de modelos geométricos. Hoje em dia vemos


» COVID – 19 – ESTRATÉGIAS E DESAFIOS DAS MARCAS E ORGANIZAÇÕES

“A ANGOLA CABLES MANTÉM-SE COMPROMETIDA COM A PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE ALTA QUALIDADE” Qual o impacto da Covid-19 nas marcas e empresas? De que forma é que as mesmas tiveram de se adaptar a novos modelos de atuação? O que podemos retirar deste momento menos positivo a nível mundial? Sobre estas e outras questões, a Revista Pontos de Vista conversou com Samuel Carvalho, Responsável de Comunicação da Angola Cables, que nos deu a conhecer a forma como a marca, mesmo num contexto complicado, soube manter-se próxima dos clientes e do mercado.

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stamos actualmente a passar por um momento excepcional causado pela Covid-19. Como a marca se sentiu “obrigada” a adaptar-se a esses novos tempos e realidade? Na verdade a pandemia obrigou-nos a uma mudança na estratégia de marketing e comunicação da empresa, subitamente passamos a uma comunicação de gestão de crise que nos obrigou a antecipar necessidades, redefinir modelos de comunicação e ajustar formatos de trabalho e interação com o nosso negócio, a centralizar a nossa atenção na gestão de empatia e relacionamento em primeiro lugar com os nossos colaboradores e em segundo lugar com os nossos clientes. A marca passou a um discurso de confiança, compromisso e responsabilidade de atuação para garantir que os nossos clientes teriam as condições optimas para enfrentar os picos de tráfego que subiu três vezes na nossa rede, sem quaiquer incidentes. E cumprimos até com o lançamento de novos produtos de formato flexível para adaptação do cliente ao negócio em ambiente Covid ou garantido o dobro da capacidade pelo mesmo custo articulando com os operadores em alguns mercados. Desenvolvemos um plano de gestão de comunicação de crise praticamente antecipando em dias os confinamentos de Angola, Africa do Sul e Brasil, plano que, em primeiro lugar, criou bases de comunicação interna sem precedentes em cima de um conceito Global “We are online ready” onde a nossa matriz de aplicações de trabalho internas estavam já totalmente ligadas em apps de share e trabalho optimizado no digital há anos, onde o nosso posicionamento de marca “Deep Connection” de cliente, de produto e mercado, foi fundamental para entendermos que se nascemos no digital, sempre tivemos uma ligação digital pelo produto “internet” que vendemos e, agora era a hora de assumir que o nosso local de trabalho seria totalmente digital, ligando os três continentes de atuação e três ou quatro fusos horários, sem sairmos de casa e que unidos, e informados seríamos mais fortes par enfrentar o novo momento (lembrar que trabalhamos com escritórios em Angola, Brasil, África do Sul) . Hoje praticamente no final da primeira vaga sabemos que a pandemia da COVID-19 apresentou desafios sem precedentes às pessoas e aos negócios por todo o mundo, mas a nossa resposta esteve exemplar, orgulhosamente mostrámos que a Angola Cables na sua matriz Angolana tem profissionais Top Tier e que só a nossa resposta

SAMUEL CARVALHO

de prioridade imediata ao nivel da Comissão Executiva e Gestão de Talentos e Administrativa com o Marketing extendida as equipas de todos os níveis, nos permitiu ter uma task force decisiva para agirmos com responsabilidade, cuidado, e com a devida consideração na implementação de medidas nas nossas operações, para minimizar os riscos impostos pelo vírus aos nossos colaboradores, parceiros de negócios e clientes. Que medidas teve que tomar para permanecer próximo aos seus clientes? Trabalhamos num plano diário dirigido pela Direção de Talentos Humanos da Angola Cables para antecipar as necessidades de trabalho, criação de condições de trabalho remoto, informação de conduta pessoal sobre o virus e conduta profissional de relação com clientes com “risco zero” nos nosso pontos de contacto em instalações de serviço de engenharia ( NOC e Data Center) onde virtualizámos a relação ao máximo e garantir os nossos SLA’s perto dos 100% como é habitual, substituindo eventos de participação física por Webinares, reuniões comerciais fisicas por atendimento comercial online e atendimento técnico por “NOC” o mais virtualizado possivel com acesso remoto configurado de alta resposta a qualquer necessidade de configuração de rede. A Angola Cables foi a primeira empresa de telecomunicações a implementar o teletrabalho,

incentivando os nossos parceiros de negócios e colaboradores em todo o Mundo a fazerem uso de ferramentas de “Teletrabalho/ teleconferência”, sempre que possível no caso de Angola, mesmo antes da declaração oficial do estado de emergência. Garantimos que as nossas equipas pelo mundo estariam tal como os nossos clientes conectadas eficientemente com o acesso às nossas redes de cabos submarinos, às nossas instalações de data center e aos nossos serviços na AC Cloud 24 sobre 24 horas para as aplicações de teletrabalho e acesso a aplicações. Todos os clientes, colaboradores e visitantes que por algum motivo de força maior entrem em qualquer uma das nossas instalações, é-lhes solicitado que preencham um questionário relacionado à sua saúde e desde início medida temperatura. Para salvaguardar a saúde e a segurança das nossas instalações, apenas aqueles que não estivessem fora do país nos 14 dias anteriores ao lockdown, sem sintomas ou condições de saúde prevalecentes teriam acesso garantido às mesmas. Foi instituida uma escala rotacional para o pessoal de serviço essencial na nossa organização para garantir a continuidade das nossas operações e serviços. Para além de todas estas medidas, a empresa continua totalmente comprometida no que respeita à manutenção das operações ininterruptas com 100% de operabilidade e 0% de risco de infecção. Hoje com praticamente toda a companhia em teletrabalho a não ser pessoal extremamente necessário, podemos dizer que fizemos um trabalho extraordinário de comunicação interna com sessões semanais online com a participação de toda a equipa Angola Cables, onde todos incluindo Comissão Executiva levámos temas do quotidiano, debatemos o virus, o medo, a oportunidade, a família, o futuro e o negócio, estivemos a viver a pandemia, o lockdown em “família” Angola Cables, essa proximidade trouxe conhecimento, confiança, relação e inovação. Na vertente externa fomos rigorosos e atuantes, criamos páginas de FAQ’s COVID-19 no nosso site, regras de relação do cliente com a infraestrutura Angola Cables e substituimos os eventos físicos e viagens comerciais, por uma relação online omnichannel: Webinares, lives Instagram e conversas com jornalistas, email marketing táticos, sessões de formação, sessões de esclarecimento científico com o objectivo de inverter


Acredita que Angola aproveitará este momento menos positivo no mundo para então promover a digitalização do país como um modelo económico, no sentido de aprimorar a evolução tecnológica? A pandemia global da COVID-19 veio antecipar algo que já sabíamos que viria a acontecer mais cedo ou mais tarde em todo o Mundo, aumento de 40% das conexões e uma necessidade de reduzir distanciamento social e profissional com redes robustas para enfrentar a alta demanda com débitos eficientes. Angola tem hoje uma rede de internet de qualidade, foi dos primeiros países do Mundo a ter 4G e dos primeiros de África, a oportunidade está aí para que o digital crie formas de melhoria das distâncias sociais e económicas que se vivem em África versus o resto do Mundo.

Hoje temos excelentes engenheiros Africanos a trabalhar na Angola Cables e a empresa “exporta conhecimento” de Angola para o resto de Africa e para o Mundo, temos casos de sucesso de colaboradores a sair para grandes empresas mundiais. As grandes GAFA (Google, Amazon, Facebook, Apple) e a Microsoft têm hoje centros de desenvolvimento digital de novos produtos, o mesmo acontece no Brasil, onde no caso da Angola Cables testamos modelos de negócio e incubamos novos produtos e conteúdos para levar para Africa na lingua portuguesa. A posição da Angola Cables na digitalização Atlântica e a credibilidade da Angola Cables no mundo digital Mundial é hoje uma grande valia para Angola, tem sido fundamental em vários projectos premiados para a Angola Cables, tanto em Angola quanto internacionalmente, trabalhamos como uma operadora top tie, temos qualidade de conexão muitas vezes acima das top Tier Mundiais para melhorar o acesso e a conectividade à economia digital e assumir claramente que o mundo Pós-Covid se vai reinventar com ligações Sul-Sul pelo Atlantico, Ásia-Africa-Américas. A operação do Sistema de Cabos do Atlântico Sul (SACS) é apenas um exemplo, o Data Center Tier III do Ceará outro exemplo que demonstra o quão única é a nossa posição para que o Mundo coloque Africa no Centro e Angola como Hub de entrada e saída da Africa Digital. O que é que o país e seus principais actores económicos e empresariais devem perpetuar neste sentido, isto é, de uma ‘’revolução’’ digital e tecnológica? A Angola Cables tem defendido esse aspecto mais inovador? Como? Os projectos a serem actualmente desenvolvidos pela Angola Cables estão estruturados para promover melhores comunicações globais. Estes projectos não são apenas específicos de cada país, mas também trazem benefícios tangíveis para África em relação à sua futura conectividade digital com o resto do mundo. Evoluimos a nossa marca com o nosso conceito, Deep Connection. A Angola Cables tem se focado em colaborações com os seus parceiros de forma a promover a conexão global. Temos feito isto através da nossa ligação sul-sul com os continentes Sul Americano, Africano e Asiático. A conectividade digital é fundamental para acelerar o desenvolvimento social e económico em todas as nações de África e mundo. Como tem a Angola Cables motivado os seus colaboradores com a sua cultura organizacional? Reforçamos a nossa cultura organizacional e de marca com o nosso posicionamento de marca no centro de tudo, “Deep Connection” é quase uma filosofia de proximidade e conhecimento interno em primeiro lugar, com formação, capacitação de quadros, condições únicas de trabalho empatia e suporte que também é hoje um case study de inovação. Mais do que colaboradores, trabalhamos dentro de uma família angola Cables, onde as relações com a hierarquia são cada vez mais de proximidade e abertura trabalhando um ambiente de comunicação e orientação para melhoramento de hard e soft skills de alta performance com altissima qualidade da equipa de Talentos Humanos liderada pela Paula Ferreira . Procuramos nos nossos colaboradores uma lista de características fundamentais que resumem

o espírito Deep Connection da marca Angola Cables. Atitudes adequadas ao espírito multi-cultural e tolerante de negócio digital são os pilares que sustentam esse momento da Angola Cables através doa quais os nossos colaboradores, chamados de talentos, adoptam uma filosofia de equilibrio emocional na vida pessoal e profissional. Ser Deep Connector é ser acima de tudo resiliente, criativo, inspirador, responsável, integro, flexível, business oriented e empático, simbolizando que a participação de cada um é fundamental para qua a Angola Cables faça o que melhor sabe, inovar e estar Deep Connected. Olhando para a pandemia da Covid-19, que novos desafios ela traz para o sector de comunicações? A pandemia da Covid-19 teve um impacto ainda por avaliar na economia global e pode levar muitos anos para que o mundo se recupere dos seus efeitos . A Angola Cables teve um elevado crescimento no tráfego na rede IP no primeiro trimestre de 2020, com um aumento de três vezes year on year. Não podemos negar, o mundo chegou a um ponto digital que talvez não volte atrás, devido à necessidade do acesso a conteúdos digitais, as mudanças digitais que observávamos em periodos de picos anuais ( Natal, ou eventos de lançamento) chegaram em horas após cada Lockdown e elevou o consumo de ferramentas de colaboração e streaming, a media digital e o comportamento de consumo para níveis de “novo normal”. É por isso uma oportunidade para o sector de comunicações trabalhar no que melhor sabe, novos produtos, novas formas de entender o cliente digital, novas formas de relacionamento e esperamos todos, novas formas de auxilio da comunidade de pesquisa científica para que tenhamos capacidade de interpretação de dados e de agregação valor com nova inteligência que melhor a vida de todos e esperamos todos ajudem os países com maiores assimetrias a dar saltos de digitalização e capacidade económica, algo que devia acontecer cada vez mais em África . Quais são os principais desafios que a Angola Cables está a enfrentar em 2020? O que podemos esperar da marca para este ano? Enquanto o mundo enfrenta os desafios sem precedentes da pandemia do COVID-19, a Angola Cables mantém-se comprometida com a prestação de serviço de alta qualidade, eficiência e competência aos nossos clientes, contribuir para que a internet em Africa e no Brasil tenha capacidades para acompanhar a evolução de novos serviços e tecnologias. Estamos, com efeito, comprometidos do ponto de vista da continuidade dos negócios, com as nossas equipas a fornecer conectividade e acesso às nossas redes de cabos submarinos, às nossas instalações de data center e aos nossos serviços de Cloud 24 horas por dia, sete dias por semana sem falhas. E continuaremos a pensar inovação para que as nossas equipas de engenharia e Data Scientists possam fornecer informações e recursos para ajudar no conhecimento deste e de outros virus e ajudar as redes científicas e de educação a ter mais interligação e acesso a conteúdos de pesquisa entre países por via das nossas ligações de internet a mercados emergentes. ▪

69 JULHO 2020

a tendência de “freeze e medo” para dominar a agenda da pandemia antes que esta nos dominasse a nós. Foi redesenhada a comunicação externa e interna em função do nosso negócio, do nosso objectivo, especialmente combatendo a desinformação sobre o virus, que obrigou a um esforço de proximidade das equipas entre si e das equipas com os clientes B2B com quem trabalhamos, entendendo sentimentos, dificuldades de cada cliente. Em termos de planeamento de investimento de comunicação, divergimos mais investimento para o online, sem pensar no corte, mas acima de tudo pensando na estratégia de optimização dos meios e conteúdos no digital para estarmos no top of mind da nossa categoria e na cabeça do cliente com propósito. A nossa Agencia Global de design e comunicação no Brasil “Advance” e as nossas agências de media relations do Brasil, Angola e África do Sul, estiveram sempre em modo parceiro e dinamizador para que conseguíssemos sempre criar formatos de comunicação adequados e estar a demonstrar segurança, confiança e eficiência ao mercado de opinion making e clientes num período de overload de demanda digital. Mais do que nunca, assumimos que era hora de transmitir confiança e tranquilidade, de reforçar os laços com os clientes atuais e potenciais. Comunicar esperança, combater medo e incerteza e fazer o nosso business as usual de comunicação e captação de oportunidades com base na percepção da nossa eficiência e qualidade de serviço. Fizemos um esforço de comunicação atento e dimensionado one2one aos nossos atuais clientes porque naturalmente sabemos que a aquisição de novos clientes custa cinco vezes mais do que a retenção dos atuais clientes. A nível de produto trabalhámos na criação de novos produtos diferenciados em cima do core, para acessos remotos em Peering e soluções flexiveis de contratação de IP adequadas ao momento de alta demanda. Também na investigação científica associada a responsabilidade social demos passos seguros e inovadores, a equipa de Data Science da Angola Cables trabalha num estudo pioneiro com o instituto “Respira Brasil”, em prol da futura interpretação da pandemia com a utilização de Data e Artificial Inteligence para padronizar e interpretar Raio X de doentes infectados que vai permitir partilhar dados com hospitais de todo o Mundo, especialmente em África.


» COVID – 19 – ESTRATÉGIAS E DESAFIOS DAS MARCAS E ORGANIZAÇÕES

O NOSSO COMPROMISSO TOYOTA CAETANO PORTUGAL EM TEMPOS DE PANDEMIA

PONTOS DE VISTA

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2020 vai ficar para a história como um ano de enormes desafios para a maior parte das empresas, independentemente da sua dimensão. Atualmente continuamos a acompanhar o desenvolvimento da pandemia em Portugal e no mundo com o máximo cuidado, mantendo as nossas prioridades: a saúde e a segurança dos nossos funcionários, assim como dos nossos clientes e fornecedores, estão em primeiro lugar, mas estamos muito focados em garantir igualmente a saúde/segurança e o funcionamento com normal tranquilidade, das operações logísticas dos nossos clientes.

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esde o início, mantivemos os serviços de assistência totalmente operacionais e disponibilizamo-nos para colaborar com os nossos clientes na procura de soluções que pudessem mitigar os efeitos penalizadores da paragem de muitas operações. E tudo foi possível graças às excelentes relações de parceria que temos com os nossos clientes, e à robustez do Grupo Salvador Caetano. Neste período, a boa comunicação foi de extrema importância e por isso foram tomadas medidas para apoio a nível interno e externo, através por exemplo de uma série de documentos criados especificamente para responder a dúvidas que os colaboradores e clientes nos iam colocando. Estes documentos abordam regras para funcionamento durante a pandemia, com o objetivo de reduzir riscos na utilização dos equipamentos por várias equipas. Exemplos

destes documentos são: regras sobre como utilizar e limpar equipamentos; regras sobre como lidar com as equipas que trabalham e assistem equipamentos de movimentação de cargas; regras de atuação quando os equipamentos ficam parados durante muito tempo, etc. Estes guias são disponibilizados livremente via website da marca www.empilhadores.toyota.pt. Deparamo-nos com a necessidade de apoiar empresas que pararam as suas atividades e que por isso precisaram de alternativas para reduzir custos e igualmente com empresas que tiveram que dar resposta a um aumento da procura. Por isso mantivemos a atividade, no que diz respeito aos serviços de assistência e ao aluguer. Já no que diz respeito a vendas de equipamentos novos, assistimos a uma quebra substancial de mercado (superior a 50%), que nos afetou bastante, nomeadamente nos meses de estado de emergência, mas mantemo-nos confiantes e a

ATUALMENTE ESTAMOS A LANÇAR UM NOVO PORTA-PALETES ELÉTRICO DE ENTRADA DE GAMA E QUE ESTAMOS IGUALMENTE MUITO CONFIANTES NA ACEITAÇÃO POR PARTE DO MERCADO. PARA ALÉM DE IMPLICAR UM REDUZIDO INVESTIMENTO VEM DAR RESPOSTA A UMA MULTIPLICIDADE DE APLICAÇÕES E POR ISSO PERMITE-NOS AFIRMAR QUE “ENCAIXA EM QUALQUER NEGÓCIO”


uma eficiência energética muito superior. Estamos muito satisfeitos com a reação positiva que está a criar no mercado e confiantes nos resultados de vendas que traga para a marca. Atualmente estamos a lançar um novo porta-paletes elétrico de entrada de gama e que estamos igualmente muito confiantes na aceitação por parte do mercado. Para além de implicar um reduzido investimento vem dar resposta a uma multiplicidade de aplicações e por isso permite-nos afirmar que “encaixa em qualquer negócio”. Na verdade, todos os utilizadores de porta-paletes manuais que procuram aumentar a sua produtividade ou melhorar a saúde e o bem estar das suas equipas, podem agora obter a resposta ideal por menos de 1900 euros, com o novo BT TYRO da Toyota, que também está disponível para encomenda direta através do website da marca www.empilhadores.toyota.pt. ▪

“ATÉ LÁ CONTINUAMOS A DAR TODO O NOSSO APOIO PARA RESPONDER DA MELHOR FORMA ÀS NECESSIDADES, RECONHECENDO QUE TEMOS VÁRIAS ALTERNATIVAS PARA AJUDAR OS CLIENTES. A INCERTEZA RELATIVAMENTE A UMA SEGUNDA VAGA DO VÍRUS, TEM LEVADO ALGUNS CLIENTES A OPTAREM PELO NOSSO ALUGUER DE CURTO PRAZO, DADA A MAIOR FLEXIBILIDADE E À REDUÇÃO DO RISCO EM TERMOS DE INVESTIMENTO”

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acreditar que a recuperação ainda vai ocorrer este ano, até porque o último mês já foi bastante mais promissor. Até lá continuamos a dar todo o nosso apoio para responder da melhor forma às necessidades, reconhecendo que temos várias alternativas para ajudar os clientes. A incerteza relativamente a uma segunda vaga do vírus, tem levado alguns clientes a optarem pelo nosso aluguer de curto prazo, dada a maior flexibilidade e à redução do risco em termos de investimento. Curiosamente este ano, estamos com novidades de lançamento de produtos novos e várias campanhas a decorrer. Temos estado a comunicar o novo LEVIO LWI160 com capacidade para 1,6 ton. Este porta-paletes elétrico foi pensado à volta das baterias de iões de lítio, e por isso surge muito mais compacto, mais leve e por isso com


BREVES BREVES FOTO: DIREITOS RESERVADOS

Tratamento inovador para rejuvenescimento facial chega a Portugal

Compras no Continente através da Uber Eats O Continente já está disponível na aplicação Uber Eats, que permite ao utilizador um serviço de entrega rápido. A mesma é feita entre as nove horas da manhã e as vinte e duas da noite, no próprio dia e em menos de trinta minutos. O serviço está disponível em Lisboa, na loja Continente Bom Dia Acqua Roma; no Porto, no Continente Bom Dia da Avenida da Boavista; e no Algarve, no Continente Portimão, Continente Modelo de Olhão, Lagos, Faro e Loulé.

Hostels e hotéis A AHP – Associação da Hotelaria de Portugal equiparou, em assembleia-geral, os hostels aos estabelecimentos hoteleiros. Segundo a AHP, esta alteração está em linha com a necessidade de rever o regime jurídico dos empreendimentos turísticos “para que se possa incluir o alojamento local de caráter coletivo”. No mesmo comunicado Raúl Martins, Presidente da AHP, explica que “a qualidade dos hostels em Portugal é reconhecida internacionalmente, e a gestão profissionalizada e ágil que têm é um exemplo a seguir. É por isso totalmente justificado que aquilo que os distingue e diferencia mereça tutela legal”.

PONTOS DE VISTA

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A aplicação StayAway COVID está quase a ser lançada Durante vários meses uma equipa de programadores esteve a preparar o lançamento da aplicação que indica aos utilizadores se estiveram em contacto com alguém - nos últimos 14 dias - que tenha tido um teste positivo para o novo coronavírus. Como funciona? É através do Bluetooth que os telemóveis comunicam entre si. Assim, se dois utilizadores da aplicação estiverem a dois metros de distância durante mais de quinze minutos, fica registado nos seus telemóveis e mais tarde, se um deles for diagnosticado com a infeção, poderá pedir ao médico um código que deve ser inserido na app, anunciando ao sistema que está positivo. Nenhum dado é revelado, apenas o dia em que esteve em contacto com alguém contagiado. Ainda não há dia marcado para o tão esperado lançamento, no entanto José Manuel Mendonça, Presidente da INESC-TEC (o instituto onde a aplicação está a ser desenvolvida), afirma em declarações à TSF, que será no fim do mês de julho.

O tratamento TRIBELLA™ chegou a Portugal após o seu sucesso em países como Itália, Espanha, Israel e EUA. Este tratamento consiste numa solução integrada e eficaz de rejuvenescimento facial, combinando três tecnologias num tratamento único. Distingue-se por uma abordagem que permite colmatar os vários efeitos de envelhecimento que a pele do rosto pode sentir, quer devido a fatores naturais, como a idade ou a contração habitual dos músculos, ou a outros como a poluição, a má alimentação, o stress e a exposição solar. Rosália Pedrosa, Managing Partner da Clínica Liberty explica que “o investimento em tecnologia de ponta, naquilo que de melhor sabemos que se está a fazer no resto do mundo, tem sido uma das linhas que guiam a atuação da Clínica Liberty desde o início. Há quatro anos, quando surgirmos, introduzimos no país uma tecnologia sem precedentes para o tratamento da transpiração. Agora, e acompanhando o desenvolvimento e especialização dos nossos serviços, com médicos de renome na área da Medicina e Cirurgia Estética, sabemos que o estamos a fazer de novo, mas desta vez com o foco no rejuvenescimento facial.” O tratamento TRIBELLA™ está disponível, em exclusivo, na Clínica Liberty Portugal na Avenida da Liberdade, em Lisboa. Durante o período de lançamento, o pack inicial de três sessões terá um valor especial, de forma a celebrar a sua chegada a Portugal.


Netflix ganhou mais 10.2 milhões subscritores Devido à pandemia de Covid-19 e ao confinamento obrigatório em todo o mundo, as pessoas “agarraram-se” aos filmes, aos documentários e às séries. De acordo com o comunicado da empresa ao The Verge, pode-se ler que “à medida que navegamos por estas circunstâncias turbulentas, estamos focados nos nossos membros ao continuar a melhorar qualidade do nosso serviço e levar novos filmes e séries aos ecrãs das pessoas”. Apesar disso, a Netflix adianta que “estamos à espera de menos crescimento na segunda metade de 2020 comparando com o ano anterior”.

Já pode ler o livro “O Balanced Scorecard” Ana Cristina Costa, licenciada em Contabilidade, com Especialização em fiscalidade e mestranda em Controlo de Gestão, lançou recentemente o livro “O Balanced Scorecard”. Aplicado ao setor hoteleiro, pode-se ler no seu interior que “o Turismo é uma das atividades com mais crescimento e desenvolvimento a nível mundial”, tendo utilizado como exemplo a comparação entre hotéis portugueses e angolanos, de quatro e cinco estrelas. É assim feita uma análise dos modelos de gestão deste setor, onde apresenta e avalia os resultados obtidos. Ana Cristina Costa afirma que “o recurso ao BSC poderá abrir um novo caminho para melhoria da performance”. Já pode ler o livro “O Balanced Scorecard” Ana Cristina Costa, licenciada em Contabilidade, com Especialização em fiscalidade e mestranda em Controlo de Gestão, lançou recentemente o livro “O Balanced Scorecard”. Aplicado ao setor hoteleiro, pode-se ler no seu interior que “o Turismo é uma das atividades com mais crescimento e desenvolvimento a nível mundial”, tendo utilizado como exemplo a comparação entre hotéis portugueses e angolanos, de quatro e cinco estrelas. É assim feita uma análise dos modelos de gestão deste setor, onde apresenta e avalia os resultados obtidos. Ana Cristina Costa afirma que “o recurso ao BSC poderá abrir um novo caminho para melhoria da performance”.

Trendy Market promove o que é nacional durante um mês Depois de em abril e maio o Trendy Market ter colocado Oeiras no mapa dos mercados pop-up online com dezenas de expositores à distância de um clique, agora, produtos de design, moda, decoração, gourmet, joalharia e cerâmica portugueses estão de volta de 18 de julho a 16 de agosto. O site apresenta-se assim como «o espaço para a promoção e venda do resultado do trabalho de pequenos produtores e empreendedores que aqui dão a conhecer os seus produtos e tentam aumentar a relação de confiança com o seu público», explica a organização em comunicado. O funcionamento é muito fácil: As marcas estão reunidas em www.trendymarket.pt, onde o Mercado vai estar em permanência de 18 de julho a 16 de agosto, entre as 10h00 e as 19h00. Os visitantes entram em www.trendymarket.pt onde encontram as marcas segmentadas por conceitos e depois basta escolher a marca, sendo remetidos para o site do expositor onde poderão encontrar milhares de produtos e agilizar com a sua marca eleita a compra nas melhores condições.

73 JULHO 2020

BREVES BREVES





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