Revista Pontos de Vista Edição 105

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Pontos de Vista Nº 105 | OUTUBRO 2021 (MENSAL) | 4 Euros (CONT.)

SADI CONNECT

Segurança Imobiliária

myPOS

em Parceria com a VISA

BL CONSULTING

em destaque na Transição Digital

ALEXANDRE MANSOUR CEO NOMAD RESIDENCES

Portugal na frente da revolução das residências de Marcas Europeias




PONTOS DE VISTA SUMÁRIO

FICHA TÉCNICA Propriedade, Administração e Autor Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. Administração | Redação Departamento Gráfico Rua dos Transitários Nº 182, Fração “BG” 4455-565 Matosinhos, Portugal Sede da entidade proprietária: Rua Oriental nrº. 1652 - 1660, 4455-518 Perafita Matosinhos Outros contactos: +351 220 926 877/78/79/80 E-mail: geral@pontosdevista.pt redacao@pontosdevista.pt www.pontosdevista.pt www.facebook.com/pontosdevista Impressão Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas Distribuição Nacional | Periodicidade Mensal Registo ERC nº 126093 | NIF: 509236448 | ISSN: 2182-3197 | Dep. Legal: 374222/14 DIRETOR: Jorge Antunes EDITOR: Ricardo Andrade Rua dos Transitários Nº 182, Fração “BG” 4455-565 Matosinhos, Portugal PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS: Ricardo Andrade Beatriz Quintal PAGINAÇÃO: Mónica Fonseca GESTÃO DE COMUNICAÇÃO: João Soares FOTOGRAFIA: Diana Quintela www.dianaquintela.com

TEMA DE CAPA

16 A 23 ENTREVISTA

ALEXANDRE MANSOUR, CEO DA NOMAD RESIDENCES, REVELA AS RAZÕES QUE O LEVAM A REVOLUCIONAR E A PROMOVER O MERCADO NACIONAL COM AS RESIDÊNCIAS DE MARCAS EUROPEIAS.

SADI CONNECT EM DESTAQUE

10 A 11 RAUL LEITÃO, PRESIDENTE DA STRONG CHARON, E AS PARCERIAS QUE PROMOVEM VALOR ACRESCENTADO. SAIBA MAIS DA PARCERIA COM A STAMPSTAR PARA A EXPANSÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO SADI CONNECT.

Rui Bandeira www.ruibandeirafotografia.com Tiragem: 10.000 exemplares Detentores do Capital Social: Jorge Fernando de Oliveira Antunes: 100% Assinaturas Para assinar ligue +351 22 092 68 79 ou envie o seu pedido para: Autor Horizonte de Palavras – Edições Unipessoal, Lda Rua dos Transitários Nº 182, Fração “BG” 4455-565 Matosinhos, Portugal E-mail: assinaturas@pontosdevista.pt Preço de capa: 4,00 euros (Cont.)

Assinatura anual (11 edições): Portugal Continental: 44 euros

Editorial A Revista Pontos de Vista apresenta-se como uma publicação editada pela empresa de comunicação empresarial Horizonte de Palavras, sendo de frequência mensal, assume-se como um meio de comunicação que pretende elevar as potencialidades do tecido empresarial em Portugal. Assumimos o compromisso de promover paradigmas práticos e autênticos do que de melhor existe em Portugal, contribuindo decisivamente para a sua vasta difusão.

Os artigos nesta publicação são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proibida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autorização do editor. A paginação é efetuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista, exceto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteúdos, não são da responsabilidade do editor.

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MIGUEL SARMENTO GOUVEIA, MANAGING PARTNER E NEW BUSINESS DIRECTOR EM PORTUGAL DA LUSO FINANCIAL PLANNINNG E CHRISTOPHER LEE, MANAGING DIRECTOR EUROPE DA MESMA, CONTAM-NOS AS POTENCIALIDADES DO MERCADO PORTUGUÊS.


PONTOS DE VISTA SUMÁRIO

SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

26 A 29

A TRATOLIXO ABORDA O FACTO DE OS BIORRESÍDUOS REPRESENTAREM A MAIOR COMPONENTE DOS RESÍDUOS URBANOS INDIFERENCIADOS. ÁGUA E SUSTENTABILIDADE

42 A 65

CONHEÇA CASOS DE SUCESSO EM DIFERENTES SETORES DE ATIVIDADE, ONDE A DIGITALIZAÇÃO E A INOVAÇÃO TÊM SIDO FORTES ALIADOS NA EVOLUÇÃO DAS SUAS ORGANIZAÇÕES.

36 A 37

NUNO CAMPILHO, DIRETOR GERAL DA ABMG – ÁGUAS DO BAIXO MONDEGO E GÂNDARA, E A IMPORTÂNCIA DA PROMOÇÃO DO USO DE ÁGUA.

80 A 81

RESPONSABILIDADE SOCIAL E CORPORATIVA ALBERTO NAVIA-OSORIO, COUNTRY MANAGER DA VIATRIS PORTUGAL, REVELA QUE MELHORAR A VIDA DA POPULAÇÃO ATRAVÉS DE MEDICAMENTOS INOVADORES NÃO É A ÚNICA MISSÃO DA VIATRIS PORTUGAL.

84 A 89 40 A 41

O SECRETÁRIO DE ESTADO PARA A TRANSIÇÃO DIGITAL, ANDRÉ ARAGÃO AZEVEDO, CONTA DE QUE FORMA A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL TEM EVOLUÍDO EM PORTUGAL.

HÁ 25 ANOS QUE A COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA TEM TRAÇADO A SUA HISTÓRIA EM PROL DO SUCESSO E UNIÃO DOS SEUS MEMBROS.

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PONTOS DE VISTA SADI CONNECT EM DESTAQUE – PROMOVER VALOR AO MERCADO IMOBILIÁRIO

Missão Stampstar

Melhorar a Segurança Imobiliária através do SADI Connect A Stampstar, sendo uma empresa integradora de produtos e serviços, que atua na área das Tecnologias da Informação, Comunicação, Telecontrolo e Monitorização, tem como solução principal o SADI Connect – a proteção mais rápida e eficaz na comunicação dos alarmes de incêndios. Além da prevista expansão para o próximo ano, Luís Teodoro, Sócio Gerente da empresa, esclareceu-nos sobre as funcionalidades do equipamento e ainda, de que forma, poderá promover valor no mercado imobiliário.

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erir com profissionalismo e rigor a empresa, de forma a maximizar a criação sustentável de valor, procurando a excelência quer ao nível de modelo de negócio, quer ao nível dos produtos e serviços que desenvolvem, é a missão da Stampstar. Assim, fornece soluções integradas que permitam aos seus clientes construir e implantar infraestruturas eficientes e confiáveis para monitorizar e gerir ativos remotos, quando e onde necessário. Para que tal seja possível, a equipa da empresa é formada por um conjunto de operacionais com vasta experiência nas áreas das Telecomunicações, Tecnologias de Informação, Marketing, entre outras que, diariamente, se dedica ao desenvolvimento e comercialização de soluções M2M (Machine to Machine) e serviços inovadores, à medida das necessidades do mercado. À frente da Stampstar desde 2018 está Luís Teodoro e Jorge Carvalho, profissionais que reformularam a marca e dinamizaram o negócio no sentido de a mesma estar em consonância com todas as empresas que detêm , como é o caso da SoftFinança (onde também são acionistas e Administradores) e, assim, criar sinergias essenciais para o desenvolvimento desta atividade. A inovação tem sido, desde então, a chave principal desta gestão, através do SADI Connect (o core business da Stampstar) que, apesar de estar há já longos anos no mercado, é atualmente mais inovador do que nunca, uma vez que se trata de uma solução de comunicação dos alarmes de deteção de incêndios, cujas particularidades são únicas no mercado. COMO FUNCIONA O SADI CONNECT? Sabe-se que, um dos fatores mais determinantes para o sucesso no combate de um incêndio, reside na rapidez de alerta às autoridades responsáveis e no tempo que decorre até ao momento fulcral do início desse mesmo combate. Com uma maior rapidez e eficácia na deteção, comunicação e tratamento dos alarmes de in-

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PONTOS DE VISTA SADI CONNECT EM DESTAQUE – PROMOVER VALOR AO MERCADO IMOBILIÁRIO

um ecrã onde vêm, desde logo, a identificação do imóvel em si e, quando aplicável, o local onde foi originado o incidente... Além disso, têm uma série de outras informações, como o tipo de construção, se há matérias perigosas, proximidade de postos de combustível – tudo o que os Bombeiros pedem que seja incluído na caracterização de cada cliente – e ainda todos os contactos hierarquizados por prioridade e que devem ser utilizados em caso de disparo de alarme”. Prático e dinâmico também para o cliente, uma vez que, em caso de alguma transformação na planta do edifício, pode muito facilmente aceder à plataforma e sinalizar essa mesma alteração de modo a que os Bombeiros disponham da informação sempre atualizada em caso de incêndio. Importa ainda referir que, até o Bombeiro assi-

nalar na plataforma que tomou conta da ocorrência, o alarme não deixa de soar. Atualmente, o SADI Connect tem cobertura na zona da Grande Lisboa e Évora, estando a ser trabalhada a zona centro do país e, recentemente, irá prestar serviço em Vila Nova de Gaia, sendo o primeiro de vários municípios no norte de Portugal onde ficará também disponível. Ainda antes do final do presente ano, o objetivo é disponibilizar o serviço na Madeira, mais precisamente no Funchal. Já a nível internacional, “estamos a olhar com especial interesse para as geografias onde a SoftFinança já tem atividade comercial e cujo modus operandi das corporações de Bombeiros seja parecida à de Portugal, para não nos desviarmos do nosso objetivo principal, que é auxiliá-los no combate aos incêndios”, esclarece Luís Teodoro.

FOTO: DIANA QUINTELA

cêndio, podem ganhar-se minutos preciosos para minimizar os estragos possíveis. No caso do SADI Connect, o tempo de comunicação entre o disparo do alarme e os Bombeiros não são minutos, mas sim segundos, sendo este um dos (muitos) pormenores fundamentais deste serviço. Segundo Luís Teodoro, “esta solução tem a particularidade de fazer, garantidamente - e que a concorrência não faz - a entrega do sinal de disparo de alarme e ter um conjunto de funcionalidades que permitem às corporações dos Bombeiros registar todas as suas operações, para definirem os meios de socorro a utilizar”, acrescentando ainda que “colocamos um equipamento no escritório onde o cliente se encontra, e quando dispara o alarme, em muito poucos segundos toca também na corporação dos Bombeiros. Por sua vez, os Bombeiros possuem

LUÍS TEODORO

“ESTA SOLUÇÃO TEM A PARTICULARIDADE DE FAZER, GARANTIDAMENTE - E QUE A CONCORRÊNCIA NÃO FAZ - A ENTREGA DO SINAL DE DISPARO DE ALARME E TER UM CONJUNTO DE FUNCIONALIDADES QUE PERMITEM ÀS CORPORAÇÕES DOS BOMBEIROS REGISTAR TODAS AS SUAS OPERAÇÕES, PARA DEFINIREM OS MEIOS DE SOCORRO A UTILIZAR” OUTUBRO 2021 | 7


PONTOS DE VISTA SADI CONNECT EM DESTAQUE – PROMOVER VALOR AO MERCADO IMOBILIÁRIO

FOTO: DIANA QUINTELA

“NO QUE DIZ RESPEITO AO MERCADO IMOBILIÁRIO, OBVIAMENTE QUE TUDO AQUILO QUE MITIGUE O RISCO OU QUE MINIMIZE UMA HIPOTÉTICA CONSEQUÊNCIA DE UM INCÊNDIO, É VALOR ACRESCENTADO NA CONSIDERAÇÃO DA OPÇÃO DE INVESTIMENTO. QUANTO MAIS SE ACAUTELAR O PATRIMÓNIO EM QUE SE INVESTE, NAS MAIS DIVERSAS FORMAS, MAIS A PROMOÇÃO E VALORIZAÇÃO SÃO REFORÇADAS”

PARCERIA STAMPSTAR E STRONG CHARON A pensar na expansão do SADI Connect foi feita uma parceria com a STRONG CHARON - empresa portuguesa de soluções de segurança que representa no mercado a maior e mais diferenciadora oferta de serviços de segurança privada, apostando na conceção de soluções integradas de vigilância humana e tecnologia de vanguarda - para a implementação do serviço nos seus clientes. “A STRONG CHARON é uma companhia reconhecida e de grande valor no mercado, um player muito forte a nível nacional e, assim, começámos por valorizar o benefício da solução SADI-Connect na oferta que a STRONG CHARON disponibiliza no mercado e onde se poderia agregar também esta cobertura adicional”, afirma o Sócio Gerente da Stampstar. As mais-valias desta força conjunta são inúmeras, a começar pelo facto de, quando há um disparo de alarme (no caso de um cliente STRONG CHARON), para além de tocar na corporação dos Bombeiros, toca também na sala de operações da empresa, o que permite uma articulação de intervenção muito mais rápida e eficiente. Por outro lado, “é uma forma de nós termos um novo canal comercial com credibilidade reconhecida, para promover este serviço, o que nos permite chegar a um maior número de Clientes”, reconhece o nosso entrevistado. PROMOVER VALOR NO MERCADO IMOBILIÁRIO A visão da Stampstar ao promover o SADI Connect é demonstrar (e até consciencializar) a população do valor que a sua implementação pode causar no mercado imobiliário.

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Esta solução pode ser colocada em tudo o que são edifícios institucionais, organismos públicos, autarquias, escolas, lares, hotéis, alojamentos locas, condomínios habitacionais, entre outros. Apenas não pode ser utilizada em casas particulares. “No que diz respeito ao mercado imobiliário, obviamente que tudo aquilo que mitigue o risco ou que minimize uma hipotética consequência de um incêndio, é valor acrescentado na consideração da opção de investimento. Quanto mais se acautelar o património em que se investe, nas mais diversas formas, mais a promoção e valorização são reforçadas. E mais, algumas companhias de seguros têm adotado uma política comercial muito interessante, que é conceder descontos em prémios na área de multirriscos para as instalações que estão protegidas com este serviço. Isto tem particular impacto na redução do custo em geral, com o ganho de um serviço adicional. Portanto, por estas razões, o setor imobiliário valoriza, cada vez mais, este tipo de soluções, aliás, se reparamos é cada vez mais comum, as plataformas de alojamento de curta duração terem uma indicação de que o imóvel possui este tipo de serviço”, sustenta Luís Teodoro. A nível internacional é algo que já se verifica em todos estes contextos. Já no mercado nacional existe ainda a perceção de que basta ter, por exemplo, uma central de deteção de incêndios, e assim, não necessita do nosso serviço – o que está errado, uma vez que aquilo que o SADI Connect oferece é muito mais do que uma supervisão, garante a entrega do Alarme aos Bombeiros sem falhas de comunicação. “Apesar disso, existem já clientes que enten-

dem e valorizam a pertinência deste serviço e que, cada vez que adquirem novos edifícios ou instalações não prescindem do mesmo e vão, sucessivamente, à medida que se expandem, adquirindo-o. O que acaba por ser também um impulsionador para entrarmos estrategicamente no mercado em novos municípios”, defende o nosso interlocutor. OS PRÓXIMOS PASSOS DA STAMPSTAR Sendo este e os próximos anos de forte investimento, as perspetivas são de crescimento e de consolidação. A Stampstar tem vindo a crescer, ao nível dos Recursos Humanos, Clientes e Municípios onde está presente e a disponibilizar o SADI Connect. Quanto ao produto, irá evoluir para novas funcionalidades e, assim, incrementar mais (e melhor) valor ao equipamento, tal como Luís Teodoro assevera: “Está previsto disponibilizarmos ainda na área da deteção de incêndio mais serviços de valor acrescentado, como também estender as funcionalidades das comunicações a outros tipos de centrais”. É agora prioridade continuar a alargar a base de municípios, em especial naqueles que apresentam uma maior densidade populacional e com edifícios elegíveis para o serviço. Continuar a trabalhar tecnologicamente na inovação para continuar a oferecer soluções diferenciadoras também faz parte do plano para os próximos tempos, assim como, e, não menos importante, de consciencializar a sociedade de que o objetivo é – e sempre será – melhorar a segurança imobiliária e a qualidade dos serviços das corporações dos Bombeiros. ▪



PONTOS DE VISTA SADI CONNECT EM DESTAQUE – PROMOVER VALOR AO MERCADO IMOBILIÁRIO

“Com esta solução, o serviço atualmente prestado pelo nosso Centro de Controlo Operacional – CRMA, sai reforçado” A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Raul Leitão, Presidente do Conselho de Administração da STRONG CHARON, a propósito da parceria estabelecida com a Stampstar para a expansão da implementação do SADI Connect, um Sistema Automático de Deteção de Incêndio que permite fazer a ligação direta à corporação de bombeiros mais próxima das instalações onde foi acionado o alarme de incêndio. Conheça tudo sobre um projeto completamente inovador e que reuniu duas entidades de valor.

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STRONG CHARON é uma empresa portuguesa de soluções de segurança que representa no mercado a maior e mais diferenciadora oferta de serviços de segurança privada, apostando na conceção de soluções integradas de vigilância e tecnologia de vanguarda. A marca propõe-se, assim, a mudar a história do setor. Como tem vindo a ser o concretizar deste foco principal? Tem sido acima tudo, muito desafiante! A STRONG CHARON está efetivamente focada, nas melhores soluções de segurança que aportam valor aos seus Clientes. Incorporámos na nossa missão um espírito de constante inovação, sendo a participação de todos os Colaboradores STRONG CHARON determinante para o alcançar este propósito. Todos os dias nos confrontamos com novos desafios, saber reconhecê-los e transformá-los em oportunidades de melhoria através do desenvolvimento de novas soluções ou produtos é uma tarefa de todos e só alcançável com verdadeiro trabalho em Equipa. O conceito de Segurança, e tudo aquilo que representa para nós, foi recentemente sujeito a uma das maiores provas pela ameaça da Pandemia, só com paralelo nas experiências vividas em palco europeu com as grandes guerras. Também nesta nossa “guerra”, a tecnologia revelou-se essencial não só para permitir alcançar em tempo recorde uma resposta vacinal, como em inúmeras soluções que nos permitiram aceder a um conjunto de serviços de forma totalmente remota, ou simplesmente colocaram “numa mesma sala” tantos, ainda que fisicamente distantes. Certamente, que a grande aprendizagem que retiramos desta realidade a que fomos forçados a viver, é a da nossa capacidade de resiliência e adaptação, o que nos convida a desmontar tabus e preconceitos inibidores de fazermos mais e melhor. É nesta dimensão que a STRONG CHARON se posiciona no mercado e sustenta parcerias com Clientes e Fornecedores! Podemos afirmar que a forte aposta no investimento tecnológico, a construção de um dos mais sofisticados centros operacionais de segurança do país, a formação qualificada dos seus quadros e adoção das melhores práticas, constituem alguns

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Stampstar é de uma enorme robustez e fiabilidade, pelo que uma vez conectada com Corporações de Bombeiros permite uma resposta completa perante cenários de incêndio. Contudo, esta parceria Stampstar com a STRONG CHARON, alarga o âmbito de monitorização do serviço prestado, potenciado pela possibilidade do nosso Centro de Controlo Operacional – CRMA suportar o acompanhamento da potencial ameaça recorrendo à visualização remota de CCTV para validação de sinais, interagir com sistemas de controlo de acessos locais, assim como disponibilizar os Serviços de Piquete para facilitar o acesso das Equipas de Bombeiros ao local.

RAUL LEITÃO

dos principais fatores de diferenciação da empresa? De que forma as soluções STRONG CHARON são a pensar no futuro dos seus clientes? Esses são claramente os principais fatores que nos diferenciam! É uma aposta para a qual não estabelecemos limites, conscientes da importância que esse património tem para a STRONG CHARON. Os Clientes são absolutamente centrais para nós! É por eles que surgem as oportunidades de desenvolvimento de novas soluções, seja por o partilharem diretamente connosco, ou resultando de iniciativas da STRONG CHARON em que desde logo conseguimos identificar cenários de mais-valia a aportar à Operações dos nossos Clientes, suportados em realidades à escala internacional que não podemos deixar de ter presentes. A STRONG CHARON estabeleceu uma parceria com a Stampstar para a expansão da implementação do SADI Connect, um Sistema Automático de Deteção de Incêndio que permite fazer a ligação direta à corporação de bombeiros mais próxima das instalações onde foi acionado o alarme de incêndio. De que forma esta parceria e força conjunta vai potenciar o valor percecionado desta solução? A Stampstar é uma empresa de referência no mercado, o que nos permite abraçar este projeto com muita convicção! O equipamento e a solução desenvolvida pela

Em que medida esta solução e esta parceria cumpre o objetivo da STRONG CHARON de construir uma relação de total confiança com todos os que confiam a proteção dos seus ativos, pessoas, bens e negócios, garantindo uma relação duradoura e rica em experiências vanguardistas e positivas? A nossa principal preocupação, é garantir a existência de medidas/soluções suficientemente robustas que anulem ou permitam mitigar o efeito de determinadas ameaças junto dos nossos Clientes. Dispor de um sistema que assegure de uma forma autónoma e segura, a comunicação de um sinal de incêndio diretamente com uma Corporação de Bombeiros é uma efetiva mais-valia para todos os Clientes, para mais perante um risco tão crítico como aquele que resulta do incêndio. Com esta solução, o serviço atualmente prestado pelo nosso Centro de Controlo Operacional – CRMA, sai reforçado! Mantemos a gestão e monitorização de incidentes desta natureza, garantindo uma redundância de sinal entre Bombeiros e a CRMA da STRONG CHARON. Paralelamente, há que destacar o potencial de utilização desta solução em diversos setores de atividade, como espaços culturais/museológicos; hotelaria; setor da distribuição; indústria e demais gestão imobiliária, em que a preocupação na defesa patrimonial é determinante. Para o futuro, de que forma a STRONG CHARON irá continuar a fazer jus ao seu título de líder de mercado na categoria de segurança e vigilância? Que novos projetos estão a caminho? A procura das melhores soluções de segurança,


PONTOS DE VISTA SADI CONNECT EM DESTAQUE – PROMOVER VALOR AO MERCADO IMOBILIÁRIO

que permitam aos nossos Clientes, num contexto de sustentabilidade, assegurar os seus principais valores, é e será uma realidade na vida da STRONG CHARON. O nosso reconhecimento por parte de Clientes, como um Parceiro estratégico no qual possam confiar, é a melhor liderança que podemos alcançar enquanto empresa! A nossa aposta no Centro de Controlo Operacional – CRMA, com todo o investimento realizado, é um princípio, permitindo-nos abraçar este projeto conjunto com a Stampstar, mas não só! A infraestrutura criada, sustentada na mais avançada tecnologia existente, complementada com a eficiência dos recursos humanos que operam a CRMA, desafia-nos a abraçar outros projetos a publicitar brevemente. Temos em plena comercialização, soluções como o STC CONTACTO – Sistema Autónomo e Móvel de Circuito Fechado de Televisão (CCTV) desenvolvido pela nossa equipa de I&D. Tendo por base a nossa extensa experiência em sistemas CCTV, reconhecemos a forte necessidade do mercado para a criação um sistema inovador móvel de CCTV que reunisse características que nenhuma outra solução comercial até hoje conseguiu reunir – ser compacta; autónoma com recurso a painéis fotovoltaicos; com conexão permanente à

central de segurança; e especialmente dirigida ao mercado português. O STC CONTACTO trata-se de um sistema CCTV para utilização no exterior, de fácil e rápida instalação, sem necessidade de infraestrutura de comunicações e alimentação elétrica. O sistema comercializado pela STRONG CHARON apresenta baixo peso, feita de um material leve e adequado, com respiração interior para evitar sobreaquecimento e um mecanismo de fixação ao poste. A alimentação do sistema é realizada primeiramente por painéis fotovoltaicos, podendo haver um intercâmbio com uma alimentação secundária de backup por célula de combustível (metanol). O sistema recorre à rede Wi-Fi ou à rede 4G, cada vez mais difundida por todo o país, para realizar transmissão de vídeo em tempo real. O STC CONTACTO dirige-se especialmente a Clientes industriais que necessitem de instalar sistemas de CCTV que vigiem grandes áreas sem necessidade de criar infraestruturas de suporte. Estes sistemas revelam também enorme potencialidade, em eventos temporários pela sua natureza móvel. Paralelamente, disponibilizamos aos nossos Clientes uma ferramenta de gestão operacional integrada – STC Pro permitindo a gestão de operações de segurança em ambiente paperless,

acessível a partir de qualquer computador (PC), tablet ou smartphone. Especialmente focado na gestão de equipas, pois facilita a realização e acompanhamento de todas as tarefas planeadas e executadas, suportadas por instruções de trabalho documentadas, registo de incidentes e eventos, mantendo toda a informação centralizada e acessível. Ainda que seja uma valência já conhecida e reconhecida na STRONG CHARON, decidimos especializar a nossa oferta nos alarmes residenciais e comércio, garantindo uma oferta de soluções perfeitamente adaptadas às necessidades deste mercado tão específico, surgindo assim a STRONG CHARON Alarmes. Dirigimos esta nossa oferta a todos os Clientes que não se revêm em soluções 100% standard, mas procuram uma solução de alarme perfeitamente adaptada ao seu espaço e suas rotinas. Temos especial preocupação com soluções de teleassistência, especialmente dirigida a todos que merecem cuidados especiais. Até ao final do ano surgirão produtos especificamente dirigidos ao Setor da Distribuição, potenciando uma gestão mais otimizada de recursos. Dispomos de um pipeline de soluções em laboratório, que estamos certos, marcarão o mercado da Segurança Privada em Portugal! ▪

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PONTOS DE VISTA PORTUGAL COMO PAÍS DE ELEIÇÃO PARA VIVER E APOSTAR

Luso Financial Planning

Transparência e Rigor na prestação dos seus Serviços A Luso Financial Planning é um player de sucesso especializado em consultoria financeira internacional, que há 21 anos proporciona os melhores e mais abrangentes serviços no mercado. À conversa com a Revista Pontos de Vista esteve Miguel Sarmento Gouveia, Managing Partner e New Business Director da empresa em Portugal e Christopher Lee, Managing Director Europe da mesma, que nos contaram as diversas potencialidades do mercado português e que o tornam eleito para viver e investir.

MIGUEL SARMENTO GOUVEIA E CHRISTOPHER LEE

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undada em 2000, a Luso Financial Planning é uma empresa especializada em consultoria financeira internacional, que proporciona um conhecimento financeiro profissional totalmente focado no cliente. Para melhor entender, o que distingue esta empresa no mercado há 21 anos e que a tornou num player de sucesso? Há 21 anos que a LUSO FINANCIAL PLANNING (LF) tem vindo a fornecer soluções de investi-

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mento fiscalmente eficientes e à medida, para o nicho de mercado interno e expatriado em Portugal. A Luso Financial Planning oferece soluções financeiras personalizadas para ajudar a construir e proteger os ativos dos seus clientes. Assim, como pode descrever os serviços que prestam e de que forma aportam valor à vida das pessoas e aos negócios?

# Portabilidade Cross Boarder para residentes da U.E. e para o resto do mundo; # Confidencialidade sobre 100% de proteção do capital; # Planeamento de sucessão; # Eficiência tributária; # Benefícios fiscais de ganhos de capital dentro das soluções. Portugal está no centro de todas as atenções,


PONTOS DE VISTA PORTUGAL COMO PAÍS DE ELEIÇÃO PARA VIVER E APOSTAR

“HÁ 21 ANOS QUE A LUSO FINANCIAL PLANNING (LF) TEM VINDO A FORNECER SOLUÇÕES DE INVESTIMENTO FISCALMENTE EFICIENTES E À MEDIDA, PARA O NICHO DE MERCADO INTERNO E EXPATRIADO EM PORTUGAL”

por vários motivos. Atualmente considerado um país de eleição para viver e apostar, como tem vindo a Luso Financial Planning a promover e a enquadrar a sua atividade no mercado português? Parcerias estratégicas, Advogados, Accounts, Realocação, Networking e… Patrocínios de Eventos. Tendo em conta a v/ experiência, que potencialidades do mercado português têm chamado à atenção dos estrangeiros, nas várias vertentes onde opera a Luso Financial Planning? # Golden Visa; # NHR - Residente Não Habitual; # Brexit; # Segurança / Terrorismo; # Savings&Pension Plans # Acesso a soluções de PPLI compatíveis com a regulação nacional (Compliance) em Portugal disponibilizada pela LF. Em que medida é legítimo afirmar que a pandemia que vivemos, apesar das inúmeras adversidades, impulsionou o mercado português? Na vossa perspetiva, o que mudou? A necessidade de ter um planeamento financeiro de longo prazo, tanto para empresas como para cidadãos, para incluir sucessão e planeamento imobiliário, planeamento de legado, proteção contra mercados voláteis e quebras económicas, diversificação global de ativos, ring fencing de ativos e contingência de divórcio.

Sendo o core business da Luso Financial Planning o seguro de vida com colocação privada, como é que esta área ganhou destaque e reconhecimento por parte de portugueses e estrangeiros? O PPLI (Private Placement Life Insurance) é uma forma de investimento de ativos, títulos, opções de ações, planos de previdência privada e empresarial com eficiência tributária, totalmente confidencial e segura. Essas soluções são compatíveis e portáteis em toda a U.E. e também em todo o mundo. De olhos no futuro, quais são os principais desafios da Luso Financial Planning e como podemos continuar a esperar os compromissos que a mesma assume na sociedade? Mudanças na U.E. nas legislações e regulamentações, também grandes bancos a monopolizar o mercado, acabando por tirar qualquer vantagem financeira (juros/ganhos) dos seus produtos para o cliente. Empresas boutique como a LUSO FINANCIAL têm vantagens únicas e podem fornecer: # Independência e confidencialidade; # Flexibilidade; # Agilidade; # Ser capaz de construir estruturas abertas exclusivas e prontas para clientes individuais e corporativos... #… E a previsão de mudanças na regulamentação e legislação sobre os produtos financeiros, para os nossos clientes e futuros. ▪

PORQUÊ A LUSO FINANCIAL PLANNING? Uma empresa boutique desenhada para servir clientes internacionais/ nacionais; Oferece aos clientes uma variedade de produtos e serviços focados na confidencialidade e planeamento fiscal; Fundada em 2000, são 21 anos a fornecer soluções financeiras personalizadas para ajudar a construir e proteger os ativos dos clientes. Os seus consultores oferecem um planeamento financeiro profissional e focado no cliente, projetado para economizar tempo e proporcionar ganhos nos seus investimentos, de uma forma totalmente segura (em alternativa à Banca) e com benefícios fiscais.

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PONTOS DE VISTA PORTUGAL AS A COUNTRY OF ELECTION TO LIVE AND INVEST

Luso Financial Planning

Transparency and Accuracy in the provision of its Services Luso Financial Planning is a successful player specializing in international financial consulting, which for 21 years has been offering the best and most complete services in the market. In conversation with Pontos de Vista Magazine were Miguel Sarmento Gouveia, Managing Partner and New Business Director of the company in Portugal and Christopher Lee, Managing Director Europe of the same, who told us about the various potentials of the Portuguese market and that make Portugal a chosen country to live and invest.

MIGUEL SARMENTO GOUVEIA AND CHRISTOPHER LEE

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ounded in 2000, Luso Financial Planning is a boutique company specializing in international financial consulting, providing professional financial knowledge that is fully focused on the client. To better understand, what distinguishes this company in the market for 21 years and what made it a successful player? For 21 years LUSO FINANCIAL PLANNING (LF) have been providing tailor made tax efficient

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investment solutions to the niche expatriate and domestic market in Portugal. Luso Financial Planning offers customized financial solutions to help build and protect its clients’ assets. So, how can you define the services they provide and how they add value to people’s lives and businesses? # Cross Boarder portability to E.U. residents, and the rest of the World;

# Confidentiality up to 100% capital protection; # Succession Planning; # Tax Efficiency; # Capital Gains taxes benefits inside the solutions. Portugal is in the center of all attention, for several reasons. Currently, considered a country of choice to live and bet, how has


PONTOS DE VISTA PORTUGAL AS A COUNTRY OF ELECTION TO LIVE AND INVEST

“FOR 21 YEARS LUSO FINANCIAL PLANNING (LF) HAVE BEEN PROVIDING TAILOR MADE TAX EFFICIENT INVESTMENT SOLUTIONS TO THE NICHE EXPATRIATE AND DOMESTIC MARKET IN PORTUGAL”

Luso Financial Planning been promoting and framing its activity in the Portuguese market? Strategic partnerships, Lawyers, Accountancies, Relocation services, Networking and… Events Sponsorships. Taking into account your experience, what potentials in the Portuguese market have attracted the attention of foreigners, in the various aspects of an opera by Luso Financial Planning? # Golden Visa; # NHR – Non-Habitual Resident; # Brexit; # Security/Terrorism; # Savings&Pension Plans # Access to PPLI (Private Placement Life Insurance) solution compliant in Portugal, provided by LF. To what extent is it legitimate to say that the pandemic we are currently experiencing, despite the possible adversities for all, has boosted the Portuguese market? In your view, what has changed? The need to have a long term financial planning in place, both for firms, and private citizens, to include succession and Estate planning, Legacy Planning, protection against volatile markets and economic crashes, global diversification of assets, ring fencing of assets and divorce contingency planning.

As the core business of Luso Financial Planning is private placement life insurance, how has this area gained prominence and recognition by both Portuguese and foreigners? PPLI (Private Placement Life Insurance) is a tax efficiency, fully confidential, and secure way to invest assets, bonds, stock options, corporate and private pension plans. These solutions are compliant and portable throughout the E.U. also worldwide. With an eye on the future, what are the main challenges of Luso Financial Planning and how can we continue to expect the commitments that they assume in society? Changes E.U. legislations and regulations, also large banks monopolizing the market and edging out. Boutique firms like LUSO FINANCIAL have unique advantages and can provide: # Independency and Confidentiality; # Flexibility; # Agility; # Being able to build unique and off-theshelf open structures to single and corporate clients… # …and the foresight to anticipate changes in Regulation and Legislation for our firm and first and foremost for our clients and prospects. ▪

WHY LUSO FINANCIAL PLANNING? The boutique company, tailored to serve international/national clients; Offers clients a variety of products and services, including life insurance, mutual funds and investment management; Founded in 2000, it has been 21 years of providing customized financial solutions to help build and protect your assets. Their consultants provide professional, client-focused financial planning designed to save you time and help you save your assets and gives you the exclusive benefit to enjoy capital gains free of taxes, inside the policy.

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PONTOS DE VISTA TEMA DE CAPA

“Hoje, a Nomad Capital está presente em Portugal e na Holanda e pretende expandir-se para outros mercados, como França” Inspirada no mundo, a Nomad Capital chegou a Portugal com o objetivo de preencher e revolucionar o mercado nacional. Através da experiência e know-how do CEO Alexandre Mansour e da sua equipa, a mesma tem contribuído para a promoção (do muito e do melhor) que se faz a nível nacional. A sua marca principal, a Nomad Residences, trata-se de residências de marca, que oferecem o conforto de uma casa, mas com serviços de luxo semelhantes aos de hotéis. Conheça tudo, nomeadamente sobre o projeto Nomad Bay – um resort de alto padrão localizado no Carvoeiro, Algarve, que será inaugurado no verão de 2023.

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ALEXANDRE MANSOUR

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Nomad Capital é uma empresa de investimento, promoção e promoção imobiliária com sede em Portugal. Em primeiro lugar, é importante conhecer melhor a história da empresa, bem como os marcos mais importantes na sua trajetória até o momento. Cheguei a Portugal há seis anos vindo da cidade de Nova Iorque. Nessa altura, o mercado imobiliário português começava a atrair investidores estrangeiros, sobretudo graças ao programa Golden Visa. Na época, fiz parceria com outros dois empreendedores franceses e criámos o Optylon Capital. O nosso objetivo era adquirir edifícios na zona turística da Baixa de Lisboa, conhecida por “Baixa”, e dar-lhes uma nova vida. A Optylon também possui a LovelyStay, uma das principais empresas de gestão de aluguer em Portugal. A estratégia foi propor aos investidores Golden Visa um apartamento novo, numa localização privilegiada, com uma solução de gestão de alugueres e uma garantia de rendimento. Com o crescimento do turismo em Portugal, a Baixa tornou-se o principal Pólo turístico de Lisboa e o nosso negócio cresceu com o aumento da procura. Depois de fazer vários investimentos de sucesso em Lisboa, implantamos também nos mercados do Porto e Algarve. Alguns investimentos notáveis incluem ​​ o edifício Corpus Christi, em Lisboa, e o Palácio do Comércio, no Porto. Com o amadurecimento do mercado, Portugal passou também a atrair residentes estrangeiros a tempo inteiro, nomeadamente reformados do Norte da Europa e jovens empresários dos setores imobiliário, turismo, alimentação e hotelaria. Isso criou uma nova demanda por projetos, serviços e amenidades de ponta. Foi então criada a Nomad Capital, com o objetivo de adquirir, projetar e desenvolver projetos residenciais e resorts com serviços de luxo. A nossa marca principal Nomad Residences tem como alvo específico os mercados internacionais da América do Norte e Norte da Europa, promovendo Portugal como destino residencial a tempo inteiro. Os serviços e comodidades do Nomad Residences oferecem aos proprietários o conforto de uma casa, enquanto desfrutam do luxo de hotéis de classe mundial. O nosso atual projeto principal, Nomad Bay, é um resort de alto padrão localizado no Carvoeiro, Algarve. O


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“COM VISTA PARA O OCEANO E LOCALIZADA NO CARVOEIRO, UMA ENCANTADORA VILA COSTEIRA, A NOMAD BAY DESFRUTA DE VISTAS ÚNICAS E DE INÚMERAS ATIVIDADES. 74 APARTAMENTOS DE ALTO PADRÃO COM VISTAS DESLUMBRANTES" projeto tem 74 apartamentos e será inaugurado no verão de 2023 (nomad-bay.com). Hoje a Nomad Capital está presente em Portugal e na Holanda e pretende expandir-se para outros mercados, como França. A nossa presença é muito forte entre os clientes americanos, que encontram muitas semelhanças nos nossos projetos com o tipo de produtos e serviços que estão habituados no seu país. Como surgiu a marca Nomad Residences? O que faltava no setor imobiliário português que considerou que deveria ser preenchido? E quanto ao futuro? Os conceitos de residências de marca e apartamentos com serviços estão presentes nos mercados imobiliários de luxo na América, Ásia e Médio Oriente há pelo menos 20 anos. No entanto, a Europa tem ficado para trás em tais desenvolvimentos, apesar de uma crescente demanda local e internacional. Tendo passado sete anos na América, especificamente na cidade de Nova Iorque, percebi que muitos edifícios tinham ótimas comodidades, como segurança e porteiro 24 horas por dia, sete dias por semana, além de ginásio, limpeza e manutenção e uma ampla gama de outros serviços à porta dos proprietários, no âmbito dos serviços do edifício. Depois de voltar para a Europa, notei que poucos ou nenhum projeto ofereciam tal produto, e a ideia de desenvolver uma marca com base na Europa para projetos residenciais atendidos veio à mente. Foi quando nasceu o Nomad Residences. Em 2020, a Graham Associates elaborou um relatório muito detalhado sobre os mercados globais de residências de marca e constatou que o segmento de imobiliário de luxo que mais crescia na Europa eram as residências de marca, com Portugal a liderar a tendência. Parece que as marcas de hospitalidade escolheram Portugal e o Algarve especificamente como os seus mercados de teste para a sua implantação europeia. Para além do nosso projeto Nomad Bay, que vendeu mais de dois terços dos seus 74 apartamentos em menos de nove meses, o W Residences em Albufeira e o Viceroy’s Ombria Resort são outros exemplos notáveis de ​​ sucesso comercial no setor. Outras marcas estão em implementação no Algarve, assim como no resto do país. Também estamos a olhar para desenvolvimentos futuros, portanto, podemos

esperar que o mercado se desenvolva fortemente nos próximos anos. A procura dos americanos por esta tendência tem vindo a aumentar, pois descobriram em Portugal os mesmos tipos de investimentos, produtos e serviços que estão habituados a fazer no seu país. Eles também vêm Portugal como uma ótima alternativa à Flórida ou à Califórnia para se aposentar. Na verdade, Portugal oferece uma qualidade de vida muito semelhante, mas por uma fração dos preços propostos na América, com as vantagens de morar na Europa, com acesso para muitos países, culturas e experiências. Desde o início da COVID-19 em março de 2020, os norte-americanos representam cerca de 50% dos nossos compradores de imóveis.

Referiu que a Nomad Capital possui uma vasta experiência em sourcing, aquisição, contratação e gestão imobiliária, sendo o parceiro local ideal para investidores internacionais que pretendem marcar presença em Portugal. Como pode descrever a essência desses produtos e serviços no nosso país? Podemos afirmar que são únicos no mercado português? Portugal é um mercado muito específico, com regras e regulamentos próprios e formas de fazer negócios. Nesse sentido, a maioria dos investidores estrangeiros que procuram alocar fundos em Portugal devem procurar um parceiro local para servir os seus interesses e aumentar os seus investimentos locais. A maior parte das nossas operações é realizada internamente e contamos com equipas multicul-

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turais, dedicadas e experientes em todos os itens da cadeia de valor essenciais a qualquer empreendimento imobiliário. Por exemplo, um bom investimento imobiliário costuma ser feito no momento da compra inicial. A nossa equipa de propriedades de sourcing tem uma ampla gama de opções, permitindo-lhes encontrar ativos fora do mercado e usando estratégias exclusivas e inovadoras. Também fornecemos toda a arquitetura e design de interiores, o que ajuda a manter os prazos de acordo com as expectativas. Além disso, integramos também toda a modelagem e estruturação financeira, marketing e vendas, gestão de projetos e obras e, por fim, pós-venda e gestão imobiliária. A única tarefa que terceirizamos atualmente é a própria construção. Os nossos investidores típicos incluem indivíduos com elevado património líquido, family offices e outras entidades institucionais, que nos contactam porque vêm o potencial de crescimento de Portugal, mas carecem do know-how e da rede específicos para Portugal. Tornamo-nos efetivamente na equipa portuguesa desses investidores, estando no terreno 24 horas por dia, sete dias por semana, para garantir a boa implantação, desenvolvimento e saída dos seus investimentos. Este modelo integrado de incorporação imobiliária é um atributo fundamental, pois proporciona eficiência e transparência, ao mesmo tempo em que proporciona um balcão único e um ponto de contacto único para os nossos investidores, independentemente do empreendimento. Outro atributo importante é fornecer flexibilidade total e adaptar cada um dos nossos projetos às necessidades e objetivos dos nossos investidores. Para além da Nomad Residences, temos sido contactados por outras marcas de hotelaria, uma vez que muitas delas estão interessadas em desenvolver projetos em Portugal e no resto da Europa. Num futuro próximo, estamos à procura de uma marca potencialmente branca com o nosso know-how e experiência e ajudar as marcas de luxo a adaptarem-se ao espaço residencial de serviço. Isso inclui, é claro, marcas de hotéis, mas também estaríamos interessados ​​ em explorar parcerias com marcas de moda e de consumo de alto padrão, pois sabemos que algumas delas estão a sair-se bem noutros continentes. Quais são as principais diferenças entre uma residência de marca e uma unidade convencional? Acredita que a mesma tem potencial para ser o futuro do setor? As residências de marca têm dois componentes específicos que as diferenciam dos projetos residenciais tradicionais. Primeiro, elas oferecem serviços semelhantes aos de um hotel, embora continuem a ser um apartamento padrão. Em segundo lugar, por ser uma marca, os investidores e hóspedes podem esperar um certo nível de serviço, design e amenidades que é semelhante a outros projetos da mesma marca. Ou seja, a Branded Residences disponibiliza o apartamento em si, mas também um amplo leque de serviços e, acima de tudo, uma garantia de qualidade. Com o surgimento da geração Millennials, as

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experiências tornaram-se num componente essencial do consumo. Os compradores procuram mais do que apenas uma localização privilegiada e um bom apartamento, também (principalmente) procuram os serviços prestados, tendo tudo pronto e mantido por sua conta e, o mais importante, com o objetivo de desfrutar de uma experiência. Então veio a COVID-19 no início de 2020, o que tornou as residências de marca ainda mais atraentes para os compradores. Na verdade, como as viagens não eram permitidas, os investidores que queriam comprar um novo imóvel tiveram de contar com reuniões virtuais para tomar decisões. A marca auxilia muito os compradores, uma vez que lhes dá conforto no resultado final. Com a COVID-19 também surgiu uma nova demanda por residências bi-primárias. Com o fecho dos escritórios, as pessoas passaram a trabalhar em casa e muitas decidiram mudar-se das grandes cidades e passar períodos mais longos noutras localidades. Portugal é um grande vencedor nesta tendência, especialmente o Algarve. Cerca de 60% dos nossos compradores nos últimos dois anos esperam passar pelo menos quatro a seis meses em Portugal e desfrutar da sua casa. No resto do tempo, eles apreciam que a sua propriedade seja cuidada, mantida ou reparada quando necessário, e estará totalmente pronta para quando eles voltarem. Os proprietários também podem beneficiar das receitas de aluguer, já que fornecemos opções, propriedade e gestão de aluguer para todos os nossos projetos. Na nossa opinião, essas tendências provavelmente ficarão no futuro, e as residências de marca irão oferecer a melhor opção para as pessoas com propriedades nómadas.

O projeto que merece toda a atenção é o Nomad Bay - Um Resort situado no Algarve. O que o distingue? O Nomad Bay é o nosso projeto principal atual, e estará pronto no verão de 2023. Adquirimos o terreno no início de 2018 e passamos quase dois anos no conceito de design do projeto. Como se trata de uma construção nova num terreno anteriormente vazio, permitiu-nos desenhar tudo do zero e criar o que acreditamos ser o projeto de marca e serviço perfeito. Estamos felizes em ver que o mercado reagiu de forma muito positiva ao nosso projeto. Na verdade, desde que lançamos as vendas no final de 2020, já vendemos cerca de 70% dos apartamentos. Com vista para o oceano e localizada no Carvoeiro, uma encantadora vila costeira, a Nomad Bay desfruta de vistas únicas e de inúmeras atividades. 74 apartamentos de alto padrão com vistas deslumbrantes, variando de um a três quartos, todos com terraço privativo ou cobertura, comercializados com a marca Nomad Bay e disponibilizados para arrendamento por meio de uma central de reservas interna. A poucos minutos da praia, restaurantes requintados, belos campos de golfe e convenientemente perto do aeroporto Internacional de Faro, a localização do Nomad Bay garante uma excelente conectividade com o que torna o Algarve fabuloso, bem como a exclusividade e intimidade de um resort privado para desfrutar com amigos ou família. Todos os apartamentos possuem janelas do chão ao teto, combinando totalmente os espaços internos amplos e bem iluminados com os terraços ao ar livre. Móveis e materiais de inspiração global, atenção aos detalhes em cada etapa, proporcionando elegância, conforto e funcionalidade. Os interiores são selecionados com acabamentos sob medida, utilizando materiais naturais e susten-


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visitar os seus investimentos. Decidimos fortalecer as nossas estratégias nos media e explorar maneiras para promovermos ainda mais os nossos projetos. É uma tendência que percebemos nas indústrias de luxo e moda e pensamos em aplicá-la nos nossos projetos. Isso foi uma verdadeira revolução para a nossa empresa, e hoje pelo menos 4 em cada 10 de nossos novos clientes encontraram-nos no Instagram ou no Facebook. Hoje, estamos muito mais próximos do nosso público, podemos comunicar diretamente com eles, receber feedback, tudo sem a camada adicional de terceiros. Beneficiou todas as partes interessadas envolvidas nos nossos projetos, desde os nossos investidores até às nossas equipas internas e compradores finais de imóveis. Claro, desenvolver uma marca provou ser um elemento chave de vendas, e a nossa base de seguidores no Instagram cresce a cada dia (@nomadresidences).

táveis. Na nossa opinião, o valor agregado de longo prazo reside no amplo design criativo e na habilidade artesanal de materiais simples. Como residência principal, casa de férias ou como investimento, existe uma propriedade Nomad Bay para cada investidor. Inevitavelmente, temos dr abordar a questão do dia, que é a pandemia que está a ocorrer mundialmente. Qual foi o impacto da mesma no setor imobiliário, tanto a nível nacional como europeu? A COVID-19 certamente criou muitos desafios e problemas e prejudicou muitas indústrias em todo o mundo. Portugal também não foi exceção. No entanto, acredito que a crise traz o seu próprio conjunto de oportunidades, e com esta pandemia não é diferente. Com o anúncio do primeiro confinamento, o mundo teve de se adaptar a um novo modo de vida e os negócios pararam totalmente. O mercado imobiliário é um setor bastante estabelecido, que geralmente não é propenso a mudanças e inovações. A COVID-19 forçou os desenvolvedores a adaptarem-se e inventarem novas maneiras de continuar as suas atividades e desenvolvimentos, bem como atrair novos compradores. Do lado da Nomad, tivemos que preparar as nossas equipas para trabalhar remotamente e nos mantermos atualizados, principalmente nas divisões técnicas. Mas a verdadeira transição veio da digitalização de todas as nossas divisões de marketing e vendas. Como a maioria dos desenvolvedores, costumávamos contar com corretores e roadshows internacionais para vender os nossos projetos e encontrar novos compradores. Da noite para o dia, as fronteiras fechadas, as viagens não eram permitidas. Não podíamos encontrar-nos com os nossos clientes lá fora, e eles não podiam

Mais precisamente no Algarve, muitos afirmam ser a região do país onde a pandemia tem um impacto mais exigente. Para a Nomad Capital, que desafios surgiram nesta área? De facto, prejudicou o turismo significativamente, e foi um período difícil e assustador, mas acho que a longo prazo o Algarve e Portugal vão beneficiar de tudo isto. Além disso, descobri ao longo dos anos que Portugal é muito resistente às crises e sabe como se adaptar e recuperar de tempos difíceis. Espero que aconteça o mesmo agora, aliás, o verão de 2021 provou que é o caso. Assim que Portugal abriu as suas fronteiras, os turistas voltaram imediatamente. Notámos em turistas vindos de países não típicos do turismo em Portugal nos anos anteriores, e mais uma vez a COVID-19 teve um papel essencial, visto que Portugal é hoje o país com maior percentagem de vacinados no mundo. Além disso, o país mostrou-se um exemplo internacional na forma como lidou com o primeiro confinamento. Mais importante, todas as razões pelas quais Portugal é tão atraente para estrangeiros e turistas ainda existem hoje, apesar da pandemia. Ou seja, não estou preocupado com o futuro e tenho plena confiança em Portugal para recuperar rapidamente, mas também para encontrar formas de se reinventar e tornar-se ainda mais atraente. Uma coisa que já podemos observar após a pandemia é que ela também atraiu muitos novos interesses na região. Estamos a assistir a uma nova vaga de compradores de imóveis, não olhando para Portugal apenas como um destino de férias, mas como uma residência de longa duração. Não só para a reforma, pois estes novos indivíduos são muito mais jovens, e esperam estabelecer novos negócios e empreendimentos em Portugal. Os exemplos mais notáveis são ​​ os americanos, que olham para Portugal como uma alternativa à Flórida e à Califórnia para se aposentar. Os canadenses estão à procura de se poderem beneficiar do novo regime tributário vantajoso no setor de criptomoedas, que também é uma nova tendência. E, finalmente, o Norte da Europa pretende des-

locar-se e trabalhar remotamente durante o mês de inverno a partir de Portugal, enquanto o clima ainda é agradável no sul da Europa. Na minha opinião, a COVID-19 foi o principal impulsionador destes novos tipos de clientes, que vão trazer muito valor de longo prazo para o país. E tenho a certeza de que veremos novas tendências nos próximos meses, conforme a situação evoluir ainda mais. A missão da Nomad Capital é, desde o primeiro dia, imaginar e desenvolver as melhores experiências da vida, criando projetos inspirados no mundo e respondendo de forma consistente às necessidades dos seus clientes. Que novidades e projetos estão a ser planeados? De que forma irá acompanhar as mudanças esperadas no futuro do setor? Temos muitas ideias em desenvolvimento. O nosso principal objetivo atualmente é expandir ainda mais as nossas operações no Algarve, visto que pensamos que o próximo boom imobiliário português será nesta região. Atualmente estamos a trabalhar num projeto potencial de € 100 milhões na região do Algarve. Queremos também criar o primeiro Urban Resort na zona de Lisboa, que seria gerido sob a égide do Nomad Residences. A longo prazo, como esperamos que a tendência e a procura de residências de marca cresçam nos próximos 20 anos, confiamos que haverá potencial para os nossos produtos e serviços em vários locais da Europa. O nosso objetivo, graças ao nosso know-how e experiência, é tornarmo-nos no principal parceiro de desenvolvimento para conceitos residenciais de marca e serviços baseados na Europa. Pode ser através de marca própria ou em parceria com marcas internacionais de hotelaria, luxo e moda. E claro, continuar a inovar estando sempre no topo das tendências! Por fim, o que significa Nomad? Historicamente, um Nomad é um membro de uma comunidade cujo estilo de vida adaptou-se a regiões inférteis e onde a mobilidade é a estratégia mais eficiente para explorar recursos escassos. No mundo moderno, falamos sobre nómadas digitais, pessoas que estão constantemente a viajar, a descobrir o mundo, novas culturas e a conhecer pessoas de todas as esferas da vida. Acho que muitos dos nossos compradores de imóveis se identificam com esse estilo de vida e têm lugares diferentes para chamar de lar à volta do mundo. A marca Nomad encaixa-se nesse ambiente. Antes de me estabelecer em Portugal, morei muitos anos no Japão, China, Índia, Médio Oriente, América e muitos outros países. Nessa época, descobri muitos estilos de vida, e interessei-me muito pelo setor de hotelaria. Especialmente como o luxo e os serviços são aplicados de forma diferente em várias partes do mundo. Os projetos Nomad são inspirados no mundo, pegamos nas especificidades que preferimos em cada mercado e aplicamos às localizações-alvo em que investimos, como Portugal. ▪

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“Today, Nomad Capital is present in Portugal and The Netherlands and looks to expand to other markets such as France” Inspired by the world, Nomad Capital arrived in Portugal with the objective of filling and revolutionizing the national market. Through the experience and know-how of CEO Alexandre Mansour and his team, which has contributed to the promotion (of much and the best) that is done at national level. Its flagship brand, Nomad Residences, is branded residences, offering the comforts of home but with luxury hotel-like services. Know everything, namely about the Nomad Bay project – a high-end resort located in Carvoeiro, Algarve, which will open in the summer of 2023.

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ALEXANDRE MANSOUR

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omad Capital is a real estate investment, promotion and development company headquartered in Portugal. First, it is important to know better the company’s history, as well as the most important milestones in its path so far. I arrived in Portugal six years ago from New York City. Back then, the Portuguese real estate market was starting to attract foreign investors, mostly thanks to the Golden Visa program. At the time, I partnered with two other French entrepreneurs, and we created Optylon Capital. Our aim was to acquire buildings in the touristic downtown area of Lisbon, known as “Baixa”, and give them a new life. Optylon also owns LovelyStay, one of Portugal’s leading vacation rental management company. The strategy was to propose to golden visa investors a new apartment in a prime location, with a rental management solution and a yield guarantee. As tourism kept growing in Portugal, Baixa became the main touristic hub of Lisbon, and our business boomed along with the increase in demand. After doing several successful investments in Lisbon, we also implanted in the Porto and the Algarve markets. Some notable investments include the Corpus Christi building in Lisbon, and Palacio do Comercio in Porto. As the market matured, Portugal also started to attract full time foreign residents, specifically retirees from Northern Europe, and young entrepreneurs in the real estate, tourism, food & beverage, and hospitality sectors. This created a new demand for higherend projects, services, and amenities. Nomad Capital was then created, with the objective to acquire, design and develop luxury serviced residential projects and resorts. Our main brand Nomad Residences targets specifically the international markets of North America and North Europe, while promoting Portugal as a full-time residential destination. Nomad Residences services and amenities provide owners with the comforts of a home, while enjoying the luxury of world class hotels. Our current flagship project, Nomad Bay, is a high-end resort located in Carvoeiro, Algarve. The project has 74 apartments and will open in the summer of 2023 (nomad-bay. com).


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“OVERLOOKING THE OCEAN AND LOCATED IN CARVOEIRO, A CHARMING SEASIDE VILLAGE, NOMAD BAY ENJOYS UNIQUE VIEWS AND COUNTLESS ACTIVITIES. 74 HIGH-END APARTMENTS WITH OUTSTANDING VIEWS"

Today Nomad Capital is present in Portugal and The Netherlands and looks to expand to other markets such as France. Our presence is very strong among American clients, who see many similarities in our projects many similarities with the type of products and services they are accustomed to back at home. How did Nomad Residences Brand start? What was missing in the Portuguese real estate sector that you thought should be addressed? What about the future outlook? Branded residences and serviced apartments concepts have been present in the luxury real estate markets across America, Asia and the Middle East for at least 20 years now. However, Europe has been lagging in such developments, despite a growing local and international demand. Having spent seven years in America, specifically in New York City, I noticed many buildings had great amenities, such as having security and door man 24/7, as well as a fitness room, cleaning and maintenance, and a wide range of other services at the owners’ doorsteps, as part of the building’s services. After returning to Europe, I noticed very few if any projects were proposing such a product, and the idea of developing a Europe based Brand for serviced residential projects came to mind. This is when Nomad Residences was born. In 2020, Graham Associates produced a very detailed report on the global branded residences markets and found that the fastest growing segment in luxury real estate in Europe was Branded Residences, with Portugal leading the trend. It appears that hospitality brands have chosen Portugal and the Algarve specifically as their test markets for their European deployment. Besides our Nomad Bay project, which sold over two thirds of its 74 apartments in less than nine months, W Residences in Albufeira and Viceroy’s Ombria Resort are other notable examples of commercial success in the sector. Other brands are currently implementing in the Algarve, as well as the rest of the country. We are also looking at future developments, so we can expect the market to strongly develop in the coming years. The demand from Americans for this trend

has highly increased, as they have discovered in Portugal the same types of investments, products and services they are used to back at home. They also see Portugal as a great alternative to Florida or California to retire in. In fact, Portugal offers a very similar quality of life, but at a fraction of the prices proposed in America, with the added benefits of living in Europe, with access to many countries, cultures, and experiences. Since COVID started in March 2020, North Americans represent about 50% of our property buyers. You mentioned that Nomad Capital had a vast experience in sourcing, acquisition,

contracting and property management, and is the perfect local partner to international investors looking to establish a presence in Portugal. How can you describe the essence of these products and services to us? Can we say that they are unique in the Portuguese market? Portugal is a very specific market, with its own set of rules and regulations, and ways of doing business. In that regard, most foreign investors looking to allocate funds in Portugal should be looking at a local partner to serve their interests and grow their local investments. Most of our operations are done in-house, and we have multi-cultural, dedicated and

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experienced teams in all the value chain items essential to any real estate development. As an example, a good real estate investment is often made at the time of initial purchase. Our team sourcing properties has a wide range of options allowing them to find assets off-market and using unique and innovative strategies. We also provide all the architecture and interior design, which helps keep timelines according to expectations. In addition, we also integrate all the financial modeling and structuration, marketing and sales, project, and construction management, and finally after sales and the property management too. The only task we currently outsource is the construction itself. Our typical investors include high net worth individuals, family offices, and other institutional entities, who contact us as they see Portugal’s potential for growth but lack the know-how and network specific to Portugal. We effectively become the Portuguese team for those investors, staying on the ground 24/7 to guarantee the proper deployment, development and exit of their investments. This integrated model to real estate development is a key attribute, as it provides both efficiency and transparency, while providing a one-stop-shop and single point of contact to our investors, regardless of the project. Another key attribute is providing full flexibility and adapting each of our projects to our investor’s needs and objectives. Besides Nomad Residences, we have been contacted by other hospitality and hotel brands, as many of them are interested in developing projects in Portugal and the rest of Europe. In the near future, we are looking to potentially white brand our know-how and experience and help luxury brands adapt to the service residential space. This includes of course hotel brands, but we would also be interested in exploring partnerships with fashion and high-end consumer brands, as we know some of them have been doing well in other continents. What are the main differences between a Branded Residence and a conventional unit? Do you believe it has the potential to be the future of the sector? Branded residences have two specific components that sets them apart from traditional residential projects. First, they provide services that are similar to a hotel, while still remaining a standard apartment. Second, because it is a brand, investors and guests can expect a certain level of service, design and amenities which is similar to other projects of the same brand. In other words, Branded Residences provide the apartment itself, but also a wide range of services and on top of it, and a guarantee of quality. With the emergence of the Millennials generation, experiences became an essential component of consumption. Buyers are looking at more than just a prime location and a nice

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apartment, they are also (mostly) looking at the services provided, having everything ready and maintained on their behalf, and most importantly enjoy an experience. Then came COVID in early 2020, which made Branded Residences even more attractive to buyers. In fact, as travel was no longer permitted, investors looking to buy a new property had to rely on virtual meetings and visits to make decisions. The brand greatly helps buyers, as it gives them comfort on the final result. With COVID also came a new demand for biprimary residences. As offices closed down, people discovered working from home, and a lot decided to move away from large cities and spend longer periods of times in other locations. Portugal is a big winner in this trend, especially the Algarve. About 60% of our buyers in the last two years expect to spend at least four to six months in Portugal and enjoy their home. The rest of the time, they appreciate that their property will be taken care of, maintained, or repaired when needed, and fully ready when they come back. Owners can also benefit from rental income, as we provide optional. property and rental management for all of our projects. In our opinion, those trends are likely to stay in the future, and Branded Residences provide

the best option for those Nomadic property owners. The project which deserves all the attention is Nomad Bay - A Resort located in the Algarve. What distinguishes Nomad Bay? Nomad Bay is our current flagship project, and will be ready in summer of 2023. We acquired the land in early 2018 and spent almost two years in the design concept of the project. As is a new construction on a previously vacant piece of land, it allowed us to design everything from scratch, and create what we believe to be the perfect branded and serviced project. We are happy to see the market reacted very positively to our project. In fact, since we launched sales in late 2020, we already sold about 70% of the apartments. Overlooking the ocean and located in Carvoeiro, a charming seaside village, Nomad Bay enjoys unique views and countless activities. 74 high-end apartments with outstanding views, ranging from one to three bedrooms, all with private terraces or roof tops, marketed within the Nomad Bay brand, and made available for rent through an in-house reservation centre. Only a few minutes away from the beach, fine dining, beautiful golf courses and conveniently close to Faro International airport, Nomad Bay’s location ensures excellent connectivity to what makes


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usually is not prone to change and innovation. COVID forced developers to adapt and invent new ways to continue their operations and developments, as well as to attract new buyers. On Nomad’s side, we had to train our teams to work remotely and stay up to date, especially on the technical divisions. But the real transition came from the digitalization of all of our marketing and sales divisions. Like most developers, we used to rely on brokers and international roadshows to sell our projects and find new buyers. Overnight, borders closed, travel was no longer possible. We could no longer meet with our clients abroad, and they could no longer come visit their investments. We decided to strengthen our social media strategies and explore ways we could take advantage to further promote our projects. It is a trend we had noticed with the luxury and fashion industries and thought to apply it to our projects. This was quite the revolution for our company, and today at least four out of ten of our new clients found us on either Instagram or Facebook. Today, we are much closer to our audience, we can communicate with them directly, receive feedback, all without the added layer of third parties. It benefited each stakeholder involved in our projects, from our investors all the way to our internal teams and final property buyers. Of course, developing a brand proved to be a key selling element, and our following base on Instagram grows each day (@nomadresidences).

the Algarve fabulous, as well as the exclusivity and intimacy of a private resort to enjoy with friends or family. All apartments feature floor-to-ceiling windows, fully blending the bright and spacious indoor spaces with the outdoor terraces. Globally inspired furniture and materials, attention to details at every step, delivering elegance, comfort, and functionality. The interiors are curated with tailored finishes, while using natural and sustainable materials. In our opinion, long-term value-add lies in the extensive creative design and craftsmanship of simple materials. As a primary residence, a vacation home, or as an investment, there is a Nomad Bay property for every investor. Inevitably, we have to address the issue of the day, which is the pandemic that is being experienced worldwide. What was its impact on the real estate sector, both nationally and in Europe? COVID as certainly created a lot of challenges and issues, and hurt many industries worldwide. Portugal has been very impacted as well. However, I believe crisis brings its own set of opportunities, and COVID is no different. With the announcement of the first lock down, the world had to adapt to a new way of life, and businesses came to a full stop. Real Estate is quite an established industry, which

More precisely in the Algarve, many claim that it is the region of the country where the pandemic is having a more demanding impact. For Nomad Capital, what challenges have arisen in this area? It did hurt tourism significantly, and it was a difficult and scary period, but I think in the long term, the Algarve and Portugal will benefit. Also, I found over the years that Portugal is very resilient to crisis and knows how to adapt and recover from difficult times. I expect it to be the same this time, and Summer 2021 has proven that it is the case. As soon as Portugal opened it’s borders, tourists came back right away. We noticed tourists coming from countries not typical to tourism in Portugal in previous years, and again COVID played a part in this, as Portugal is now the country in the world with the highest percentage of vaccinated people. Also, the country proved to be an example internationally with the way it dealt with the first lock down. More importantly, all of the reasons Portugal is so attractive to foreigners and tourists still exist today, despite the pandemic. In other words, I am not worried for the future, and I have full trust in Portugal to recover quickly, but also to find ways to re-invent itself and become even more attractive. One thing we can already notice following the pandemic is that it also attracted a lot of new interest on the region. We are seeing a new wave of property buyers, not looking at Portugal only as a vacation destination, but as a long-term residence. Not only for retirement, as these new individuals are much younger, and hoping to establish news businesses and ventures in Portugal.

The most notable examples are Americans, looking at Portugal as an alternative to Florida and California to retire. Canadians are looking to benefit from the new advantageous tax regime in the crypto-currency industry, which is also a new trend. And finally North European looking to relocate and work remotely during the winter month from Portugal, while the weather is still pleasant in the Southern parts of Europe. In my opinion, COVID was the main driver for these new types of clients, which will bring a lot of longterm value to the country. And I am sure we will be seeing new trends in the coming months as the situation evolves further. Nomad Capital’s mission is, from day one, to imagine and develop the best experiences in life, creating projects inspired by the world and consistently responding to the needs of its clients. What news and projects are being planned? So, how will it keep up with the expected changes in the future of the sector? We have many ideas in development. Our main objective currently is to further expand our operations in the Algarve, as we think the next Portuguese real estate boom is in this region. We are currently working on a potential €100M project in the Algarve. We also want to create the first Urban Resort in the Lisbon area, which would be managed under the Nomad Residences umbrella. In the longer term, as we expect the branded residences trend and demand to grow in the next 20 years, we trust there will be potential for our products and services in various places around Europe. Our aim, thanks to our knowhow and expertise, is to become the prime development partner for Europe-based serviced and branded residential concepts. This can be either via our own brand, or in partnership with international hotel, luxury and fashion brands. And of course, keep innovating and being at the top of the trends ! Finally, what does Nomad mean? Historically, a Nomad is a member of a community whose lifestyle adapted to infertile regions, and where mobility is the most efficient strategy for exploiting scare resources. In the modern world, we talk about digital nomads, people that are constantly traveling, seeing the world, discovering new cultures, and meeting people from all walks of life. I think a lot of our property buyers relate to this way of life, and have different places to call home around the world. The Nomad brand fits into this environment. Prior to settling down in Portugal, I lived for many years in Japan, China, India, the Middle East, America, and many other countries. During those times, I discovered many ways of life, and got very interested in the hotel and hospitality sectors. Especially how luxury and services is applied differently in various parts of the world. Nomad projects are inspired by the world, we take the specificities we prefer in each markets, and apply them to target locations in which we invest, such as Portugal. ▪

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“ORGANIZAR AS SUAS TAREFAS POR ESCRITO NUMA AGENDA OU NUM DIÁRIO (DE PREFERÊNCIA, À MÃO), PERMITE-LHE PLANEAR MELHOR OS SEUS DIAS, AUMENTAR A SUA PRODUTIVIDADE E CONSEQUENTEMENTE, O SEU DESEMPENHO PROFISSIONAL” ANALITA ALVES DOS SANTOS

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PONTOS DE VISTA A ESSÊNCIA DA ESCRITA

ANALITA ALVES DOS SANTOS

5 Razões

para criar o hábito da Escrita «Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até ao último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador.» Clarice Lispector

T

odos os grandes autores são grandes leitores, mas não é preciso ambicionar ser escritor para criar o hábito da escrita. Já reparou a quantidade de vezes que escreve no seu dia a dia? E-mails, mensagens no telemóvel, publicações nas redes sociais. Talvez até tenha um blogue ou um website corporativo, ou necessite escrever artigos de opinião. Se fizer da escrita um hábito diário as suas palavras sairão com mais fluidez, clareza e confiança, sempre que escrever por «obrigação». Na verdade, os benefícios da escrita estendem-se a todas as áreas da sua vida. A leitura e a escrita são indissociáveis, essenciais para qualquer comum mortal. Quanto mais cedo interiorizar esta verdade, melhor. Nas próximas linhas partilharei consigo cinco boas razões para introduzir a escrita na sua rotina diária.

MELHORAR A SUA COMUNICAÇÃO ORAL Ao escrever de forma mais clara, assertiva e sucinta, a sua comunicação oral agradece. Gradualmente, começará a compreender quais as expressões mais eficazes, mais convincentes e empáticas, além de aumentar o seu vocabulário.

MELHORAR A QUALIDADE DOS SEUS TEXTOS A prática frequente da escrita (e da leitura) faz com que a qualidade dos seus textos melhore gradualmente, quase sem dar por isso. As palavras, as frases surgirão com mais ritmo e numa cadência natural. Terá maior facilidade em perceber o que é supérfluo. Ficará também mais atento às incongruências e aos erros frequentes.

PLANEAR MELHOR O SEU DIA Organizar as suas tarefas por escrito numa agenda ou num diário (de preferência, à mão), permite-lhe planear melhor os seus dias, aumentar a sua produtividade e consequentemente, o seu desempenho profissional. Tenha o bom hábito de planear por escrito o seu dia de trabalho na noite anterior, com foco nas suas prioridades. Estas são apenas algumas das razões para incluir a escrita na sua rotina diária. Faça-o de forma lúdica ou profissional, mas não menospreze o poder da palavra escrita na sua vida. Aproveito para convidá-lo a seguir-me no Instagram, onde todos os dias partilho sugestões literárias, curiosidades sobre a Língua Por­tuguesa e oportunidades de formação como o programa «Escrita em Ação», a formação ideal para quem necessita de escrever mais e melhor por motivos profissionais, para quem gosta de literatura e deseja aprimorar os seus conhecimentos com o objetivo de criação literária e para todos aqueles que reconhecem na escrita uma importante forma de terapia. A última turma de 2021 arranca no dia 4 de outubro. Fica o convite. ▪ https://www.instagram.com/analitaalvesdossantos/

A ESCRITA COMO TERAPIA Escrever sobre acontecimentos significativos da sua vida traz-lhe benefícios ao nível da saúde mental, saúde física, bem-estar e do desenvolvimento pessoal. A escrita possibilita-lhe exteriorizar momentos difíceis, vê-los «de fora», de outro ângulo. Nestas situações, escrever à mão traz benefícios adicionais. Pratique a escrita livre, deixe os seus pensamentos espelhados no papel, expresse o que não consegue resolver dentro de si, angústias, medos. Alivie as dores da alma através da escrita. Procure também escrever sobre acontecimentos positivos. Resolva o que precisa de resolver, mas também enalteça, através da escrita, as suas conquistas diárias ou desejos para o futuro.

ORGANIZAR OS SEUS PENSAMENTOS Quando escreve precisa de encadear as suas ideias para tornar a leitura mais escorreita. Essa hierarquização dos argumentos ajudará a selecionar as informações mais pertinentes, a organizar melhor o seu pensamento, a olhar para dentro. O hábito da escrita também conduz ao autoconhecimento.

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PONTOS DE VISTA SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

POR TRATOLIXO

SACOS VERDES, ENQUADRAMENTO AMBIENTAL E INSTITUCIONAL Os biorresíduos representam a maior componente dos resíduos urbanos indiferenciados e compõem-se principalmente por resíduos alimentares e resíduos verdes provenientes de jardins. Em muitos países europeus, a recolha seletiva de biorresíduos já está implementada há vários anos, mas outros, ainda procuram as melhores práticas e os meios para a sua implementação. É o caso de Portugal, onde existem apenas alguns projetos específicos de recolha de biorresíduos em grandes produtores, como mercados e cantinas, mas nenhum regime geral de recolha e tratamento deste fluxo, nomeadamente, os resíduos alimentares domésticos.

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obrigação de todos os Estados-Membros da UE recolherem os biorresíduos seletivamente ou garantirem a reciclagem na fonte a partir do final de 2023 irá acelerar a implementação de novos sistemas de recolha, com várias soluções disponíveis e sem lei específica ou norma nacional que defina qual o modelo técnico que deve ser adoptado. A TRATOLIXO é uma empresa intermunicipal de capitais integralmente públicos, detida em 100% pela AMTRES – Associação de Municípios de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra para o Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos, responsável por receber e tratar os resíduos produzidos por cerca de 900 000 habitantes, o que representa 10% da produção nacional de resíduos. Grande parte do território abrangido corresponde a grandes áreas urbanas, sendo que, cada município possui os seus próprios serviços de recolha de resíduos. A chave do sucesso de uma mudança ambiciosa, numa atividade que impacta o dia a dia de todos os cidadãos, será, sem dúvida, a existência de uma ação concertada entre as diferentes partes envolvidas neste processo. Criar um modelo totalmente novo de deposição, recolha e tratamento de um fluxo de resíduos que representa entre 40% a 60% do total de resíduos sólidos urbanos (RSU), é um grande desafio que pode mudar a forma como os cidadãos encaram os resíduos que produzem nas suas habitações, e a maneira como as cidades são projetadas para acomodar esses resíduos nas ruas, antes da sua recolha e transporte para uma unidade de tratamento capacitada para proceder à sua valorização transformando-os

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em recursos com valor, mais precisamente em fertilizantes agrícolas de elevada qualidade, electricidade e calor. Com cerca de 308 Municípios, que são as entidades jurídicas responsáveis ​​pela recolha de resíduos urbanos em Portugal, é possível existirem diferentes modelos de recolha, embora as empresas que recebem e tratam os diferentes fluxos de resíduos urbanos sejam apenas 23. Estas empresas de tratamento de resíduos, públicas ou privadas, têm sempre na sua estrutura de capital a presença de uma associação dos diferentes Municípios que servem. Portanto, seria de esperar uma definição concertada dos modelos de recolha e tratamento adoptados, o que nem sempre acontece devido às dificuldades no diálogo entre os Municípios e essas empresas. Antes de mais, a implementação com sucesso de uma recolha seletiva de biorresíduos depende de dois fatores distintos: a) Cada agregado familiar terá de separar nas suas casas os restos de comida numa tipologia de saco ou contentor de resíduos, diferente dos existentes; b) Os resíduos alimentares separados devem ser depositados nos contentores disponíveis nas ruas de todos os Municípios para serem recolhidos pelos operadores de recolha. Para ultrapassar o problema a) é fundamental a promoção de campanhas de comunicação e sensibilização que alcancem toda a população, recorrendo a todos os meios, desde as campanhas de marketing tradicionais, às campanhas através das redes sociais, ou à sensibilização porta à porta. É igualmente significativo estar diariamente nas escolas, pois será necessário


PONTOS DE VISTA SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

motivar a adesão dos cidadãos à mudança dos seus comportamentos. Claro, que quanto mais ampla for a solução adotada no território, mais fácil será transmitir a mensagem. Em relação ao problema b) o impacto não está apenas nos hábitos das pessoas, pois se novos contentores forem espalhados ao longo das áreas urbanas, o espaço público será reduzido. Isso, é particularmente relevante em áreas densamente povoadas e zonas históricas, onde as estradas e as calçadas são estreitas e todo o espaço público é escasso. Além disso, o impacto do tráfego adicional de camiões de recolha nesses locais será imenso, gerando poluição sonora e do ar com gases emitidos pelos escapes dos camiões em áreas residenciais. Estes inúmeros aspetos originam impactos contrários ao bem-estar e à qualidade de vida que cada Município pretende proporcionar aos seus cidadãos. A SOLUÇÃO – ANTECIPADAMENTE: PLANEAMENTO E CONSENSO Perante este cenário, a TRATOLIXO e os 4 Municípios da zona oeste da área metropolitana de Lisboa, nomeadamente, os Municípios de Cascais, Oeiras, Mafra e Sintra, com cerca de 900 000 habitantes e 10% da produção nacional de

“NESTE MODELO, OS CIDADÃOS DEVEM NAS SUAS HABITAÇÕES COLOCAR OS BIORRESÍDUOS EM SACOS DE PLÁSTICO VERDES E, EM SEGUIDA, FECHAR ADEQUADAMENTE O SACO VERDE E COLOCÁLO NO CONTENTOR DO INDIFERENCIADO”

resíduos, chegaram à conclusão, que o sucesso da solução a implementar passaria pela estratégia de cooperação, concertada e coordenada em consonância entre os cinco stakeholders. À TRATOLIXO compete o serviço em alta e, às Câmaras Municipais, o serviço em baixa. Trata-se de um sistema que deve funcionar integrado e coordenado com objetivos bem firmes e determinados. A estrutura operacional desta coordenação é a CAPER – Comissão de Acompanhamento do Plano Estratégico de Resíduos, cujas reuniões obedecem a uma periodicidade quinzenal, nas quais aprovam vários projetos em conjunto e por unanimidade. Trata-se de uma Comissão onde todas as entidades são representadas por membros relevantes da sua organização, com capacidade de decisão e ligadas à implementação das medidas adoptadas. A solução convencional e que domina grande parte do país, acrescentando mais um contentor para a recolha dedicada de biorresíduos, parece a mais simples e de fácil implementação. No entanto, embora seja expectável um aumento no fluxo de biorresíduos ao longo do tempo e isso signifique uma redução na recolha do indiferenciado, por um período de tempo indeterminado será necessário um aumento

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PONTOS DE VISTA SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

significativo desses circuitos de recolha, sendo que, mesmo com pouca adesão dos cidadãos, os contentores de biorresíduos deverão ser recolhidos pelo menos três vezes por semana. A quantidade de resíduos depositados será irrelevante pois o processo de decomposição gera lixiviados e causa odores que não permitem uma frequência de recolha mais espaçada. Os contentores também exigem lavagens frequentes, com mais camiões a circular nas cidades e maior consumo de água que originam efluentes, com elevada carga orgânica, que terão de ser tratados, com acréscimo de impacto ambiental negativo. Não menos importante, é o impacto económico deste modelo, exigindo a aquisição de nova contentorização, novos camiões, contratação de novas equipas, com todos os custos operacionais associados. Refletindo sobre todos os impactos negativos deste modelo, a CAPER decidiu estudar e avaliar outras opções, com especial interesse no modelo adotado na cidade de Oslo, na Noruega. Este modelo, já foi implementado há vários anos e evita a necessidade de separar os biorresíduos em milhares de novos contentores. Distingue-se pela redução do custo de recolha face a sistemas porta a porta ou dedicados, feita graças a uma maior eficiência dos circuitos de recolha, que se mantêm inalterados, sem novos circuitos, veículos de recolha, nem recursos humanos adicionais, o que se traduz em reduções de emissões de gases de efeito de estufa, reduções de consumos de combustíveis fósseis e menos equipamento pesado a circular em meios urbanos densamente po-

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voados. De acordo com a estimativa para área de intervenção da TRATOLIXO o aumento das emissões de CO2 associado à criação de novos circuitos para a recolha dedicada de biorresíduos, com acréscimo de viaturas de recolha e lavagem em circulação, seria equivalente a 2 250 000 kg CO2 em cada ano. Não contando, nem com a poluição sonora, nem com a da qualidade do ar. Neste modelo, os cidadãos devem nas suas habitações colocar os biorresíduos em sacos de plástico verdes e, em seguida, fechar adequadamente o saco verde e colocá-lo no contentor do indiferenciado. Quando processado na unidade de tratamento de resíduos, este fluxo de resíduos mistos passa por diversos equipamentos óticos, que separam mecanicamente os sacos verdes dos restantes resíduos, enviando-os para a Central de Digestão Anaeróbia, uma unidade fabril própria para tratamento de resíduos orgânicos. O modelo de recolha seletiva de biorresíduos implementado na área de intervenção da TRATOLIXO, com sacos verdes para separação ótica foi o escolhido, quer pelas mais-valias económicas, quer pelas mais-valias ambientais, especialmente em contexto de pandemia e pós-pandemia, sendo a população, neste momento, particularmente sensível a essas questões. Depois de muitas reflexões, foi consensualmente aprovado por todos os membros da CAPER ser esta a solução ideal para o problema. Era hora de o provar e planear todas as etapas e acções necessárias para que o inovador modelo se traduzisse numa realidade.

“O MODELO ADOTADO PARA RECOLHER E TRATAR SEPARADAMENTE OS BIORRESÍDUOS NA ÁREA GEOGRÁFICA ABRANGIDA PELA TRATOLIXO, É O RESULTADO DE UM PLANEAMENTO ESTRATÉGICO CONCERTADO ENTRE TODAS AS PARTES ENVOLVIDAS, CONSIDERANDO TODOS OS IMPACTOS, NÃO SÓ AMBIENTAIS E ECONÓMICOS, MAS TAMBÉM OS IMPACTOS NA QUALIDADE DE VIDA E NO BEM-ESTAR DE CADA CIDADÃO”


PONTOS DE VISTA SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

CONCLUSÃO

A SOLUÇÃO – EM NÚMEROS Tentando associar números à solução a preconizar, a CAPER solicitou aos operadores de recolha informação, com base no seu histórico operacional, quantos camiões novos, circuitos, equipamentos de lavagem e consumíveis (água, gasóleo) seriam necessários para implementar uma nova recolha selectiva de biorresíduos, no modelo convencional. A soma dos 4 Municípios, apresentou números muito surpreendentes:

cionais (apenas com as novos circuitos de recolha) Tendo em consideração todos os dados e conclusões, ficou claro, que o modelo dominante no país é tudo menos uma boa opção económica e ambiental. A adoção da solução dos sacos óticos (sacos verdes separados na unidade de tratamento de resíduos) significaria uma economia anual de 2 115 000 kg CO2 e 300 000 000 litros de água, uma vez, que não são necessários contentores e lavagens adicionais.

+ 800 000 litros de gasóleo todos os anos + 2 115 000 kg CO2 todos os anos + 300 000 000 litros de água todos os anos Além disso, os custos referentes ao investimento e os custos operacionais seriam significativos: + 5 000 000 € de investimento em novos camiões e contentores + 2 000 000 € por ano de custos opera-

O SACO VERDE PERMITE: Utilizar o contentor indiferenciado já existente; Utilizar o mesmo transporte de recolha do indiferenciado; Recurso às mesmas equipas; Sem lavagens acrescidas dos camiões de recolha; Poupar 300 000m³ de água/ano; Poupar cerca de 850 000 litros de gasóleo/ ano ou seja 2 250 000kg/ CO2.

A SOLUÇÃO – PRÓXIMA FASE: ACÇÃO Uma vez identificado e escolhido o modelo a ser adotado na área de intervenção da TRATOLIXO, foram tomadas decisões para prosseguir a sua implementação. Para garantir o sucesso desta medida os quatro Municípios implementaram projetos-piloto. Cada Município escolheu uma área de cerca de 5.000 famílias, onde distribuiu gratuitamente sacos verdes, explicando o projeto através de campanhas de sensibilização porta à porta. Foi o primeiro passo, para entender todos os obstáculos que se vão apresentar no momento de implementar o novo conceito à totalidade da sua população e melhorar, com antecedência, vários detalhes como o tipo de saco plástico (tamanho, espessura), logística (entrega das sacos por família), a adesão ao projeto e, por fim, como é a resposta a esta significativa mudança de hábitos. Foi antecipadamente criada uma campanha de comunicação em conjunto, com informação a divulgar com dados e apresentações comuns. Foi escolhido um slogan representativo da campanha, que será o mesmo para os 5 stakeholders e que será divulgado em diversos elementos de comunicação como outdoors, websites, mupis, folhetos, redes sociais e frota de camiões de transporte de resíduos.

É fundamental para o sucesso do projeto conseguir a adesão da comunidade a este enorme esforço, unidos na melhoria do desempenho ambiental e circularidade e, assim sendo, o investimento em comunicação não pode ser subestimado nem descontinuado no tempo. E acima de tudo, a mensagem deve ser clara e coerente. Para que o projeto se concretize, foi igualmente necessário planear a adaptação do TM, em Trajouce, Cascais, onde todos os resíduos não triados são entregues e triados. Após a candidatura, bem-sucedida, ao Programa de Financiamento Português da UE - POSEUR (Programa Operacional para a Sustentabilidade e Eficiência na Utilização de Recursos), este projeto foi contemplado com um financiamento total de 85% de 4.950 milhões de euros. Este investimento permitirá a mudança no processo, instalando máquinas de triagem optica que separarão todos os sacos verdes que chegarão nas 300.000 t/ano de resíduos indiferenciados que a TRATOLIXO recebe e trata. Estará pronto para funcionar em meados de 2023, a tempo de cumprir o prazo. Todos os sacos verdes serão posteriormente enviados para a Central de Digestão Anaeróbia existente, na Abrunheira, Mafra, onde o seu conteúdo de resíduos orgânicos será convertido em electricidade e composto de alta qualidade. ▪

O modelo adotado para recolher e tratar separadamente os biorresíduos na área geográfica abrangida pela TRATOLIXO, é o resultado de um planeamento estratégico concertado entre todas as partes envolvidas, considerando todos os impactos, não só ambientais e económicos, mas também os impactos na qualidade de vida e no bem-estar de cada cidadão. O único ponto crítico deste modelo prende-se com o uso de sacos plásticos para a deposição dos biorresíduos, num período em que a redução do uso de plásticos, tem sido uma das preocupações ambientais que tem vindo a vingar. Alguns dos modelos de contentorização de rua para biorresíduos estão, de fato, a ser projetados abolindo o uso de sacos de plástico, mas, por outro lado, são os modelos que mais pecam na utilização de água. Tendem a não ser de utilização prática, devido aos odores que geram e à necessidade constante de lavagem dos contentores domésticos. Assim sendo, os cidadãos não gostam de participar e sem a sua adesão, todo o sistema ficará comprometido. Para dar resposta a esta preocupação, todos os sacos verdes fornecidos aos cidadãos são atualmente inteiramente produzidos de plástico reciclado. A TRATOLIXO também está a trabalhar em parceria com Universidades e Empresas privadas com o objetivo de desenvolver plásticos biodegradáveis ou, ​​ sacos de matéria orgânica que também possam ser enviados para o processo de digestão anaeróbia. Assim que surja alguma inovação, que seja técnica e economicamente viável, a TRATOLIXO apresentará este novo saco ao sistema. Finalmente, com a implementação total do projeto de biorresíduos, a Circularidade total do tratamento de resíduos mistos da TRATOLIXO aumentará dos actuais 29% para cerca de 63%, o que significa que cerca de 100.000 toneladas por ano serão desviadas do aterro. Importa ainda referir que este modelo de recolha e tratamento foi já validado pelas autoridades ambientais da União Europeia e está inscrito na mais recente legislação portuguesa, de acordo com a revisão do RGGR (Decreto-Lei n.º 102-D/2020) promovida pela Lei n.º 52/2021 - Diário da República n.º 154/2021, Série I de 2021-08-10, tendo-se alterado o artigo 36ª com o seguinte articulado, indo ao encontro da nossa pronúncia em sede de audiência prévia do diploma: 4 — A recolha selectiva prevista na alínea b) do n.º 2 e no n.º 2 do artigo 30.º pode ser efectuada em conjunto com o resíduo urbano misturado, desde que se encontre devidamente acondicionada em saco ótico e segregado dos restantes, garantindo a sua adequada separação e tratamento biológico, não sendo permitida a mistura com outros resíduos.

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PONTOS DE VISTA SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

NUNO ARRUDA, EXECUTIVE BOARD PORTUGAL E SENIOR DIRECTOR HEAD OF SALES AND CLIENT MANAGEMENT DA WILLIS TOWERS WATSON

“Está nas nossas mãos, como consumidores e eleitores, lutar pelo verdadeiro bem comum a Todos:

o Planeta em que vivemos”

As alterações climáticas e fenómenos delas decorrentes, mais do que “um risco”, são uma certeza. E sendo um risco sistémico, a grande questão é saber até que ponto estamos preparados para enfrentar o impacto em perda de vidas humanas, nos bens básicos/alimentares, nas infraestruturas e nas cadeias de fornecimento. Porque a realidade é que as perspetivas são de que com cada vez maior frequência estejamos expostos a fenómenos cada vez mais severos (sejam eles tempestades, cheias, secas, grandes amplitudes térmicas, entre outros).

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e acordo com informação partilhada recentemente pelo World Economic Forum, no âmbito de um estudo da Swiss Re, perante um aumento de temperatura na ordem dos 3,2ºC, as alterações climáticas terão destruído 18% do Produto Interno Bruto Global em 2050. Um estudo publicado recentemente pela Cloud to Street, parceira da Willis Research Network, oferece novos elementos e informações sobre o crescente risco de inundações em todo o mundo, tendo concluído que a proporção da população global exposta a cheias cresceu 24% desde o início do novo milénio, afetando entre 255 e 290 milhões de pessoas. Tal acaba por se traduzir numa grande pressão não só financeira, mas também regulatória, dos investidores (e também da opinião pública e dos consumidores) nas empresas para por um lado, reduzirem o seu impacto ambiental (descarbonização, investimento sustentável etc.) mas também para quantificarem e mitigarem os riscos climáticos a que estão expostos (por exemplo a TCFD Taskforce for Climate-related Financial Disclosures) com o objetivo de irem ao encontro da exigência de transparência à volta destes riscos e encorajar as organizações a introduzirem a resiliência e a sustentabilidade a longo prazo nas suas estratégias e processos. A verdade é que nos últimos 18 meses o foco

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PONTOS DE VISTA SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

global esteve muito no controlo da pandemia da COVID-19, desviando um pouco a atenção do tema dos riscos climáticos. Agora, enquanto lutamos para recuperar da pandemia, temos a oportunidade de aprender algo com esta experiência recente e acelerar o combate às mudanças climáticas, projetando uma sociedade mais resiliente, mais capaz de gerir riscos complexos e interconectados em todos os níveis da sociedade e da indústria. A pandemia é, como os riscos climáticos, uma megatendência, tanto em termos de impacto na sociedade e nas economias como na escala e complexidade das possíveis respostas necessárias. Efetivamente, as alterações climáticas abrangem e ligam os aspetos ambientais, sociais e de governance (ESG) da gestão das empresas (públicas ou privadas) e devem condicionar as políticas nacionais e internacionais. À medida que a ESG evolui para ir além do mundo da responsabilidade social corporativa e se torna uma estrutura para lidar com riscos complexos, para lá do âmbito individual ou de entidades únicas, estas questões globais devem ser revistas e geridas de forma holística através de uma compreensão analítica mais profunda das muitas facetas da gestão de risco. Num mundo a mudar a um ritmo nunca visto, a sociedade é obrigada a enfrentar esses desafios num contexto geopolítico complexo e é essencial que os processos de tomada de decisão sejam baseados em evidências: medir, partilhar e depois gerir. O risco não é distribuído de forma uniforme pelo que as respostas a desafios complexos, como uma pandemia ou os riscos decorrentes das alterações climáticas, devem ser vistas no contexto global de tendências globais, como a urbanização, o crescimento populacional, as mudanças demográficas, a degradação ambiental ou a evolução tecnológica, aspetos fundamentais para as escolhas comportamentais individuais e para a tomada de decisões políticas ou de negócios. E é na quantificação e planificação para os riscos climáticos que os consultores mais têm trabalhado. Na Willis Towers Watson temos assumido a liderança não só na investigação, divulgação e sensibilização (através da Willis Research Network

que junta mais de 60 organizações académicas e de investigação e como membro fundador da Coalition for Climent Resilient Investment) mas também criando modelos analíticos preditivos: acabamos recentemente de lançar o Climate Quantified que vem complementar e de alguma forma “democratizar” os modelos feitos ad-hoc. Mais, temos trabalhado ativamente com os nossos clientes no sentido de os ajudar a enfrentar novos critérios de investimento e na sua própria transformação. Já o mercado (re)segurador tem um papel essencial na transferência destes riscos e terá acima de tudo que se adaptar e ser capaz de criar soluções alternativas para riscos que se medirão e manifestarão de forma diferente. A verdade é vemos hoje crescer a procura por soluções paramétricas, associadas a índices e variações mais do que a fenómenos súbitos e acidentais. Um outro fator que cria incerteza é o risco da transição, ou seja, os riscos (e oportunidades) associados à mudança para uma economia de carbono baixo ou zero, sejam eles mensuráveis, como os custos de mudança de infraestrutura para eletricidade e energia renovável, ou indeterminados. Uma transição rápida, em que as políticas e regulamentações impulsionam metas que exigem mudanças drásticas e rápidas, seria muito diferente para um mundo de transição mais lenta. Na verdade, uma transição rápida quase poderia atuar como uma estratégia de “mitigação” ao reduzir a necessidade de gastar em medidas de adaptação a longo prazo. Por outro lado, uma transição lenta exigiria esforços muito maiores para gerir a resiliência e recuperação a desastres, pois os padrões climáticos mudam mais rápido do que os ecossistemas e as comunidades se adaptam. Além disso, no longo prazo, os níveis de carbono seriam ainda mais altos, levando a estratégias de mitigação mais caras se o objetivo for voltar aos níveis pré-industriais. E além de chegar a um acordo sobre um conjunto comum de métricas e metodologias de transição, todos temos um conjunto pessoal de valores que influenciarão as suas ações relativamente às mudanças climáticas. Isso também se aplica ao mundo dos negócios. Posturas políticas partidárias em todo o mundo

“AGORA, ENQUANTO LUTAMOS PARA RECUPERAR DA PANDEMIA, TEMOS A OPORTUNIDADE DE APRENDER ALGO COM ESTA EXPERIÊNCIA RECENTE E ACELERAR O COMBATE ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS, PROJETANDO UMA SOCIEDADE MAIS RESILIENTE, MAIS CAPAZ DE GERIR RISCOS COMPLEXOS E INTERCONECTADOS EM TODOS OS NÍVEIS DA SOCIEDADE E DA INDÚSTRIA” tornam essa divisão entre ação e inação ainda mais clara. Este é um tema muito complexo que nos impacta a todos. Mas também depende de todos (e não só das grandes empresas) fazer a

nossa parte para tentar atenuar ou atrasar este fenómeno: está nas nossas mãos como consumidores e eleitores lutar pelo verdadeiro bem comum a todos: o planeta em que vivemos. ▪

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PONTOS DE VISTA SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

Associação Dark Sky e o Compromisso com a Sustentabilidade A Sustentabilidade assume-se atualmente como uma das principais diretrizes de marcas e instituições a nível nacional e mundial, com ganhos evidentes para todos. A Associação Dark Sky é um desses exemplos e foi com este desiderato que estivemos à conversa com Apolónia Rodrigues, Presidente da instituição, que nos contou a importância dos compromissos assumidos pela entidade, que em 2020 atingiu o Top 100 dos Destinos Sustentáveis.

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Associação Dark Sky tem o orgulho de ser signatária da iniciativa “Global Tourism Plastics Initiative”, liderada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente “United Nations Environment Programme” e pela Organização Mundial do Turismo (OMT), em colaboração com a Fundação Ellen MacArthur. Quão importante foi – e tem sido – pertencer e contribuir para estas iniciativas? O primeiro destino da Rede Dark Sky, o Dark Sky® Alqueva, nasceu em 2007 com base num modelo integrado de desenvolvimento sustentável aplicado a destinos criado internamente e consolidado ao longo dos anos, seja pela melhoria da estratégia ou em resultado de mudanças, como é o caso desta pandemia. Naturalmente, todas as preocupações que estão na base da criação da “Global Tourism Plastics Initiative” estão incorporadas no nosso modelo mas não tendo todos os recursos necessários para implementar uma estratégia tão transversal, procuramos reunir apoios e suporte em iniciativas específicas que contribuam para a nossa missão e que estejam bem estruturadas. Ao aderir a esta iniciativa fazemos parte de uma comunidade que está a trabalhar com um objetivo muito específico e que desenvolve ferramentas que contribuem para uma atuação no terreno mais eficaz e eficiente. E naturalmente estes princípios são incorporáveis em todas as iniciativas e projetos em que nos integramos, incluindo nos outros dois des-

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sua origem, comprometendo-se até 2025 com várias alterações ambientais. O que irá mudar? A Associação Dark Sky subscreve os compromissos e nesse âmbito compromete-se até 2025: Eliminar artigos e embalagens de plástico que sejam problemáticos ou desnecessários; Tomar medidas para mudar os modelos de uso único para modelos de reutilização ou alternativas reutilizáveis; Envolver a cadeia de valores para seguir numa direção em que 100% das embalagens de plástico sejam reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis; Tomar medidas para aumentar a quantidade de conteúdo reciclado em todas as embalagens e artigos de plástico usadas.

APOLÓNIA RODRIGUES

tinos que fazem parte da Rede Dark Sky® Portugal, o Dark Sky Aldeias do Xisto desenvolvida em cooperação com a ADXTUR e o Dark Sky Vale do Tua desenvolvido em cooperação com o Parque Natural Regional do Vale do Tua. Como signatária da iniciativa “Global Tourism Plastics Initiative”, a Associação Dark Sky visa abordar as causas da poluição por plásticos na

No ano passado, o Dark Sky Alqueva atingiu o Top 100 dos Destinos Sustentáveis, fazendo, mais uma vez, jus ao que desde sempre defende. Quais são os critérios que englobam este reconhecimento e que, naturalmente, se encontram neste destino? A integração no TOP 100 dos Destinos Sustentáveis em 2020 foi um marco porque reflete o trabalho desenvolvido ao longo dos anos e desde a sua criação, sem perder o foco na sustentabilidade, mesmo quando este tema era considerado um peso e um custo, em vez de um importante benefício. A integração no TOP 100 implica a análise do destino e dos seus indicadores de sustentabilidade e nesse campo, a implementação do ETIS, Sistema Europeu de Indicadores de


PONTOS DE VISTA SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

Turismo para a Gestão Sustentável de Destinos, ajudou-nos a ter os indicadores que refletem o nosso modelo de sustentabilidade. O Top 100 dos Destinos Sustentáveis para 2021 da Green Destinations não foi ainda apresentado, mas esperamos boas notícias tendo em conta o trabalho desenvolvido em 2020 e 2021.

envolve uma procura de quase zero poluição luminosa, iniciativa transversal e que envolve os quatro pilares da sustentabilidade. Assim e associado ao combate à poluição luminosa surgem as restantes iniciativas ambientais ligadas à questão dos plásticos, à proteção ambiental deste destino, entre outras.

Considera que a procura turística tem tido, cada vez mais, esse facto em consideração? Estarão as pessoas hoje mais conscientes daquilo que é um destino sustentável? Neste momento sim, estão mais conscientes e uma parte considerável da procura turística deverá manter as suas intenções em optar por destinos mais sustentáveis. Contudo, devemos ter em conta que este aumento da procura irá criar pressão turística e o aumento de intenções de investimento nestes destinos pois estes acompanham a procura. E é aqui que destinos mais preparados e com uma estratégia de sustentabilidade mais consolidada conseguirão resistir à tentação de enveredar pela massificação. Cada decisão tem uma implicação a curto, médio e longo prazo e normalmente as decisões são tomadas com base no benefício imediato, esquecendo os impactos a médio e longo prazo. Isto resulta de ciclos políticos de quatro anos e uma fraca responsabilização pelos impactos negativos de médio e longo prazo que determinadas estratégias ou decisões criam nos destinos.

O International Astrotourism Conference by Starlight, no Dark Sky Alqueva, de 8 a 11 de setembro, contou com a participação de especialistas cujo objetivo passou por abordar os desafios e oportunidades do astroturismo a partir de diferentes perspetivas. Desta iniciativa, que novas convicções se puderam retirar e que servirão para o futuro do tema? Tal como referimos durante a conferência e que foi secundado por muito dos presentes, é que o combate à poluição luminosa continua a ser uma tarefa muito complicada em resultado de mitos e questões socioeconómicas que tornam a nossa tarefa “estranhamente” difícil. Mas também resultam da dificuldade de assimilação de novos conhecimentos e se por um lado, existe a “desculpa” de que a ciência não consegue comunicar eficazmente, quem está no terreno percebe que na maior parte dos casos, a ciência só é considerada quando interessa e que os mitos ou ideias pré-concebidas são tidas como certezas e não se coloca em causa conhecimentos adquiridos mesmo que notoriamente desatualizados. Quando digo estranhamente difícil refiro-me ao fato de serem cada vez mais conhecidos os malefícios da luz artificial excessiva, especialmente os LED’s mais comercializados com temperaturas de cor elevadas (acima dos 3.000 kelvins) e notório o gasto excessivo em iluminação pública, quando as Câmaras lutam cada vez mais com menos recursos para as competências que têm

Acredita que o reconhecimento que o Dark Sky Alqueva tem tido nos últimos tempos muito se deve ao seu contributo ativo com o ambiente? Sim, sem dúvida especialmente no que respeita a sua missão de proteção do céu noturno, que

em mãos. Por exemplo, nos destinos em que trabalhamos a partir de determinadas horas (a hora depende da estação do ano) existe uma diminuição drástica na circulação de pessoas, mas a iluminação, que já é extremamente excessiva, continua a funcionar a 100%. E o mesmo se aplica à iluminação pela noite dentro até amanhecer. Durante estes anos e como forma de sensibilizar para a situação estudámos várias aldeias e vilas com mais movimento para testar o que acontecia a partir de determinadas horas. Cada teste durou a noite toda e durante uma semana seguida em dois períodos distintos e realmente a partir de determinadas horas é muito raro haver alguém na rua. E isto deveria ter servido para a implementação de uma estratégia que pudesse reduzir consideravelmente o consumo sem prejudicar a segurança de bens e pessoas. Também sempre apelámos a estratégias de redução que tenham em conta os mitos associados à segurança de bens e pessoas e que a redução fosse gradual permitindo ao mesmo tempo reduzir o custo energético e melhorar significativamente a qualidade do céu e desse modo a atratividade do destino. Por exemplo, o projeto implementado pela CIMAC aplicado ao distrito de Évora trouxe melhorias e permite gerir a intensidade, mas é preciso que todos os municípios que têm luminárias com telegestão coloquem em prática uma estratégia de redução da iluminação. Foi unânime que nesta matéria e na gestão sustentável de destinos, há muito por fazer, há que comunicar, incentivar e sensibilizar ainda mais e melhor mas acima de tudo, há muito que mudar na maneira de gerir os destinos, de analisar os impactos, os custos e benefícios por parte de quem tem responsabilidades e respetivas competências. ▪

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PONTOS DE VISTA ENEG 2021 – 23 A 26 DE NOVEMBRO

RUI GODINHO, PRESIDENTE DO CONSELHO DIRETIVO DA APDA E MEMBRO DO BOARD OF GOVERNORS E DO BUREAU DO WORLD WATER COUNCIL

ENEG 2021

A MAIOR CONFERÊNCIA DA ÁGUA NO PAÍS ACONTECE DE 23 A 26 DE NOVEMBRO

Organizado bienalmente pela APDA, o Encontro Nacional de Entidades Gestoras de Água e Saneamento regressa em 2021 numa edição subordinada ao tema “Dificuldades na Gestão da Água e a Emergência Climática: Mudanças Necessárias”. Tem lugar no Tivoli Marina Vilamoura - Centro de Congressos do Algarve, entre os dias 23 a 26 novembro, em formato presencial, mas em consonância com as diretrizes vigentes no que à saúde pública diz respeito.

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stress hídrico e a escassez de água estão na agenda política e social, constituindo uma ameaça para a humanidade, que se agravará à medida que o impacto das mudanças climáticas e a ocorrência de eventos extremos se forem acentuando, juntamente com o crescimento da urbanização e o aumento populacional. Mais. O “Special Report on Drought 2021”, divulgado pelo United Nations Office for Disaster Risk Reduction, alerta mesmo que a escassez

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de água e a seca podem vir a causar estragos numa escala que rivalizará com a pandemia de COVID-19, que há dois anos nos atinge. De acordo com este relatório, o aquecimento global e as alterações climáticas associadas vêm contribuindo claramente para intensificar a ocorrência de secas, cada vez mais prolongadas, no Sul da Europa, na Bacia do Mediterrâneo (onde no situamos) e na África Ocidental, com previsão de os danos económicos e o número de vítimas “crescerem dramaticamente”, a menos que se

atue já e de forma a travar esta tendência. Há, portanto, mudanças a realizar, quer no âmbito nacional como globalmente, pelo que urge trabalhar na construção e aplicação de corretas políticas públicas, por forma a que a “Gestão da Água” passe a ser uma prioridade efetiva dos Governos, incluindo, naturalmente o de Portugal. É neste contexto, que a APDA vai realizar mais uma edição daquela que se tem afirmado como a mais importante e representativa “Conferência sobre a Gestão da Água” que se realiza em Por-


PONTOS DE VISTA ENEG 2021 – 23 A 26 DE NOVEMBRO

tugal, ou seja, o Encontro Nacional de Entidades Gestoras de Água e Saneamento, sobejamente já reconhecida pela sigla ENEG. A escolha do tema central - “Dificuldades na Gestão da Água e a Emergência Climática: Mudanças Necessárias” - decorre, com naturalidade, do trabalho de análise, debate e ponderação de propostas que vêm sendo realizados sobre as áreas mais estruturantes de um “Setor-Chave” para o desenvolvimento do País, e das suas condicionantes internas e externas, onde avultam, sem sombra de dúvida, como prioridade estratégica, a “Emergência Climática”. O ENEG 2021 tem já definido um programa vasto de comunicações livres, mesas redondas e um grande debate, reunindo especialistas nacionais e internacionais, bem como visitas técnicas e culturais, a atribuição dos Prémios APDA - Tubos de Ouro e o Pipe Contest - o Campeonato Nacional de Montagem de Ramais em Carga. Destaque também para a área de Exposição, onde figuram as mais relevantes Entidades Gestoras do país e empresas de equipamento, revelando e trocando informações e experiências sobre as novidades que contribuem para o desenvolvimento do setor, com os resultados que se têm vindo a revelar indispensáveis na construção de um verdadeiro “Cluster da Água” em Portugal. De facto, a “centralidade da água”, evidenciada de forma clara como uma das principais lições a retirar da pandemia de COVID-19, emerge como elemento fundamental para fazer face às alterações climáticas, criando condições concretas de fomento de medidas e políticas de saúde pública e de promoção do desenvolvimento sustentável e da coesão territorial, constituindo-se, portanto, como um fator essencial de combate às desigualdades económicas, sociais e inter-regionais. Priorizar estes temas, associando-os a uma clara assunção de cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (designadamente os 6, 11, 13 e 15) e da Agenda 2030, à consolidação da “Estratégia Europeia para a Biodiversidade” e à execução do Pacto Ecológico Europeu - Green Deal - e promover medidas que assegurem a “Segurança Hídrica” do País, é todo um programa necessário para estabelecermos e consolidarmos estratégias que nos conduzam a uma verdadeira boa Governança da Água, como nos ensina a OCDE, através da sua importante “Water Governance Initiative”, em que a APDA participa desde 2013. É neste contexto que convidamos o Setor da Água e Saneamento, os Altos Responsáveis pela sua conformação e governança, e todos os Stakeholders para se juntarem a nós na abordagem urgente das “dificuldades” que se vão acentuando em Portugal, a par dos novos riscos que já se fazem sentir, não só nos Serviços de Abastecimento de Água, Saneamento e Tratamento de Águas Residuais e Qualidade das Massas de Água Superficiais e Subterrâneas, mas também na Gestão das Bacias Hidrográficas, nomeadamente as Luso-Espanholas (Convenção de

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“O ENEG 2021 ATESTA, UMA VEZ MAIS, QUE A APDA MANTÉM UMA INCESSANTE PROCURA DAS MELHORES SOLUÇÕES NUM CAMINHO DA PERMANENTE ATUALIZAÇÃO E REFORÇO DA RESILIÊNCIA DO SETOR DA ÁGUA EM PORTUGAL, CONTRIBUINDO, ASSIM, PARA QUE NOS PREPAREMOS PARA OS CRESCENTES E EXIGENTES DESAFIOS COM QUE A GESTÃO DA ÁGUA ESTARÁ CONFRONTADA, COMO PILAR FUNDAMENTAL DAS POLÍTICAS AMBIENTAIS E DO DESENVOLVIMENTO DO PAÍS”

Albufeira) e na Garantia da Segurança Hídrica para um País que apresenta sérios problemas de “desertificação”, que já atingem fortemente o Algarve e o Alentejo e avançam para o Centro Interior. O ENEG 2021 atesta, uma vez mais, que a APDA mantém uma incessante procura das melhores soluções num caminho da permanente atualização e reforço da resiliência do Setor da Água em Portugal, contribuindo, assim, para que nos preparemos para os crescentes e exigentes desafios com que a gestão da água estará confrontada, como pilar fundamental das políticas ambientais e do desenvolvimento do País. De sublinhar a importância do Alto Patrocínio da Sua Excelência o Presidente da República, o que muito nos honra e distingue, bem como as presenças do Senhor Ministro do Ambiente e da Ação Climática na Sessão de Abertura e da Senhora Secretária de Estado do Ambiente no Encerramento, conferindo um relevante significado político-institucional ao nosso ENEG, em novembro de 2021, desta vez no Algarve. ▪

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PONTOS DE VISTA ÁGUA E SUSTENTABILIDADE

ABMG

Pela Promoção do Uso Racional da Água Nuno Campilho, Diretor Geral da ABMG – Águas do Baixo Mondego e Gândara, aborda a importância de protegermos um recurso valioso e cada vez mais escasso, a Água, deixando uma mensagem completamente clara. “As pessoas não fazem a mais pequena ideia do trabalho e dos custos que estão por detrás daquele singelo gesto que fazem diariamente, de abrir uma torneira e sair água”.

NUNO CAMPILHO

É

missão da ABMG fornecer aos habitantes dos municípios abrangidos, em continuidade e qualidade, água potável, recolha e tratamento das águas residuais a um custo reduzido e socialmente aceitável, assim como promover a sustentabilidade dos recursos hídricos e o desenvolvimento da região. Como nos pode descrever o concretizar destes objetivos? A ABMG herdou a gestão do abastecimento de água e saneamento de águas residuais, do foro da competência dos municípios, com todas as vantagens (existência de rede, infraestruturas e ligações domésticas) e inconvenientes (setor não prioritário, não profissionalizado e de gestão não autónoma) que isso acarreta. A assunção de um sistema já constituído e deficitário, no que

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às necessidades dos utilizadores diz respeito, e cujo tarifário transitou, sem alterações, em conformidade com o que era praticado nas autarquias (com exceção de Mira), tem-nos provocado sérios problemas de adaptação e ausência de capacidade operacional para acorrer a todas as ocorrências, que são muito acima da média, fruto de uma rede de abastecimento e recolha muito antiga e, em alguns casos, inexistente. A garantia da sustentabilidade económica da empresa e a acessibilidade económica do serviço, por parte dos clientes, tem sido a nossa máxima prioridade, a que se associa a gestão complicada de uma dupla origem da água, proveniente de captações próprias e de aquisição em alta, o que é só mais um grande desafio que temos vindo a esforçar-nos por conseguir superar.

No que diz respeito à sustentabilidade, de que forma tem vindo a ser promovida uma política sustentável no crescimento e desenvolvimento da atividade da ABMG? Como dizia atrás, a dicotomia entre a garantia da sustentabilidade da empresa e a garantia da acessibilidade económica do serviço, aos clientes, não é tarefa fácil e implica muito engenho e responsabilidade. A começar pela imprescindível atualização do tarifário, de forma a que consigamos fazer face aos custos de estrutura e aos custos operacionais e, prosseguindo, com um empenho conjunto e partilhado, para reduzir (e, preferencialmente, eliminar), ineficiências e ausência de prestação do serviço, mormente ao nível da redução da percentagem de água não faturada, das perdas comerciais e do aumento da taxa de cobertura (ou da acessibili-


PONTOS DE VISTA ÁGUA E SUSTENTABILIDADE

dade física do serviço, para sermos mais concretos, por o serviço pode estar disponível, mas as pessoas podem não ter condições de usufruir dele). É por isso que aprovámos um ambicioso plano de investimentos a começar já este ano, mas com maior incidência em 2022, para além de termos sete empreitadas em curso, de candidaturas efetuadas ao abrigo do POSEUR e de estarmos ansiosos pela entrada em vigor do novo Quadro Comunitários de Apoio, até porque, em relação ao PRR, já perdemos todas as esperanças, embora as mesmas fossem bastante ténues. Olhando para o setor da água de uma forma mais geral, que lacunas existem ainda por colmatar? Considera que, as mesmas, podem ter consequências na qualidade dos serviços prestados aos portugueses? As maiores lacunas do setor da água em Portugal, decorrem de problemas não muito diferentes daqueles que vivemos na ABMG. Incapacidade de libertar verbas para investimentos, provenientes do exercício da atividade (que é, amiúde, amplamente deficitário); incongruências gritantes ao nível do tarifário (o decreto-lei que deveria aprovar o último Regulamento Tarifário dos Serviços de Água e Saneamento, elaborado pela ERSAR, está em parte incerta há uns cinco anos!!); uma muito pouco saudável dependência da prestação de serviços em alta, monopolizados pelo grupo Águas de Portugal; falta de visão e de capacidade de abraçar, em larga escala, práticas inovadoras de gestão, ao nível da telemetria, da gestão remota de redes, da reutilização de águas residuais e pluviais; uma muito baixa qualificação dos profissionais do setor, a maioria deles muito pouco sensíveis para estas temáticas, incapazes de inovar e fazer a diferença e com muito pouca abertura à aprendizagem e à consolidação de conhecimentos e práticas; e, em contrassenso, uma confortável barreira que é colocada à entrada de novas ideias e novas pessoas (para não dizer, de pessoas novas), por parte do anquilosado e hermético setor da água, de que me orgulho de fazer parte. A ABMG é uma empresa criada pelos municípios de Mira, Montemor-o-Velho e Soure e, o seu propósito é assegurar o bem-estar das

suas populações no que diz respeito ao abastecimento e tratamento da água. Acredita que, nestes três municípios, os habitantes estão conscientes o suficiente para a sustentabilidade do recurso vital que é a água? Não posso ser mais direto: nem aqui, nem em lado nenhum! As pessoas não fazem a mais pequena ideia do trabalho e dos custos que estão por detrás daquele singelo gesto que fazem diariamente, de abrir uma torneira e sair água… pura, cristalina, em quantidade, sem variações de pressão e de qualidade inexpugnável. Enquanto a água que consumirmos em nossa casa, teimar em ser a utility mais barata, a mentalidade também teimará em continuar a ser a mesma. O desperdício na lavagem de viaturas na via pública, na lavagem de pátios e logradouros, na rega de jardins e canteiros e de outros usos que, de todo, são essenciais à vida humana, é um atentado a todos aqueles que morrem por não terem acesso a água potável, ou que contraem doenças mortais por consumirem água contaminada. Mas como isso acontece muito lá longe, ninguém quer saber e, como quando se abre a torneira e sai água e não diamantes, deixa correr!

medidas necessárias e urgentes no combate ao desperdício e na promoção da sustentabilidade e de políticas ambientais? A água é um bem escasso e finito. Em Portugal, os responsáveis máximos pelo setor, só acordaram para essa realidade quando, em 2017, tivemos um período de seca, dos piores que há memória, ao ponto, só por exemplo, de ter deixado de haver água na barragem de Fagilde (Viseu) e as populações afetadas, terem de ser abastecidas por camiões-cisterna, tal país terceiro-mundista. Entretanto, começou a chover… O programa nacional para a reutilização de águas residuais e pluviais, anunciado pomposamente, é residual (se tanto) e a agricultura continua a sorver mais de 70% deste recurso! Vamos indo… até outro 2017! Mas está tudo bem… (do PRR – já aludido atrás – vão 14 milhões de euros, só para o Algarve, com o intuito de melhorar o abastecimento de água na região!! Mas, afinal, não está tudo bem?!) ▪

Enquanto Diretor Geral da ABMG, que mensagem gostaria de deixar aos nossos leitores, no sentido de consciencializar para a importância da água? Confiem em nós! Bem sei que os tempos têm sido difíceis, os problemas no abastecimento persistem, as contrariedades têm sido ultrapassadas a muito esforço e com alguma morosidade. Mas estamos a dar o melhor de nós, organização jovem, q.b. inexperiente e recém-criada, para corresponder à legitimas necessidades e ansiedades das populações que servimos. Em troca, agradecemos toda a paciência e tolerância de que possamos ser credores, acrescentado que um uso racional da água, podem crer, seria algo que nos iria ajudar imenso a concretizar os nossos objetivos e a melhorar, visivelmente, o serviço que temos vindo a prestar.

Qual tem vindo a ser o papel da ABMG na promoção e prevenção da mesma junto da comunidade? Uma total e incondicional abertura a todas as pessoas que à ABMG se queiram dirigir, para apresentarem as questões que quiserem e muito bem entenderem. Faço questão de analisar todas as reclamações e sugestões que nos chegam e de responder, pelo meu punho, a todas elas. Diria que, neste momento, 20% dos nossos clientes (estamos a falar de cerca de seis mil pessoas), já terão o endereço de correio eletrónico direto do diretor-geral da ABMG. Acrescem a promoção de campanhas, em permanência, com recurso a estacionário visual outdoor, ao site institucional e à nossa página de Facebook, onde publicamos pequenos clips com mensagens alusivas à poupança da água e de outros recursos (energia, papel, entre outros), que tenham impacto no ambiente e nas alterações climáticas. No seu ponto de vista, qual é o cenário mais provável no setor da água, se não forem implementadas

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PONTOS DE VISTA ECONOMIA E FINANÇAS

TIAGO VILAÇA, PRESIDENTE DA ANICA ASSOCIAÇÃO NACIONAL INTERMEDIÁRIOS CRÉDITO AUTORIZADOS

Intermediação Financeira em Portugal Regulamentação, Inovação e maior Transparência

A Intermediação de Crédito (I.C.) em Portugal é uma profissão regulada desde o dia 01 de janeiro de 2018, através do Decreto-Lei nº 81-C/2017. A existência de um Regulamento Jurídico para os Intermediários de Crédito introduz, no mercado, maior transparência e rigor na distribuição de produtos de crédito (habitação, pessoal: auto e consolidado).

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ssim, nos dias de hoje, esta profissão é mais clara na sociedade portuguesa, destacando-se a sua importância na forma como se distribui os produtos financeiros e o respetivo impacto na vida das pessoas na hora da tomada de decisão, principalmente no crédito habitação, um dos principais produtos mediados entre bancos e consumidor final. Apesar de em Portugal esta profissão estar regulada apenas desde 2018, noutros países da Europa esta atividade está regulada há várias décadas. Vejamos o caso de França com o serviço Courtier e Inglaterra com a figura do Financial Brooker. Pode entender-se que a entrada em vigor do D.L nº 81 é uma transposição de uma diretiva comunitária, dando forma a um processo de regulamentação que visa criar regras e fiscalizar os profissionais do setor, I.C.´s e bancos, atividade cada vez mais crescente. Esta regulamentação pretende ainda assegurar uma maior eficiência dos procedimentos administrativos, bem como acautelar as regras de controlo e segurança, nomeadamente a salvaguarda dos rácios de sobre endividamento das famílias, reforço das garantias e níveis adequados de solvência por parte do balanço dos bancos. Sabendo que o consumidor é cada vez mais consciente destas temáticas, vemos a regulamentação desta profissão como uma mais-valia, dignificando assim os profissionais do setor. Por outro lado, também acreditamos que o aumento da literacia sobre estas temáticas, por parte do consumidor, provoca o aumento natural na procura do I.C. para a contratação destes produtos. Este profissional desempenha um papel fundamental na recolha de soluções no mercado em prol do seu cliente, sendo este o seu principal ativo, ou seja, uma carteira de clientes que beneficia de um serviço de excelência que, resultará, numa recomendação dos seus serviços a outros potenciais clientes. Estando a intermediação de crédito sob controlo regulamentar da supervisão do Banco de Portugal, o consumidor final pode e deve ficar tranquilo no recurso a esta mediação.

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PONTOS DE VISTA ECONOMIA E FINANÇAS

PORQUÊ CONTRATAR OS SERVIÇOS DE UM INTERMEDIÁRIO DE CRÉDITO? - Porque um I.C. pode ajudar o consumidor final a obter a melhor solução, com a sua experiência, guiando as pessoas no sentido de obter sinergias positivas de quem lida com os bancos diariamente. Tem também a obrigação de conhecer quais são as melhores condições no mercado e as que melhor se adequam ao seu cliente; - Porque tempo é dinheiro, o consumidor final deve delegar no I.C. a burocracia da pesquisa e negociação com os bancos. O que implica não ter de recorrer a vários bancos, com gasto de tempo na recolha de informação, podendo gerar ainda dúvidas quando, eventualmente, confrontado com argumentos divergentes, a maior parte das vezes, com o gestor bancário mais preocupado com os interesses comerciais do próprio banco e não tanto com o interesse do consumidor final; - Porque um I.C. devidamente autorizado a exercer a sua atividade, obriga-se à subscrição de um seguro de responsabilidade civil, para acautelar eventuais danos no exercício da sua atividade. Face a estes pressupostos, está acautelada a proteção do consumidor e a eficiência dos processos administrativos, através da regulação. MAS A OUTROS DESAFIOS FUTUROS SE IMPÕE DAR RESPOSTA, NOMEADAMENTE: 1) A crescente transformação digital & inovação digital; 2) E ncerramento massivo das agências bancárias. Em resposta ao primeiro desafio – a evolução da forma como se faz crédito – plataformas informáticas permitem alternativas ao tradicional processo de contratação, fruto do fácil acesso por parte do consumidor, mas com a inibição da intervenção humana, nomeadamente no aconselhamento responsável. Entende-se que o algoritmo trará

segurança para os dois lados (bancos/consumidor) mas, em bom rigor, tememos que se perca o fator diferenciador que é a análise e adaptação ao caso concreto, o que nem sempre se enquadra nos modelos de risco scoring. Contudo, um I.C. bem informado consegue dar resposta a esta temática, porque tem acesso a várias fontes de informação de vários bancos. Tem a obrigação de colocar ao serviço do cliente o seu conhecimento e a sua capacidade de diagnóstico, com recurso a ferramentas e processos regulados, ainda que através de plataformas informáticas. O I.C. tem o conhecimento adequado para obter a melhor solução para a necessidade do seu cliente final. Relativamente ao processo massivo de despedimento com encerramento das agências bancárias, motivada pela necessidade de os bancos reduzirem gastos fixos (salários, rendas, outros custos), não tenhamos dúvidas que a distribuição dos produtos financeiros se fará cada vez mais através dos I.C.´s. Basicamente, com a redução do aconselhamento tradicional do gestor bancário, acreditamos que o consumidor final procurará uma alternativa. Para colmatar esta realidade e necessidade – que se mantém – surge a figura do I.C. que substitui o gestor do banco, no aconselhamento não de um, mas de vários produtos e serviços de vários bancos, com o dado suplementar relevante da sua imparcialidade face às várias ofertas bancárias. Mais uma vez, a figura de um “Brooker/ Corretor/Mediador” é a melhor via para a definição de uma solução ao caso em concreto de um determinado cliente, com a oferta de várias opções. A questão que se coloca é se terá o I.C. capacidade para dar resposta a estes desafios futuros? A resposta é clara e afirmativa porque, através de processos administrativos regulados, com o recurso dos bancos à figura do I.C. em substituição dos seus gestores, é possível dar resposta às necessidades do mercado, com recurso a processos inovadores e com maior transparência. ▪

"ESTA PROFISSÃO É MAIS CLARA NA SOCIEDADE PORTUGUESA, DESTACANDOSE A SUA IMPORTÂNCIA NA FORMA COMO SE DISTRIBUI OS PRODUTOS FINANCEIROS E O RESPETIVO IMPACTO NA VIDA DAS PESSOAS NA HORA DA TOMADA DE DECISÃO, PRINCIPALMENTE NO CRÉDITO HABITAÇÃO, UM DOS PRINCIPAIS PRODUTOS MEDIADOS ENTRE BANCOS E CONSUMIDOR FINAL"

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PONTOS DE VISTA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E COMPETITIVIDADE

“Relativamente à Transição Digital, Portugal tem tido uma evolução contínua e consistente” “O caminho está traçado, no médio prazo vamos concluir o plano de ação para a transição digital, o futuro passará por continuar a inovar e não nos deixarmos ficar para trás”. Quem o afirma é André de Aragão Azevedo – Secretário de Estado para a Transição Digital, que, em entrevista à Revista Pontos de Vista, deu uma visão de um país mais digital e modernizado, assegurando que o desafio não é tecnológico, mas sim de pessoas e de mentalidades. res: Pessoas, Empresas e Administração Pública, aos quais se junta um eixo de catalisadores de transição digital, comuns a estas várias dimensões, com o objetivo de posicionar Portugal como uma Nação verdadeiramente digital e um dos países líderes a nível europeu neste campo. Este é um plano naturalmente dinâmico, ou não estivéssemos a falar do digital, mas cujo objetivo de implementação tem suplantado as principais metas de execução. Contamos ter o Plano integralmente cumprido até ao final da Legislatura. De todas elas é legítimo afirmar que o Portugal Digital tem sido uma poderosa ferramenta neste processo? Porquê? A Portugal Digital é uma estrutura de missão criada com o objetivo de tornar o plano de ação uma realidade, trabalhando todos os dias junto das entidades públicas e privadas de forma a que nenhuma região, nenhuma entidade, nem nenhum cidadão fique para trás. Para além do desígnio político, claramente assuANDRÉ DE ARAGÃO AZEVEDO

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Área do Governo da Economia e da Transição Digital tem por missão formular, conduzir, executar e avaliar as políticas de desenvolvimento dirigidas ao crescimento da economia, da competitividade, do investimento e da inovação. Como nos pode descrever a evolução que, ao longo dos tempos, Portugal tem conhecido nestas áreas específicas? Relativamente à transição digital, Portugal tem tido uma evolução contínua e consistente, o que tem chamado a atenção internacional e nos tornado um exemplo para os nossos congéneres europeus e mundiais. No acompanhamento feito pela Comissão Europeia através do “Índice de Digitalidade da Economia e da Sociedade”, surgimos, em 2020, a meio da tabela entre os 27 Estados-Membros. Este índice monitoriza o desempenho digital global da Europa e acompanha o progresso individual dos países da União Europeia em matéria de competitividade digital através da evolução

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verificada em cinco grandes domínios. Pela positiva, Portugal destaca-se em matérias de conectividade e de serviços públicos digitais. Como área de melhoria, destaca-se a componente de capital humano e competências digitais, em que Portugal, apesar de surgir abaixo da média, tem progredido significativamente nos últimos anos. Existe ainda um caminho a fazer para o qual criamos o Plano de Ação para a Transição Digital, com uma visão e um roteiro para criarmos um Portugal Digital. Ainda antes da pandemia da COVID-19 atingir Portugal, foram planeados objetivos para a legislatura com medidas que visavam projetar o país no mundo através da capacitação digital das pessoas, da transformação digital das empresas e da digitalização do Estado. De que medidas estamos a falar? O Plano de Ação para a Transição Digital, inclui 12 medidas emblemáticas estruturadas em três pila-


PONTOS DE VISTA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E COMPETITIVIDADE

mido em sede de Programa e da própria Estrutura do Governo, tornou-se necessário criar uma nova entidade que pudesse coordenar e operacionalizar o cumprimento do Plano de Ação. A transversalidade é talvez o maior desafio da transição digital, obrigando a um trabalho permanente de mobilização, articulação e abertura de pontes entre áreas governativas, entidades públicas e setor privado. Em que medida estes objetivos concretos tiveram de ser reorganizadas com o impacto da pandemia? Considera que a mesma impulsionou a concretização das medidas? O Plano de Ação para a Transição Digital foi apresentado no início de março de 2020, pouco meses após a entrada em funções do atual Governo, e propunha-se constituir-se como o guião e o caderno de encargos para uma efetiva transição digital do nosso país. A pandemia veio tornar mais premente a prioridade a dar à agenda digital, sendo certo que a pré-existência de um documento estratégico enquadrador foi de extrema importância, porque sabíamos o que tínhamos que fazer. Nesse sentido, a pandemia acabou por funcionar como um acelerador de digitalização. As premissas em que fundámos o nosso plano de ação para a transição digital de Portugal, não só se mantiveram plenamente válidas, como foi possível imprimir um novo ritmo de concretização, uma vez que muitas das resistências pré-existentes à pandemia deixaram de fazer sentido, abrindo a porta a uma nova mentalidade e a uma cultura mais favorável ao digital. Assim podemos dizer que, no caso português, o nosso maior desafio continua a centrar-se no tema das competências e, por isso, constitui o primeiro pilar do nosso Plano de Ação. Nesse tema, durante a pandemia COVID-19, verificou-se em Portugal uma aceleração da inclusão

“À SEMELHANÇA DO QUE ACONTECEU EM MATÉRIA DE ALFABETIZAÇÃO, QUE NOS ÚLTIMOS 47 ANOS NOS PERMITIU REDUZIR A TAXA DE ANALFABETISMO DE 25% PARA MENOS DE 5%, TEMOS AGORA QUE CONSEGUIR EM TEMPO RECORDE UMA “ALFABETIZAÇÃO DIGITAL”, PORQUE ESTA É UMA CONDIÇÃO DE COMPETITIVIDADE DO NOSSO PAÍS” digital, com uma redução significativa da percentagem de indivíduos que nunca utilizaram a Internet, baixando de 22% para 18%, de 2019 para 2020, segundo o Eurostat, e diminuindo o fosso face à média da UE. Mesmo assim, este período revelou uma urgência em reduzir a divisão entre indivíduos com e sem habilitações digitais. Cidadãos mais velhos, com baixa escolaridade formal, com menos recursos financeiros ou residentes em áreas rurais constituem os segmentos com maior taxa de exclusão digital. Mas o sucesso na abordagem à transição digital decorre sobretudo de uma estratégia integrada e multidimensional que combine a resposta ao desafio das competências com a aceleração da digitalização das nossas empresas e administração pública. O desafio não é tecnológico, mas sim de pessoas e de mentalidades. À semelhança do que aconteceu em matéria de alfabetização, que nos últimos 47 anos nos permitiu reduzir a taxa de analfabetismo de 25% para menos de 5%, temos agora que conseguir em tempo recorde uma “alfabetização digital”, porque esta é uma condição de competitividade do nosso país. Nesta fase complexa como a que vivemos, Portugal soube afirmar-se e alcançar bons resultados no que diz respeito aos serviços digitais? Acredito que sim. A resposta que os nossos serviços públicos souberam dar foi positiva. Não é por

acaso que integramos o fórum das Digital Nations e o Grupo D9+, que reúne os países líderes em governo digital a nível global e europeu. Houve iniciativas muito concretas de resposta ao contexto pandémico. Faz sentido destacar a velocidade de transição para o teletrabalho, que representou um esforço importante no sentido de assegurar a normalidade nos serviços. Exemplos como a campanha de vacinação, o processamento de apoios por parte da Segurança Social ou dos serviços do Ministério da Economia, ou ainda a recente disponibilização, no portal ePortugal, de apoio por videochamada para realizar serviços públicos online, devem ser destacados pela capacidade de resposta em larga escala dos serviços públicos, num curto período de tempo. As estratégias e investimentos realizados ao nível da Administração Pública permitiram que Portugal pudesse colocar-se na dianteira dos países com maior disponibilização de serviços públicos digitais (98,6% de pontuação segundo o European eGov Benchmark 2020). O trabalho atual passa muito por garantir que a experiência de utilização de serviços públicos digitais, mesmo através de dispositivos móveis ou por cidadãos de outros países da UE, é idêntica à das melhores referências privadas e internacionais, desenvolvendo e melhorando soluções que garantam níveis de segurança, usabilidade e acessibilidade elevados. O Futuro é cada vez mais digital e os nossos serviços estão cada vez mais preparados para esta nova realidade. Olhando para Portugal a médio e longo prazo é possível desde já prever o futuro da sua transição digital? O caminho está traçado, no médio prazo vamos concluir o plano de ação para a transição digital, o futuro passará por continuar a inovar e não nos deixarmos ficar para trás. Temos na transição digital, uma segunda oportunidade histórica para liderarmos um processo de globalização, desde logo porque nesta quarta revolução industrial a situação geográfica de Portugal no contexto europeu e mundial passou de periférica a central por via do mercado global digital. Mas também porque, ao contrário de outras revoluções anteriores, a dimensão e escala do mercado Português não constituem fatores determinantes do sucesso. Assim, num momento em que nos mobilizamos para uma recuperação económica “justa, verde e digital”, alicerçada na disponibilização de fundos Europeus através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), de valor sem paralelo na história, será absolutamente decisivo sermos capazes de implementar os investimentos previstos no PRR para acelerar a transição digital dos cidadãos, empresas e administração pública. Portugal tem hoje uma oportunidade para se posicionar ao mais alto nível mundial, para isso precisamos que a melhoria contínua e a aposta no digital sejam encaradas como um desígnio estratégico por parte de todos os setores da nossa sociedade. ▪

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PONTOS DE VISTA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E COMPETITIVIDADE

“Pretendemos ver o Taguspark reconhecido como o Parque Mais Cívico da Europa”

EDUARDO BAPTISTA CORREIA

Sendo o primeiro Parque de Ciência e Tecnologia em Portugal e um dos principais da Europa, o Taguspark, situado em Oeiras, foi desenhado para ser uma “cidade que desenvolve riqueza e conhecimento baseado em ciência e tecnologia” e ainda “um verdadeiro ecossistema de inovação”. Quem o afirma é Eduardo Baptista Correia, CEO deste Parque que respira civismo, qualidade e desenvolvimento. Conheça mais.

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Taguspark tem como atividade principal a instalação, desenvolvimento, promoção e gestão do maior parque de ciência e tecnologia em Portugal. Quão importante foi a criação desta Cidade do Conhecimento e que mais-valias trouxe ao país e empresas? O Taguspark foi o primeiro Parque de Ciência e Tecnologia em Portugal e é, atualmente, um dos principais da Europa e o maior do país. Foi

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pensado numa época em que Portugal seguia o caminho de modernização e desenvolvimento económico da Europa. Integrado, na altura, num município em crescimento e que, hoje, é um dos que apresenta maior poder de compra, maior índice de habilitação literária e onde surgiu o Oeiras Valley: o principal ecossistema nacional de empresas de base científica e tecnológica. É nesse contexto que se insere o Taguspark, que evoluiu para uma cidade de inovação e conheci-

mento, de forma a dar resposta ao sólido desenvolvimento socioeconómico e político de Oeiras, materializado na exigente filosofia do Oeiras Valley. Somos peça integrante desse conceito e o novo posicionamento, como Cidade do Conhecimento, permite salientar o que é o Taguspark. Somos, acima de tudo, uma cidade que desenvolve riqueza e conhecimento baseado em ciência e tecnologia. Um verdadeiro ecossistema de inovação, com mais de 90% das empresas aqui


PONTOS DE VISTA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E COMPETITIVIDADE

instaladas dedicadas a essas áreas, centros de investigação, uma universidade e uma incubadora de start-ups de referência. Com um foco muito importante no civismo, na qualidade de vida e no bem-estar de quem aqui trabalha e nos visita diariamente. Este ecossistema único em Portugal reúne empresas, centros de investigação e a universidade, permitindo o acesso a uma rede de networking com oportunidades infindáveis. Qual é a missão que aqui persiste e de que forma, desde 1992 – ano da sua fundação – tem sido concretizada? Desde 1992, somos um modelo nacional de inovação e um espaço desenhado para oferecer todas as condições necessárias às empresas. O que nos distingue é a vivência, o espírito de comunidade, as infraestruturas modernas equipadas com tecnologia de ponta e a capacidade de entregar valor, que vai desde o aspeto físico ao networking científico e tecnológico, permitindo às empresas e às start-ups desenvolver soluções comercializáveis, com capacidade de exportação e internacionalização. Além dos serviços complementares disponibilizados, como a restauração, cuidados de saúde, o acesso à arte, à música, ao mercado tradicional. Cumprimos com a visão dos fundadores do parque, hoje reforçada com a preocupação de fornecer bem-estar, felicidade e qualidade de vida para o quotidiano dos que aqui trabalham e frequentam o Parque. Por esse motivo, em 2018, iniciámos uma fase de intensa regeneração. Representando o reposicionamento do parque no mercado de arrendamento de escritórios e a criação de condições excecionais para se trabalhar, com espaços comuns agradáveis e a oferta de áreas com atividades diversificadas. Temos vindo a desenvolver o conceito de Museu de Arte Urbana, enquanto forma de estímulo à criatividade, e garantimos espaços bem cuidados, uma limpeza irrepreensível, um ambiente inspirador, que promovem a qualidade laboral. O próprio edificado de baixa estatura, aliado a uma arquitetura inovadora e espaços de trabalho ajustados à própria cultura das empresas, aliado a espaços públicos limpos e agradáveis, criam condições únicas. Todas as soluções arquitetónicas são adaptadas à realidade do que as empresas procuram e necessitam, resultando em projetos desafiantes e inovadores. Também o civismo e a sustentabilidade são relevantes na escolha dos materiais e dos recursos e na gestão da obra. É impensável que uma obra, seja de construção de raiz ou de regeneração de um espaço existente, cause impacto no nosso ecossistema. Por isso, impomos políticas de ruído zero, limpeza exemplar e, se necessário, trabalhos em períodos noturnos. Além disso, o Taguspark quer ser uma referência cívica. Como nos descreve os mesmos e quão relevantes têm sido no exemplo e reconhecimento transpostos para a comunidade? Para o Taguspark, o civismo está na base do

desenvolvimento e é uma condição essencial para o crescimento económico, uma maior qualidade de vida e maior competitividade. Queremos assegurar estas condições para as empresas presentes no Taguspark. Um dos nossos objetivos é ser um dos parques mais cívicos da Europa, envolvendo a comunidade nesta missão e apostando em quatro pilares cívicos. O primeiro pilar é o Comportamental: zero beatas no chão, zero papéis no chão, zero automóveis mal-estacionados. Transmitindo um respeito maior pela comunidade, para um ecossistema mais bonito, mais cuidado e mais agradável. O segundo é a Gestão de Resíduos, procurando soluções para que a separação dos resíduos no Taguspark integre projetos de economia circular. As beatas recolhidas, por exemplo, são matéria-prima principal de uma solução de tijolos para a construção civil. O terceiro é a Eficiência Energética. Para tal, introduzimos cerca de 1.566 painéis fotovoltaicos no Parque, permitindo diminuir a nossa dependência da rede elétrica em 23% e evitar a emissão de 251 toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano, e estamos a desenvolver uma comunidade energética rumo à independência energética total. O outro pilar, igualmente importante, é a Dignidade Laboral. Chegamos a acordo com as empresas que nos prestam serviços para aumentar o salário mínimo dos trabalhadores residentes no Taguspark para intervalos entre os 900€ e os 1.200€. A nossa missão está em criar condições para a qualidade de vida no local de trabalho, entregando valor às empresas, pessoas, ao ecossistema e ao território envolvente. Continuamente à procura das mentes inquietas, disruptivas e ambiciosas que querem mudar o mundo, a inovação tem movido toda as atenções do Taguspark. É legítimo considerar que este local é o melhor ecossistema para inovar em Portugal? É, seguramente, um local invejável no que toca à qualidade de vida, bem-estar e incentivo à criatividade e desenvolvimento pessoal, onde os valores cívicos e a experiência quotidiana fazem com que o dia a dia dos que aqui trabalham e frequentam o Parque seja muito agradável. Além disso, estamos inseridos no conceito do Oeiras Valley e algumas das maiores empresas nacionais e internacionais estão instaladas no Taguspark. Nós próprios estamos continuamente à procura das mentes inquietas, disruptivas e ambiciosas que queiram mudar o mundo. Neste sentido, a Incubadora Taguspark promove a inovação e a criação de empresas com base tecnológica, transformando projetos inovadores em realidades empresariais. Somos a única incubadora no sul do país com laboratórios preparados para start-ups de química, bioengenharia e ciências da vida. Com uma área de 2.000m², com escritórios e laboratórios totalmente dedicados à inovação nas áreas de telecomunicações, software, hardware e eletrónica, energias renováveis, ciências da vida e química. A nossa incubadora é a única, a nível nacional, que esteve na génese de um dos unicórnios portugueses, a Talkdesk. ▪

Esta Cidade do Conhecimento pretende e ambiciona ser uma referência a nível europeu. Assim, quais são os próximos passos e apostas para o futuro? O Taguspark quer garantir que este território é exemplar na forma como se cuida e na forma como toma decisões relativamente à sua evolução, com o pensamento em três eixos estratégicos. O eixo original – o encontro da ciência, da tecnologia, do ensino, da investigação e das empresas de excelência. O segundo eixo é o bem-estar, a qualidade de vida e a felicidade no local de trabalho. E, por último, uma forte introdução das artes e da cultura, de forma a trazer valor acrescentado a quem nos visita e, acima de tudo, a quem trabalha no Taguspark. Os próximos passos passam por regenerar o Parque, com o novo edificado planeado construído e em pleno funcionamento. Estamos a preparar a construção de um hotel de 4 estrelas e temos em desenvolvimento o polo multifuncional norte, onde vão surgir novas superfícies, um posto de abastecimento de combustível, supermercado, áreas de apoio comercial e pode surgir também uma escola internacional. E temos ainda a segunda fase do parque, a médio prazo, onde estão previstos cerca de 200 mil m2 de construção. Pretendemos ver o Taguspark reconhecido como o Parque Mais Cívico da Europa. Esse é um objetivo que reforçará a imagem do Taguspark enquanto referência internacional.

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PEDRO OSÓRIO DE CASTRO

As mais inovadoras Soluções de Pagamento Digital para ajudar as PME a expandir os seus negócios Com uma resposta sólida e eficaz a nível nacional e internacional, o compromisso da myPOS com o mercado é proporcionar a cada empresa a oportunidade de abraçar os benefícios da inovação, solucionar os desafios de pagamento e, assim, capacitá-las a expandir os seus negócios. Pedro Osório de Castro, Country Manager da marca em Portugal contou à Revista Pontos de Vista os passos e as tendências futuras de uma sociedade que já está a caminhar lado a lado com as soluções de pagamento digitais.

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árias são as soluções de pagamento eletrónicos que, com a ajuda essencial da myPOS já começaram a revolucionar o mercado. Ao combinar as últimas tecnologias de pagamento com conhecimento, a marca cria um universo inovador, flexível e capaz de solucionar todo e qualquer desafio. Integradas e acessíveis, estas soluções vão desde terminais de pagamento, por exemplo o myPOS GO – um TPA portátil que inclui todas as funcionalidades como um leitor de cartões sem contacto e dispositivos inteligentes e um leitor de banda magnética bidirecional, sendo fornecido sem taxas mensais, tornando-se assim na razão pela qual as empresas o escolhem. Além disso, existe ainda o myPOS GLASS – um

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software que permite aos utilizadores receber pagamentos com cartões, carteiras móveis e dispositivos NFC utilizando o telemóvel. “Nós servimos todos os canais do cliente. O canal presencial através dos terminais, o canal online pelo meio de integração com o site e ainda pagamentos por link para encomendas que sejam realizadas por telefone ou e-mail: o cliente myPOS envia um link à pessoa que está a comprar que, por sua vez, coloca os seus dados do cartão e paga em ambiente seguro. Esse pagamento é instantaneamente recebido na conta, assim como qualquer outro pagamento através de outras soluções”, esclarece Pedro Osório de Castro, acrescentando ainda que “isto permite que o cliente, em qualquer altura, possa aceder, através da sua aplicação myPOS, à

conta onde tem todas as transações em tempo real. Pode exportar essa informação para a contabilidade, pode consultar terminal a terminal...”. Assim, é legítimo afirmar que, mais do que soluções eficientes, são consideradas ferramentas de gestão totalmente preparadas para simplificar a vida e os negócios dos seus utilizadores. COMPONENTE INTERNACIONAL Sendo uma multinacional existiu, desde sempre, a preocupação e a cada vez mais constante necessidade de abranger as suas soluções a todos os tipos de mercado. Neste caso, a myPOS conta com a particularidade de operar em todo o espaço económico europeu. “Nós conseguimos servir os clientes em toda a Europa, algo que não acontece com a maior


PONTOS DE VISTA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E COMPETITIVIDADE

parte das soluções nacionais que apenas operam no mercado português. Também os nossos terminais funcionam fora do país. Isto quer dizer que um cliente que trabalhe em Portugal, mas que precise de ir a uma feira ou a um mercado seja em Espanha, França, Itália, ou outro, pode levar consigo os nossos terminais e receber os pagamentos exatamente da mesma forma, além de que funciona também com Wi-Fi. Por outro lado, importa também referir que existe uma transversalidade muito grande uma vez que aceitamos as principais marcas internacionais como Visa, MasterCard, American Express, entre outros”, afirma o Country Manager da myPOS. Se dúvidas restassem, as poderosas soluções e plataformas (que oferecem tudo o que é preciso, seja presencial, online e em qualquer lugar) existem e denominam-se por myPOS. PARCERIAS E CAMPANHAS – QUAL O OBJETIVO? A myPOS trabalha com parceiros vários, também tecnológicos, de todos os tipos e dimensões para garantir uma boa aceitação de pagamento e proporcionar uma excelente experiência ao cliente. A Visa, empresa líder em pagamentos, é um desses parceiros cujo apoio está a ajudar os pequenos e médios comerciantes a aceitarem mais pagamentos digitais. Por exemplo, o terminal myPOS Go, é um terminal muito acessível e extremamente prático, tendo as funcionalidades que os restantes têm, apenas com a exceção de não imprimir o recibo de transação. Contudo, esse recibo, pode ser enviado por e-mail ou SMS. De resto, é um ter-

minal que aceita pagamentos contacless, sendo que tem menos de um palmo o que é ótimo no que diz respeito à sua mobilidade”, assegura o nosso entrevistado. Outras campanhas estão já a ser desenhadas para o futuro, diferentes, mas sempre com o objetivo de melhor servir os clientes que, tal como esta parceria com a Visa cumpre a missão de capacitar pequenas e médias empresas a expandir os seus negócios, fornecendo-lhes as ferramentas de pagamento certas a preços acessíveis. “Esta é uma mensagem muito importante porque sabemos que, se um negócio tiver dificuldade em receber pagamentos, está automaticamente a dificultar o processo de venda. As pessoas, no geral, já andam com pouco dinheiro na carteira – sendo que a pandemia veio impulsionar esse facto. Logo, se eu, por exemplo, tiver uma loja, e apenas aceitar pagamento em dinheiro, muitas vezes o que acontece é que o cliente, a caminho do ATM, muda de ideias e já não volta. Portanto, se eu tiver ferramentas de aceitação de pagamentos, o cliente compra no momento, sem qualquer entrave”, sustenta Pedro Osório de Castro.

TENDÊNCIAS PARA UM MERCADO CADA VEZ MAIS DIGITAL Se há algo que a sociedade aprendeu com a pandemia é que a transformação digital veio para ficar. Assim, é natural que o mercado evolua no sentido de, em qualquer negócio, o pagamento seja eletrónico e simplificado, acabando com alguns constrangimentos que hoje em dia ainda se sentem. “No caso dos supermercados é essencial que se comece a simplificar o momento de pagamento. Atualmente o que acontece é que nós, clientes, entramos, fazemos as nossas compras e por fim chegamos à caixa e temos 20 pessoas à frente. Isto é um assunto que precisa de ser resolvido. Temos de chegar ao momento em que possamos pagar, de forma simples, naturalmente cumprindo os requisitos de autenticação. Numa loja de roupa é igual: têm de descentralizar o seu ponto de pagamento, em que em vez de os clientes terem de pagar todos numa única caixa, possam ir ter com qualquer colaborador que disponha, por exemplo, um terminal myPOS que possa receber os pagamentos. Ou seja, o cliente apresenta o artigo que quer comprar, o terminal lê o código de barras, faz a faturação e recebe o pagamento. Isto tem um impacto muito grande no consumidor pelo tempo que ganha, mas também no comerciante – porque muitas vezes os clientes desistem de esperar e vão embora”, afirma o nosso interlocutor. A verdade é que, em Portugal – abrangendo também os restantes mercados europeus – a tecnologia para simplificar e facilitar os pagamentos já existe, só precisa de ser implementada. ▪

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PONTOS DE VISTA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E COMPETITIVIDADE

O Futuro será #ageless

JOSÉ DUARTE FERREIRA

A Revista Pontos de Vista foi conhecer a JDF_GLOBAL, tendo conversado com José Duarte Ferreira, CEO da marca, que, entre outros temas, abordou a marca ageless JOBS PORTUGAL, que tem como desiderato, já em 2022, “ser um parceiro de referência, disponibilizando ferramentas online de suporte, para otimização de processos de recrutamento”.

A

JDF_GLOBAL é uma marca que representa as atividades empresariais de José Duarte Ferreira, sendo que, as mesmas, estão otimizadas e estruturadas para trabalhar em regime de fornecimento direto para o cliente, seja nacional ou internacional, tendo como principais valores, a competência, qualidade dos resultados e a honestidade de todos os processos. A celebrar dois anos de história, como tem vindo a ser a evolução da empresa no mercado? Os dois últimos anos da JDF_GLOBAL foram atípicos em termos das diferentes atividades representativas. Vivemos um período de pandemia, com as necessárias restrições em termos de proximidade relacional. Este cenário trouxe novas oportunidades, nomeadamente ao nível de projetos de consultoria, soluções digitais e turismo. Obtiveram-se excelentes resultados na área de consultoria após-venda automóvel com uma nova parceria estratégia em que JDF_GLOBAL ofereceu uma posição onjob de evolução de processos organizacionais, acompanhamento

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técnico e formação profissional de quadros. O ano de 2021 tem sido também um ano de desenvolvimento de conteúdos de formação, a lançar em plataformas digitais no início de 2022, assim como, de desenvolvimento de um novo projeto na área de Recursos Humanos, que será brevemente apresentado com a marca ageless JOBS PORTUGAL. Na atividade de turismo, também este período têm apresentado um índice de crescimento significativo devido à importância do processo de fidelização e também devido à procura de espaços independentes por parte das famílias, o que resultou numa ocupação próxima dos 100% em época alta. Sendo um profissional realizado e orientado para resultados, um dos serviços que, consequentemente, advém da JDF_GLOBAL é consultoria e formação profissional no setor automóvel. De que forma nos pode descrever o mesmo e as mais-valias que apresenta no mercado? Em termos de formação, pretendemos que

os nossos projetos tenham um máximo de influência nos resultados empresariais dos nossos clientes. Para tal, mantemos uma filosofia de saber fazer e fazer bem, com sessões em sala, simulações práticas com análise posterior e acompanhamento posterior ”onjob”. Paralelamente, a JDF_GLOBAL tem-se especializado em áreas estratégicas para o setor automóvel, enfatizando a construção da matriz de negócio entre o concessionário e o cliente final. Esta área contempla formação em termos do percurso relacional a desenvolver com o Cliente do ponto de vista de fidelização e em termos de construção da solução adequada, por forma a ir de encontro às expetativas do cliente final. Além disso, tem registo comprovado em avaliar gerações de negócio para desenvolver soluções, otimizando as operações organizacionais, o que aumenta o crescimento da receita e o seu desempenho. Assim, a JDF_GLOBAL disponibiliza também desenvolvimento de suportes digitais em ambiente web. Quais as


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além do anteriormente mencionado, destacam-se igualmente dois níveis de funcionalidade para suporte a processos de recrutamento e selecção. É nosso objetivo procurar um “match” real entre candidatos e as empresas, mas também proporcionar aos potenciais candidatos informação relevante, para um maior sucesso em modo de candidatura.

características diferenciadoras deste serviço? A nossa principal atividade foi desde sempre a formação e a consultoria automóvel. Ao logo destes anos, e dadas as caraterísticas dos projetos de formação, houve a necessidade de integrar novas soluções digitais, nomeadamente plataformas Web, com diferentes funcionalidades, por forma a maximizar os resultados pretendidos. JDF_GLOBAL teve sempre como objetivo o desenvolvimento “indoor” e a aplicação das referidas soluções digitais, permitindo deste modo apresentar ao seu cliente propostas mais completas e com preços mais competitivos. Não ficando por aqui, especialista na execução de projetos de grande escala, conta ainda no seu leque de soluções, turismo de excelência no Alentejo com gestão direta de duas unidades. De que experiências turísticas estamos a falar? A nossa atividade no ramo do turismo situa-se na Terrugem, no concelho de Elvas. Constituída por duas unidades de turismo em espaço rural, Casa dos Paquetes e Casa do Ferrador, são duas casas totalmente equipadas que funcionam de forma independente ou complementar. Integram espaço de outdoor com zona de convívio/refeições, jardim e piscina. Neste momento, estamos a licenciar a segunda como unidade independente. Apostamos em turismo de excelência, com níveis de avaliação máximos dados pelos hóspedes, nas diferentes plataformas de turismo. Propomos a quem nos visita, experiências de bem-estar diferenciadas, com uma integração na vida de uma simpática e dinâmica aldeia do Alto Alentejo, sempre com o bem receber da sua população. Daí o nosso lema ser “a sua casa no coração do Alentejo” De forma a acrescentar (cada vez mais) valor à JDF GLOBAL, para breve, irá ser apresentado um outro serviço que se traduz em ferramentas digitais de suporte a processos de recrutamento em modo ageless. Para melhor entender, o que podemos esperar desta novidade? A área do recrutamento, seleção, contratação e retenção de talentos é estratégica no desempenho, competitividade e manutenção da atividade de qualquer empresa. Considero que

“A ÁREA DO RECRUTAMENTO, SELEÇÃO, CONTRATAÇÃO E RETENÇÃO DE TALENTOS É ESTRATÉGICA NO DESEMPENHO, COMPETITIVIDADE E MANUTENÇÃO DA ATIVIDADE DE QUALQUER EMPRESA. CONSIDERO QUE QUALQUER TALENTO É “AGELESS”, INCLUSIVAMENTE O ACRÉSCIMO DE IDADE SÓ IMPLICA EXPERIÊNCIA, QUE É FUNDAMENTAL VALORIZAR E RETER” qualquer talento é “ageless”, inclusivamente o acréscimo de idade só implica experiência, que é fundamental valorizar e reter. Com este mindset, a JDF_GLOBAL já dispõe em teste, de uma plataforma online com três áreas ação, onde se inclui um Portal de emprego. Para

Considera que as fortes habilidades de comunicação da JDF GLOBAL, combinadas com a capacidade comprovada de identificar pontos de falha/melhoria, a têm tornado, durante estes dois anos, garantidamente capaz de, em qualquer projeto, implementar soluções eficazes? Que estratégia se seguirá daqui para a frente? A estratégia futura em termos de formação implicará uma forte transição para o plano digital, com a consequente adaptação dos conteúdos para novas metodologias de trabalho que os profissionais dos diferentes setores, encontrarão no caminho do sucesso. A JDF_GLOBAL com a marca ageless JOBS PORTUGAL, pretende já em 2022 ser um parceiro de referência, disponibilizando ferramentas online de suporte, para otimização de processos de recrutamento. Manutenção e continuação do nível de investimento no que respeita à atividade do turismo, por forma a manter o nível de qualidade e complementar valências já existentes. Por fim, que mensagem gostaria de deixar aos clientes e parceiros da JDF GLOBAL, no sentido de comemorar este aniversário? Gostaria de deixar uma mensagem de profundo agradecimento a todos os clientes e parceiros, que ao longo do deste tempo, nos permitiram crescer e consolidar as nossas actividades. Queremos igualmente agradecer o nível de confiança e exigência impostos, que implicou que cada projeto fosse um desafio a superar. A JDF confia num futuro muito aliciante e produtivo, apostando vivamente em soluções mais diversificadas e viradas para as necessidades do cliente. É igualmente nosso objetivo a intensificação de novas atividades que nos permitam estar em outras áreas estratégicas do tecido empresarial. ▪

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PONTOS DE VISTA BREVES

Palmares Ocean Living & Golf

vence Prémio Nacional do Imobiliário na categoria de Turismo

Procura por carros elétricos e híbridos cresce no mercado de usados A tendência de compra de carros elétricos e híbridos vai crescer entre os condutores que optam por um carro usado, de acordo com o primeiro Barómetro da Mobilidade da CarNext, um dos principais marketplaces digitais de carros usados de alta qualidade da Europa, nos segmentos B2C e B2B. A opção por modelos elétricos e híbridos na compra de um carro já é uma realidade a nível mundial. Se, por um lado, os utilizadores

manifestam uma consciência ambiental cada vez mais vincada, por outro, as marcas apostaram nestes modelos, havendo já um portefólio variável. O mercado dos usados não é alheio a esta tendência e, de acordo com o Barómetro de Mobilidade da CarNetx, 66% dos portugueses sente-se à vontade para adquirir um modelo elétrico ou híbrido usado. Um valor igual ao revelado pelo survey realizado na Holanda e apenas ultrapassado por Itália (84%) e Espanha (82%).

Cuidar e Cancro e Inspiração promovem Jornadas da Oncologia dirigidas a doentes e familiares São as primeiras Jornadas da Oncologia organizadas pela Cuidar, em parceria com a Cancro e Inspiração, e têm lugar nos próximos dias 23 e 24 de outubro, no Praia do Sal Resort, em Alcochete. Dirigidas, sobretudo, a doentes oncológicos, o evento tem como principal objetivo debater temas do dia a dia das pessoas que atravessam um diagnóstico de cancro e contribuir para a melhoria do seu quotidiano, através da realização de workshops. Do programa, os temas de destaque são, para já, a saúde mental do doente e sobrevivente oncológico, um assunto particularmente atual, tendo em conta o contexto pandémico, que privou os cuidadores de acompanharem os seus familiares em consul-

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tas, tratamentos e onde as visitas em internamento foram canceladas. A importância da fisioterapia na melhoria da qualidade de vida dos sobreviventes oncológicos e ainda a sexualidade durante e após a doença são outros temas do evento, que contará ainda com a realização de workshops, entre os quais, e já confirmado, o de meditação e mindfulness. As inscrições, que deverão ser feitas através do formulário online, são gratuitas para os doentes oncológicos. Para os restantes participantes, a inscrição tem um valor de 10€, que reverte para a Associação CADO - Centro de Apoio ao Doente Oncológico, entidade organizadora das Jornadas e proprietária da Revista Cuidar.

• Clubhouse do resort Palmares Ocean Living & Golf foi o projeto premiado entre os 10 finalistas a concurso. • O espaço foi concebido pelo ateliê RCR Arquitectes, distinguido com o Prémio Pritzker de 2017. O Clubhouse do resort Palmares Ocean Living & Golf, no Algarve, foi distinguido com o Prémio Nacional do Imobiliário na categoria de Turismo. O projeto da Kronos Homes destacou-se entre os 10 projetos finalistas da categoria no concurso organizado pela Magazine Imobiliário. Inaugurado em novembro de 2020, o Clubhouse foi concebido pelo atelier RCR Arquitectes, distinguido com o Prémio Pritzker de 2017, o mais prestigiado galardão internacional da arquitetura. Com atributos arquitetónicos únicos, tudo neste projeto foi pensado ao pormenor, salvaguardando a beleza natural do local e proximidade com o mar, em total fusão e respeito pelos espaços e natureza existentes. “Receber este prémio deixa-nos muito orgulhosos. Estamos ainda mais confiantes de que o resort de Palmares tem o melhor Clubhouse de Portugal e um dos mais emblemáticos do mundo. Com atributos arquitetónicos únicos e uma oferta diferenciada, é o resultado de um investimento que aconteceu durante um período adverso para a economia e para o turismo e uma prova da nossa aposta contínua em Portugal” explica Rui Meneses Ferreira, sócio da Kronos Homes em Portugal. O premiado Clubhouse está localizado no Resort de Palmares, situado em Lagos e composto por um campo de golfe premiado de 27 buracos, hotel boutique de cinco estrelas (Palmares Beach House Hotel) e oferta imobiliária de luxo,

com lotes para moradias e apartamentos, também estes últimos assinados pelo mesmo ateliê de Arquitetura da RCR. O Clubhouse, que é já uma referência e um ponto de encontro de golfistas, proprietários do resort e visitantes, conta com vistas panorâmicas para o mar, modernas infraestruturas de apoio ao golfe e serviços de concierge completos e dois restaurantes. O mais recente restaurante abriu as portas em junho deste ano e distingue-se pela cozinha de autor assinada pelo premiado chef Michelin, Louis Anjos. O AL SUD, restaurante de fine-dining com capacidade para 24 pessoas, caracteriza-se por ser um espaço criativo, eclético e de qualidade superior com vários momentos de degustação. Além do AL SUD, o Palmares Ocean Living & Golf tem ainda com o restaurante do Clubhouse, com capacidade para 76 lugares interiores e 26 lugares exteriores, que se pauta pela oferta gastronómica de cariz Mediterrânico, com uma forte expressão local e alguns apontamentos internacionais. O Palmares Ocean Living & Golf, em Lagos, no Algarve, conjuga praia, golfe e natureza num só lugar, com uma vista panorâmica sobre a Baía de Lagos. Com uma área de 200 hectares, a densidade de construção é baixa, de apenas 5,7%, refletindo um dos princípios primordiais do planeamento deste projeto, a sustentabilidade ambiental, também ela aplicada no projeto do Clubhouse agora distinguido.


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PONTOS DE VISTA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E COMPETITIVIDADE

INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, I.P.

Emprego e Formação Profissional - Área (transição) Digital Muito se tem falado sobre a era digital e a sua influência na sociedade, particularmente em sequência das circunstâncias decorrentes da pandemia da COVID-19, pelo que importa repensar a sociedade do ponto de vista económico, social e individual, incentivar a adoção por parte das empresas e do Estado de ferramentas e instrumentos mais modernos que contribuam para a criação de mais e melhor emprego, bem como se evidencia ser fundamental investir em novos modelos de produção que incorporem as tecnologias associadas à área digital e consequentemente, dotar os profissionais das competências e qualificações necessárias para integrar o “novo” mercado de trabalho.

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om a publicação da Resolução do Conselho de Ministros n.º 30/2020, de 21 de abril, o Governo aprovou o Plano de Ação para a Transição Digital, com o qual pretende definir o novo enquadramento institucional em matéria de transformação digital, quer ao nível das empresas, da Administração Pública e do cidadão em geral, através da aprovação de um conjunto de iniciativas estruturantes que contribuam para tornar Portugal num país mais digital. Posteriormente, em 28 julho de 2021, foi assinado, entre o Governo e alguns dos Parceiros Sociais, o Acordo de Formação Profissional e Qualificação, que visa sistematizar um regime jurídico da formação profissional e em particular da formação contínua e das suas especificidades. Tendo também por objetivo a melhoria do sistema de certificação de entidades formadoras de modo a promover a qualidade da formação profissional. A relevância da formação e das qualificações para colmatar necessidades já existentes e tendencialmente crescentes de capacitação, nomeadamente das empresas nacionais para a economia digital, bem como dos agentes individuais numa perspetiva de reforço das suas oportunidades de emprego e salariais e competitividade da economia, tem sido uma preocupação constante do IEFP, I.P. - Instituto do Emprego e Formação Profissional, por isso o IEFP, I.P. tem vindo a contribuir de forma ine-

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quívoca para a realização de vários projetos na área digital. Exemplo do que se refere é o facto do IEFP, I.P. ter vindo a colaborar com diferentes instituições no sentido de proceder à definição e montagem de um programa de formação para a (re) qualificação de ativos, empregados e desempregados, na área digital, designado por UPSkill, consubstanciado num Acordo de Cooperação celebrado entre o IEFP, I.P., o CCISP - Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Públicos, a APDC - Associação Portuguesa para o

Desenvolvimento de Comunicação e o ISCTE Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa. O UpSkill assenta na realização de um conjunto de cursos de formação intensiva e especializada na área digital, que respondam a necessidades transversais diagnosticadas junto das empresas do setor, com uma duração de seis a nove meses, recorrendo à rede de Institutos Politécnicos para a realização da formação teórica, seguida de formação prática em contexto de trabalho e a respetiva integração profissional numa empre-


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sa aderente, tendo por destinatários os ativos, empregados e desempregados, com formação de nível secundário a licenciatura, podendo ainda abranger mestres ou doutorados, preferencialmente, em situação de desemprego ou de subemprego, à data de inscrição no Programa. Outro exemplo, a reter, é a colaboração do IEFP, I.P. com as Confederações Empresariais CIP, CCP (com Acordos de Cooperação já assinados com o IEFP, I.P.) e CTP (com um Acordo de Cooperação que está para assinatura entre as partes), na definição e montagem de um programa de formação para a (re)qualificação de ativos, empregados e desempregados, na área digital, ao nível das tecnologias de informação e comunicação, bem como da operação digital de equipamentos e respetiva manutenção, que respondam a necessidades transversais das empresas diagnosticadas junto das associações empresariais associadas das referida Confederações Empresariais. Este Programa designa-se Emprego + Digital e foi consubstanciado através da celebração de um Acordo de Cooperação entre o IEFP, I.P., as citadas Confederações e a Estrutura de Missão Portugal Digital.

“O UPSKILL ASSENTA NA REALIZAÇÃO DE UM CONJUNTO DE CURSOS DE FORMAÇÃO INTENSIVA E ESPECIALIZADA NA ÁREA DIGITAL, QUE RESPONDAM A NECESSIDADES TRANSVERSAIS DIAGNOSTICADAS JUNTO DAS EMPRESAS DO SETOR, COM UMA DURAÇÃO DE SEIS A NOVE MESES" É aqui, neste âmbito, que o papel do IEFP, I.P. tem vindo a ter a maior relevância, ou seja, a de contribuir, através da formação/qualificação específica dos ativos, empregados e desempregados, adaptada à nova realidade das empresas dos vários setores de atividade, numa lógica de aprendizagem ao longo da vida, que potencia novas oportunidades de emprego e aumentos salariais e fomenta, simultaneamente, o crescimento económico do país. Mas para isso é preciso sermos capazes de che-

gar a cada vez mais pessoas e empresas, contando para o efeito com a colaboração dos Parceiros Sociais, evidenciando as mais valias para os trabalhadores e naturalmente para as empresas, do processo de aquisição de novos conhecimentos, competências e qualificações. É esse o caminho que temos que continuar a seguir sem deixar ninguém para trás, promovendo a igualdade de oportunidades e no acesso ao mercado de trabalho, garantindo a todos sem exceção o direito à formação ao longo da vida. ▪

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Do confinamento ao futuro das organizações e das pessoas. O que vai mudar ? Atualmente a comunicação é um tema vital na vida das empresas, sobretudo quando as mesmas estão a retomar o seu normal. A necessidade de motivar os colaboradores para os novos desafios, a apresentação dos novos produtos e serviços face aos novos hábitos de consumo, levam a que as empresas estejam a adotar novas formas de comunicar.

20 Outubro | 10h Parceria:


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“A Competitividade é essencial para o Crescimento das Organizações”

PAULA ADRIÃO

Paula Adrião, CEO da K1 Digital afirma que a marca tem tido “ao longo destes anos um papel proativo como consultora de analytics e acompanhado de perto os seus clientes no processo de transformação digital”. Conheça de que forma, a mesma, tem sido um parceiro de confiança numa sociedade em que a digitalização tem vindo a crescer no mercado e a ser um fator-chave para na sua competitividade.

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K1 Digital é uma empresa nacional que surgiu no mercado com o objetivo de apoiar as organizações nas suas ações e programas de transformação digital, de modo a tornarem-se uma referência em inovação, através de um forte compromisso com o sucesso e os resultados mensuráveis de cada iniciativa. De que forma esta marca veio preencher as necessidades (cada vez mais constantes) de transformação digital das organizações? A K1 Digital surgiu em 2017 no mercado português como uma consultora de Analytics, especializada no processamento de grandes volumes de informação estruturada ou não estruturada (Big Data). O nosso objetivo é produzir resultados verdadeiramente impactantes no modelo de negócio das organizações, através da aplicação de modelos computacionalmente evoluídos

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de Machine Learning e Computer Vision, adaptados ao objetivo específico que cada empresa pretende alcançar, seja através de obtenção de previsões de elevada precisão sobre variáveis estratégicas de negócio, análise de mercados para identificação de clusters e/ou clientes de elevado potencial, ou através do desenvolvimento de ferramentas para a capacitação de recursos humanos, que permitem ganhos de produtividade e eficiência ao longo da cadeia de valor. Todas as empresas de tecnologia seguem uma determinada metodologia. O nosso valor (e a nossa marca) residem por um lado, na abordagem objetiva de identificação de soluções de valor para cada organização (estratégia de transformação digital) e por outro, na elevada capacidade tecnológica que possuímos para a implementar, de forma célere, com o menor risco e a maior rentabilidade.

“AS NOSSAS SOLUÇÕES SÃO CONSTRUÍDAS SEMPRE COMO RESPOSTA A NECESSIDADES E DESAFIOS REAIS QUE OS NOSSOS CLIENTES NOS COLOCAM E SOBRE AS QUAIS DEDICAMOS SEMPRE A NOSSA CAPACIDADE DE I&D DE FORMA A CONSTRUIR AS SOLUÇÕES MAIS AVANÇADAS EM TERMOS DE TECNOLOGIA”

Assim, a K1 Digital é especializada na aplicação de tecnologias 4IR, com foco em criar soluções digitais inteligentes construídas para modelos centrados nas pessoas que permitam uma nova geração de interação entre os mundos físico e digital. Como nos pode descrever mais aprofundadamente estas soluções – que, também elas, distinguem a marca no mercado? As nossas soluções são construídas sempre como resposta a necessidades e desafios reais que os nossos clientes nos colocam e sobre as quais dedicamos sempre a nossa capacidade de I&D de forma a construir as soluções mais avançadas em termos de tecnologia. Dando exemplos concretos, e numa área em que acumulámos uma grande experiência tecnológica, a visão computacional, temos soluções e protótipos de Inteligência Artificial que


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detetam, classificam e prevêm para o setor da saúde, a probabilidade de se desenvolver um cancro de mama por análise de mamografias e integração com informação disponível, o que ajuda a detetar com antecedência esta patologia e diminuir a taxa de mortalidade. Ainda no domínio de Computer Vision, desenvolvemos uma solução para seguradoras para deteção e classificação automática de danos de sinistros automóveis, que permite maior capacidade de operação e ganhos crescentes de produtividade, críticos para a competitividade num setor bastante impactado pelas circunstâncias de pandemia que passámos. Ainda neste domínio, desenvolvemos capacidades de manu-

tenção preditiva de infraestruturas produtivas, recolhendo imagens e informação por satélite, vídeo, câmaras e sensores, reduzindo o custo e tempo de reparação e reforçando a segurança destas unidades. Toda esta experiência permitiu-nos escalar capacidades e aplicar as nossas soluções para a agricultura de precisão, para detetar antecipadamente os fatores indiciadores de pragas, e salvaguardar as culturas, indicando o momento ideal de intervenção no ciclo de vida de produção. Construímos uma plataforma de Previsão de Vendas (Sales Forecasting) já aplicada em organizações de vários setores, que permite realizar previsões de elevada eficácia, de vendas (e exportações para vários mercados com comportamentos muito distintos). Também identificámos e implementámos com organizações líderes dos seus setores, soluções para análise preditiva da probabilidade de compra de produtos a lançar no mercado (a nível nacional e por segmento analisado), análise preditiva de stocks, para além de várias dezenas de softbots (robôs de software) para logística, processos da área financeira e de recursos humanos e Serviço ao Cliente, onde construímos um Chatbot Inteligente (com interactividade conversacional) com diversas aplicações internas e externas às organizações.

Como empresa portuguesa, a K1 Digital valoriza as capacidades técnicas e o potencial nacional. Que mais-valias aponta às oportunidades que a revolução (dita transformação digital) traz para Portugal e sua comunidade? Considera que o país está a ser pioneiro neste processo? Portugal sempre foi um país pioneiro. Também na inovação e adoção de novas tecnologias se tem destacado, e todos nós conhecemos exemplos diários. Tendo já trabalhado em vários países da Europa, América e África é com grande orgulho que posso afirmar que a tecnologia e engenharia ensinada nas nossas universidades tem um carácter de excelência, assim como os nossos profissionais nesta área, e logo por aí podemos inferir que teremos a capacidade para produzir muito bons produtos e serviços ao longo dos próximos tempos. Esta (r)evolução irá potenciar o aparecimento de um ecossistema novo de empresas, tal como já estamos a observar, e para isso será necessário desenvolver novas competências e skills para uma cultura mais digital, que permitam abranger a engenharia e ciência de dados, o desenvolvimento de algoritmos e modelos de machine learning cada vez mais complexos e adequar e integrar a sua operação nas empresas em todos os setores.

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Serão oportunidades que Portugal terá toda a capacidade de capitalizar e o nosso país tem vindo progressivamente a projetar-se nesse sentido, em termos de oferta de infraestruturas, oferta de recursos qualificados, qualidade das redes de telecomunicações e internet. Um ponto importante consistirá também nos investimentos para construir bases sólidas nesta transformação e nesse crescimento. É legítimo afirmar que, se antes a transformação digital era uma tendência, hoje é uma realidade efetiva? Qual o impacto que a mesma tem tido na sociedade? A transformação digital já é um conceito presente na vida empresarial, muito embora exista para as empresas portuguesas um gap que é necessário ultrapassar, se queremos ser revelantes nos mercados onde atuamos. Esta tendência tem vindo a crescer a um ritmo ainda mais acelerado devido ao contexto de crise financeira e de saúde pública em que ainda estamos inseridos. Segundo uma análise de mercado (Forbes, 2020) 87% das empresas acreditam que o “digital” irá revolucionar as suas indústrias, mas apenas 44% estão preparadas para essa transformação. A médio e longo prazo, o impacto é a concentração da oferta de trabalho num tipo de atividades caracterizadas por capacidades mais humanas, como a capacidade de análise, abstração, criatividade, inovação, inteligência emocional, socialização, decisão, entre outros. As soluções de inteligência artificial irão dar uma nova dimensão ampliada às capacidades humanas, existindo uma enorme tendência para delegar na tecnologia inteligente as tarefas de carácter rotineiro, massivo e burocrático, de menor valor acrescentado. Os resultados de todas estas mudanças traduzem-se, muitas vezes, numa competitividade de influência entre empresas, com modelos de negócios distintos (ou não) em que o foco é o consumidor final. Além das inúmeras vantagens da transformação digital, acredita que a competitividade é um fator essencial no mercado atualmente? A competitividade é essencial para o crescimento das organizações e, é precisamente no mercado, através das capacidades de conhecimento do cliente e da resposta associada que ela se conquista diariamente. Mais uma vez, a capacidade de processamento de grandes volumes de informação que a organização recebe e produz (para a maioria das organizações, mais de 70% não estruturada) e a expertise de aplicação de algoritmos computacionalmente mais avançados é um fator-chave para atingir estes objetivos, o que nos faz acreditar firmemente que os serviços que prestamos aos nossos clientes serão cada vez mais fundamentais ao seu sucesso. Não esquecer, porém, que para existir realmente uma capacidade sustentada de competitividade é preciso também investir na formação e requalificação

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“PORTUGAL SEMPRE FOI UM PAÍS PIONEIRO. TAMBÉM NA INOVAÇÃO E ADOÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS SE TEM DESTACADO, E TODOS NÓS CONHECEMOS EXEMPLOS DIÁRIOS” dos recursos humanos. Paralelamente, é imperativo priorizar a integridade dos dados (data integrity), uma componente crítica para o uso bem-sucedido e ético das tecnologias de IA, devendo as políticas éticas ser consideradas uma prioridade estratégica na concepção e implementação dos sistemas de IA dando às organizações um diferenciador competitivo fundamental. Neste sentido, de que forma a K1 Digital tem acompanhado todas estas necessidades do mercado e inovado as suas ideias já testadas e lançadas? A K1 tem tido ao logo destes anos um papel proativo, como consultora de analytics e acompanhado de perto os seus clientes no processo de transformação digital. A nossa abordagem visa identificar as soluções que trazem maior potencial às empresas, tanto ao nível de gestão como ao nível operacional, de forma muito objetiva e mensurável, segundo as características e a cultura de cada organização. Esta estratégia levou-nos a criar plataformas de Inteligência Artificial completamente aderentes a necessidades de vários setores (e transversalmente), cujas funcionalidades e nível de integração com as operações dos nossos parceiros vão evoluindo ao longo do tempo, impulsionando novas formas e modelos de atuação. Estamos comprometidos, desde o início do nosso projeto, com a Inovação e com as atividades de Investigação e Desenvolvimento para procurar as melhores respostas aos problemas dos nossos parceiros e estabelecer novas tendências neste setor. Uma mensagem importante que conseguimos, enquanto sociedade, retirar da pandemia que atravessamos é que tudo é bastante incerto. Assim, é importante olhar para as tendências – neste caso tecnológicas – e saber agir consoante o que analisamos. No seu ponto de vista, quais serão assim as tendências futuras a médio e longo prazo? A pandemia continua a obrigar-nos a alterar a nossa vida pessoal e profissional, e tem apresentado desafios novos e complexos. A fim de

enfrentar estes obstáculos inesperados, muitos responsáveis recorreram a estas tecnologias como suporte à produção de “business insights” para navegar em tempos conturbados. Este contexto foi assim como um catalisador para a adoção de IA tendo-se verificado que algumas organizações cresceram e tornaram-se mais resilientes face a um contexto de adversidade sem precedentes. Não é de estranhar o facto de o investimento em IA ter sido priorizado e a tendência é a continuidade destes investimentos na fase de renovação pós-pandemia nas organizações. Este aumento projetado do investimento em IA sublinha a nossa maior dependência nestas tecnologias como ferramenta de apoio à gestão e o potencial de inovação que aporta. A formação dos recursos humanos em tecnologias de IA será um imperativo à medida que estas se estabelecem no modelo operativo das organizações. À medida que a adoção de IA continua a aumentar, as disposições e considerações éticas serão uma componente fundamental para alcançar o sucesso. Assim, à medida que continuamos a navegar pelas constantes mudanças e perturbações do mundo de hoje, a IA será uma ferramenta poderosa para as empresas alavancarem as suas capacidades para o sucesso e resiliência dos negócios. A terminar, que novidades e projetos estão a ser desenhados para os próximos tempos de vida da K1 Digital? A K1 Digital tem no seu ADN uma postura de investimento contínuo em I&D no âmbito das tecnologias “core” 4IR. Alguns dos nossos projetos de investigação mais interessantes destinam-se aos setores da saúde e energia, que nos motiva particularmente pelo impacto que podem ter na vida das populações. A nível comercial, os próximos passos serão escalar os nossos “use cases” e Plataformas de IA a nível internacional, especialmente para os setores de Retalho, Serviços Financeiros e Agricultura de Precisão, e também captar investimento para apoiar progressivamente a nossa evolução para novos desafios que se adivinham cada vez mais interessantes e complexos.


SAÚDE

© freepik/@jcomp

O número de passos que deve andar por dia para evitar morte prematura Descubra o número 'mágico' para se manter saudável. Uma professora e epidemiologista de atividade física na universidade Umass Amherst, nos Estados Unidos, apurou que caminhar sete mil passos por dia deve ser a nova meta para pessoas de meia-idade, e não os 'famosos' 10 mil passos como se pensava anteriormente, conforme explica um artigo publicado no jornal Boston Herald. Nos últimos anos, a professora Amanda Paluch tem pesquisado quantos passos devemos de facto caminhar por dia, de modo a prolongar a esperança média de vida. Recentemente, a docente determinou que andar pelo menos sete mil passos diariamente reduz o risco de morte prematura entre pessoas de meia-idade por todas as causas em 50% a 70%, comparativamente com outros indivíduos de meia-idade sem esse hábito.

Já, caminhar mais de dez mil passos por dia ou andar mais rápido - não reduziu substancialmente o risco, de acordo com Paluch, que publicou os resultados do seu estudo na publicação científica JAMA Network Open. "Assistimos a um risco gradual do risco de mortalidade à medida que se dá mais passos", disse Paluch. Acrescentando: "registámos benefícios substanciais para a saúde ao caminhar entre sete mil a dez mil passos, mas não constatámos benefícios adicionais consequentes de caminhar mais de dez mil passos". Os dez mil passos por dia frequentemente aconselhados como meta não constituem uma diretriz cientifica, sublinhou a docente. Sendo que essa recomendação terá surgido pela primeira vez há décadas como parte de uma campanha de marketing para um pedómetro japonês.

© Shutterstock

PONTOS DE VISTA BREVES

LIFESTYLE

Pudim de coco e chia 'low carb' para um pequeno-almoço muito saudável Ora, muito bom dia! Preparar um pequeno-almoço delicioso e simultaneamente saudável pode parecer um verdadeiro desafio. Mas, não tem de ser assim. Existem receitas fáceis de preparar, ricas em sabor e repletas de nutrientes que prometem tornar esta refeição super saborosa. Leia Também: Panquecas saudáveis de abóbora e cacau vegan Não acredita? Então, atreva-se a experimentar esta receita de pudim de chia e coco partilhada no site Tua Saúde: Ingredientes 25 gramas de sementes de chia 150 ml de leite de coco 1/2 colher de chá de mel. Preparação Misture todos os ingredientes num recipiente pequeno e deixe no frigorífico durante a noite. Ao retirar, verifique se o pudim está espesso e que as sementes de chia formaram um gel. Acrescente 1/2 de frutas frescas cortadas e nozes, caso queira.

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BL Consulting

na Vanguarda de Soluções orientadas para o Futuro Como tantos outros, o setor dos Recursos Humanos tem vindo a mudar de paradigma devido à transformação digital que impactou diretamente as suas atividades. É sobre esta mudança e a importância de softwares ágeis e eficazes neste universo que, à conversa com a Revista Pontos de Vista, esteve Miguel Luís, Community Manager do Grupo BLC, onde se insere a BL Consulting – uma marca especialista em desenvolvimento humano, líder em inovação e na criação de valor sustentável.

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MIGUEL LUÍS

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om sede na Covilhã, é desde 2014 que o Grupo BLC deu início à sua atividade, com o principal objetivo de promover a empregabilidade e a competitividade das empresas do interior de Portugal, através de seis unidades estratégicas de negócio: Consultoria em Gestão de Talento (BL Consulting), Recrutamento & Seleção (BL Recruitment), Formação Profissional (BL Training), Outsourcing de Serviços Especializados (BL Outsourcing), Trabalho Temporário (BL Staffing) e, por fim, Integração Social (BL Integra). Hoje, fruto do seu crescimento, a recentemente transformada BL Consulting nasceu com o intuito de alargar e crescer para um âmbito nacional e assim atingir novos targets, através daquele que é o seu know-how. Know-how esse que se traduz em conhecimento profundo de cada setor de atividade aliado à capacidade

de análise de tendências de mercado, para estimular, partilhar e potenciar a criação de talento em rede e assim desenhar as soluções de valorização que melhor se adaptam à cultura organizacional, à estrutura de capital intelectual, ao perfil de negócio e às necessidades sociais das comunidades onde a BL Consulting se insere. DE QUE FORMA A BL CONSULTING SE DESTACA NO MERCADO? Miguel Luís, Community Manager ou Gestor de Pessoas (Recursos Humanos), com mais de 16 anos de experiência na área, afirma que “o mercado é altamente competitivo e as organizações, para terem sucesso, têm de ter uma proposta de valor que seja diferenciadora. Além da nossa equipa, que é muito transversal e multidisciplinar, temos uma componente que vai ao encontro dos novos desafios do mundo dos Recursos Humanos por via de estratégias de Employer


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Branding – uma área muito importante, que começa a ter alguma visibilidade e expressão, mas cujo know-how ainda é escasso”. Assim, é possível verificar que, sendo uma marca recente, é também no sentido da modernidade e da diferenciação que, a mesma, tenta (e consegue) destacar-se no mercado. Mas o objetivo não é só diferenciar-se no mercado. A BL Consulting pretende também colmatar algumas lacunas que, na sua perspetiva, estancam aquele que poderá ser o crescimento do setor dos Recursos Humanos em Portugal. Para o nosso entrevistado, “o binómio candidato/empresa tem de evoluir, apesar de estar já a dar largos passos. Ainda estamos numa lógica de uma entrevista unidirecional, ou seja, quando um candidato vai a uma entrevista de emprego, a mesma ainda é totalmente conduzida pelo entrevistador da organização. Os candidatos ainda se sentem muito pouco disponíveis para eles próprios, participarem de forma ativa no processo”, acrescentando ainda que “neste sentido, diria que estamos num momento-chave daquilo que será uma mudança das práticas entre o entrevistador e o candidato. O entrevistador começa a perceber que «vender o

sonho» já não funciona, acabando, assim, por se diminuir o gap de expetativas através da transparência”. É também através da transparência, excelência e integração que, a BL Consulting, tem desenvolvido no mercado de trabalho um melhor e mais poderoso fluxo de boas contratações.

“ALÉM DA NOSSA EQUIPA, QUE É MUITO TRANSVERSAL E MULTIDISCIPLINAR, TEMOS UMA COMPONENTE QUE VAI AO ENCONTRO DOS NOVOS DESAFIOS DO MUNDO DOS RECURSOS HUMANOS POR VIA DE ESTRATÉGIAS DE EMPLOYER BRANDING – UMA ÁREA MUITO IMPORTANTE, QUE COMEÇA A TER ALGUMA VISIBILIDADE E EXPRESSÃO, MAS CUJO KNOW-HOW AINDA É ESCASSO”

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“O DESENVOLVIMENTO CADA VEZ MAIOR DE APLICAÇÕES E DE SOFTWARES DE APOIO AOS RECURSOS HUMANOS É UMA ÁREA DE SERVIÇO QUE ESTAMOS A DESENVOLVER E ONDE QUEREMOS, SOBRETUDO, APORTAR VALOR AOS NOSSOS CLIENTES” A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NO SETOR Sabe-se que a pandemia que vivemos impulsionou diretamente a transformação digital de vários setores de atividade – se antes era apenas uma tendência, hoje é uma realidade efetiva. Se falamos em transformação digital, falamos também de inovação e tecnologia. Neste campo, a BL Consulting, através da sua rede de parceiros tecnológicos desenvolve, customiza e transfere ferramentas tecnológicas com programas inovadores para apoiar os gestores de pessoas a desenvolver, com mais eficiência, o ciclo de gestão de talento da sua organização. “O desenvolvimento cada vez maior de aplicações e de softwares de apoio aos Recursos Humanos é uma área de serviço que estamos a desenvolver e onde queremos, sobretudo, aportar valor aos nossos clientes. Já há muitos softwares excelentes no mercado, mas temos de perceber que, por vezes, um software não é útil para todas as organizações. A ferramenta que diria ser perfeita, é aquela que é ajustável à realidade de cada empresa”, assegura Miguel Luís. PLATAFORMA DE GESTÃO DE TALENTO – PEOPLEHUM Foi precisamente para colmatar essa falha no mercado que a BL Consulting se tornou parceira estratégica para o mercado de língua portugue-

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sa da multinacional PeopleHum – uma plataforma integrada de gestão de capital humano que conta com um interface ágil, eficaz e de fácil utilização, com o poder da Inteligência Artificial e de Insights de forma a apoiar cada organização a ter um melhor desempenho na gestão de talento integrando quatro áreas estratégicas: Employer Branding, Employee Experience, Learning & Development e Balance Score Card. “É uma plataforma totalmente flexível e ajustável às necessidades de cada empresa. Por exemplo, dentro da PeopleHum podemos ter formação, ter feedback automático, avaliações de desempenho, controlo de assiduidade, entre outras vertentes. Uma das áreas que eu julgo que será mais relevante dentro destas soluções de Recursos Humanos é o trabalho colaborativo – na pandemia desenvolveu-se bastante essa parte. Desenvolveram-se plataformas de trabalho colaborativo, mas, na maior parte das organizações tinham de ter três, quatro ou cinco soluções para conseguirem desempenhar todas as suas atividades. Na PeopleHum, conseguimos conciliar tudo dentro de um único ambiente de trabalho”, clarifica o nosso entrevistado. Atualmente, esta plataforma de gestão de talento está presente em 37 países e a BL Consulting garante que Portugal será mais um caso de sucesso.

Já totalmente customizada para o mercado nacional tendo em conta tudo o que a legislação indica, é no próximo mês de outubro que a PeopleHum estará pronta a utilizar. É desta forma que a BL Consulting olha para o presente - com soluções orientadas para o futuro. ▪



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ADMINISTRAÇÃO LES ROCHES

Les Roches

Inovação e Futuro

Uma das instituições de ensino do Grupo Sommet Education, grupo suíço de educação especializado em Gestão Hoteleira, a Les Roches é uma instituição de ensino privada internacional líder no seu segmento. Na Les Roches Global Hospitality Education, os estudantes têm a oportunidade de receber formação segundo o modelo suiço de educação e aprender em vários Campus universitários em todo o mundo. A escola oferece cursos e especializações que refletem a natureza do local onde são mestrados e permitem aos estudantes a possibilidade de terem formação e trabalharem com estudantes de outras nacionalidades, aprendendo várias línguas e culturas de negócio. LES ROCHES GLOBAL HOSPITALITY EDUCATION Fundada em 1954, a Les Roches é atualmente uma das mais prestigiadas instituições de ensino do mundo, ocupando o Top 3 do ranking para melhor instituição ao nível da Gestão Hoteleira e Turismo e ao nível da reputação junto dos empregadores segundo o QS World University Ranking By Subject 2021. O modelo de educação combina aulas teóricas e práticas com a possibilidade de seleção pelos vários Campus – Suiça, Marbella e Shangai - e estágios nas melhores cadeias hoteleiras internacionais e empresas da área de serviços e luxo, sendo uma das instituições de ensino com

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maior taxa de empregabilidade dos seus alunos – cerca de 90% dos alunos têm entre uma a três ofertas de emprego durante o curso. As licenciaturas e pós-Graduações da Les Roches refletem as mudanças a apontam tendências numa das indústrias que mais tem mudado nos últimos anos e que a situação pandémica só veio reforçar. A Les Roches é uma das instituições de ensino que mais promove o espírito empreendedor junto dos alunos e os conteúdos das várias formações mestradas têm por objetivo formar para a liderança e dar soluções inovadoras para potenciar uma mudança global no setor da hoteleira e do lazer, algo que a pandemia acelerou, colocando

no centro temas como a sustentabilidade, o luxo ou a digitalização dos setores da hotelaria e turismo. Atenta às mudanças estruturais e demasiado rápidas do mundo atual, a Les Roches procura ativamente adequar os conteúdos mestrados às necessidades e sobretudo dos desafios do setor, nomeadamente no que toca à Transformação Digital das empresas. A decisão de lecionar o Master’s in Hospitality Strategy and Digital Transformation corresponde exatamente a esta atenção ao mercado e às necessidades globais da formação e vem na linha da constituição de um Digital Board por parte do Grupo Sommet Education que integra algumas das personali-


PONTOS DE VISTA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E COMPETITIVIDADE

dades-chave internacionais nesta área ou o SPARK Innovation Sphere um espaço de inovação que fomenta a pré-incubação e incubação de startups com o objetivo de criar ideias e negócios disruptivos na indústria hoteleira. TRANSFORMAÇÃO DIGITAL: O FUTURO DA HOTELARIA É importante contextualizar a necessidade da transformação digital em termos históricos, uma vez que as empresas constituídas antes da internet enfrentam um enorme desafio já que as regras que orientavam a evolução do negócio na era pré-digital já não se aplicam hoje em dia. A transformação digital é o processo no qual as empresas utilizam a tecnologia para melhorar o desempenho, aumentar o alcançe e garantir melhores resultados. Representa uma mudança estrutural nas empresas e organizações e coloca a tecnologia no centro da atividade. Num setor pleno de mudanças como o da hotelaria e turismo, a utilização da tecnologia traz inúmeras vantagens quer do ponto de vista da eficácia do negócio quer do ponto de vista da comunicação e engagement com clientes e potenciais clientes, sobretudo para as novas gerações. O Master’s in Hospitality Strategy and Digital

Transformation foi especialmente pensado para todos os inovadores do amanhã – que começa hoje -, preparando-os para uma carreira de liderança em estratégia hoteleira, empreendedorismo, revenue optimization e transformação digital. O Programa tem a duração de 12 meses mais estágio e expõe os

alunos a modelos de negócio inovadores e ao mindset do empreendedorismo. Está dividido em dois módulos que cobrem o essencial em tecnologias digitais aplicadas à hotelaria, o desenvolvimento estratégico e as competências de liderança necessárias para trazer a transformação digital às empresas. ▪

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IHCARE

O novo paradigma de Higienização dos Utentes Fundada em 2013, a IHCare é uma startup de base tecnológica, que aposta no desenvolvimento e comercialização de soluções inovadoras na área da saúde. Diana Pires, fundadora e CEO, esclareceu-nos sobre aquela que é a sua primeira concretização – o Showercare, bem como os seus produtos prontos a entrarem no mercado – e o quão necessários são em vários contextos, desde ao hospitalar ao domiciliar. O objetivo é mudar o paradigma da higienização do paciente incapacitado e facilitar o quotidiano do enfermeiro no seu quotidiano. Saiba como.

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or detrás da IHCare e dos seus projetos inovadores que pretendem revolucionar o mercado nacional e internacional está Diana Pires. Enfermeira de formação, com Pós-Graduação, em conclusão, em Gestão e Direção em Saúde, foi a partir do seu estágio clínico em contexto hospitalar que observou algumas lacunas que poderiam (e necessitavam) de ser colmatadas. Assim surgiu a IHCare – Innovation Hospital Care, no âmbito da prestação de cuidados de higiene a doentes, de qualquer idade, dependentes de terceiros para o efeito, através da solução tecnológica Showercare. Enquanto ideia de negócio, o Showercare começou, desde logo, a ser reconhecido, tendo sido premiado no Arrisca C 2012 com três prémios distintos – a2b/Bluepharma, IPN – Incubadora e Novotecna/FabLab Coimbra. Foi a partir deste marco importante da história de Diana Pires que a IHCare ganhou forma e desenvolvimento. Entre outros acontecimentos - apesar dos sete anos de desenvolvimento e de progresso - a IHCare, e mais precisamente o Showercare foi sempre reconhecida enquanto criadora de soluções que permitem obter significativos ganhos nas atividades diárias, na medida em que as tarefas e gestão dos recursos afetos são otimizados com mensuráveis melhorias ao nível dos indicadores de performance da unidade clínica, não só a nível qualitativo como quantitativo no que concerne ao combate das Infeções Associadas ao Cuidados de Saúde, uma das principais causas de morte atuais. SOLUÇÃO SHOWERCARE A tecnologia Showercare tem por base uma solução inovadora para higiene de pacientes no leito, em particular para aqueles que por motivo de impedimento ou indicação terapêutica, estabelecendo um novo padrão no cuidado de saúde para a higiene destes pacientes é um importante meio de combate às infeções associadas aos cuidados de saúde. “É muito mais do que uma solução para dar banho ao utente. Além de querermos mudar o paradigma da sua higienização, seja ele hospitalar, tenha seis ou 90 anos, é um recurso para pessoas que precisam de higiene. Isto é uma realidade transversal, existindo já a nível mundial soluções parecidas, mas que são muito manuais, ou seja, negligenciam o profissional de saúde e apenas identificam o problema, mas no seu desenvolvi-

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DIANA PIRES

“É MUITO MAIS DO QUE UMA SOLUÇÃO PARA DAR BANHO AO UTENTE. ALÉM DE QUERERMOS MUDAR O PARADIGMA DA SUA HIGIENIZAÇÃO, SEJA ELE HOSPITALAR, TENHA SEIS OU 90 ANOS, É UM RECURSO PARA PESSOAS QUE PRECISAM DE HIGIENE” mento não consideraram o operacional, o contexto do meio onde se insere... tem de haver essa adaptação”, esclarece Diana Pires, acrescentando ainda que “nós privilegiamos exatamente isso, ou seja, o nosso ponto central é o utente, a sua melhoria, qualidade de vida e conforto, mas também o profissional”. Assim sendo, o Showercare é composto pela SAGH, a Docking Station e uma forra têxtil de alta tecnologia. Esta última, possui apenas um

milímetro de espessura e permite um banho de água quente corrente, possuindo características antivirais, antibacterianas e hidrofóbicas, atuando assim como uma proteção extra para os pacientes. É possível substituir os lençóis usados atualmente por esta forra, tornando o ambiente do paciente mais limpo e livre de microrganismos prejudiciais à saúde do paciente. Esta tecnologia outras vantagens sustentáveis, como o facto de possibilitar a lavagem periódica em máquina de lavar e de permitir a adaptação a todas a camas de hospital padrão. A máquina SAGH é um dispositivo que permite ao Profissional de Saúde a monitorização e disponibilização de um banho de água quente corrente e estéril diretamente na cama do utente. A respetiva Docking Station, é responsável pelos carregamentos e respetiva limpeza automática da máquina em apenas 3 minutos. Neste ciclo, toda a água que entra no sistema é filtrada e inerte para que seja inócua e não seja um veículo de contaminação para os utentes. “Acabamos por criar um circuito fechado que permite que o profissional de saúde tenha o total controlo da máquina – apesar de ser a própria a desenvolver grande parte do trabalho. O nosso objetivo é que o enfermeiro só tenha necessidade de selecionar a temperatura correta (pode ir dos 32 aos 42 graus). Toda a parte do hardware e software da SAGH será da nossa responsabilidade, ou seja, só têm mesmo de se preocupar com a execução, privilegiando o utente”, afirma a nossa entrevistada. Importa ainda referir que cada forra instalada na cama do paciente tem um ID único. Quer isto dizer que a máquina não avança com o processo se não houver a leitura desse código específico, tendo por isso uma plataforma de gestão associada que vai ajudar a IHCare e a Administração Hospitalar a controlar o stock e todos os KPIs da própria atividade. PRODUTO SHELLTY E IVEXT Shellty de seu nome, auxilia e protege as pessoas com carências no autocuidado de higiene e mobilidade, proporcionando um dia a dia mais tranquilo, limpo e confortável. É composta por um inovador têxtil hidrofóbico, com elevada impermeabilidade e respirabilidade, colocado permanentemente sobre a cama, em substituição da forra e lençol de baixo.


PONTOS DE VISTA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E COMPETITIVIDADE

Dadas as suas propriedades antivirais, antibacterianas e biocompatíveis, erradica todos os potenciais micróbios presentes num lençol normal, inclusive a COVID-19. Adicionalmente, a Shellty posiciona-se como uma ferramenta ao dispor dos cuidadores (informais), poupando inúmeras horas de limpeza e troca de roupa de cama, bem como mais de 100€ por ano, só em lavagens. Apresenta ainda uma vida útil de 50 lavagens, devendo ser desinfetado sempre que ocorre um percalço - como por exemplo, um episódio de incontinência urinária - com o Shellty Pro. Com o apoio do PT2020 – época de COVID-19, foi desenvolvido ainda o iVext – um verniz que surge da necessidade de contribuir para um ambiente mais seguro, estéril e sustentável. É um protetor de superfícies com características antibacterianas e antivirais, de fácil aplicação e que adere à generalidade de superfícies plásticas e metálicas. As suas características químicas e mecânicas de aplicação e durabilidade adequam-se a uma multiplicidade de setores e indústrias, pela adesão a múltiplas superfícies, facilidade de aplicação, secagem rápida, alta durabilidade e resistência à água e detergentes. Adicionalmente, o iVext contribui para uma ges-

tão de recursos amiga do ambiente, por ser uma solução aquosa e por diminuir a necessidade de uso de desinfetantes, o que reduz a pegada ambiental desta indústria, principalmente pela redução de embalagens, tipicamente plásticas. A realização do teste-piloto foi no Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira onde se realizaram os primeiros testes em contexto real. Neste contexto, 3 das 4 soluções ficaram, totalmente validadas, Shellty, Ivext e algoritmo preditivo de contágio associado à monitorização do utente. O feedback foi positivo e demonstrou a clara necessidade da implementação destas tecnologias. Relativamente, ao Showercare ainda com alguns improvements a serem, rapidamente, implementados, mas quanto ao Shellty e ao iVext, estes produtos estão completamente “ready to go”. Atualmente, a IHCare pretende encontrar os seus primeiros clientes na área dos Cuidados Continuados e Domicílios para apresentar esta Nova Geração de Lençóis. ▪ IHCARE - INNOVATION HOSPITAL CARE, LDA, Quinta Vale do Espinhal, EM558 1, 3230-343 Penela | PORTUGAL Mobile: +351 914553201

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PONTOS DE VISTA O FUTURO DO SETOR DOS EVENTOS

“A iMotion é uma marca de emoções” Se há algo que distingue a iMotion – empresa de eventos, comunicação e marketing – é a equipa que a compõe. Em meses de reajustamento, a marca manteve-se firme e abraçou a inovação e a tecnologia, acompanhando assim todas as mudanças que se impunham no setor. Angelina Castel-Branco e Patrícia Gueifão, Partners – e amigas – são hoje um poderoso exemplo de motivação e resiliência. Conheça tudo.

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FOTO: SÉRGIO GARCIA

endo uma empresa de eventos, comunicação e marketing, a iMotion conta com profissionais especializados em encontrar as melhores soluções de acordo com as tendências mais atuais. De que forma, ao longo do tempo de atividade, a mesma, se tem destacado num mercado que é (cada vez mais) competitivo? O que a torna distinta? Patrícia Gueifão (PG) - Eu diria que o que a torna cada vez mais distinta é a grande equipa pela qual é composta. A nossa equipa, face a tudo o que vivemos nestes últimos tempos, é uma equipa cada vez mais flexível, de grande capacidade de resposta e resiliência inexcedíveis. Têm uma elevada adaptação às exigências, cada vez maiores dos clientes, e tornaram-se mais especializados em todas as áreas. A evolução fez sempre parte do crescimento da iMotion, ao longo destes 15 anos de existência. No entanto, existem valores pelos quais nos regemos deste o primeiro dia e que ainda hoje são imagem de marca para nós e para muitos dos nossos clientes que nos acompanham desde o início. Acreditamos que ter uma equipa motivada e orgulhosa do que vê realizado, é o motor central da excelência dos eventos dos nossos clientes.

PATRÍCIA GUEIFÃO E ANGELINA CASTEL-BRANCO

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Rigor, empenho, confiança, inovação e criatividade são algumas das características que melhor definem a iMotion. De que forma esta marca se tem vindo a reinventar, face às constantes alterações do mercado, sem descurar dos valores que lhe pertencem? Angelina Castel-Branco (ACB) - A iMotion é uma marca de emoções, de coração, de pessoas reais que vivem esta empresa e esta marca como se fossem suas. Eu a Patrícia e o Rodrigo, para além de sócios, somos amigos e, apesar das nossas grandes diferenças, numa coisa estivemos sempre alinhados: o caminho que esta empresa deve seguir tem o foco nas pessoas, na equipa, no bem-estar de cada um. E por isso, estes valores, são uma marca que queremos fazer perdurar no tempo e só o conseguimos fazer com a equipa que temos a reaprender coisas novas todos os dias, a querer superar sempre, a querer fazer sempre melhor. Ao nosso lado temos grandes parceiros. Esta área vive de muito profissionalismo, mas sobretudo de confiança. As contantes alterações do mercado fizeram-nos trabalhar, ainda mais em conjunto com todas as áreas essenciais: os audiovisuais, as plataformas digitais, os conteúdos… toda a inovação e criatividade foram ainda mais aprimoradas, com muito trabalho e muitas, muitas horas de sono perdido, muitas reuniões e muita forma-


PONTOS DE VISTA O FUTURO DO SETOR DOS EVENTOS

O mercado dos eventos tem vindo a mudar, como tantos outros, devido à pandemia que rapidamente se apoderou de todos os domínios da sociedade. Em que medida foi possível inovar nas atividades da marca e transformá-las de acordo com as necessidades dos tempos que vivemos? O que mudou? ACB - Mudou tudo! Uma adaptação sem igual. Confesso que o teletrabalho era uma questão um pouco tabu, na nossa empresa, e a partir do dia 13 de março de 2020 passou a fazer parte das nossas vidas… e bem! Só temos de agradecer a atitude de cada pessoa da iMotion. A força de não ter desistido e atirar a toalha ao chão, porque sem eles, hoje, seríamos muito pouco. As marcas continuaram com uma enorme necessidade de comunicar e foi esse o nosso desafio enquanto agência: criar conteúdos diferenciadores e emotivos, que agarrassem o “público” interno e externo. Adaptámos toda a forma e meios de comunicar. Passámos a comunicar digitalmente e virtualmente, com conteúdos e formatos muito inovadores. Eventos com oradores presentes em estúdio Chroma key, em estúdios de ledwall, entrada de oradores e convidados remotos em formato surpresa, produção de verdadeiro team buildings e criação de espetaculares storytellings. Utilização de realidade aumenta, palavras e objectos em 3D que pareciam estar mesmo ali ao lado dos oradores, produção de stands digitais, simultaneidade de equipas a operar em vários locais, conteúdos, muitos conteúdos multimédia, como filmes de conceito, de produto e filmes emocionais, oráculos, separadores, bumpers… uma realidade que nos tornou verdadeiros produtores de programas de televisão. Consideram que, se em tempos, a tecnologia veio (quase) por obrigação, no sentido de reajustar e dar continuidade às rotinas sociais e económicas face à pandemia, hoje é tida como prioridade e uma poderosa tendência para o futuro? Como perspetivam os próximos tempos do setor dos eventos? PG - Olhando agora friamente para estes últimos tempos, e pensando um pouco nesta “imposição” da tecnologia no mercado dos eventos, arriscamo-nos a dizer que foi difícil de absorver tanta informação em tão pouco tempo, mas foi sem dúvida um bem necessário que faz parte da evolução e inovação por que passamos constantemente. A diferença foi que aqui fomos obrigados a assumi-la nos timings que nos foram impostos e não naqueles que nos poderíamos preparar para eles, mas esta é hoje uma realidade que já faz parte das nossas rotinas diárias de brainstorming na iMotion e de desenvolvimento de um evento. Estamos otimistas quanto aos próximos tempos do setor dos eventos, e queremos acreditar que os clientes vão começar, cada vez mais, a confiar na

FOTO: SÉRGIO GARCIA

ção. A solicitude de toda a equipa, foi ainda mais forte e apesar da distância, tornámo-nos todos mais focados. E sim, conseguimos, com muito trabalho, manter a nossa iMotion de sempre, mas ainda mais especializada e distinta.

experiência e competência das empresas especializadas da área, para terem eventos presenciais e em segurança. Uma das coisas que a pandemia nos trouxe, em termos de gestão interna da empresa, foi deixar de fazer planos a médio/longo prazo. Aprendemos a viver dia-a-dia para não criarmos falsas expectativas a nós próprios. Existe uma grande necessidade por parte das empresas de juntar clientes e realizar eventos internos, mesmo se para isso necessitem de investir mais um pouco e garantir todos os procedimentos de segurança. Esta rentrée está a ter uma forte componente presencial, já temos poucos eventos só digitais, mas a nossa equipa tem a perfeita noção que os eventos digitais vieram para ficar, e o enorme desafio que se impõe neste momento é que quando temos um evento híbrido, na realidade estamos a implementar dois eventos em simultâneo, porque a logística e conteúdos de um evento digital são completamente diferentes dos de um evento presencial. E neste momento, alguns clientes, ainda não têm a real perceção do investimento que tudo isto requer. Face a tudo o que nos espera, e a toda uma nova realidade e expectativas de quem organiza e de quem vai a eventos, seria importante que as marcas voltassem a ter confiança no presencial, e percebessem a importância das agências no apoio a este novo formato de eventos, evitando assim o que já está a acontecer, e que leva as marcas a organizarem eventos made in house, sem qualquer preparação. A iMotion sempre se caracterizou pelo seu otimismo e assim continuaremos. Por isso, acreditamos que nos próximos tempos, mesmo se “passito a passito”, iremos recomeçar a recuperar alguma solidez. Para nós foi fundamental não termos estado parados durante a pandemia, e orgulhamo-nos de poder dizer que devemos ter sido uma das poucas empresas que mais eventos realizou neste ano e meio. E é assim que pretendemos continuar: a estar entre os principais players no mercado dos eventos e a sermos uma referência de excelência nos serviços que prestamos. ▪

No que diz respeito aos passos futuros da iMotion, que novos projetos e outras novidades nos podem confidenciar? ACB - “O futuro é hoje!”… e nós trabalhamos a cada dia para marcar a diferença em cada evento com cada cliente”. A iMotion foi pioneira em Portugal na produção de um evento corporate transmitido live com um cenário 3D de exterior e foto realista feito para chroma key, completamente desenhado à medida do cliente. É isto que nos faz acreditar que temos de inovar todos os dias. Temos alguns projetos pensados para o curto prazo que passam por novos conceitos, novos formatos, novas abordagens, mas não podemos ainda revelar muito mais. Vamos continuar a investir muitas horas de trabalho com os nossos parceiros, porque cada evento hoje é muito mais complexo e faz-se em muito menos tempo, levando-nos a ter que ter mais recursos e muito mais especializados. Hoje, temos de conseguir transportar os “espectadores” dos eventos presenciais para um mundo mais emotivo e, quem assiste remotamente, a um evento digital, está à espera de ser impactado com algo muito mais experiencial e com interação.

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PONTOS DE VISTA DIREITO E JUSTIÇA

LUÍS GAMEIRO, MANAGING PARTNER NA GAMEIRO ASSOCIADOS

CIRDI e a Proteção do Investidor Estrangeiro em Angola A Convenção para a Resolução de Diferendos decorrentes de Contratos de Investimentos Estrangeiros, aprovada pela Assembleia Nacional de Angola no dia 25 de Junho de 2021, foi publicada em Diário da República, no dia 1 de Setembro de 2021.

A

aprovação da indicada Convenção, representa um importante passo para o crescimento e desenvolvimento do investimento externo em Angola, uma vez que transmite uma maior segurança jurídica aos investidores estrangeiros, que passam a poder socorrer-se de meios de conciliação e arbitragem para a resolução de conflitos ocorridos no âmbito de contratos de investimento estrangeiro celebrados com o Estado. A referida convenção, também denominada por «Convenção de Washington», foi promovida pelo Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), e instituiu, no ano de 1965, o Centro Internacional de Resolução de Diferendos sobre Investimentos (CIRDI), fazendo parte integrante do Grupo Banco Mundial. Esta instituição (CIRDI) possui personalidade jurídica internacional e está dotada de imunidade, tendo por finalidades a promoção do fluxo internacional de investimentos e a mitigação de riscos não-comerciais, proporcionando meios

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de conciliação e de arbitragem dos diferendos relativos a investidores internacionais. Os conflitos que podem ser submetidos ao CIRDI, são os respeitantes a controvérsias surgidas no âmbito de contratos de investimento estrangeiro, celebrados entre Estados e Nacionais de outros Estados, ou seja, a competência CIRDI passa pela resolução de diferendos ou conflitos existentes entre as partes contratantes de contratos de investimento estrangeiro. No âmbito da indicada Convenção, podem recorrer ao CIRDI as entidades seguintes: (I) Estado ou qualquer pessoa colectiva de direito público, bem como um organismo dele dependente; e, (II) Pessoa Singular ou Colectiva de nacionalidade diversa do Estado-Parte. Acresce que, para se requerer a intervenção do CIRDI na resolução de um conflito ou de um diferendo, é necessário que ambas as partes contratuais tenham dado consentimento expresso para que qualquer diferendo ou conflito seja submetido ao CIRDI. As partes contratuais de um contrato de inves-


PONTOS DE VISTA DIREITO E JUSTIÇA

"A APROVAÇÃO DA INDICADA CONVENÇÃO, REPRESENTA UM IMPORTANTE PASSO PARA O CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DO INVESTIMENTO EXTERNO EM ANGOLA, UMA VEZ QUE TRANSMITE UMA MAIOR SEGURANÇA JURÍDICA AOS INVESTIDORES ESTRANGEIROS” timento estrangeiro podem optar, em caso de diferendo, por um dos procedimentos seguintes: Processo de Conciliação; ou, Processo de Arbitragem. No processo de Conciliação, a competência para apreciação e a decisão sobre o diferendo entre as Partes, é atribuída a uma Comissão de Conciliação, a qual é constituída após a apresentação de requerimento (e a sua admissão) do pedido formulado por uma das partes, o qual deverá indicar: (i) a identificação das partes; (ii) o objecto do diferendo; (iii) o seu consentimento na conciliação. (iv) E, caso o diferendo não esteja manifestamente fora da competência do CIRDI, o requerimento é registado pelo seu Secretário Geral. A Comissão de Conciliação tem as competências seguintes: a) Decidir sobre qualquer excepção de incompetência relativa ao CIRDI ou à própria Comissão, deduzida por uma das Partes; b) Conduzir o processo em conformidade com o Regulamento Conciliação; c) Suprir qualquer questão de natureza processual que não esteja prevista na Convenção, no d) Regulamento ou nas regras acordadas entre as Partes; d) Esclarecer os pontos em litígio; e) Desenvolver esforços para que seja celebrado acordo; f ) Recomendar formas de Resolução às Partes; g) Elaborar um relatório final, caso haja acordo entre as Partes, em que ficam anotados os ponto em litígio e é registado o Acordo; h) Verificar, em qualquer fase processual, a impossibilidade de acordo e elaborar um relatório anotando o diferendo e a falta de acordo.

O Tribunal Arbitral tem as competências seguintes: a) Decidir sobre qualquer excepção de incompetência relativa ao CIRDI ou ao próprio Tribunal; b) Pedir às Partes a apresentação documentos outros meios de prova; c) Visitar os locais relacionados com o conflito, e aí realizar os inquéritos que entenda pertinentes; d) Julgar o conflito em conformidade com as regras de direito acordadas pelas Partes; e) Aplicar a lei do Estado-Parte (incluindo as regras sobre conflitos de leis), caso não haja o acordo anteriormente referido; f ) Recusar a realização do julgamento com fundamento no silêncio ou obscuridade da lei; g) Conhecer, a pedido das artes, todas as questões incidentais adicionais ou reconvencionais; h) Recomendar medidas cautelares para garantia dos direitos das Partes; i) Proferir a sentença. Além de um conjunto de requisitos que o Tribunal deverá respeitar na elaboração da decisão final e de as Partes se poderem socorrer de outros meios processuais no âmbito do CIRDI, importa salientar que a sentença é obrigatória e vincula as Partes, ficando vedada a estas a

possibilidade de apresentar recursos junto dos tribunais judicias. A aprovação da Convenção para a Resolução de Diferendos decorrentes de Contratos de Investimentos Estrangeiros, pela Assembleia Nacional de Angola, carece agora, nos termos da Lei Constitucional e da própria Convenção, da ratificação do Presidente da República, para que os conflitos resultantes de contratos de investimento estrangeiro celebrados entre o Estado Angolano e Nacionais de Outros Estados possam ser dirimidos pelo CIRDI (Centro Internacional de Resolução de Diferendos sobre Investimentos). ▪

As Partes ficam impedidas, salvo se acordarem forma diferente, de utilizar e invocar, junto de tribunais arbitrais e judiciais, ou de qualquer outra maneira, opiniões, declarações, ofertas de Resolução, o relatório ou recomendações, feitas no âmbito do processo de Conciliação. O Processo de Arbitragem pode ser desencadeado por uma das Partes outorgantes de um contrato de investimento estrangeiro, devendo a Parte responsável pela iniciativa de abertura do processo, apresentar um requerimento inicial ao Secretário Geral do CIRDI, no qual identifica as Partes envolvidas e expõe o objecto do conflito, bem como declara desde logo que dá o seu consentimento para que o mesmo seja dirimido pelo Tribunal Arbitral. O Secretário Geral promoverá de imediato registo do requerimento e, em consequência, será constituído respectivo Tribunal Arbitral, salvo se aquele recusar o registo com fundamento na falta de competência do CIRDI para apreciar o conflito.

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PONTOS DE VISTA DIREITO E JUSTIÇA

IOLANDA MOUTA MENDES, ADVOGADA, SÓCIA E ADMINISTRADORA DA PEREIRA MOUTA MENDES E ASSOCIADOS, SOCIEDADE DE ADVOGADOS, SP, RL.

Proteção de Dados

em Contexto de Pandemia

A

pandemia provocada pelo vírus Covid-19 colocou Governos, instituições e empresas ante o dilema saúde pública-privacidade pessoal. Com efeito, as medidas extraordinárias adoptadas no contexto de crise pandémica afectaram a liberdade individual em três áreas fundamentais: • Limites de movimento pessoal, incluindo distanciamento físico, restrições a reuniões públicas, quarentena, isolamento e bloqueio; • Relatórios de saúde, incluindo testes COVID-19, testes de temperatura, relatórios de autoridades públicas e corporativas; • Rastreios de saúde, incluindo rastreios manuais e automáticos e mecanismos de rastreio de contactos (rastreio por telemóvel), tanto por Governos quanto por empresas privadas; Muitas das medidas de proteção que os Governos estão a adoptar nestas áreas têm sido bem compreendidas e aceites pelas populações afetadas. No entanto, levantam-se preocupações sociais sobre a intromissão dos Governos na privacidade de cada indivíduo e nas suas implicações para o futuro. Os Governos e os líderes das empresas privadas têm lutado para equilibrar as medidas de proteção com as garantias de privacidade, muitas vezes sem uma orientação clara dos reguladores. Além dos riscos existentes no manuseamento e processamento de dados pessoais, os riscos cibernéticos sistémicos são também um foco de grande preocupação. Com locais de trabalho encerrados e funcionários a trabalhar a partir de casa, os departamentos de Informática de instituições públicas e privadas tiveram que configurar operações de trabalho remoto rapidamente. Muitos trabalhadores estão agora a utilizar dispositivos inseguros e comunicações pela Internet com níveis de proteção mais reduzidos do que os existentes nas redes empresariais ou institucionais. O consenso entre os reguladores europeus e o supervisor europeu de proteção de dados é que a crise pandémica atual não derroga o RGPD, pois as suas regras são flexíveis o suficiente para acomodar as medidas de emergência, mantendo em vigor salvaguardas adequadas. De acordo com o RGPD, por exemplo, os governos nacionais têm permissão para agir no interesse público, mas devem limitar os dados que usam e a forma como os usam, sujeitando-os a um critério de proporcionalidade. Alguns princípios avançados no RGPD são importan-

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PONTOS DE VISTA DIREITO E JUSTIÇA

tes a este respeito. O regulamento requer “minimização de dados” e “limitação de propósito”. Estas duas diretrizes especificam que os poucos dados pessoais necessários devem ser usados​​ apenas para uma finalidade específica e restrita - neste caso, para limitar a propagação do vírus e proteger a saúde da população. A transparência também é necessária, o que significa que os indivíduos afetados devem ser informados sobre o uso dos seus dados em linguagem simples e clara. Um outro princípio é a proteção: os dados devem ser suficientemente protegidos, tanto tecnicamente contra riscos cibernéticos, quanto organizacionalmente contra a partilha de informação não autorizada. Por exemplo, os controlos de entrada nos locais de trabalho podem apresentar problemas de proteção de dados. Na opinião de muitos reguladores, os trabalhadores que regressam ao trabalho podem ser obrigados a divulgar informações sobre viagens relacionadas com questões de saúde pública. Se eles estiveram numa área de alto risco, a ação apropriada (como quarentena temporária) pode ser obrigatória. Os reguladores expressaram uma certa preocupação com a obrigação da medição da temperatura corporal e outras intervenções a nível de saúde pessoal. As autoridades suecas e belgas de proteção de dados, por exemplo, não consideram a medição da temperatura corporal uma contra-ordenação do RGPD, a menos que os resultados sejam registados. Mas outros reguladores proibiram especificamente a medição regular da temperatura. A nível nacional, acompanhamos a posição da CNPD, segundo a qual, apesar de estarmos em situação de pandemia, não se justifica a realização de actos, que nos termos da lei nacional, só as autoridades de saúde ou o próprio trabalhador, num processo de auto-monitorização, podem praticar. De acordo com o RGPD e outros regulamentos europeus, a entidade empregadora em regra não tem autorização para recolher dados de saúde de funcionários e visitantes, exceto quan-

do são legalmente obrigados a fazê-lo, seja para proteger os interesses dos trabalhadores ou do público, ou para cumprir a legislação vigente. Quando as exceções se aplicam, o processamento de dados deve ser estritamente limitado, de acordo com os princípios de minimização de dados, limitação da finalidade, transparência e proteção de dados. As entidades empregadoras só estão autorizadas a recolher o mínimo de dados necessários para uma finalidade específica. Devem informar as pessoas em causa sobre o processamento de dados e garantir que os dados estão devidamente protegidos. O processamento deve ser documentado e também interrompido assim que não for mais necessário. Ademais, em regra, as entidades empregadoras não têm permissão para fornecer aos funcionários os nomes dos colegas que adoeceram, limitando-se a notificar uma lista restrita daqueles com quem eles tiveram contato próximo. O RGPD também limita o direito de solicitar números de telefone privados dos funcionários, exceto por motivos específicos, como para informar os indivíduos sobre regras de trabalho e outras informações relacionadas com a pandemia. Além disso, de acordo com os princípios do RGPD, o uso de dados de indivíduos vulneráveis em ​​ grupos de alto risco deve ser limitado a finalidades específicas (como entregas em domicílio de bens essenciais). O RGPD estabelece ainda certas proteções de privacidade e dados que limitam as possíveis medidas de rastreamento de saúde, que os países podem usar na crise da COVID-19. As autoridades europeias de proteção de dados permitiram, no entanto, a implantação de sistemas nacionais de rastreamento, desde que estejam alinhados com os princípios do RGPD. Os sistemas devem ser voluntários e consensuais ou totalmente anónimos, como quando uma operadora de telecomunicações fornece às autoridades dados anónimos para medir o movimento da população. Sistemas de monito-

rização pessoal mais precisos, como os utilizados na Coreia do Sul ou na China para conter a propagação da pandemia, não são permitidos pelo RGPD. Durante a pandemia, os departamentos de Informática das empresas enfrentaram desafios completamente novos, pois toda, ou grande parte da força de trabalho foi enviada para casa, a fim de trabalhar remotamente. As empresas devem agora manter a segurança dos seus sistemas, software e dados fora da rede corporativa centralizada e bem controlada, ao mesmo tempo que cumprem os requisitos do RGPD sobre proteções cibernéticas técnicas e organizacionais adequadas. Os funcionários estão a utilizar links individuais para se conectar às redes, enquanto os departamentos de Informática lutam com o aumento rápido e não planeado da infra-estrutura. Recursos novos e não testados, associados a controlos pouco exigentes, estão a ser usados ​​para garantir a realização de conferências, negócios e diversos trabalhos. As empresas estão a fornecer aos funcionários computadores, telemóveis e outros equipamentos necessários para proteger as conexões de rede virtual privada (VPN) para que possam trabalhar remotamente. As entidades empregadoras também devem fornecer aos funcionários uma série de outros recursos técnicos para proteger as suas redes. Os trabalhadores precisam de ser informados sobre os recursos técnicos especiais que permitem operações remotas seguras e ser treinados conforme a necessidade. A importância da segurança no trabalho remoto precisa de ser enfatizada e a VPN tornada obrigatória. As entidades empregadoras também devem fornecer orientações sobre uma série de tópicos relacionados, restringindo o uso de dispositivos privados, recomendando determinado software, bem como formulando instruções para proteção de hardware e cópias impressas de documentos. ▪

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PONTOS DE VISTA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

“Move-nos o poder contribuir para a Visibilidade do nosso País” ANA BANDEIRA

Promover a excelência, fornecer os melhores serviços e incentivar e apoiar a inovação em Portugal são alguns dos objetivos primordiais do INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Ninguém melhor do que Ana Bandeira, Presidente do Conselho Diretivo, para nos falar sobre a evolução não só do Instituto, mas também do setor onde se insere. Conheça ainda a história da nossa entrevistada e de que forma dedicou toda a sua carreira profissional à Propriedade Industrial.

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INPI visa ser reconhecido como um modelo de boas práticas, quer pelos parceiros do Sistema Científico e Tecnológico Nacional, quer por organizações internacionais relevantes, e atingir a excelência em termos organizacionais e institucionais. Como nos pode descrever o concretizar destes objetivos ao longo dos anos? Em Portugal somos a entidade pública responsável pela atribuição dos direitos de Propriedade Industrial (PI) e pautamos a nossa atividade em cinco grandes pilares: Promover a excelência na organização; Garantir a qualidade na atribuição e proteção dos Direitos de PI; Fornecer melhores serviços ao utilizador de PI; Incentivar e apoiar a inovação no país e reforçar a cooperação internacional e a harmonização. Com grande foco na inovação e na adoção de novas tecnologias, queremos estar na vanguarda do que melhor se faz em Portugal com o objetivo de melhor servir os cidadãos. Ambicionamos que o INPI seja reconhecido pela qualidade, celeridade e transparência de todos os serviços prestados em todas as suas áreas. O nosso percurso enquanto instituição pública tem tido, felizmente, importantes marcos de reconhecimento. O mais recente refere-se à menção

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honrosa, recebida em setembro, sobre os serviços on-line no âmbito dos Prémios Europeus de Promoção Empresarial, uma iniciativa da Comissão Europeia, na categoria - Desenvolvimento do ambiente empresarial e apoio à transição digital. O trabalho do INPI tem uma dimensão nacional e internacional. Assim, nestas duas vertentes, como é desenvolvida a atuação do mesmo? Gosto muito de utilizar um provérbio africano que traduz bem o que entendo dever ser o trabalho do INPI: “Se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá em grupo”. Em Portugal contamos com uma rede alargada de parceiros como os profissionais de PI, destacando os Agentes Oficiais da PI (AOPI), os advogados, os procuradores autorizados, os Gabinetes de Apoio à PI (GAPI), as entidades do sistema científico e tecnológico, as agências públicas e privadas e, claro, os utilizadores do sistema de PI. Todos fazem parte de uma cadeia de valor que contribui para a criação de uma cultura de PI em Portugal. A nível internacional, cooperamos com as entidades estrangeiras congéneres, os Institutos Nacionais de PI, presentes em praticamente todos os países do Mundo. Temos acordos e uma cooperação intensa com o Instituto Europeu de Patentes, o Instituto de Pro-

“A PI ACOMPANHA A VELOCIDADE DO TEMPO QUE VIVEMOS. A DIGITALIZAÇÃO DA SOCIEDADE E O GRAU DE PREPARAÇÃO DAS NOVAS GERAÇÕES FAZEM COM QUE TODOS OS DIAS O FUTURO SE ALTERE E, CADA VEZ MAIS, TEMOS DE NOS PREPARAR PARA RESPONDER EM “TEMPO REAL” A ESTE MUNDO EM CONSTANTE MUDANÇA”


PONTOS DE VISTA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

priedade Intelectual da UE e com a Organização Mundial da Propriedade Intelectual, para além dos países da CPLP. Uma das missões do INPI é também promover a inovação e a competitividade de Portugal. Quão importante é, para o Instituto, poder contribuir com os seus skills na evolução do país? Move-nos o poder contribuir para a visibilidade do nosso país, alertando sempre para a importância da proteção das inovações e criações na PI. Trabalhamos diariamente para que qualquer cidadão ou entidade vejam na PI uma mais-valia. São inúmeros os exemplos da nossa atividade ao nível da sensibilização, mas destacaria a nossa Academia de PI. Este programa anual de formação, aberto a todos, é um veículo de transmissão do conhecimento e das ferramentas necessárias para que os utilizadores de PI possam tomar as decisões certas, na hora de proteger a sua patente, marca ou design. E não podemos esquecer também as camadas mais jovens. Neste sentido queremos alargar horizontes e promover a PI junto de novos públicos-alvo, nomeadamente as crianças e jovens. A capacidade de resiliência foi posta à prova por inúmeras organizações aquando do aparecimento da pandemia que vivemos atualmente. Assim, de que forma a COVID19 impactou na atividade do INPI? O que mudou? Adotámos, desde cedo, medidas, quer internas quer externas, para nos ajustarmos à nova realidade. A nível interno, assegurámos que a quase totalidade dos nossos funcionários laborasse em teletrabalho, de forma eficiente e mantendo integralmente a nossa operacionalidade. A nível externo, mantivemos o “business as usual” garantindo o mesmo nível de serviço aos nossos utilizadores. A Ana Bandeira é Presidente do Conselho Diretivo do INPI desde fevereiro de 2019. Interessa conhecer mais aprofundadamente a sua história. Quem é enquanto pessoa e profissional? Na esfera pessoal prezo bastante o equilíbrio entre a minha vida pessoal e profissional resultantes da formação que recebi dos meus pais e da estabilidade que o meu marido e dois filhos me dão. Como profissional, licenciei-me como engenheira química no IST em 1989, no “tempo” das poucas mulheres no IST. O INPI surgiu no meu caminho logo a seguir à minha licenciatura por indicação de um professor. Todo o meu trajeto profissional foi feito nesta casa. Iniciei a minha atividade como examinadora de patentes e depois fui assumindo diferentes níveis de responsabilidade, que me permitiram ter hoje uma ampla visão de todas as áreas envolvidas na função que desempenho.

“COM GRANDE FOCO NA INOVAÇÃO E NA ADOÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS, QUEREMOS ESTAR NA VANGUARDA DO QUE MELHOR SE FAZ EM PORTUGAL COM O OBJETIVO DE MELHOR SERVIR OS CIDADÃOS. AMBICIONAMOS QUE O INPI SEJA RECONHECIDO PELA QUALIDADE, CELERIDADE E TRANSPARÊNCIA DE TODOS OS SERVIÇOS PRESTADOS EM TODAS AS SUAS ÁREAS” Para além do conhecimento que fui adquirindo, alio um conjunto de características que penso ter e que são importantes numa função como esta, como a responsabilidade, disponibilidade, sentido de missão e uma enorme capacidade de trabalho. Há que reconhecer que de nada serve tudo isto sem uma equipa que me acompanhe, e é por isso importante dar nota de que tenho no INPI uma equipa de excelentes profissionais que me ajudam em tudo o que tem de ser feito. Apesar do percurso profissional vasto e repleto de sabedoria, como é para a Ana Bandeira representar hoje o INPI? De que forma este desafio veio preencher a sua carreira? Quem tem uma vida dedicada a uma casa como esta, e, depois de 32 anos de carreira, tem a oportunidade de ter as funções que tenho hoje, tem de agradecer a oportunidade, mas também orgulhar-se do caminho feito. Este tipo de desafio tem de ser abraçado com grande

Tendo em conta as constantes transformações da sociedade e diferentes mercados, como perspetiva o futuro da propriedade industrial a médio e longo prazo? A PI acompanha a velocidade do tempo que vivemos. A digitalização da sociedade e o grau de preparação das novas gerações fazem com que todos os dias o futuro se altere e, cada vez mais, temos de nos preparar para responder em “tempo real” a este mundo em constante mudança. Também a PI funciona desta forma. Há uma tomada de consciência da sociedade que tem de continuar a acontecer, dado ser um tema que nem todos conhecem bem. Esse é também o nosso papel. Preparar, dar a conhecer, criar os meios necessários para esta transformação e acompanhar de perto. Queremos passar a mensagem de que a inovação e a sua proteção através da PI são um fator essencial de competitividade no mercado global e, mesmo que numa fase inicial implique um esforço e investimento, no final é altamente compensador. Com grande certeza, digo que o futuro da PI é altamente promissor e que todos devem estar atentos às enormes mais valias associadas a este sistema.

responsabilidade por tudo aquilo que acarreta, ao nível das decisões, gestão de pessoas e representação da casa nos diferentes fora. O grau de exigência e preparação é obviamente maior, uma vez que o conhecimento transversal dos temas é fundamental. É neste sentido que, passado este tempo nestas funções e face à multiplicidade de temas que temos de tratar, sinto que cresci pessoal e profissionalmente. As tarefas impossíveis tornam-se possíveis e a sua concretização vai-nos mostrando todos os dias capacidades que quase desconhecíamos e que nos preenchem e levam a acreditar que podemos ir fazendo sempre melhor. Por fim, enquanto Pessoa, Mulher e Profissional, que mensagem gostaria de deixar a todas as mulheres, no que diz respeito à resiliência e perspicácia de conseguir conjugar estas três vertentes? Felizmente vemos cada vez mais mulheres neste tipo de funções. Acredito que a diversidade de género é importante nas organizações, e um maior equilíbrio em funções de topo nas empresas é desejável. Para isso é importante que nos deixemos de estereótipos ultrapassados ou preconceitos sem sentido. Devemos sempre acreditar nas nossas capacidades e competência e lutar sempre pela igualdade e direitos que nos assistem. ▪

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PONTOS DE VISTA BRANDING E COMUNICAÇÃO

Com Alma – Creative Studio

A dar voz às Histórias do Interior de Portugal A Com Alma – Creative Studio, empresa situada em Proença-a-Nova, Castelo Branco, nasceu há seis anos com o intuito de apoiar os empreendedores do interior de Portugal, dando voz às suas histórias e forma às suas tradições. Susana Lopes, CEO da mesma, partilhou com a Revista Pontos de Vista, a evolução que o branding e a comunicação têm tido ao longo da sua experiência e, de que forma, estas poderosas ferramentas são importantes em contexto de pandemia. Saiba tudo.

C

om raízes no interior de Portugal, Susana Lopes soube, desde sempre, as necessidades que precisavam de ser colmatadas nesta região. A Com Alma – Creative Studio surgiu então com o foco de contar as histórias de cada um dos seus projetos de forma personalizada e por muitos considerada genial, mas já lá vamos. Apesar de ser uma região com um grande potencial, a nossa entrevistada afirma que falta “sobretudo uma promoção daquilo que é a riqueza do território e daquilo que o mesmo pode providenciar. Quando falamos do interior, a nossa mente remete logo para os produtos endógenos, tais como o azeite, os queijos ou os enchidos. Neste caso, além de se promover a marca, há a necessidade de divulgar também a sua origem como que um selo de qualidade do produto”. Motivo este que levou a CEO da Com Alma a tirar, recentemente, uma Pós-Graduação em Branding Territorial. Com um portefólio preenchido de grandes e bons projetos e uma mala carregada de conhecimento, a empresa destaca-se de forma minuciosa das restantes num mercado que é (cada vez mais) competitivo e exigente. “O nosso trabalho não é standart, pelo contrário, é muito personalizado – nós estudamos muito aquilo que é o cliente. Antes de começamos um projeto vamos ao local conhecer todo o processo que move a marca, analisando o espaço, as metodologias e as pessoas. Acima de tudo, nós acreditamos que as marcas são a representação daquilo que são os sonhos das pessoas que estão por detrás. As marcas são pessoas e não nos podemos esquecer disso”, garante Susana Lopes. É de pessoas e para pessoas que, assim, a Com Alma tem progredido, também ela, na sua história e evolução ao longo de seis anos. Moldou-se ao mercado e ao que o próprio exigia, tendo complementado os seus serviços, tornando-os mais sólidos e abrangentes. “Percebemos que existia uma necessidade no mercado de acompanhamento e de consultoria para criar estratégias na parte da comunicação. E esta é uma vertente que estamos a

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SUSANA LOPES

desenvolver há um ano fruto também da Pós-Graduação que realizei”, afirma a nossa entrevistada. É exatamente por todos estes motivos que a Com Alma é hoje (re)conhecida como um estúdio criativo genial - que abraça e vive intensamente todos os projetos que por lá passam. DO PONTO DE VISTA DAS MARCAS – QUAL É A IMPORTÂNCIA DE UMA IDENTIDADE COERENTE? Se há algo que na Com Alma é fácil de compreender é que pouco vale se a identidade de uma marca for incoerente na mensagem que pretende transmitir, tal como Susana Lopes clarifica: “É muito importante que, durante a análise a uma empresa, consigamos entender que lacunas existem e onde é que há falta de comunicação. Primeiro criamos esta estratégia e só depois o suporte da mesma. Por exemplo, temos uma marca em que a sua comunicação

“É PRECISO CRIAR UMA ESTRATÉGIA MUITO PONDERADA ENTRE AQUILO QUE SÃO OS OBJETIVOS DAS MARCAS E AS NECESSIDADES DO MERCADO. E MAIS IMPORTANTE DO QUE ISSO, TÊM DE CRIAR UMA ESTRATÉGIA QUE SE POSSA IR AJUSTANDO À MEDIDA QUE O MERCADO MUDA”


PONTOS DE VISTA BRANDING E COMUNICAÇÃO

“SEM DÚVIDA, O BRANDING TERRITORIAL SERÁ UMA CHAVE ESSENCIAL NO PROCESSO DA REDESCOBERTA E DO DESENVOLVIMENTO DOS TERRITÓRIOS” remonta às origens e ao tradicional – uma vez que é uma empresa de várias gerações. Logo, se estamos a comunicar anos de história, temos de ir buscar um papel para os catálogos que nos remeta e identifique essa tradição que a marca quer comunicar. Este tipo de pormenor é extremamente importante”. A comunicação, esta poderosa ferramenta, requer cuidado, atenção e dedicação porque traduz uma mensagem, às vezes invisível, mas que tanto ou mais se lê como se de um poema se tratasse. Mas será que a população em geral já está consciencializada para a relevância dos resultados que provêm de tudo aquilo que comunica? A CEO da Com Alma reconhece que, ao longo dos seus 20 anos de experiência, a evolução é notória nesta região, se há algo que veio impulsionar a comunicação – particularmente no meio digital – foi a pandemia que atualmente atravessamos. “As empresas perceberam que com o digital conseguem estar em qualquer ponto do mundo e com isso conseguem fazer chegar os seus produtos além-fronteiras. Muitos clientes afirmavam que não queriam vender no online e hoje tudo isso mudou. É importante manterem a sua presença nas várias opções para promoverem os seus serviços e produtos”, reconhece Susana Lopes.

Apesar deste inquestionável método para obter resultados em tempos complexos como o que vivemos, a nossa interlocutora considera que, para si, as relações presenciais – e com elas a empatia que se cria com as pessoas continuam a ser insubstituíveis. A tendência será assim, no seu ponto de vista, a conjugação de ambos (o físico e o digital). BRANDING E COMUNICAÇÃO NA EVOLUÇÃO DOS NEGÓCIOS NA PÓS-PANDEMIA Se em tempos o branding e a comunicação eram pouco priorizados, atualmente é possível afirmar com toda a certeza que irão impactar na evolução e consolidação das empresas e dos seus negócios no futuro. Para isso, e segundo Susana Lopes, “é preciso criar uma estratégia muito ponderada entre aquilo que são os objetivos das marcas e as necessidades do mercado. E mais importante do que isso, têm de criar uma estratégia que se possa ir ajustando à medida que o mercado muda. Na pandemia verificamos que tudo é incerto e nada está totalmente definido e nós temos de ter a capacidade de nos readaptarmos sempre que for necessário”. Neste sentido houve uma forte reaprendizagem que, garantidamente, tornou as empresas mais bem preparadas para qualquer eventualidade. ▪

FUTURO COM ALMA Muitos são os passos a dar rumo ao brilhante futuro da Com Alma. Para já, estão a ser desenhados novos projetos que contam com uma vertente internacional em que o objetivo primordial é dar apoio a outras empesas e outros empreendedores. Que não restem dúvidas – projetos com alma não faltarão a nível nacional e internacional. No que diz respeito ao Branding Territorial, será cada vez mais aprofundado e a descoberta daquilo que é a riqueza e o potencial dos territórios. “Sem dúvida, o Branding Territorial será uma chave essencial no processo da redescoberta e do desenvolvimento dos territórios” garante Susana Lopes, deixando, por fim, um convite a todos os leitores: “Vejam as histórias que contamos no nosso site e, acima de tudo, não se deixem ficar pela parte visual – descubram a essência dos projetos dos quais damos voz e forma, até ao mais ínfimo pormenor. É aí que está a diferença”, conclui.

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PONTOS DE VISTA SAÚDE MENTAL

Saúde Mental enquanto Prioridade em Portugal A perceção da importância da Saúde Mental em Portugal tem, nos últimos tempos, ganho destaque e ênfase devido à crise pandémica que dominou todas as questões da vida social e económica da população. Dentro desta temática tão necessária a todos, Miguel Xavier, Diretor do Programa Nacional para a Saúde Mental (PNSM), da Direção-Geral da Saúde (DGS), deu a conhecer o muito que se tem vindo a planear, nomeadamente no que diz respeito aos pilares da reforma que, dentro de quatro anos, poderá fazer a diferença numa sociedade merecedora dos melhores cuidados.

MIGUEL XAVIER

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missão que o Programa Nacional para a Saúde Mental (PNSM) tem vindo a desempenhar ao longo dos últimos dois anos, como atingir uma maior visibilidade mediática para esta área bem como garantir um financiamento adequado às necessidades das populações, foi naturalmente impulsionada pela pandemia que vivemos hoje a nível mundial. Miguel Xavier, Diretor do PNSM, afirma que “a saúde mental dos portugueses não se pode medir apenas pela existência ou ausência de doença mental, mas também pelos níveis gerais de bem-estar. Aquilo que verificamos em inquéritos internacionais no que respeita ao nível de bem-estar reportado pela população, é que Portugal está sistematicamente nos últimos lugares. Este é um aspeto determinante para esta área: é importante que as pessoas saibam

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que, muitas vezes, são os fatores sociais que determinam o aparecimento de problemas de saúde mental”. Mas será que Portugal está hoje num bom caminho no acesso e tratamentos públicos? O nosso entrevistado sustenta que, atualmente, o país está substancialmente melhor. Contudo, ainda não se pode dizer que já existam recursos humanos suficientes para responder às necessidades da população. “O único contingente que apresenta números razoáveis é o de psiquiatras de adultos. Quer a nível de médicos de psiquiatria infantil e adolescência, quer no que respeita a todos os restantes profissionais de saúde mental, como enfermeiros, psicólogos, técnicos superiores de serviço social, terapeutas ocupacionais, existe ainda um deficit considerável. É por isso que tenho dito repetidamente que na saúde mental não tem havido um verdadeiro investimento nas últimas

duas décadas, para além do financiamento que se destina ao regular funcionamento dos serviços. Ainda assim, durante a pandemia, é interessante constatar que as únicas especialidades médicas que cresceram na sua produção em termos de consultas foram exatamente a Psiquiatria e a Psiquiatria Infantil. Penso que este facto demonstra o esforço que foi feito pelas equipas nestas áreas”. Após várias tentativas de implementação do plano nacional de saúde mental, todas elas obstaculizadas por questões organizativas e de financiamento, é possível afirmar que hoje a saúde mental é cada vez mais olhada como uma prioridade em termos de saúde pública, e que se conseguiu reunir um conjunto de condições e circunstâncias, antes raramente verificadas, que constituem uma oportunidade real de mudança.


PONTOS DE VISTA SAÚDE MENTAL

“DE FACTO, ESTA PANDEMIA TROUXE PARA A AGENDA MEDIÁTICA A QUESTÃO DA SAÚDE MENTAL, QUE JÁ EXISTIA EM OUTROS PAÍSES, MAS NÃO EM PORTUGAL. PENSO QUE, COM O TEMPO, ESTE IMPACTO MEDIÁTICO SE PODERÁ ESBATER UM POUCO, MAS A VISIBILIDADE QUE SE CRIOU IRÁ PERMANECER” CONSCIENCIALIZAÇÃO E SENSIBILIZAÇÃO Se anteriormente a saúde mental não era (re) conhecida pela importância e pelo impacto que tem na vida dos indivíduos e famílias, hoje a tendência tem vindo a mudar. Esta mudança passa, sobretudo, pela consciencialização e sensibilização que, inevitavelmente se realçou com a pandemia da COVID-19. Apesar das inúmeras adversidades impostas por estes tempos complexos, para Miguel Xavier, a priorização da saúde mental foi um dos resultados (indiretamente) positivos da pandemia. “De facto, esta pandemia trouxe para a agenda mediática a questão da saúde mental, que já existia em outros países, mas não em Portugal. Penso que, com o tempo, este impacto mediático se poderá esbater um pouco, mas a visibilidade que se criou irá permanecer. Porquê? Porque pela primeira vez um problema que atribuíamos sempre aos outros, e nunca a nós, nos entrou de repente em casa. Nos últimos meses, todos vivemos ou assistimos a pessoas próximas com problemas nesta área, e percebemos que no que diz respeito à saúde mental, todos somos vulneráveis”. Em consequência de toda a informação que dia a dia nos chega, o estigma associado à doença mental tem também vindo a diminuir nos inquéritos feitos na população geral, ainda que seja muito difícil de saber se isso será, ou não, uma tendência permanente. “O estigma em relação à doença mental é algo com séculos. As pessoas com estes problemas eram escondidas e colocadas longe das comunidades, atrás de muros. Houve uma mutação muito grande neste conceito e hoje tudo está mais encaminhado no sentido da desinstitucionalização e de garantir que a maior parte dos cuidados são prestados em hospitais gerais e na comunidade”, refere o Diretor do PNSM. OS PILARES DA REFORMA DA SAÚDE MENTAL Entre as várias áreas que o Plano de Resiliência e Recuperação (PRR) abrange, a saúde mental

conta com um financiamento significativo para poder levar a cabo algumas melhorias e transformações importantes. Em curso há algum tempo, o processo de reforma vai agora sofrer uma aceleração, com mudanças a vários níveis, tal como Miguel Xavier revela: “Um primeiro pilar a mudar será a nível da legislação. Irão ocorrer mudanças na lei da saúde mental bem como no modelo de organização de serviços, no sentido de se reforçar o papel e competências das coordenações nacional e regionais”. Os serviços de saúde mental que se encontram em condições logísticas deficientes, incluindo na área forense, serão modernizados. O diretor do PNSM acrescenta que “a nível dos serviços, outro pilar fundamental é a criação de novas equipas comunitárias – equipas multidisciplinares que contam com médicos, enfermeiros, psicólogos, terapeutas ocupacionais, técnicos superiores de serviços social, entre outros profissionais. Já foram criadas as primeiras dez equipas, sendo que, ao todo, estão previstas 40. Se tivesse de identificar o núcleo fundamental desta reforma, seria esse. Quando estiver concluída, será seguramente uma mudança muito significativa para o nosso país”. As mudanças continuam. Neste plano de reforma contam-se ainda alterações a nível da psiquiatria infantil e da adolescência. “Nós nunca poderemos ter uma boa saúde mental em adultos, se não investirmos a fundo na saúde mental infantil”. A terminar algumas das vertentes mais importantes planeadas para o futuro da saúde mental em Portugal estão as chamadas doenças mentais comuns, “que são as situações mais frequentes na clínica diária, como a depressão e a ansiedade. Estas situações não devem ser tratadas primariamente em serviços de saúde mental, mas sim em Centros de Saúde, recorrendo só aos serviços especializados em caso de necessidade. Mas, para isso, é preciso que nos Centros de Saúde existam programas de abordagem não-farmacológica: nesse sentido, terá de haver um reforço das equipas nestes locais, nomeadamente de psicólogos”. ▪

O FUTURO DA SAÚDE MENTAL EM PORTUGAL Ao todo serão quatro anos na concretização das medidas previstas no Plano de Recuperação e Resiliência. Isto não significa que a reforma da saúde mental não tenha de se prolongar para lá desse tempo, tal como tem ocorrido em países que iniciaram este processo no fim dos anos oitenta do século passado. Se, para Miguel Xavier - a voz do Programa Nacional para a Saúde Mental – nas últimas décadas pouco se investiu na reforma dos serviços de saúde mental, hoje, o próprio afirma que as perspetivas são bastante mais encorajadoras. “Gostaria de frisar a melhoria da saúde mental não depende apenas da existência de bons serviços, mas também na aposta das abordagens de promoção e prevenção. Um país para ter uma boa saúde mental precisa de ter uma sociedade equilibrada, com um nível socioeconómico razoável, prestando uma atenção especial à questão das desigualdades sociais”, afirma. Não é por acaso que, este ano, o Dia Mundial da Saúde Mental, comemorado a 10 de outubro desde 1992, é exatamente dedicado à desigualdade social. Apesar de as reformas de saúde mental serem processos longos e demorados, Portugal tem uma oportunidade única de os acelerar, aproximando-se dessa forma dos restantes países da Europa ocidental. Para tal, será necessário implementar o que está previsto, o que não deixa de ser um desafio para o qual toda a sociedade deve ser convocada a participar.

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PONTOS DE VISTA SAÚDE MENTAL

“Os casos de stress e ansiedade tiveram uma projeção grande no nosso País” À conversa com a Revista Pontos de Vista esteve Sofia Moreira, Psicóloga Clínica na VivaMais que, entre vários assuntos, nos explicou como o setor da saúde no trabalho tem abraçado temas como a depressão, ansiedade e Burnout e, ainda, qual importância da saúde ocupacional nas organizações, particularmente em tempos adversos como o que vivemos.

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á largos meses que atravessamos uma pandemia que, não só transformou a vida da população, como – em muitos casos – a saúde mental da mesma. Assim, temas como a ansiedade e depressão têm sido regularmente debatidos nos diversos canais de comunicação. Enquanto Psicóloga Clínica na VivaMais, como olha para as consequências na saúde mental destes tempos complexos? Os casos de stress e ansiedade tiveram uma projeção grande no nosso país. A depressão também disparou. A este propósito, cito o Estudo Epidemiológico sobre a Saúde Psicológica dos portugueses, segundo o qual os problemas de saúde psicológica afetam um em cada cinco portugueses (23%). Percebe-se que a vulnerabilidade da saúde mental, transversal às diferentes idades, acrescentou à sociedade uma preocupação que já era prévia à pandemia, mas, que se agudizou. A preocupação centra-se naquilo que tem vindo a ser o trabalho diário quer na VivaMais quer na Quirónprevención (maior empresa de saúde e segurança no trabalho em Espanha e que agora é o novo acionista da VivaMais) no âmbito da saúde mental e bem-estar. O propósito é intervir, interna e externamente, dar visibilidade e focarmos nas pessoas, agir no “presente” para mitigar as fragilidades, com o objetivo de que possam ser “aliviadas”, cuidadas e evitar riscos maiores no futuro. No que concerne à saúde mental, o que é que, na sua ótica, se podia ter feito para um melhor acompanhamento, comprometimento e ação durante a pandemia, particularmente pelo tecido empresarial? O tecido empresarial português está cada vez mais atento à temática. Encarar que as empresas são as pessoas, a abordagem que tem vindo a ser implementada tem sido fértil. Disponibilizaram-se e intensificaram-se linhas de apoio psicológico, o tema da saúde mental foi explanado, debatido em fóruns, diferentes formatos, cresceram os programas de saúde e bem-estar, a preocupação com os trabalhadores, conciliar a vida profissional e pessoal, a auscultação

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SOFIA MOREIRA

de como se sentem - mostra a preocupação dos empresários. Saliento, a abertura para o modo híbrido do trabalho, permitindo articular a eficiência profissional e pessoal, comporta a visão de liberdade e responsabilidade, facilitadora de equilíbrio. A VivaMais assume que a saúde e a segurança são indissociáveis na garantia das adequadas condições nos locais de trabalho. Procura, portanto, soluções de melhores práticas laborais, de educação, formação e sensibilização. Neste sentido, que papel tem sido desempenhado pela empresa na questão da saúde mental? Nós procurámos, mesmo em teletrabalho e espalhados pelo país, que nos reuníssemos – online - para “espantar” o isolamento e para que, não nos sentíssemos sozinhos. Implementámos: webinares, formações, ações práticas para que algumas técnicas e estratégias pudessem ser partilhadas com as pessoas, aproximamo-nos

“O TECIDO EMPRESARIAL PORTUGUÊS ESTÁ CADA VEZ MAIS ATENTO À TEMÁTICA. ENCARAR QUE AS EMPRESAS SÃO AS PESSOAS, A ABORDAGEM QUE TEM VINDO A SER IMPLEMENTADA TEM SIDO FÉRTIL”


PONTOS DE VISTA SAÚDE MENTAL

por meio de dinâmicas de ligação, aliámos momentos descontraídos – através da música, dança, escrita criativa, sugestões de filmes, séries, livros, viagens, alimentação saudável, veganismo, importância da atividade física, mascarámo-nos no carnaval, quizzes divertidos, convidámos uma Coach para falar de desenvolvimento pessoal, convidamos um conhecedor em sustentabilidade e responsabilidade social, meditamos juntos, sessões de psicologia individuais, auscultámos a saúde no âmbito psicossocial e a partir dos resultados estamos a construir dinâmicas ativas, contínuas, que vieram para se tornarem naturais, compostas por ações diretas cujo propósito é sedimentar o envolvimento, a felicidade e o sentimento de pertença. A existência de locais de trabalho seguros e saudáveis possibilita uma organização satisfeita, motivada, produtiva, aberta à inovação e ao empreendedorismo e impulsionadora da sustentabilidade do trabalho. Considera que estes factos são hoje reconhecidos pelas empresas? Na ótica de locais de trabalhos seguros e saudáveis, implementámos o reconhecimento qualitativo e quantitativo dos colaboradores – o que constitui um boost motivacional. Melhoramos os processos de onboarding, movimentamo-nos para captar e reter talentos, temos um grupo com uma heterogeneidade de idades e saberes. Focados na melhoria contínua de processos, permitindo alocar tempo em tarefas de maior valor acrescentado. Comprometidos com a fidelização dos nossos clientes. É um compromisso, win-win. Na área da saúde ocupacional, que serviços e características podemos encontrar na VivaMais? A área da saúde ocupacional tem tido, no sector da Saúde do Trabalho, no mercado e nas empresas prestadoras de serviços externos uma evolução extraordinária. Essa evolução deve-se, essencialmente, pela aposta que as empresas têm feito na saúde dos seus colaboradores. A crescente preocupação com o bem-estar físico, mental e social das empresas nossas clientes, têm desafiado a VivaMais (com particular incidência nos últimos anos) a procurar soluções e a antecipar as suas necessidades. Os serviços de saúde que temos no portefólio da VivaMais mais do que cumprirem os requisitos legais são serviços totalmente virados para ajudarem os nossos clientes a avaliarem a “Saúde das Suas Empresas”, para tal desenvolvemos protocolos específicos de exames que podem incluir análises clínicas, exames complementares de diagnóstico, programas de vacinação, programas de sensibilização em temática como a nutrição, exercício físico, ergonomia do trabalho e outras específicas a pedido dos nossos clientes. A avaliação da saúde ocupacional como um

webinares e, consequentemente, promovendo o bem-estar que terá uma “face” visível interna e externamente.

“A CRESCENTE PREOCUPAÇÃO COM O BEM-ESTAR FÍSICO, MENTAL E SOCIAL DAS EMPRESAS NOSSAS CLIENTES, TÊM DESAFIADO A VIVAMAIS (COM PARTICULAR INCIDÊNCIA NOS ÚLTIMOS ANOS) A PROCURAR SOLUÇÕES E A ANTECIPAR AS SUAS NECESSIDADES” todo deve, também, olhar com particular atenção para o bem-estar mental e social das empresas. Esta é a preocupação dos gestores. Cada vez mais procuram garantir que têm trabalhadores saudáveis, motivados e empenhados. Neste capítulo a VivaMais tem soluções à medida dos Clientes com base na identificação e priorização das suas preocupações. Estas soluções passam por avaliar o clima organizacional através de uma metodologia de One to One, avaliação dos riscos psicossociais, análise dos resultados, relatório final, recomendação de um conjunto de ações de melhoria e follow up. Nesta área temos, também, vários programas de saúde mental com a intervenção direta de psicólogos. Neste sentido e considerando as necessidades emergentes, o papel do psicólogo do trabalho é fundamental na diminuição destes riscos e potenciar o aumento do bem-estar psicológico no trabalho, colocando a relevância no desenvolvimento pessoal dos trabalhadores - formações, ações de sensibilização,

Para melhor entender, de que forma a ansiedade, depressão e Burnout no âmbito da saúde mental influência a saúde ocupacional das organizações? Ao fim de 15 meses de pandemia, há avisos do ponto de vista psicológico inequívocos. A fadiga causa uma forte diminuição na forma como reagimos às solicitações externas. Devemos estar “alerta” para o cansaço que se apresenta sob uma diminuição de realizar tarefas, apatia, anedonia, alterações do ciclo do sono, alterações do apetite. Estarmos atentos ao sentimento de constante vulnerabilidade e insegurança, de medo – alerta-nos para um quadro ansiogénico. Alterações do humor, irritabilidade fácil. Uma tristeza persistente e insidiosa que interfere com o nosso todo – pode indiciar uma depressão. Esta mescla de fatores pode culminar em exaustão ou Burnout. Sendo “nós” um todo e não negligenciando que estamos atentos às nossas pessoas, trabalhamos para minimizar estes sintomas e intervir previamente à instalação destes quadros. ▪

Como perspetiva o futuro destas questões em Portugal nos próximos anos? É legítimo afirmar que a comunidade, no geral, aprendeu a priorizá-las nesta pandemia? A possibilidade de haver um enviesamento da importância que a saúde mental tem, é diminuta. Os canais difusores: trabalho de pesquisa, investigação, produção de conteúdos – por exemplo, a Ordem dos Psicólogos Portugueses – serão considerados como parceiros de exceção e considerados para assumir medidas. Os empresários, aceitam que colaboradores que são cuidados e parte do todo, são eficazes, motivados, reconhecidos, darão melhor contributo e estarão focados no sucesso das empresas. O tema é de relevo e estamos comprometidos na visão, valor e propósito de contribuir para que a ação da psicologia se torne robusta, que se criem mais estruturas de apoio psicológico e que possam intervir com carácter preventivo, ativo e transformador.

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PONTOS DE VISTA RESPONSABILIDADE SOCIAL E CORPORATIVA

Viatris Portugal Por um País mais Consciente

Criada em novembro de 2020, a Viatris – resultado da fusão entre a Mylan e a Upjohn – é uma empresa farmacêutica líder no mercado nacional. Não só por fornecer medicamentos inovadores, mas também por, diariamente, contribuir para uma responsabilidade social e corporativa e, consequentemente, para um mundo melhor. É particularmente sobre este tema que Alberto Navia-Osorio, Country Manager da marca em Portugal, nos confidenciou os passos já dados e aqueles que estão a ser desenhados para o futuro.

A

ALBERTO NAVIA-OSORIO

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atuar no mercado farmacêutico com mais de 600 produtos disponíveis, a Viatris trabalha para capacitar as pessoas em todo o mundo a viverem de forma saudável em todas as fases da vida, fornecendo soluções sustentáveis de cuidados de saúde. Desta forma, tem vindo a promover uma dinâmica em que o foco primordial passa por responder às necessidades dos doentes, mas não só. A missão da Viatris é muito mais do que inovar diariamente nos seus produtos. Trabalha também para promover operações responsáveis e sustentáveis e, assim, alavancar a sua experiência coletiva para capacitar a população a consciencializar-se no que diz respeito a temas fulcrais como a responsabilidade social e corporativa e a sustentabilidade. Para Alberto Navia-Osorio, trabalhar no mercado farmacêutico sem impactar a vida da população, não faria qualquer sentido: “Se a Viatris não olhasse para o tema da responsabilidade social para construir uma sociedade melhor, então a companhia tinha de delinear muito melhor aquilo que são os seus objetivos e missões. Somos uma empresa formada por pessoas e queremos muito ajudar a sociedade, não só do ponto de vista da saúde e dos melhores cuidados, mas também no sentido de tornar este mundo num lugar melhor. Temos de fazer mais e temos, essencialmente, de fazer melhor”, começa por afirmar. Por estas e por muitas outras razões, a Viatris é hoje a farmacêutica líder em


PONTOS DE VISTA RESPONSABILIDADE SOCIAL E CORPORATIVA

Portugal e uma marca que de tudo faz para que este seja um país incluso e envolto na sua comunidade. RESPONSABILIDADE SOCIAL E CORPORATIVA Na Viatris, os esforços para aumentar o acesso à saúde e a consciencialização tem resultado em parcerias estratégicas. Devido ao papel primordial e ativo, a marca acredita que (além de que todas as outras também deveriam acreditar), as empresas devem desempenhar e aprofundar os seus conhecimentos no sentido de remarem todos para o mesmo destino: um mundo mais saudável. Assim, a Viatris apoia o Pacto Global da ONU e a Agenda de Desenvolvimento Sustentável para 2030, conforme articulado pelas Nações Unidas na adoção de diversos objetivos. “Fazemos parte de um ecossistema, de uma sociedade e temos de promover todas estas iniciativas ou pelo menos todas aquelas que façam sentido para nós e para a população. É por este motivo que nós abraçámos três dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Objetivos esses que vão ao encontro de diversos projetos que a Viatris apoia, como por exemplo, o Fruta Feia, em que mensalmente são disponibilizadas ações para os colaboradores apoiarem voluntariamente durante o horário de trabalho. Outra iniciativa que temos em mãos é a doação de sangue, através de sessões que decorrem no escritório da Viatris, e onde todos os colaboradores que queiram, podem contribuir. Tem sido felizmente um sucesso muito grande”. Sucesso esse que se traduz no apoio incondicional dos 200 trabalhadores da Viatris Portugal que, ao todo e em força conjunta, se unem na concretização de um propósito humanitário. Além disso, recentemente, foi ainda consolidada uma parceria com a GRACE – uma associação empresarial de utilidade pública, sem fins lucrativos, que atua nas áreas da responsabilidade social e sustentabilidade. “Cada vez há mais empresas que são conscientes e sensíveis a estas questões, o que é muito bom. A

pandemia veio mudar e muito a mentalidade das pessoas e a forma como as mesmas vêm o mundo. Muitas organizações estão a adotar comportamentos, por exemplo, de consumo responsável”, afirma Alberto Navia-Osorio, acrescentando ainda que “no que diz respeito à Agenda de Desenvolvimento Sustentável e à sua meta que é 2030, considero que existem objetivos muito ambiciosos, mas sei que outros são possíveis. E são possíveis porque estamos a rumar e a trabalhar nesse sentido – o sentido certo”. É também através do seu conhecimento que a Viatris impactou, e irá com toda a certeza continuar a impactar positivamente a comunidade e as suas ações.

nosso portefólio novos medicamentos. Sabemos que agora se vai iniciar um momento muito difícil com o período da gripe sendo que, a Viatris, vai ser o principal fornecedor de vacinas para as farmácias em Portugal. Temos de assegurar produtos novos, de qualidade, e para todos os clientes. Vamos ainda colocar à disposição soluções

do ponto de vista da prevenção”, explica o nosso entrevistado. Sem se desviar um segundo que seja do seu propósito – e muito segura da missão com que nasceu – a Viatris compromete-se ainda com a inovação. Seja de novos produtos, seja na forma como atua, inovar será sempre uma prioridade. ▪

MISSÃO VIATRIS ALINHADA COM O FUTURO Embora a companhia tenha ainda poucos meses de vida, a verdade é que muito fez para marcar a sua posição num mercado e num mundo em constante mudança. Assim, e tendo em conta o seu histórico consciente e humanamente responsável, o futuro irá estar, de facto, alinhado com o propósito da Viatris desde a sua criação. “Daqui para a frente, e se a pandemia permitir, queremos organizar ações e intervenções sobre responsabilidade social e corporativa ainda mais potentes, com mais pessoas, no sentido de explorarmos e partilharmos as melhores ideias, sempre em parceria com a GRACE. Além disso vamos continuar a expandir a nossa linhagem de produtos, trazendo para o

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PONTOS DE VISTA SAÚDE – METODOLOGIA LEAN

“A Metodologia Lean, mais do que qualquer outra coisa, é uma Metodologia de Melhoria Contínua” A Consultora Lean Health Portugal conduziu um projeto de melhoria contínua realizado no Hospital de Braga com o principal enfoque na melhoria do circuito do doente, nos tempos de espera e na taxa de ocupação dos quartos de tratamento, num esforço conjunto com uma equipa multidisciplinar do Hospital de Dia Oncológico. A chamada metodologia Lean foi, assim, posta em prática e surtiu os resultados esperados. Rui Cortes, Lean Health Specialist e Managing Partner da Consultora, contou-nos tudo sobre este processo.

A

Consultora Lean Health Portugal e uma equipa multidisciplinar do Hospital de Braga conduziram um projeto de melhoria contínua com principal foco na melhoria do circuito do doente. Primeiramente, que necessidades e lacunas eram sentidas, neste meio, e que levaram à elaboração este estudo? A área Oncológica tem vindo a assistir a um aumento dos casos diagnosticados, e dada a sensibilidade das patologias e da situação dos doentes em causa e a situação dos utentes em causa, é essencial que, por um lado se assegura a maior eficiência possível dos recursos existentes, mas acima de tudo que se oferece ao utente a melhor experiência possível nos cuidados de saúde recebidos. Sendo a redução de tempo de espera, a redução de deslocação e aumento da satisfação dos utentes e dos profissionais alguns dos pontos que estiveram na base da decisão deste projeto.

RUI CORTES

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Considera que melhorar a experiência do utente/cliente eliminando e mitigando desperdícios existentes, que não acrescentam valor, é já uma preocupação geral e consciente? Segundo a OCDE, num relatório de 2017 “Tackling Wasteful Spending on Health”, 20% do orçamento de saúde dos diversos países é desperdício, não gerando valor adicional à experiência dos utentes

nos cuidados recebidos. Perante tais evidências, assistimos cada vez mais a uma maior preocupação na satisfação dos utentes, preocupação esta que passa muitas vezes pela redução de desperdícios existentes nos processos atuais. Contudo o combate de desperdícios está de mãos dadas com a cultura de melhoria contínua assente na transparência perante o erro, e a esse nível ainda há passos a dar, nomeadamente ao nível da capacitação das equipas, mas sem dúvida que se sente cada vez mais uma maior vontade de melhorar por parte das organizações. No decorrer deste projeto, a situação atual do serviço do Hospital de Dia Oncológico foi analisada, tendo sido identificados potenciais desperdícios e ineficiências. De que pontos em questão estamos a falar? No decorrer de algumas observações feitas no Hospital de Dia, fomo-nos apercebendo que o doente necessitava de realizar bastantes etapas para conseguir alcançar o seu objetivo final no Serviço (realização do seu tratamento, levantamento de quimioterapia oral etc). Nesse sentido, um dos grandes objetivos do projeto passou por eliminar (e/ou reduzir) etapas consideradas desperdício ou sem valor acrescentado para o doente. Um outro ponto em estudo passou pela redefinição desses circuitos uma vez que para alguns casos o utente necessitava de


PONTOS DE VISTA SAÚDE – METODOLOGIA LEAN

tinham que se deslocar entre etapas. Também os quartos do Serviço foram estudados, daqui se concluiu que havia situações onde os espaços não estavam a ser aproveitados da melhor forma permitindo assim um posterior aproveitamento dos mesmos. Após esta análise, foi colocado em prática um plano de melhoria por via da metodologia Lean. Como nos pode descrever esta gestão e que mais-valias apresenta? Acima de tudo, e mais do que o enfoque colocado nas melhorias obtidas, a nossa maior aposta foi criar na equipa de projeto o hábito de semanalmente usarem “erros” apontados pelos vários elementos como a melhor oportunidade de melhoria. Isto associado à criação de indicadores de processo, que asseguram a monitorização regular de processos. Certo é, após a realização do projeto, o serviço reconheceu uma maior segurança, agilidade e excelência prestados aos seus utentes. Assim, que resultados de melhoria surgiram deste projeto e da metodologia Lean? Como referido anteriormente, além de termos ajudado a equipa a melhorar a experiência e satisfação dos utentes, conseguiu-se aumentar também a satisfação dos profissionais dado o facto de estes sentirem que é possível melhorar aspetos que dependem deles e da equipa no seu dia-a-dia. Tal como foi mencionado anteriormente, é crucial a implementação do hábito de trabalho em equipa, de forma multidisciplinar, em que as ideias só poderão ser consideradas más, depois de testadas. É legítimo afirmar que a metodologia Lean é eficaz em qualquer projeto que se destine a esta melhoria na saúde? Em que momento se deve aplicar esta gestão? Sim é! A metodologia Lean, mais do que qualquer outra coisa, é uma Metodologia de Melhoria Contínua, e tal como a própria palavra “Contínua” indica, o processo não acaba: é contínuo e onde se procura hoje ser melhor do que ontem e pior que no amanhã. Nas organizações que aplicam a Metodologia Lean, cada colaborador tem dois deveres: executar a sua tarefa, e melhorar a forma como a sua tarefa é feita. Perante isto o essencial é capacitar as organizações de saúde, desde a gestão de topo às diferentes equipas operacionais, sobre a forma de implementar uma cultura de melhoria contínua, e a partir daí, é uma história sem fim, Sem nunca esquecer da necessidade de uma forte

“A METODOLOGIA LEAN É UMA DAS FORMAS MAIS EFETIVAS PARA QUE AS ORGANIZAÇÕES DE SAÚDE IMPLEMENTEM DE FORMA SUSTENTÁVEL UMA CULTURA DE MELHORIA CONTÍNUA, ASSENTE NA TRANSPARÊNCIA PERANTE O ERRO E NUM AMBIENTE DE SEGURANÇA PSICOLÓGICA PARA QUE A MUDANÇA POSSA SURGIR” monitorização, pois tal como Deming disse “até termos evidências é apenas uma opinião”. Acredita que, se sempre utilizada, a metodologia Lean poderia colmatar diversas lacunas no setor da saúde em Portugal? Que mensagem/lição podemos retirar dos resultados do projeto no Hospital de Braga? A Metodologia Lean é uma das formas mais efetivas para que as organizações de saúde implementem de forma sustentável uma cultura de melhoria contínua, assente na transparência perante o erro e num ambiente de segurança psicológica para que A mudança possa surgir. Dessa forma podemos afirmar

que se as organizações de saúde tivessem um maior enfoque na melhoria continua, assente no Lean, sem dúvida que muitos dos desafios, e algumas das vezes que são apontados falta de recursos, poderiam encontrar resposta. A mensagem do projeto do Hospital de Braga é a de que quando as equipas trabalham multidisciplinarmente e abordam os problemas de forma transparente e construtiva, parte dos “desperdícios” ou “irritantes” do dia a dia são passiveis de ser melhorados, no sentido de se gerar eficiência, sempre com o enfoque na melhoria da experiência dos utentes, nunca esquecendo, que não devemos perder uma pequena melhoria hoje, à espera da grande melhoria amanhã. ▪

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PONTOS DE VISTA CPLP – 25 ANOS

ZACARIAS DA COSTA, SECRETÁRIO EXECUTIVO DA CPLP

A CPLP e a Importância no contexto do Mundo

Iniciei o meu mandato enquanto Secretário Executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, em julho de 2021, numa altura em que a crise pandémica provocada pela COVID-19 acentuou as nossas fragilidades e aprofundou as desigualdades económicas e sociais existentes no mundo.

O

difícil contexto que vivemos deixa um alerta que não pode mais ser ignorado, ao colocar em evidência a profunda e complexa interdependência que liga todas as nações do globo. Hoje, mais do que nunca, cabe-nos reconhecer o multilateralismo como uma ferramenta indispensável para enfrentar os desafios que nos afetam coletivamente e que desconhecem o conceito de ‘fronteira’. Nesse sentido, o apelo do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, sublinhando a importância do multilateralismo,

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é claro e irrefutável: a proteção dos nossos bens comuns – como é o caso da saúde pública, do ambiente e dos oceanos – dependerá, necessariamente, de uma cooperação mundial coordenada e unida, capaz de enfrentar eficazmente os desafios globais. E a CPLP, enquanto organização presente em quatro continentes, representativa de mais de 260 milhões de falantes de português, tem a sua palavra a dizer. Este longo período de crise que atravessamos obriga-nos a refletir sobre o papel da CPLP como veículo de reforço das políticas externas

dos países de língua portuguesa. A CPLP, que este ano celebra 25 anos, é uma organização ainda jovem, quando comparada com outras organizações de base linguística, como a Commonwealth, fundada em 1949, ou a Organisation Internationale de la Francophonie, fundada em 1970. No entanto, e após um quarto de século de vida, a Organização foi consolidando a sua ação, integrando novos sectores de atuação e dando prova da sua relevância no cenário global. Os primeiros 25 anos da vida da CPLP são, aliás, demonstrativos desta capacidade de evo-


PONTOS DE VISTA CPLP – 25 ANOS

lução. A Organização conta atualmente com nove Estados Membros, integra trinta e dois Observadores Associados, e atua em dezoito áreas de cooperação, nomeadamente, a saúde; a segurança alimentar e nutricional; o combate ao trabalho infantil; o turismo; a justiça; a educação; a energia; a tecnologia; a cultura; e o clima. Devo referir, em particular, as conquistas alcançadas pela Conferência de Chefes de Estado e de Governo, realizada em Luanda, a 17 julho de 2021, que constituiu um momento verdadeiramente histórico para a CPLP. Em primeiro lugar, foi na Cimeira de Luanda que, na qualidade de país exercendo a Presidência da CPLP, Angola apresentou as linhas gerais do seu programa de prioridades focado na recuperação pós-pandemia e na cooperação económica e empresarial. Nesse sentido, os Chefes de Estado e de Governo reiteraram em Luanda a necessidade de integrar a cooperação económica nos objetivos da CPLP, considerando o contexto atual e o impacto da pandemia no crescimento dos nossos países. A cooperação económica estará assim no centro da agenda da CPLP nos próximos anos, cabendo aos Estados Membros adotar medidas articuladas com o objetivo de melhorar o ambiente de negócios e estimular os fluxos comerciais e o investimento no espaço da CPLP. Em segundo lugar, foi na Cimeira de Luanda que os Estados Membros aprovaram o Acordo sobre a Mobilidade na CPLP, o que representa uma conquista notável para a CPLP, ao possibilitar uma maior aproximação entre os cidadãos de língua portuguesa. Cabe-me sublinhar o modo como a Presidência de Cabo Verde liderou de uma forma verdadeiramente exemplar o complexo processo de negociação do Acordo, que culminou na adoção de um modelo flexível e variável, prevendo diferentes opções de mobilidade – como estadias de curta e média duração, vistos e autorizações de residência – e que contempla mecanismos de circulação facilitada para diferentes categorias de pessoas, tais como estudantes, docentes e empresários. A nossa expetativa é de que, uma vez em vigor, o Acordo proporcionará efeitos positivos na circulação dos bens e serviços culturais; no intercâmbio académico; no turismo e na cooperação económica, tendo um impacto decisivo no sentimento de pertença dos falantes de língua portuguesa. Por último, foi na Cimeira de Luanda que a CPLP acolheu treze Observadores Associados, perfazendo um total de trinta e dois países e organizações com este Estatuto. As motivações destes países e organizações são diversas: por vezes, a CPLP é vista como uma plataforma de concertação política e diplomática propícia ao reforço das relações entre o Associado e os Estados-Membros. Para outros, a CPLP é tida como uma plataforma de negócios, sobretudo com

“A CPLP CARATERIZA-SE, POR UM LADO, PELAS CONQUISTAS ALCANÇADAS, MAS TAMBÉM PELAS METAS POR ATINGIR. DURANTE ESTES 25 ANOS, A CPLP TESTEMUNHOU MUDANÇAS DE GRANDE MAGNITUDE, TANTO NO PLANO INTERNO DOS ESTADOS MEMBROS, COMO NO PANORAMA INTERNACIONAL” países africanos, assim como uma plataforma linguística que fomenta a cooperação cultural e o contacto entre diásporas. Este número crescente de Estados e Organizações Internacionais que pretendem desenvolver uma parceria privilegiada com a CPLP atesta o vasto potencial de cooperação que a Organização encerra no plano internacional. A CPLP carateriza-se, por um lado, pelas conquistas alcançadas, mas também pelas metas por atingir. Durante estes 25 anos, a CPLP testemunhou mudanças de grande magnitude, tanto no plano interno dos Estados Membros, como no panorama internacional. E a Organização tem procurado corresponder a esta dinâmica de mudança, melhorando e criando novos instrumentos de cooperação. Se a relevância internacional da nossa Organização é hoje uma evidência, é também inegável que a CPLP tem muito trabalho pela frente. Toda a ação da Organização deve fundamentar-se no objetivo de

tornar a CPLP num instrumento cada vez mais eficiente, com um impacto cada vez maior no desenvolvimento dos Estados Membros e no bem-estar dos seus cidadãos. O desafio da recuperação pós-pandemia veio aliás enfatizar a importância de renovarmos o nosso engajamento de cooperação multilateral movida por uma agenda concreta. O acesso universal e equitativo a vacinas contra a COVID-19, assim como a necessidade premente de fazermos face à emergência climática que ameaça as nossas vidas, são exemplos de questões prioritárias que, considerando o quadro mundial, devem estar no centro da ação da CPLP. O certo é que a CPLP deve ser dinâmica e estar à altura dos desafios atuais, procurando dar respostas concretas às expetativas dos cidadãos que representa. E, numa altura em que o mundo vive um momento particularmente difícil, cabe-nos explorar e fazer uso de todas as potencialidades que a CPLP oferece. ▪

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PONTOS DE VISTA CPLP – 25 ANOS

Parcerias em prol de Investimentos da Lusofonia Foi há 25 anos que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa se consolidaram em prol do aprofundamento da cooperação e amizade mútua entre os seus membros. Neste sentido, o Presidente da Associação para o Desenvolvimento e Investimento Empresarial na Lusofonia (AdielSumus), Manuel Lázaro, contou-nos de que forma, a mesma, tem vindo a contribuir para este elo de união e promoção da CPLP, através da sua atividade e parcerias, nomeadamente com a LEAG GROUP – uma plataforma para ecossistemas de negócios cruzados.

A

PERFIL

MANUEL LÁZARO

PRESIDENTE DA DIREÇÃO GERAL

Associação para o Desenvolvimento e Investimento Empresarial na Lusofonia (AdielSumus) AV. República 6, 1º Esq. 1050-191, Lisboa NIF: 502 305 863 | Tel.: 00351 925 077 325

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visão da AdielSumus baseia-se na cooperação estratégica e comercialmente benéfica entre Angola e Portugal, tendo ainda como missão concretizar parcerias específicas entre todos os países de língua oficial portuguesa. Como nos pode descrever a concretização destes objetivos ao longo dos três anos de atividade da Associação? O balanço que faço como Presidente da Direção da Instituição AdielSumus, (Associação para o Desenvolvimento e Investimento Empresarial na Lusófonia) desde o 24 abril de 2019, na sua materialização em registo notarial, foi positivo, tendo em conta a declaração em 11 de Março de 2020 da pandemia da COVID-19, neste primeiro ano, tivemos de consolidar o núcleo dos órgãos sociais, realizando algumas mudanças no seu seio, pois muitos membros fundadores aceitando o convite, tiveram a impossibilidade de se deslocar fisicamente, para nos reunirmos e assinarem presencialmente a sua tomada de posse, devido à pandemia existente, assim como alguns membros fundadores, que infelizmente renunciaram, por motivos de saúde. No ano seguinte, em 2020, consolidamos o início de uma parceria com a vossa revista, Pontos de Vista, com a publicação a 16 de outubro, a inauguração da delegação em Faro, no Algarve. Com a presença de ilustres convidados e membros fundadores, mesmo com os contragimentos devidos à pandemia, tiveram a oportunidade de se deslocar até Faro. Foi um enorme desafio, termos consolidado as parcerias com as nossas representações, através de palestras e conferências, permintindo as realizações das assembleias on-line, nesta nova plataforma digital, em parceria com a LEAG GROUP na Suíça, que hoje pretendemos aqui divulgar, isso permitiu a eleição dos nossos coordenadores e suas equipas, representantes em África Lusófona, do Brasil a Macau, a partir de 2022, nos seus respetivos países, sendo o último nomeado em São Tomé e Princípe.

No mês passado comemorou-se 25 anos de vida da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) - o foro multilateral privilegiado para o aprofundamento da amizade mútua e da cooperação entre os seus membros. Como tem sido a evolução da união desta Comunidade? O que mudou ao longo destes tempos? Ainda não tivemos a oportunidade de formalizar uma parceria institucional com a CPLP, espero que seja para este ano, no seguimento da instalação e registo das nossas delegações nos respetivos países, sendo que a CPLP é o elo institucional e político dos países de língua portuguesa, tendo uma agenda de cooperação em prol do desenvolvimento económico e social dos seus povos, que constitui um espaço de união pela língua comum e pelos primados da paz, do Estado de direito, da democracia, dos direitos humanos e da justiça social. Sendo que foi constatado neste aniversário que a pandemia da COVID-19, acentuou a desigualdade social e impulsionou a necessidade da digitalização da educação como meio fundamental de acesso ao conhecimento, ao trabalho e à inclusão social, com vista a contribuir para o desenvolvimento económico e social dos Estados-Membros, sendo para nós, o objetivo da Adielsumus de fazer parte da CPLP, com os nossos parceiros empresariais, dando a nossa contribuição neste desenvolvimento económico e sobretudo digital. Nesta comemoração, que pilares foram e têm sido destacados como primordiais para a CPLP? Saudamos a assinatura, em 18 de dezembro de 2020, do “Acordo entre a República Portuguesa e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa que Revê em Matéria Fiscal o Acordo entre o Governo Português e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, referente ao Estabelecimento da Sede da Comunidade em Portugal, assinado em Lisboa, em 3 de julho de 1998” entre outras, e a adoção do Acordo de Mobilidade entre os Estados-Membros


PONTOS DE VISTA CPLP – 25 ANOS

da CPLP, um instrumento que visa contribuir de forma efetiva para uma maior mobilidade e circulação no seio da Comunidade, para o incremento das relações de cooperação em todos os domínios e para a promoção do sentimento de pertença à CPLP.

PERFIL

JOÃO FERNANDO CAMARGO CEO LEAG GROUP

Sendo a AdielSumus um elo de união e de construção de parcerias para o mercado para os Países Lusófonos, que papel tem sido aqui desempenhado na promoção da CPLP? Participamos em vários fóruns internacionais, fomos organizadores de um Webinar Internacional sobre o Desporto, matéria que ainda não tínhamos abordado, com vários dirigentes desportivos, Presidentes de Clubes também marcaram presença, a nosso convite; o Presidente da Federação de Futebol do Algarve, o Presidente da F.F. Amadores no Brasil, o Presidente da F.F. de Angola, de Moçambique, o Secretário de Estado do Desporto de Moçambique, da Guiné-Bissau etc, assim como vários intervenientes internacionais do mundo do desporto e do futebol, em Cabo Verde, São Tomé, Brasil, Espanha, apesar das dificuldades de agendamento e de conexão, foi um sucesso. Esperamos dar o devido prosseguimento muito em breve, no início de 2022, a esta inciativa. A AdielSumus contratou recentemente a LEAG GROUP Business Networking Platform, Plataforma que permite a constituição, operação e gestão de Ecossistemas de Negócios Cruzados, oferecendo às comunidades empresariais inúmeras ferramentas de conexão, comunicação e comércio. LEAG GROUP SA Switzerland é uma empresa global de capital próprio com headquarters na Suíça e fundada por brasileiros, que vem sendo desenvolvida ao longo de quatro anos e entra agora em fase de lançamento e expansão. A montagem da Rede AdielSumus na Plataforma LEAG GROUP, com a possibilidade de estabelecimento de capítulos regionais em cada país de língua portuguesa, permite sistematizar e acelerar as relações entre os próprios participantes da Rede AdielSumus, destes com participantes de outras redes dentro do Ecossistema de Negócios Cruzados da Plataforma LEAG GROUP e, ainda, com todos e quaisquer interessados em relações de negócios e comerciais, em nível regional e global, através da Internet. No que diz respeito ao fomento e crescimento dos negócios na Lusofonia, de que forma a AdielSumus se tem adaptado e reinventado face às constantes transformações das Comunidades? O investimento nesta plataforma digital em contrato com a LEAG GROUP nos tempos que correm, foi a forma encontrada para divulgar a nossa ação na Lusófonia e PALOPS, atrair empresas e instituições para dentro dela, que possam em conjunto divulgar negócios nos países de língua portuguesa, as suas páginas Web e redes sociais coma a divulgação de negócios , estando já implementada em 18 países, tendo a possibilidade de conffcalls e de palestras, como a de realizar ações de formação, de consultoria etc. Esperamos que esteja totalmente operacional no início de 2022. Neste

momento está em fase provisória de implementação, até ao final deste ano. Neste 1/4 de século muito de viveu e aprendeu. Assim, que perspetivas encontra para os próximos anos da CPLP? Que desafios e conquistas podemos esperar para a Lusofonia? Esta pandemia mudou e de que maneira a forma de nos comunicarmos e de nos deslocarmos, visto que as restrições impostas por muitos países não permitiram tal ação, efetivamente as reuniões passaram a ser virtuais, os congressos e também as palestras, ficamos sem o contacto físico, com famoso abraço e aperto de mão, ao selar um acordo ou negócio, a paragem obrigatória da aviação e das empresas durante vários meses, dificultou e muito a concretização dos mesmos, mas por outro lado, facilitou as reuniões e permitiu nos que pudessemos exercer a nossa atividade, mesmo com os nossos membros espalhados pelos 5 continentes. O maior desafio será no início de 2022, de inaugurar fisicamente todas as delegações ou representações da Adielsumus, permitir e apoiar a realização de negócios com os nossos parceiros nos países da Lusofonia, onde neste momento temos designados todos os nossos representantes. Neste processo, qual será o posicionamento futuro da AdielSumus, no sentido de apoiar, expandir e evoluir a CPLP nos próximos anos? Esperamos alcançar um número de aderentes na plataforma digital significativo nos próximos dois anos, em parceria com outras associações ou instituições, que se queiram juntar a nós e que estão de algum modo ligadas ao PALOPS e ao seu desenvolvimento económico e digital. Neste âmbito e neste preciso momento, configuramos as nossas sub-plataformas nos vários países na Lusofonia, em conjunto com a LEAG GROUP, no comando, pelo seu Diretor Comercial em conjunto com o nosso Eng. Informático, todo o processo informativo e de formação local, caminhamos passo a passo e afincadamente para o sucesso da nossa plataforma de negócios em 2022. Também protelamos neste ano, variados contactos com parceiros empresariais, para a implementação de vários projetos de investimento por exemplo em Angola, no turismo e na industria, com um projeto de um parceiro empresarial em Luanda e com um parceiro Industrial no Brasil, a Potivias SA, fizemos a ponte em consultoria, na concretização de um consórcio internacional, que participou há meses atrás, num concurso público em Angola, sobre o tratamento de residuos sólidos, de sua especialidade no Brasil. Continuamos com afinco de desenvolver contactos para os projetos dos nossos aderentes, em prol do investimento na Lusofonia, contudo esperamos que novos parceiros empresarias se juntem a nós, através da vossa Publicação, a Revista Pontos de Vista que muito nos orgulha de participarmos, na qual pretendemos utilizar as nossas competências, em prol da Adielsumus, em assessoria aos seus parceiros e membros que se juntaram a nós. ▪

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PONTOS DE VISTA CPLP – 25 ANOS

“O nosso Compromisso com Angola é de Aço” Luís Diogo, Diretor Geral da Fabrimetal Angola, afirma que aquilo que distingue esta empresa é o facto de tentar, desde 2010 – ano da sua criação - superar as expetativas dos clientes. Por esse motivo, e para mostrar um pouco mais de si, irá marcar presença na Feira Internacional de Luanda – FILDA, de 16 a 20 de novembro.

D

e 16 a 20 de novembro irá realizar-se a Feira Internacional de Luanda (FILDA) Sendo uma empresa com sede no Pólo Industrial de Viana, Angola, a 25km de Luanda, a Fabrimetal é uma das organizações angolanas que cria impacto desde que iniciou a sua produção, em 2010. Assim, qual o compromisso que tem vindo a marcar o percurso desta marca para com o mercado e populações que a acompanham? De facto, temos criado um impacto muito significativo no mercado. O nosso compromisso com Angola é de Aço! Penso que é esta atitude de comprometimento e resiliência por um lado e por outro lado a constante busca de superar as expectativas dos nossos clientes, que de certa forma nos diferencia.

LUÍS DIOGO

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De que forma a Fabrimetal tem tido a oportunidade de ajudar o país, construindo uma forma de vida sustentável para a sua comunidade e ligações sólidas para um futuro forte?

Como já mencionado, o início de produção da nossa unidade Industrial teve um impacto muito grande no mercado nacional. A nossa indústria impactou positivamente na economia, pois o valor agregado gerado é substancialmente positivo, senão vejamos: Fomentamos a economia circular, reutilizando resíduos de materiais ferrosos e transformando os mesmos num produto final de qualidade internacional; Geramos muito emprego. nacional direto, ao empregar cerca de 500 colaboradores, o que nos permite dizer que indiretamente geramos rendimento a cerca de 2500 pessoal, se conciderarmos que cada agregado tem 5 membros; Ao adquirirmos cerca de 500 toneladas de materiais ferrosos/dia, a cerca de 15/20 fornecedores, estamos aqui também a gerar renda a muitas famílias e por outro lado a contribuir fortememente para a formalização da economia; A colocação no mercado do nosso produto, inicialmente apenas Varão de Aço para armaduras de Betão e agora recentemente com o início de produção de Cantoneiras, Barras e perfis,


PONTOS DE VISTA CPLP – 25 ANOS

“A FABRIMETAL, NO ÂMBITO DAS SUAS ATIVIDADES E ENQUANTO EXPORTADOR DE PRODUTOS SIDERÚRGICOS, PODE CONTRIBUIR DE FORMA SIGNIFICATIVA PARA O AUMENTO DAS TROCAS COMERCIAIS ENTRE OS PAÍSES DA COMUNIDADE DE LÍNGUA PORTUGUESA”

partes envolvidas, nomeadamente no que toca à mobilidade de pessoas e bens. A Fabrimetal, no âmbito das suas atividades e enquanto exportador de produtos siderúrgicos, pode contribuir de forma significativa para o aumento das trocas comerciais entre os Países da Comunidade de Língua Portuguesa.

impactou positivamente na redução das importações e aumento das exportações, pois já estamos a exportar para os mercados limitrofes;

Sabemos que a Fabrimetal trabalha diariamente para a economia local, oferecendo alternativas competitivas e de qualidade para o consumo da região. Podemos afirmar que este é também um dos grandes objetivos para a Lusofonia? De que forma a marca promove a união com os restantes países de língua portuguesa? Como referi anteriormente, sendo a Fabrimetal uma Empresa de direito angolano e integrando um grupo empresarial com forte presença em Africa, a Fabrimetal tem todo o interese em aumentar as trocas comerciais com os restantes paises da Comunidade, alargando o seu volume de exportações. Para tal penso ser importante sejam dados passos mais significativos na livre circulação de pessoa e bens dentro da comunidade. Desta forma a CPLP será efetivamente um bloco económico muito importante.

Foi em julho do presente ano que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) comemorou 25 anos de história. Como é que olha para a evolução que se deu ao longo de todos estes anos e da qual a Fabrimetal pôde e poderá continuar a contribuir? Olhamos de forma positiva, sendo que somos de opinião que se poderiam ter dados passos mais significativos, para benefício de todas as

De 16 a 20 de Novembro irá realizar-se a Feira Internacional de Luanda (FILDA) – um evento multi-setorial de exposição e negócios que junta anualmente empreendedores nacionais e internacionais, e no qual a Fabrimetal irá marcar presença este ano. Que expetativas e objetivos estão previstos para esta participação? As expectativas são grandes! Agora com a

reabertura gradual da economia, esperamos voltar a ter uma FILDA com muitas presenças, quer nacionais quer internacionais. Para nós é sempre importante estar presente neste evento, pela importância do mesmo no contexto nacional e agora mais ainda por termos diversificado a nossa Produção e aproveitar esta “montra” para divulgar os novos produtos. No âmbito da CPLP, como descreve a importância de eventos como a FILDA? É muito importante! Este tipo de eventos permite estreitar mais as relações comerciais e fomentar mais negócio. Somos de opinião de que deveria existir um evento anual onde as empresas pertencentes aos países da CPLP pudessem estar presentes, expondo as suas potencialidades, para fazer Network e aí desenvolver mais negócios. A terminar, que novas etapas estão a ser desenhadas a médio e longo prazo para o futuro da Fabrimetal? Estamos sempre em movimento...! Em outubro de 2020 concluímos um processo de reinvestimento de cerca de 21 Milhões de Dólares, com a implementação de uma nova linha de laminação para produção de Cantoneiras, Barras e Perfis, implementamos novo sistema de filtragens de fumos da unidade industrial e aumentamos a capacidade de processamento de sucata, com a aquisição de novos equipamentos. No momento atual estamos a preparar um novo aumento de capacidade produtiva, passando das atuais 12.000 Toneladas/Mês para 15.000 Toneladas/Mês. ▪

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PONTOS DE VISTA SABOR DO ANO 2021

“A DHC POSICIONA-SE EM CATEGORIAS DE PRODUTOS QUE POR SI SE DIFERENCIAM QUER PELA INOVAÇÃO, QUER PELO SEU VALOR ACRESCENTADO”

DHC FOOD EXPERIENCE

e o Prémio Sabor do Ano 2021 Paixão e vontade de arriscar são duas das melhores qualidades que caracterizam Ana Paula Teixeira, CEO da empresa familiar DHC FOOD EXPERIENCE. Prova disso mesmo é o Prémio Sabor do Ano 2021 que, através da sua marca PASTA DO DIA, a mesma, recebeu recentemente pela segunda vez consecutiva. Não se trata de sorte, mas sim de uma qualidade inigualável - que hoje é (bem) reconhecida no mercado.

A

DHC é uma empresa familiar fundada em 1997 e representa a paixão por produtos alimentares inovadores, deliciosos, saudáveis e que proporcionam momentos de puro prazer. De que forma, ao longo de todos estes anos, a marca tem acompanhado e antecipado as tendências de consumo? Desde logo com um constante acompanhamento direto de tendências em outros mercados, especialmente na Europa Ocidental, quer por via de visitas a pontos de venda em diferentes países, quer por via de Feiras Internacio-

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nais, bem como pelo network internacional que temos ao nível do procurement. O compromisso da DHC passa pela seleção dos melhores produtos e pela sua colocação no mercado de forma competitiva e à altura dos consumidores mais exigentes. Sendo este um mercado efetivamente competitivo, em que medida a marca se destaca e diferencia das restantes? A DHC posiciona-se em categorias de produtos que por si se diferenciam quer pela inovação, quer pelo seu valor acrescentado. Depois,

é essencial associar um correto posicionamento de preço, eficaz comunicação, um suporte logístico muito eficiente e uma adequada seleção dos pontos de venda. Prova da excelente qualidade dos produtos da DHC, a PASTA DO DIA recebe pela segunda vez consecutiva o Prémio Sabor do Ano em 2021. Quão importante é, para a empresa, este reconhecimento? É sempre uma grande alegria vermos o reconhecimento dos produtos da nossa marca PASTA DO DIA ser renovado por este conceitua-


PONTOS DE VISTA SABOR DO ANO 2021

"É SEMPRE UMA GRANDE ALEGRIA VERMOS O RECONHECIMENTO DOS PRODUTOS DA NOSSA MARCA PASTA DO DIA SER RENOVADO POR ESTE CONCEITUADO PRÉMIO" do prémio. Estamos sempre atentos à melhoria contínua e esta avaliação por uma entidade externa com avaliação dos consumidores, que são quem nos move e motiva, é uma validação muito importante para nós. No que diz respeito ao Sabor do Ano, que critérios e parâmetros são tidos em conta aquando da seleção dos produtos e que, naturalmente, a PASTA DO DIA da DHC preenche? O Prémio Sabor do Ano é um certificado exclusivo para a área alimentar que distingue os produtos através de testes organoléticos anónimos efetuados pelo consumidor em ambiente de laboratório. O painel selecionado foi composto por 80 consumidores com idades compreendidas entre os 20 e os 70 anos, de ambos os géneros (58 mulheres e 22 homens). O consumidor avalia o sabor, odor, textura, aspeto visual e a recomendação/intenção de compra. Para cada um destes parâmetros, atribui uma nota numa escala de 1 a 10. Se o produto obtiver uma avaliação igual ou superior a 6 pontos e a maior nota entre produtos da concorrência, é premiado Sabor do Ano. Esta distinção realiza-se em Portugal há alguns anos, assim como Espanha, França, Itália, México e Colômbia.

da ao apoio dos nossos clientes institucionais de longa data e de grande notoriedade que confiam em nós e estão dispostos a arriscar em conjunto com a DHC. Para o futuro – e para dar continuidade ao sucesso da história DHC – que novidades podemos esperar? Temos um conjunto de surpreendentes novidades a sair nos próximos meses para o mercado dentro das novas tendências e que acredi-

tamos que vão ser muito bem recebidas pelos consumidores, mas mais de momento não podemos desvendar. Por fim, que mensagem gostaria de deixar aos consumidores que, ao longo destes 24 anos de existência, têm contribuído para o sucesso da DHC? A gratidão pela abertura a novas experiências, pela confiança e fidelidade para com as nossas marcas. ▪

Quais os motivos que fomentam que a PASTA DO DIA é a opção ideal para as refeições diversas dos consumidores? Qual o segredo que a torna inigualável no mercado? A sua sustentabilidade, que é sempre um fator ao qual estamos muito atentos e em constante evolução, versatilidade, vasta oferta, equilíbrio nutricional, a fluida comunicação com os consumidores que nos ajuda a fomentar a melhoria continua, tudo isto combinado com a confiança e conveniência. Além da qualidade, é de notar também a questão da inovação, que tem especial enfoque para a DHC. Inovar nos produtos tem sido essencial no reconhecimento da empresa? De que forma é possível inovar neste setor? Sim, sem dúvida e é possível acima de tudo pela nossa paixão e coragem em arriscar alia-

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PONTOS DE VISTA SABOR DO ANO 2021

“DHC IS POSITIONED IN PRODUCT CATEGORIES THAT STAND OUT FOR THEIR INNOVATION AND ADDED VALUE”

DHC FOOD EXPERIENCE

and the 2021 Sabor do Ano Award Passion and willingness to take risks are two of the best qualities that characterize Ana Paula Teixeira, CEO of the family business DHC FOOD EXPERIENCE. Proof of this is the Sabor do Ano 2021 Award, which, through its PASTA DO DIA brand, was recently awarded for the second consecutive time. This is not luck, but a reflection of unparalleled quality

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HC is a family business founded in 1997 and represents the passion for innovative, delicious, healthy food products that provide moments of pure pleasure. How, throughout these years, has the brand followed and anticipated consumer trends? From the outset we have diligently and consistently monitored trends across all specialty food markets, especially in Western Europe, either through visits to points of sale in different countries, or through International Fairs, as well

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as through the international network we have developed at the procurement level. DHC’s commitment involves selecting the best products and placing them on the market in a competitive manner and with an eye to engaging the most demanding consumers. Since this is an effectively competitive market, to what extent does the brand stand out and differentiate from the others? DHC is positioned in product categories that stand out for their innovation and added value.

For us, it is essential to associate a correct price positioning, very efficient logistical support and communication, and an adequate selection of points of sale. Proof of the excellent quality of DHC’s products, PASTA DO DIA receives, for the second consecutive time, the Sabor do Ano Seal in 2021. How important is this recognition for the company? It is always a great joy to see the recognition of the products of our PASTA DO DIA brand being


PONTOS DE VISTA SABOR DO ANO 2021

“IT IS ALWAYS A GREAT JOY TO SEE THE RECOGNITION OF THE PRODUCTS OF OUR PASTA DO DIA BRAND BEING REWARDED BY THIS PRESTIGIOUS SEAL”

rewarded by this prestigious Seal. We are always on the lookout for continuous improvement and this assessment by an external entity with the assessment of consumers, who are the ones who move and motivate us, is a very important validation for us. With regard to Sabor do Ano, which criteria and parameters are taken into account when selecting products and which, naturally, does DHC’s PASTA DO DIA fulfill? The Sabor do Ano Award is an exclusive certificate for the food sector that distinguishes products through anonymous organoleptic tests carried out by the consumer in a laboratory environment. The panel selected was composed of 80 consumers aged between 20 and 70 years, of both genders (58 women and 22 men). The consumer evaluates the taste, odour, texture, visual appearance and the recommendation/intention to buy. For each of these parameters, it assigns a score on a scale from 1 to 10. If the product obtains a rating equal to or greater than 6 points and the highest score among competing products, it wins the Sabor do Ano seal. This distinction has been held in Portugal for some years, as well as in Spain, France and Italy.

Yes, without a doubt and it is possible, above all, because of our passion and courage to take risks, combined with the support of our long-standing and well-known institutional clients who trust us and are willing to take risks together with DHC. For the future – and to continue the success of the DHC story – what new products can we expect? We have a set of exciting and surprising new products coming to the market in the coming months, reflecting new trends (like sustainabi-

lity, “Free-From”, Etc.) and which we believe will be very well received by consumers. However, at the moment we are keeping these secret for commercial and marketing reason! Watch this space! Finally, what message would you like to leave to consumers who, over these 24 years of existence, have contributed to the success of DHC? The gratitude for the openness to new experiences, for the trust and loyalty to our brands. Thank You. ▪

What are the reasons that encourage PASTA DO DIA to be the ideal option for consumers’ diverse meals? What is the secret that makes it unique in the market? Its sustainability, which is always a factor in which we are very attentive and in constant evolution, as well as versatility, wide offering, nutritional balance, the ongoing communication with consumers that helps us to foster continuous improvement, all combined with trust and convenience In addition to quality, it is also worth noting the issue of innovation, which has a special focus for DHC. Has innovation in products been essential for the company’s recognition? How is it possible to innovate in this sector?

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PONTOS DE VISTA TURISMO

Castro Marim Golfe & Country Club e o futuro do Golfe em Portugal

Atualmente - no universo do golfe - muitos são os mitos e verdades por desvendar. Ninguém melhor do que David Martins, Diretor de Marketing e Alojamento do Castro Martim Golfe & Country Club para desmistificar algumas ideias pré-concebidas da modalidade. Conheça tudo sobre este tema e ainda sobre o futuro do setor.

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urante vários anos consecutivos, Portugal foi considerado o melhor destino de Golfe da Europa. Tendo o Castro Marim Golfe & Country Club desafios emocionantes nesta modalidade, o que fomenta este reconhecimento nacional em comparação com outros países da europa? A elevada qualidade dos campos de golfe existentes no Algarve em particular, e em Portugal globalmente, tem permitido que ao longo dos últimos anos tivéssemos sido distinguidos com diversos prémios internacionais e considerados como um dos melhores destinos de golfe da Europa e do Mundo. Acrescem outros fatores ímpares como o clima, que possibilita que os jogadores dos principais mercados emissores, como o Reino Unido, a Alemanha, a Suécia, a Holanda, a Irlanda, etc., pratiquem golfe em períodos temporais em que no seu país é difícil ou mesmo impossível (inverno); a diversidade dos campos de golfe, com layouts desenhados pelos mais prestigiados arquitetos de golfe do mundo e situados em diferentes contextos; a qualidade dos serviços turísticos prestados; ou mesmo as acessibilidades. Sobre o nosso Resort, que possui 27 buracos, possibilitando estabelecer 3 combinações de 9 buracos, é um desses bons exemplares de elevada qualidade, sendo atrativo para jogadores amadores e também para jogadores profissionais mais exigentes. Aqui, para além do bom tempo que nos abençoa, das boas acessibilidades no contexto nacional e internacional, esforçamos-mos diariamente para ter um campo de golfe em perfeitas condições de

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DAVID MARTINS

prática e tudo fazemos para prestar um serviço de elevada qualidade que faça com que os nossos golfistas voltem e passem a palavra. Considera que o setor do golfe e algumas ideias que estão há vários anos pré-concebidas necessitam de ser desmitificados? Que mitos e verdades existem ainda por desvendar? Um dos principais mitos é que o golfe é uma atividade elitista, ao qual só um grupo muito restrito de

indivíduos consegue aceder. Tal situação está particularmente associada ao custo pressuposto da prática de golfe comparativamente a outras modalidades. Mas será mesmo assim? Normalmente pergunto às pessoas que têm esse pensamento para considerarem o seguinte: quanto custa praticar hipismo, onde deve haver um investimento na aquisição de cavalos, equipamentos e transportes especiais? Quanto custa praticar um desporto motorizado, de mota ou carro, com as respetivas manutenções associadas? Quanto custa praticar desportos náuticos, designadamente realizados em embarcações? E esses desportos são considerados elitistas? Se fizermos uma análise séria, verifica-se que o golfe é uma atividade com custos normais comparativamente à prática de qualquer outro desporto. É possível adquirir o equipamento a preços bastante razoáveis e a prática regular pode fazer-se através de clubes e academias locais, e/ou através da subscrição de mensalidades ou anuidades com preços competitivos. Por essa razão, penso que é um fundamental desmitificarmos esta ideia preconcebida e promover a prática do golfe junto de todos os portugueses. Enquanto produto turístico estratégico a nível nacional, é (cada vez mais) necessário que, o mesmo, vá ao encontro de alguns pontos e temas importantes, como a sustentabilidade. Assim, em que medida, Portugal e mais concretamente o Castro Marim Golfe & Country Club tem promovido uma prática mais consciente e amiga do ambiente?


PONTOS DE VISTA TURISMO

Dos diversos negócios do turismo, os empreendimentos turísticos que têm como âncora a prática do golfe, oferecendo complementarmente alojamento e serviços de restauração, são dos que mais espaço ocupam, recursos consomem e têm impactos que devem ser considerados. Os impactos negativos normalmente associados ao golfe são a perda de biodiversidade; a eutroficação dos rios ou das águas do mar devidos à utilização de fertilizantes; o consumo excessivo de água para regas; o estilo de vida exclusivo que se vive nos empreendimentos de golfe; a especulação de preços da habitação que prejudicam as gerações mais novas ou a criação de pressão sobre o território. Nesse sentido, e tendo em conta as preocupações de sustentabilidade mundiais e as novas tendências de procura turística que privilegiam destinos e empresas que respeitem o ambiente, é importante que todos os gestores e colaboradores dos empreendimentos turísticos de golfe continuem a investir nesse desiderato. No nosso empreendimento são várias as medidas que tomamos tendo em vista esse equilíbrio tão necessário. No âmbito ambiental destacaria o facto do resort utilizar água para rega de uma barragem próxima e de se proceder ao armazenamento de água da chuva, sendo que num futuro muito próximo, já temos prevista a utilização de água residuais tratadas. Outros pontos são a baixa densidade de construção existente; a utilização de sistemas de minimização de consumos como as lâmpadas de baixo consumo, a utilização de painéis solares, os redutores de caudal; a promoção da reciclagem de lixos e reutilização de materiais; a promoção da instalação ninhos para apoio à nidificação de aves; a utilização de buggies elétricos no campo; entre muitas outras. Como os impactos podem, ainda, ser a nível sociocultural, ressalvo o facto da maioria dos colaboradores da empresa serem de Castro Marim ou dos concelhos limítrofes, com boas condições de trabalho e contratos estáveis; de bastante sermos ativos quanto à nossa responsabilidade social, através da promoção de medidas de apoio à comunidade local como a oferta de donativos e bens a comunidades e associações locais e, donativos de serviços; ou a oferta de programas com empresas de animação turísticas locais no sentido de promover a descoberta do património cultural e natural desta sub-região do Baixo Guadiana.

“A ELEVADA QUALIDADE DOS CAMPOS DE GOLFE EXISTENTES NO ALGARVE EM PARTICULAR, E EM PORTUGAL GLOBALMENTE, TEM PERMITIDO QUE AO LONGO DOS ÚLTIMOS ANOS TIVÉSSEMOS SIDO DISTINGUIDOS COM DIVERSOS PRÉMIOS INTERNACIONAIS E CONSIDERADOS COMO UM DOS MELHORES DESTINOS DE GOLFE DA EUROPA E DO MUNDO” A nível económico, privilegiamos a contração de serviços de empresas locais nos domínios da construção, manutenção, novas tecnologias, serviços diversos, o que estimula e promove a economia local. Resultado de um longo trabalho, o setor do golfe tinha largas expetativas de que 2020 seria o seu melhor ano. De que forma, em contexto de pandemia, o Castro Marim Golfe & Country Club continuou a (re)animar aquele que se esperava ser o melhor ano para a indústria portuguesa do golfe turístico? Como bem refere, 2020 iniciou da melhor forma para todo o setor do turismo e as expetativas eram elevadas. O ano de 2019 quebrou vários recordes e a continuidade desse caminho era esperada. Porém, como todos sabem, face à pandemia mundial fomos obrigados a fechar os nossos serviços e a adaptar-nos a esta nova realidade tão dura. Ao longo do ano transato e do corrente, apesar dos ajustes operacionais que fomos obrigados fazer, tentamos sempre manter a qualidade do nosso campo de golfe, a prestação de serviços de comidas e bebidas e a garantia de segurança e qualidade dos serviços de alojamento. Apesar da crise e dos encerramentos obrigatórios não deixamos de fazer a manutenção dos nossos espaços, mantendo tudo em boas condições para que quando fosse possível abrirmos, em especial para os membros do nosso clube de golfe e alguns jogadores do mercado nacional – um mercado extremamente residual face ao baixo número de praticantes, pudéssemos ter um produto adequado às expetativas. Tentamos, também, em consonância com os interesses dos nossos clientes sermos mais flexíveis comercialmente, criarmos novas ofertas turísticas e

a reforçarmos a nossa preocupação com as questões de higiene e segurança. É possível, desde já, desenhar o cenário dos próximos tempos enquanto tendência para esta modalidade em Portugal? De que forma o Castro Marim Golfe & Country Club irá promover e inovar o setor? Que novidades estão previstas? Em Castro Marim Golfe & Country Club temos vindo a realizar várias iniciativas no sentido de promover a atividade de golfe, em especial dando oportunidade aos jovens locais terem a sua primeira experiência neste desporto. Durante este verão, por exemplo, várias centenas de jovens que fizeram parte do programa de férias ativas promovido pelo município de Castro Marim tiveram aulas de iniciação lecionadas pelo nosso Profissional de Golfe, Peter O’Connor. É, como já referi anteriormente, fundamental termos mais jovens e portugueses a praticar esta modalidade. Por outro lado, continuaremos a promover iniciativas e eventos que possibilitem a visita de outros públicos, que não somente os jogadores de golfe, para que possam desfrutar da atmosfera única do nosso espaço. Por fim, gostaria de deixar um convite a todos os que nunca tiveram oportunidade de conhecer/ visitar um campo de golfe e assim o desejem? Sim, gostaria de convidar os portugueses, de todos os géneros, dos 8 aos 80 anos, a terem uma experiência de golfe e confirmarem o quão agradável é praticar este desporto. São muitas as vantagens que irão ter para a sua saúde física e mental, até porque se trata de um desporto que estimula o companheirismo, a disciplina, a cortesia, o respeito e a integridade, sempre num ambiente natural e sustentável. Visite e ficará agradavelmente surpreendido. ▪

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PONTOS DE VISTA DECORHOTEL 2021

DECORHOTEL

regressa à FIL em outubro “A DECORHOTEL surgiu devido ao meu conhecimento quando construi o primeiro hotel, HOTEL LIS BAIXA de Lisboa e me deparei com uma lacuna neste mercado, o que me levou a equacionar uma feira para o setor”, afirma José Vieira Frazão, CEO da Exposalão, ao preparar aquela que é já a quarta edição do evento profissional de projeto, construção, decoração, equipamentos, produtos e serviços para hotelaria. De 21 a 23 de outubro na Feira Internacional de Lisboa.

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omo desenvolveram a ideia de realizar uma feira com as características da DECORHOTEL? Desde o seu começo que a Exposalão procura ir ao encontro das exigências do turismo e está a par do desenvolvimento dos diversos setores e mercados empresariais, pelo que, ao acompanhar a evolução do setor, e num cenário em que os níveis de crescimento do turismo bateram records em 2019 o que esperamos que volte a acontecer em 2022. Conseguimos percecionar que se tornou quase numa necessidade para as empresas que se movimentam no ramo da hotelaria, a atualização constante das soluções e novidades. A DECORHOTEL surgiu devido ao meu conhecimento quando construi o primeiro hotel, HOTEL LIS BAIXA de Lisboa e me deparei com uma lacuna neste mercado, o que me levou a equacionar uma feira para o setor. Nesta vinda a Lisboa, quais serão os destaques do evento? A vinda para Lisboa trouxe um maior número de expositores de qualidade e certamente de visitantes, continuamos a aumentar o nosso programa de seminários e debates, permitindo um maior leque de atividades durante os dias de feira, assim como de interação e debate entre profissionais, que vai enriquecer o evento. Destaque para os nossos expositores, que durante 3 dias apresentarão uma grande diversidade de propostas e soluções, o que de melhor existe no setor da hotelaria e similares. Qual a importância de um evento como este, a considerar que

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Portugal se tem destacado cada vez mais no setor turístico? Esperamos que a procura e interesse pelo turismo seja crescente nos próximos momentos, quer no plano nacional, quer no plano internacional e que se desenacdeie um natural aumento dos investimentos turísticos e número de unidades hoteleiras e alojamentos locais. Neste contexto, a DECORHOTEL apresenta-se como uma montra privilegiada de opções para os investidores e promotores hoteleiros de criarem hotéis diferenciados, que cada vez mais representam experiências que vêm valorizar a marca de Portugal no mundo.

JOSÉ VIEIRA FRAZÃO

Há algum setor/tipo de produto que se destaque em termos de exposição e de procura? Não, a feira contempla todas as áreas necessárias para a construção de um Hotel ou um Alojamento local, e Remodelação e Decoração de unidades hoteleiras. Destacamos as seguintes áreas: Construção (sanitários, portas, janelas, pavimentos e revestimentos e iluminação); Arquitetura e design de interiores, com projetos integrados de chave na mão; Decoração (mobiliário, colchões, estofos, alcatifas e tapeçarias);

“A NOSSA PERSPETIVA É ALTERNAR A FEIRA ENTRE LISBOA E PORTO, E FAZER COM QUE SEJA O EVENTO DO SETOR, ONDE A OFERTA E A PROCURA SE ENCONTRAM, COM A PERSPETIVA DE ATUALIZAÇÃO DE PROPOSTAS SEGUINDO AS TENDÊNCIAS DO DESIGN E DECORAÇÃO, COM VISTA À CONCRETIZAÇÃO DE NEGÓCIOS”


PONTOS DE VISTA DECORHOTEL 2021

Têxteis: tecidos, atoalhados (cama, banho e mesa) e vestuário profissional; Equipamentos: cozinha, lavandaria, spas e fitness; Gestão e tecnologia: domótica; controlo de acessos, softwatre, fechaduras, cofres e sinalética; Amenities e produtos de higiene e limpeza; e para o exterior, mobiliário e iluminação. Tencionam internacionalizar o evento? De que forma, e para que mercado? Sim, trabalhamos no sentido de dinamizar e enriquecer o mercado nacional e os seus negócios, tendo também como foco a exportação. Os expositores procuram cada vez mais e chegar ao mercado internacional é sem dúvida um objetivo. Nesta nova era digital em que vivemos é mais fácil fazer crescer uma feira como a DECORHOTEL.

Já estamos também a convidar a visitar compradores internacionais. Contamos ainda ter visitantes como arquitetos e decoradores, administradores a diretores e hoteleiros. Os produtos e serviços presentes em feira são preferencialmente procurados no mercado Português, como a Europeu e Norte de África. Os expositores têm vindo a surpreender os visitantes profissionais, edição após edição no sentido de os presentear com novas propostas de decoração, quer a nível de visitantes como de players do mercado. Quais as expetativas de público para esta quarta edição do evento? As expetativas ficaram valorizadas a partir do momento que as mar-

cas de referência nacional se inscreveram na feira. Um aumento do número de expositores em relação à primeira edição, que tem vindo a enaltecer o sucesso da feira junto dos profissionais. Por todos estes motivos a DECORHOTEL foca-se num setor muito específico, que se encontra em crescimento em todo o território nacional – o Turismo, com a necessidade de remodelação e construção das novas unidades hoteleiras. Quais são os objetivos futuros do certame? Acompanhar o setor e a sua dinâmica. A nossa perspetiva é alternar a feira entre Lisboa e Porto, e fazer com que seja o evento do setor, onde a oferta e a procura se encontram, com a perspetiva de atualização de propostas seguindo as tendências do design e decora-

ção, com vista à concretização de negócios. Por outro lado, pretendemos dar a conhecer o potencial dos expositores na feira. Vamos promover ações junto dos mercados externos, nomeadamente junto dos arquitetos e decoradores para visitarem a feira com o principal objetivo de fazer crescer o potencial da DECOHOTEL que tem na base muitos fabricantes e criadores de soluções para o sector hoteleiro e similar. Para além disto iremos ter atividades paralelas durante a feira num programa a divulgar futuramente, como é hábito. Uma das atividades será o concurso internacional DECORHOTEL DESGIN AWARDS 2021 - Organização da IF- IDEAS FORWARD em conjunto com a DECORHOTEL, levando o nome além-fronteiras. ▪

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PONTOS DE VISTA BREVES

WhatsApp, seguido do Facebook e do Twitter foram os meios preferenciais em Portugal para difundir conteúdo ‘desinformativo’ No último ano, a S21sec identificou um conjunto de riscos de cibersegurança derivados da existência de desinformação sobre a pandemia, impactando vários sectores. Desde campanhas de desacreditação e difamação de instituições, empresas e marcas (ex. SNS, farmacêuticas, telecomunicações, etc), bem como ataques de Phishing – potenciados pela distribuição de informação falsa sobre a doença, regras de confinamento/desconfinamento e a vacinação – com o objetivo de obter

informação de pessoas e organizações e, deste modo, alavancar ataques como os de ransomware ou exfiltração de dados confidenciais para potenciar crimes de extorsão, são alguns dos riscos identificados. A nível mundial, o meio preferencial para a distribuição de desinformação sobre a COVID-19 foi o WhatsApp, seguido do Facebook e do Twitter, com a imprensa online e o Instagram a fecharem o top-5, acontecendo o mesmo no caso de Portugal.

“Reciclar no Sentido Certo” é a campanha nacional que alerta os portugueses para a reciclagem de resíduos elétricos e eletrónicos

As entidades gestoras de Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos (REEE) Electrão, ERP Portugal e E-Cycle juntaram-se à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e à Direção-Geral das Atividades Económicas (DGAE) para mostrar aos Portugueses o destino certo para os aparelhos elétricos e eletrónicos que já não funcionam. “Reciclar no sentido certo” é o mote da campanha nacional de sensibilização que explorará o lado emocional dos Portugueses, conduzindo-os a seguir num só sentido – “o certo”. A campanha ajudará o cidadão a perceber onde colocar os equipamentos elétricos e eletrónicos que já não podem ser reparados e que atingiram o seu fim de vida, e alertará para a importância do seu comportamento no processo de reciclagem. Muitos destes equipamentos são ainda descartados pelo consumidor no lixo comum e vão parar a aterros. Outros ficam a poluir solos e linhas de água e as substâncias nocivas acabam por contaminar a cadeia alimentar. Ao “reciclar no sentido certo” é possível evitar o abandono de REEE e promover o aumento das taxas de reciclagem, garantir o tratamento e a descontaminação das substâncias nocivas e reaproveitar os materiais, integrando-os novamente no ciclo produtivo e reduzindo a extração de matérias-primas virgens. A campanha estará no ar até outubro nos meios televisão, rádio, e canais online, incluindo as redes sociais e o website www.reciclarnosentidocerto.pt, onde será possível encontrar os principais conceitos associados à gestão de REEE, apelando à participação ativa dos cidadãos, através da entrega dos seus resíduos nos locais apropriados, consolidados e disponíveis nesta plataforma.

Albufeira vai ter sessões de cinema ao ar livre Fundação INATEL e a Galp promovem a segunda edição do Drive In, na Costa da Caparica e em Albufeira. Em Albufeira será de 30 de setembro a 5 de outubro no INATEL Albufeira, com exibições às 21h30. O cartaz irá contar com filmes como “Space Jam: Uma Nova

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Era” e ainda “Operação Portugal”, entre outros. A entrada é gratuita mediante de reserva obrigatória para plateia e carro através dos números 210 027 148 e 210 072 478, entre as 10 e as 18 horas, de segunda a sexta-feira.




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