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LITERATURA

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TRADIÇÕES

TRADIÇÕES

NEUZA RODRIGUES Jones da Silva Gomes

NEUZA RODRIGUES, ESCRITORA E DRAMATURGA FAZ REFERÊNCIAS A MODALIDADES PARTICULARES DE UTILIZAÇÃO DA LINGUAGEM, AO ACERVO HISTÓRICO, RELIGIOSO, AOS COSTUMES DO POVO DE ABAETETUBA, EM MEDIDAS, DE TAL GRAU ENVOLVENTES, QUE NOS TRANSPORTAM PARA AS CENAS. ESTA PRÁTICA LITERÁRIA, POR VEZES, É ROTULADA DE RESGATE CULTURAL.

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Neuza Rodrigues nasceu em Abaetetuba no dia 08 de Julho de 1952, frequentou o colégio Augusto Meira em Belém, e, se formou graduanda em Letras e Artes pela UFPA -com as dificuldades descritas por uma amiga- de quem furava os sapatos de tanto andar pra chegar na universidade. E a Neuza sonhadora e guerreira segundo relatos, ia agrupando sempre os jovens no afã de ajuda-los pela arte, reinventando a crítica social no teatro e na sua música. Segundo o Dr. em Linguística da USP Sandoval Nonato alguns temas lhe eram muitos presentes: “entre ele, aquele da cultura local, em sua dimensão ética e política, como aparece na crítica ao modelo civilizatório que torna o trabalhador ribeirinho “um canoeiro de carro-de-mão” e transforma seu corpo em “quase concreto”, registrada na antológica canção “Lamento Tocantino”. Mas, será na educação que a professora de língua portuguesa das Escolas Leônidas Monte e Esmerina Boa Habib se destacara numa versátil experiência que irá compatibilizar com seu engajamento, mas, bem antes disso já costurava sua passagem no grupo Neófitos, com farta produção cultural de quem já havia se colocado no mundo, como protagonista das muitas histórias. No final da década de 1980 cria o grupo de Teatro Viva Voz, que durante dois anos apresentou a peça: “Soledade: A lenda”, obtendo 10 em crítica e público no Festival de teatro do Centur no início de 1990, o grupo também visitou outros municípios do interior do Pará, além de participar em festivais de teatro no Município de Abaetetuba. Outros projetos para o teatro foram engavetados, como o trabalho de nome “utopia”. Neste mesmo período realizou em parceria com a prefeitura de Abaetetuba o projeto “Pacoca” sediado na vila de Beja, um espaço para a valorização dos artistas locais e do imaginário caboclo presente no vilarejo, no veraneio o espaço era uma alternativa as forças do entretenimento fácil que destruíam o meio ambiente e a cultura da vila, lá também incentivou o grupo de Boi Bumbá “Estrela Dalva”. Por outro lado, já participava ativamente do carnaval de rua da Cidade pelo “Império de São Lourenço”, “Manhoso” e “Unidos da Francilândia”, e, no mesmo período foi idealizadora e fundadora do grupo de Dança Raízes do Campo, que veio a se firmar como grande revelação da Quadra Junina. Ao longo das muitas semanas de Arte e Folclore, Neuza Rodrigues notabilizou-se em ganhar prêmios no âmbito da poesia “um poema para Abaetetuba” e na música “Uma Canção para Abaetetuba”. Contudo, sua produção musical recente, versa sobre a religiosidade presente no catolicismo popular do qual também se coloca como devota de Maria, nos volumes 1 e 2 do CD- olhos da padroeira- fica bem explicita esta tendência compartilhada em parcerias e experiências no mundo da fé. Músicas como Auto da padroeira: procissão das artes, Oração Maria, A Bandeira de Nossa Senhora, figuram na lista das já conhecidas canções populares. E não para por ai...Na literatura “O artesão de Sonhos” seu conto, foi agraciado com a Menção Honrosa no IX Concurso de Contos da Região Norte, promovido pela UFPA, segundo o poeta e cronista Raimundo Sodré, ele: “reapresenta uma tragédia ribeirinha costurada com os tenazes fios do suspense e matizada com o gracioso lirismo caboclo, iluminado pelos fachos de Zé Fogueteiro, o conto mira-se no espelho do dialeto abaetetubense e se arvora por um caminho que vai

muito além do proselitismo da língua. Assim, nos brinda com impressões, com imagens, com dores e sabores. Neusa na literatura, é cor, é som, é luz, é quase cinema. E ali, nos dizeres dos personagens, ali, eu vi Cazuza riscar o miriti com precisão, e ali, vi o charme do dialeto afrancesado, e ali, como todo crente, eu vi a ilha da Pacoca virando um mundo encantado de luz.”. Este apoteótico convívio com a palavra e a cultura popular também rendeu nos últimos 15 anos a produção do “Auto da Padroeira”, evento que conduz com ajuda de muitos amigos e das comunidades católicas da cidade em homenagem a Nossa Senhora da Conceição, é um momento muito esperado pela população que participa dos festejos. Segundo a própria Neuza o Auto da padroeira surgiu de uma promessa a Santa: “Minha mãe se encontrava muito doente e, então, eu fiz uma promessa que se ela melhorasse, eu passaria a realizar um Auto em honra à Nossa Senhora da Conceição, minha mãe melhorou e eu no ano de 2002, comecei a fazer parte da organização do Auto da Padroeira”, cantando a toada com muita emoção nossa artista demonstra ainda caber diálogos entre a arte e a fé: “Oh! Senhora do andor, Mãe de nosso Senhor viemos te pedir, lá adiante a arte do povo espera por ti”. Assim, finaliza o canto em homenagem a nossa senhora, mas, o legado desta heroica figura de nossos tempos, corresponde a imagem de uma vida dedicada a arte e cultura, por isso, grande amiga... te recebemos com o prêmio-ENCANTADA- de Reconhecimento de Mestra da Cultura Abaetetubense, concedido pela MIRITONG, CUIRA e UFPA/ABAETETUBA.

Será na educação que a professora de língua portuguesa das Escolas Leônidas Monte e Esmerina Boa Habib se destacara numa versátil experiência que irá compatibilizar com seu engajamento, mas, bem antes disso já costurava sua passagem no grupo Neófitos, com farta produção cultural de quem já havia se colocado no mundo, como protagonista das muitas histórias.

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