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r e v i s ta b r a s i l e i r a d e a d m i n i s t r a ç ã o

Ano XXIII • Nº 93 • Março/Abril de 2013

Entrevista

Adm. Alexandre Pereira defende a união de forças por um Brasil melhor

Opinião

Você é um profissional lebre ou tartaruga?

Parceria

Público-Privada Administrador, conheça mais sobre esta oportunidade

9 771517 200009

00093

Empregar não é tudo

R$ 9,90

Colaboradores devem se sentir parte da organização

Invista em inovação

A primeira lição é buscar o equilíbrio. Mas conjugar o verbo inovar é uma necessidade

A UNIÃO COM A MÁQUINA

Recursos tecnológicos em ritmo acelerado


Inovação Gestão Estudante de Administração, seu artigo acadêmico com esse tema pode ajudar na sua carreira: - �º lugar R$ �.���,�� - �º lugar R$ �.���,�� - �º lugar R$ �.���,��

Leia o edital em

www.cfa.org.br Entregue seu artigo até 16 de agosto Também serão aceitos trabalhos de autoria coletiva Informações: formacao@cfa.org.br ou pelos telefones: (61) 3218-1819 / 3218-1815 www.belmirosiqueira.org.br


na Pública

SISTEMA

CFA/CRAs

CONSELHO FEDERAL DE ADMINISTRAÇÃO CONSELHOS REGIONAIS DE ADMINISTRAÇÃO

2013


Editorial

Olhos abertos A s boas oportunidades e

A outra reportagem, em certa medida, complementa a pri-

os ensinamentos pas-

meira, e vice-versa. São informações que dialogam. Nela se

sam com frequência

desvenda o método pedagógico Montessori, adotado por vá-

irregular diante dos nossos olhos.

rias escolas que receberam em seus bancos os mais renoma-

Bem fazem aqueles que, sensíveis a

dos gestores e empreendedores. A metodologia pode ser o ca-

tais estímulos, aceitam o desafio de

minho para desenvolver habilidades exigidas hoje e no futuro.

apostar em algo novo e estão de coADM. SEBASTIÃO LUIZ DE MELLO Presidente do CFA

ração e mente abertos para absorver informações úteis. As Parcerias Público-Privadas (PPPs) são uma modalidade de delegação do serviço

público e se mostram como uma opção de investimento que pode trazer resultados financeiros positivos. As chances de se associar ao Estado estão lançadas. Basta, a quem interessar, não deixar o “cavalo encilhado” simplesmente passar sem aproveitar a carona. Com a intenção de esclarecer e orientar, a matéria de capa desta edição da Revista Brasileira de Administração, a nossa RBA, trata de desmistificar as PPPs como oportunidade de negócio. A conversa com especialistas no assunto aponta, além da já comentada possibilidade de lucro, que o trabalho em parceria com os entes federativos oferece uma maneira mais eficiente de alocar riscos do investimento, pois as responsabilidades são compartilhadas com o Poder Público. Falando em parceria e sobre olhos abertos para conteúdos de relevância, cabe destacar o resultado do encontro entre a RBA e a HSM Management. Na seção “Dossiê HSM” estão expostas duas matérias que atingem em cheio o cotidiano do profissional de Administração. Numa delas, de forma muito prática, se fala sobre as novas competências que os seres humanos devem desenvolver para enfrentar um mercado de trabalho repleto de recursos tecnológicos. Trata-se de um processo irreversível, em que os mais adaptados encontrarão o sucesso.

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rba | revista brasileira de administração

Uma ótima forma de se aprender é com o exemplo. E exemplo para dar o Administrador Alexandre Pereira tem de sobra. Começou sua trajetória profissional ainda cedo, estudou, superou barreiras, empreendeu e hoje, além de um Administrador de sucesso, é o presidente do Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico do Ceará, cargo que tem o status de Secretário de Estado. Em uma entrevista intensa, Pereira revelou o sonho de ver o país se expandir, com foco no desenvolvimento humano e na redução da pobreza. A gestão de pessoas é um desafio para o Administrador. É tema recorrente na pauta do profissional da área e aprender com o que já está dando certo na prática é uma alternativa para minimizar possíveis erros. O caso da Volvo merece atenção e, por isso, foi escolhido para entrar nesta edição. A empresa de origem sueca vem se destacando ano após ano no ranking das melhores para trabalhar. E não é por acaso. O vice-presidente de Recursos Humanos e Assuntos Corporativos do Grupo Volvo América Latina, Administrador Carlos Morassutti, conversou com a RBA e garantiu que, entre outros fatores, transparência e diálogo aberto com os colaboradores são pontos fundamentais. Ainda fazem parte da presente edição artigos interessantíssimos, nossas colunas e matérias sobre as opções de negócios que podem ser implementados durante a Copa do Mundo. Boa leitura!



Sumário Ano XXIII • Nº 93 • MARÇO/ABRIL de 2013

ENTREVISTA

NOVOS NEGÓCIOS

INOVAÇÃO

10

16

62

Chefe de família bem-sucedido,

Evento injetará na economia R$ 9,2

Professor Moysés Simantob ensina

empresário de sucesso e, agora, à

bilhões em apenas dois meses – sem

que a primeira lição é buscar o

frente do Conselho Estadual de

contar o período pré e pós-evento.

equilíbrio. O voo fica para depois.

Desenvolvimento Econômico do Ceará.

A estimativa de receber 3,7 milhões

A inovação constante deve ser

Adm. Alexandre Pereira não se cansa

de turistas entre junho e julho de

encarada como algo essencial para

e se divide entre diversas atividades.

2014 faz com que muitos vejam no

se manter vivo num mercado cada

Para ele, o Brasil ainda tem muito o que

torneio esportivo a possibilidade de

vez mais competitivo e as empresas

avançar nos benefícios que oferece para

empreender – e, assim, abocanhar

já não podem abrir mão de rever seus

as micro e pequenas empresas.

parte desse montante.

produtos e processos de produção.

Adm. Alexandre Pereira DIVIDE sua experiência

LEITOR | 08 CONEXÃO | 52 CONSELHO | 54

Copa do Mundo de 2014 abre oportunidades

Inovar é uma necessidade. NÃO perca tempo

ARTIGOS

20

ADM. LEANDRO VIEIRA

Você é um profissional lebre ou tartaruga?

37

ADM. ARNALDO MARQUES DE OLIVEIRA NETO

Os riscos tributários e a responsabilidade do Administrador

50

EDUARDO PEDREIRA

Espiritualidade no Mundo Corporativo I

58

ADM. EDENILSON LUIZ GOMES A relação entre a longevidade organizacional e a teoria de Darwin

6

rba | revista brasileira de administração


revista brasileira de administração

CAPA

32

PPP, uma boa opção para todos Possibilidade de bons resultados financeiros. Uma forma mais eficiente de alocação de riscos do investimento, havendo compartilhamento de responsabilidades com o Estado. Essas são algumas das vantagens apontadas por especialistas para as Parcerias Público-Privadas, as PPPs. O professor Fernando Borges Mânica destaca exemplos de êxito.

26

38

Amigas ou inimigas? As redes

HSM Management oferece aos

sociais, como é o caso dos mais que

leitores da RBA duas matérias

conhecidos Facebook e Twitter,

que atingem em cheio o cotidiano

ao mesmo tempo que são muito

do Administrador. Ambas falam

úteis para divulgar positivamente

sobre as habilidades que devem ser

uma marca, podem, em questão de

desenvolvidas para atingir o sucesso

segundos, inflar ânimos a ponto de

no mercado de trabalho repleto de

destruí-la no mesmo espaço de tempo.

recursos tecnológicos.

29

60

Antes mesmo de completar 30 anos,

Os administradores de empresas

o Adm. Ewerton Maia usufrui dos

precisam fazer muito mais do que

benefícios da prática da leitura

valorizar o funcionário. É necessário

na sua vida profissional e pessoal.

despertar neles sentimentos de

A melhora no seu vocabulário, o

pertencimento e de respeito pela

dinamismo da escrita, o bem-estar

organização, o que representa ganhos

e o combate à depressão são alguns

para ambos os lados. É o que prega o

dos ganhos trazidos pelo hábito.

Adm. Carlos Morassutti.

TEMPO de redes sociais

Leitura ajuda na busca do equilíbrio

tecnolOgiA toma conta

MUITO MAIS QUE EMPREGAR

MARçO/ABRIL – 2013 | nº 93

7


LEITOR

As mensagens para a RBA podem ser enviadas para SAUS, Quadra 1, Bloco L, Edifício Conselho Federal de Administração, Brasília/DF, CEP 70070-932; para o e-mail: rba@cfa.org.br ou pelo twiter @cfa_adm.

Gostaria de parabenizar a equipe da RBA pela excelente diagramação da última edição. Parabéns pelo ótimo trabalho!” Adm. Joelson Chaves Gostaria de parabenizar a toda a equipe do CFA, em especial

Quero parabenizar a toda a equipe

ao senhor presidente do CFA,

da revista. Em especial pela edição

pelas mudanças na revista. Sou

nº 92, a qual abordou assuntos

associado do CRA-SP nº 106.333

importantes da realidade das

e já fiz a quitação da anuidade.

empresas e dos profissionais. São matérias que nos proporcionam

Recebi com muita surpresa a

questionamentos, novas visões e

nova revista RBA. Gostei muito

autoconhecimento.

do novo design e da diagramação.

Adm. Adriane Milani

E também das novas seções

gráfica excelente e o conteúdo,

Ao receber a edição nº 92 da RBA, quero parabenizar o presidente pelo

o espaço “Surgiu assim”.

muito relevante para a nossa categoria. O que me deixou mais

editorial, pela qualidade da revista,

contente foi ver a parceria com

não só na forma, mas também pelo

a HSM, pois receber conteúdo

conteúdo.

desta renomada revista em

Deputado Federal

Adm. Sérgio Seichi Goh Acabo de receber a RBA e fiquei surpreso e muito feliz com a nova edição. Uma produção

nossa RBA vai ser de grande valia. Parabéns aos editores! Carlos Paulo Meira A edição 92 trouxe matérias com temas mais variados e atuais. Que a RBA possa contribuir

Adm Carlos Alberto Lopes Parabéns pelo trabalho. A publicação é ótima, completa, bonita, agradável e muito atrativa. Cristina Teresa Santos

da revista, como, por exemplo, Acredito que citar casos reais de empreendedorismo com esse viés de contar a história do ambiente empresarial vem ao encontro dos propósitos da RBA e contribuem para as reflexões de nossas práticas profissionais. Parabéns a todos e desejo muito sucesso nesta nova etapa da RBA. Adm. Schirlei Mari Freder

para o desenvolvimento da gestão no país. Joana Albuquerque Acabamos de receber a RBA nº 92. Achei ótima, matérias bem escritas, visual limpo, parabéns!!! Cristiany Marins

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rba | revista brasileira de administração

Supondo um atraso dos Correios decorrente das festividades de fim de ano, ainda não havia comunicado e solicitado o envio da Revista Brasileira de Administração (RBA) do bimestre novembro-dezembro de 2012, que até a presente data não chegou às minhas mãos. Aproveito para parabenizá-los pelo trabalho de ótima qualidade. A revista está cada vez melhor. Adm. Idalba Maria de Araujo


EXPEDIENTE

Editor | Conselho Federal de Administração Presidente | Adm. Sebastião Luiz de Mello Vice-Presidente | Adm. Sergio Pereira Lobo

Prezados amigos da RBA, tenho recebido a revista e elogio a qualidade e as matérias de interesse a administradores e outros interessados. Gostei tanto que me atrevi a enviar o artigo em anexo

A RBA está excelente. A matéria

que, de acordo com s/ critérios poderá ser aproveitado. Com meus agradecimentos e saudações,

“Em nome da inclusão” – da parceria com a HSM – será uma das fontes

ADM GUILHERME

para elaboração do meu TCC.

MACHADO DEL CAMPO

Laura Soares

Já recebi a minha! Está ótima.

Parabéns para todos os envolvidos no

Uma matéria sobre “Gestão pública”

trabalho para a existência da Revista

me chamou muito a atenção.

RBA. Saudações.

Paulina Costa

Adm. Claudio Teixeira Ornellas.

@cfa_adm A edição 91 da RBA está excelente. Administrador Leandro Vieira, parabéns pelo artigo que faz analogia ao filme “300”. @admcicerojr @admcicerojr Valeu, meu amigo! Palmas para o @cfa_adm, pois a RBA está cada vez melhor! Abraço! @leandrovieira_ @cfa_adm Parabéns! O novo projeto gráfico da RBA ficou excelente! Conteúdo, então, nem se fala! Ótimo!

CONSELHEIROS FEDERAIS DO CFA 2013/2014 Adm. João Coelho da Silva Neto (AC) • Adm. Armando Lobo Pereira Gomes (AL) • Adm. José Celeste Pinheiro (AP) • Adm. Nelson Aniceto Fonseca Rodrigues (AM) • Adm. Ramiro Lubián Carbalhal (BA) • Adm. Francisco Rogério Cristino (CE) • Adm. Rui Ribeiro de Araújo (DF) • Adm. Hércules da Silva Falcão (ES) • Adm. Dionízio Rodrigues Neves (GO) • Adm. José Samuel de Miranda Melo Júnior (MA) • Adm. Alaércio Soares Martins (MT) • Adm. Sebastião Luiz de Mello (MS) • Adm. Gilmar Camargo de Almeida (MG) • Adm. Aldemira Assis Drago (PA) • Adm. Lúcio Flávio Costa (PB) • Adm. Sergio Pereira Lobo (PR) • Adm. Joel Cavalcanti Costa (PE) • Adm. Carlos Henrique Mendes da Rocha (PI) • Adm. Rui Otávio Bernardes de Andrade (RJ) • Adm. Ione Mâcedo de Medeiros Salem (RN) • Adm. Valter Luiz de Lemos (RS) • Adm. Paulo César de Pereira Durand (RO) • Adm. Carlos Augusto Matos de Carvalho (RR) • Adm. José Sebastião Nunes (SC) • Adm. Silvio Pires de Paula (SP) • Adm. Adelmo Santos Porto (SE) • Adm. Renato Jayme da Silva (TO) CONSELHO EDITORIAL Prof. Adm. Idalberto Chiavenato • Prof. Carlos Osmar Bertero • Prof. Milton Mira de Assumpção Filho CONSELHO DE PUBLICAÇÕES Adm. João Coelho da Silva Neto • Adm. Gilmar Camargo de Almeida • Adm. José Sebastião Nunes • Adm. Renato Jayme da Silva • Adm. Francisco Rogério Cristino COORDENAÇÃO DOS CONSELHOS EDITORIAL E DE PUBLICAÇÕES Adm. Adelmo Santos Porto PRODUÇÃO Coordenação Editorial: Straub Design • Diretor Executivo: Adm. Wilgor Caravanti • Editor– Chefe: Francisco José Z. Assis • Diretor de Arte: Ericson Straub • Redação: Caroline Esser, Cinthia Zanotto, Mara Andrich, Nájia Furlan e Raquel Bocato • Revisão: Mônica Ludvich • Diagramação: Indianara Barros • Colaboradores: Cícero Nogueira, Cristina Teresa Santos e Marina Lourenção • Impressão: Plural Indústria Gráfica • Tiragem: 118 mil exemplares REPRESENTAÇÃO COMERCIAL Conecta Marketing Direto (Wladimir Reis) Tel: (11) 4208-2883 E-mail: publicidade@cfa.org.br

@admcicerojr

Acabei de ler a edição 90 da RBA e quero parabenizar o CFA por essa excelente revista. Ótimo o artigo do colega Administrador William Rezende, “Gestão de pessoas X Apagão de talentos”. Cícero Júnior

ASSINATURAS E-mail: rba@cfa.org.br Portal: www.rbaonline.org.br Telefone: (61) 3218-1818 Fax: (61) 3218-1833 A RBA é uma publicação bimestral do Conselho Federal de Administração sob a responsabilidade do diretor de Desenvolvimento Institucional, Adm. Adelmo Santos Porto, e da coordenadora técnica RP Renata Costa Ferreira. As matérias não refletem necessariamente a opinião do CFA. A RBA é certificada pelo Instituto Verificador de Circulação (IVC) como de circulação controlada de conteúdo dirigido

MARçO/ABRIL – 2013 | nº 93

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ENTREVISTA POR_ Mara Andrich | FOTOS_ DIVULGAçÃO

muito trabalho À frente do Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico do Ceará, o Administrador Alexandre Pereira não se cansa e se divide entre a família e as diversas atividades como empresário. Para ele, o Brasil ainda tem muito que avançar nos benefícios que oferece para as micro e pequenas empresas

“Q

uanto mais unirmos as pontas do pri-

Revista Brasileira de Administração (RBA):

vado com o público, para fortalecer os

O senhor é empresário e chegou ao cargo de secretário.

investimentos, teremos melhores condi-

Conte-nos um pouco sobre como foi sua trajetória.

ções de dar celeridade aos grandes empreendimentos que aqui estão se instalando.” Essa é a opinião do presidente do Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico do Ceará, Administrador Alexandre Pereira. Para ele, além dessa união de forças – que fará com que o Estado do Ceará e também todo o país se desenvolvam cada vez mais –, o Governo Federal precisa pensar mais nos pequenos e médios empresários, bem como nas reformas trabalhista

10

Alexandre Pereira: Sou Administrador formado pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e cursei Engenharia Mecânica na Universidade Federal do Ceará (UFC), mas não cheguei a concluir. Muito cedo descobri minha vocação para ser empresário, comecei minha atuação profissional com 20 anos de idade. Ao longo da minha vida tive muitos desafios e sempre coloquei como um dos grandes objetivos a questão da disciplina. Sempre levei todos os desafios com

e tributária. Seu maior sonho é ver o país se expandir, com

muita seriedade, e esse é o primeiro ponto que um bom ad-

foco no desenvolvimento humano e na redução da pobreza.

ministrador deve observar: ter disciplina e saber onde quer

O secretário de Estado respondeu às perguntas da Revista

chegar. Ao longo da minha vida acabei entrando na esfe-

Brasileira de Administração (RBA).

ra política, um pouco graças à minha carreira como líder

rba | revista brasileira de administração


Adm. ALEXANDRE PEREIRA, empresário e presidente

do Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico do Ceará

MARçO/ABRIL – 2013 | nº 93

11


Entrevista rias, mas também na área da prestação

Sempre levei todos os desafios com muita seriedade, e esse é o primeiro ponto que um bom administrador deve observar: ter disciplina e saber onde quer chegar”

de serviços. Tenho uma empresa que fornece café da manhã para indústrias da construção civil, atuamos também numa academia e estamos iniciando um empreendimento na área hoteleira, além de ter uma pequena inserção na área imobiliária. Em São Paulo, além da área da panificação, participo

classista, sindical, e sempre vislumbrei dar alguma contribuição na esfera executiva da política. Recentemente fui convidado a assumir o cargo de secretário de Estado, na área de Desenvolvimento Econômico, o que eu diria que está coroando um trabalho que se iniciou quando eu tinha 30 anos, quando me tornei presidente do Sindicato da Indústria da Panificação no Ceará (Sindpan), e 17 anos depois me torno presidente do Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico (cargo com status de Secretário de Estado), após ter assumido vários cargos de liderança. Entre eles, fui presidente do Centro Industrial do Ceará (CIC), vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) e presidente da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria

nho sócios. Acredito muito na sociedade, acho uma forma muito positiva de crescimento. Hoje não estou à frente de nenhuma empresa. Em todas atuo estrategicamente, como conselheiro, me reúno com os sócios toda semana, acompanho os balanços, funcionamentos, fluxos financeiros; acompanho toda a movimentação de perto e, evidentemente, atuo no planejamento estratégico ao final de cada ano e faço as cobranças no decorrer dele. RBA: Quais as principais dificuldades que os empresários – principalmente os pequenos e médios – enfrentam hoje no Brasil? Na sua opinião, o que os próprios empresários podem fazer para melhorar isso? E o governo, o que tem feito e o que falta fazer?

Agora estou unindo essa minha expe-

AP: Essa é uma pergunta que daria

riência classista como empresário e na

uma entrevista inteira! O Brasil é um

esfera política, colocando-a à disposi-

país muito bom para o grande e para

ção da Secretaria.

o microempresário. O médio empre-

de panificadoras Pão de Forno? Há quanto tempo ela funciona? O senhor a administra? Quais as estratégias que utiliza?

rba | revista brasileira de administração

blicidade. Em todas essas empresas te-

(ABIP), que é uma entidade nacional.

RBA: O que o levou a abrir a rede

12

de uma empresa de comunicação e pu-

sário tem muitas dificuldades, pois o micro tem alguns incentivos fiscais e o grande, além dos incentivos fiscais, têm diversos outros apoios. Nosso país oferece muitas dificuldades para o médio empresário, então o melhor é ser

AP: Atuo em várias áreas como em-

micro ou empresário de grande porte.

presário, não apenas na panificação,

O Brasil tem avanços na área do micro-

na qual temos fábrica de pães e pada-

crédito e na área da desburocratização


Adm. Alexandre Pereira e sua “fábrica” de bons pães

para a microempresa, mas para a pe-

ao Brasil, que há pouco tempo tinha

para o Estado, mas também os grandes

quena e a média empresa o acesso ao

escassez de engenheiros, por exemplo.

projetos privados que vêm para cá, e

crédito não é tão fácil, temos que melho-

Hoje, há muitas pessoas estudando

isso é muito bom. Ter um gestor com

rar muito nisso. Precisamos ver aconte-

engenharia para atender à demanda

essa visão e rapidez do governador só

cer as reformas tributária e trabalhista.

de infraestrutura, porém, na minha

vem a fortalecer essa atuação. Minha

Enquanto isso não for feito, o país não

visão, os administradores precisam

visão como presidente do Conselho

vai crescer tanto quanto necessita.

não apenas ter uma formação adequa-

Estadual de Desenvolvimento Econô-

da, mas também uma especialização.

mico é que quanto mais unirmos as

É importantíssimo que nossos admi-

pontas do privado com o público, para

nistradores procurem se especializar

fortalecer os investimentos, teremos

dentro do leque de oportunidades que

melhores condições de dar celerida-

se aproxima para o desenvolvimento

de aos grandes empreendimentos que

do Brasil nos próximos anos.

aqui estão se instalando.

que eles possam contribuir ainda

RBA: O que o Estado do Ceará tem

RBA: No mês de março foi divulga-

mais para o desenvolvimento eco-

feito para atrair investidores – e

da uma prévia do Produto Interno

nômico do país? Um dos objetivos

empreendedores – e o que ainda

Bruto (PIB) de janeiro: um aumen-

citados pelo senhor foi um traba-

falta fazer? Como o Conselho Es-

to de 1,29. O senhor acredita que

lho mais amplo de parceria entre

tadual de Desenvolvimento Eco-

este ano será melhor do que 2012

o público e o privado. Por quê?

nômico pode contribuir?

em relação ao crescimento da eco-

AP: O país está num momento impor-

AP: O Estado do Ceará tem tido um

tante de crescimento e precisa investir

papel extremamente importante na

muito em infraestrutura. Nossos ad-

atração de investimentos, até porque

ministradores precisam cada vez mais

o nosso governador Cid Gomes tem

AP: Nosso PIB deixa a desejar e o Go-

se qualificar para atender a uma nova

o empreendedorismo no seu DNA.

verno Federal tem pontos que reque-

demanda de crescimento. As grandes

Gosta de tratar pessoalmente não só os

rem atenção. Primeiro, é necessário

empresas e projetos estão chegando

grandes projetos de desenvolvimento

que seja feita a reforma administrativa.

RBA: O senhor assumiu o Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico do Ceará há pouco tempo. Quais são seus objetivos principais no que se refere aos empresários e administradores para

nomia? O que os administradores e empresários podem fazer para contribuir com melhorias?

MARçO/ABRIL – 2013 | nº 93

13


Entrevista Nós temos hoje 39 ministérios, então a

RBA: Do que o senhor se arrepende

RBA: Qual seu grande sonho como

carga de custeio é extremamente ele-

de ter feito na sua carreira?

empresário e homem público?

AP: Por incrível que pareça, não tenho

AP: Acho que estou nesse momento

nenhum arrependimento. O que estou

vivendo um sonho que tinha, que era

tentando agora é conciliar os grandes

contribuir com meu Estado num car-

desafios dessa missão no governo com

go público. A possibilidade de oferecer

a minha missão como empresário, pai,

uma contribuição com minha juven-

marido. Quero conciliar a vida fami-

tude, minha inteligência, de melho-

liar. E fazer isso com a quantidade de

rar o meu Estado. Um sonho de longo

atribuições que tenho tido hoje tem

prazo é ver meu Estado com um IDH

sido meu maior desafio. Já estou com

(Índice de Desenvolvimento Humano)

47 anos, tenho que começar a me pre-

cada vez melhor, com menos pobreza e

ocupar com a saúde para que possa ter

menos desigualdade de renda – esse é

uma longa caminhada pela frente.

meu grande sonho. 

vada, uma parte acaba ficando lenta. É necessário que o Governo Federal faça uma autocrítica para oferecer uma melhor gestão administrativa. A presidente Dilma Rousseff tem a virtude de ser uma boa gestora, mas talvez a parte política atrapalhe um pouco a sua gestão. Penso que o caminho mais curto tem sido os grandes investimentos para o Brasil crescer nos próximos anos, com obras de infraestrutura. Não se pode imaginar um país crescer sem grandes obras de infraestrutura. O Brasil, hoje, tem problemas de energia, não temos ligações de linhas férreas a muitos lugares, temos problemas nas estradas, aeroportos, tudo isso precisa ser pensado nos próximos dez anos, senão pode travar o crescimento do país. RBA: Falando um pouco mais do

Alexandre Pereira Administrador formado pela Universidade Estadual do Ceará (UECE).

senhor: o senhor usa redes sociais? O que acha delas? AP: Sim, uso redes sociais e as vejo

Registrado no Conselho Regional de Administração do Ceará (CRA-CE) sob o número 7031.

como um mecanismo extremamente importante não apenas empresarial, mas também pessoal. Utilizo Face-

Começou a sua atuação profissional aos 20 anos de idade, já na área empresarial.

book, Twitter, Whatsapp, as principais ferramentas que muita gente tem utilizado. Acho importante. Hoje nós fica-

Aos 30 anos se tornou presidente do Sindicato da Indústria da Panificação no Ceará (Sindpan).

mos muito mais eficientes com a tecnologia, mas ao mesmo tempo ficamos muito mais escravos disso tudo e com uma qualidade de vida às vezes pior do que nossos pais e avós. RBA: O senhor tem filhos, netos? AP: Sim, sou muito bem casado com

Foi presidente do Centro Industrial do Ceará (CIC), vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) e presidente da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (ABIP). Hoje é presidente do Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico do Ceará.

Isabel, há 24 anos – vou fazer bodas de prata ano que vem. Tenho um casal de filhos: Alexandre, que vai fazer 18 anos, e Manuela, que está com 16 anos. Sou muito feliz com essa família que tenho.

14

rba | revista brasileira de administração

Seu maior sonho é ver o Brasil se expandir, com foco no desenvolvimento humano e na redução da pobreza.


Prêmio

Guerreiro Ramos de Gestão Pública

Faça parte desta história

Edição 2013

Alberto Guerreiro Ramos evidenciou o contraditório, a dimensão social, a dualidade, a experiência do significado, os limitadores de sobrevivência que nos condiciona, mas que nos revela transformadores socialmente existentes da sociedade. Participe do Prêmio Guerreiro Ramos nas modalidades Gestor Público e Pesquisador Guerreiro Ramos. Apresentação do trabalho para o CRA: até o dia 31/05/2013 CRAs apresentarem as candidaturas para o CFA: até o dia 28/06/2013 Julgamento do Prêmio pelo CFA: até o dia 30/08/2013

Premiação:

Modalidade Gestor Público: Certificado; Troféu; Perfil em publicação do CFA

Mais informações entre no site www.cfa.org.br E-mail: formacao@cfa.org.br Telefone: (61) 3218-1809 ou (61) 3218-1819 facebook.com/CFAADM twitter.com/cfa_adm

Modalidade Pesquisador Guerreiro Ramos: Certificado; Troféu; Publicação do trabalho ou resumo em publicação do CFA R$ 5.000,00 (cinco mil reais)


NOVOS NEGÓCIOS POR_ Raquel Bocato

Copa

do Mundo impulsiona negócios Evento chamará a atenção do mundo e pode ser uma boa oportunidade para quem planeja investir para receber os turistas que irão desembarcar no Brasil

A

Copa do Mundo no Brasil injetará na economia

hostels, hotéis e pousadas. Em São Paulo, por exemplo, o

R$ 9,2 bilhões em apenas dois meses, sem

número de albergues da juventude mais do que duplicou

contar o período pré e pós-evento. A estimativa

entre 2011 e 2012. No período, passaram de 22 para 52

de receber 3,7 milhões de turistas entre junho e julho de

unidades, segundo o Observatório do Turismo da Cidade

2014 faz com que muitos vejam no torneio esportivo a

de São Paulo, núcleo de estudos e pesquisas da SPTuris

possibilidade de empreender e, assim, abocanhar parte

(São Paulo Turismo). O levantamento indica que o gasto

desse montante. Nesta série de três reportagens, a Revista

médio dos turistas é de R$ 173,15 por dia.

Brasileira de Administração (RBA) mostrará as chances que se abrem nas áreas de hotelaria, alimentação e entretenimento e nos segmentos relacionados a elas.

16

Quem já estava nesse mercado também investe, conta Bruno Hideo Omori, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de São Paulo (ABIH-SP). “Entre

A cerca de um ano e dois meses do início da competição,

35% e 40% da rede paulistana está em reforma realizando

as cidades-sede recebem mais leitos. Há cada vez mais

algum tipo de renovação tendo em vista o turista que

rba | revista brasileira de administração


Fotos: Shutterstock

vem para a Copa”, destaca. Nesse cálculo estão incluídos

Para o evento, a cidade está “equilibrada” em termos de

empreendimentos com mudanças pontuais, como as de

oferta de leitos, mas as redes se preparam para o aumento

apenas renovação de um andar a hotéis que estão fechados

da demanda nos próximos anos. A previsão da associação é

para repaginação total.

que haja mais 2.500 apartamentos até 2020. “Grandes redes

Segundo o administrador, a capital paulista tem leitos suficientes para atender à demanda gerada pelo evento. “A Copa será muito tranquila para o Estado de São Paulo”, diz ele, acrescentando que há hoje 42 mil apartamentos

de franquia aceleraram investimentos nos últimos anos para aproveitar o momento”, destaca Claudia Bittencourt, diretora-geral do Grupo Bittencourt, especialista em expansão e gestão de negócios em rede.

na cidade, sem contar os cerca de 40 mil em um raio de

Os números da Associação Brasileira de Franchising

100 quilômetros da capital. Em Johannesburg, que foi a

(ABF) comprovam essa expansão. O segmento que mais

cidade de abertura e fechamento da Copa de 2010, havia

cresceu em faturamento no ano passado foi hotelaria e

16 mil leitos, exemplifica.

turismo com 97,8%, totalizando R$ 5,49 bilhões em 2012.

MARçO/ABRIL – 2013 | nº 93

17


Novos Negócios

OPORTUNIDADES DE NegÓCIOS setores da economia

TURISMO

agronEgÓcios

COMÉRCIO VAREJISTA

SERVIçOS

COMUNIcaçÃO

CONSTRUçÃO CIVIL

moda

ECONOMia CRIATIVA

18

rba | revista brasileira de administração

MADEIRA E Móveis


“A Copa será muito tranquila para o Estado de São Paulo, acrescentando que há hoje 42 mil apartamentos na cidade, sem contar os cerca de 40 mil em um raio de 100 quilômetros da capital. Em Johannesburg, que foi a cidade de abertura e fechamento da Copa de 2010, havia 16 mil leitos” Bruno Hideo Omori Em seguida, vieram os de limpeza

Mas não é apenas em hotéis, pousadas

serviços, tecnologia da informação

e conservação e o de informática e

e hostels que o empreendedor encontra

e comunicação e turismo). Pelo

eletrônicos.

espaço. “Já há vários fornecedores

documento, deve haver um aumento

de grande porte, mas é possível criar

do

diferencial e chegar ao tomador de

responsável por receitas adicionais

decisão”, opina o administrador. Como

de até R$ 6 bilhões para as empresas

os hotéis são praticamente pequenas

brasileiras, caso sejam aproveitadas

cidades, há demanda por todos os tipos

as oportunidades geradas pelo evento”.

No entanto, nem todas as cidades estão em posição tão confortável em termos de vagas para hóspedes, em época de Copa ou fora dela. “Há demanda reprimida no interior de São Paulo. A maioria das cidades está com oferta pequena, principalmente as que trabalham com mercado corporativo, como Ribeirão Preto (a 319 quilômetros da capital)”, diz Omori. Já durante a competição, acrescenta ele, capitais brasileiras poderão ter dificuldade na hospedagem de turistas, como Cuiabá (MT) e Manaus (AM).

de serviço – desde pisos e móveis até limpeza e tecnologia.

que

“seria

No entanto, a Copa pode ser apenas um impulsionador do investimento. “É preciso fazer um estudo de

podem se beneficiar com o evento é

viabilidade profissional e técnica, um

grande. A estimativa é que a Copa gere

bom plano de negócios para ter uma

quase 930 oportunidades de negócio

empresa sustentável no pós-evento”,

para micro e pequenas empresas nas

destaca Bittencourt.

12 capitais, de acordo com o estudo “Copa do Mundo FIFA 2014: Mapa de Oportunidades para Micro e Pequenas Empresas nas Cidades-Sede”, feito

com uma boa infraestrutura em

pelo Serviço Brasileiro de Apoio às

hotelaria, é um bom local para

Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)

investimento, afirma Omori. Hoje,

e pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

Em São Paulo, é de 65%. “A Copa é

turístico,

A ramificação de atividades que

Mesmo o Rio de Janeiro, que conta

a taxa de ocupação média é de 83%.

fluxo

O levantamento está disponível em http://migre.me/dSVOH .

Que tipo de empreendimento será montado? Qual será o públicoalvo? Qual é a melhor formatação do negócio? Em quanto tempo o empresário chegará ao ponto de equilíbrio? Essas são apenas algumas perguntas cujas respostas devem estar contempladas no planejamento. E,

independentemente

da

área

excepcional porque é o maior evento

Foram analisadas as fases de pré,

escolhida,

midiático do planeta. É oportunidade

durante e pós-evento de nove setores

orientam a pensar na capacitação de

de divulgar o Brasil. A Alemanha

da economia (agronegócio, comércio

pessoal. Hoje, diz ela, é preciso estar

duplicou a demanda de hóspedes

varejista, construção civil, madeira

consciente de que não há mão de

estrangeiros (após o evento).”

e móveis, economia criativa, moda,

obra pronta. 

Bittencourt

e

Omori

MARçO/ABRIL – 2013 | nº 93

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OPINIÃO

Você é um profissional

lebre ou tartaruga? Para não cair no risco de um autoengano, siga o conselho de Esopo: esforce-se. Esforce-se ao máximo

O

grego Esopo é considerado o pai da fábula como gênero literário. Embora não haja certeza de que ele tenha existido, tratando-se de um personagem lendário, diversas fábulas que lhe foram atribuídas

são passadas de pais para filhos, geração após geração, desde o século VI antes de Cristo. Certamente você já deve ter ouvido os contos “A Cigarra e a Formiga”, “A Raposa e as Uvas”, “A Galinha e os Ovos de Ouro”, entre tantos outros. É dele também a famosa fábula que narra a corrida entre uma lebre e uma tartaruga. A lebre, confiando em seu talento natural (a velocidade e agilidade), acaba relaxando durante o desafio e, depois, não consegue alcançar a vagarosa – porém persistente e determinada – tartaruga, que acaba vencendo a aposta. O ensinamento

20

rba | revista brasileira de administração


que nos transmite Esopo com essa fábula é fantástico: independentemente das nossas condições, se trabalharmos com afinco e perseverança, certamente atingiremos nossos objetivos. Se traçarmos um paralelo entre essa fábula e a vida profissional, a lebre

Quase todos temos a tendência natural e narcisista de nos considerarmos a última bolacha do pacote. Dessa forma, é muito fácil pensarmos que somos a mais talentosa de todas as lebres, mesmo sendo, no fundo, uma lenta e pesada tartaruga”

seria aquele sujeito extremamente talentoso, capaz de apresentar resul-

De qualquer forma, as empresas preci-

Que tipo de profissional eu devo ser?

tados extraordinários, mas um tanto

sam das lebres. Precisam do talento e da genialidade que somente elas pos-

Quase todos temos a tendência natural

quanto preguiçoso, que sempre gosta de deixar suas responsabilidades para

suem. Por isso é cada vez mais comum

tima bolacha do pacote. Dessa forma,

depois. A tartaruga seria o trabalhador

as empresas oferecerem mais liberda-

é muito fácil pensarmos que somos a

disciplinado, bastante esforçado e ex-

de e fazerem vista grossa quando uma

mais talentosa de todas as lebres, mes-

tremamente focado em suas tarefas,

lebre chega atrasada, brinca na inter-

mo sendo, no fundo, uma lenta e pesada

mas que não conta com um talento

net ou falta ao trabalho.

tartaruga. Para não cair no risco de se

natural para a atividade. A fábula, no

Mas não pense que apenas as lebres

autoenganar, siga o conselho de Esopo:

entanto, é incompleta ao desconside-

são cobiçadas. As tartarugas perse-

esforce-se. Esforce-se ao máximo.

rar a existência de outros dois tipos de

verantes e esforçadas também são

Se você for uma tartaruga, irá colher

animais: a lebre esforçada e a tartaru-

essenciais em uma organização. Elas

bons frutos, sempre conseguirá atingir

ga preguiçosa, o que nos geraria o qua-

apresentam ótimos resultados, traba-

seus objetivos e, de tanto esforçar-se,

drante da imagem abaixo:

lham com afinco, são responsáveis e

poderá até quebrar o muro que separa

No mercado, o sonho de todo headhun-

extremamente necessárias, uma vez

as tartarugas das lebres. Se você for uma

ter é encontrar uma “lebre” perseve-

que sua disciplina e comprometimen-

rante e esforçada, o tipo de profissio-

to são fundamentais na construção do

nal extremamente talentoso, que sen-

sucesso da organização.

te prazer em trabalhar com afinco e

O maior problema está em ser uma

em surpreender com seus resultados.

tartaruga relapsa e preguiçosa. É o

Entretanto, essa é a espécie mais rara

tipo de profissional que as empresas

de ser encontrada. Por quê? Porque,

querem distância, pois eles não têm

no fundo, toda lebre tem consciência

capacidade de apresentar resultados

de sua natureza. Ela sabe que não é

e sequer se esforçam para isso. Em

preciso se esforçar muito para fazer

uma equipe, as tartarugas preguiço-

algo bem feito e acima da média dos

sas não acrescentam em nada; pelo

demais profissionais, o que alimenta

contrário, apenas subtraem as ener-

a forte tentação de procrastinar – algo

gias do time e contaminam o ambien-

como ficar grudado no Facebook, mas

te com sua postura desleixada e baixa

fingindo estar trabalhando.

qualidade de seu trabalho.

e narcisista de nos considerarmos a úl-

lebre, não desperdiçará seu talento com preguiça e comodismo (o que seria um pecado) e irá elevar seus resultados ao nível que só um gênio consegue atingir.

Foto: Arquivo pessoal

O que você escolhe? 

ADM. LEANDRO VIEIRA, criador do Administradores.com e autor do livro “Seu Futuro em Administração” (Campus/Elsevier)

MARçO/ABRIL – 2013 | nº 93

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DESAFIO DO óCIO POR_Francisco José Z. Assis

O

verbo velejar tem vários

próprios e de todos que estão ao meu

significados para o Admi-

redor. Além disso, o esporte exige pla-

nistrador Luiz Fernando

nejamento e estratégia”, aponta Baena.

Baena. Não remete só a um simples hobby. Está na sua carga genética. É o exercício físico, o momento de lazer e, ao mesmo tempo, de concentração numa atividade que exige comportamentos diferentes que o adotado no trabalho, o contato direto com o mar

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rba | revista brasileira de administração

A dedicação e o amor ao esporte herdou do pai. Paulo Fernando Baliu Baena foi um dos pioneiros da vela no Clube Náutico de Antonina. Com a mãe, Luci Moreira Baena, que é natural desta bela cidade litorânea e uma

e sua natureza, com o vento e o sol. É,

das mais antigas do Paraná, aprendeu

também, a renovação do gás necessá-

a gostar de estar perto do mar. Mora-

rio para o bom desempenho profissio-

dor de Curitiba, Baena está a cerca de

nal. “A vela me ensina que tenho que

uma hora da Baía de Antonina e, quan-

estar pronto para mudanças bruscas e

do pode, faz questão de visitar os fa-

repentinas, porém, respeitando limites

miliares que lá se encontram e passar


Fotos: Shutterstock

e o mar O Administrador

Ligação com a vela surgiu “dentro de casa” e o esporte que ensina planejamento e estratégia virou uma paixão para o curitibano Adm. Luiz Fernando Baena

Fotos: Arquivo pessoal

algumas horas na agradável cidade. “A vela contribui para que minha saúde física e mental fique em ordem”, diz o Administrador. Por questões profissionais, Baena deixou a capital paranaense e foi para o Rio de Janeiro. Lembra que mudou de cidade, mas não deixou o esporte. Em terras fluminenses, o programa predileto nos fins de semana era velejar na Baía de Guanabara. “De todos os lugares que já conheci dentro de um barco, é incomparável velejar na companhia do Pão de Açúcar e do Cristo Redentor”, revela.

Adm. Luiz Fernando Baena durante os anos de Rio de Janeiro

MARçO/ABRIL – 2013 | nº 93

23


Fotos: Arquivo pessoal

Desafio do Ócio

As fotos remetem ao precursor do esporte na família: Paulo Fernando Baliu Baena é um dos fundadores do Clube Náutico de Antonina

O sentimento de Baena é comprovado.

sensibilidade: a pessoa já percebe se o

Velejar combate o estresse e vai ao en-

vento vai mudar”, comenta Baena.

contro com o que prega o sociólogo italiano Domenico De Masi sobre o “Ócio Criativo”. De alguma forma, o estresse provocado é positivo, pois o “trabalho” desenvolvido é baseado no prazer. Os prazeres da vela não são restritos a atletas. É possível aprender a velejar com a ajuda de instrutores presentes ao longo da gigante costa brasileira. Mas cabe ressaltar que é fundamental planejamento para que se tenha su-

ba desligando-se naturalmente dos problemas, portanto, é um bom remédio contra os efeitos das preocupações cotidianas. E segue uma dica do Administrador Baena para os amadores: “A vela praticada como puro lazer não exige o conhecimento de um mestre. Basta ter disposição e vontade de aprender”, garante, pois a atividade obrigatoriamente será em águas abrigadas. Para que se possa ir

consiste em aulas teóricas, baseadas

“além-mar” deve-se ter outra prepa-

em tipos de embarcações e condução,

ração técnica, o que, normalmente,

sinalizações náuticas, ou seja, conheci-

se adquire após “alguma” experiência

mentos fundamentais de navegação e,

prática como arrais amador.

de-se a montagem do equipamento, a coordenação do leme e da vela, a direção do vento, a nomenclatura náutica e

rba | revista brasileira de administração

concentração que o praticante aca-

cesso na empreitada. O curso básico

posteriormente, aulas práticas. Apren-

24

A prática da vela exige tamanha

Lógico que, como se trata de atividade física, é recomendável algum preparo físico e saúde em dia. Talvez o maior segredo para a atividade náutica não seja

as manobras básicas. “Um dos maiores

somente aprender a manusear uma

benefícios é estar imerso na natureza.

embarcação, mas a leitura do vento, da

Cada dia é diferente. Isso desenvolve a

maré e das condições climáticas. 


POR_FRANCISCO JOsÉ z. ASSIS

A força da marca “Melhor do que inventar um produto que todo mundo use é fabricar um produto que todos usem, joguem fora e depois voltem para comprar mais.” (King Camp Gillette)

O

melhor sonho de qualquer em-

Já em Boston, Massachussets, no ano de 1901,

preendedor é ver sua marca virar

Gillette se associou ao engenheiro mecânico

sinônimo do produto que fabrica.

William Nickerson e juntos montaram a Gillet-

Poucos, ou melhor, pouquíssimos conseguem

te Safety Razor Company para iniciar a fabrica-

em suas melhores noites de sono imaginar que

ção em larga escala do revolucionário aparelho

isso possa, de fato, acontecer. Pois não é que

de barbear. O primeiro lote foi comercializado

King Camp Gillette viu, aos 40 anos de ida-

em 1903. Foram vendidos 51 aparelhos de bar-

de, sua inquietude por buscar novas soluções

bear e 168 lâminas. No ano seguinte, em 1904,

para o cotidiano das pessoas se materializar

o êxito se confirmou. A venda subiu para 90 mil

em algo que todos conhecem pelo nome de

aparelhos e cerca de 12 milhões de lâminas.

Gillette? Ou você pede ao vendedor “lâminas

Um marco dentro de evolução da empresa foi a

de barbear” quando vai ao mercado? Muito provável que não. Essa história de sucesso começou em 1895, quando o norte-americano de Wisconsin de sobrenome Gillette desenvolveu um aparelho de barbear. Sua intenção era criar algo descartável, que o consumidor utilizasse, jogasse fora e voltasse a comprar. Algo que fosse mais prático que a tradicional navalha, instrumento que lhe serviu de inspiração. Cabe explicar: um

estratégia utilizada para quebrar um paradigma da época e distanciar os homens das barbearias e incentivar que a barba fosse feita em casa. Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a Gillette enviou aparelhos de barbear aos soldados norte-americanos, que, com isso, adquiriram o hábito de fazer a própria barba. Outra importante ação de marketing ocorreu em 1939, quando a marca passou a figurar em eventos esportivos, o que não deixou da fazer até hoje, e ga-

dia, enquanto afiava uma navalha comum, teve

nhou a simpatia do grande público consumidor.

a ideia de substituí-la por uma fina lâmina de

O exemplo de King Camp Gillette ensina a

aço com duas extremidades, colocada entre

persistir, a apostar na inovação constante, na

duas chapas e presa no lugar por um cabo em

criatividade, na autoconfiança como forças

forma de “T”. Enfim, descobriu onde queria

motrizes da empresa que busca a perenidade.

chegar. Criou um sistema de barbear durável e

Há muito tempo, a marca Gillette se tornou

que fazia uso de lâminas descartáveis.

sinônimo de aparelho e lâmina de barbear. 

JANEIRO/FEVEREIRO – 2013 | nº 93

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REDES SOCIAIS POR_Mara Andrich

“Tu és eternamente responsável por aquilo que cativas” A frase do clássico infantil O Pequeno Príncipe ilustra o papel das redes sociais para as corporações: não basta oferecer bons serviços por meio delas, é preciso consertar os erros e promover os acertos de maneira justa, tornando-as aliadas e não inimigas

Q

uem nunca reclamou ou elogiou uma empresa

Um dos pontos cruciais apontados por especialistas: as em-

no Facebook ou no Twitter que atire a primeira

presas devem ter profissionais capacitados que saibam lidar

pedra. Ou, quem sabe, quem nunca comparti-

com as redes sociais, que consigam responder aos clientes à

lhou uma notícia ruim sobre algum produto, com boas in-

altura, sem piorar ainda mais a situação e sem, sobretudo,

tenções, na tentativa de alertar os amigos? As redes sociais,

inflar ainda mais os ânimos de ambas as partes. Outro pon-

ao mesmo tempo que são muito úteis para divulgar positiva-

to primordial: resolver o problema o mais rápido possível. A

mente uma marca, podem, em questão de segundos, inflar

consultora em Comunicação Corporativa e Mídias Sociais

ânimos a ponto de destruí-la no mesmo espaço de tempo.

Mariela Castro alerta que no caso de crise, o mais impor-

Mas não há como fugir delas: a agilidade e a visibilidade de empresas que usam estas ferramentas de marketing são imensas. No entanto, é preciso encontrar o ponto de equi-

26

tante é a agilidade e a qualidade das informações. “Nunca se deve deixar as pessoas no escuro, sem saber o que está acontecendo, pois isso passa uma impressão de descaso com o problema”, garante ela. Primeiro, de acordo com Mariela -

líbrio e não transformar o que pode ser muito útil em algo

que mantém um blog sobre redes sociais hospedado na pági-

extremamente prejudicial para a imagem corporativa. Mas

na da revista Exame - é importante ter apenas uma história

como fazer isso?

para contar, ou seja, manter somente um porta-voz falando,

rba | revista brasileira de administração


para não haver divergências. Segundo, é ter informações consistentes. “Na impossibilidade de fornecê-las em um primeiro momento, que pelo menos se mostre o que está sendo feito para obtê-las”, orienta a consultora. A especialista em Inovação Digital e Redes Sociais Fernanda Musardo observa que quando o cliente reclama nas redes sociais é porque a situação já chegou no limite, por isso é tão importante a rapidez em resolver o problema por parte das empresas. E mais: segundo ela, não basta resolver para o cliente. “É importante resolvê-lo internamente, para não sofrer maiores danos no futuro”, salienta. Mariela, por sua vez, lembra do polêmico caso da Unilever, fabricante do suco Ades, ocorrido recentemente (quando um problema na fábrica fez com que um lote do suco de maçã fosse contaminado com produtos tóxicos). Não demorou para que a notícia ganhasse as redes sociais e se transformasse em uma enorme dor de cabeça para os fabricantes. E pior: piadas foram feitas com uma bruxa oferecendo um suco de maçã para a Branca de Neve, personagem do clássico infantil Branca de Neve e os Sete Anões. Com a rapidez Ilustração: Shutterstock

que as postagens do Facebook têm, formou-se um desastre para a Unilever. “Este foi um mau exemplo de gestão, pois a empresa demorou para se posicionar e não foi atenciosa o suficiente com a insegurança e as perguntas dos clientes, o que gerou uma enxurrada de críticas”, lembrou. Como exemplo positivo, a consultora recorda do caso da Itaipu Binacional, ocorrido durante um apagão em 2009. “Em menos de três horas a empresa criou uma conta no Twitter e passou a alimentar de informações não só a população, mas também os jornalistas. Apesar de ter levado a culpa em um primeiro momento por um episódio que não era de sua responsabilidade, a Itaipu conseguiu reverter o que poderia ter sido um desastre para sua imagem”, disse Mariela.

MARçO/ABRIL – 2013 | nº 93

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Rede Sociais Não é para qualquer um Ao mesmo tempo que os especialis-

nem quando fazer. “Os profissionais

tas alertam sobre a importância das

de marketing têm uma visão mais ho-

empresas estarem nas redes sociais

lística, do conjunto, mas precisam se

– pela visibilidade, principalmente -,

aprofundar - ou delegar para se espe-

também chamam a atenção para o fato

cializou nisso - em práticas específi-

de que é preciso saber lidar com elas.

cas”, orienta Mariela. Fernanda obser-

Ou seja: não adianta estar presente no

va que houve um avanço nos últimos

Facebook, Twitter, etc., e não saber o

anos no que diz respeito à preocupa-

que fazer em momentos de crise. Por

ção das empresas com as redes sociais,

isso é tão importante ter profissionais

mas ressalta que elas ainda falham

capacitados para gerenciá-las.

quando consideram apenas o número

Mariela Castro lembra que, dependendo do tipo de produto ou negócio, não faz

rba | revista brasileira de administração

ou a quantidade de seguidores.

diferença estar nas redes sociais. “Não

Para Fernanda, o profissional que tra-

adianta entrar nesse universo só porque

balha com redes sociais deve ser dinâ-

‘todo mundo está lá’. É preciso entender

mico, precisa conhecer diversas áreas,

as características do público e o tipo de

estar sempre “antenado”, precisa do-

relacionamento que se pretende, para

minar as tecnologias e não só o marke-

então julgar a relevância ou não de criar

ting em si. “O cliente mudou bastante,

essas contas em diversas redes”, alerta.

o consumidor está muito mais exigente

Já Fernanda Musardo considera extre-

e buscando ainda mais os seus direitos,

mamente importante a presença das

valorizando mais a sua voz. Isso obri-

empresas em redes sociais. No entanto,

ga os profissionais a acordar para este

ela aponta que é preciso haver transpa-

fato e buscar elementos diferentes para

rência, eficiência, dinamismo e cautela

proporcionar experiências diferentes.

para que a empresa não seja exposta a

E esse é um dos principais problemas:

situações constrangedoras.

levar uma experiência diferente para o

No Brasil ainda há muito o que se ca-

28

de “likes” no Facebook, por exemplo,

cliente nestes ambientes”, analisa.

minhar em relação à qualificação dos

Mariela, por sua vez, acredita que o

profissionais que lidam com redes so-

“time dos sonhos” para lidar em redes

ciais. É muito comum que pessoas de

sociais deveria ser composto por ges-

outras áreas acumulem atribuições

tor de conteúdo, que produz e publica

e cuidem das redes sociais “nas ho-

informações sempre alinhando-as à

ras vagas”. Mas também é comum ver

imagem corporativa; analista de inte-

grandes corporações darem a devida

ligência, responsável pelo monitora-

atenção a estas redes, contratando

mento e métricas; gestor de comuni-

pessoas qualificadas para lidar com

dades, que cuidaria do relacionamento

elas. E os profissionais de marketing

com o público; desenvolvedor de apli-

e comunicação - os mais visados para

cativos e outros recursos técnicos e,

atuarem nas redes sociais - se veem

ainda, um analista de atendimento em

num beco sem saída: precisam fazer,

redes, capaz de responder rapidamen-

mas não sabem, ao certo, nem como e

te às demandas dos consumidores.


BEM-ESTAR POR_ Cinthia Ribeiro Zanotto

Leitura solidária Antes mesmo de completar 30 anos, um administrador do centro-oeste brasileiro já usufrui dos benefícios da prática da leitura na sua vida profissional e pessoal. A melhora no seu vocabulário, o dinamismo da escrita, o bem-estar e o combate à depressão são alguns dos ganhos trazidos pelo hábito no cotidiano do brasiliense

N

a época em que o administrador Ewerton Maia escreveu o livro “O problema é nosso: conflitos no ambiente de trabalho”, ele era um jovem de 23

anos recém-formado em Administração. A publicação havia sido idealizada pelo autor com o objetivo de passar para as pessoas conhecimentos para melhorarem seus relacionamentos sociais e profissionais sob a ótica da Administração, “de forma a garantir a boa convivência de modo geral”, como explica. Mas se tornar um escritor um ano após ter concluído seu curso de graduação só foi possível devido a um hábito adquirido durante o período que passou na universidade: a leitura.

MARçO/ABRIL – 2013 | nº 93

29


Bem-estar Ler não era uma atividade considera-

dade, a prática tornou-se um hábito

da agradável por Ewerton Maia antes

para preencher seu tempo ocioso e

de ingressar no curso acadêmico. Ao

quebrar a rotina do administrador,

contrário. Ele diz que dedicar tempo

hoje com 29 anos. E a leitura passou

à leitura era algo cansativo e chato.

a acontecer em qualquer momento:

Sua visão só mudou quando a prática

na fila do banco, na sala de espera ou

fazia parte da proposta dos progra-

em um percurso de avião. Não impor-

mas de aprendizagem das disciplinas

ta a hora, a atividade está inserida de

do bacharelado em Administração.

uma “forma muito simples” no seu

O que era então enfadonho passou

dia a dia, ele diz, uma vez que conhe-

a ser frequente e obrigatório “para

cimento, sabedoria, tranquilidade,

que houvesse melhor entendimento

bem-estar, ensinamentos e “inclusive

das disciplinas, assuntos e temas mi-

viagens imaginárias” são só alguns

nistrados naquela ocasião, ou seja, a

dos benefícios proporcionados pela

prática da leitura estava sendo soli-

prática da leitura na sua vida.

dária”, explicou Maia.

Dividido entre as tarefas do cargo de

Em 2006, ao concluir os qua-

servidor público distrital, em Brasília,

tro anos dedicados à facul-

onde reside, e de tutor de sala de um

Faz bem para o cérebro Os benefícios colhidos por Ewerton Maia por meio da lei-

uma máquina de ressonância magnética. Assim, os pes-

tura foram comprovados no ano passado por cientistas

quisadores poderiam analisar o comportamento e os re-

norte-americanos da Universidade de Stanford, segundo

sultados neurológicos. A leitura do trecho do livro deveria

o site Estante Virtual, em matéria publicada no dia 26 de

acontecer de duas maneiras: a primeira poderia ser sem

setembro de 2012. De acordo com o estudo, a leitura faz

compromisso e, posteriormente, era preciso fazer uma

bem para o cérebro. Isso porque quando um ser humano

análise crítica da obra.

lê “o sangue flui para diversas áreas associadas à concentração e, no caso de uma leitura mais crítica, também para áreas menos ativas do cérebro. Logo, concluiu-se que a forma de leitura afeta o cérebro e por intermédio dela podemos treiná-lo para ser cada vez melhor em atividades que exigem compreensão e concentração”.

30

Essa base científica parece comprovar os ganhos obtidos pelo administrador ao longo desses últimos dez anos em que desenvolveu o gosto pela atividade. Tornar-se um escritor, por exemplo, foi resultado dessa dedicação à leitura, pois a prática lhe proporcionou construir novas ideias, aumentar seu vocabulário e mais dinamismo na escrita. Não só na parte

O método utilizado para chegar ao resultado foi por meio

técnica o hábito trouxe mudanças, como também promoveu

de um grupo de pessoas convidadas a lerem um capítulo

“o desenvolvimento do senso crítico e autocrítico, podendo

do romance “Mansfield Park”, de Jane Austen, dentro de

analisar melhor as situações do dia a dia”, acrescentou.

rba | revista brasileira de administração


curso de graduação em Administração, Maia dedica tempo para muitos textos referentes à área em que atua, principalmente assuntos com a abordagem em gestão de pessoas. Para ele não existe um filtro do que deva ser lido ou não, uma vez que cada livro conta sua própria história e enfoques, “onde cada um

A leitura, a influência e a Administração

poderá atingir pontos determinados

Com uma visão holística, Ewerton Maia reconhece que a leitura também se

na vivência do leitor, e âmbito pessoal

insere no contexto da criatividade e inovação, essas duas características tão

e profissional. O hábito da leitura em

almejadas atualmente pelos profissionais e empresas pelo mundo afora. “Por

si promove mudanças no sentido de

meio dela podemos repensar acerca de cada acontecimento no sentido de

melhorar o exercício de sua profissão e

buscar meios possíveis para propor a inovação por intermédio da criatividade

contribui para que nos tornemos seres

e vice-versa”, afirma.

mais evoluídos intelectualmente, pois

O caminho para alcançar tal êxito não precisa ser complicado para uma empre-

ela nos dá mais clareza na forma como

sa. Basta estimular seus funcionários a praticarem a leitura. Em uma escola em

enxergamos as pessoas e o mundo de

que Ewerton trabalhou anteriormente, foi desenvolvido um projeto de leitura

forma geral”, reconhece Ewerton.

para abranger todos os seus frequentadores, dos alunos aos funcionários. Com dias e horários predefinidos, todos eram convidados a parar suas atividades para se dedicar à leitura de algum livro à sua escolha. O projeto cresceu com o tempo, ganhando adeptos que eram posteriormente contemplados, no fim de

Não existe um filtro do que deva ser lido ou não, uma vez que cada livro conta sua própria história e enfoques, onde cada um poderá atingir pontos determinados na vivência do leitor, a nível pessoal e profissional” ADM. Ewerton Maia

cada ano, com uma publicação de autoria da escola apresentando o conteúdo produzido pelos leitores durante o ano. Mas influenciar outros a lerem pode partir de qualquer pessoa e ser feito com o exemplo. “Perceba que, ao passo que sua vida se transforma para melhor por intermédio da leitura, certamente servirá de modelo/referência para desencadeando no próximo o desejo pela leitura”, sugere.

Combate a solidão e eleva a autoestima Para Ewerton Maia, a leitura afetou sua vida, já que é um hábito saudável e ainda por tê-lo ajudado na hora de tomar suas decisões, sendo altamente positiva para

Foto: Arquivo pessoal

seu desenvolvimento e maturidade. Os benefícios não param por aí. O bem-estar inerente ao exercício da leitura é um ponto a ser destacado, uma vez que relaxamento, elevação da autoestima e combate à depressão são consequências da sua prática, “pois um bom livro, à beira da praia, pode ser uma boa pedida para passar um dia em boa companhia”, reflete. Maia fecha com chave de ouro sua apreciação pela leitura: ela propõe um “apoio em virtude da desenvoltura, autoconfiança e segurança que é conferida àquele que a pratica”. Que tal ler um livro agora?

MARçO/ABRIL – 2013 | nº 93

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CAPA POR_Nájia Furlan ILUSTRAçÃO_ERICSON STRAUB E FERNANDO RATIS

PPP:

desafio e oportunidade

32

rba | revista brasileira de administração


A Parceria Público-Privada (PPP) é vantajosa tanto para o poder público quanto para a iniciativa privada. Porém, antes de se celebrar, a relação contratual deve ser amplamente detalhada e discutida; de preferência, por uma equipe multidisciplinar.

P

ossibilidade de bons resultados financeiros. Uma forma mais eficiente de alocação de riscos do investimento, havendo compartilhamento de responsabilidades com o Estado. Essas são algumas das vanta-

gens apontadas por especialistas para as Parcerias Público-Privadas, as PPPs.

Faz quase dez anos que essa modalidade de delegação de serviços públicos – na qual o poder público conta com investimento privado em obras e serviços de infraestrutura – está prevista na legislação brasileira. Porém, apenas agora começa a ser mais discutida e implantada. No resto do mundo, a utilização desse tipo de parceria é amplamente difundida. O professor, doutor pela Universidade de São Paulo (USP) e autor de diversas obras sobre PPPs, Fernando Borges Mânica, destaca exemplos de êxito na América do Sul (Chile), América do Norte (Estados Unidos, Canadá e México), Europa (Portugal, Reino Unido, Itália, França, Espanha e Portugal), África (África do Sul), Ásia (Coreia do Sul e Índia) e Oceania (Austrália). No entanto, no Brasil, segundo ele, são problemas nos contratos que fazem com que a iniciativa privada ainda resista a essa opção. Alivínio Almeida, professor de Economia do Instituto Superior de Administração e Economia (ISAE), conveniado da Fundação Getulio Vargas (FGV) no Paraná, confirma. “Para que as PPPs se realizem é fundamental que sejam desenvolvidos marcos institucionais regulatórios de longo prazo, que estabeleçam deveres e direitos dos atores envolvidos. Sem isso, as garantias dos contratos ficam prejudicadas e afastam os empresários”, comenta.

MARçO/ABRIL – 2013 | nº 93

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Capa De acordo com Mânica, vencer essa insegurança do setor privado é o desafio da administração pública atual. “Relacionar-se com a iniciativa privada por meio de ajustes que atraiam investidores privados a projetos públicos de grande porte, com segurança jurídica e financeira ao particular, mas com garantia ao atendimento do interesse público”, sugere o especialista. Para

evitar

contratos

malfeitos,

Mânica afirma que o procedimento prévio à relação contratual deve ser o mais detalhado e discutido possível. “O contrato deve conter todas as exigências do poder público quanto às metas a serem alcançadas, bem como a definição de critérios claros quanto à remuneração do parceiro privado. Trata-se de um contrato em que há repartição dos riscos decorrentes do investimento e de compartilhamento dos ganhos. Em prazos longos, é impossível antever todas as variantes que podem incidir nes-

Por que aceitar os desafios? Como esclarece Fernando Mânica, na PPP o parceiro privado é remunerado com base na exploração da obra ou serviço. A remuneração pode ser paga exclusiva ou parcialmente pelo poder público. Neste último caso, há também pagamento de tarifa por parte do usuário do serviço, que é complementada por aportes de recursos realizados pelo próprio poder público, nos termos do contrato. “É um importante instrumental jurídico para solução de demandas sociais que exijam grandes investimentos em infraestrutura e que, consequentemente, necessitam de maior período para amortização do investimento privado”, comenta o especialista. Em resumo, é bom para a população, melhor para o poder público e extremamente interessante para a iniciativa privada.

sa equação. Daí a importância de uma

De acordo com Mânica, as PPPs pro-

equipe multidisciplinar na elabora-

porcionam uma nova modalidade de

ção e acompanhamento dos con-

relacionamento entre Estado e entes

tratos de PPP”, propõe Mânica.

privados. “Para o privado, a principal

De acordo com a Lei 11.079 de 2004, as PPPs podem ser de dois tipos: a) Concessão Patrocinada: as tarifas cobradas dos usuários da concessão não são suficientes para pagar os investimentos feitos pelo parceiro privado. Assim, o poder público complementa a remuneração da empresa por meio de contribuições regulares, isto é, o pagamento do valor mais imposto e encargos; b) Concessão Administrativa: quando não é possível ou conveniente cobrar do usuário pelo serviço de interesse público prestado pelo parceiro privado. Por isso, a remuneração da empresa é integralmente feita por pelo poder público.

34


Para que as PPPs se realizem é fundamental que sejam desenvolvidos marcos institucionais regulatórios de longo prazo, que estabeleçam deveres e direitos dos atores envolvidos. Sem isso, as garantias dos contratos ficam prejudicadas e afastam os empresários” Dr. Fernando Borges Mânica vantagem dessa nova modalidade de

As PPPs diferenciam-se em larga

contratação é a expressa previsão de

medida dos contratos administrati-

uma forma mais eficiente de alocação

vos comuns, principalmente por não

de riscos do investimento, havendo

se tratar de uma relação meramente

compartilhamento de responsabilida-

contraprestacional de pagamento

des com o Estado”, conclui.

pelo poder público pela realização de

Como ressalta o professor Alivínio Almeida, as PPPs ainda têm por vantagem juntar a capacidade pública de elevado investimento inicial em estruturas cujo retorno ocorrerá apenas no longo prazo, com a gestão privada de alta eficiência e baixos custos.

uma obra ou prestação de um serviço. “Os contratos de PPP são ajustes de longo prazo (5 a 35 anos), caracterizados por altos investimentos privados (acima de R$ 20 milhões) e com objetivo maior de criação e exploração de obras de infraestrutura”,

“Essa é a melhor parceria que se pode

explica Mânica.

pensar, pois permite um ajuste de es-

Ele ainda completa que, nas PPPs, o po-

trutura e operação de alta qualidade

der público assume a responsabilidade

operacional e quantidade de atendimento”, comenta.

pela amortização integral ou parcial do investimento privado, conforme ocorra a exploração adequada da obra

Regras

e dos serviços previstos no contrato, sempre com base no desempenho da

As regras para celebração de PPPs es-

empresa parceira na exploração do

tão previstas na Lei Federal de número

objeto pactuado. Uma parceria pú-

11.079, de 2004, e ainda na legislação

blico-privada contém pelo me-

de mais de 20 Estados e de uma série

nos duas fases: a construção ou

de municípios, como as capitais São

reforma da infraestrutura e

Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Vi-

a exploração dos serviços

tória, Belo Horizonte e Curitiba.

dela decorrentes.

35


Foto: Portal da Copa/ME/Fevereiro de 2013

Exemplos mais recentes Em época de investir em projetos para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, as Parcerias Público-Privadas ganharam mais adesão. Um exemplo é o da construção do Estádio de Futebol Governador Plácido Castelo, o Castelão. É um dos primeiros a serem entregues para o evento. Foi inaugurado em 27 de janeiro de 2013, resultado da parceria do Consórcio Arena Multiuso Castelão (das empresas vilsan S.A. e BWA Tecnologia Ltda.)

Estádio Castelão em duas perspectivas. Acima, a obra executada. Abaixo, o projeto Foto: Divulgação

Galvão Engenharia S.A., Serveng Cicom o Governo do Estado do Ceará. Um exemplo, em outra área, é a construção do Complexo Penitenciário Público-Privado de Minas Gerais. Inaugurado em 28 de janeiro de 2013, é fruto da parceria do Consórcio GPA (dos grupos CCI Construções, Tejofran/Power Segurança, construtoras Augusto Veloso e NF Motta e Instituto Nacional de Administração Prisional) com o Estado de Minas Gerais. Na saúde, um exemplo que se desta-

Foto: Divulgação

ca é o do Hospital Geral do Subúrbio, inaugurado em 14 de setembro de 2010. Trata-se de uma parceria entre o Consórcio Promédica & Dalkia (das empresas Promédica Patrimonial S.A. e Dalkia Brasil S.A.) com o Estado da Bahia. Nestes dois últimos exemplos, além de empresas de engenharia civil e infraestrutura, destaca-se a participação de outros segmentos.

Na Bahia, o bom exemplo de PPP vem do Hospital Geral do Subúrbio

36

rba | revista brasileira de administração


Artigo do LEITOR

Os riscos tributários e a responsabilidade do administrador A complexidade e o dinamismo do siscente sofisticação, especialmente após a implantação do Sistema Público de Escrituração Digital, têm ensejado a necessidade de as empresas organizarem seus negócios sob apropriada governança tributária. Isso para o cumprimento eficiente e eficaz das obrigações fiscais, de modo a potencializar a legítima economia de tributos e evitar ou minimizar o risco de possíveis questionamentos por parte das autoridades

As boas práticas de governança corporativa atribuem ao conselho de administração e, na falta deste, à alta administração da organização a missão fundamental de garantir a gestão eficaz dos vários riscos (...)”

fiscais, o que pode resultar na identificação de contingências tributárias e na

Do ponto de vista tributário, pode ha-

consequente lavratura de autos de in-

ver a extensão da responsabilidade da

fração, com a correspondente cobrança

empresa aos seus administradores,

de multas punitivas e juros moratórios.

caso seja feito o enquadramento pelo

As boas práticas de governança corporativa atribuem ao conselho de administração e, na falta deste, à alta administração da organização a missão fundamental de garantir a gestão

Fisco, em algumas das situações previstas no artigo 135 do CTN (aquelas decorrentes de atos praticados com excesso de poderes ou infração à lei, contrato social ou estatuto).

eficaz dos vários riscos que podem

A despeito da polêmica gerada pelo

afetar seus negócios e até mesmo sua

referido dispositivo legal, das normas

continuidade, inclusive os tributários.

complementares editadas pela admi-

Inegavelmente, a responsabilidade

nistração fazendária (que, por vezes,

dos conselheiros de administração e

amesquinham o direito dos contri-

membros da diretoria executiva, tanto

buintes em exercerem o princípio do

do ponto de vista societário quanto tri-

contraditório e da ampla defesa, no

butário, agigantou-se no Brasil, espe-

devido processo legal) e da pluralida-

cialmente em função do que dispõem

de de decisões do Superior Tribunal

os Códigos Tributário e Civil e a Lei

de Justiça, o risco de autuações fiscais

das Sociedades Anônimas.

contra as empresas e a extensão da sua

tradores tem sido bem real no Brasil. No caso dessas pessoas físicas, pode até implicar no bloqueio dos seus bens pessoais, inclusive de suas contas bancárias, entre outras medidas. Por isso, diante do risco para as empresas e seus administradores, surge a necessidade de possuírem adequado sistema de controle gerencial, composto por métodos e ferramentas que permitam identificar, tratar, controlar e reportar riscos (contingências) tributários, levando-se em consideração a exposição ao risco que aceitam incorrer. Dessa forma, tanto a pessoa jurídica quanto os seus administradores poderão minimizar a possibilidade de questionamentos por parte das autoridades fiscais, bem como identificar oportunidades lícitas de redução de sua carga tributária. 

Foto: Arquivo pessoal

tema tributário nacional e sua cres-

responsabilidade aos seus adminis-

ADM. Arnaldo Marques de Oliveira Neto mestrando em Controladoria Empresarial pela Mackenzie e professor da FGV e do IBGC em Auditoria Governamental.

MARçO/ABRIL – 2013 | nº 93

37


Ilustração: Muriel Frega

POR_ Laura Babini, colaboradora de HSM MANAGEMENT.

A união

com a máquina Para os seres humanos pararem de disputar trabalho com os recursos tecnológicos, devem adquirir novas competências; as organizações têm de ajudá-los

38

rba | revista brasileira de administração


A

enorme produtividade das

empresas como nas culturas de negó-

máquinas está levando um

cios”.

número cada vez maior de

empresas a empregar mais computadores e menos pessoas em uma crescente gama de tarefas, o que se traduz em altos níveis de desemprego e estagnação da receita de trabalhadores ativos. Ou o leitor tem alguma dúvida de que a constante geração de inovações em diferentes áreas vem transformando em desvantagens as habilidades humanas que até um dia antes pareciam indispensáveis? A era das tecnologias da informação e da comunicação (TICs) exige um debate urgente, e realista, sobre as competências que os indivíduos devem desenvolver para garantir um lugar nesse novo cenário, como propõem Erik Brynjolfsson e Andrew McAfee,

Segundo eles, em um mundo com abundância de dados certeiros, sensores poderosos e capacidade de armazenamento e processamento maciça, os computadores estão em condições de superar o ser humano até em dois tipos de tarefas em que este era considerado insubstituível: As que exigem a habilidade de

reconhecer

padrões.

O caso do Google é paradigmático: em 2010 conseguiu converter uma frota de carros Toyota Prius em veículos totalmente autônomos, por meio de um software que os controla e os provê de uma capacidade de vigilância e um tempo de reação superiores aos de qualquer condutor humano.

respectivamente diretor e principal

As que requerem entabular

pesquisador do Center for Digital Bu-

uma comunicação comple-

siness do Massachusetts Institute

xa. Basta pensar na área de vendas no

of Technology (MIT), no livro Race

varejo, na qual é necessário saber en-

Against the Machine: How the Digital

tabular uma conversa complexa com o

Revolution Is Accelerating Innovation,

propósito de fechar uma operação com

Driving Productivity, and Irreversibly

o cliente, que cada vez mais dispõe de

Transforming Employment and the

máquinas automáticas cumprindo o

Economy (ed. Digital Frontier Press).

papel dos vendedores tradicionais.

O princípio de que partem os estudio-

A chamada “grande recessão” de

sos é o de que o processo de mudança

2007-2009 nos Estados Unidos só fez

em andamento é irreversível, uma vez

amplificar os efeitos do fenômeno,

que as tecnologias digitais são tremen-

mostrando as imensas dificuldades

damente versáteis – já fazem parte de

de reinserção no mercado para quem

praticamente todos os trabalhos, ativi-

perdeu seu posto de trabalho: quando

dades e setores produtivos– e tendem

as estatísticas registraram um ligeiro

ao crescimento exponencial. Elas são

crescimento do PIB norte-americano,

aperfeiçoadas com o passar do tempo

logo houve aumento de investimentos,

e conduzem a inovações complemen-

mas em equipamentos e software, não

tares nos processos, nas organizações

na contratação de pessoas. Ou seja, o

e nos segmentos econômicos que as

que saltou aos olhos foi o vínculo cada

utilizam, dando lugar a uma “cascata

vez mais débil entre criação de valor e

de benefícios, tanto nas operações das

criação de emprego.

O progresso tecnológico excessivo marca o início de uma nova fase da história da humanidade, na qual serão necessários cada vez menos trabalhadores para produzir os bens e serviços de que a população mundial necessita” Brynjolfsson e McAfee MARçO/ABRIL – 2013 | nº 93

39


Brynjolfsson e McAfee creditam o

do vantagem em tarefas que exigem

flagelo do desemprego ao fenômeno

intuição, criatividade e capacidade de

maior do “fim do trabalho”. Segundo

resolução de problemas. Esse diferen-

eles, o progresso tecnológico excessi-

cial deve ser utilizado para reduzir a

vo marca o início de uma nova fase da

lacuna entre o crescimento exponen-

história da humanidade, na qual serão

cial da tecnologia e a estagnação das

necessários cada vez menos trabalha-

vendas e das habilidades dos traba-

dores para produzir os bens e serviços

lhadores, o que levará a um progresso

de que a população mundial necessita.

Foto: Divulgação

Descompasso de habilidades e instituições

grandes ações:

tecnológico, apesar de ter aumentado

Para implantar uma estratégia capaz

a capacidade produtiva da economia,

de fazer com que os seres humanos

não beneficiou todos os integrantes da

evoluam com as máquinas, a solução

sociedade; tanto a renda como as opor-

deria ser atribuída ao fato de que nem as habilidades humanas nem as instituições se mantiveram no compasso Foto: Divulgação

lhar, as organizações devem focar duas

da inovação organizacional.

original para a desigualdade: esta po-

está

em

processos

reinventar

estruturas,

organizacionais

e

modelos de negócio que fomentem o constante avanço da tecnologia e das habilidades das pessoas. Trata-se de um processo de “destruição criativa” (como

propunha

o

economista

Joseph Schumpeter), no qual os

das mudanças tecnológicas.

empreendedores têm papel crucial

A reversão da tendência é viável? Con-

de inovações. (Nesse sentido, também é

forme Brynjolfsson e McAfee, sim. Em vez de se transformar em enfrentamento, a concorrência entre máquinas e pessoas pode, e deve, convergir para o trabalho em equipe. Como os trabalhadores não conseguirão superar as tecnologias digitais, eles precisam deixar de concorrer com as máquinas e aprender a movimentar-se com elas, usando-as como aliadas.

rba | revista brasileira de administração

a todas as pessoas que queiram traba-

parece bastante óbvio que o avanço

MIT oferecem uma explicação mais

40

saudável é capaz de oferecer empregos

Melhorar ritmo e qualidade

da mais desiguais. Os pesquisadores do

Erik Brynjolfsson

e McAfee acreditam, uma economia

Alguns ainda insistem em negá-lo, mas

tunidades de trabalho se tornaram ain-

Andrew McAffe

econômico real. Se, como Brynjolfsson

como desenvolvedores e propagadores valiosa a visão de Peter Senge, relatada no quadro da página ao lado.) Investir no capital humano. Para acompanhar o ritmo do progresso tecnológico, outra grande estratégia é necessária: garantir que as pessoas tenham as ferramentas e habilidades necessárias para tirar o máximo proveito dos avanços tecnológicos e, assim, participar da economia de hoje e

Por mais que os computadores este-

de amanhã. Por mais que os empreen-

jam avançando rapidamente em terri-

dedores inteligentes sejam capazes de

tórios que se pensava exclusivos do ser

inventar formas de criar valor empre-

humano, as pessoas continuam levan-

gando trabalhadores cada vez menos


Foto: Divulgação

Do individual ao coletivo Uma das contribuições mais importantes de Peter Senge, autor de uma série de livros relacionados com sua já clássica definição da “quinta disciplina” e fundador da Society for Organizational Learning, é o conceito de aprendizado organizacional. Mesmo sustentando que o aprendizado mais valioso não é o que se adquire individualmente, mas em grupo, Senge se refere a cinco medidas de desenvolvimento pessoal que recomenda enfatizar ao longo da vida e que, reverberadas coletivamente, conduzem à construção de organizações em que o aprendizado prospere: • Manter o autocontrole. Aprender a cultivar a tensão entre a visão pessoal e a realidade, o que expande a capacidade de tomar melhores decisões e obter mais conquistas. • Criar modelos mentais. Ter consciência das atitudes e percepções que influem no pensamento e das interações necessárias para adquirir maior capacidade de gerir as Peter Senge

próprias ações e decisões. • Obter uma visão compartilhada. Concentrar-se em um propósito comum, desenvolvendo uma noção de compromisso dentro de um grupo ou organização, com base em imagens compartilhadas sobre o futuro. • Aprender coletivamente. Por meio do diálogo e da discussão hábil, levar as equipes a transformar seu pensamento grupal, aprendendo a mobilizar suas energias e capacidades para além da soma dos talentos individuais. • Desenvolver um pensamento sistêmico. Aprender a entender melhor a interdependência e a mudança, e, assim, lidar com mais eficiência com as forças que determinam as consequências das próprias ações.

capacitados, a mensagem que o mer-

maneiras criativas de contribuir para

ção maior e indispensável, tanto para

cado de trabalho claramente envia é

essa meta, entre as quais se destacam:

mitigar o desemprego e a desigualdade

• Aumentar o investimento em edu-

gerados pelo avanço das tecnologias

a de que é muito mais fácil criar valor com funcionários bem preparados. Portanto, a educação se transforma em um elemento crucial e os avanços tecnológicos mostram novamente seu caráter dual, pois, se geram um acesso desigual ao mercado de trabalho, também encerram um tremendo po-

cação para torná-la uma profissão mais valorizada economicamente e, assim, mais escolhida como carreira.

digitais como para aproveitar o potencial que essa revolução digital tem para impulsionar as economias do século 21.

• Ensinar empreendedorismo não só nas escolas de negócios de elite, mas em todo o ensino superior.

tencial para melhorar o ensino com a

• Investir na infraestrutura de comuni-

incorporação de ferramentas digitais

cações e transporte para beneficiar o

Foco na produtividade Com uma preocupação similar no sentido de gerar um progresso econômico

que os educadores podem utilizar para

fluxo de ideias, pessoas e tecnologias.

experimentar abordagens alternati-

• Preservar a flexibilidade relativa dos

cio da firma de consultoria McKinsey

mercados de trabalho para que resis-

por quase 30 anos e diretor emérito

vas, identificar o que funciona ou não e compartilhar suas descobertas.

tam às tentativas de regular as con-

Confiantes de que a combinação de ca-

tratações e as demissões.

e social genuíno, William W. Lewis, só-

do McKinsey Global Institute (MGI), analisou essa realidade de um ponto

pital humano e máquinas pode gerar

Sugestões como essas constituem, se-

de vista diferente. Seu livro The Power

alto crescimento da produtividade, os

gundo Brynjolfsson e McAfee, apenas

of Productivity (ed. Chicago Universi-

autores oferecem recomendações sobre

a ponta do iceberg de uma transforma-

ty Press) aponta a disparidade de re-

MARçO/ABRIL – 2013 | nº 93

41


Foto: Divulgação

Promover a concorrência é o caminho para gerar maior receita nacional que possa logo ser redistribuída, por meio de impostos que se revertam em subsídios governamentais aos desesperadamente pobres. WILLIAm w. Lewis

ceitas entre países ricos e pobres, um

acreditem que a educação da força de

veis, nas quais os trabalhadores encon-

problema que, em seu entender, é o

trabalho seja responsável pelo sucesso

trarão um mercado de trabalho melhor.

mais sério e complexo enfrentado pelo

ou fracasso da economia de um país.

mundo no início do terceiro milênio.

Um leque de capacidades

de alta produtividade, já que, indepen-

décadas recentes por instituições in-

dentemente do nível de educação que

ternacionais e governamentais, assim

tenham, os trabalhadores podem ser

como ONGs, na busca de soluções para

adequadamente capacitados no tra-

o flagelo da pobreza global, injetando bi-

balho com vista a obter maior produ-

lhões de dólares nas nações pobres para

tividade, afirma Lewis, aludindo aos

infraestrutura, educação e saúde, entre

canais educativos não formais (anali-

outras áreas, não deram bom resultado.

sados mais adiante neste dossiê).

Durante 12 anos – desde a criação do

O principal resultado de seu estudo

MGI –, Lewis investigou a dinâmica e

é a comprovação de que o progresso

a evolução de um grupo representati-

econômico dos países pobres depen-

vo de setores em 13 países (Austrália,

de do aumento da produtividade, o

Brasil, França, Índia, Japão, Coreia

que só é possível com uma concorrên-

No trabalho, patrocinado pela Hewlett

do Sul, Reino Unido, Estados Unidos,

cia intensa e justa. Quando os gover-

Foundation, 21st Century Competen-

entre outros), procurando entender a

nos tentam alcançar objetivos sociais

cies and Their Impact: An Interdisci-

economia por meio de suas bases pro-

limitando a concorrência, as compa-

plinary Literature Review, os pesqui-

dutivas: as empresas. “Em economia”,

nhias menos eficientes não conse-

sadores perguntam que competências

explica, “é necessário compreender

guem substituir as mais eficientes; o

são as mais relevantes na economia

por que as empresas agem como agem,

crescimento econômico se desacele-

global do século 21 para que traba-

já que são as fontes primordiais do

ra e as nações permanecem pobres.

lhadores, empresas e países sejam

crescimento e da criação de emprego”.

42

Alto nível de educação não é garantia

Lewis afirma que os esforços feitos em

Para Lewis, consequentemente, pro-

Para entender melhor o cenário descrito pelos autores de Race Against the Machine, no qual é indispensável que os trabalhadores adquiram novas capacidades para estar atualizados em relação ao avanço tecnológico vertiginoso e exponencial, vale a pena debruçar-se sobre um exaustivo levantamento bibliográfico feito por David Finegold e Alexis Spencer Notabartolo.

competitivos, e se o fato de possuí-las influencia efetivamente os resultados

Nessa análise microeconômica, ele des-

mover a concorrência é o caminho

cobriu que, diferentemente da crença

para gerar maior receita nacional que

popular, oferecer mais capital às na-

possa logo ser redistribuída, por meio

ções pobres não é a melhor maneira de

de impostos que se revertam em sub-

ajudá-las. Tampouco a educação em si

sídios governamentais aos “desespe-

Adotando uma definição de concor-

é o caminho para sair da armadilha da

radamente pobres”. Assim, conclui ele,

rência que vai além dos saberes e

pobreza, por mais que muitas pessoas

são geradas economias mais saudá-

habilidades e inclui a capacidade de

rba | revista brasileira de administração

educativos e econômicos, tanto para os indivíduos como para as organizações [veja quadro na página ao lado].


satisfazer demandas complexas mobilizando recursos psicossociais em contextos particulares, os autores

Competências de 2020 O Institute for the Future, centro de pesquisas sem fins lucrativos com sede em Palo Alto, Califórnia, realizou em 2011, com o patrocínio do Apollo Research Institute, um

revisaram várias pesquisas sobre o

estudo que teve por finalidade detectar novas competências necessárias para ser bem-

tema. Isso lhes permitiu identificar

sucedido no cenário profissional futuro. O documento, intitulado Future Work Skills

áreas gerais de competências prio-

2020, se baseou na elaboração de prognósticos em áreas como educação, tecnologia,

ritárias para os trabalhadores da era

demografia, trabalho e saúde, a partir de opiniões de especialistas de várias disciplinas.

digital, as quais agruparam em cinco

Os pesquisadores identificaram grandes impulsionadores de mudanças de ruptura

grandes categorias:

que, em conjunto, reformularão o cenário do trabalho e selecionaram os seis mais

Habilidades analíticas: pensamento crítico, resolução de problemas, tomada de decisão, pesquisa e curiosidade. Habilidades interpessoais: comunicação, colaboração, liderança e responsabilidade. Capacidade de execução: iniciativa, autodireção e produtividade. Processamento de informação: alfabetização digital, alfabetização midiática, cidadania digital, operações e conceitos relativos às TIC. Capacidade de aprender e mudar: criatividade/inovação, aprendizado adaptativo/aprender a aprender e flexibilidade. Ter essas competências gerais se tor-

relevantes para as futuras habilidades de profissionais e organizações:

1

A longevidade extrema em escala global, que muda a natureza das carreiras

2

A ascensão das máquinas e sistemas inteligentes, que gera crescente auto-

3 4

O mundo entendido como um sistema programável, em decorrência da

5 6

A emergência de organizações superestruturadas, nas quais as tecnologias

e do aprendizado.

matização do local de trabalho.

disseminação de sensores e do poder de processamento. As novas ferramentas de comunicação, criadoras de um cenário que exige uma alfabetização multimídia.

sociais promovem novos meios de produzir e criar valor. Um mundo conectado globalmente, no qual a diversidade e a adaptabilidade estão no centro das operações organizacionais.

E identificaram dez habilidades vitais para o sucesso pessoal até 2020, como: • A capacidade de entender conceitos de múltiplas disciplinas. • A capacidade de trabalhar produtivamente e com comprometimento em uma equipe virtual. • A inteligência social, que permite conectar-se com os outros de maneira profunda e direta, a fim de estimular reações e gerar as interações desejadas. • A capacidade de operar em diferentes cenários culturais.

na, segundo o estudo de Finegold e

• A capacidade de discernir e filtrar informações segundo sua importância.

Notabartolo, pré-requisito indispen-

• O pensamento original e adaptativo, que permite pensar e propor soluções e

sável para garantir emprego em uma

respostas que vão além das normas estabelecidas.

época em que o trabalho manual pouco

A alfabetização orientada aos novos meios de comunicação, ou seja, a capacidade

qualificado está em franco declínio. E a

de avaliar criticamente e desenvolver conteúdos para os novos formatos midiáticos

capacidade dos indivíduos de se adap-

e aproveitá-los para estabelecer uma comunicação persuasiva.

tar e inovar, especialmente, é vital até

O pensamento de design, que permite representar e desenvolver criativamente tare-

para operários de chão de fábrica. De qualquer modo, esse parece ser só o começo de um debate que envolverá, mais cedo ou mais tarde, todos os setores da sociedade. 

fas e processos de trabalho. Para obter êxito, os trabalhadores do futuro terão de se tornar sujeitos do aprendizado ao longo de toda a vida e contar com uma grande capacidade de adaptação. E às empresas cabe alinhar as estratégias com tudo isso.

MARçO/ABRIL – 2013 | nº 93

43


POR_ Laura Babini, colaboradora de HSM MANAGEMENT.

A máfia Montessori e as novas competências

Sergey Brin, Larry Page, Jeff Bezos, Jimmy Wales, Katharine Graham, Gabriel García Márquez (para citar um latino-americano) e, talvez, Peter Drucker. Por que tantos empreendedores e gestores de sucesso atuais estudaram em escolas com o método pedagógico Montessori? Reportagem HSM Management mostra que esse pode ser um caminho para desenvolver as habilidades exigidas hoje e no futuro A era digital exige novas competências, tanto individuais

Além das habilidades e competências, as pessoas precisam

como coletivas e institucionais, e muitas delas não foram

cultivar uma série de atitudes para se inserir com sucesso no

aprendidas nem desenvolvidas durante os anos de escola.

mercado de trabalho, focadas no pertencimento a um grupo

Além de dominar uma disciplina, um idioma estrangeiro ou

e na adaptabilidade para se mover em ambientes dinâmicos,

uma área produtiva, são exigidas capacidade de tomada de

nos quais um conhecimento se torna obsoleto rapidamente.

decisões, flexibilidade para trabalhar em qualquer lugar e momento, aptidão para decodificar as linguagens das tecnologias da informação e da comunicação (TICs) e eficácia na comunicação de ideias. Estudos recentes se ocuparam de analisar essas habilidades,

para dar conta de tudo isso e não ficar de fora das grandes rupturas desta era? E como desenvolvê-la?

consideradas entre as mais relevantes em uma economia

Pequenas apostas no diferente

globalizada. Um deles, 21st Century Competencies and Their

Em seu artigo “The Montessori Mafia”, publicado no The

Impact, patrocinado pela Hewlett Foundation, apoiou-se em trabalhos acadêmicos oriundos de uma diversidade de disciplinas para identificar, além das habilidades, as competências do século 21 –e sintetizou-as em quatro: • pensamento crítico e resolução de problemas; • comunicação, liderança e colaboração; • alfabetização digital e midiática; • criar, inovar e aprender a aprender.

44

De que mentalidade necessitam indivíduos e organizações

rba | revista brasileira de administração

Wall Street Journal em abril de 2011, o empreendedor, autor e consultor Peter Sims diz que “podemos mudar a maneira como nos ensinaram a pensar”. Essa afirmação é o argumento central de seu livro Little Bets: How Break-through Ideas Emerge from Small Discoveries (ed. Free Press), no qual sustenta que as grandes ideias poucas vezes surgem instantaneamente, como resultado da inspiração de um gênio. O habitual, explica, é que apareçam após um trabalho cotidiano sistemático e rigoroso de observação e descoberta.


res atuais e do passado, o autor descobriu que os pensadores e realizadores criativos e produtivos geralmente praticam um conjunto de métodos experimentais, simples mas engenhosos, que liberam sua mente das limitações impostas pelo sistema de ensino convencional (caracterizado pela ênfase nas habilidades de pensamento analíticas e na resolução linear de problemas), preparando-a, assim, para estabelecer conexões criativas e alcançar resultados extraordinários. Esse modo de pensar e agir é o coração da estratégia baseada em “pequenas apostas” que Sims apresenta em seu livro e que constitui uma ferramenta fundamental para enfrentar os desafios do presente e do futuro. A abordagem que recomenda consiste em realizar pequenas ações, simples e concretas, com atitude positiva diante do fracasso, já que se trata de um enfoque que tem como base a tentativa e erro até chegar à descoberta e ao desenvolvimento de novas ideias.

Mente aberta para a nova era Em Little Bets, o autor questiona as habilidades transmitidas pelo sistema educacional dominante, voltadas para as competências do hemisfério esquerdo do cérebro. Ao mesmo tempo, os saberes dos alunos são avaliados com base na conquista de metas preestabelecidas, o que limita a criatividade e a autonomia. Uma educação que fomente o desenvolvimento das competências do hemisfério direito, por sua vez –a iniciativa, a intuição, a descoberta, a dúvida e a aceitação do erro–, contribuiria para

Ilustração: Muriel Frega

Depois de pesquisar grandes inovado-


cultivar habilidades fundamentais

dade flexível o fazem intuitivamente,

para enfrentar as exigências profissio-

existe um método de ensino alternati-

nais do mundo atual.

vo, datado do início do século 20, que

Sims destaca os achados de Carol

se concentra mais na individualidade

Dweck, professora de psicologia social na Stanford University, que revelou

ção dos conteúdos oferecidos: o méto-

por que algumas pessoas mostram

do Montessori.

mais predisposição e capacidade de

Essa pedagogia – orientada prin-

aprender com os contratempos do que outras. Dweck explica que essa diferença se deve a duas maneiras gerais de pensar no aprendizado e no fracasso, as quais define respectivamente como mentalidade rígida e mentalidade de crescimento.

cipalmente a crianças de 2 anos e meio a 6 ou 7 anos – foi criada em 1907 pela educadora e médica italiana

Maria

Montessori

(1870-

1952). Ela acreditava que as crianças tinham um interesse inerente e espontâneo pelo aprendizado e pela au-

Os indivíduos com mentalidade rígida

todisciplina, o que logo diminuía ou

pressupõem que suas capacidades e in-

se perdia por influência da educação

teligência são estáticas, ou seja, um con-

convencional.

junto inato de talentos. Isso gera urgência para demonstrar continuamente seus conhecimentos e a percepção de que o fracasso pode ameaçar sua identidade. Essa, aliás, é a mentalidade que costuma surgir da educação convencional.

Nas instituições que usam o método Montessori, não existem anos escolares, mas classes com crianças de várias idades”

de quem aprende do que na padroniza-

Ao contrário, aqueles que têm mentalidade de crescimento acreditam que é possível cultivar a inteligência e as capacidades – o que significa que todos podem ter acesso a elas – e tendem a considerar os fracassos como oportunidades de crescimento. Assim, estão dispostos a desafiar-se constantemente.

Seu enfoque de ensino se baseia nesse espírito e promove um ambiente de aprendizado colaborativo e autoguiado, no qual os alunos soltam as rédeas de sua curiosidade e tomam iniciativas. Nas instituições que usam o método Montessori não existem anos escolares, mas classes com crianças de várias idades, que escolhem a atividade que vão desenvolver entre uma gama de opções. É um modelo construtivista ou de descoberta, no qual os estudantes não são avaliados. Eles aprendem conceitos por meio do tra-

A mentalidade de crescimento, flexí-

balho com materiais criados especifi-

vel, aberta a críticas e erros, tolerante

camente para isso, e não por instrução

a outras visões, é a que caracteriza os

direta. Assim, o papel do professor

inovadores criativamente produtivos. E é a que melhor se encaixa no mundo atual, continuamente em mutação.

se assemelha ao de um supervisor e mentor, distante da figura habitual do professor expositor. A pedagogia Montessori não só se expandiu pelo mundo

Peter Sims

46

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A antieducação

todo em suas escolas, como também

Ainda que se possa pensar que as pes-

vadores, como o criado no Brasil com o

soas que se guiam por uma mentali-

influenciou projetos educativos inoaval da Semco, de Ricardo Semler.


Lumiar, experiência brasileira na vanguarda mundial A empresa brasileira Semco dedica-se a

O objetivo é formar cidadãos responsáveis

diversos negócios, como fabricação de

com competências sociais, intelectuais e

equipamentos industriais. Em 2002, ca-

culturais que lhes permitam mover-se em

racterizada por seu compromisso com

um mundo em constante mudança e de-

causas sociais, acrescentou um bem di-

mocrático. Seu conceito pedagógico se

ferente ao portfólio: estimulou em São

apoia no seguinte tripé:

Paulo a criação de um projeto educativo inovador, a escola infantil Lumiar, organização sem fins lucrativos que propõe uma

1 Democracia: sempre que possível, soluções são tomadas coletivamente.

metodologia de ensino interativa, na qual

2 Plano de estudos em “mosaico”

o conhecimento surge da reprodução de

(desestruturado): cada criança cons-

situações e da aplicação de ideias que es-

trói o próprio processo de aprendizado. Os

timulam a curiosidade, a observação e a

estudantes escolhem os cursos e se encon-

criatividade das crianças.

tram semanalmente para tomar decisões

treinador, que monitora o estudante ao

sobre todos os aspectos vinculados ao

longo de sua vida escolar na instituição e

funcionamento da escola, incluindo disci-

interage com a família; de outro, o mes-

plina e excursões. As atividades fazem par-

tre, que organiza, coordena e assessora as

te de projetos específicos que estimulam a

crianças em seus projetos de aprendizado.

resolução de problemas e se desenvolvem

As três sedes em que a escola funciona

com base nos interesses dos alunos.

hoje são mantidas pela Fundação Ralston-

dizado. Neles, crianças de diversas cul-

3 Presença de dois tipos de edu-

Semler, que o visionário CEO da Semco,

turas, idades e origens sociais aprendem

cadores-chave: de um lado, o profis-

Ricardo Semler, criou em 1990. Em essên-

sem avaliações nem hierarquias, com base

sional, que cumpre o papel fundamental

cia, ele transferiu sua filosofia de gestão,

na formação de valores, centrada no res-

de guiar e acompanhar os estudantes –

baseada em democracia e “liderança por

peito às diferenças.

é uma mescla de conselheiro, mentor e

omissão”, para a educação.

Sementeira de empreendedores

inventado produtos e examinar os há-

interesse das crianças pelo funciona-

bitos de líderes como Steve Jobs, Jeff

mento do mundo se perde ao crescer.

Bezos e A.G. Lafley, descobriram que

E observaram que, em geral, ao che-

existe um conjunto de capacidades

gar aos 6 anos e meio, elas param de

que distingue os inovadores, entre as

perguntar porque aprendem que os

quais as de experimentar, observar,

professores valorizam muito mais as

questionar e estabelecer redes com

respostas corretas do que as pergun-

as mais diversas pessoas. Por trás de

tas provocativas.

Escolhida como uma das 12 instituições de ensino mais inovadoras do mundo segundo uma pesquisa realizada pela Unesco em parceria com a Stanford University e a Microsoft, a escola Lumiar não tem aulas tradicionais, mas espaços de apren-

Mas qual é a ligação entre um sistema inovador de educação infantil e as exigências do mundo dos negócios? A resposta vem das valiosas descobertas de uma pesquisa à qual Sims se refere em seu livro. Os professores Hal Gregersen, do Insead, e Jeffrey Dyer, da Brigham Young University, propuseram-se investigar a maneira de pensar das pessoas cria-

todas elas estão uma enorme curiosidade e uma inclinação constante para o aprendizado, a pesquisa e a observação do mundo, e essas capacidades, segundo os autores, podem ser desen-

Ricardo Semier

Descobriram, além disso, que muitos dos inovadores de seu estudo tinham frequentado escolas Montessori, onde aprenderam a desenvolver a curiosidade e o espírito de descoberta. É o

tivas do mundo empresarial. Depois

volvidas por qualquer um.

de pesquisar mais de 3 mil executivos,

Ao explorar os fatores que promovem

gey Brin e Larry Page, que durante uma

entrevistar 500 pessoas que tinham

tais capacidades inquisitivas, Greger-

entrevista com a lendária jornalista

iniciado companhias inovadoras ou

sen e Dyer se questionaram por que o

norte-americana Barbara Walters, em

caso dos cofundadores do Google, Ser-

MARçO/ABRIL – 2013 | nº 93

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2004, quando a empresa abriu o capital, afirmaram que sua educação nessa pedagogia tinha influenciado demais seu sucesso, mais ainda do que o fato de seus pais serem professores universitários.

A experiência educativa ideal de um jovem Ao debate sobre que habilidades devem ser

Jeff Bezos, fundador da Amazon, também estudou pelo

ensinadas

método Montessori, e a essa experiência ele atribui sua ca-

de agora em diante, e

pacidade de desafiar e desafiar-se com perguntas como

em sintonia com a pe-

“Por que não?” e “O que aconteceria se...?”. Também fa-

dagogia

zem parte da lista: Jimmy Wales, fundador da Wikipedia; Katharine Graham, proprietária e diretora do The Washington Post na época do caso Watergate; Anne Frank, a menina judia vítima do nazismo que escreveu um diário comovente até ser descoberta e mandada para um campo de concentração; e Gabriel García Márquez, Prêmio Nobel de Literatura. (O caso de Peter Drucker, “pai” da gestão moder-

nas

escolas

Montessori,

acrescenta-se a voz do jovem

norte-americano

Nikhil Goyal, estudante do último ano do ensino médio na Syosset High School, que não só dá conferências em vários países, como já escreveu

na, é controverso, já que não se sabe se ele realmente foi educa-

um livro: One Size Does

do na pedagogia Montessori. Mas não resta dúvida sobre sua

Not Fit All: A Student’s Assessment of School (ed. Bravura Books).

admiração explícita pela obra da educadora italiana.)

Entre outras coisas, Goyal rejeita o modelo de educação atual,

Essas descobertas levaram Sims a suspeitar da existência de uma verdadeira “máfia Montessori” na elite de empreendedores criativos e a refletir sobre os enormes benefícios que essa pedagogia poderia oferecer a todo tipo de pessoas e organizações.

Nikhil Goyal

que adjetiva de irrelevante e rotineiro (para não dizer entediante), e propõe um sistema de avaliação com a participação dos alunos. Em uma reportagem publicada no site Forbes.com em maio de 2012, a jornalista Erica Swallow, depois de listar e analisar as contribuições de Goyal, pergunta-se se um jovem de 17 anos poderá salvar o sistema de ensino dos Estados Unidos, listando e analisando suas contribuições.

A lição mais importante do método Montessori é a de que o mundo é um lugar interessante, que deve ser explorado”

No livro, Goyal sugere a reestruturação do sistema desenhando um retrato da experiência educativa ideal. Entre as mudanças necessárias para ele estão: • Abolir as qualificações e graus padronizados, substituindo-os por avaliações de desempenho mais abrangentes.

Afinal, segundo Andrew McAfee, pesquisador do Center for Digital Business do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e coautor de Race Against the Machine – ele mesmo aluno de escola Montessori –, “há desacordos sobre cada aspecto da política educacional norte-americana, com uma única exceção: todos acreditam que seria grandioso conseguir ensinar melhor os estudantes a inovar”.

(não por idade), ensinar por meio de experiências em vez de aulas magistrais e incorporar habilidades para o século 21, as quais identifica como: pensamento crítico, pensamento criativo, colaboração, comunicação, curiosidade, assunção de riscos e atitude diante do fracasso. • Transformar a docência, pagando mais aos educadores e aca-

No post intitulado “Montessori builds innovators” do blog

bando com a “caça às bruxas” que começou com a avaliação dos

da Harvard Business Review, de julho de 2011, ele retoma o

professores com base no desempenho de seus alunos nas provas.

artigo de Sims e afirma: “Até que me convençam do contrá-

Brilhante e apaixonado, Goyal diz que da infância à idade adulta

rio, continuarei acreditando no método Montessori e reco-

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• Reinventar a sala de aula para reunir os alunos por capacidade

deveríamos sentir alegria quando aprendemos e procurar opor-

mendando-o aos pais. O mais importante que aprendi é que

tunidades para debater e questionar o mundo que nos rodeia

o mundo é um lugar interessante, que deve ser explorado.

– diferentemente dos alunos de hoje, que, ao terminar o ensino

Existe base melhor para um inovador em formação?”. 

médio, só aprendem a pensar como todo mundo, segundo ele.

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OPINIÃO ILUSTRAçÃO_MARCOS BERMUDEZ

Espiritualidade no Mundo Corporativo I Este é o primeiro texto de uma série sobre espiritualidade no ambiente corporativo. Acompanhe os próximos artigos.

M

etas, planejamentos, projetos, pressão, resultados, balanços, estratégia, concorrência, competência, faturamento... e tantas outras

palavras que poderiam ser postas aqui descrevem com alguma precisão o chamado mundo corporativo. Um universo formado de números e métricas. Um campo no qual tudo deve ser objetivo, pois afinal somente é gerenciável o que é mensurável, diz a máxima da gestão. Ficam então as perguntas: num contexto assim, há espaço para espiritualidade? Neste império da objetividade tem lugar a subjetividade? Ao intangível reserva-se algum futuro neste reino do tangível? Não hesito, nem por um segundo, em responder com um retumbante SIM a estas três questões. As minhas afirmativas contrariam frontalmente uma tendência de encarar o mundo dos negócios, a arena corporativa, como uma área da nossa vida na espiritualidade e outras “coisas” da nossa humanidade não cabem. Para isso, existe o ambiente familiar, dos amigos, da religião, das ONGs, espaços nos quais podemos nos dar ao luxo de sonhar com estes aspectos mais subjetivos. O mundo corporativo não. Ali é guerra, e na guerra vale tudo. Eu não poderia discordar mais desta maneira de pensar. Não há área da nossa existência na qual a espiritualidade não esteja presente. Quando todos os dias vamos para o trabalho, não a deixamos na porta da empresa. Achar que é possível viver no mundo corporativo sem espiritualidade é um equívoco decorrente da nossa falta de conhecimento do que ela significa.

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Espiritualidade é a capacidade inerente

Por mais que nossas corporações nos

Entendida espiritualidade desta ma-

que todo ser humano tem de transcen-

vejam como funcionários (peças com

neira, fica óbvio perceber como uma

der-se. Estamos habilitados a ir além do

uma função numa grande engrena-

empresa, um negócio de qualquer

nosso próprio umbigo, de nos guiar por

gem), tal visão não determina nossa

natureza está marcado por espiritu-

propósitos mais elevados, de buscar um

identidade. Somos pessoas também

alidade. Clientes, fornecedores, con-

sentido maior. Esta sede por uma reali-

subjetivas, psicológicas, psico primeiro

correntes, colegas de trabalho, chefes,

dade mais transcendente, ainda que não

e depois lógicas, casamos, divorciamos,

líderes... todos são pessoas e, como

a chamemos Deus, é traço constitutivo

temos alegrias, tristezas, depressões,

de cada um de nós. Se fôssemos seres so-

autoestima, competências e, como dis-

tais, seres espirituais. Pois como mui-

mente objetivos, nossa existência seria

se o poeta popular, “a gente não quer só

de um tédio inominável, pois se reduzi-

comida, a gente quer comida, diversão

ria a acordar, comer, trabalhar, ganhar

e arte”. Espiritualidade é aquilo que

dinheiro e começar tudo de novo, num

nos faz humanos. Somos gente por ser-

ciclo estéril e vazio. É precisamente

mos seres essencialmente espirituais.

encontrar sentido para existir, uma das marcas da espiritualidade presente em nós. Mais ainda: não somos máquinas.

Entenda-se porém que espiritualidade não é um patrimônio das religiões. Se fosse, somente poderia ser espiritual quem adotasse um determinado caminho religioso. A espiritualidade é mais do que religião. Esta é uma instituição humana, formada por ritos e regras, com denominação própria, tendo fronteiras definidas estabelecendo quem são os de dentro e os de fora. Pertencese a uma tradição religiosa por opção de assumir dogmas, doutrinas e regras de comportamento. A espiritualidade por sua vez transcende ritos, regras,

dos mais brilhantes pensadores que conheço, “Não somos seres humanos vivendo uma experiência espiritual, somos seres espirituais vivendo uma experiência humana”. Integrar nossa espiritualidade àquilo que fazemos, tê-la como uma aliada para nos ajudar a ganhar a vida sem perder a alma, é o tipo de competência que pode fazer de cada um de nós, sejamos empreendedores de novos negócios ou colaboradores de empresas já estabelecidas, profissionais dos mais cobiçados por um mundo cada vez mais consciente de que o intangível (espiritualidade) afeta qualitativamente o processo e o produto de tudo quanto realizamos.

dogmas, fronteiras, denominações,

Mas como, na prática, viver esta inte-

portanto, não é uma escolha que faze-

gração entre espiritualidade e mundo

mos, é algo que somos. Existir em si

corporativo? Isto é precisamente o

mesmo já é ser espiritual.

tema das nossas próximas colunas. 

A espiritualidade é mais do que religião. Esta é uma instituição humana, formada por ritos e regras, com denominação própria, tendo fronteiras definidas estabelecendo quem são os de dentro e os de fora. Pertence-se a uma tradição religiosa por opção de assumir dogmas, doutrinas e regras de comportamento.

Foto: Divulgação

este desejo de transcender a tudo isto e

to bem disse Teilhard de Chardin, um

DR. Eduardo Rosa Pedreira é professor de Sustentabilidade Corporativa da Fundação Getulio Vargas e coautor do livro “Gestão Sustentável de Negócios”.

MARçO/ABRIL – 2013 | nº 93

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CONEXÃO Imagem: divulgação

Fundamentos de Administração Pública Brasileira O livro se preocupa em organizar, estruturar e analisar um conjunto de informações sobre a administração pública brasileira; combina conceitos e instrumentos analíticos próprios de ciência política, da economia, do direito administrativo e da ciência da administração. A obra é uma importante contribuição para a formação, o treinamento, a especialização e o aperfeiçoamento de servidores públicos, gestores governamentais e legisladores, além de importante referência para pesquisadores e estudante. Autor: Marcelo Douglas de Figueiredo Torres Editora: FGV| Edição: 1ª | Ano: 2012 | Nº de páginas: 352

Imagem: divulgação

LEIA MAIS Brandwashed: o lado oculto do marketing O novo livro do autor do best-seller internacional “A Lógica do Consumo” apresenta uma nova visão sobre como os gigantes globais trabalham para controlar e escolher o que consumidores compram. Martin Lindstrom, o visionário do marketing, esteve na linha de frente da guerra das marcas por mais de vinte anos. Nessa obra, ele desvenda os segredos dessa guerra, revelando tudo o que testemunhou a portas fechadas, expondo pela primeira vez todos os truques psicológicos e todas as armadilhas que as empresas criam para aumentar as vendas.

Imagem: divulgação

Autora: Martin Lindstrom | Editora: HSM | Edição: 1ª | Ano: 2013 | Nº de páginas: 344

Mapeamento de Competências O livro foi estruturado em quatro capítulos, que ilustram as experiências do autor em sua trajetória profissional e acadêmica nos últimos 15 anos. A obra foi elaborada com a pretensão de ajudar a preencher certa lacuna na literatura sobre o tema, trazendo contribuições de ordem prática e metodológica àqueles que necessitam empreender processos de mapeamento de competência nas organizações em que atuam, a profissionais de gestão de pessoas e aos que estudam a gestão por competências em cursos de graduação e especialização.

Imagem: divulgação

Autora: Juliana Lapolli | Editora: Pandion | Edição: 1ª | Ano: 2012 | Nº de páginas: 215

Administração de Marketing A 14.° edição traz novidades como as mudanças econômicas, ambientais e tecnológicas que impactam o setor de marketing no Brasil e no mundo. Considerada uma das obras mais lidas por diferentes gerações de estudantes de Marketing, a edição atualizada traz novas situações reais de empresas brasileiras, que relacionam a experiência do mercado aos conceitos apresentados no livro, a partir das seções “perspectiva brasileira” e “Panorama brasileiro”. Autores: Philip Kotler e Kevin Lane Keller Editora: Pearson Education | Edição: 12ª | Ano: 2012 | Nº de páginas: 776

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Imagem: divulgação

Invictus O filme conta a história a partir da eleição de Nelson Mandela (Morgan Freeman) para presidente da África do Sul, quando o país ainda mantinha resquícios do apartheid. Para contornar a grave situação social e econômica, Mandela se une ao time nacional de rúgbi. Com a ajuda do capitão Francois Pienaar (Matt Damon), o líder político apoia o time quando, pela primeira vez, a Copa Mundial de Rúgbi seria realizada em solo sul-africano. Na relação entre presidente e capitão, Mandela vai atuar como uma espécie de coach, não para dar as respostas, mas para fazer o atleta refletir sobre as situações e mudar seus comportamentos. Título original: Invictus | Duração: 134 minutos | Gênero: drama Direção: Clint Eastwood | Ano: 2009 | País de origem: Estados Unidos

REDE www.boasideias.com.br O site oferece boas dicas e informações preciosas para empreendedores. Também assessora a todos que desejam montar ou melhorar o próprio negócio, além de colocar em contato compradores e vendedores.

www.bn.br Trata-se da página web da Fundação Biblioteca Nacional. Oferece uma série de serviços úteis para aqueles que buscam obras literárias das mais diversas naturezas. Faz parte do rol de consultas indispensáveis para qualquer trabalho de pesquisa.

www.sualingua.com.br Coordenado pelo professor e doutor em Letras Cláudio Moreno, o site busca resolver problemas dos internautas com a Língua Portuguesa. Também busca difundir e desmistificar as regras do Português bem falado e escrito de maneira correta. Lembre-se: o domínio da língua é fundamental para uma comunicação eficiente.

www.capes.gov.br O site divulga informações institucionais e organizacionais da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e é indispensável para aqueles que planejam conseguir apoio para desenvolver linhas de pesquisa em níveis de mestrado e doutorado.

www.fnde.gov.br Este é o sitio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Contém informações sobre financiamentos e a descrição e relação de programas administrados pela entidade, que atendem Estados e municípios.

www.akatu.org.br O portal é um canal permanente de divulgação de práticas de consumo consciente. Possui uma agenda de seminários e palestras sobre o tema e prega com seriedade os bons efeitos que podem ser produzidos quando a sustentabilidade é levada em conta.

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CONSELHO POR_Caroline Esser

Ministro do TCU recebe Administradores Reunião pode ser considerada um momento ímpar, que marca a luta pela fiscalização profissional visa apresentar soluções para resolver os problemas enfrentados no Brasil no que diz respeito à mobilidade de produtos divididos nos modais aquaviário, rodoviário, dutoviário, ferroviário, infoviário e aéreo. Dados apresentados pelo ministro Augusto Nardes constam que apenas 6% do transporte no

O

país é feito por meio de hidrovias e cerca de, 25% em ferrovias. Na ocasião, s presidentes do Conselho

acordo com a Lei nº 4.769, de 1965, que

também foi proposta uma parceria en-

Federal de Administração

regulamenta a profissão de Adminis-

tre o TCU e o Sistema CFA/CRAs para

(CFA), Adm. Sebastião Luiz

trador, uma das atividades privativas

combater, por meio do PBLOG, os pro-

de Mello, do Conselho Regional de Ad-

dos profissionais da área é a seleção de

blemas de logística no país.

ministração do Espírito Santo (CRA-

pessoal. Sendo assim, foi apresentada

ES), Adm. Marcos Felix Loureiro, do

ao ministro Augusto Nardes a solicita-

Conselho Regional de Administração

ção de que as empresas de locação de

do Pará (CRA-PA), Adm. José Célio

mão de obra, que têm como atividade

Santos Lima, e o vice-presidente do

principal a Administração e seleção de

Conselho Regional de Administração de

pessoal, devem possuir registro profis-

São Paulo (CRA-SP), Adm. José Alfre-

sional no Conselho de Classe.

do Machado de Assis, realizaram no dia

Para o presidente do CFA, Adm. Se-

21 de março, quinta-feira, uma reunião com o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Adm. João Augusto Ribeiro Nardes, para tratar de assuntos de interesse dos Administradores. Na ocasião, os Administradores solicitaram ao ministro uma revisão dos acórdãos 2308 e 2475, ambos de 2007, que não exigem o registro profissional

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bastião Mello, “é imperioso que o TCU reveja sua posição consignada nos citados acórdãos, voltando o Estado Brasileiro a contar com a garantia de ter uma entidade, também com poder de Estado – os CRAs –, a conferir legitimidade e legalidade de documentação tão importante para os interesses maiores da Administração Pública”.

O ministro do TCU comentou, durante o encontro, sobre a importância de se ter uma visão ampla das situações. “Não adianta nós vermos uma árvore e não termos uma visão macro para enxergar a floresta, essa visão os Administradores possuem”, disse. A reunião com o ministro Augusto Nardes pode ser considerada um momento ímpar, pois o que está se propondo é uma parceria que visa, por meio da revisão dos já referidos acórdãos, tornar o Sistema CFA/CRAs e o TCU aliados na luta pela fiscalização profissional. Com isso, o CFA busca a conscientização das empresas que trabalham com locação de mão de obra sobre a importância do

dos atestados de capacidade técnica

Durante a reunião, o presidente do

registro profissional, justamente em

nos Conselhos Regionais de Admi-

CFA informou que a autarquia está fi-

2013, o ano em que o Conselho Federal

nistração (CRAs) para fins de parti-

nalizando o projeto Plano Brasil de In-

de Administração denominou como “O

cipação em processos licitatórios. De

fraestrutura Logística (PBLOG), que

Ano da Fiscalização”.

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Prêmio Guerreiro Ramos abre período de inscrições Honra ao Mérito em Administração 2013 recebe indicações Os Conselhos Regionais de Administração (CRAs) terão até o dia 31 de maio para indicarem candidatos à O Conselho Federal de Administração (CFA) abriu as inscrições para o Prêmio Guerreiro Ramos de Gestão Pública. O objetivo da autarquia é incentivar o desenvolvimento de trabalhos na área da gestão pública e social e divulgá-los amplamente.

homenagem Honra ao Mérito em Administração 2013. A premiação, criada em 2001 pelo Conselho Federal de Administração (CFA), tem o objetivo de homenagear pessoas que tenham se destacado e contribuído para o desenvolvimento técnico-científico da Ciência da Ad-

Alberto Guerreiro Ramos foi professor, com grande relevân-

ministração, na defesa do profissional e da profissão de

cia política e acadêmica. Em 2009, o CFA apoiou a reedição

Administrador ou realizado relevantes serviços e tra-

de uma das suas principais obras: “Uma introdução ao his-

balhos no campo de Administração.

tórico da organização racional do trabalho”. O livro contribui até hoje para o mundo acadêmico. Os interessados em participar do prêmio poderão concorrer em duas categorias: “Gestor Público” e “Pesquisador Guerreiro Ramos”. Para participar é preciso fazer a inscrição no Conselho Regional de Administração (CRA) ou em suas Delegacias até 31 de maio de 2013. Mas a inscrição só será efetivada mediante a apresentação dos trabalhos concorrentes às modalidades. A categoria “Gestor Público” é aberta a todos os brasileiros, natos ou naturalizados. Já a modalidade “Pesquisador Guerreiro Ramos” é voltada para pesquisadores de qualquer nacionalidade e que tenham contribuído significativamente para o desenvolvimento dos estudos iniciados pelo professor Alberto Guerreiro Ramos.

De acordo com a Resolução Normativa CFA nº 391, de 12/11/2010, que dispõe sobre o regulamento da homenagem, poderão ser indicados pessoas para a categoria “Contribuição Profissional– Administrador ou Jovem Administrador – que tenham se destacado no campo da Ciência de Administração e da valorização do profissional. Poderão ser indicados, ainda, profissionais que tenham se destacado no plano de desempenho social, político e administrativos. Estes concorrerão na categoria “Contribuição Honorífica”. Há, também, a categoria “Contribuição Benemérita”, que vai homenagear Administradores e profissionais de todas as áreas que tenham se destacado na área de doação material e que tenha propiciado o surgimento ou o desenvolvimento de entidades que prestam rele-

O vencedor na modalidade “Gestor Público” receberá certifi-

vantes serviços à sociedade, podendo, ainda, ser con-

cado, troféu e perfil disponível em publicação do CFA. Na ca-

ferida post mortem, a critério da Comissão Especial de

tegoria “Pesquisador Guerreiro Ramos”, o vencedor receberá

Honrarias do CFA.

certificado, troféu, publicação do trabalho ou resumo pela CFA, além de um prêmio em dinheiro no valor de R$ 5 mil. O resultado será divulgado até 31 de agosto. As regras para participar estão na Resolução Normativa nº 388/2010, disponível no site do CFA: www.cfa.org.br

A indicação poderá ser feita pelos Plenários do CRAs ou pelo Plenário do CFA. Poderão ser indicados até três candidatos por categoria. Mais informações no site www.cfa.org.br.

MARçO/ABRIL – 2013 | nº 93

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Conselho

Participe do Prêmio Belmiro Siqueira 2013 Os vencedores das modalidades “Artigo Acadêmico” e “Livro” receberão certificado, troféu e um valor em dinheiro: R$ 5 mil para o primeiro colocado na categoria “Artigo Acadêmico” e R$ 7.500 na modalidade “Livro”. A “Empresa Cidadã” receberá certificado e troféu

Estão abertas as inscrições para o Prêmio Belmiro Siqueira de Administração 2013. Elas podem ser realizadas até 16 de agosto por estudantes de Administração e administradores registrados e em dia com as obrigações do seu CRA.

Categorias

Histórico

O Prêmio Belmiro Siqueira 2013 contempla as categorias: “Artigo Acadêmico”,

O Prêmio Belmiro Siqueira de Ad-

“Livro” e “Empresa Cidadã”. Para participar da modalidade “Artigo Acadêmi-

ministração foi criado pelo CFA em

co”, é necessário ser estudante de Administração. Já os profissionais de adminis-

1988 com o objetivo de divulgar e

tração, poderão se inscrever na categoria “Livro”.

promover a valorização dos estudos

A categoria “Artigo Acadêmico” tem como tema a Inovação na Gestão Pública.

dantes dos cursos de bacharelado em

Na modalidade “Livro” serão aceitas publicações que abordem tema próprio da

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realizados por administradores e estuAdministração que contribuam para o

ciência da Administração. De acordo com o edital do concurso, serão aceitas

desenvolvimento da profissão e da ci-

inscrições de candidatos autores de livros editados em 2011, 2012 e 2013.

ência da Administração no Brasil.

A modalidade “Empresa Cidadã” objetiva destacar organizações privadas ou de

O prêmio recebe o nome do profes-

economia mista que desenvolvam ações empresariais bem-sucedidas de respon-

sor e administrador Belmiro Siqueira,

sabilidade social e cidadania. A indicação para esta modalidade deverá ser apre-

patrono dos administradores, título

sentada pelo Conselheiro Federal ou pelos Plenários dos CRAs. Quando a indica-

que lhe foi outorgado post-mortem.

ção for de Conselheiro Federal, deverá ser apresentada diretamente ao CFA.

Belmiro, que entrou para a história

Os vencedores de cada uma das modalidades receberão certificado e troféu. A

lorização da Administração, lecionou

por conta da sua luta em prol da va-

premiação em dinheiro é de R$ 5 mil para o primeiro colocado na categoria “Arti-

no Departamento Administrativo do

go Acadêmico” e R$ 7.500 para a modalidade “Livro”. 

Serviço Público.

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CRAs

Conselhos Regionais de ADministração

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO ACRE (CRA-AC) Presidente: Adm. MARCOS CLAY LÚCIO DA SILVA Av. Brasil, nº 303 - Sala 201 - 2º andar - Centro Empresarial Rio Branco - Centro - 69900-191 RIO BRANCO/AC Fone: (68) 3224-1369 E-mail: craacre@gmail.com Horário de funcionamento: das 8 às 18 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE ALAGOAS (CRA-AL) Presidente: Adm. ALAN HELTON DE OMENA BALBINO Rua João Nogueira, nº 51 - Farol - 57051-400 MACEIÓ/AL Fone: (82) 3221-2481 - Fax: (82) 3221-2481 E-mail: gabinete@craal.org.br Home page: www.craal.org.br Horário de funcionamento: das 7 às 13 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO AMAPÁ (CRA-AP) Presidente: Adm. EDILJANE MARIA CAMPOS DA FONSECA Rua Jovino Dinoá, nº 2455 - Centro - 68900-075 MACAPÁ/AP Fone: (96) 3223-8602 E-mail: cra.macapa@gmail.com Horário de funcionamento: das 8 às 17 horas/Atend. público: das 9 às 15 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO AMAZONAS (CRA-AM) Presidente: Adm. JOSÉ CARLOS DE SÁ COLARES Rua Apurinã, 71 - Praça 14 - 69020-170 - MANAUS/AM Fone: (92) 3303-7100 - Fax: (92) 3303-7101 E-mail: conselho@craamazonas.org.br Home page: www.craamazonas.org.br Horário de funcionamento: das 8 às 17h30min CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DA BAHIA (CRA-BA) Presidente: Adm. ROBERTO IBRAHIM UEHBE Av. Tancredo Neves, nº 999 - Ed. Metropolitano Alfa - Salas 601/602 - Caminho das Árvores - 41820-021 SALVADOR/BA Fone: (71) 3311-2583 - Fax: (71) 3311-2573 E-mail: cra-ba@cra-ba.org.br Home page: www.cra-ba.org.br Horário de funcionamento: das 9 às 17h30min CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO CEARÁ (CRA-CE) Presidente: Adm. ILAILSON SILVEIRA DE ARAÚJO Rua Dona Leopoldina, nº 935 - Centro - 60110-001 FORTALEZA/CE Fone: (85) 3421-0909 - Fax: (85) 3421-0900 E-mail: presidente@cra-ce.org.br Home page: www.craceara.org.br Horário de funcionamento: das 8h:30 às 18 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL (CRA-DF) Presidente: Adm. CARLOS ALBERTO FERREIRA JÚNIOR SAUS - Quadra 6 - 2º Pav. - Conj. 201 - Ed. Belvedere 70070-915 - BRASÍLIA/DF Fone: (61) 4009-3333 - Fax: (61) 4009-3399 E-mail: presidencia@cradf.org.br Home page: www.cradf.org.br Horário de funcionamento: das 9 às 17 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO (CRA-ES) Presidente: Adm. MARCOS FELIX LOUREIRO Rua Aluysio Simões, 172 - Bento Ferreira - 29050-632 VITÓRIA/ES Fone: (27) 2121-0500 - Fax: (27) 2121-0539 E-mail: craes@craes.org.br Home page: www.craes.org.br Horário de funcionamento: das 8h:30 às 17h:30 CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE GOIÁS (CRA-GO) Presidente: Adm. SAMUEL ALBERNAZ Rua 1.137, nº 229, Setor Marista - 74180-160 GOIÂNIA/GO Fone: (62) 3230-4769 - Fax: (62) 3230-4731 E-mail: presidencia@crago.org.br Home page: www.crago.org.br Horário de funcionamento: das 8 às 18 horas

Listagem atualizada até o dia 04/02/2013

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO MARANHÃO (CRA-MA) Presidente: Adm. ISABELLE CRISTINE RODRIGUES FREIRE MARTINS Rua José Bonifácio, 920 - Centro - 65010-020 SÃO LUÍS/MA Fone: (98) 3231-4160/3231-2976 Fax: (98) 3231-4160/231-2976 E-mail: crama@cra-ma.org.br Home page: www.cra-ma.org.br Horário de funcionamento: das 8 às 14 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE MATO GROSSO (CRA-MT) Presidente: Adm. LUIS CESAR SIMÕES DE ARRUDA Rua 05 - Quadra 14 - Lote 05 - CPA - Centro Político e Administrativo - 78050-900 - CUIABÁ/MT Fone: (65) 3644-4769 - Fax: (65) 3644-4769 E-mail: cra.mt@terra.com.br Home page: www.cramt.org.br Horário de funcionamento: das 9 horas às 17 min CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE MATO GROSSO DO SUL (CRA-MS) Presidente: Adm. HARDUIN REICHEL Rua Bodoquena, nº 16 - Amambaí - 79008-290 CAMPO GRANDE/MS Fone: (67) 3316-0300 E-mail: presidencia@crams.org.br Home page: www.crams.org.br Horário de funcionamento: das 8 horas às 17h30min CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE MINAS GERAIS (CRA-MG) Presidente: Adm. MARCOS SILVA RAMOS Avenida Afonso Pena, nº 981 - 1º Andar - Centro - Ed. Sulacap - 30130-907 - BELO HORIZONTE/MG Fone: (31) 3274-0677 - 3213-5396 Fax: (31) 3273-5699/3213-6547 E-mail: presidencia@cramg.org.br Home page: www.cramg.org.br Horário de funcionamento: das 8 às 18 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO PARÁ (CRA-PA) Presidente: Adm. JOSÉ CÉLIO SANTOS LIMA Rua Osvaldo Cruz, nº 307 - Comércio - 66017-090 BELÉM/PA Fone: (91) 3202-7889 - Fax: (91) 3202-7851 E-mail: gabinete@crapa.org.br Home page: www.crapa.org.br Horário de funcionamento: das 9 às 15 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DA PARAÍBA (CRA-PB) Presidente: Adm. FRANCISCO DE ASSIS MARQUES Av. Piauí, nº 791 - Bairro dos Estados - 58030-331 JOÃO PESSOA/PB Fone: (83) 3021-0296 E-mail: crapb@crapb.org.br Home page: www.crapb.org.br Horário de funcionamento: das 8 às 12 horas e das 13 às 17 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO PARANÁ (CRA-PR) Presidente: Adm. GILBERTO SERPA GRIEBELER Rua Cel. Dulcídio, nº 1565 - Água Verde - 80250-100 CURITIBA/PR Fone: (41) 3311-5555 - Fax: (41) 3311-5566 E-mail: presidencia@cra-pr.org.br Home page: www.cra-pr.org.br Horário de funcionamento: das 9 às 18 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE PERNAMBUCO (CRA-PE) Presidente: Adm. ROBERT FREDERIC MOCOCK Rua Marcionilo Pedrosa, nº 20 - Casa Amarela 52051-330 - RECIFE/PE Fone: (81) 3268-4414/3441-4196 - Fax: (81) 3268-4414 E-mail: cra@crape.com.br Home page: www.crape.com.br Horário de funcionamento: das 8 às 14 horas / Atend. público: 8 às 12 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO PIAUÍ (CRA-PI) Presidente: Adm. PEDRO ALENCAR CARVALHO SILVA Rua Áurea Freire, nº 1349 - Jóquei - 64049-160 TERESINA/PI Fone: (86) 3233-1704 - Fax: (86) 3233-1704 E-mail: administrativo@cra-pi.org.br Home page: www.cra-pi.org.br Horário de funcionamento: das 12 às 19 horas

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO RIO DE JANEIRO (CRA-RJ) Presidente: Adm. WAGNER SIQUEIRA Rua Professor Gabizo, nº 197 - Edf. Belmiro Siqueira Tijuca - 20271-064 - RIO DE JANEIRO/RJ Fone: (21) 3872-9550 - Fax: (21) 3872-9550 E-mail: secretaria@cra-rj.org.br Home page: www.cra-rj.org.br Horário de funcionamento: das 9 às 17 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO RIO GRANDE DO NORTE (CRA-RN) Presidente: Adm. KATE CUNHA MACIEL Rua Coronel Auriz Coelho, nº 471 - Lagoa Nova 59075-050 - NATAL/RN Fone: (84) 3234-6672/9328 - Fax: (84) 3234-6672/9328 E-mail: cra-rn@crarn.com.br Home page: www.crarn.com.br Horário de funcionamento: das 12 às 18 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO RIO GRANDE DO SUL (CRA-RS) Presidente: Adm. CLÁUDIA DE SALLES STADTLOBER Rua Marcílio Dias, nº 1030 - Menino Deus - 90130-000 PORTO ALEGRE/RS Fone: (51) 3014-4700/3014-4769 - Fax: (51) 3233-3006 E-mail: diretoria@crars.org.br Home page: www.crars.org.br Horário de funcionamento: das 8h30 às 17h30 CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE RONDÔNIA (CRA-RO) Presidente: Adm. ANDRÉ LUIS SAONCELA DA COSTA Rua Tenreiro Aranha, nº 2.978 B - Centro - 78902-050 PORTO VELHO/RO Fone: (69) 3221-5099/3224-1706 - Fax: (69) 3221-2314 E-mail: presidencia@craro.org.br Home page: www.craro.org.br Horário de funcionamento: das 8 às 17 horas/Atend. público: 8 às 14 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE RORAIMA (CRA-RR) Presidente: Adm. UBIRAJARA RIZ RODRIGUES Rua Prof. Agnelo Bitencourt, 1620 - São Francisco 69305-170 - BOA VISTA/RR Fone: (95) 3624-1448 - Fax: (95) 3624-1448 E-mail: craroraima@gmail.com Home page: www.crarr.org.br Horário de funcionamento: das 7h30min às 18 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE SANTA CATARINA (CRA-SC) Presidente: Adm. ANTONIO CARLOS DE SOUZA Av. Pref. Osmar Cunha, 260 - 8º andar, Sl.: 701 a 707/ 801 a 807, Ed. Royal Business Center - 88015-100 FLORIANÓPOLIS/SC Fone: (48) 3229-9400 - Fax: (48) 3224-0550 E-mail: crasc@crasc.org.br Home page: www.crasc.org.br Horário de funcionamento: das 8 às 18 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE SÃO PAULO (CRA-SP) Presidente: Adm. WALTER SIGOLLO Rua Estados Unidos, nº 865/889 - Jardim América 01427-001 - SÃO PAULO/SP Fone: (11) 3087-3208/ 3087-3459 - Fax: (11) 3087-3256 E-mail: secretaria@crasp.gov.br Home page: www.crasp.com.br Horário de funcionamento: das 8 horas às 17h30min/ Atend. público: 9 horas às 17 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE SERGIPE (CRA-SE) Presidente: Diego Cabral Ferreira Costa Registro: 203501 Rua Senador Rollemberg, 513 - São José - 49015-120 ARACAJU/SE Fone: (79) 3214-2229/3214-3983 Fax: (79) 3214-3983/3214-2229 E-mail: cra-se@infonet.com.br Home page: www.crase.org.br/ Horário de funcionamento: das 8 às 12 horas e 13 às 17 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE TOCANTINS (CRA-TO) Presidente: Adm. ROGÉRIO RAMOS DE SOUZA 602, Norte Av. Teotônio Segurado, Cj 01, Lt 06 77006700 - PALMAS/TO Fone: (63) 3215-1240/3215-8414 E-mail: atendimento@crato.org.br Home page: www.crato.org.br Horário de funcionamento: das 8 às 18 horas

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OPINIÃO ILUSTRAçÃO_MARCOS BERMUDEZ

A relação entre a longevidade organizacional e a teoria de Darwin As organizações de todos os segmentos, em um mercado

contra seus adversários e como a entrada deles no mercado

altamente mutável, são influenciadas sistemicamente por

pode ser evitada. Pode-se, então, fazer uma analogia entre

diversos fatores, como a globalização, a competitividade e a

as falas dos dois autores citados, que mostram algumas es-

tecnologia. Para que as empresas permaneçam em seu cam-

tratégias que seus personagens adotam para sobreviver em

po de atuação, devem periodicamente rever suas estratégias

seus distintos cenários.

para se adaptarem às novas demandas do mercado. Nesse

Darwin (1979) demonstra também que várias espécies de

sentido, pode-se fazer um paralelo entre o estudo da evolução das espécies de Charles Darwin e as situações pelas quais passam as empresas em um mercado muito dinâmico. Dessa

chos apresentam sua bela plumagem, adotam as mais admiráveis atitudes diante das fêmeas, expectadoras, que aca-

maneira, serão apresentadas analogias entre a evolução das

bam por optar pelo companheiro mais atraente. Seguindo

espécies de Darwin e a dinâmica das organizações nas cir-

o mesmo raciocínio, as empresas também utilizam estra-

cunstâncias de competitividade, adaptação e longevidade.

tégias para conquistar seus clientes. Para sobreviver no

Darwin (1979) aponta que, em períodos de fome, distintas espécies lutam umas contra as outras à procura de alimentos indispensáveis à sobreviverem. Por exemplo, os lobos mais ligeiros têm mais possibilidade de sobreviverem do que seus semelhantes menos ágeis. Eles seguem vivos desde que economizem muita força para dominar sua presa, tornem-se senhores dela em qualquer estação do ano e possam se alimentar. Algo semelhante ocorre com as organizações adversárias em um mesmo mercado. Como relata Porter (1989), os concorrentes são considerados como uma ameaça pela maior parte das corporações. A atenção é direcionada para o modo como uma empresa pode obter vantagem

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aves reúnem-se em bandos e, na maioria das vezes, os ma-

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mercado, a organização necessita oferecer um diferencial competitivo à sua clientela com o objetivo de conquistá-la. Assim como as aves procuram agradar suas companheiras, as empresas satisfazem os desejos e necessidades de seus clientes na tentativa de conquistá-los e, com isso, conseguem aumentar sua longevidade no mercado consumidor.


Porter (1989) destaca que uma organi-

são impostas pelo ambiente em que es-

zação será capaz de superar em desem-

tão inseridos. Portanto, para que a em-

Percebe-se que nos exemplos citados as espécies pesquisadas por Darwin, assim como as empresas, precisam ser fortes e estar munidas de estratégias que possibilitem sua sobrevivência em seus distintos cenários”

presa possa ser longeva, os administra-

destruídos pelas forças do ambiente

do que se a luta ocorresse entre espé-

que suas estratégias sejam superiores

e do clima. Para se adequarem às mu-

cies pertencentes a gêneros diferen-

danças de um novo ambiente, os seres

tes. Seguindo essa linha de raciocínio,

vivos e também as empresas devem se

na segmentação de mercado acontece

ajustar às condições do ambiente, para

algo parecido. O setor automobilístico,

que sua sobrevivência se dê em qual-

por exemplo, no qual a concorrência é

quer situação. Nesse sentido, Garelli

muito acirrada, ganha mais clientes a

(1999) chama atenção para a adapta-

montadora que oferece o melhor dife-

ção das empresas, demonstrando que

rencial competitivo para seus consu-

elas devem possuir modelos de gestão

midores. Kotler e Armstrong (2003)

ajustáveis, flexíveis, maleáveis, elásti-

confirmam que o segredo para con-

cos e que constituem com facilidade

quistar e manter os clientes é atender

uma interação com o meio ambiente e

às suas necessidades e possuir um

suas variáveis. Desse modo, compre-

processo de compra melhor do que os

ende-se que o processo de adaptação a

concorrentes. À medida que a organi-

um novo ambiente e às suas condições

zação se posiciona como fornecedora

é fundamental para a vida e longevidade

de valor superior para os mercados se-

de todos os seres vivos. Da mesma ma-

lecionados, ela ganha vantagem com-

neira acontece com as empresas, que

petitiva, podendo aumentar seus anos

precisam constantemente se ajustar às

de vida em seu segmento.

uma modificação importante no seu modelo de gestão. No processo de adaptação ao ambiente, Darwin (1979) relata que uma espécie qualquer somente sobreviverá em uma região onde as condições de vida sejam favoráveis para que muitos sujeitos dessa espécie possam existir simultaneamente e, assim, salvar-se da total destruição. Contudo, determinadas plantas ou animais afastam-se para bem distante de uma região a fim de não serem

novas ordens impostas pelos fatores do mercado globalizado.

Percebe-se que nos exemplos citados as espécies pesquisadas por Darwin,

Darwin (1979) explica que as espé-

assim como as empresas, precisam ser

cies do mesmo gênero possuem quase

fortes e estar munidas de estratégias

sempre costumes e constituição muito

que possibilitem sua sobrevivência

semelhantes, ainda que haja muitas

em seus distintos cenários. Vencem e

exceções. A batalha entre essas espé-

permanecem em seu habitat somente

cies é muito violenta se estiverem em

aqueles que efetivamente consigam se

concorrência uma com as outras, mais

adaptar às diversas condições que lhes

dores devem utilizar em seu processo de gestão estratégias e ferramentas que efetivamente se ajustem à realidade do seu mercado, permitindo que a empresa obtenha vantagens em relação a seus concorrentes ou os impeça de entrar no seu ramo de atuação. Em relação a isso, Drucker (2006) aponta que as organizações devem converter a concorrência global em uma finalidade estratégica. Nenhuma empresa consegue sobreviver no mercado a menos às de seus concorrentes. Nesse sentido, as empresas longevas também necessitam implementar estratégias de mudanças em seu modelo de gestão, serem eficazes, flexíveis e, fundamentalmente, devem adaptar-se às constantes transformações que um cenário globalizado exige a todo instante.  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DARWIN, Charles. A origem das espécies. São Paulo: Hemus, 1979. DRUCKER, Peter Ferdinand. Desafios gerenciais para o século XXI. São Paulo: Thomson Learnig, 2006. GARELLI, Stephane. Financial Times: dominando a administração. São Paulo: Makron Books, 1999. KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Princípios de Marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2003. PORTER, Michael. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro: Campus, 1989.

Foto: Arquivo pessoal

penho seus adversários se implantar

ADM. Edenilson Luiz Gomes especialista em Logística Estratégica e mestre em Administração.

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GESTÃO DE PESSOAS POR_MARA ANDRICH

Não basta empregar Os administradores de empresas precisam fazer muito mais do que valorizar o funcionário. É necessário despertar neles sentimentos de pertencimento e de respeito pela organização, o que representa ganhos para ambos os lados

O

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que faz de uma empresa

que o funcionário construa uma rela-

uma empresa cuida de seus funcio-

“uma das melhores para

ção de pertencimento com a organi-

nários, eles passam a cuidar da em-

trabalhar”, segundo grandes

zação, que entenda que ele é mais do

presa. As organizações que tratarem

publicações do ramo? Pode ser que as

que um empregado, e sim um cidadão.

os colaboradores como os maiores e

pessoas arrisquem algumas possíveis

Sendo assim, a influência sueca está

melhores clientes os motivarão, pois

respostas, como “um bom ambiente de

nesse princípio: o funcionário deve

estarão mostrando que entendem que

trabalho”, “salários e benefícios atrati-

perceber que a empresa tem respeito

eles são os primeiros ‘clientes’ que

vos”, “boas relações interpessoais” e por

não só por ele, mas também pelos seus

impulsionam esta empresa”, avalia

aí vai. Talvez estas qualidades sejam,

clientes. A ética é imprescindível em

Vanessa. Segundo ela, a empresa será

sim, requisitos que fazem com que al-

tudo que desenvolve tanto o empre-

sempre beneficiada quando valorizar

gumas organizações sejam ótimos lo-

gador quanto o empregado. “É preciso

o colaborador. “Pois ela passa a ser

cais para passar seis, oito horas do dia

que ele sinta que a empresa não age

‘desejada’, já que criou um ambiente

ou até mais. Nos últimos anos, com o

assim somente com ele, mas também

propício de crescimento e desenvol-

crescimento dos desafios do dia a dia,

com todo o público lá fora”, acredita.

vimento, tanto profissional quanto

os trabalhadores já não passam mais

A 15ª edição do guia Você S/A – Exame

organizacional”, analisa.

20, 30, 40 anos de suas vidas em empre-

(revistas Você S/A e Exame) apontou

sas que não lhes ofereçam algo mais.

a Volvo como a melhor empresa para

Até porque a competitividade vem

se trabalhar entre as 150 companhias

crescendo na mesma medida em que

listadas. O ranking foi elaborado pela

as áreas de atuação se expandem. Mas,

revista em parceria com a Fundação

afinal, o que seria esse “algo mais”?

Instituto de Administração (FIA).

“Seria o reconhecimento do funcio-

As consequências de um funcioná-

presa é de 97%. Segundo Morassutti,

nário, a grande atenção que damos a

rio satisfeito são muitas. De acordo

é a política de relacionamento na

eles”, garante Carlos Morassutti, vi-

com a analista de Gestão de Pessoas

organização que resume a satisfação

ce-presidente de Recursos Humanos

Vanessa Cardoso Teixeira, o respei-

do funcionário. “Transparência e diá-

e Assuntos Corporativos do Grupo

to e a valorização da organização por

logo aberto são pontos fundamentais.

Volvo América Latina. Segundo ele,

parte do funcionário crescem, sem fa-

Temos uma comissão de fábrica que

não adianta mais oferecer apenas re-

lar na motivação, que resulta em bons

avalia os problemas e propõe soluções

muneração e benefícios. É necessário

frutos para ambos os lados. “Quando

para a organização”, comenta. 

rba | revista brasileira de administração

Na Volvo, por exemplo, o chamado turnover (rotatividade) está na casa dos 1,5% – índice considerado pequeno –; o índice de engajamento (orgulho, satisfação, retenção e advogar pela empresa) é de 90% e o de orgulho pela em-


Foto: Divulgação

Transparência e diálogo aberto são pontos fundamentais. Temos uma comissão de fábrica que avalia os problemas e propõe soluções para a organização” Adm. Carlos Morassutti

A passos lentos Desperte os bons sentimentos Conheça ou defina a missão, a visão e os

Foi-se o tempo em que o funcionário entrava na empresa ainda jovem e lá passava boa parte de sua vida, deixando-a apenas na aposentadoria. Hoje o leque de opções para trabalhar se abre cada vez mais, as áreas de atuação também se expandem e, consequentemente, a competitividade cresce. Portanto, as organizações devem rever cada vez mais a gestão de pessoas – tanto para não perder o funcionário exemplar como também

valores da empresa.

para conquistar novos para manter uma equipe sólida.

Acredite

E é aí que entra uma gestão de pessoas eficaz. Não adianta apenas contratar o funcio-

no potencial do ser humano.

nário. É preciso mantê-lo na empresa, e satisfeito. “É gente que faz a diferença, e não

Estimule

Grupo Volvo. Em seu livro, “O lado humano do sucesso”, ele salienta o papel do líder:

os colaboradores a darem o melhor de si para atingirem

máquinas. O grande segredo é tratar gente como gente”, garante Carlos Morassutti, do “Para um líder, ‘tratar gente como gente’ significa falar com os subordinados da mesma maneira que fala com seus superiores. Com o mesmo respeito e a mesma consideração.

padrões altos de desempenho.

Quem eleva a voz com seus funcionários e fala mansamente com o chefe, das duas uma:

Tenha

empresas ainda têm um longo caminho a percorrer.

disponibilidade para ajudar as

Vanessa Cardoso Teixeira acredita que as grandes empresas já entenderam que a gestão

pessoas a se desenvolverem e

dos funcionários é diretamente ligada ao intento estratégico e não representa apenas

atingirem metas mais desa-

um custo. “Isso está cada vez mais ficando no passado. Hoje as organizações vêm per-

fiadoras.

cebendo, aos poucos, que a gestão de pessoas é um ativo empresarial”, afirma. Mas

Adote

ou tem dupla personalidade ou não tem personalidade”. No entanto, ele acredita que as

ela concorda que ainda há muito que fazer. “É preciso que os dirigentes esqueçam que não é apenas a tecnologia que gera lucros ou ativos, mas sim aqueles que efetivamente

condutas que criem um vín-

criam a tecnologia por meio de competências e conhecimentos”, acredita. Segundo

culo emocional e construtivo

Vanessa, as pessoas é que vão trazer, de fato, patrimônio de conhecimento à empresa,

com as pessoas.

o que aumentará ainda mais o seu valor competitivo no mercado.

Fonte: Analista de Gestão de

Em seu livro, Carlos Morassutti faz um alerta: “Precisamos ter a consciência e a lucidez

Pessoas Adm. Vanessa Teixeira.

de que nada é para sempre. Ninguém surfa na crista da onda o tempo todo. Por isso, temos que continuar inovando, renovando e reinventando para permanecer lá o maior tempo possível”.

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INOVAçÃO POR_FRANCISCO JOSÉ Z. ASSIS

INOVAÇÃO

EM 4 ETAPAS A primeira lição é buscar o equilíbrio. O voo fica para depois. Inovar é uma necessidade para se manter vivo num mercado cada vez mais competitivo e as empresas já não podem abrir mão de rever seus produtos e processos de produção

O

atual cenário em que as empresas atuam

são constituídas no Brasil em torno de 440 mil novas em-

acaba tornando difícil a sobrevivência de

presas por ano. Destas, cerca de 80 mil empresas fecham.

um grande número delas. Dados recentes do

Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostram que 26,9% dos empreendimentos abertos no Brasil fecham as portas antes de completar dois anos. Entre os principais motivos descritos pelos empreendedores para o encerramento dos negócios estão a falta de clientes, de capital, a forte concorrência, a burocracia e os impostos. Segundo o Sebrae, outros fatores influenciam no processo de mortalidade das empresas, como a falta de planejamento, de técnicas de marketing, de avaliação de custos e fluxo de caixa, entre outros.

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De acordo com o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) e da Universidade de Campinas (Unicamp) e sócio da empresa de consultoria Simantob Inovação, Moysés Simantob, escolher atividades diferentes daquelas praticadas pela concorrência ou, ainda, praticar as mesmas atividades, mas com outros procedimentos e técnicas são formas de garantir a sobrevivência. Daí surge a necessidade de inovar. Acostumado a lidar com empresas a caminho do desenvolvimento, Simantob planejou um processo dividido em quatro etapas para incorporar a inovação nas empresas: mobilização e/ou conscientização, descobertas, arquitetura e ins-

De acordo com dados do Departamento Nacional de

titucionalização. Para explicar como se dá a incorporação

Registro Comercial (DNRC), ligado ao Ministério do

do processo de inovação, o professor propõe a utilização de

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC),

uma metáfora, que trata da evolução técnica de um ciclista.

rba | revista brasileira de administração


Ilustração: Ericson Straub

PEDALADAS Em seu exercício de imaginação e ensinamento, Simantob coloca a seguinte tarefa: ensinar uma criança a

suficiente, ele continua próximo, mas solta-o para que ele aprenda por conta própria. O aprendizado foi incorporado na prática”, relata o consultor.

andar de bicicleta. “Poderíamos co-

Segundo Simantob e traçando o pa-

meçar mostrando como ela funciona.

ralelo com a metáfora que está sen-

Desmontamos a bicicleta, a explicamos

do utilizada, tanto aprender a inovar

peça por peça e depois mostramos um

como andar de bicicleta acontece na

vídeo sobre como se equilibrar, quando

base da tentativa e erro. Ao tentar, se

se deve acionar o freio e assim por dian-

sofre uma queda, se levanta e começa

te. Com certeza nossa tarefa seria um

de novo até que as pedaladas passam a

grande fracasso, porque não é à toa que

ocorrer com naturalidade e por conta

nas caixas das bicicletas não há manual

própria. Como explica o professor, o

de instruções”, pondera o professor.

que está, de fato, em jogo nesse proces-

Na avaliação de Simantob, quando os

so são a autoconfiança e a segurança.

pais ajudam seus filhos a dominar o veí-

Essa ideia norteou, por exemplo, os di-

culo de duas rodas não motorizado, eles

retores da Basilata, que implantaram

usam as rodas adicionais, mesmo sa-

o projeto “Simplificação” para libertar

bendo que um dia as mesmas serão re-

a imaginação das pessoas. Segundo

tiradas. “O pai acompanha o filho com a

Antonio Carlos Teixeira Álvares, di-

mão no banco e a criança vai em fren-

retor-superintendente da empresa, os

te, porque está com alguém em quem

funcionários ganharam a liberdade de

confia. Quando o filho ganha confiança

expor suas ideias e estão protegidos

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Inovação Escolher atividades diferentes daquelas praticadas pela concorrência ou, ainda, praticar as mesmas atividades, mas com outros procedimentos e técnicas são, formas de garantir a sobrevivência. Daí surge a necessidade de inovar” MoysÉs Simantob de punição se cometerem erros estan-

Explica Simantob que, para respon-

do bem intencionados. “O resultado é

der ao questionamento, é preciso que

uma média de 150 ideias por inventor

o líder escolha aonde quer chegar,

ao ano”, conta Teixeira.

em que mercado quer competir, que

Alguns líderes se apressam em equi-

clientes buscar e com quais compe-

parar seus times para dominarem a inovação. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por exemplo, criou em certa época de sua história uma espécie de gincana envolvendo seus dois mil pesquisa-

tências atendê-los, que verifique se as capacidades existem ou terão que ser formatadas, desenvolvidas ou adquiridas. “A jornada da inovação dentro das empresas precisa de foco e metas claras, ou seja, as regras do jogo têm

dores espalhados pelo Brasil, na qual

que chegar aos ouvidos de todos que

eles tinham que responder questões

vão junto nessa caminhada. É mais

para ganharem prêmios. “Tudo estava

ou menos como reunir um time para

relacionado com o Plano Diretor da

um passeio de fim de semana. Antes

empresa, o que teve um grande impac-

de partir é preciso definir para onde ir,

to. Todo mundo sabia aquilo na ponta

qual o roteiro, se há mapa para todos,

da língua, então o conceito de missão,

o que fazer se alguém se perder, se al-

visão, valores, negócios, de mercado e

gum equipamento quebrar, se chover...

as políticas da entidade estavam in-

Esse é o lado racional e disciplinado da

corporados pelas pessoas”, relembra

inovação”, diz o professor.

Alberto Duque Portugal, ex-presidente da Embrapa, que implantou o referido concurso durante sua gestão.

Nessa fase do “passeio ciclístico”, aponta Simantob, funcionários tornam-se consultores internos, atuam com coaching, mentoring e facilitação,

DESCOBERTAS O próximo passo é imaginar que a criança dos parágrafos anteriores já aprendeu a pedalar e, a partir de agora, deve ser encarada como um adolescente, que, provavelmente, vai come-

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permitindo que todos os colaboradores desenvolvam capacidades e alcancem autonomia ao fim de um projeto. “Esse lado racional e formal que tem o processo, fluxo, gargalos, funil, precisa de método”, revela.

çar a sair para andar de bicicleta em

A Multibras, empresa do grupo

grupo, praticar esportes radicais etc. O

Whirlpool, criou um roadmap para

que fazer e para onde ir depois que se

gerenciar o fluxo de ideias de seus

aprende a pedalar?

funcionários. Definiu fatores para


decidir quais iniciativas se tornariam comerciais e quais não iriam adiante. Elaborou cenários para entender as condicionantes do mercado, estudou métodos de produção mais econômicos no Brasil e no exterior, enfim, planejou suas inovações em todo o ciclo de desenvolvimento do produto ou do serviço que prestaria, que alcança desde a concepção da ideia até sua comercialização e satisfação de quem será seu consumidor. O plano nessa etapa é aproveitar o engajamento dos funcionários na fase de

três fatores básicos para inovar:

estratégia

pensamento estratégico e competências essenciais

processos

fluxos de geração e gestão de ideias e oportunidades

cultura e clima organizacional

prática de gestão e habilidades organizacionais e pessoais

mobilização para instrumentalizá-los. Como é impossível prever quando e quem terá uma ideia revolucionária, ajusta-se o foco, uma direção deve ser dada (produto, processo, gestão, conceito) e libera-se a criatividade. Conforme leciona Simantob, o curioso desse processo é que, uma vez vivenciado, ele pode ser repetido por vários outros grupos, em várias situações, datas e lugares. “O interessante é que cada autor passa a adaptar a forma de inovar que melhor se encaixa às suas condições. O pessoal de tecnologia cria um e-group, o da manufatura reserva uma hora todas as sextas-feiras e vai para um bar para discutir assuntos do trabalho, os cientistas criam fóruns de discussão e convidam especialistas para ouvir vozes de fora do problema”, diz o professor.

gasta. “Ciclistas não compram bicicletas em lojas, montam aquelas que melhor se adaptam ao seu corpo e ao seu desempenho”, diz. Com a ótica da inovação impregnada por toda a empresa, amparada por instrumentos que os funcionários dominam, também fica mais fácil a tarefa de sofisticar as ferramentas. As empresas têm procurado transferir conhecimentos aos seus funcionários, num processo de aprendizagem que envolva todos com muita intensidade nos projetos, desde a preparação até se chegar aos resultados. No entanto, alinhar estrutura, conhecer recursos, integrar iniciativas de baixo para cima e de cima para baixo na hierarquia das empresas ainda são obstá-

ARQUITETURA O processo traçado por Simantob chega agora em sua terceira etapa. O professor revela, então, que, ao se aperfeiçoar na arte de pedalar, algumas atividades são realizadas com menos esforço, pois quando se domina o equipamento, menos energia se

culos. “Fazer várias áreas da empresa trabalharem juntas é muito difícil!”, sentencia o consultor. Desenvolver métricas e indicadores auxilia as empresas na arquitetura do seu sistema de inovação. Uma ferramenta importante para isso é o Balance Scorecard, criada por Norton

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Inovação

A inovação num, sentido mais amplo, o de capacidade de criar nova riqueza a partir de mudanças na empresa, no setor e na sociedade, não é somente coberta pela perspectiva de processos internos” Moysés Simantob

e Kaplan, que divide a estratégia da

a criação de uma arquitetura estra-

Para o professor, tais fatores precisam

empresa em processos operacionais

tégica para guiar o empresário pelo

estar alinhados para produzir desde

de negócio, provê uma plataforma

caminho do futuro. Além de uma ar-

inovações incrementais em uma linha

para alocar recursos de acordo com as

quitetura estratégica, as empresas

de produtos e serviços até inovações

estratégias e permite atribuir pesso-

precisam de uma “cola” para materia-

que modifiquem o modelo de negócio

as responsáveis para cada objetivo. O

lizar essa arquitetura e as premissas

Balanced Scorecard cobre a essência

do Balanced Scorecard podem ser uti-

tradicional: clientes, processos, apren-

lizadas para esse fim.

dizado e finanças. Ensina Simantob que um dos maiores desafios para implantar a inovação é

institucionalizado é um caminho longo e seguramente difícil. Inovar mexe com a inércia organizacional, com status, poder, pessoas, cargos e estruturas.

COMPETIÇÃO

fazê-la de forma estruturada e inte-

Seguindo o guia Simantob, há um

grada dentro da empresa. “As estra-

momento em que o ciclista deixa de

tégias de inovação devem conversar

competir com os outros e passa a

com as outras estratégias dentro da

competir consigo. “O que existe nesse

empresa, numa relação de causa e

jogo é a superação dos seus próprios

efeito. O conceito defendido pela 3M

limites. Até onde ele pode inovar

para inovar, por exemplo, é agir por

para atingir seus propósitos? Tornar

resultados”, cita o professor.

a inovação um processo instituciona-

Contudo, a inovação num sentido

lizado é ser capaz de inovar continua-

Inovação incomoda muita gente, mas os resultados são compensadores”, diz. De acordo com Simantob, para florescer no mercado da imaginação humana, as empresas devem ter em mente que inovar requer prática com disciplina para orquestrar o desenvolvimento de habilidades de inovar em pessoas e equipes; preparar times para gerar, desenvolver e implantar novas ideias; desenhar e implementar processos

mais amplo, o de capacidade de criar

mente”, descreve o professor.

nova riqueza a partir de mudanças na

O consultor, que também é autor

tratégias para o desenvolvimento de

do livro “Guia Valor Econômico da

novos produtos e negócios; elaborar

Inovação nas Empresas”, publicado

planos para alavancar iniciativas exis-

em 2003 pela editora Globo, aponta

tentes; identificar novas oportunida-

três fatores básicos para inovar: es-

des de negócio em setores maduros e

empresa, no setor e na sociedade, não é somente coberta pela perspectiva de processos internos. Nesse sentido mais geral, a inovação é cada vez mais fruto de processos externos e apoiada na cadeia de valor, no relacionamento com clientes, fornecedores, parceiros e com a sociedade.

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da empresa. “Chegar a esse processo

tratégia (pensamento estratégico e

de inovação, formular e implantar es-

alinhamento estratégico e operacional

competências essenciais), processos

para o ingresso em setores emergentes.

(fluxos de geração e gestão de ideias e

E Moysés Simantob dá um aviso final:

oportunidades) e cultura e clima orga-

“Não espere o amanhã chegar, aprenda

Gary Hamel e C. K. Prahalad, no livro

nizacional (prática de gestão e habili-

a pedalar hoje, inove. Quando o futuro

“Competindo pelo Futuro”, defendem

dades organizacionais e pessoais).

chegar, os ciclistas sairão na frente”. 

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68

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