Refrigério 23ª edição Julho 2016

Page 1


Sérgio Luiz do Espírito Santo pensardecristo.blogspot.com.br

De volta à casa do PAI (Sobre a parábola do filho pródigo)

T

deslumbrantes e tudo o mais que o dinheiro possa comprar. Geralmente, quem gasta como o jovem pródigo acaba como ele acabou. Sem nada. Sem amigos porque eram falsos, interesseiros. Sem dinheiro até mesmo para coisas básicas. Existencialmente, todos acabam como ele acabou – comendo com os porcos. Tanta dissolução leva a alma ao pior dos mundos, solitário, triste, imundo e indigno. É nesta condição que a lembrança das coisas mais simples torna-se a melhor das experiências. Humilhado e decepcionado consigo, com os amigos, com a escolha que fez, o rapaz se lembra que na casa do pai comia do bom e do melhor. Ele tinha isso todos os dias, mas a soberba do seu coração não o deixava ver. O fracasso da sua empreitada hedonista o fez perceber que era feliz e não sabia, que tinha tudo mas era um nada porque não sabia apreciar e ser grato. Ele então decide voltar e ensaia um pedido que faria ao pai. Ele parte de volta para casa e seu pai o vê de longe como Deus, na janela da história, esperando o retorno de todos os que dele se distanciaram. Quando o filho começa o discurso de autohumilhação, consegue dizer: “Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teu empregados.” Esta última parte, porém, ele não consegue dizer porque a alegria do pai era tanta que indo em sua direção cheio de compaixão, correndo, lança-se ao seu pescoço e beijando-o diz aos seus servos: “Trazei depressa a melhor roupa, vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e alparcas nos pés. Trazei também o bezerro cevado e matai-o; comamos e regozijemo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu; tinha se perdido e foi achado.” Finalmente, a experiência do filho pródigo é a experiência de todos, porque da casa do pai nos distanciamos. Só a decepção, a frustração com o que a vida nos oferece como recurso para sermos o que precisamos, nos faz ver que fora do pai nada somos. É sabido por todos um pouco mais maduros que só aprendemos a valorizar certas coisas quando as perdemos. E a paz interior, possível só na presença e na casa do pai e que foi perdida na queda, nunca será alcançada fora dÊle. Enquanto isso, Ele aguarda olhando ao longe para ver quem está voltando.

odos os seres humanos se tornaram filhos pródigos um dia. Esta parábola tem como objetivo tratar a questão, não por uma ótica específica como muitos podem entender como se estivesse falando de alguns casos em que filhos se tornam rebeldes e saem da casa dos pais, mas de uma forma geral, existencial, da condição da humanidade em relação a Deus, o pai. O fato de o filho receber a sua parte da herança antecipadamente, retrata bem o modo como Deus trata a todos no que diz respeito à liberdade, sendo um pai paciente que não endurece nas regras mas deixa o filho ir, mesmo sabendo que ele perderá tudo e se perderá em meio ao hedonismo a que se entrega na busca por si mesmo. Assim fez Deus com todos quando lhes deu vida, saúde, condição financeira para que, longe dele, vivam como acreditam ser melhor. Santo Agostinho viu nessa entrega aos prazeres hedônicos um sintoma da busca inconsciente da alma por Deus: “A alma pratica fornicação quando ela se vira para longe de Ti e procura fora de Ti as boas e limpas intenções que não se encontram exceto na reconciliação dela Contigo. Assim é que no mundo, de certo modo às vezes pervertido, toda a humanidade busca a Ti.” (Confissões de santo Agostinho) Sem saber, todos buscam a Deus praticando toda sorte de atos, procurando emoções, motivações, contentamento, satisfação, mas o vazio continua lá. O rapaz da parábola, gasta tudo com os amigos, sorve tudo, e a ideia no grego do Novo Testamento quando fala dessa sua gastança, é de alguém que rapa até o fundo do tacho. É sintomático que, na casa do pai ninguém se sinta à vontade para viver assim,dissolutamente.Aí se procura o distanciamento do referencial paterno para se entregar à vida e aos seus prazeres com uma consciência menos culpada. É aí que se parte existencialmente em uma jornada em busca da satisfação absoluta mas dá-se de cara com uma parede. Isso porque há limites para o prazer que um copo de cerveja, de vinho ou qualquer outra bebida pode proporcionar. Há limites para o prazer que as muitas noites cheias de danças, de suor, de flertes, beijos e de orgasmo sexual podem oferecer. Há limites para o contentamento que sentimos com a aquisição de bens, carros, celulares, imóveis, para as viagens

2


Inocencia

T

enho lembranças daquele estado primitivo da alma onde não havia o dolo, aquela vontade deliberada e má de prejudicar o outro. Acreditava que as cegonhas traziam as crianças e que o boi da cara preta pegava os meninos que tinham medo de caretas, e tantas outras crendices criadas para alegrar ou assustar os pequeninos cujas almas estavam cheias de confiança e desprovidas de conhecimentos e maldades. Quando a pureza de coração direcionava todas as nossas ações e não deixava espaço para o preconceito racial, sexual e religioso. Todos eram aceitos e amados porque a humildade era a virtude que nos aproximavam. À medida que crescemos, a maturidade vai sacrificando a inocência, como o fruto proibido, no dia em que dela comemos, mesmo aos poucos e durante toda fase adulta, vai se perdendo aquele estado angelical. Por causa de nossa condição pecadora o conhecimento tornou-se, humanamente, incompatível com a pureza, mesmo assim a lembrança daquela época mantém-se arquivada em nossas memórias com nostalgia. Depois de compreender isso, dei significado às palavras de Jesus quando nos disse que “aquele que não receber o Reino de Deus como uma criança não poderá entrar nele”. Atente bem para o fato de que ele não está chamando o individuo adulto para ser criança, e sim para ter atitudes de completa humildade diante da dependência, do amor e confiança em Deus, pois somente entrarão no Reino de Deus os que são semelhantes a elas na sua completa simplicidade.

3

Im,agem: Elena Karneeva

José Estácio A. Cavalcanti

A síndrome de Peter Pan, do homem que nunca cresce, é tratada no evangelho como deficiência. Somos chamados a crescer e a amadurecer para perceber os tempos e os males da vida. A nos desfazer das coisas de menino, isto é, da infantilidade, mas não da pureza e humildade que é a boa inocência da criança. Isso só nos será possível com a regeneração resultante do nascer de novo pelo arrependimento, ou metanoia, a mudança de caráter e pensamentos operada pelo Espírito Santo naqueles que crêem. Um dos muitos textos que corroboram com o que estou dizendo é a advertência de Jesus no evangelho de Mateus 10.16: “... portanto, sede simples como a pomba (virtude própria da criança) e prudente como a serpente (virtude para gente adulta)”. Desta forma, sabemos que um adulto saudável não deseja ser criança, e nem deve, como ficou esclarecido acima, mas a virtude perdida pode ser encontrada no espírito do Evangelho de Cristo à medida que você for se encontrando Nele. Os conflitos entre o bem e o mal dentro de nós, a clássica ambivalência paulina, continuará a nos afligir, mas a pureza pode prevalecer mesmo num coração de pecador. Para tanto, persista no propósito de conhecer melhor o Cristo do evangelho, até porque esse é o único passe-livre para o Reino de Deus. Receba as dádivas da vida com a gratidão do espírito simples das crianças, fortaleça ou recupere no exercício do existir a pureza que se perdeu. Que bom que esse exemplar chegou às suas mãos, te desejamos uma boa leitura.


CNPJ: 13.451.835/0001-00 Inscrição Municipal: 617613

Direção Geral

Ano VIII Edição XXIII Julho 2016

José Maria de Souza jotafeviva2@gmail.com

Leitura que edifica a alma e torna leve o coração

Diagramação

Patricia R. Coelho patriciarcdesign@gmail.com

Periodicidade

Março/Julho/Dezembro

Impressão

EGL Editores Gráficos Ltda

Contatos

(33) 98416.8835 – Claro / (33) 99132.3901 – TIM (33) 99913.2608 – Vivo / (33) 98849.1455 – Oi (33) 3084.3197 – Claro Fixo

4

Whatsapp

(33) 99913.2608

Frases comuns que bons pais

NAO DEVEM falar aos seus filhos

Facebook

facebook.com/revistarefrigerio

(PARE AGORA MESMO)

refrigeriopravoce@gmail.com refrigeriopravoce@hotmail.com www.revistarefrigerio.net

12

Abrangência

Governador Valadares, Caratinga, Ipatinga, Coronel Fabriciano, Acesita, Teófilo Otoni, Conselheiro Pena, Resplendor, Juiz de Fora, Vitória e Vila Velha (ES).

Pontos de Vendas

Livraria Nova Aliança Marechal Floriano, 1116 - Centro (33) 3271.0164 Gov. Valadares - MG

Eleições Limpas:

L I V R A R I A

A escolha ainda é sua!

Livraria Cristo Vive Afonso Pena, 2881- Centro (33) 3277-8411 Gov. Valadares - MG

ANTES QUE EU FIQUE

A Revista Refrigério é uma publicação cristã, sem cunho religioso cuja missão é publicar argumentos e conteúdos que reforçam a proposta de espiritualidade bíblica neotestamentária verificados na vida e ministério de Jesus Cristo e de todos os seus apóstolos e discípulos que fielmente experimentaram a veracidade dos seus ensinos acerca do amor a Deus, a si mesmo e ao próximo. Sendo Jesus, a referência e o marco inicial da prática do amor e da vontade de Deus, conforme Ele ensinou e foi registrado por João, o apóstolo, no seu evangelho: “Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros”. João 13:34 Desvencilhamos dos temas religiosos por conveniência editorial, entendendo que para nada contribuem senão para confundir, fomentantando o sectarismo e o debate religioso inútil que amplia a distância entre as pessoas.

34 4

IDOSO


Só por hoje, tratarei de viver exclusivamente este meu dia, sem querer resolver todos os meus problemas de uma só vez. Só por hoje, terei o máximo cuidado com o meu modo de tratar os outros, sendo delicado em meus modos, não criticando/julgando ninguém, não tentando melhorar ou disciplinar ninguém senão a mim mesmo. Só por hoje, me sentirei feliz com a certeza de ter sido criado para ser feliz, não só no outro mundo como neste também. Só por hoje, me adaptarei as circunstâncias sem pretender que as circunstâncias se adaptem aos meus desejos. Só por hoje, dedicarei pelo menos 10 minutos de meu tempo a uma boa leitura, lembrando-me que assim como é preciso comer para sustentar o corpo, assim também a leitura é necessária para alimentar a vida de minha alma. Só por hoje, praticarei uma boa ação sem contar para ninguém. Só por hoje, se for ofendido em meus sentimentos procurarei que ninguém saiba. Só por hoje, farei um programa bem completo do meu dia. Talvez não o execute perfeitamente, mas, em todo caso, vou fazê-lo. E me guardarei bem das suas calamidades – a pressa e a indecisão. Só por hoje, serei firme em minha fé de que a Divina Providência se ocupa de mim como se existisse somente eu no mundo, ainda que as circunstâncias manifestem ao contrario. Só por hoje não terei medo de nada. Em particular, não terei medo de gozar do que é belo e não terei medo de crer na bondade. Amém


José Maria de Souza

Determinação de pais

pobres para tornar filho rico...

No saber!

A dedicação e o incentivo da família fizeram um jovem rapaz alcançar um sonho. Mas, muitos outros estão a caminho. Conheça o exemplo de Ismael.

S

endo pai imagino que o maior sonho e projeto acerca dos filhos não é juntar dinheiro para deixálos ricos... Mas vê-los projetados na vida numa perspectiva infinitamente melhor em relação ao seus pais. Explico: desde pequeno tenho muita dificuldade para jogar bola; com pouca ou quase nenhuma intimidade com a redonda, o que faltou em mim sobeja no meu filho Ciro. É incrível como ele tem extrema facilidade e habilidade no domínio da mesma. Vejo com orgulho e emoção quando ele é disputado pelos amiguinhos pra fazer parte do time da escola. Este é apenas um exemplo, pois vejo meu filho melhorando e honrando-me em outras áreas da minha vida na geração dele. Poderia seguir adiante relatando exemplos das minhas filhas em relação a mim e a mãe delas. Não é a minha história que quero contar, mas compartilhar com você a história de Ismael do Nascimento, filho do pedreiro Antônio Luís Rodrigues da Silva e Maria do Socorro Silva do Nascimento de Teresina no Piauí que na mais extrema pobreza e privação geraram Raquel e Ismael. Antônio e Maria do Socorro, ambos com pouca instrução escolar e cercados de dificuldades das mais diversas não se resignaram. O casal era pobre de recursos terrenos, mas ricos em determinação e fé em Deus, de que seus filhos teriam uma vida melhor e eles fariam tudo que fosse lícito para torná-los ricos, principalmente no conhecimento, a riqueza que ninguém pode roubar e que nos proporciona sabedoria e humildade para lidar com dinheiro. A história de superação desta família poderia jamais vir a ser conhecida, mas um gesto simples de gratidão por parte de Ismael no dia da sua formatura no Curso de Direito, em uma faculdade particular de Teresina, mudou tudo! Quando foi chamado para receber o diploma, Ismael foi à frente bastante emocionado e com lágrimas nos olhos, diante de toda a plateia presente na colação de grau; abriu uma faixa com a frase “O filho do pedreiro com a catadora de castanhas também venceu!” e a hastag #MeusPaisMeusHeróis, deixando todos os presentes extremamente emocionados. A foto que registrou este

Fotos: Jean Paulo /arquivo pessoal Ismael

6

momento ganhou a internet por meio do perfil no Instagram do estúdio de fotografia que estava registrando a colação de grau de Ismael. Em poucas horas a imagem viralizou nas redes sociais. O sucesso alcançado pela foto chegou a assustar Ismael Silva, que viu a homenagem ganhar bastante repercussão em todo o país. Ele não imaginava que naquela noite de céu claro do dia 11 de setembro de 2015, deixaria marcas profundas de alegria e gozo em toda a sua família. “A única coisa que quis fazer era uma homenagem aos meus pais. Quebrei o protocolo, desci do tablado, me abracei com eles e chorei muito. Nunca imaginei que aquela ação poderia ter um alcance tão grande, meu telefone não para de tocar e recebi mensagens de outros estados do Brasil. O jovem contou que desde que entrou para a faculdade, pensava em como faria para homenagear os pais. “Na época que os outros alunos começaram a pagar a formatura, eu coloquei em mente que faria uma surpresa quando fosse receber o canudo. Coloquei as profissões dos meus pais porque tenho orgulho deles. Mesmo sem saber que ia ter toda essa repercussão, queria mostrar para as pessoas que é possível vencer independente das dificuldades” Depois do sucesso ele disse que os pais sempre deram oportunidade para que ele conseguisse se formar. “Apesar de não terem condições, me deram assistência financeira para me manter no curso”, disse o rapaz, que é o primeiro da família a finalizar um curso superior. A mãe dele estudou até a terceira série do ensino fundamental e o pai foi até o primeiro ano do ensino médio. A vida não foi fácil para Ismael. Ele começou a trabalhar


com 10 anos para A história de Ismael ajudar no orçamento e sua família tem muitos familiar, vendendo degraus de superação. Após sacolé, espetinho de o ocorrido foi convidado carne e milho cozido. para dar entrevistas em Mas para o advogado, as vários canais de televisão, dificuldades financeiras replicadas em centenas de o incentivavam a blogs, sites e revistas. estudar ainda mais. Hoje ele trabalha Sua dedicação o levou como assessor direto a ganhar uma bolsa do procurador-geral do de estudo integral município. Antes disso, pelo ProUni devido a Ismael já havia conseguido excelente nota na prova um estágio na Procuradoria do ENEM. Ele afirma Geral de Teresina, onde Fotos: Jean Paulo /arquivo pessoal Ismael estagiou por sete meses. que está na metade do projeto de vida que tem para si, pois seu grande objetivo é passar Além disso, ele já tem convites para trabalhar em escritórios na num concurso público da área e estabilizar a vida financeira da área nobre de Teresina. família. “Apesar da minha dificuldade financeira, eu nunca me fiz Os anos na faculdade foram muito difíceis. “Havia dias em de oportunista para conseguir as coisas. As pessoas observam que eu não tinha o dinheiro da passagem de ônibus. Como eu minha determinação e ajudam. Tenho muita gratidão por saía cedo para estudar na biblioteca, já ficava para as aulas do tudo. Para mim não tem tempo ruim, sou movido a sonhos e a curso à tarde”, conta afirmando que muitas vezes ficava sem determinação”. Ismael aprendeu desde cedo o ensinamento da comer nada até a noite, depois do trabalho, quando chegava em Escritura... Honra teu pai e tua mãe para que te vá bem e vivas casa. O cenário só mudou quando a dona da cantina conheceu muito tempo sobre a terra. a história dele e então o estudante passou a almoçar sem pagar. Seus pais com grande gratidão no coração já começam a “Muitas pessoas me ajudaram”, diz. colher os frutos do investimento. Sucesso Ismael!

7


Rachel De Castro /família.com

Frases comuns que bons pais

NAO DEVEM

e comunicar com crianças é difícil. Elas estão sempre em processo de aprendizado. Tudo que os pais falam, elas absorvem. Por isso é importante medir bem as palavras e os ensinamentos que lhes são transmitidos. Muitas vezes os filhos podem interpretar e entender a ideia que os pais querem passar de maneira errada. Mesmo se você estiver bravo e perder o controle da situação, certas frases devem ser evitadas. Certas coisas que os pais falam podem diminuir a autoestima dos filhos e até afetar a sua relação com eles. É comum muitos pais usarem livremente estas frases, mas elas podem estar afetando seus filhos de forma negativa sem você perceber. Listamos algumas frases abaixo, que você deve parar agora mesmo de usar: . “Não fale com estranhos” Essa frase é um pouco complicada porque muitas crianças não conseguem assimilar quem é um estranho e quem não é. Nancy McBride, diretora do Centro Nacional para Crianças Desaparecidas em Lake Park disse ao site Parenting.com, que as crianças podem acabar negando a ajuda de policiais

e bombeiros pelo fato de não os conhecerem. Ela também disse que muitas crianças não reconhecem alguém como sendo estranho se a pessoa for gentil com elas. Também há muitos casos que a criança é sequestrada por pessoas que ela já conhece. O que você deve fazer: Ao invés de falar em estranhos, crie cenários. Como: “se você está esperando a mamãe na escola, e uma pessoa que você não conhece disse que a mamãe a enviou para ir lhe buscar, o que você faria?” E instrua a criança falando o que ela deve fazer. É importante também instruir a criança de sempre lhe falar quando ela se sentir em perigo, triste, frustrada ou assustada perto de alguém, mesmo se for um conhecido. . “Espere o seu pai/mãe chegar em casa” Essa frase mostra que você não tem autoridade o suficiente e nem o controle da situação. O pai ou a mãe não devem ser usados como ameaça. Os dois têm o dever de disciplinar os filhos. É provável a criança agir pior ainda por saber que mais tarde ela será punida. O que você deve fazer: Coloque a criança de castigo ou tome a atitude necessária no mesmo momento. Não espere

falar aos seus filhos (PARE AGORA MESMO)

8


mas não impeça que ele demonstre como está se sentindo. Converse com ele e o faça entender que às vezes ficamos frustrados e tristes. Ajude-o a entender como controlar esses sentimentos. . “O seu irmão não faria isso” Somos todos diferentes e únicos. Um filho não vai agir igual ao outro porque eles são duas pessoas diferentes. Essa frase causa ressentimentos e competições entre os filhos. Certifique-se de que comparações não existam dentro de sua casa. O que você deve fazer: Evite comparações a todo custo. Tenha em mente de que cada filho seu tem uma personalidade diferente. . “Eu prometo” Muitos pais usam essa frase para acalmar os filhos. Mas não é nada sadio prometer algo que você não vai cumprir. O seu filho irá perder a confiança em você. O que você deve fazer: Fale que você irá tentar fazer o que o seu filho está lhe pedindo, e se for algo impossível, fale a verdade. . “Por que eu disse e acabou” “Porque sim” não é resposta. Você não precisa sempre explicar os motivos para os seus filhos a todo tempo, mas é importante ao menos mostrar uma razão pelo qual eles devem lhe obedecer. O que você deve fazer: Mostre que você sabe o que os seus filhos estão sentindo e que você entende por que eles querem algo, mas dê uma razão pelo qual aquilo não será possível.

ninguém chegar para tomar uma decisão. . “Que vergonha que você me fez passar” O Doutor Carl Pickhardt, psicólogo e autor do livro “Sobrevivendo à adolescência do seu filho” afirmou em uma entrevista que essa frase é muito negativa. Ele disse que essa frase faz com que as crianças se sintam como se fossem a “desgraça da família.” O que você deve fazer: Explique o que a criança fez de errado e porque ela não deve fazer mais aquilo. Mas sempre deixe claro ao seu filho que ele ainda é amado por você mesmo agindo do jeito que ele agiu. . “Deixe que eu faço para você” É muito fácil ficar frustrado e querer ajudar o seu filho quando ele não consegue fazer algo. Mas a Doutora Myrna Shure, professora de psicologia da Drexel University, diz que a independência que você dá ao seu filho agora irá determinar o quão dependente ele será de outras pessoas no futuro. O que você deve fazer: Você pode ajudar o seu filho, mas faça com que ele pense nas respostas. Faça perguntas para que ele possa chegar a uma conclusão e resolver o problema pensando por ele mesmo. . “Pare de chorar” Muitas vezes o barulho do choro pode deixar pais enlouquecidos e a primeira reação dos pais é mandar os filhos pararem de chorar. Mas o seu filho deve aprender que não podemos segurar as emoções e esconder como estamos realmente nos sentindo. O que você deve fazer: Tente confortar o seu filho,

9


Pablo Massolar

ovelhamagra.com

Imagem: Harley Faria

O coração paterno de Deus

E sucederá que no lugar em que lhes foi dito: Vós não sois meu povo; Aí serão chamados filhos do Deus vivo. (Romanos 9.26)

E

u percebo como algumas pessoas, quem sabe, talvez por terem tido más experiências com seus pais ou com o rigor excessivo e doentio de quem às criou, possuem uma enorme dificuldade de entender o amor e o zelo paternal de Deus. Acabam interpretando de maneira equivocada a revelação bíblica que apresenta Deus como Pai e transferem a imagem de um pai severo, distante e ameaçador para Deus quando, na verdade, Sua intenção é exatamente oposta a toda esta percepção. Para se ter uma idéia deste pavor e trauma em assumir a paternidade de Deus sobre nós, há de se levar em conta que o que realmente levou Jesus à crucificação, ou seja, o argumento que os sacerdotes e fariseus usaram para pronunciar a sentença de morte contra ele, foi o fato dele se proclamar Filho de Deus, de chamar a Deus de Pai e até mesmo transmitir aos seus discípulos esta doutrina e nova forma de orar a Deus, o Pai. Compará-lo de forma poética, à mãe que dificilmente abandonará ou se esquecerá de seu filho que ainda amamenta é até aceitável, mas chamá-lo diretamente de Pai é arriscarse demais. Este tipo de envolvimento e aproximação com o

Criador soava aos ouvidos dos religiosos quase que como uma ofensa ao Deus Todo-Poderoso, o Senhor das Batalhas, o Deus de Abrão, Isaque e Jacó, que abriu o Mar Vermelho e falou a Moisés com voz de trovão. Apesar de ter perdido meu pai muito cedo, eu nunca tive problemas em compreender a paternidade de Deus, aprendi desde pequeno a amar a presença do Senhor e depender dela no meu dia-a-dia, sentir Sua mão me direcionando, sustentando e Sua voz me encorajando. Mas depois que minha filha nasceu passei a entender com muito mais propriedade e profundidade do que se trata esta revelação. Vou compartilhar aqui duas experiências que passei com minha filha e que, eu espero, lhe traga revelação sobre que tipo de Pai, Deus deseja ser para nós. Sarah ainda tinha dias de nascida, a mãe dela havia tido problemas com leite durante a amamentação e então foi preciso amamentá-la com um leite especial que eu comprava e preparava sempre que ela acordava com fome. Minha filha, como qualquer recém nascido, era um relógio, acordava ininterruptamente de duas em duas horas, até mesmo de madrugada. Eu cheguei a ficar tão condicionado àquela rotina,

10


que o meu próprio relógio biológico se ajustou ao dela, às vezes eu acordava durante a noite e sabia que ela iria acordar a qualquer momento com fome, não dava outra, dali há dois ou três minutos começava aquele choro baixinho. Houve algumas vezes que eu já sabia que ela acordaria com fome, então eu me antecipava, levantava e já começava a preparar o leite, quando ela começava a chorar eu prontamente a pegava no colo e lhe dava o leite que tinha preparado minutos antes. Numa dessas madrugadas tive uma poderosa revelação e experiência com Deus que até hoje fazem meus olhos se encherem de água e meu coração arder. Eu tinha levantado para fazer o leite da Sarah e enquanto eu preparava a mamadeira dela ouvi claramente a voz de Deus dizendo, quase que como uma brisa suave: — Vê este cuidado que você tem com sua filha? Você a ama e sabe que ela depende deste leite para sobreviver, sabe até os horários que ela vai pedir por ele. Assim é o meu cuidado, amor e zelo por você. Assim cuido de todos os meus filhos. Eu os sustento mesmo antes que me peçam qualquer coisa. Deus usou uma situação absolutamente natural para me trazer uma revelação profundamente sobrenatural. Naquela hora, sem eu pedir, era Ele me alimentando com sua palavra. Chorei diante de Deus e senti sua segurança e paz poderosa invadindo meu coração naquela madrugada, glorifiquei ao Senhor por aquele momento especial e até hoje, quando estou em apuros, lembro da providência e cuidado de Deus revelados naquela noite. Bem, eu falei deste cuidado de Deus para conosco, mas agora quero falar da nossa retribuição a este amor. A outra experiência que quero relatar para completar esta mensagem foi um dia quando saí com minha filha para levá-la ao parquinho. Agora ela está com dois anos e meio e está naquela

fase que as crianças aprendem a falar de tudo. Era uma manhã muito bonita de sol e quando chegamos lá a Sarah não sabia em qual brinquedo ir primeiro, subia e descia no escorregador, ia para o balanço, voltava para o escorregador, mexia na areia, brincava com outras crianças, voltava para o balanço num ciclo interminável de alegria e felicidade. Foi de repente, quando ela subiu num brinquedo, toda sorridente, olhou para mim com os olhos brilhando levantou os bracinhos e gritou radiante lá de cima: — PAPAI, EU TE AMO! Meu coração foi na boca e voltou, quase caí em prantos de felicidade e orgulho naquela hora, os outros pais olharam para mim admirados e surpresos com aquele momento e eu não tive outra resposta a dar, ainda com a voz embargada, olhando pra ela e dizendo que eu também a amava muito. Nenhuma riqueza do mundo se compara à alegria que senti naquela hora, tamanha foi a espontaneidade dela ao dizer aquelas simples palavras. Nunca mais me esquecerei daquele momento e eu não poderia ter recebido melhor presente naquele dia. Eu creio que o Deus Pai espera de nós a mesma atitude que aprendi com a pequena Sarah. O louvor sincero é o que agrada e comove o coração de Deus. Quando eu não tiver forças ou palavras para orar vou dizer apenas que O amo e Ele saberá do que preciso. Ainda hoje declare seu amor a Deus Pai, não porque você está lendo um texto que está pedindo para fazê-lo, mas faça isto porque realmente O ama, porque sabe que antes de você O amar, Ele nos amou primeiro, da forma como somos, com todas as nossas imperfeições, até mesmo com todo o pecado que carregamos, Ele nos ama apesar de todas as coisas que nos fazem sentir que não somos merecedores deste imenso amor. O Pai Eterno te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!

11


Lupércio Paulo Fernandes de Oliveira Juiz de Direito titular da 7ª Vara Cível da Comarca de Gov. Valadares-MG e ex-Juiz Eleitoral da 318ª Zona Eleitoral de MG.

Eleições Limpas: N

A escolha ainda é sua!

o contexto geral, quando as eleições se avizinham, a sociedade sempre externa a vontade de renovar o quadro dos nossos mandatários, sobretudo em tempos de crise, evidenciada pela Operação Lava Jato, Operação Mar de Lama, dentre diversas outras investigações criminais e ações penais instauradas no país afora, com foco no combate à corrupção e lavagem de dinheiro. Nada obstante, a par do louvável trabalho desenvolvido pelo Poder Judiciário, Ministério Público e as Polícias, que vêm resgatando a dignidade e a esperança do povo brasileiro, é primordial rever conceitos, a começar pela revogação da conhecida “Lei de Gérson”, em vigor no nosso cenário cultural desde o descobrimento. É tempo de acabar com o famoso “jeitinho”, essa terrível mania de querer “levar vantagem em tudo”, a qualquer preço. É o dirigir embriagado ou cometer outra infração ao volante e ainda tentar subornar a autoridade de trânsito para escapar da punição, ou, por exemplo, atuar como voluntário nas calamidades públicas apenas para desviar os donativos

12

em detrimento das pobres e sofridas vítimas; fingir que não enxergou a fila para burlar a ordem de atendimento; emplacar o veículo noutro Estado, onde não possui domicílio, somente para pagar uma alíquota menor do IPVA, ou utilizar atestado médico ou recibo falso para obter algum tipo de proveito indevido etc. Ouso afirmar que, tal qual a ganância financeira, daí provém a raiz de inúmeros males. Não sem motivo, o apóstolo Paulo registrou na 1ª carta a Timóteo 6.10, que “o amor ao dinheiro é uma fonte de todos os tipos de males. E algumas pessoas, por quererem tanto ter dinheiro, se desviaram da fé e encheram a sua vida de sofrimentos”. Então, é tempo de descartar tais práticas egoístas e de pensar mais na coletividade, através da maior arma de que dispõe o cidadão de bem: o voto consciente. A AMB – Associação dos Magistrados Brasileiros lançou em 2006, a campanha Eleições Limpas, com o objetivo de estreitar os laços entre a Justiça Eleitoral e a sociedade, buscando estimular um comportamento ético do cidadão ao votar, pois o combate eficaz à corrupção


eleitoral, sob todas as formas, não é tarefa que se possa levar adiante sem a colaboração da população. Aliás, depois dessa importante iniciativa, o MCCE – Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral reuniu, em 2009, mais de 1,6 milhão de assinaturas e apresentou ao Congresso o projeto de lei de iniciativa popular da Campanha Ficha Limpa, que culminou com a aprovação da Lei Complementar nº 135, de 04/06/2010. Já nas eleições de 2010, em parceria com o Tribunal Superior Eleitoral – TSE, a AMB lançou a terceira edição da campanha com o lema “Não Vendo meu Voto”. Porque é impossível realizar eleições limpas se as mãos de quem tem o poder de escolha estiverem contaminadas. Neste ano eleitoral, mais uma vez, a atuação deve ser centrada em ações de fiscalização, principalmente no combate à compra de votos e ao “caixa dois” de campanha. Apesar do crítico estágio de desencanto com o sistema político nacional, o hábito de não se interessar de modo algum pela política, ou de simplesmente se abster ou de votar em branco devem ser abolidos, segundo demonstra a evidente lucidez externada por Martin Luther King, quando imortalizou o célebre pensamento: “O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons”. Vale destacar, afinal, que o voto consciente é a

voz do eleitor e, logo, o primeiro passo para reduzir o desemprego, a fome, a violência e a miséria, a fim de mudar o triste cotidiano retratado na matéria intitulada “Os piolhentos e nós”, de Fernando Pacheco Jordão, publicada no jornal O Estado de S. Paulo, edição de 22/03/1991, p. 2. No texto, o jornalista expressou que, diante da realidade absurda deste país de analfabetos e famintos, “tecemos nosso colete de indiferença, erguemos nossa cidadela para morar e nos julgamos a salvo de uma guerra que imaginamos confinada aos terrenos dos que queimam suas crianças piolhentas com cigarros e chegam a lhes dar tiros nos pés”. Talvez, para você (e)leitor, a vitória do candidato A ou B nas eleições não faça diferença significativa, mas lembre-se, conforme está escrito em Romanos 13, que as autoridades estão a serviço de Deus para o nosso bem e, por isso, devem ser respeitadas e honradas. É preciso, portanto, buscar o necessário discernimento para escolher os candidatos certos, sem máculas, e que tenham boas perspectivas de exercer o mandato eletivo a serviço do povo, com ideias e projetos de desenvolvimento sustentável, sobretudo por meio da valorização da dignidade da pessoa humana, com a criação de mais oportunidades de trabalho e de educação. O resto é consequência. A escolha ainda é sua!


Casar é fácil, o difícil é permanecer casado

E

Silvia Geruza F. Rodrigues

ste ditado popular ainda é do século XX. Antigamente, casar era muito fácil: Conhecia um parceiro ou parceira, namorava, noivava com direito a pedido aos pais e festa, marcava a data da cerimônia, um vestido de noiva, decoração, recepção, e os noivos partiam para a lua de mel. Os convidados levavam arroz e jogavam nos noivos como sinal de desejar boa sorte e felicidade no casamento. Simples assim. Casava-se para constituir uma família e por amor ( na maioria das vezes). Sonhos de construir um lar e realmente permanecer juntos “até que a morte nos separe”, assim nos ajude Deus. Por um lado temos cerimônias imponentes, cheias de detalhes, caras, por outro, os noivos parecem não se importarem muito com um padre ou pastor abençoando seu relacionamento. Laços duradouros são raros nos dias atuais. Muitos ministros usavam o seguinte versículo na cerimônia: “As palavras que digo não são meros adendos ao seu estilo de vida, como

a reforma de uma casa, que resulta em melhora de padrão. Elas são o próprio alicerce, a base de sua vida. Se vocês puserem essas palavras em prática, serão como os pedreiros competentes, que constroem sua casa sobre a solidez da rocha. A chuva cai, o rio avança e o vento sopra forte, mas nada derruba aquela construção. Ela está fundamentada na rocha.” Mateus 7: 24-25. Contudo, na sociedade que vivemos, o prazer substituiu o compromisso. Segundo Zygmunt Bauman, o homem teve que escolher entre a segurança e o prazer e ficou com o último. As pessoas hoje são tratadas como objetos de consumo: Quando não suprem as expectativas do consumidor, são devolvidos ou jogados fora. A única diferença é que objetos de consumo, segundo Bauman, “coisas arquetípicas desprovidas de sentidos, pensamentos e emoções próprias” poderiam ser descartados facilmente. Mas, o ser humano sofre com a rejeição. Como os consumidores não necessitam

14


prometer lealdade aos produtos, trocam-nos quando surgem outros objetos mais atraentes. Bauman denomina este descontentamento constante de “fadiga do prazer”. Lembro-me de uma charge postada em uma das redes sociais quando uma jovem pergunta a um casal velhinho de mãos dadas qual o segredo de seu relacionamento, ao que eles respondem: Somos de um tempo quando consertávamos o que estava quebrado, não o jogávamos fora. Obviamente que sempre aparecerão mulheres mais jovens, mais bonitas, mais ricas, mais inteligentes do que aquela que o homem escolheu para se casar. Da mesma maneira, homens mais belos, mais fortes, mais ricos, mais jovens do que a mulher escolheu para se casar. Seremos sempre seres desejantes, querentes e carentes. Indigno-me quando comento de algum amigo que se divorciou por ter traído sua esposa com uma mulher mais da metade da idade dele, e quando outros amigos respondem: “pelo menos ele acertou desta vez.” A mulher bem mais nova que ele, certamente é mais bonita que sua exesposa. Porém, devemos nos lembrar que quando ele se casou, sua mulher era jovem, esbelta (provavelmente) e bonita. O tempo corrói a beleza exterior. Depois dos quarenta a lei da gravidade é inclemente com as mulheres: tudo começa a cair. Escolher entre a segurança, o amor companheiro, o carinho, o conforto da família e o prazer da aventura, do novo, exige maturidade. Toda mulher e todo homem envelhece e muda suas características exteriores, e muitas vezes interiores. Quantas vezes se mudará de parceiro (a), até que estejam totalmente satisfeitos? O sociólogo Anthony Giddens usa um termo para relações cujo único vínculo é o prazer: “relações puras”. Nestas, não existe reciprocidade e o rompimento pode ser unilateral. Neste tipo de relacionamento não existe segurança, e sim angústia. Um dos indivíduos é moralmente insensível e não leva em consideração o bem-estar ou os sentimentos do outro. A permanência em um relacionamento é

somente até quando uma outra ‘mercadoria’ mais atraente surgir. A capacidade da satisfação torna-se cada vez menor e mais reduzida. Casamento pressupõe responsabilidade, rotina, realidade. Todavia, espera-se sempre o ideal romântico da constante aventura, do frio na barriga, na espinha, na sensação eufórica dos dias iniciais do namoro. Meninos chorando à noite, fraldas para trocar, contas se acumulando por debaixo da porta, ou na caixa de correios não se encontravam no imaginário do jovem casal. Canos entupidos, paredes sujas e rabiscos de crianças espalhados pelo apartamento, torneira gotejando, pia vazando exigem do homem, geralmente, tarefas múltiplas: encanador, eletricista, pintor. Da mulher exige-se uma nova profissão: mãetorista. Levar os filhos para a escola, aulas de música, esportes, balé, etc. Além de tudo isso, espera-se viver uma relação sexual intensa e frequente. O cansaço e a responsabilidade se encarregam de desgastar a relação. Chegar ao trabalho e receber elogios dos (das) colegas levanta a auto-estima, estimula a continuar a luta pela sobrevivência e desperta novos desejos. A realidade não é prazerosa, portanto, trata-se de se livrar dela e de “viver num mundo feito apenas dos próprios desejos.” (Bauman, 2014, p.182). E necessária maturidade para seguir os princípios ensinados nos versos de Provérbios 5: 19-23 ( A Mensagem): “Alegre-se com a sua esposa e companheira desde jovem, (…) e nunca deixe de se deleitar em seu corpo. Nunca ache que o amor está garantido para sempre, mas conquiste a mesma mulher todos os dias. Por que trocar a intimidade verdadeira por prazer momentâneo com uma prostituta ou por um flerte com uma promíscua qualquer? (…) A morte é a recompensa da vida insensata: suas decisões impensadas o levarão a um beco sem saída.” Trocar a intimidade, a confiança, a segurança do aconchego familiar em busca de aventuras pode ser prazeroso, mas trará solidão, arrependimento e muitas vezes a morte da sua alma.

15


Marketing N

ou Lenda

- Eu limpo e lubrifico todas as ferramentas no final do serviço, disse o garoto. - Mas isso o meu jardineiro também faz. - Eu faço a programação de atendimento o mais rápido possível. - O meu jardineiro também me atende prontamente. - O meu preço é um dos melhores. - Não, muito obrigada! O preço do meu jardineiro também é muito bom. Quando o garoto desligou o telefone, Jordan lhe perguntou: - Você perdeu um cliente? - Não senhor Jordan, respondeu o garoto. Eu sou o jardineiro dela. Eu apenas estava medindo o quanto ela estava satisfeita com o meu serviço. Esta pequena historia é para você que tem metas a cumprir e precisa de muita determinação, paciência e sabedoria para que seus objetivos sejam alcançados. Que suas atitudes possam ser o Marketing da sua vida e não apenas uma Lenda do Marketing. Pense nisso...

os Estados Unidos, a maioria das residências tem por tradição ter na frente um lindo gramado. E, para este serviço, há diversos jardineiros autônomos que fazem reparos nestes jardins. Um dia, Jordan, Executivo de Marketing de uma grande empresa Americana contratou um desses jardineiros. Chegando a sua casa, Jordan descobriu que havia contratado um garoto de apenas 13 anos de idade. O que lhe causou enorme surpresa. Quando o garoto terminou o serviço, solicitou ao executivo a permissão para utilizar o telefone. Jordan encantado com a educação e habilidades do garoto na jardinagem, prontamente atendeu ao pedido e muito curioso com sua atitude, não pôde deixar de escutar a conversa. O garoto havia ligado para uma senhora e perguntara: - A senhora está precisando de um jardineiro? - Não. Eu já tenho um - respondeu à senhora. - Mas além de aparar, eu também tiro o lixo. - Isso o meu jardineiro também faz.

16


Humor

www.salgadinhisclick.com.br


e estou com Caio Fábio

caiofabio.net

Sou espírita e estou com um câncer...

sou... Não sei se ainda sou... um espírita kardecista, mas que não ia a Centro... Apenas gostava da religião... E não consigo me libertar disso, e brigamos de vez em quando por esse motivo... Mas estou indo numa igreja e estou gostando... Mas não sinto muita vontade de ir... O que eu quero dizer é que estou muito confuso perante a religião que quero seguir... Sou temente a Deus e acredito muito Nele e sei que a minha força em lutar vem Dele. Também sinto muito ciúme dela... Pois estou deformado e ela é muito linda; e amo ela, e ela diz também me amar... Acredito nisso. Mas às vezes tenho duvida... O que posso fazer para relaxar?... Quero me casar e faço muitos planos com ela, mas aí vem a realidade e me coloca pra baixo... Pensando... Por que fazer planos se posso morrer amanhã...? Como posso lidar melhor com o câncer e também em relação com minha religião que na verdade não sigo...? Ajude-me... Adoro suas palavras... Elas são aconchegantes... Abraços do seu fiel admirador... Abrahão Obrigado! RESPOSTA: Meu querido amigo: Paz e Saúde! Considerando que você mesmo se sente perdido... Devo dizer que você é um dos “perdidos”, mais valentes que andam por aí. A maioria sucumbe ante o mero diagnóstico, e se entrega ao pavor da morte. Graças a Deus, todavia, você tem dando sua melhor resposta ao problema, e, como resultado, está não apenas sobrevivendo, mas vivendo. Façolhe aqui algumas sugestões: .Dedique-se ao tratamento sem aflição. Está demonstrado que pacientes que oram com gratidão e se tratam com o coração cheio de amor, recuperam-se muito mais rápido. Portanto, pegue o Evangelho e leia. Também leia os Salmos. E, se puder, leia tudo o que você puder aqui no site. Sei que se você fizer isso sua fé vai crescer, e sua confiança em Deus vai dar um grande salto. Ora, é pela fé e pela confiança que a gente vive e morre em paz. No seu caso, sei que a confiança haverá de lhe realizar verdadeiros prodígios, e lhe será de grande bem para a alma. .Namore como se você fosse viver cem anos. Ou seja: não impeça o fluxo do amor e da esperança apenas por causa da doença. Ao contrário, usufrua de todo bem do amor e das alegrias da paixão, pois, por tais mecanismos a alma anda na vereda da saúde. Do mesmo modo, se ela deseja casar-se, case-se. Sinceramente, amando alguém que nos ama vale a pena casar mesmo que seja apenas para viver a Lua de mel. Além disso, amar, fazer amor, beijar, abraçar, expressar e receber afeto... São terapias naturais para a alma, e que refletem no corpo. Ou seja: somatizam-se para o bem. .O que você tem que deixar de lado é o ciúme. Ora, se ela não quisesse ficar com você, ela não ficaria. E se ficou, é porque gosta de você. Portanto, confie também nesse quesito. Confie nela baseado no amor de Deus por você. E aproveite cada pedacinho de vida com ela e com todos como quem bebe vinho santo e come pão de alegria.

Caio Fábio, Caro amigo me chamo Abrahão e tenho 25 anos. Minha história começou em março de 2003, quando descobri um câncer no maxilar esquerdo. Isso me levou a procurar auxílio médico fora do meu Estado, fui para o INCA, no Rio de Janeiro, onde recebi tratamento quimioterápico, sem sucesso. O tumor estava crescendo muito, e fui orientado a procurar tratamento de radioterapia. Como este tipo de tratamento é feito no meu Estado, resolvi fazer aqui, para ficar próximo de minha família. Assim como a quimioterapia, esse tratamento também não obteve sucesso, e fui orientado a procurar tratamento cirúrgico, pois o tumor não estava reduzindo. Isso foi muito difícil, pois a maioria dos médicos não aceitaram fazer a operação, pois a deformidade seria grande e a maioria deles dizia que eu morreria na mesa de cirurgia. Com um pouco de medo mais certo de que passaria por isso, fomos à procura de cirurgião. Apenas 01 em toda a cidade aceitou meu caso; e resolvi operar no dia 13 e junho de 2003, retirando todo tumor de 361 gramas. Com isso fiquei internado por 68 dias, tendo como conseqüência duas infecções graves e queimaduras, em razão de um erro por parte dos médicos; e uma deformidade facial grave. Depois que saí do hospital, fiquei fazendo os exames de rotina. Em maio de 2004 através de exame descobri um tumor no pulmão, resolvemos operar e retiramos a lesão. Através de outro exame descobrimos outras duas lesões também no pulmão em setembro de 2004, operamos; e novamente em outubro do mesmo ano descobrimos três lesões onde não foi possível operar... Com isso me foi sugerido quimioterapia, onde me encontro em tratamento desde 1/12/2004. Minha vida antes do meu problema era regada a álcool, drogas e saídas pela madrugada, estava completamente perdido, sem rumo, sem religião própria, e sem visão para o futuro... Hoje ainda me encontro com alguns desses problemas citados acima, mas em menor intensidade, pois consegui aprender pequenas coisas que não enxergava antes. Trabalhava numa empresa de médio porte no setor portuário, fazia faculdade, etc... E com minha doença tive que interromper bruscamente tudo isso. Tenho uma vida quase normal hoje, mas ainda não consegui voltar ao trabalho e retomar minha faculdade... E isso também é uma das minhas frustrações, Caio. Tento ser feliz na medida em que consigo e desejo muito melhorar e diminuir minhas imperfeições. Peço suas orações e uma ajuda, pois meu coração anda triste... Às vezes querendo chorar por algo que não sei o que é... Tenho uma namorada, que conheço há muito tempo. Uns oito anos..., terminávamos e voltávamos... Há um ano e um mês voltamos a namorar... Somos um casal normal, fazemos de tudo, e ela me aceitou do jeito que estou e também gosto muito dela e tenho medo de perdê-la. Ela está entrando para a Assembléia de Deus e eu era ou

1

2

3

18


4

Deus? Não! “Meu Deus” não existe mais. Para mim não existe um “meu Deus”, mas apenas o Deus meu. O “meu Deus” seria uma fabricação minha. O Deus meu é aquele que é, que me fez, que me ama, que me salva, que me perdoa, e que anda comigo, especialmente no vale da sombra da morte e das lágrimas; mas Ele também dança, e baila comigo nas festas da Graça como o pai do filho pródigo. Negar o “meu Deus” é o caminho para conhecer o Deus meu! Quem é Deus? Ora, numa escala infinita ninguém sabe, senão somente o Filho, Jesus. Mas se pode conhecer o Seu amor, e intuir, pela revelação da verdade no coração, que Ele é amor, e que está presente em todas as coisas, embora a todas as coisas Ele transcenda. Ora, tal resposta não ajuda a alma a encontrar paz e descanso. Tal resposta não ajuda a resolver as questões da vida, da alma e do espírito. Tal resposta não realiza o bem da vida no coração, embora ajude a quem crê a não se tornar satanás e juiz da a vida de ninguém, o que já é uma infinita vantagem. Quem é Deus para mim? É Ele uma construção minha? Fabriquei-o a fim de melhor viver? Seria Ele uma adaptação psicológica que eu fiz Dele às condições presentes do mundo e de minha própria alma? É claro que não! Jesus disse que quem quer que deseje conhecer a Deus para si mesmo; e experimentá-Lo como Vida e Graça; esse precisa saber que Ele, Jesus, e o Pai, são Um. Jesus também disse: “Quem me vê a mim, vê o Pai”. E disse mais: “Se me tivésseis conhecido, conheceríeis também a meu Pai”. Felipe, um dos apóstolos, pediu a Jesus: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isto no basta”. Jesus lhe respondeu: “Felipe, faz tanto tempo que estou convosco e não me tendes conhecido? Quem me vê a mim, vê o Pai”. E concluiu: “Crede que eu estou no Pai e que o Pai está em mim. Crede ao menos por causa das mesmas obras”. Assim, por e em Jesus, eu fico sabendo que quem deseja conhecer e saber quem é Deus tem que fazer duas coisas: a primeira é saber

.Quanto ao Kardecismo, sinceramente, não o levará a lugar nenhum, como de resto nenhuma outra religião, mesmo a cristã. O que você precisa é conhecer Deus para você, em Jesus, numa experiência pessoal. Quando isto acontecer você verá a sua confiança aumentar para níveis impensáveis, e seu coração mergulhará em paz cada vez mais profunda. Nada ajuda mais alguém a ser curado de um mal do que a experiência da paz! Então você pergunta: como conhecer Deus? Há um só Deus. Mas para os homens há muitos. Deus mesmo é Um e Uno em Sua misteriosa Trindade. Mas para os homens há muitos deuses. Sim, para os homens há tantos deuses quantas almas humanas há na Terra. Ou seja: conquanto haja um só Deus (de fato e verdade), há muitos deuses psicológicos, religiosos e culturais; todos fabricação dos homens, desde o ídolo de pau, pedra, barro ou ouro, até os deuses psicológicos e abstratos; mas que existem na cabeça das pessoas; ainda que se o chame pelo nome judeu de Javé, ou pelo nome cristão de Deus, ou até mesmo “Jesus”. Meu nome é “Caio”. Mas não é meu nome que diz quem eu sou. Partindo-se de meu nome pode-se criar muitos “Caios” que não sou eu - todos chamados de Caio! Sim, meu nome enseja a “construção” de muitos “Caios” que não sou eu; aliás, como de fato acontece. Portanto, falando de mim, o importante-se é que para alguém isso é importante, mas apenas como ilustração-não é o meu “nome”, mas sim minha pessoa real. Nesse caso, prefiro milhões de vezes uma pessoa que não sabe meu nome, mas me discerne como homem, e me trata de modo equivalente à real percepção de quem eu sou, do que aqueles que dizem “Caio Fábio D’Araújo Filho”, mas que me descrevem e me vêem de modo a negar quem eu de fato sou. Esta é uma pobre ilustração, mas revela, no nível mais básico e psicológico, o que acontece numa escala infinita em relação a Deus. Quem é meu

19 19


que Jesus é a revelação do Pai; e a segunda é crer que assim como Jesus tratou as pessoas, assim o Pai trata a todos, pois, as “obras são as mesmas”. Desse modo, eu não preciso andar com medo de Deus, assim como ninguém nos Evangelhos andava com medo de Jesus. Só tinha medo de Jesus nos Evangelhos aquele que servia a religião, e achava que a mensagem de Jesus, cheia de misericórdia e graça, era uma ameaça à ortodoxia. Esse, ou esses tais, sim, é que morriam de medo de Jesus, embora não temessem a Deus, posto que crucificaram o Unigênito de Deus, Jesus. Assim, minha querida, eu lhe digo: Deus é a cara de Jesus! Qualquer Deus, seja pagão ou cristão, que não pareça com Jesus nos seus atos de justiça, amor, graça, compaixão, e misericórdia, é aquele tipo de “Deus” que Jesus chamou de “ladrão e salteador” (João 10). As pessoas ficam querendo saber como Deus trata os humanos. Então, constroem doutrinas e regras divinas, e põe sobre os homens, em nome de “Deus”, jugos e pesos insuportáveis, que nada têm a ver com o jugo suave e o fardo leve que Jesus disse que era o caminho com Ele. Sim, um “Deus” que põe pesos que Jesus não colocou sobre ninguém, e que trate os homens como Jesus a ninguém tratou, esse não é Deus, mas apenas um impostor, seja o diabo ou seja uma fabricação humana, ainda que leve o nome de “Deus” ou até de “Jesus”. Deus é Jesus e é como Jesus! E em Jesus eu fico sabendo como Deus trata a todos. Em Jesus a vontade de Deus está revelada como amor e graça. Em Jesus eu sei que a vontade de Deus é reconciliação e paz. Sim, em Jesus Deus me mostrou a face! É por esta razão que eu não tenho medo de Deus, antes o amo apaixonadamente, posto que eu jamais teria medo de Jesus, mas apenas me sentiria, como me sinto, irremediavelmente atraído por Ele. Não creia no “Deus da religião”, nem mesmo no “Deus criado pelos cristãos”. Creia única e tão somente no Deus que se revelou em Cristo, sem entalhes e sem esculturas psicológicas feitas por teólogos e pensadores de “Deus”. Esses tais são fabricantes de ídolos. Quem crê em Jesus, pura e simplesmente conforme o Evangelho, esse crê em Deus, e não numa construção de homens! Portanto, a fim de não ser vitima de um “Deus fabricado” tem-se que desistir de vez de todo “Deus da religião”, e, sem medo e sem temor, mergulhar de cabeça na revelação de Deus em Jesus, e apenas conforme o Evangelho. Fora da simplicidade do Evangelho todo “Deus” é pagão, mesmo que seja uma construção

feita por teólogos cristãos! Assim, meu amigo querido, como creio no Espírito Santo e no amor de Deus por você, não tentarei dizer a você mais nada. Digo-lhe apenas que leia os evangelhos com o coração leve e livre, e veja como Jesus tratou a todos os tipos de seres humanos. Nessa leitura você verá a misericórdia de Deus para com todos, e verá a severidade de Deus para com “escribas e fariseus”, que foram os únicos que receberam Dele juízo e a promessa do inferno. Sim, foi apenas a esses que Jesus disse que eram “filhos do diabo”, justamente porque, em sua arrogância e presunção, sentiam-se os donos do Reino de Deus, e, por tal jactância, se diziam donos da cadeira do legislador Moisés, impedindo os homens de experimentarem os benefícios da vida com Deus. Esses, sim, foram terrivelmente ameaçados, conforme se lê em Mateus 23. No mais, viva conforme o ensino do Evangelho, e caminhe sem medo, pois se você errar, logo Ele, que vive e nos ama, salvará você de todo engano, conforme Ele mesmo fez com o povo, e, em especial com todo aquele que o seguia. Desse modo, e sem complicações, leia a Palavra do Evangelho, e você ficará sabendo quem é Deus, e também provará em você mesma a Deus como amizade e benefício para a vida; e tamanho será o impacto dessa comunhão que sua alma saberá que é com Deus mesmo que você está tratando, e sendo tratada por Ele. Quanto a sentir Deus na “igreja”, isso nada significa. A maioria aprende a arte da performance emocional, mas não vive a mesma emoção no silêncio do quarto, nem na quietude da alma, e nem experimenta a Deus como alegria e paz no espírito. O justo vive pela fé, e não por emoções. Eu me emociono muito em Deus, quase todos os dias, mas isso não me torna mais próximo Dele. Nada mais me distancia ou me afasta de Deus. Nem a tristeza e nem a alegria. Nem o céu e nem o abismo. Leia o Salmo 139 e você saberá a razão. Caminhe com fé e tranqüilidade. E diga sem medo acerca de qualquer “Deus” que não se pereça com os modos e gestos de Jesus: “Esse, foi apelidado pelo nome Dele, mas não é Ele!” Meu nome é Caio. Mas nem tudo o que se diz de um certo personagem chamado Caio tem qualquer coisa a ver comigo. Entendeu? Leia o Evangelho. Em Cristo temos tudo. Nele estão todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. E Jesus disse: “Aquele que me ama, meu Pai o amará; e nós viremos para ele, e faremos nele morada”. Creia e viva! Nele, em Quem Deus me mostra a face.

20


A VIAGEM DA

FELICIDADE Rafaele Pinheiro

Um dia, um pai de família rica, grande empresário, levou seu filho para viajar até um lugarejo com o firme propósito de mostrar o quanto as pessoas podem ser pobres. O objetivo era convencer o filho da necessidade de valorizar os bens materiais que possuía o status, o prestígio social; o pai queria desde cedo passar esses valores para seu herdeiro. Eles ficaram um dia e uma noite numa pequena casa de taipa, de um morador da fazenda de seu primo... Quando retornavam da viagem, o pai perguntou ao filho: - E aí, filhão, como foi a viagem para você? - Muito boa papai. - Você viu a diferença entre viver com riqueza e viver na pobreza? - Sim pai! Retrucou o filho, pensativamente. - E o que você aprendeu com tudo o que viu naquele lugar tão paupérrimo? O menino respondeu: - É pai, eu vi que nós temos só um cachorro em casa, e eles têm quatro. Nós temos uma piscina que alcança o meio do jardim, eles têm um riacho que não tem fim. Nós temos uma varanda coberta e iluminada com lâmpadas fluorescentes e eles têm as estrelas e a lua no céu. Nosso quintal vai até o portão de entrada e eles têm uma floresta inteirinha. Nós temos alguns canários em uma gaiola eles têm todas as aves que a natureza pode oferecer-lhes, soltas! O filho suspirou e continuou: - E além do mais papai, observei que eles oram antes de qualquer refeição, enquanto que nós em casa, sentamos à mesa falando de negócios, dólar, eventos sociais, daí comemos, empurramos o prato e pronto! No quarto onde fui dormir com o Tonho, passei vergonha, pois não sabia sequer orar, enquanto que ele se ajoelhou e agradeceu a Deus por tudo, inclusive a nossa visita na casa deles. Lá em casa, vamos para o quarto, deitamos, assistimos televisão e dormimos. Outra coisa, papai, dormi na rede do Tonho, enquanto que ele dormiu no chão, pois não havia uma rede para cada um de nós. Na nossa casa colocamos a Maristela, nossa empregada, para dormir naquele quarto onde guardamos tralhas, sem nenhum conforto, apesar de termos camas macias e cheirosas sobrando. Conforme o garoto falava, seu pai ficava estupefato, sem graça e envergonhado. O filho na sua sábia ingenuidade e no seu brilhante desabafo, levantou-se, abraçou o pai e ainda acrescentou: - Obrigado papai, por me haver mostrado o quanto nós somos pobres!

MORAL DA HISTÓRIA:

Não é o que você tem, onde está ou o que faz que vá determinar a sua felicidade; mas o que você pensa sobre isto! Tudo o que você tem, depende da maneira como você olha, da maneira como você valoriza. Se você tem amor e sobrevive nesta vida com dignidade, tem atitudes positivas e partilha com benevolência suas coisas, então... Você tem tudo!

21


Jesus,

o escolhido dos milhares Ricardo Gondim

Q

ue personagem varou os séculos e mesmo agora, milênios depois, continua a impressionar homens e mulheres em todos os lugares? O que há de especial no filho de um carpinteiro, e de uma jovem camponesa, que saiu da obscuridade aos trinta anos, não deixou uma só linha escrita para a posteridade, não arregimentou nenhum soldado, não conquistou nenhuma cidade? Qual o mistério? Por que ele continua nos lábios do crente, na súplica do doente e no grito de esperança do sonhador? Que verdades esse andarilho judeu falou? O que ele dizia enquanto visitava os cemitérios para tocar em leprosos? Como acolhia as mulheres de vida duvidosa e como se deixava tocar por elas? Quem foi ele? O que o despertou em seus estudos da Torá para incompatibilizarse com as elites poderosas de seu tempo? Como conseguiu conciliar em um só grupo, pescadores sem educação formal e contestadores do regime imperial de Roma? Como um grupo tão heterogêneo se tornou uma das forças transformadoras do mundo antigo? Que motivações o faziam dócil com os pobres, condoído com as viúvas e corajoso para libertar a adúltera das malhas de uma lei

22

misógina? Tais questionamentos vararam os séculos. Por que o carpinteiro de Nazaré continuam a intrigar historiadores, a confundir filósofos e a perturbar mentes críticas? Por sua vida singela, ele não deveria ficar relegado aos relatos de rebeldes que morreram devido a pretensões messiânicas? Comparado aos pensadores do Iluminismo, ele não merecia passar de um judeu místico e irrelevante? Diante dos argumentos nietzschianos, ele não podia ser apenas mais uma muleta que a humanidade usou para enfrentar as agruras da existência? Diante do diagnóstico de Freud, ele não podia ser mais um personagem perturbado por um modelo familiar disfuncional? - ele descrevia a si próprio ou a neurose humana? Talvez jamais consigamos responder a essas indagações. Contudo, Jesus continua amado de bilhões; permanece o tema tanto das canções de ninar como da música espetacular de Hendel; é a inspiração dos falidos para caminhar adiante; é o patrono dos perdidos e é o paraninfo dos esquecidos. Para o poeta da melancolia, Jesus é a estrela da manhã; para o poeta da paixão, o lírio


dos campos; para o poeta do existencialismo, o artesão de um novo amanhã; para o poeta da esperança, o norte da bússula. Jesus permanece como pedra angular no lodaçal da vida. Sua história é puro lirismo, sua empatia com o pobre, pura compaixão, seu anseio de justiça, pura esperança. As metáforas se somam à simples menção do seu nome e nenhuma consegue articular o encanto que ele suscita. Através dos séculos, repetidas religiões narraram lendas sobre a visita dos deuses entre os homens. A encarnação da divindade, contada pelos primeiros cristãos, não era totalmente inédita. Tanto na Babilônia, Grécia, e na própria Roma, os deuses já tinham se feito gente. A novidade cristã, sem precedentes históricos, veio da humildade. Jesus não nasceu de um modo espetacular. José, o pai, estava inquieto. Incrédulo. Tomado pelo medo. Ele precisou da intervenção de um anjo. Sem um sinal, talvez jamais aceitasse que a semente que Maria carregava não era fruto de um adultério. Ela estava grávida de virtude – do Espírito Santo. Numa noite qualquer, que jamais será cravada com precisão no calendário, um punhado de pastores pobres, que guardava o rebanho nas caladas da madrugada, percebeu o aviso das estrelas e das hostes celestiais. Daí por diante, a sua história se confunde com a história

poder. Em sua missão, ele não impôs, jamais exibiu, nada reivindicou. Jesus queria tão somente partilhar as dores, celebrar as alegrias, inspirar sede de justiça e fazer o bem. Nele, os pobres acharam o bálsamo para as feridas da alma, o lenço para as lágrimas do espírito e o ombro para o coração fadigado. Desde o seu nascimento já se via que ele estava disposto a experimentar a kenosis – o esvaziamento, o rebaixamento. O Filho do Homem jamais empunharia um cetro. Sua glória se manifestou ao apanhar uma bacia e lavar os pés de seus amigos. Depois, na cruz, revelou sua grandeza inigualável. Jesus não pretendeu liderar um movimento político. Judas, o Iscariotes, errou ao imaginar que ele se insurgiria contra o imperialismo de Roma. Jesus não buscou reinventar o judaísmo como temeram os rabinos, líderes do Templo. Ele não foi um luminar da filosofia como suspeitaram os concílios que o sucederam depois de Constantino. Jesus não disputou, e nem contendeu, com fundadores de outras grandes religiões – como o hinduísmo e o budismo. Jesus lutou para libertar as pessoas do medo do Javé vingador. Ele quebrou as paredes que separavam homens e mulheres; através dele, caíram por terra: nacionalidade, gênero e status social. Jesus se esforçou para comunicar que Deus deseja construir o seu tabernáculo no coração das pessoas. Jesus, o amigo de Maria Madalena, mostrou ser possível

de tantos. A família de Jesus se viu obrigada a refugiar-se no Egito. E lá experimentou a vida dura de todo refugiado: preconceito, pobreza, falta d’água e um mínimo de comida. Jesus viveu em obscuridade até os trinta anos. Trabalhou com as mãos cortadas, ásperas, calejadas, Seu cotidiano foi penoso – igual aos de seus pares. Não se sabe de qualquer milagre ou ação espetacular que aliviasse a sua sorte. Jesus aprendeu no que sofreu. Um dia, consciente de sua missão, o Amante dos Pecadores partiu para a periferia, não para o centro do

amar sem fazer inventários da vida passada. Jesus, o hóspede de Zaqueu, mostrou ser possível rejeitar o sistema corrompido. Jesus, o réu de Herodes – que ele chamou de raposa – , triunfou sem insuflar ódio. Jesus é a metáfora humanizada, a poesia vertebrada, o verbo adensado, a música balbuciada. Ele permanecerá, apesar de tudo o que se praticou em seu nome. O Conselheiro maravilhoso, o príncipe da paz, continua o escolhido entre milhares para ser o nosso salvador. Soli Deo Gloria

23


A carta que demitiu o executivo

Executivo se demite após receber carta de sua filha de 10 anos. Criança listou 22 acontecimentos importantes de sua vida que o pai perdeu devido a compromissos do trabalho

O

executivo Mohamed El-Erian, internacionalmente reconhecido por seu trabalho na companhia de gestão de investimento PIMCO, revelou ter deixado o

cargo de CEO na empresa no início deste ano graças, em boa parte, a uma carta de sua filha. A menina de dez anos escreveu uma lista apontando 22 acontecimentos

24


marcantes em sua vida que o pai havia perdido em razão do trabalho. Entre esses momentos, estavam o primeiro dia de escola dela, um desfile de Halloween, o primeiro jogo de futebol e muitos recitais. O pedido de demissão do guru de investimento em janeiro de 2014 chocou o mundo financeiro. Só agora, em um artigo no site Worth, ElErian esclareceu a sua saída - ou pelo menos parte das razões que o levaram a abandonar a gestora de investimentos que administra cerca de US$ 2 trilhões. A decisão foi tomada há cerca de um ano, quando sua filha começou a não obedecer a orientações do pai, como escovar os dentes ou ir para a cama. Pouco tempo depois, a garota aparece com uma lista em que compilava todos os eventos e atividades importantes que o pai havia perdido por conta de compromissos de trabalho. Na lista, foi mencionado o primeiro dia de escola da menina, primeiro jogo de futebol, recitais e um desfile de Halloween. Segundo ele, havia uma boa desculpa para cada ocasião: viagens, reuniões importantes, um telefonema urgente e tarefas a cumprir. "Mas me dei conta de que não estava considerando algo infinitamente

mais importante. (...) Eu não estava passando tempo suficiente com ela." A situação incomodou bastante o executivo. "Foi um sinal de alerta. E é um dos principais motivos pelos quais eu decidi fazer uma enorme mudança profissional". Após renunciar ao cargo de CEO da PIMCO, El-Erian diz que optou por fazer somente trabalhos de meio período, que exigem menos viagens e permitem mais flexibilidade. O investidor, que estudou em Oxford e Cambridge, afirmou que agora tem tempo até de pegar sua filha na escola. Desde então, ele e a esposa se revezam para acordar a menina, preparar o café da manhã e levá-la à escola. Em uma entrevista recente, Mohamed contou como está sua vida atualmente. Agora, ele trabalha apenas meio período e durante o resto do tempo fica com a família “Infelizmente, nem todas as pessoas podem ter esse luxo. Mas espero que empresas dêem mais atenção à importância do balanço entre vida e trabalho, e mais e mais pessoas estejam em posição de decidir e agir em função do que é importante para elas”, afirma o gestor. E pai de família. Mohamed El-Erian

25


Os velhinhos eo

FOGO Cartunista Santo

H

á alguns anos atrás, morava no interior de Curitiba um casal de idosos que não tinha filhos. Eles moravam em uma confortável casa de madeira, tinham uma vida tranquila, alegre e se amavam muito. Eram felizes... Até que um dia aconteceu um grave acidente envolvendo o casal. A idosa, como de costume, levantava cedo e preparava a mesa do café da manhã. Um dia, lamentavelmente, a velha senhora esqueceu o fogão aceso e as chamas rapidamente atingiram a cortina alastrandose por toda a madeira da casa. A idosa, ao perceber a fumaça que vinha da cozinha, tentou apagar as chamas, mas infelizmente a mangueira do botijão explodiu aumentando o fogo e as chamas que sem demora atingiram todo o seu corpo. O esposo acordou assustado com os gritos e foi à procura da esposa e quando a viu envolvida pelas chamas tentou ajudá-la. Mesmo atingido pelo fogo nos braços conseguiu apagá-lo. Quando os bombeiros chegaram já não havia muito da casa, apenas uma parte toda destruída. Levaram rapidamente o casal para o hospital mais próximo onde foram internados em estado grave. Ainda em seu leito a senhora toda queimada pensava em não viver mais, pois o seu rosto havia sido muito atingido, deformando sua fisionomia. Após receber alta da UTI foi levada ao quarto onde estava seu esposo. Sem saber direito das sequelas do acidente sofridas pelo marido, apreensiva foi logo perguntando: -Tudo bem com você meu amor? -Sim, respondeu ele, pena que o fogo atingiu os meus olhos e não posso mais enxergar, mas fique tranquila amor, sua beleza está gravada em meu 26


-“Como você é linda meu amor, eu a amo muito”. Ouvindo e vendo aquela cena, um amigo que estava ao seu lado perguntou se o que tinha acontecido era milagre, pois o velhinho parecia enxergar sua amada. O velhinho voltou-se para seu amigo e disse com as lágrimas rolando quente em sua face: -Nunca estive cego, apenas fingia, pois quando os médicos me avisaram que ela havia queimado todo o rosto deixando-o deformado, sabia que seria duro para ela continuar vivendo daquela maneira, imaginando que o meu amor e cuidado por ela diminuiriam. Para poupá-la desta angústia fingi que estava cego... Desde o acidente nosso amor não diminuiu. Vivemos juntos vinte anos felizes e apaixonados! E assim emocionou a todos os presentes. CONCLUSÃO Na vida temos de provar que amamos e muitas vezes de uma forma difícil... Para sermos felizes precisamos fechar os olhos para muitas coisas, mas o importante é que se faça única e intensamente com AMOR!

coração para sempre. Então triste pelo esposo, a senhora pensou consigo mesma: “Como Deus é bom, vendo tudo o que aconteceu a nós, tirou-lhe a visão para que não visse o meu rosto deformado pelas queimaduras para sempre e me vendo assim perdesse o amor por mim. Obrigada Senhor!” Passado algum tempo receberam alta dos médicos, voltaram para uma nova casa onde ela fazia tudo para o seu querido e amado esposo com todo o amor de outrora e o esposo agradecido por tanto amor e carinho todos os dias declarava: COMO EU TE AMO! Você é linda demais! Saiba que é e será sempre a mulher da minha vida! E assim viveram mais 20 anos até que a senhora veio a falecer. No dia de seu sepultamento, quando todos se despediam da bondosa senhora, veio aquele marido com os olhos em lágrimas, sem o óculos escuro, extremamente emocionado. Chegou perto do caixão, beijou o rosto acariciando sua amada e disse em um tom apaixonante:

27


Como Toda Estrelas na Terra criança é especial Resenha do filme por Mislene dos Santos Pinheiro

E

acompanhar a turma. O pai de Ishaan como todos de seu convívio não percebem que ele apresenta um distúrbio de aprendizagem, assim a criança sofre com o despreparo dos professores e colegas, além da rigidez e agressividade do pai. O pai é chamado pela diretora para conversar, diante de tantas reclamações decide colocar seu filho em um

sse filme foi dirigido por Aamir Khan com o título original “Taare Zameen Par – Every Child is Special”, o lançamento foi em 2007 e se passa na Índia, conta a história de um menino chamado Ishaan Awasthi, ele sofre de dislexia estuda em uma escola normal e repetiu uma vez a terceira série e corre o risco de repetir novamente. O menino com apenas nove anos não consegue

28


internato. O menino sofre, não consegue entender atitude de seu pai e acha que foi excluído da família por apresentar dificuldades em aprender e entende essa atitude como um castigo. Fica desmotivado por ninguém o compreender, perde a vontade de aprender e de ser uma criança, sente falta de sua mãe e seu irmão e quer voltar para casa. O internato mantém uma filosofia baseada na disciplina, onde as regras devem ser cumpridas. Tudo se modificou com a chegada do professor Ram Shankar Nikumbh para substituir o professor de artes, ele acredita nas diferentes habilidades em que cada criança apresenta e faz de sua aula um momento divertido onde as crianças tem sua atenção voltada para o que o professor ensina, diferente da metodologia dos outros professores e da escola que era tradicionalista. Ao conhecer Ishaan o professor percebe que o menino sofre de dislexia e decide ajudá-lo, foi até a casa de Ishaan para conversar com seus pais. Esse não era um problema desconhecido pelo educador, pois trabalhava em outra escola que atendia crianças com necessidades especiais. Ele ensinou Ishaan a ler e escrever fora dos horários de aula e a partir desse momento o menino se sente motivado e se empenha nos estudos mostrando um resultado positivo. O filme preconiza a importância do professor para seus alunos, como podem trabalhar de forma criativa onde todos

se sentem valorizados cada um mostrando suas habilidades dentro do que lhe é possível. Os professores devem investir em sua aprendizagem tornando sua formação decisiva, essa formação deverá possibilitar o seu desenvolvimento como pessoa, como profissional e como cidadão, assumindo na sua prática social o exercer da intervenção para transformar, por isso merece atenção especial. Os futuros educadores devem saber lidar com esses problemas no contexto escolar, para poder encontrar meios e soluções para trabalhar com essa e as demais deficiências. As escolas devem se prepara para receber esse aluno e os professores devem investir em sua formação para que possa ensinar a todos com qualidade favorecendo o processo de inclusão. É essencial para criança essa atenção vinda do educador, isso valoriza o ambiente de aprendizagem e a criança consegue sentir prazer em aprender, os pais devem contribuir e participar mais da vida escolar do aluno, todos trabalhando em equipe favorece o crescimento da criança, do profissional e da família podendo assim obter uma melhoria, resultados positivos e significativos. Todos os profissionais da educação devem assistir ao filme, pois retrata a realidade das escolas e contribui tanto para o crescimento profissional quanto para o crescimento pessoal. Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - www.portaleducacao.com.br


Dr. Carlos Hecktheuer Médico Psiquiatra

PAIS MAUS “

do amor que eu sentia por vocês, o desapontamento e também as lágrimas nos meus olhos. – Eu os amei o suficiente para os deixar assumir a responsabilidade de suas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração. – Mais do que tudo, eu os amei o suficiente para dizer-lhes “não”, quando eu sabia que vocês poderiam me odiar por isso (e em alguns momentos até odiaram). Essas eram as minhas batalhas mais difíceis, mas estou contente, venci… porque vocês venceram também!

Um dia, quando meus filhos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães, eu hei de dizer-lhes: – Eu os amei o suficiente para ter perguntado aonde iam, com quem iam e a que horas regressariam. – Eu os amei o suficiente para os fazer pagar as balas que tiraram do supermercado ou revistas do jornaleiro, e os fazer dizer ao dono: “Nós pegamos isto ontem e queríamos pagar”. – Eu os amei o suficiente para ter ficado em pé junto de vocês, duas horas, enquanto limpavam o quarto, tarefa que eu teria feito em 15 minutos. – Eu os amei o suficiente para os deixar ver além

30


– Eu acho que eles nem dormiam à noite, pensando em coisas para nos mandar fazer. – Eles sempre insistiam para que lhes disséssemos sempre e apenas a verdade. E quando éramos adolescentes, eles conseguiam até ler os nossos pensamentos. – A nossa vida era mesmo chata. Eles não deixavam os nossos amigos tocarem a buzina para que saíssemos, tinham que subir, bater à porta, para eles os conhecerem. – Enquanto todos podiam voltar tarde da noite, com 12 anos, tivemos que esperar pelos 16 para chegar um pouco mais tarde, e aqueles chatos levantavam para saber se a festa foi boa (só para ver como estávamos ao voltar). Por causa deles, nós perdemos imensas experiências na adolescência: – Nenhum de nós esteve envolvido com drogas, em roubo, em atos de vandalismo, em violação de propriedade, nem fomos presos por nenhum crime. Foi tudo por causa deles. E agora que já somos adultos, honestos e educados, estamos fazendo o nosso melhor para sermos “PAIS MAUS”, como nossos pais foram. Eu acho que este é um dos males do mundo de hoje: não existem suficientes “PAIS MAUS”.

E em qualquer dia, quando meus netos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães, quando eles lhes perguntarem se seus pais eram maus, meus filhos lhes dirão: “Sim, eles eram maus. Os mais maus do mundo…” – As outras crianças comiam doces no café e nós tínhamos que comer cereais, ovos e torradas. – As outras crianças bebiam refrigerantes e comiam batatas fritas e sorvete no almoço e nós tínhamos que comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas. – E eles nos obrigavam a jantar à mesa, bem diferente dos outros pais que deixavam seus filhos comerem vendo televisão. – Eles insistiam em saber onde estávamos a toda hora (tocavam nosso celular de madrugada e fuçavam nos nossos e-mails). Era quase uma prisão. – Eles tinham que saber quem eram nossos amigos e o que nós fazíamos com eles. Insistiam que deveríamos dizer com quem íamos sair, mesmo que demorássemos apenas uma hora ou menos. – Nós tínhamos vergonha de admitir, mas eles “violavam as leis do trabalho infantil”. Nós tínhamos que tirar a louça da mesa, arrumar nossas bagunças, esvaziar o lixo e fazer todo esse tipo de trabalho que achávamos cruéis.

31


Pgrego, rico, queria dar um banquete com comidas or volta do ano 2000 antes de Cristo, um mercador

especiais. Chamou seu escravo e ordenou-lhe que fosse ao mercado comprar a melhor iguaria. O escravo voltou com belo prato, coberto com fino pano. O mercador removeu o pano e assustado disse: - Língua? Este é o prato mais delicioso? O escravo sem levantar a cabeça, respondeu: - Sim meu senhor, A língua é o prato mais delicioso. É com a língua que pede-se água, diz “mamãe”, faz amizades, conhece pessoas, distribui seus bens, perdoa. Com a língua, você conquista, reúne as pessoas, se comunica, diz “meu Deus”, suplica, canta, conta histórias, guarda a memória do passado, faz negócios, diz “eu te amo”. O mercador, não muito convencido, quis testar a sabedoria do seu escravo e o enviou novamente ao mercado, ordenando-lhe que trouxesse o pior dos alimentos. Voltou o escravo com lindo prato, coberto por fino tecido, que o mercador retirou, ansioso, para conhecer o alimento mais repugnante. - Língua, outra vez! Diz o mercador, espantado. - Sim, língua, meu senhor, diz o escravo, agora mais altivo. É a língua que condena, separa, provoca intrigas e ciúmes. É com ela que você blasfema e manda para o inferno. A língua

expulsa, isola, engana o irmão, responde para a mãe, fala mal do pai... A língua declara guerra! É com ela que se pronuncia a sentença de morte. Não há nada melhor que a língua, não há nada pior que a língua. Depende do uso que se faz dela. “Somos senhores das palavras que retemos e escravos das que deixamos escapar!” Não é de assustar? Podemos domar uma onça, mas não podemos domar a língua — ninguém nunca fez isso. A língua é veneno de cobra, uma assassina cruel. Com a língua, bendizemos a Deus, nosso Pai; com a mesma língua, amaldiçoamos homens e mulheres feitos à imagem de Deus Tiago 3:8


Calças molhadas

V

enha comigo a uma sala de aula do quarto ano... Há um garoto de dez anos sentado à sua carteira e de repente há uma poça entre seus pés, e sua calça está molhada. Pensa que seu coração vai parar porque não pode imaginar como isso aconteceu. Nunca havia acontecido antes, e sabe que quando os meninos descobrirem sua incontinência urinária, nunca o deixará em paz. Quando as meninas souberem, irá desprezá-lo por seu momento de fragilidade masculina. O garoto acredita que seu coração vai parar, abaixa a cabeça e faz esta oração: "Querido Deus, isto é uma emergência! Eu necessito de ajuda agora! Mais cinco minutos e serei um garoto morto". Levanta os olhos de sua oração e vê a professora chegando com um olhar que diz que foi descoberto. Enquanto a professora está andando até ele, uma colega chamada Susie está carregando um aquário cheio de água. Susie tropeça na frente da professora e despeja inexplicavelmente a água no colo do menino. O menino finge estar irritado, mas ao mesmo tempo interiormente diz "Obrigado, Senhor! Obrigado, Senhor!" De repente, em vez de ser objeto de ridículo, o garoto é objeto de compaixão. A professora desce apressadamente com ele e dá-lhe shorts de ginástica para vestir enquanto suas calças secam. Todas as outras crianças estão sobre suas mãos e joelhos limpando ao redor de sua carteira. A compaixão é maravilhosa. Mas como tudo na vida, o ridículo que deveria ter sido dele foi transferido a outra pessoa - Susie. Ela tenta ajudar, mas dizem-lhe para sair. "Você já fez demais, sua grosseira!" Finalmente, no fim do dia, enquanto estão esperando o ônibus, o menino caminha até Susie e lhe sussurra, "você fez aquilo de propósito, não foi?" E Susie lhe sussurra, "eu também molhei minha calça uma vez". É extremamente prazeroso para o nosso coração aproveitar as oportunidades para fazer o bem. Todos nós estamos atravessando momentos de constrangimento agora, mas Deus proverá um escape no ultimo momento. Mantenha a fé. 33


IDOSO Imagem: Tom Hussey

ANTES QUE EU FIQUE

Nunca tive medo de envelhecer... Aliás, de certo modo, sempre me vi velho. Amo a paz dos velhos que aprenderam a envelhecer. Não quero ter que chegar à velhice para ter o que os idosos parecem adquirir de modo quase natural. Eis minha oração:

Senhor,

Não quero ter que ficar velho para amar sem nada além de amor. Não quero ter que ficar velho para perder a força de responder às coisas que hoje já sei que não merecem resposta. Não quero ter que ficar velho para sonhar e ter visões que não precisem ser encarnadas por mim. Não quero ter que ficar velho para aprender a ouvir ouvindo, sentir sem me irar ou responder com paixão, e falar sem passar da sabedoria. Não quero ter que ficar velho para... Ser pleno, em Ti, ainda na Terra. Senhor, ensina-me a contar os meus dias de Ontem, de Hoje e os que virão Amanhã, para que eu tenha um coração sábio no Dia Chamado Hoje. (Salmo 90:12) caiofabio.net

Não quero ter que ficar velho para que minhas emoções se acalmem. Não quero ter que ficar velho para que minhas afetividades se pacifiquem. Não quero ter que ficar velho para não me importar com o des-caso dos que têm casos contra mim. Não quero ter que ficar velho para tratar todas as coisas que - já sei que - são vaidades, como de fato são: vaidade. Não quero ter que ficar velho para aprender a ter paciência. Não ter que não ter mais força, como os velhos, para não precisar usá-la. Não quero ter que ficar velho para ser compreensivo com tudo o que hoje já entendo. Não quero ter que ficar velho para desistir de tudo o que já sei que não faz bem.

34


C

erto dia após comprar meu jornal e café, peguei um taxi para o trabalho. Estávamos rodando na faixa certa, quando de repente um carro preto saltou do estacionamento na nossa frente. O taxista pisou no freio, deslizou e escapou do outro carro por um triz! O motorista do outro carro sacudiu a cabeça e começou a gritar para nós nervosamente. Mas o taxista apenas sorriu e acenou para o cara, fazendo um sinal de positivo. E ele o fez de maneira bastante amigável. Indignado lhe perguntei: 'Porque você fez isto? Este cara quase arruína o seu carro e nos manda para o hospital!' Foi quando o motorista do taxi me ensinou o que eu agora chamo de "A Lei do Caminhão de Lixo." Ele explicou que muitas pessoas são como caminhões de lixo. Andam por ai carregadas de lixo, cheias de frustrações, cheias de raiva, traumas

e de desapontamento. À medida que suas pilhas de lixo crescem, elas precisam de um lugar para descarregar, e às vezes descarregam sobre a gente. Não tome isso pessoalmente. Isto não é problema seu! Apenas sorria, acene, deseje-lhes o bem, e vá em frente. Não pegue o lixo de tais pessoas e nem o espalhe sobre outras pessoas no trabalho, em casa, ou nas ruas. Fique tranqüilo... Respire E DEIXE O LIXEIRO PASSAR. O princípio disso é que pessoas felizes não deixam os caminhões de lixo estragar o seu dia. A vida é muito curta, não leve lixo. Limpe os sentimentos ruins, aborrecimentos do trabalho, picuinhas pessoais, ódio e frustrações. Ame as pessoas que te tratam bem. E trate bem as que não o fazem. A vida é dez por cento o que você faz dela e noventa por cento a maneira como você a recebe! Tenha um bom dia, Livre de lixo!


Viver Bem Cora Coralina Para lembrar e praticar! Um repórter perguntou à Cora Coralina o que é viver bem. Ela lhe disse: Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice. E digo pra você, não pense. Nunca diga estou envelhecendo, estou ficando velha. Eu não digo. Eu não digo que estou velha, e não digo que estou ouvindo pouco. É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso. Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida. O melhor roteiro é ler e praticar o que lê. O bom é produzir sempre e não dormir de dia. Também não diga pra você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais. Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima. Eu não digo nunca que estou cansada. Nada de palavra negativa. Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica. Você vai se convencendo daquilo e convence os outros. Então silêncio! Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha, não. Você acha que eu sou? Posso dizer que eu sou a terra e nada mais quero ser. Filha dessa abençoada terra de Goiás. Convoco os velhos como eu, ou mais velhos que eu, para exercerem seus direitos. Sei que alguém vai ter que me enterrar, mas eu não vou fazer isso comigo. Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes. O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade. Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça. Digo o que penso, com esperança. Penso no que faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor. Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende. Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir. 36


Filhos e o tempo

O tempo, pouco a pouco, me liberará da extenuante fadiga de ter filhos pequenos, das noites sem dormir e dos dias sem repouso. Das mãos gordinhas que não param de me agarrar, que me escalam pelas costas, que me pegam, que me buscam sem cuidados, nem vacilos. Do peso que enche meus braços e curva minhas costas. Das vezes que me chamam e não permitem atrasos nem esperas. O tempo me devolverá a folga aos domingos e as chamadas sem interrupções, o privilégio e o medo da solidão. Acelerará, talvez, o peso da responsabilidade que as vezes me aperta o diafragma. O tempo, certamente e inexoravelmente esfriará outra vez a minha cama, que agora está aquecida de corpos pequenos e respirações rápidas. Esvaziará os olhos de meus filhos, que agora transbordam de um amor poderoso e incontrolável. Tirará de seus lábios meu nome gritado e cantado, chorado e pronunciado cem mil vezes ao dia. Cancelará, pouco a pouco ou de repente, a confiança absoluta que nos faz um corpo único, com o mesmo cheiro, acostumados a mesclar nossos estados de ânimo, o espaço, o ar que respiramos. Como um rio que escava seu leito, o tempo perigará a confiança que seus olhos têm em mim, como ser onipotente, capaz de parar o vento e acalmar o mar, consertar o inconsertável e curar o incurável. Deixarão de me pedir ajuda, porque já não acreditarão mais que em algum caso eu possa salvá-los. Pararão de me imitar,

porque não desejarão parecer-se muito a mim. Deixarão de preferir minha companhia em comparação com os demais (e vejo, isto tem que acontecer!). Se esfumaçarão as paixões, as birras e os ciúmes, o amor e o medo. Se apagarão os ecos das risadas e das canções, as sonecas e os "era uma vez... Com o passar do tempo, meus filhos descobrirão que tenho muitos defeitos e se eu tiver sorte, me perdoarão por alguns deles. Eles esquecerão, mas ainda assim eu não esquecerei. As cosquinhas e os "corre-corre", os beijos nos olhos e os choros que de repente param com um abraço, as viagens e as brincadeiras, as caminhadas e a febre alta, as festas, as papinhas, as carícias enquanto adormecíamos lentamente. Meus filhos esquecerão que os amamentei, que os balancei durante horas, que os levei nos braços e ás vezes pelas mãos. Que dei de comer e consolei, que os levantei depois de cem caídas. Esquecerão que dormiram sobre meu peito de dia e de noite, que houve um dia que me necessitaram tanto, como o ar que respiram. Esquecerão, porque é assim mesmo, porque isto é o que o tempo escolhe. E eu, eu terei que aprender a lembrar de tudo para eles, com ternura e sem arrependimentos, incondicionalmente. E que o tempo, astuto e indiferente, seja amável com estes pais que não querem esquecer.

37


Imagem: Joshua Hoffine

Medo infantil Esther Carrenho

O

a dia. Sentir medo é natural e normal para todos os seres humanos. É um dos sentimentos reconhecidos como inatos, o que significa que nascemos prontos para reagir sentindo medo diante de qualquer situação de ameaça ou perigo, real ou imaginário, que provoque insegurança. Bebês podem sentir medo de outras pessoas diferentes daquelas com as quais estão acostumadas. À medida que vão crescendo, as crianças podem sentir medo de ruídos; o som de um liquidificador ou o estampido de fogos de artifício, por exemplo, pode apavorá-las. Depois dos terceiro ano, os pequenos podem apresentar medo de animais aos quais não estão acostumados, como vacas ou cavalos, e de figuras que

Filho de Deus fez questão de demonstrar amor e dar importância às crianças. Certa vez, declarou que ninguém poderia entrar no Reino de seu Pai se não se fizesse como uma criança. Em outro momento de sua passagem física por este mundo, repreendeu seriamente aqueles que queriam afastar os pequenos de si. Todos os que somos pais, avós, tios e “tios” de coração sabemos o quão maravilhosas são as crianças. E cada um de nós que ainda se lembra ou carrega algo da própria infância sabe que um dos sentimentos mais comuns de uma criança é o medo. Medo de escuro, de barulho, de fantasmas, de ser deixado sozinho e até mesmo de um simples bichinho – qualquer criança se amedronta diante de coisas e situações mais simples do dia

38


Quando a criança não recebe a devida proteção e segurança em relação aos seus medos, pode desenvolver outros comportamentos ou até sintomas de alguma enfermidade. Pior ainda é quando o adulto critica ou mesmo ridiculariza a criança, chamando-a de medrosa ou covarde. lhes pareçam estranhas, como palhaços. Outros medos vão surgindo com o passar dos anos. Muitas crianças chegam a ter muito medo da morte, em geral por volta dos seis, sete anos. Se o medo é normal nesta fase da vida, ajudando a construir traços psicológicos e estruturas mentais fundamentais à existência humana, a falta de compreensão deste processo por parte de pais, cuidadores e educadores pode acarretar sérios problemas. Quando a criança não recebe a devida proteção e segurança em relação aos seus medos, pode desenvolver outros comportamentos ou até sintomas de alguma enfermidade. Pior ainda é quando o adulto critica ou mesmo ridiculariza a criança, chamando-a de medrosa ou covarde. Brincadeiras e piadas sobre o medo infantil podem aumentar ainda mais a insegurança da criança e bloquear a expressão de seus sentimentos. Ela recebe a falta de compreensão do adulto como se fosse algo de errado nela e se vê como inadequada. Outra “solução” encontrada por muitos pais – obrigar a crianças a enfrentar o lugar, situação ou coisa que lhe causa medo – pode desencadear até mesmo fobias. A vida é cheia de situações de risco e perigo, e elas são ainda mais agudas para quem não pode, ainda, discernir sua verdadeira dimensão. Algumas crianças têm medo até da própria sombra, antes de perceber que aquela figura escura que a persegue não representa qualquer

perigo. Cabe, portanto, aos responsáveis pela criança lidar de forma adequada com os medos sem fundamento das crianças e ensiná-las a ter cuidado com coisas e situações que realmente podem ser perigosas, como subir escadas, debruçar-se nas janelas e atravessar as ruas. O ato singelo de segurar a mão da criança já lhe confere grande sensação de segurança e confiança. Lembrar que cada um de nós também sentiu medo das coisas mais simples durante a infância pode nos ajudar muito na compreensão do medo infantil apresentado pelo filho ou pela criança que está sob nossos cuidados. Nosso Pai também lida com nossas inseguranças e não nos recrimina quando nossa condição humana nos leva a sentir medo. Moisés, diante do chamado divino, ficou apavorado. Deus, porém, souber conduzir a situação de modo que o libertador dos hebreus pudesse contornar suas dificuldades e cumprir sua missão. Os discípulos de Jesus chegaram a gritar de pavor quando o viram caminhando sobre as águas, tomando-o como um fantasma. Aproximando-se deles, o Mestre se deu a conhecer e ainda tranquilizou o coração daqueles homens com a certeza de sua presença: “Sou eu; não temam”. Se nós, adultos, somos tratados por Deus, nosso Pai, com compreensão e cuidado em relação aos medos que sentimos, por que não faríamos o mesmo com as crianças, que tanto dependem de nós e do nosso cuidado amoroso?

39


Felicidade e seus caminhos Sérgio Luis do Espírito Santo pensardecristo.blogspot.com.br

é a inconformação com a vida que se tem. Ser feliz ajuda até a saúde do corpo. Se alguém entender isso, irá menos ao médico e mais a quem o ajude a se encontrar. Há quem encontre a felicidade, mas a expulsa de si, porque não lhe pareceu em nada com aquilo que imaginava. Quem é feliz dificilmente inveja alguém. A inveja é o que resta a quem, não encontrando a própria felicidade, foca em destruir a dos outros. Quem prescinde das pessoas para alcançar as coisas em que imagina encontrar a felicidade, encontrará o desgosto e a solidão. Uma pessoa feliz nunca é preconceituosa, porque entende que diferenças de qualquer tipo não definem o valor de ninguém. Um casal só será feliz, se for formado de pessoas que buscam também a felicidade pessoal. Se a felicidade dependesse de coisas, trabalhar muito seria o caminho para encontrá-la. Quem sempre olha para o que está distante buscando alcançar algo de valor, pode não perceber, no caminho, coisas de maior valor. Assim é com o que despreza o bem que já encontrou para dedicar-se ao que imagina ser melhor. Não há uma receita para se ser feliz. A felicidade é algo que deve ser buscado em si e nunca será aplicável à vida do outro. A arrogância é uma cortina de fumaça usada pelos infelizes para encobrir o seu fracasso na busca por si mesmo. A felicidade está estritamente ligada à aceitação do outro como igual e de grande valor. A autoconsciência é imprescindível para alcançar a felicidade. Quem não conhece a si mesmo, nunca a achará em si. Pessoas felizes são menos propensas à solidão tanto por atraírem outros com sua alegria, quanto por ficarem bem também em sua própria companhia, ou seja, sozinhos. A pessoa infeliz sempre dependerá de coisas, de outras pessoas, e de situações para se sentir bem. Nunca estará bem consigo mesma.

O segredo para a felicidade é encontrá-la em si mesmo vivendo como se pode, e não com as imposições da sociedade com seus paradigmas. A felicidade plena não alcança nem mesmo os mais afortunados. Ela é bem democrática. Não tem nome, cheiro, cor, preço e está acessível a todos os que não se dobram a futilidades, mas sempre vêem o bem até nas pessoas e coisas mais simples. Ser feliz é uma escolha do espírito, não uma dádiva para os afortunados. A felicidade independe de lugar e condição social. Tome uma pessoa infeliz, coloque-a em um lugar paradisíaco e observe. Agora, ponha uma pessoa feliz em um barracão e surpreenda-se. A felicidade está muito condicionada ao amor. Quem ama, encontra-a em si mesmo. O caminho para a felicidade é uma jornada para dentro de si mesmo e não tem necessariamente a ver com o que se tem e se vê. Já pensou que existem pobres e cegos felizes? São tolos os que imaginam um dia encontrar a felicidade na riqueza. Muitos já encontraram a segunda sem nunca ter visto a primeira. Dizemos que “queremos ser felizes” e não “ ter felicidade”, porque ela é algo que construímos no ser e não acumulando-a no cofre de um banco. A felicidade está muito ligada ao olhar, às impressões que se tem na vida. Quem vê o mal em tudo, o verá também em si mesmo, mas quem é capaz de ver o bem, apesar das vicissitudes da vida, poderá ser feliz até no meio do sofrimento. O que muitos chamam de felicidade é, na verdade, diversão que alegra por alguns instantes. A verdadeira felicidade não depende de recursos e nem de circunstâncias. Houve quem partiu em busca da felicidade e encontrou o seu oposto. Isso porque a cada passo em direção à sua ideia de felicidade, ficava mais distante de onde ela já estava. Na vida, não recebemos a felicidade como algo pronto, mas sim espalhada em pedacinhos nas coisas boas que recebemos. Só a gratidão ajuntará esses pedaços mostrando o quão podemos ser felizes. O maior inimigo da felicidade

40


Salvo pela

gentileza Cartunista Santo

Thomas trabalhava no setor de manutenção em um frigorífico na Noruega. Certo dia ao termino do trabalho foi inspecionar a câmara frigorífica deixando a pesada porta entreaberta. Inexplicavelmente, após um tempo em que Thomas fazia sua inspeção a porta se fechou e ele ficou preso dentro da câmara. Bateu na porta com força, gritou por socorro, mas ninguém o ouviu, todos já haviam demarcado seu ponto e ido para suas casas ao final do expediente. Era impossível que alguém pudesse escutá-lo. Já havia se passado duas horas e Thomas permanecia preso, debilitado sob a baixa temperatura da câmara fria. De repente a porta se abre, era Guilherme o vigilante, que após encontrar Thomas ainda com vida ligou imediatamente para a emergência para levá-lo a um hospital. Depois de salvar a vida do homem, perguntaram ao vigia: Porque foi abrir a porta da câmara se isto não fazia parte da sua rotina de trabalho? Ele explicou: Trabalho nesta empresa há 35 anos, centenas de funcionários entram e saem aqui todos os dias e Thomas é o único que me cumprimenta ao chegar pela manhã e se despede de mim ao sair. Hoje pela manhã, quando chegou como sempre me saudou desejando um bom dia. Entretanto não se despediu de mim na hora da saída. Imaginei que poderia ter-lhe acontecido algo. Por isto o procurei e o encontrei. Pergunta-se: Será que você seria salvo? 41


Força para viver Viver é muito perigoso... Porque aprender a viver é que é o viver mesmo... Travessia perigosa, mas é a da vida. Sertão que se alteia e abaixa... O mais difícil não é um ser bom e proceder honesto, dificultoso mesmo, é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até o rabo da palavra.

V

Ed René Kivitz

pra lá, disse o Chico brasileiro. Acho que foi por isso que o sábio Salomão começou a escrever seu Eclesiastes. Queria aprender a viver. Dedicou o coração para saber, inquirir e buscar a sabedoria e a razão das coisas. E concluiu que a verdade está no distante e profundo. A vida é mistério. Viver continuará sendo sempre perigoso. Então apareceu Jesus. Não negou a contingência da vida, nem iludiu os seus com promessas falsas e fantasiosas. Mas apontou um caminho. Apresentou seu Pai aos homens e os homens ao seu Pai. Autorizou todo mundo a buscar, usar e abusar de seu Pai. Jesus disse a todos: Chamem pelo Abba. Ele os ouvirá. Falem com ele em meu nome. Batam na porta. Busquem. Peçam. Gritem. Importunem meu Pai, de dia e de noite. A porta se abrirá. Vocês acharão o meu Pai. Vocês receberão respostas. Serão recompensados pela sua busca, jamais ficarão sem galardão. Meu Pai é atento e cuidadoso. Meu Pai é bom. Meu Pai é amor. Não tenham medo dele. Não se escondam dele. Não fujam dele. Corram para os braços dele. Ele cuida de flores e passarinhos. Vai cuidar de vocês. Sigam os meus passos. Foi o que fiz. Fechem a porta do quarto e façam suas orações. Eu atravessei a vida de joelhos. E venci. Eu venci o mundo, eu venci o mal, eu venci a morte. E vocês também poderão vencer. Não desistam. Não tenham medo. Viver é perigoso. Mas a graça do meu Pai é maior que vida.

iver é muito perigoso, dizia Guimarães Rosa pela boca do memorável Riobaldo. A vida tem mesmo seus altos e baixos e, além da dificuldade de saber a direção, falta a cada um a força e a competência de seguir em frente. Os obstáculos se multiplicam. A vida é contingente: cheia de imprevistos e surpresas, boas e ruins. Uma proposta para morar longe, um diagnóstico inesperado, a chegada de um bebê, um assalto, um desmoronamento, o cancelamento do vôo, a festa de aniversário, os amigos ao redor da mesa e a demissão inesperada. Além disso, a doença da mãe, o imposto de renda, as aventuras dos filhos e o sobrepeso, obesidade mesmo, denunciada pelo espelho e pela calça que já não se usa mais. E tem também a teimosia dos vícios, as dores da alma, a insegurança emocional, os conflitos relacionais, a culpa, o medo, a ansiedade e a síndrome do pânico – ai que medo. Tem que arrumar o quarto, buscar a roupa na lavanderia, votar para presidente e superar o divórcio. O show não pode parar. E porque viver é muito perigoso, aprender a viver é imperativo. Como enfrentar a travessia? Já que navegar é preciso e viver não é preciso, como dizia o poeta português. Viver é necessário. É preciso viver, não há que desistir da vida. Mas viver é perigoso, justamente porque não é preciso – não é exato. Não é possível singrar a vida como quem corta os mares. A gente quer ter voz ativa, no nosso destino mandar, mas eis que chega a roda viva e carrega o destino 42


43



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.