Revista refrigério 26ª edição

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Pablo Massolar

Imagem: Down House

(ovelhamagra.com)

PAI NOSSO QUE ESTÁS NO CÉU, sim! Deus todo-poderoso, criador de todas as coisas, a quem temos a aconchegante liberdade para chamar de paizinho e amigo. SANTIFICADO SEJA O TEU NOME, porque apesar da tua infinita e incompreendida graça sobre minha vida, mesmo assim, ainda não sou digno de, abaixando-me, desatar-lhe as sandálias dos pés. VENHA A NÓS O TEU REINO de justiça, paz e alegria no Espírito Santo. SEJA FEITA A TUA VONTADE NA TERRA, na mesma forma e autoridade COMO ela é feita e praticada NOS CÉUS. Porque nem a morte, nem os anjos, nem os principados, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem as coisas do presente ou do porvir podem resistir ao amor, à justiça e ao bem do teu querer. O PÃO NOSSO DE CADA DIA NOS DAI HOJE, porque basta a cada dia a sua própria luta, o seu cansaço. E o amanhã, de fato, só pertence a ti. Portanto dá-nos nosso sustento com a medida certa do hoje, do agora, para que amanhã nos venha um novo pão, o pão do tempo certo. PERDOA AS NOSSAS DÍVIDAS, ASSIM 2

COMO TEMOS PERDOADO A QUEM NOS TEM OFENDIDO, com a mesma intensidade que deixamos de julgar e tentar exercer justiça própria para com os nossos inimigos. Com a mesma disposição de não imputar culpa contra aqueles que nos magoaram ou esbofetearam a face. Sim! Podes esquecer de nossos pecados com a mesma voracidade com que esquecemos das injustiças que sofremos incontáveis vezes através dos que nos odeiam e querem nosso mal. NÃO NOS DEIXE CAIR EM TENTAÇÃO, porque se andarmos sozinhos, através de nossas próprias vontades, certamente percorreremos os caminhos da morte e da destruição não só nossa, mas de todos os que amamos e nos rodeiam. MAS LIVRAI-NOS DO MAL, como a ursa defende seus filhotinhos com a própria vida e força. PORQUE TEU É O REINO, nossas decisões, O PODER, nossas ações, A GLÓRIA e nosso louvor PELOS SÉCULOS DOS SÉCULOS e de eternidade a eternidade. AMÉM! Assim seja com verdade!


Imagem: iStock

Divina Paternidade

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em suas cartas explica que essa filiação ocorre por adoção, um ato de soberania de Deus (Romanos 8.15 e Efésios 1.5). Quer dizer então que espiritualmente somos todos sem pai, por rejeição e rebeldia nossa, até que aceitemos essa adoção oferecida, ao fazermos isso recebemos o Espírito de Jesus que nos torna de fato e de direito (o que inclui a herança) filhos de Deus. Agora sim, nesse contexto podemos chamá-lo de Abbá, meu papai. Esse ato voluntário e adotivo do amor divino nos transmite inspiração e mensagem. Não basta gerar biologicamente o filho, ser o criador. Precisamos também adotá-lo no coração, isto é, precisamos voluntariamente aceitar, gerar - no sentido amplo e visceral dessa palavra - e amar como filho. Chamar para si a sua criação. Apesar dos dias em que a ira parece nos vencer, mas isso apenas denuncia a nossa paternidade humana como pálido reflexo da perfeita paternidade divina. Há tantos pais que não amam, que desrespeitam, maltratam ou matam seus filhos; no rigor das escrituras esses não são pais, não geraram seus filhos no coração. Seu legado é desprezível, pois não receberam os filhos como herança, missão e dádiva de Deus, mas como fardo e maldição. Agora, sendo Jesus a expressa imagem do Deus invisível que nos amou incondicionalmente até a morte, se existe algum resquício de sentimento de rejeição espiritualmente paterna ou de medo de Deus em nossos corações, precisamos dissipá-lo. Corresponda a esse amor amando-o, façamos nossas as palavras do salmista: “A quem tenho eu no céu senão a Ti? E na terra não há quem eu deseje além de Ti” (Salmo 73.25), meu Deus e meu Pai. Bem vindo a uma nova edição da Refrigério!

e tantas e diferentes idéias sobre Deus, existem aquelas em que sua paternidade responsável é rejeitada. O deísmo clássico, mesmo sem consenso absoluto, acreditava que Deus foi um criador omisso, pois se ausentou do compromisso com sua criação deixando-a à mercê de sua própria sorte, entregue às suas rígidas leis naturais. Depois de ter dado “à luz” voltou-lhe as costa, como geralmente faz o pai irresponsável. De minha parte, não vejo melhor palavra para expressar a identidade divina que Pai. Jesus mesmo ensinou a olharmos para Deus como o “Pai nosso que estais no céu”, muito embora, no passado arcaico do antigo testamento, a compreensão de Deus carregasse um temor repelente a qualquer intimidade com o transcendente. Isso explica as pouquíssimas vezes em que Deus é chamado de Pai. Era impensável referir-se a Deus como “meu pai” ou “meu papai” no judaísmo daquela época, por isso mesmo Jesus esbugalhou os olhos dos judeus quando naturalmente dirigiu-se a Deus como Abbá (papai em aramaico), uma forma tipicamente infantil, íntima e carinhosa de falar com seu Pai. Nas boas novas do evangelho Cristo nos influência a uma intimidade respeitosa com Deus. Ele disse que quem o vê e o aceita, vê e aceita ao Pai, porque Ele e o Pai são a mesma pessoa. Na verdade ninguém conhece o filho senão o Pai; e ninguém conhece o Pai senão o filho e aquele aquém o filho quiser revelar. Esse alguém pode ser qualquer um que exerça a conduta do verbo “ir” de Mateus 11.27 e 28. Disse também que aqueles que o aceitaram receberam o poder de se tornarem filhos de Deus (João 1.12). Como assim? Bem, o apóstolo Paulo

José Estácio A. Cavalcanti

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Ano IX Edição XXVI Julho|2017 Fotografia de Capa: 123rf CNPJ: 13.451.835/0001-00 Insc. Municipal: 617613

C O N T AT OS

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A B R A N G Ê N CIA Governador Valadares, Caratinga, Ipatinga, Coronel Fabriciano, Acesita, Teófilo Otoni, Conselheiro Pena, Resplendor, Juiz de Fora, Vitória e Vila Velha (ES).

PO N TO S D E VE N D A S Livraria Nova Aliança Marechal Floriano, 1116 - Centro (33) 3271.0164 Gov. Valadares - MG

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A Revista Refrigério é uma publicação cristã, sem cunho religioso cuja missão é publicar argumentos e conteúdos que reforçam a proposta de espiritualidade bíblica neotestamentária verificados na vida e ministério de Jesus Cristo e de todos os seus apóstolos e discípulos que fielmente experimentaram a veracidade dos seus ensinos acerca do amor a Deus, a si mesmo e ao próximo. Sendo Jesus, a referência e o marco inicial da prática do amor e da vontade de Deus, conforme Ele ensinou e foi registrado por João, o apóstolo, no seu evangelho: “Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros”. João 13:34 Desvencilhamos dos temas religiosos por conveniência editorial, entendendo que para nada contribuem senão para confundir, fomentantando o sectarismo e o debate religioso inútil que amplia a distância entre as pessoas.

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MEU CAMINHO

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Pai Nosso Estendido Divina Paternidade

26 ALGUNS PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA A FELICIDADE

Entendi

Pai, pra lá! Oração de Criança Construindo uma boa relação O homem que não sabia ser pai Como falar de uma forma que as pessoas queiram ouvir Marcas de Batom Humor Meu Caminho Os amigos do Noivo Oração pela sabedoria de vencer! Jesus nos ensina o bom senso e o realismo Alta ansiedade Alguns princípios básicos para a felicidade Estique a sua corda de esperança O velho que atrapalhava tudo Como uma filha enxerga seu pai Capitão Fanstático Irmãos Palavras bem ditas A samambaia e o Bambu O enterro do "não consigo" Sete frases que destruirão seus filhos Rumo à 3ª idade Liderança não é para criança 4


Entendi... Entendi que para ter sol, não é preciso não ter nuvens... Que para voar, não é preciso ter asas...

Que para sonhar, não é preciso dormir... Que para querer, não há limites...

Entendi que para cantar, não precisa ser afinado... Que para saber, nem sempre precisa perguntar... Que para ter fé, não é preciso explicar... Que para chorar, não é preciso doer...

Entendi que para dizer, não basta falar... Que para sentir, basta um coração...

Que para beijar, pode ser com os olhos...

Que sorrir, pode começar de uma lágrima...

Entendi que, contra toda lógica, o tempo pode parar...

Que para sempre, pode ser dois segundos ou menos... Que para agir, pensar pode travar...

Que para viver, não é preciso ter tempo...

Entendi que estar não é o mesmo que ser...

Que para conquistar, às vezes só depende da espera... Que derrubar, pode ser construindo...

Que para chegar, correr pode atrapalhar... Entendi que não preciso entender tudo...

Que para ser feliz, não preciso de bons motivos... Que para fazer calar, não é preciso ter razão...

Que ter medo, pode ser com muita coragem...

Entendi que paradoxo tem outro lado ou não...

Que para ser maluco, não precisa ser da cabeça... Que para ganhar, pode ser perdendo...

Que cobrar, pode ser a forma de perder tudo...

Entendi que perdoar todo dia é o mínimo para ser perdoado também... Que para ser eu mesmo, preciso me colocar no lugar do outro...

Imagem: 123rf

Que para fazer um amigo, não é preciso ser um outro eu... Que persistir, é o jeito de encontrar o caminho...

Entendi que a distância é um conceito nada matemático... Que para se estar longe, pode ser de mãos dadas... Que para ficar perto, só é preciso imaginar... Que para amar, não precisa de mais nada... Pablo Massolar (ovelhamagra.com)


Pai, pra lá!

Imagem: Acervo Pessoal

José Maria

Sou pai de quatro filhos: três meninas e um garoto. Todos perfeitos, obedientes e amáveis, mas por muitas vezes me encontro sem um pingo de paciência e resiliência para com eles, coisas da natureza masculina. Tendemos a pouca afetividade e atenção principalmente com filhos.

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cuidaria dele independente das graves sequelas, deficiência, fragilidade e limitação por toda a vida do tão desejado e esperado filho. Kayo significa cajado e alegria... Sim, ele viveu intensamente o significado do seu nome, amava música, diversões radicais. Seu pai Lafayette nunca permitiu que Kayo se sentisse um estorvo durante sua breve vida, 15 anos. Era a alegria da família. Para Lafayette seu filho era tão normal e perfeito como qualquer outra criança e o tratava como tal, longas conversas, gargalhadas, piadas e um enorme esforço para chegar em casa

uero lhe contar agora uma breve história real... De um amigo meu, um pai pra lá de qualquer denominação do bem para defini-lo, pai do Kayo e Kayla. Kayo um garoto lindo, bem cuidado, extremamente amado por seus pais Lafayette e Ândria. Kayo sofreu uma queda com a mãe aos 53 dias de nascido. Sua moleira ainda não havia fechado e a pancada provocou traumatismo craniano e grave paralisia cerebral. Foi um susto! Ândria desesperada clamou a Deus na porta do hospital pedindo que não levasse seu filho, pois

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após o trabalho só para estar junto dele, jamais permitiu qualquer lazer sem a presença do Kayo, esteve presente em todas as internações e cirurgias de rotina por causa da severidade da doença. Um simples arroto do filho, era motivo de brincadeira do pai que dizia, é isso ai filhão, arrotar é coisa de macho! No verão de 2009 Lafayette viajou de férias com a família para Piúma. Certa manhã ali na praia, Lafayette brincava com Kayo de forma extravagante correndo com o carrinho entre as pessoas não se importando com comentários e condição do filho. Sem saber, era observado atentamente por dois homens. Mais tarde quando se preparavam para voltar a casa de veraneio, Lafayette foi abordado por um dos homens, que aparentemente quebrantado disse... Senhor desculpe o incômodo, faz três dias que lhe observo e preciso parabenizálo pelo carinho e zelo com seu filho deficiente. Eu e meu amigo, desde cedo quando o senhor chegou aqui na praia com seu filho, temos sido impactados. Em especial meu amigo que é médico como eu e pai de uma filha com síndrome de Down. Ela tem 18 anos e ele nunca saiu com ela nem para um simples passeio na praça e apesar de estarmos aqui com membros da família curtindo férias a filha ficou em casa com uma cuidadora, pois seria um “estorvo”

para todos aqui... Após ver sua atitude para com seu filho, portador de uma doença muito mais grave e restritiva, ele ficou profundamente triste e retirou-se para o quarto em prantos. Por favor o sr. poderia ir até lá e falar com ele? Claro! Respondeu meu amigo Lafayette e após conversarem longamente, meu amigo enfatizou para aquele senhor que seu filho Kayo era a razão da sua vida e a sua atitude de tratá-lo como uma criança normal era seu maior desafio de amor. Aquele pai tinha diante dele a oportunidade de recuperar todo o tempo perdido com a filha e fazê-la feliz junto a família. Na saída o médico agradeceu a visita e as preciosas palavras de como deve ser a missão de um pai. Dia 23 de março de 2013, foi da vontade do nosso Pai celeste recolher à casa eterna o amado Kayo... Como o cajado serve de apoio e ajuda para tirar a ovelha do buraco, Kayo ensinou o seu pai que no coração onde há fé que atua em amor e dedicação, jamais se permanece preso no poço da mediocridade e egoísmo. Aprendi muito com meu amigo e seu filho Kayo e continuo aprendendo, pois vejo em seu relacionamento com a Kayla, sua filhinha adotiva o quanto ela é feliz! Quem sabe em outra ocasião eu conte algumas histórias dos dois.

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Deixai vir a mim os pequeninos! E então, aquietai, e sabei... Cartas reais para Deus escritas por crianças.

Imagem: Down House

Querido Deus, Eu não pensava que laranja combinava com roxo até que eu vi o pôr-do-sol que Você fez terça- feira. Foi demais! Eugene Querido Deus, Você queria mesmo que girafa se parecesse assim ou foi um acidente? Norma Querido Deus, Em vez de deixar as pessoas morrerem e ter que fazer outras novas, por que você não mantém aquelas que você tem agora? Jane Querido Deus, Quem desenha as linhas em volta dos países? Nancy Querido Deus, Eu fui a um casamento e eles se beijaram dentro da igreja. Tem algum problema com isso? Neil Querido Deus, Obrigado pelo meu irmãozinho, mas eu orei por um cachorrinho. Joyce

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Querido Deus, Choveu o tempo todo durante as nossas férias e como meu pai ficou zangado! Ele disse algumas coisas sobre você que as pessoas não deveriam dizer, mas eu espero que você não vá machucá-lo. Seu amigo (mas eu não vou dizer quem eu sou) Querido Deus, Por favor, me mande um pônei. Eu nunca te pedi nada antes,você pode checar. Bruce Querido Deus, Eu quero ser igualzinho ao meu pai quando eu crescer, mas não com tanto cabelo no meu corpo. Sam Querido Deus, Eu aposto que é muito difícil para você amar a todas as pessoas no mundo. Na nossa família tem só quatro pessoas e eu nunca consigo... Nan Querido Deus, Meus irmãos me falaram sobre nascer de novo, mas soa muito estranho. Eles estão só brincando, não é? Marsha Querido Deus, Se você olhar para mim na igreja domingo, eu vou te mostrar meus sapatos novos. Mickey

Querido Deus, Nós lemos que Thomas Edson fez a luz. Mas na escola dominical nós aprendemos que foi você. Eu acho mesmo que ele roubou sua idéia. Sinceramente, Donna Querido Deus, Eu não acho que alguém poderia ser um Deus melhor que você. Bem, eu só quero que saiba que não estou dizendo isso só porque você já é Deus. Charles Querido Deus, Talvez Caim e Abel não matassem tanto um ao outro se eles tivessem seu próprio quarto. Isso funciona com meu irmão. Eddie Querido Deus, Faça o meu pai lembrar de trazer de presente tudo o que eu esqueci de pedir. Robin Tia disse: Seu irmão nasceu, era muito bonitinho e foi direto morar com Jesus— explicando que o neném havia morrido. As crianças estavam em pé, ouvindo atentamente. O mais velho, de quatro anos, põe a mão no ombro do irmão de três anos, e ora: Papai do céu, leva o Viquinho também!? Ciro

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Imagem: Weightlessness Ravshan

Construindo

uma boa relação

(Uma reflexão sobre o casamento) Sérgio Luiz do Espírito Santo pensardecristo.blogspot.com.br

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ma das questões mais difíceis nos últimos dias para todos é a do casamento. Afinal, a simplicidade da vida em todos os aspectos deu lugar a uma sofisticação que nos fez extremamente exigentes. Antes se casava para se constituir família, dar seqüência à vida na medida em que a idade para cada coisa fosse chegando, geração de filhos, enfim, atender a uma demanda social, familiar ou até mesmo do coração.

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Hoje em dia se casa muito por medo da solterice. Mas a maioria nem sabe mesmo se quer se ver casada. Não sabe o que fazer depois com isso. É mais ou menos como o cachorro que corre, corre atrás do carro e quando ele pára não sabe o que fazer (será que correu para fazer alguma coisa?). Será que os que buscam o casamento sabem o que querem dele? O pior de tudo são os paradigmas de felicidade que são apregoados por muitos que por si e em si mesmos nunca alcançaram. É


como o pote de ouro no fim do arco-íris - só uma lenda. Eu creio na simplicidade. Não acho que o casamento ideal tenha que ter esse ou aquele jeito romântico, sexo arrebatador, viagens freqüentes para quebrar a monotonia, mesmo porque se viagens se tornarem necessárias para fugir da vida que se tem de vez em quando, algo está errado. Existem outras imposições que ninguém sabe de quem é a maior responsabilidade para cumprir. No fim, um cobra do outro esses paradigmas sem nem saber com quanto contribuiu e aí já se sabe no que dá. Digo que creio na simplicidade porque o meu casamento de quase 26 anos é assim. Espontaneamente eu e minha esposa fomos construindo assim. Lembro-me que combinamos uma coisa quando estávamos para ficar noivos: não levar os maus hábitos de nossas famílias para o nosso lar, o que, obviamente, exige um certo grau de autoconsciência pois muitos nem se dão conta dos defeitos que tem, herdados ou adquiridos. Propus fazermos sempre uma auto-avaliação e não agirmos só por reflexo, pulsões ou qualquer coisa que não fosse consciente, tanto no trato de um para com o outro quanto quando tivéssemos filhos (e já temos dois). Isso nos deu liberdade para lembrar o outro quando o clima ficasse pesado e tivéssemos que buscar a sobriedade para nos entendermos. Bem, o que nasceu daí foi uma grande amizade e respeito pelo outro. Ah, não tem amor?! É claro que sim e muito. Mas você pode amar muito uma pessoa e ser impossível conviver com ela, certo? Existem muitos tipos de amor. Pois bem, nos

nos amamos muito com amor de homem e mulher mas garanto que o que mais dá qualidade à relação é o amor fraternal, ou seja, eu não creio que quem não respeite primeiro o ser humano e queira o seu bem só por ser um ente próximo, possa amar sadiamente um cônjuge. Assim, podemos entender porque às vezes se trata bem os de fora e mal os de dentro. Pura conveniência social. Enquanto isso os de dentro ficam amargos e cheios de ódio - a mulher, o marido ou os filhos. É que o casamento que houve foi o das ambigüidades, idiossincrasias, pulsões da alma, das expectativas, dos reflexos da criação que tiveram, etc. A maioria não conhece bem nem a si mesmos e, em meio a uma discussão, disputam quem joga mais defeitos do outro na cara dele. Por isso acho que todos antes de entrar no maior teste de convivência que existe, devem primeiro testar bastante sua convivência consigo mesmos. Por isso guardei esta frase cujo autor desconheço: “ A falência dos relacionamentos interpessoais reflete a falência na aceitação de si mesmo”. Quando amamos o outro pelo que ele é, sentimos prazer na sua companhia, aprendemos a gostar das mesmas coisas, lugares companhias e tudo o que se possa viver juntos. Mas para amar bem o outro eu preciso amar a mim mesmo, não é mesmo? E só amarei bem a mim mesmo se amar a Deus de quem emana todo amor. Este é o mandamento que resume toda a lei de Deus colocado aqui em outra ordem. É a vivência deste processo que porá ordem no caos da criação caída, no caso, o seu casamento. O resto, é só acessório.

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O homem que não sabia ser Aos meus filhos.

Imagem: 123rf

Ed René Kivitz

pai

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ra uma vez um homem que não sabia ser pai. Ele tinha dois filhos. Uma menina e um menino. Isso complicava as coisas ainda mais. Não bastasse um filho, tinha dois. Não bastassem dois, um de cada jeito. Não bastassem dois tão diferentes, um era menina e outro era menino. Cada vez que olhava para seus filhos ele ficava apavorado. Principalmente quando a mãe estava por perto. Sempre desconfiou que as mães vêm com um chip de fábrica, uma espécie de software autoexecutável que começa a rodar quando o nenê nasce.

Mãe sabe falar daquele jeitinho, sabe pegar no colo, sabe a temperatura certa da mamadeira, conhece todos os remédios, e sabe dizer pros médicos o dia certinho que começou a tosse. Ele não sabia quase nada. Sabia ajudar, e de vez em quando a mãe dizia: "Pode deixar que eu faço, vai pra sala, vai..." Quando isso acontecia ele ficava arrasado, sentia que não prestava pra nada. O homem que não sabia ser pai queria muito aprender a ser pai. Começou a conversar com os amigos e percebeu que eles também não sabiam. É

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verdade que encontrou alguns que mais se pareciam mães disfarçadas de pais, mas eram poucos. A maioria dos amigos era muito parecida com ele, lutava para ser pai. A pior coisa que acontecia era quando um amigo dele achava que ele sabia ser pai e vinha fazer um monte de perguntas. Foi por causa disso que ele aprendeu a fingir que sabia ser pai. Quando a família estava reunida ele falava grosso, tipo: "A senhora já cuidou dos seus filhos, agora eu vou cuidar dos meus". Quando as crianças ficavam impossíveis ele fazia cara de bravo, dava uns gritos e colocava a casa em ordem. Se alguém estivesse assistindo, até imaginava que ele tinha as coisas sob controle. A medida que o tempo foi passando, ele foi ficando mais desesperado. O homem que queria aprender a ser pai passou a observar os filhos dos outros pais. Quando encontrava um bom menino ou uma menina que todo mundo elogiava, ficava de olho nos pais deles para ver se conseguia aprender alguma coisa. Mas quando encontrava uma menina em conflito ou um menino dando trabalho, não falava pra ninguém, mas pensava "também, com aquele pai, só podia dar nisso". De vez em quando conversava com um pai que tinha um "filho problema", ficava mais consolado. Mas logo lembrava que ele ainda não sabia ser pai. O homem que não sabia ser pai acreditava que existia uma fórmula, algo como uma lista de coisas que deveriam ser feitas e que, se fossem bem feitas,

garantiriam que os filhos se tornariam as pessoas que ele gostaria que se tornassem. Durante muito tempo ele fez de tudo para descobrir a tal lista: leu livros, fez cursos, ouviu histórias, conversou com pessoas e foi até procurar os especialistas. O esforço do homem que não sabia ser pai foi tamanho que ele colecionou um montão de coisas a respeito de pais, mães e filhos dos outros. Um dia ele ficou tão cansado que resolveu dar um fim naquilo. Mas por alguma razão resolveu reler tudo antes de jogar fora. Passou horas apreciando aquelas coisas a respeito de pais e filhos: um montão de fotografias de aniversários, formaturas, viagens de férias e bilhetinhos e cartões com a letra “E” ao contrário e a letra “R” também . Aos poucos foi percebendo que a pilha de histórias boas era incomparavelmente maior do que a pilha com histórias que não tinham um final muito feliz. Foi concluindo que todas aquelas eram histórias de pais que não sabiam ser pais e de filhos e filhas que não sabiam ser filhos e filhas. De repente, levou um susto, como se uma luz se acendesse e ele finalmente compreendesse tudo: durante toda a vida ele acreditou que não sabia ser pai porque estava brincando de "papai sabe tudo", mas descobriu que o nome certo da brincadeira era "papai ama muito". Naquele dia ele acreditou que era o melhor pai do mundo.

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COMO FALAR DE UMA FORMA QUE AS PESSOAS QUEIRAM OUVIR Julian Treasure

A

FOFOCAR

voz é um poderoso instrumento que Deus nos deu. Com ela temos o poder de começar uma guerra ou de nos declararmos para a pessoa amada. Pode sair dela um comando para matar ou uma frase de amor, “eu te amo”, por exemplo.

Falar mal dos outros é um modo desonesto de nos elogiar. E quase sempre quem fofoca de alguém para você, fala mal de você para o outro alguém. JULGAR

Mas muitas vezes falamos e não somos entendidos como gostaríamos. Por que tentamos passar uma mensagem a frente e ela chega totalmente diferente ao destino final? Temos alguns hábitos que precisamos nos livrar para usarmos poderosamente a nossa voz.

É muito chato conviver com alguém que só sabe julgar as pessoas. Nós nos sentimos mal depois de um tempo de amizade com alguém assim. NEGATIVIDADE

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falam. Brigam por um simples argumento, mesmo quando está sem fundamento algum. Nós detestamos esse tipo de pessoas.

Há pessoas que veem tudo pelo lado negativo. Não conseguem ver nada de bom em lugar nenhum. Depois de um tempo junto com pessoas assim você volta para casa com um sentimento ruim. “Pra baixo”, “meio mal”. Desanimado.

Mas há também uma maneira positiva de ver as coisas. Podemos usar nossa voz de forma poderosa. E quero resumir umas dicas agora para você.

RECLAMAÇÃO

São quatro palavras que podem fazer a diferença na sua vida. Essas quatro palavras podem ser resumidas nessas quatro letras. HAIL, que em inglês significa, “saudar”, “abençoar” ou até mesmo “granizo”.

Isso é quase uma arte para os ingleses, país onde eu moro. Eles reclamam de quase tudo o tempo todo. A reclamação mais clássica é do tempo, até que eles têm razão, está sempre chovendo e nunca tem sol, além de ser frio. Mas eles continuam e reclamam dos políticos, “ahh se conhecessem os nossos então”. Do time do futebol, do chefe, dos preços, enfim, eles sempre têm algo do porquê reclamar. Quem vive para reclamar acaba tendo uma vida miserável.

H – HONESTO – Seja claro e honesto em tudo o que você falar.

A – AUTÊNTICO – Apenas seja você mesmo. As pessoas querem ver você e não outra pessoa I – INTEGRO – Seja alguém que as pessoas possam confiar.

DESCULPAS

L – LOVE – (Amor) Ame de verdade as pessoas. Porque se você amar, não irá julgar e nem machucar. E isso fará toda a diferença.

Há aqueles que sempre acham desculpas para tudo. Nunca é culpa deles, sempre é de algo ou de alguém. E muitos são mestres nisso, se não fosse os outros, o mundo, os políticos, os bichos, a chuva, o sol, eles seriam um sucesso na vida. Eles nunca assumem a responsabilidade pelos seus atos.

Você pode começar a praticar algumas coisas para ser uma pessoa melhor. Tente ser menos fofoqueiro, negativo, reclamão. Julgue menos, assuma as responsabilidades da vida, cuidado com suas opiniões dogmáticas, e sem exageros, por favor.

EXAGEROS

Há também os exagerados. Tudo é muito grandioso. Tudo é sempre perfeito para eles. E é claro, nós sabemos, que quem sempre exagera acaba sendo mentiroso. E ninguém gosta de ouvir um mentiroso e muito menos um mentiroso exagerado.

Tente praticar o HAIL. Seja honesto em tudo o que for fazer. Busque ser autêntico e integro em todos os lugares. E por fim, ame, mas ame de verdade todo mundo ao seu redor. Logo você vai perceber que a vida ficará mais leve e quando você for transmitir a sua mensagem todos ouvirão e te seguirão.

DOGMATISMO

Dogmáticos são aqueles que fundem suas opiniões com os fatos. São irredutíveis, inflexíveis e geralmente muito duros quando

Felicidade para você.

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Extraido do blog: rodrigobertotti.com


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Marcas de Batom

"Numa escola pública no centro de Belo Horizonte, estava ocorrendo uma situação inusitada: meninas de 15, 16, 17 anos que usavam batom, todos os dias beijavam o espelho para remover o excesso de batom. O diretor andava bastante aborrecido, porque o zelador tinha um trabalho enorme para limpar o espelho ao final do dia. Mas, como sempre, na tarde seguinte, lá estavam as mesmas marcas de batom. Um dia o diretor juntou o bando de meninas no banheiro e explicou pacientemente que era muito complicado limpar o espelho com todas aquelas marcas que elas faziam. Fez uma palestra de uma hora, e as meninas bocejando e com ar de deboche desprezavam todo o esforço do educador. No dia seguinte as marcas de batom no banheiro reapareceram.No outro dia, o diretor juntou o bando de meninas e o

zelador no banheiro, e pediu ao zelador para demonstrar a dificuldade do trabalho. O zelador imediatamente pegou um pano, molhou no vaso sanitário e passou no espelho. Nunca mais apareceram marcas no espelho!" Moral da história: Há professores e há educadores… Comunicar é sempre um desafio! Às vezes, precisamos usar métodos diferentes para alcançar certos resultados. Por quê? Porque a bondade que nunca repreende não é bondade: é passividade. Porque a paciência que nunca se esgota não é paciência: é subserviência. Porque a serenidade que nunca se desmancha não é serenidade: é indiferença. Porque a tolerância que nunca replica não é tolerância: é imbecilidade.

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Humor

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Meu caminho

Para quem quiser julgar meu caminho, empresto meus sapatos! Você é o seu caminho percorrido durante a vida, todas as suas experiências vividas e integradas no fundo do seu ser… Ninguém melhor do que você para saber o que motiva suas ações.

Q

uantas vezes você já teve que lidar com o julgamento alheio? Além de enfrentar todas as dificuldades diárias, também precisamos, às vezes, “engolir sapos” e carregar o peso da opinião de terceiros sobre o que fazemos ou deixamos de fazer. Para quem quiser julgar meu caminho, empresto meus sapatos Dizer que isso simplesmente não nos afeta pode, às vezes, não ser verdade. Fazer ouvidos surdos a esses comentários, que ousam julgar nossas ações, nem sempre é fácil. Sobretudo se vêm da boca de pessoas importantes para nós: nossa família, amigos, professores, chefes, pessoas que consideramos autoridades e cuja opinião respeitamos. Um verdadeiro amigo ou familiar não se atreveria a nos julgar sem conhecer a fundo nossas emoções ou todos os momentos vividos que carregamos sobre os ombros e em nosso coração. Empreste seus sapatos, porque ninguém melhor do que você para conhecer a dor dos caminhos percorridos, os rios que teve que atravessar, as dificuldades que precisou enfrentar, às vezes sem pedir ajuda a ninguém… Hoje, convidamos você a refletir sobre isso. O caminho que construímos e que nos definem Você não é apenas essa pessoa que vê refletida no espelho. Não é apenas sua forma de vestir, ou as palavras que profere às outras pessoas. Você é o seu caminho percorrido durante a vida, todas as suas experiências vividas e integradas no fundo do seu ser… Ninguém melhor do que você para saber o que motiva suas ações. A própria pessoa apenas sabe o que teve que superar suas decepções, dores, derrotas ou vitórias

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e o preço que pagou por cada uma. Então, por que algumas pessoas ousam, às vezes, a nos julgar sem saber, como se fossem donas de uma sabedoria universal? Dois motivos comuns: — As pessoas acostumadas a julgar os outros geralmente são as mais frustradas na vida. — São pessoas insatisfeitas consigo mesmas que projetam sua necessidade de controle e intervenção nas vidas alheias. É comum que muitos de nossos familiares tenham o hábito de nos julgar: “Você é muito ingênua, por isso que essas coisas acontecem com você”; “Você precisa amadurecer e enfrentar a vida como ela é”. Julgam-nos com a intenção de nos ajudar e nos oferecer ensinamentos, mas na realidade nos desejam “encaixar” na maneira como eles pensam, de acordo com o que acham certo, errado ou mais adequado para nós. Às vezes, quem julga seu caminho busca justificar a sua própria vida, desacreditando as outras pessoas. Diminuindo as escolhas dos outros. Infelizmente, isso é muito frequente. Crítica construtiva sim, julgamento, não Na realidade, quando essas pessoas nos julgam, não usam argumentos válidos, que sejam construtivos. Quase sempre buscam o ataque, a afronta ou o desprezo. Seus raciocínios são muito limitantes. O que falta a esses “juízes” que adoram julgar os outros é a autocrítica. Não são capazes de valorar os seus próprios atos, suas palavras, para perceber que também cometem erros e que são capazes que causar danos a outras pessoas. Limitam-se a projetar suas críticas em outras pessoas.


farão ainda mais dano. Expresse sua decepção. Deixe claro que ninguém tem o direito de julgar você assim e que o simples fato de fazê-lo demonstra que não o conhecem bem. Portanto, é como se fosse uma traição, nos casos mais abusivos, quando a outra pessoa tem o objetivo de controlar, manipular ou usar você de alguma maneira. Liberte-se de relacionamentos opressivos Quem se atreve a criticar seus caminhos e suas experiências sem uma intenção pura de realmente desejar o seu bem, prova que não é um bom companheiro de viagem. E não importa que seja sua mãe, irmão, irmã, marido ou esposa. Quem não aceita que, em alguma ocasião, você cometeu um erro e o julga por isso sente na verdade muita falta de amor por si mesmo e não se perdoa por seus próprios erros. Quem se vê como alguém que nunca comete erros ou toma decisões ruins carece de autocrítica e de empatia. Se no dia a dia você apenas recebe julgamentos das pessoas ao redor, no fim, se sentirá escravizado pelas opiniões alheias. Não permita isso. Nesses casos, será bom refletir se não vale mais a pena se distanciar de quem é incapaz ou não quer ver o seu valor, a luz que você transmite e a inteireza de sua vida. Fonte: melhorcomsaude.com

Em geral, pessoas acostumadas a julgar nosso caminho não têm uma vida autêntica, com sonhos, paixões, amores e afetos que as ajudem a relativizar as coisas e abandonar o hábito de focar tanto na vida dos outros. Como se defender dos julgamentos alheios Frequentemente, dizemos a nós mesmos: “isso não me afeta”. Pode ser verdade, sobretudo quando o julgamento vem de um colega de trabalho ou de alguém com o qual não temos um vínculo mais íntimo. Esqueceremos com facilidade. Mas o que acontece quando um amigo, seu companheiro ou um familiar julga o seu caminho? Nestes casos, é comum que nos sintamos ofendidos e até mesmo feridos. A primeira coisa a fazer é manter a calma e refletir a respeito das seguintes afirmações, que servem para proteger nossa autoestima: — “Eu sei quem eu sou, sei o que já superei e tenho orgulho por cada passo do caminho, por cada aprendizado que obtive a partir de meus erros”. — “Apenas eu tenho o direito de me julgar, porque somente eu sei como me sinto e o quanto sou feliz com minha maneira de ser e com tudo o que consegui até hoje”. Após haver reafirmado sua autoestima, evite revidar com comentários hostis, prejudiciais, vingativos. Se demonstrarmos desprezo ou raiva, será mais difícil superar os sentimentos negativos, e eles

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Um jovem havia convidado 50 pessoas para o seu casamento, mas somente 15 apareceram. Por que? Um jovem homem estava planejando o seu casamento. O casal estava simplesmente cheio de coisas pra fazer, então o noivo pediu ajuda a seu pai. “Pai, eu tenho um favor pra te pedir. Eu não tenho tempo pra fazer isso então, você pode ligar para os meus amigos e convidar eles para a festa? Aqui está a lista.” “Claro filho!” foi a resposta do pai. No dia do casamento, o filho, indignado, se aproxima do pai. “Pai! Eu te pedi pra convidar todos os meus amigos!” “Foi o que eu fiz.” “Havia 50 nomes naquela lista, mas só 15 estão aqui!” “Filho, eu liguei para cada uma das pessoas naquela lista. Eu disse para todos os 50 a mesma coisa: que eu estava ligando em seu nome, que você estava passando por alguma dificuldade e precisava de ajuda e apoio. Então eu pedi que viessem a esse lugar nesse horário. Então não se preocupe filho, todos os seus amigos estão bem aqui com você!” 20


Imagem: 123rf

ORAÇÃO PELA SABEDORIA DE VENCER!

Responde-me quando eu clamar, ó Deus da justiça que me justifica! Mesmo na angústia tu tens me dado ainda espaço para sobreviver e respirar; por isto, tem misericórdia de mim e ouve a minha oração no dia de hoje. Homens e mulheres, ouçam-me: Até quando converteremos glória em infâmia? Até quando faremos o que é bom passar por mal? Até quando amaremos a aparência e chamaremos de verdade aquilo que é somente mentira? Saibamos todos nós que o Senhor separou para si todo aquele que anda em misericórdia e em compaixão para com o seu próximo, e também a todo aquele que não diz “Bem-feito!” quando seu irmão tropeça. Antes, dele se condói e o ama com Graça. O Senhor me ouve quando eu clamo por Seu socorro! Por que não ouvirei eu os gemidos de meu próximo, quando em dores pede a Deus ajuda? Quando eu me irar, ó Deus, salva-me de que a minha ira gere pecado de raiva odiosa. Antes, ajuda-me a olhar sempre para o meu próprio coração, concede-me acalmá-Lo no teu cuidado, e, então, sossegar em silencio e paz em minha cama. Irmãos, não importa qual seja o dia, se bom ou se mal, confiemos no Senhor! Muitos dizem: Quem nos mostrará o bem? Minha oração, todavia, é outra. Eu digo: Levanta, Senhor, sobre nós a luz do teu rosto! De minha parte sei que não há bem para eu ver que não apareça como revelação da Luz de Deus! Deus meu,

tu puseste no meu coração, mesmo no dia da angustia, mais alegria do que a deles no tempo em que as coisas lhes vão bem—sim! mesmo quando têm abundancia de pão e vinho! Em tua Graça minha alegria se perpetua, pois, tua Graça é melhor que a vida, e alegra mais que qualquer vitória que a mão do homem possa conseguir. Tu me puseste mesa de Graça, e a mim a serviste com o pão da gratidão e com o vinho da alegria, para que eu bebesse na presença daqueles que diziam: ele está acabado para sempre! Agora, livra-me de toda e qualquer arrogância, pois, tu és o Deus que te levantastes contra Edom e Efraim, quando não tiveram dó de seus irmãos, quando sobre eles veio a tua poda. Regozijo-me no teu salvamento, não no esmagamento deles! E nisto também busco verdade em meu coração, tu o sabes ó Deus! Em paz me deitarei e dormirei, porque só tu, Senhor, me fazes habitar em segurança, mesmo que seja entre balas perdidas e dores achadas, no meio do povo no qual me fizeste nascer e viver. Salva-me de todo sentimento de vitória humana, pois, daí advêm ingratidão e soberba. Guarda meu corpo com saúde, minha alma com gratidão e meu espírito, preserva-o em Verdade. Teus filhos assim te buscam Hoje! Amém! Caio

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Imagem: Arthur Mebius

Jesus nos ensina o bom senso e o realismo

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ão é raro imaginar-se Jesus com alguém acima da necessidade de usar o bom senso. Isto porque ele podia manter uma multidão no deserto, sem comida, por ser capaz de fazer um milagre a qualquer momento. Poderia, se quisesse, atravessar o mar sem temer o mau tempo, já que era capaz de acalmá-lo com um simples gesto. E até mesmo lhe era possível andar sobre as águas. Contudo, as idéias que concebemos sobre o modelo de vida de Jesus, a partir destes

é a capacidade de enxergar e colocar todas as coisas em seus devidos lugares. O bom senso se situa no lado oposto ao do exagero. Jesus não era como aqueles que pensavam utopicamente que somente o campo do crente é capaz de produzir. Ele sabia que sol e chuva são dádivas comuns de Deus sobre todos os homens, terras e fazendas. Ele conhecia as leis da natureza e não tentava violentá-las (seus milagres são milagres, não violências naturais). Ele não era do tipo que saía no inverno, pela fé,

e atina logo com o cerne das coisas. O bom senso está ligado à sabedoria concreta da vida; é saber distinguir o essencial do secundário;

tampouco enterraria à vista um tesouro no quintal, pois não desconhecia que os ladrões espreitam, escavam e roubam.

fatos, são mágicas, irreais e não-razoáveis. Ainda que ele tenha feito as coisas que acima relatamos - como temos certeza de que as fez -, não as realizou como experiência rotineira nem com a despreocupação irresponsável, que inconscientemente a ele se pretende atribuir, em nome de seus poderes divinos. Alguém disse o seguinte sobre o bom senso de Jesus: O olhar de Jesus vê a vida com bom senso e realismo. Dizemos que alguém tem bom senso e realismo quando para cada situação tem a palavra certa, o comportamento exigido,

sem agasalho; ou de roupa quente no calor. Era carinhoso com a natureza, mas não um sentimental: amava os lírios mas sabia que o destino das ervas era o forno. Quando as figueiras brotavam folhas novas, esperava o verão e não o inverno. Também conhecia tudo sobre safras e entressafras do trigo Se seus dias fossem os nossos, não deixaria um carro constantemente estacionado à beira-mar, porque sabia que a ferrugem destrói; nem dinheiro em caixas velhas, porque tinha visto que a traça rói,

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Jesus também não atribui ao cristão um papel diferente no mundo econômico, social e físico. O salvo pode ser pobre e doente, e suas feridas lambidas pelos cães. Ele sabe que os corpos em putrefação atraem abutres. Sabe ainda que a sobrevivência dos pássaros é espontânea. Percebe claramente que espinhos e abrolhos atrapalham o serviço do semeador. Admite que há gerentes que roubam e são espertos. Conhece o esquema hierárquico entre os militares. Nota que os poderosos da terra exploram os mais fracos. Observa a triste rotina dos desempregados em praça pública. Compreende que todo bom patrão deve exigir contas e relatórios dos empregados. É prático o suficiente para saber que uma casa sem alicerce cai, e que um edifício sem base sólida se arrebenta no chão, casa sobre casa cairá. Também para ele não é surpreendente que uma indústria, comércio ou fazenda bem administrados se tornem lucrativo investimento, ainda que o dono seja um ateu. Jesus também olhou para as crianças com a ótica do realismo e do bom senso. Delas é o reino dos céus, mas não deixam de ser crianças: suas brincadeiras revelam muito do seu latente egoísmo, sua imaturidade e fortes caprichos. Ele observou como as criancinhas brincam de casamento na praça e os coleguinhas se recusam a danças, ou como querem brincar de enterro mas os outros não querem brincar de chorar. Não é obscuro para Jesus que o parto seja obra de amor e dor. Sabe que antes que o filho venha ao mundo o que está em relevo é

o sofrimento. Ele não era como aquele pastor que afirma que o parto da mulher cristã é menos dolorido. Reconhece no entanto que, após este, a mulher já nem se lembra das dores, pela alegria de ter trazido ao mundo um ser humano. E a sabedoria prática de Jesus prossegue. Sabe que somente exércitos bem treinados podem vencer uma guerra. Conhece as estratégias dos assaltantes noturnos. Admite que a rendição é a única alternativa para um exército incapaz de vencer um confronto armado. Não desconhece que a casa, para não ser assaltada, precisa ter a porta bem fechada e que a vigilância é indispensável. Percebe como deve ser vergonhoso para alguém não terminar a obra que começou E, por último, ele não sublima o relacionamento entre irmãos. Ainda que sejam do mesmo sangue, filhos de um bom e generoso pai, um pode ser ordeiro enquanto o outro indisciplinado, mas este pode ser humilde e aquele orgulhoso. E mais ainda: o ciúme pode ser uma dura realidade entre irmãos. O discípulo é, portanto, um ser que segue a maneira de viver de Jesus com o mesmo bom senso e realismo do seu Mestre. O que, no entanto, não o afasta dos grandes sonhos, dos grandes ideais, nem da fé que promove os impossíveis. O bom senso não é inimigo dos ideais ou da fé. É com ideais e fé que o discípulo projeta e vislumbra os seus alvos, mas é com bom senso que dá os passos. Ainda que seja fundamental saber discernir os momentos em que o único passo que o bom senso pode e deve dar é um passo de fé.

Imagem: Arthur Mebius

Extraído do Livro: Seguir Jesus, o mais fascinante projeto de vida.

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Pastor Caio: gradeço a Deus por te dar essa sabedoria que tens. E principalmente por expressá-la tão claramente e tão cheia de amor. Sendo assim, me senti livre para expor um tópico da minha vida, que é uma ansiedade inexplicável que sinto, e sempre senti desde que me conheço por gente. Minha infância foi ótima, e sempre fui uma criança alegre, cheia de vida, e parece que a ansiedade que eu sentia nessa época era transformada em uma forma boa, me dando energia; pois sempre fui uma criança líder... Na adolescência eu percebia que eu sentia uma sensação estranha, mas não era nada que me preocupasse como uma “doença”. Por volta dos 17/18 anos comecei a ter umas experiências de pânico repentino, achava que eu tinha que ir pra o hospital, pois teria um ataque cardíaco... Muitos médicos diziam que eu estava com a saúde perfeita e que talvez eu fosse muito mimada, desocupada, ou quem sabe meio doida querendo chamar atenção da família... Eu me sentia muito só, pois eu estava sofrendo muito... Me casei aos 20 anos, e o começo do meu casamento foi péssimo, pois eu estava sempre com aquele sentimento de ansiedade sem causa, e de repente o pânico que me fazia implorar ao meu marido para me levar ao hospital. Ele já estava cansado disso e não entendia o porque eu ficava naquele estado. Fui aprendendo a conviver com aquele sentimento que eu nem mesma nunca soube explicar exatamente. Me sentia culpada por esse sentimento, pois sempre me pregavam que o cristão não pode estar ansioso por coisa alguma, que Deus se entristece! Aí, com minha ansiedade, o que eu tinha que fazer era “expulsar” isso e lutar contra. Em 2002, eu engravidei do meu primeiro filho, e tive uma gravidez, do ponto de vista medico, muito saudável (com 26 anos), mas emocionalmente eu estava numa batalha de ansiedade ainda maior; era como se meu corpo doesse de tanta ansiedade. Eu buscava motivos em mim para isso, mas não havia. Tudo estava

como eu sonhara, sempre desejei engravidar, eu estava amando a idéia de ser mãe, condição financeira favorável, as pessoas que amo ao meu lado... Ou seja: Não havia motivos para aquela dor. Quando meu filho fez três meses, tive numa noite outro sintoma de pânico... fui ao hospital e me deram calmante, pois eu não estava doente! Depois disso encontrei um medico que finalmente me explicou com muito carinho que o que eu tinha era uma doença chamada Anchieta Desordem (não sei se em português é a mesma coisa). Ele me deu um medicamento que venho tomando desde então. Sinto-me ótima, como nunca antes; sinto ansiedade no padrão normal, mas sempre por algum motivo, como qualquer outra pessoa normal. O problema é que ele disse que vou sempre precisar desse medicamento, como um hipertenso que toma remédio todos os dias. Fiquei chateada, pois não quero ser dependente de um medicamento, e mesmo que eu entenda como esse desequilíbrio químico funciona, as “palavras dos pastores” a esse respeito são sempre contra, tanto que meus pastores nem sabem disso tudo, pois sei que não concordam com isso; acham que eu tenho que lutar contra isso, e que o diabo quer usar disso para me escravizar. Não concordo com eles, mas por ser nascida num lar evangélico, e sempre estar no meio do povo que fala “evangeliques”, vez ou outra essas palavras meio que soam lá no fundo me deixando um pouco confusa a respeito de continuar nesse medicamento. Gostaria muito, se possível, de receber uma resposta sua, com o seu ponto de vista a esse respeito. Estou aprendendo a te amar e te admirar a cada dia, desde que descobri seu site há uma semana atrás. Espero um e-mail seu! Deus continue te abençoar!

A

Resposta: Minha querida amiga: Paz e Paz sobre sua vida! Interessante é que eu comecei a ler a sua carta e foi me dando uma ansiedade enorme, uma vontade de chegar logo ao final, e dizer: “Pelo amor de Deus, vá a um médico, e tome logo um remédio para 24

Imagem: Christian Tagliavini

Alta ansiedade


conseqüentemente, o comportamento, isso esvazia o maniqueísmo que pinta no chão o preto e o branco, diz que o branco é o bom, e não entende porque certas pessoas ziguezagueiam entre um e outro — e pior: involuntariamente. Tome seu remédio na paz. Alguns de nós carregamos espinhos na carne de modos diferentes. Se um dia Deus quiser livrar você disso, Ele o fará e você não terá que ter uma crise nervosa buscando essa cura. O resto, minha querida, é doença de crente e de pastor, que não entendem que tudo nesta vida pertence a Deus, e que não há ciência genuína e verdadeira, nem tampouco remédio, nesse mundo, que não seja dom de Deus. Todos esses recursos também são manifestações do amor gracioso de Deus, derramando luz de saber para que muitos recebam benefícios ainda nesta vida. Só se insurge contra o bem que um remédio pode fazer a um ansioso crônico, quem nunca sofreu de ansiedade como uma presença latente e de aflição incessante. Parece que as energias do corpo estão fazendo “curto” com tudo. Literalmente é como se você desse choque. E os braços ficam como se fossem fios desencapados... No peito uma ânsia de não sei o quê, e sem causa — o que é pior. De modo que você deve ter percebido que eu entendo você. Nunca sofri desse mal de modo crônico, mas já habitei dois anos o porão mais profundo desse inferno. Tome seu remédio com ações de Graça e devoção grata. E não deixe que ninguém perturbe você ou a oprima com legalismos insustentáveis, de tão bandeirosos que são. E saiba: eles e suas esposas tomam, se for necessário; eles só não dizem, a fim de que o povo possa continuar a ter neles o “super-homem”. Sei o que falo, e eles também. Ah! Ia esquecendo: pegue o e-book de meu livro “Tá Doendo”, que está aí no site. Um beijão. Nele, Caio.

Síndrome do Pânico ou qualquer outra forma de ansiedade.” É claro que sua ansiedade é de natureza orgânico-essencial; e você precisa pensar nela como algo que tem que ser tratado do mesmo modo que qualquer outra forma de desequilíbrio químico, ou mesma um diabetes; e pensar como quem precisa tratar da situação com objetividade e gratidão pelo diagnóstico. E saiba: eu conheço pastor bem à beça. Se fosse com ele (s), já estaria na medicação “há muito tempo”, ainda que continuasse pregando que não se pode usar nada para “acalmar os nervos”. Entre 98 e 99 vivi os mais estressantes anos que já havia vivido. Muita gente morre passando por muito menos do que eu passei. E, sabe, passei sem um calmantezinho sequer, e me arrependo muito, pois, acabei esfrangalhando os meus nervos muito mais do que havia sido necessário. Não fique com essa culpa. Encare isso como se você tivesse que tomar um remédio para hipertensão arterial, ou insulina, ou qualquer outra medicação — como o Atlansil, que faz mais de vinte anos eu tomo para o coração. Em outras palavras: os evangélicos são neuróticos também quando se trata de qualquer desordem que pareça ter alguma forma de relação com o comportamento. E sabe por quê? Porque se admitirem que há desordens químicas que alteram o comportamento, e que podem ser curadas com remédio, esvazia-se o discurso de vinculação visceral entre comportamento e pecado como decisão deliberada ou fraqueza espiritual. É claro que há comportamentos que são deliberadamente pecaminosos, mas tais praticantes não sofrem de ansiedade e nem têm crises de pânico, ao contrário: são frios, calculistas e práticos. O perverso tem uma forte sensação de controlar tudo. Mas quando alguns pastores “caem na real” e verificam que há desordens de natureza orgânica e química que alteram o sentir e,

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Imagem: Stefano Vitale

Alguns princípios básicos para a felicidade

Silvia Geruza F. Rodrigues

MM

Não adianta negar: todos vivem em busca de algo, que aparentemente é muito difícil de conseguir: A FELICIDADE. Buscamos todas as maneiras que pensamos serem necessárias para alcançá-la.

uitos imaginam que conseguem ser felizes olhando somente para si e a satisfação de todos os seus desejos. Outros imaginam que para ser feliz necessitam de muito dinheiro. Outros, que precisam encontrar a “pessoa certa” para amar e ser amada. Muitos pensam que ao encontrar alguém sua autoestima melhorará. Como se toda sua felicidade dependesse do outro. (Se bem que muitas vezes o outro pode infernizar sua vida, mas sua atitude diante das circunstâncias poderá lhe tirar dessa armadilha). Porém, desiluda-se: ninguém tem o poder de trazer felicidade ao outro. Muitos pensam que felicidade se constitui em um sentimento contínuo, perene. (vamos combinar: ás vezes o outro pode realmente infernizar sua vida. E será impossível mesmo ter pelo menos momentos de alívio e de felicidade com essa pessoa. Mas, desiludase: ninguém faz ninguém feliz!). O que significa mesmo felicidade? Precisamos

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entender o que quero dizer quando escrevo esta palavra. Pesquisando nos dicionários, encontrei que a felicidade constitui-se em um sentimento íntimo que causa a sensação de contentamento, bemestar. Ela não pode ser algo contínuo porque advém justamente do oposto da carência. Por exemplo: quando estamos longe do ser amado, felicidade pode significar poder voltar a estar juntos. Quando está chovendo muito, e o sol brilha no outro dia, se você gosta do sol, isto lhe traz uma sensação de bem estar, de alegria. Quando um filho, ou filha, ou você mesmo, consegue se formar terminar um curso, alcançar um alvo em sua vida. Isto lhe traz uma sensação de conquista, de bem estar. A isto podemos chamar de estado de felicidade. O filósofo André Comte Sponville afirma que existem alguns prazeres incompatíveis com a


felicidade. Existem os desejos naturais e necessários que lhe ajudam a assegurar a vida, e esses ajudam você a ser feliz. Eles são o desejo de comer, beber, vestir e um teto para morar que lhe ajudam a ter um bem estar físico. A necessidade de ter amigos ajuda no bem estar da sua alma. E eu acrescentaria que a necessidade de Deus coopera com o seu bem estar espiritual. Porém, os desejos estéticos, gastronômicos e sexuais, não necessariamente colaboram com sua felicidade. Porque, como afirma o ditado popular: a medida do ter nunca enche. O psicanalista Freud, e concordo com ele nisto, declara que seremos sempre seres querentes e carentes. Sempre desejamos o que não podemos ter, e quando o possuímos, logo queremos descartá-lo. Comer bem e sair com mulheres ou homens belos não necessariamente se constituiriam um problema, se isso não for um imperativo para você ser feliz. Sempre aparecerão mulheres e homens mais belos do que o que você se relaciona. Pessoas, mais ricas, comidas mais exóticas e saborosas. A corrida pela riqueza, poder e glória não lhe trarão felicidade. O ganancioso destrói a comunidade com sua cobiça, mas quem se recusa a tirar proveito da situação vive feliz. (Pv. 17:27) Não deixem que os sábios se orgulhem da sua

sabedoria. Não deixem que os heróis se orgulhem das suas proezas. Não deixem que os ricos se orgulhem das suas riquezas. Se for para se orgulhar, orgulhem-se disto: que vocês me conhecem e me compreendem. Eu sou o eterno e ajo com amor leal. Jeremias 9:23-24. O problema é que o ser humano não se contenta mais com simplicidade. Em países ricos, não se morre mais de fome, mas a infelicidade impera. Por quê? Porque não se contentam mais com os desejos naturais e necessários, e nunca têm todos seus desejos satisfeitos, com necessidades criadas pela mídia. Vejam os carros: cada ano o modelo do mesmo carro muda. Um farol, um porta-malas diferente, um banco. Tudo isso faz toda a diferença para o insensato e insatisfeito. A felicidade consiste em sensatez, sabedoria e simplicidade. Contentamento com coisas simples do cotidiano, não andar ansioso por modismos e coisas fúteis, como nos ensina Salomão no livro de Provérbios 15, versículos 14 e 16: Quem tem discernimento está sempre ansioso por saber mais, mas o insensato se alimenta de modismos e coisas fúteis. É melhor uma vida simples no temor do eterno que uma vida rica cheia de “pepinos” e” abacaxis”. Experimentar momentos alegres na simplicidade, no contentamento e na vontade de alcançar paz. Nisto reside a felicidade.

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Estique a sua

CORDAde Imagem: Christian Waldner

esperança

H

Israel Belo de Azevedo

á momentos na vida que tudo parece conspirar contra nós. Ao mesmo tempo, sofremos um revés no trabalho, recebemos o diagnóstico de uma doença, perdemos alguma pessoa querida e um vizinho nos escolhe para nos atazanar. Então, dizemos que o mundo parece estar desabando sobre nós. Pode ser. Mas pode ser também que a nossa sensibilidade aumente a partir de um primeiro acontecimento desagradável. Antes, uma pergunta: quem nos garante que uma coisa recebida como ruim seja mesmo ruim? Com a experiência de vida, aprendemos, por exemplo, que um desemprego pode também ser uma avenida

para um novo e melhor começo. Até uma doença pode ser um tempo para uma reflexão mais profunda sobre os rumos que nossa vida tem tomado. Há acontecimentos que nós provocamos, embora não nos lembremos. Há acontecimentos que surgem sem que nada tenhamos feito em seu favor. Há acontecimentos que simplesmente acontecem. Não podemos mudá-los, mas podemos mudar a nossa atitude diante deles. Acontecimentos desagradáveis esticam a corda da esperança até o seu limite. E é essa corda que nos leva a concordar com o apóstolo Paulo, para quem Deus é Aquele que terminará em nós aquilo que começou. (Filipenses 1.6)

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O velho

que atrapalhava

tudo Paulo Coelho

G. I. Gurdjieff foi uma das mais intrigantes personalidades deste século. É ainda ignorado como um importante estudioso da psicologia humana. A história a seguir passa-se quando ele, já morando em Paris, criou seu famoso Instituto para o desenvolvimento do homem. As aulas eram sempre bem concorridas. Mas entre os alunos, havia um velho – sempre de mau humor – que não parava de criticar o que ali era ensinado. Dizia que Gurdjieff era um charlatão, seus métodos não tinham qualquer base científica, e o fato de considerar-se um “mago” nada tinha a ver com sua verdadeira condição. Os alunos sentiam-se importunados pela presença daquele velho, mas Gurdjieff parecia não se importar. Um belo dia, ele abandonou o grupo. Todos se sentiram aliviados, achando que dali por diante as aulas seriam mais tranqüilas e produtivas. Para surpresa dos alunos, porém, Gurdjieff foi até a casa do homem, e pediu para que voltasse a freqüentar o Instituto. O velho recusou-se no início, e só aceitou quando lhe foi oferecido um salário para assistir as aulas. A história logo se espalhou. Os estudantes, revoltados, queriam saber como um mestre podia recompensar alguém que não tinha aprendido coisa alguma. -Na verdade, eu o estou pagando para que continue a dar suas aulas – foi a resposta. -Como? – insistiram os alunos. – Tudo que ele faz vai totalmente contra aquilo que o senhor nos está ensinando! -Exatamente – comentou Gurdjieff. – Sem ele por perto, vocês custariam muito a aprender o que é raiva, intolerância, impaciência, falta de compaixão. “Entretanto, com este velho servindo de exemplo vivo, mostrando que tais sentimentos tornam a vida de qualquer comunidade um inferno, o aprendizado é muito mais rápido”. “Vocês me pagam para aprender a viver em harmonia, e eu contratei este homem para ajudar a ensiná-los – pelo caminho oposto”.

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Como uma

Pai

Imagem: shutterstock

enxerga seu

filha

Stael Ferreira Pedrosa

O

s pais são os primeiros amores na vida das crianças. E não há nada de mal nisso; aliás, é fundamental a existência desse vínculo, pois é a partir dele que as crianças irão formar o modelo de amor que desejam receber no futuro. O pai é fundamental no processo de desenvolvimento emocional e social das filhas. O pai é seu exemplo masculino. Um bom pai mostrará que tipo de homem ela deve buscar no futuro para se relacionar. A relação da menina com seu pai O pai é aquele que vem separar a filha da mãe, permitindo que ela se relacione com “o outro”, o diferente. De suma importância para seu amadurecimento emocional. Segundo Freud, esse processo é fundamental também para a

orientação sexual da menina na vida adulta. Pois ao ver que a mãe tem um relacionamento com o pai, a menina tende a imitá-la e se apegar ao pai, rivalizando com a mãe pelo amor dele. É muito comum a menina pequena dizer que é “a namorada do papai”. Ao perceber que o pai “pertence” à mãe, a menina se identifica com ela e quer ser igual a ela para conquistar o amor do pai. Que mais tarde se manifestará na procura de homens com características semelhantes às dele. Claro, que isso tudo ocorre num nível inconsciente, a criança não sabe que esse processo acontece e nem tem a intenção de que seja assim. O QUE A MENINA DESEJA DE SEU PAI? A menina deseja sentir-se amada e valorizada. Ela quer que o pai note sua beleza, o cabelo

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arrumado, a roupa nova e seus sucessos na vida. Ela quer elogios e mimos. É muito importante que o pai responda a essa necessidade da filha e demonstre que a vê e a aprecia. Dizer a ela que está bonita com o novo penteado, ou com o vestido ou felicitá-la por seu bom desempenho a faz sentir que o pai se importa com ela e a ama. Toda menina quer ser a princesinha do papai, e não está disposta a aceitar qualquer tratamento inferior a esse. Críticas, embora se façam por vezes necessárias, não são bem-vindas. Caso o pai necessite fazê-lo, faça com bondade ou delegue à outra pessoa como a mãe, por exemplo. É muito constrangedor para a menina ouvir de seu pai que seu cabelo está feio ou que ela não está cheirando bem. COMO A MENINA VÊ O PAI? O pai é sua primeira referência do mundo masculino e modelo de como um homem deve ser e como deve tratá-la. Se o pai é bondoso, a trata bem e é um exemplo de virtudes, é provavelmente este tipo de homem que a menina procurará quando adulta para relacionar-se. O inverso também é verdade. Se o pai for agressivo, autoritário, desonesto, é o que a filha guardará como “modelo” masculino. Segundo Regina Rahmi, psicanalista, a verdade é “Tal pai, tal namorado, marido...”. As meninas admiram seu pai, querem agradálo, conquistá-lo e receber seu amor. O pai é forte

e protetor. Ele é o provedor e pode realizar seus desejos de consumo. É dever de o pai ajudar a filha a amadurecer e criar uma identidade própria. A filha deve saber que não precisa se adaptar, imitar alguém ou agradar a um homem para dele receber amor. Para isso o pai deve mostrar amor incondicional por sua filha. Frases como: “Eu não gosto mais de você, porque você falou palavrão”. “Eu não gosto mais de você, porque você não foi aprovada na escola.”, dizem à menina que ela deve ser boazinha e fazer o que o pai deseja para ser amada, fazendo-a desenvolver baixa autoestima e insegurança. Ela passa a acreditar que se não é amada é porque é má. O PAI AUTORITÁRIO X PAI PERMISSIVO Segundo a psicóloga Lila Rosana, “Ser autoritário pode passar a mensagem para a sua filha que ela tem que se submeter aos homens. Avalie se você precisa ser autoritário sempre, pois deixar algumas decisões nas mãos da filha poderá ajudá-la a amadurecer e a assumir as consequências pelas decisões equivocadas.” Em contrapartida, fazer tudo o que ela quer, o torna o queridinho dela, mas pode torná-la manipuladora. O pai deve também dar limites. Lila Rosana conclui que, “Tratar a sua filha com respeito, confiança e amor, fará dela uma mulher segura e hábil para se relacionar não apenas com os homens, mas com todos ao seu redor.”

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Imagem: Divulgação

Um filme que sua família precisa assistir

C

Charlene Peruchi

apitão Fantástico. Não se trata de um filme sobre um personagem com superpoderes que sozinho irá salvar a humanidade de alguma ameaça extraterrestre, como o nome pode sugerir aos desavisados. Na realidade, trata-se de uma história onde existe a possibilidade de fazermos escolhas diferentes sobre o estilo de vida que levamos e o tipo de sociedade em que vivemos. Algum dia a humanidade já viveu com as próprias mãos, a partir de conhecimentos básicos de sobrevivência e relação com a natureza. Sabíamos como tratar uma queimadura de forma natural, descobrir o caminho a partir das estrelas, sobreviver numa floresta, e identificar plantas comestíveis e venenosas. Essas habilidades não são ficção científica, mas conhecimentos milenares que o esforço humano coletivo criou e que hoje parecem fora da realidade, num mundo onde o consumo é o modo principal de relação com tudo, inclusive o conhecimento e o meio ambiente. “Ben, interpretado por Viggo Mortensen é o pai de seis crianças pequenas, que decide fugir da civilização e criar os filhos nas florestas selvagens do Pacífico Norte. Ele passa os seus dias dando lições às crianças, ensinando-os a praticar esportes e a combater inimigos. Um dia, no entanto, Ben é forçado a deixar o local e retornar à vida na cidade. Começa o aprendizado do pai, que deve se acostumar à vida moderna.” Capitão Fantástico é daqueles filmes que te fazem querer largar emprego, trânsito, tecnologias e vender apartamento para comprar uma casinha afastada da cidade, com um belo jardim a frente e alguns metros quadrados de terra ao fundo para plantar sua própria comida. E ali, viver de forma mais natural possível, respeitando os ciclos da natureza. Capitão Fantástico fala da criação, do jeito de levar a vida, de que crianças não são seres que não entendem a vida. Porque proteger tanto seu filho dos reais fatos cotidianos se um dia ele vai crescer e vai ter que encará-los? E uma das cenas

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que mais exemplificam isso é quando Ben explica a um de seus filhos pequenos o que é estupro. Falar abertamente com os filhos dá a eles a confiança de poderem compartilhar suas dúvidas e inquietações com seus pais. No filme, vemos o quanto a criação pode tornar pessoas totalmente diferentes uma das outras. Vemos as crianças, criadas no meio da floresta, que sabem sobreviver apenas com uma faca, caçam sua própria comida, costuram suas roupas, praticam yoga, dividem tarefas domésticas e, mesmo não indo à escola, lêem e sabem discutir temas como quântica. E, enquanto isso, seus primos que moram na cidade preferem ficar jogando videogame e, mesmo indo à escola, não sabem o que é a Declaração dos Direitos Humanos. A questão aqui não é dizer qual educação é melhor, mas sim que ela torna adultos completamente diferentes, com valores, ideais e filosofias de vida diferentes. Porém há uma parte do filme que nos questiona sobre o que é certo ou não ensinar aos nossos filhos. Já que eles são seres que também podem pensar por si e que, nem sempre, o que os pais ensinam são o que eles querem para si. A tal parte é quando observamos a angústia de um pai que ao ver o sogro tirar os filhos de si, seus olhos se perdem no infinito, seu coração se despedaça e sua mente questiona a criação que deu a cada uma de suas amadas crianças. Sim, pais sentem medo de educar seus filhos da forma errada. Ainda mais, quando se é mãe e pai pela primeira vez. Pais podem errar, eles não são serem divinos que estão sempre certos, mas fazem o melhor para que seus filhos sejam grandes pessoas. Grandes no sentido de terem caráter e serem pessoas do bem. Ben é um pai incomum para a nossa sociedade, é um pai que fala sobre a realidade sem florear, que é duro quando precisa, que chora com seus filhos, que os incentiva a serem pessoas sempre melhores, que respeita seus filhos, mas que se impõe quando precisa. E sim, ele também tem um medo enorme de estar fazendo tudo errado, mas a vida é isso, é viver com esse medo de estar fazendo tudo errado, mas com a certeza de estar no caminho certo.


Imagem: istock

Irmãos Ricardo Gondim

O

desejo da felicidade pode adoecer; um dos sintomas é a inveja. O invejoso não admite que existam pessoas mais jovens, mais fortes ou mais bem-sucedidas que ele. Sua enfermidade transforma o outro em constante desafio. Até o amigo torna-se um inimigo a ser ultrapassado, um alvo a ser superado. O inferno fica na cercania da casa do invejoso. Quando o propósito da vida se confunde com sucesso, o menor indício de não se ter galgado um patamar de glória gera baixa estima. Depois vem a insatisfação e com ela, a maldição de comparar-se sem cessar. A crítica ferina e a calúnia viram artilharia. O outro é inimigo que espelha somente a guerra interna do invejoso. Sua insegurança o ameaça pelo que enxerga na pele, no sorriso, no bolso, nas palavras de quem ele admira. Sua determinação consiste em chegar primeiro, mas ela não passa de vaidade. Quem almeja sentar nos primeiros assentos é mero caçador de ventanias, e sua busca sempre termina em nada. Todos se nivelarão, mais cedo ou mais tarde. O safari da volúpia, do poder e da vanglória se dispersa no vazio. O tempo talvez poupe alguns, ele, porém, condena a maioria dos humanos a jazer no mesmo esquecimento. O Talmud descreve a força mais avassaladora que nos ronda. Ninguém deve iludir-se: A rocha é forte, mas o ferro pode parti-la. O ferro é duro, mas o fogo pode amolecê-lo. O fogo tudo pode consumir, mas a água pode apagá-lo. A água é devastadora, mas as nuvens a contém. As nuvens são enormes, mas o vento pode dispersá-las. O vento é selvagem, mas o homem pode domesticá-lo. O homem é imponente, mas o medo pode alquebrá-lo. O medo é intimidador, mas o vinho pode aliviá-lo. O vinho é forte, mas o sono pode anulá-lo. O sono é poderoso, mas a morte supera a tudo. Estimemos uns aos outros. Sejamos gentis. Cedo ou tarde, a morte saberá nos fazer irmãos e irmãs. Soli Deo Gloria 33


SEGREDO

PRECE PELA PAZ

No dia da prosperidade regozija-te, mas no dia da adversidade considera; porque Deus fez tanto este como aquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele. Eclesiastes: 7. 14.

Foi propositalmente que Deus fez com que o ser humano caído em seu pecado não pudesse saber o que virá no futuro. Esta insegurança que faz desconfiar quando tudo vai bem demais e temer quando vai mal é para que possamos nos exercitar na fé, a confiança em Deus que ainda que não possamos ver a solução para o problema, o livramento da aflição, Ele estará lá na frente para salvar-nos. Portanto, não se prive da alegria nos dias bons e não murmure nos maus, mas reflita muito para aprender, pois esse é o propósito. Excesso de bonança gera gente soberba, excessivamente autoconfiante a ponto de negar que seja Deus a ajudá-lo. Excesso de sofrimento gera em alguns um coração amargo que ainda que reconheça a existência de Deus, tende a pensar nEle enraivecidamente, o que é pior que o ateísmo. Por isso, Deus nos dá uns dias bons e outros ruins para ir equilibrando a questão em nós. Mas só seremos bem aventurados se não deixarmos os sentimentos que nos vem nos dias ruins se enraizarem, gerando ingratidão nos dias bons por desconfiança e preocupação com o próximo dia. Esta é a nossa vida. Quem for sábio, entenderá. Sérgio Luiz do Espírito Santo

“Muito melhor é arriscar coisas grandiosas para ganhar vitórias gloriosas – mesmo que estampadas pelo fracasso – do que se alinhar com aqueles espíritos pobres que nem aproveitam muito nem sofrem muito, porque vivem em uma penumbra cinzenta que não conhece nem a vitória nem a derrota.” Theodore Roosevelt “Todos nós recebemos relatórios de muitas maneiras diferentes, mas a verdadeira emoção do que você está fazendo está em fazê-lo. Não é o que você vai conseguir no final, é realmente em fazer, e amar o que você está fazendo.” Ralph Lauren

“Se você não tiver seu próprio plano de vida, é provável que caia no plano de alguma outra pessoa. E adivinha o que eles planejaram para você? Não muito.” Jim Rohn

pensardecristo.blogspot.com.br

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Imagem: pressport

Imagem: 123rf

Palavras bem ditas

Oh Deus, todo santo, tu és nossa Mãe e nosso Pai; e nós, teus filhos. Abra nossos olhos e coração para que possamos discernir a tua obra no universo. E sermos capazes de perceber teu rosto em cada um de teus filhos e filhas. Que possamos aprender que existem muitos caminhos, mas todos chegam a Ti. Ajudanos a saber que tu nos criaste para a família, para a camaradagem, para a paz, para a gentileza, para a compaixão, para o cuidado e para a partilha. Que possamos aprender que tu nos queres cuidando uns dos outros, com a noção de que somos irmãs e irmãos, membros de uma mesma família, Tua família, a família humana. Ajuda-nos a transformar nossas espadas em arados e nossas flechas em anzóis para que possamos viver em paz e harmonia, enquanto enxugas as lágrimas dos que são menos afortunados que nós. E não conheçamos mais a guerra, à medida que nos esforçamos para nos tornar o que esperas de nós: Teus filhos e filhas. Amém. Desmond Tutu

[Desmond M. Tutu – Prêmio Nobel da Paz Arcebispo Emérito da Cidade do Cabo – África do Sul. Tradução: Ricardo Gondim]


ESCUTA

Imagem: shutterstock

Quando você encontrar a outra metade da sua alma, você vai entender porque todos os outros amores deixaram você ir. Quando você encontrar a pessoa que REALMENTE merece o seu coração, você vai entender porque as coisas não funcionaram com todos os outros. O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila. Em silêncio. Sem dar conselhos. Sem que digam: “Se eu fosse você”. A gente ama não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. É na escuta que o amor começa. E é na não-escuta que ele termina. Não aprendi isso nos livros. Aprendi prestando atenção. Rubem Alves

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Imagem: shutterstock

A samambaia e o Bambu

“ESPEREI com paciência no SENHOR, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor.” Salmos 40:1

Certo dia decidi dar-me por vencido, renunciei ao meu trabalho, às minhas relações, e à minha fé. Resolvi desistir até da minha vida. Dirigi-me ao bosque para ter uma última conversa com Deus. “Deus,” eu disse “Poderias dar-me uma boa razão para eu não entregar os pontos?” Sua resposta me surpreendeu: “Olha em redor Estás vendo a samambaia e o bambu?” “Sim, estou vendo”, respondi. Pois bem. Quando eu semeei as samambaias e o bambu, cuidei deles muito bem. Não lhes deixei faltar luz e água. A samambaia cresceu rapidamente, seu verde brilhante cobria o solo. Porém, da semente do bambu nada saía. Apesar disso, eu não desisti do bambu. No segundo ano, a samambaia cresceu ainda mais brilhante e viçosa. E, novamente, da semente do bambu, nada apareceu. Mas, eu não desisti do bambu. No terceiro ano, no quarto, a mesma coisa… Mas, eu não desisti. Mas… No quinto ano, um pequeno broto saiu da terra. Aparentemente, em comparação com a samambaia, era muito pequeno , até insignificante. Seis meses depois, o bambu cresceu mais de 50 metros de altura. Ele ficara cinco anos afundando raízes. Aquelas raízes o tornaram forte e lhe deram o necessário para sobreviver. “A nenhuma de minhas criaturas eu faria um desafio que elas não pudessem superar”

E olhando bem no meu íntimo, disse: Sabes que durante todo esse tempo em que vens lutando, na verdade estavas criando raízes? Eu jamais desistiria do bambu. Nunca desistiria de ti. Não te compares com outros. “O bambu foi criado com uma finalidade diferente da samambaia, mas ambos eram necessários para fazer do bosque um lugar bonito”. “Teu tempo vai chegar” disse-me Deus. “Crescerás muito!” O bambu nos ensina que não devemos facilmente desistir de nossos projetos, de nossos sonhos... Especialmente no nosso trabalho, (que é sempre um grande projeto em nossas vidas) Devemos sempre lembrar do bambu para não desistirmos facilmente diante das dificuldades que surgirão. Procure cultivar sempre dois bons hábitos em sua vida: A Persistência e a Paciência, pois você merece alcançar todos os seus sonhos! É preciso muita fibra para chegar às alturas e, ao mesmo tempo, muita flexibilidade para se curvar ao chão. Nunca te arrependas de um dia de tua vida. Os bons dias te dão felicidade. Os maus te dão experiência. Ambos são essenciais para a vida. A felicidade te faz doce. Os problemas te mantêm forte. As penas te mantêm humano. As quedas te mantêm humilde. O bom êxito te mantém brilhante. Mas, só Deus te mantém caminhando.

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O Enterro do

Imagem: shutterstock

“Não Consigo” E

sta história foi contada por Chick Moorman, e aconteceu numa escola primária do estado de Michigan, Estados Unidos. Tomei um lugar vazio no fundo da sala e assisti. Todos os alunos estavam trabalhando numa tarefa, preenchendo uma folha de caderno com idéias e pensamentos. Uma aluna de dez anos, mais próxima de mim, estava enchendo a folha de “não consigos”. “Não consigo fazer divisões longas com mais de três números.” “Não consigo fazer com que a Debbie goste de mim.” Caminhei pela sala e notei que todos estavam escrevendo o que não conseguiam fazer. “Não consigo fazer dez flexões.”, “Não consigo comer um biscoito só.” A esta altura, como a atividade despertara minha curiosidade, decidi verificar com a professora o que estava acontecendo e percebi que ela também estava ocupada escrevendo uma lista de “não consigos”. Observando tudo, eu me perguntava por que estavam trabalhando com negativas, em vez de escrever frases positivas... Os estudantes escreveram por mais dez minutos. A maioria encheu mais de uma página. Depois de algum tempo os alunos dobraram as folhas ao meio e as colocaram numa caixa de sapatos, vazia, que estava sobre a mesa da professora. Quando todos os alunos haviam colocado as folhas na caixa, Donna, a professora, acrescentou as suas, tampou a caixa, e saiu pela porta do corredor.

Os alunos a seguiram. Logo à frente ela pegou uma pá. Depois seguiu para o pátio da escola. Ali começaram a cavar. Quando a escavação terminou, a caixa de “não consigos” foi depositada no fundo e rapidamente coberta com terra. Trinta e uma crianças de dez e onze anos permaneceram de pé, em torno da sepultura recém cavada. Donna então fez uma pequena oração: “Amados, que a expressão não consigo possa descansar em paz e que todos os presentes possam retomar suas vidas e ir em frente na sua ausência. Amém.” Ao escutar a oração entendi que aqueles alunos jamais esqueceriam a lição. A atividade era simbólica: uma metáfora da vida. O “não consigo” estava enterrado para sempre. Logo após, a sábia professora encaminhou os alunos de volta à classe e promoveu uma festa. A festa da libertação. Depois disso, nas raras ocasiões em que um aluno se esquecia e dizia “não consigo”, Donna simplesmente sorria e o aluno então se lembrava que “não consigo” estava morto e reformulava a frase. Eu não era aluno de Donna. Ela era minha aluna. Ainda assim, naquele dia aprendi uma lição duradoura com ela. Agora, anos depois, sempre que ouço a frase “não consigo”, vejo imagens daquele funeral da quarta série. Como os alunos, eu também me lembro de que “não consigo” está morto. 37


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frases que

destruirão seus Tome cuidado para não danificar permanentemente a frágil autoestima de seus filhos com declarações como essas. Miriam Aguirre

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Rumo à 3ª idade

Imagem: art a designer.ru

Mary Gláucia Ribeiro

M

uito do que está acontecendo aqui agora foi idealizado no passado. A Bíblia ensina em Gálatas 6.7 “... o que o homem semear... ceifará”. Pesquisadores franceses constataram que vivemos 70% do nosso tempo relembrando o passado, 25% projetando o futuro, e... O restante... 5%... Focados no presente. Isso é viver abundantemente? É possível dizer que, “recordar é viver” no passado. O passado vive de saudade e a saudade é o antônimo de entusiasmo. Quem sente saudade se lembra com pesar dos tempos em que teve entusiasmo. O entusiasmo (Deus dentro de nós) fez/ faz o homem transformar sonhos em realidades e o impossível em realizações. Ao supervalorizar o que passou, a saudade entorpece o que está passando e o que está por vir. Assim como o apóstolo Paulo, é necessário que “esqueçamos” das coisas que atrás ficam e avancemos para as que estão diante de nós – Filipenses 3.13b. O que você é e faz podem ser mais interessantes do que o que você foi e fez. Porém, não basta desapegar-se do passado e viver simplesmente o presente, é necessário projetar o futuro, sonhar, arquitetar, ter planos para hoje e para amanhã. Objetivos, planos são compromisso com a existência e com o futuro.

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Sem entusiasmo não se realiza grandes coisas. O entusiasmo é capaz de trazer felicidade, encantar pessoas, despertar admiração, operar milagres, curar ou minorar enfermidades. O que é a fé, senão a espiritualização do entusiasmo? J.R. Nascimento declarou: “Você é idoso quando ainda sonha... Você é velho quando apenas dorme... Você é idoso quando ainda aprende... Você é velho quando já nem mais ensina... Você é idoso quando ainda ousa... Você é velho quando sequer tenta”. A sociedade tem uma visão estereotipada da pessoa idosa, e muitas vezes o próprio idoso a reforça, não interrompendo o ciclo. É preciso desmistificar essa imagem, apresentando-se como ser idoso que possui vivências e expectativas específicas, que não reduzem sua responsabilidade e participação ativa no processo social, pois continua a interagir com os demais seres e sendo competente segundo suas potencialidades. “Os idosos são portadores de nossas melhores chances de transformação social e superação do quadro de miséria. Estão entre os principais atores de nossa vida política, econômica e cultural. Basta olhar ao redor de nós para descobrir o quando vivemos da experiência, da sabedoria, da capacidade e


generosidade da terceira idade”. Herbert de Souza – o saudoso Betinho. É sabido que ninguém envelhece apenas por ter vivido muitos anos – envelhece mesmo quando abandona seus ideais, quando fecha seu coração ao amor, quando dá as costas à esperança, quando renuncia ao sonho. Quais são seus ideais? Qual é o seu projeto de vida? A pretensão maior do conhecimento é propiciar felicidade às pessoas; assim sendo, o objetivo do profissional comprometido é tal qual o farol de mar, não direcionar um caminho, mas iluminar caminhos, para que você, através de comportamentos saudáveis, envelheça com sucesso, de acordo com o seu interesse. Não adianta só viver, isso é vida insossa. É imprescindível que a vida tenha qualidade, enfim tenha sabor e dê prazer. A natureza opera de tal forma que crescer e viver são quase sinônimos. Quando um para, o outro acompanha. Portanto, necessitamos de desafios durante toda a nossa vida. O conhecimento adquirido e a experiência podem tornar a terceira, quarta e quinta idades mais propícias a novas conquistas. Lembrando sempre que: cada fase do desenvolvimento humano nos proporciona

possibilidades e limites. Enfim, o envelhecimento resulta da interação de fatores genéticos, ambientais e do próprio estilo de vida do indivíduo. Portanto, faz-se necessário investirmos na qualidade de nossa vida, pois podemos viver até 120 anos (Gênesis 6.3b), correspondendo ao tempo necessário para que aconteçam todas as divisões celulares previstas geneticamente, segundo pesquisas recentes. Atividades físicas e mentais, alimentação adequada, bem estar espiritual, emocional e social podem retardar e/ou diminuir o ritmo de envelhecimento do organismo e impedir manifestações patológicas. Deus fez o máximo por nós com a morte de Seu Filho na cruz, portanto, temos muito valor. Ele não nos abandonará agora, nem nos deixará na metade do caminho, por assim dizer. Temos reconhecido o nosso valor? O alto preço pago na cruz não nos mobiliza a um auto-investimento? Desafio vocês idosos, a buscarem atividades que atendam suas necessidades, possibilidades e desejos, para que, suas vidas além de longas, sejam saudáveis, pois na “velhice ainda darão frutos, serão viçosos e florescentes” – Salmo 92.14.

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LIDERANÇA NÃO e PARA CRIANÇa

Imagem: Dominique Piccinato

(parte I)

Marcelo Quintela

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. O LÍDER não fica procurando em quem bater: não sai metendo o pé em barracas, caçando orelhas para puxar, gente para envergonhar, para expor, punir, apontar o dedo. Ele não “chuta o balde”, a não ser com os cínicos, com os que vendem religião, com os que comercializam a fé, com os desconvertidos mal-intencionados.

. O LÍDER é sempre o primeiro a pisar o território inimigo, e o último a deixar o campo de batalhas.

. O LÍDER não deve deixar os feridos pelo meio do caminho, mas cuidar-lhe dos ferimentos, mesmo que isso pareça comprometer o avançar da batalha. . O LÍDER é líder de gente, não de coisas. Ele constrói relacionamentos, não prédios, ele fica no meio do povo, não atrás da mesa. Ele é uma pessoa e não um robô. Ele é um santo, não um anjo.

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. O LÍDER considera o outro superior a si mesmo, ele valoriza o “insignificante”, ele honra os anônimos, ele ama os fracos, e se esforça por não escandalizá-los. Ele se faz um igual.

. Ele se preocupa em atacar o inimigo, e não ao outro. Pois, na guerra espiritual na qual está envolvido, ele bem sabe que seu adversário não é de carne e osso, e por isso, não aponta suas armas contra si mesmo.

. O LÍDER é mais que um diácono, mais que um ancião, ministro ou presbítero, é mais que um auto-denominado bispo ou apóstolo. Ele é um filho amado do Pai, irmão de seus irmãos, que os serve com seus dons. Serve sem procurar ser servido.

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. O LÍDER não pode exigir o que não consegue ser ou fazer. Não deve impor sobre os ombros dos outros os fardos que ele mesmo não consegue carregar.

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. O LÍDER tem convicções, mas isso não significa que não possa mudar, abrir mão, repensar. O LÍDER NÃO É INFALÍVEL! Ele não tem sempre os melhores planos e conselhos (para muitos, idéias são como crianças: As nossas são sempre melhores).

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. O LÍDER não pode aproveitar-se de sua posição para massacrar mentalidades mais fracas, para “entrar rasgando”, para estuprar a alma carente de tão perdida e já invadida pela vida ímpia.

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. O LÍDER pode rever seus conceitos, admitir falhas sem ter vergonha. Ele aprende com o passado, sem ficar nele. Ele olha para o futuro, mas não vive nas nuvens das ilusões infantilizadas.

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. O LÍDER só pode indicar o caminho a seguir. Ele não pode decidir pelo outro. Ele toma pequeninos pela mão, mas não os empurra e nem força ninguém a fazer escolhas. Ele deixa as pessoas crescerem.

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. O LÍDER deixa os outros terem idéias também, ele não é a origem de tudo, a fonte de tudo, não possui inspiração exclusiva, discernimento permanente.

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. O LÍDER não convence na marra, não usa de ameaças e persuasão, não intimida criancinhas, não é um tirano. O LÍDER é capaz de ser doce, sem ser permissivo! Não é um vovô bonachão que fica distribuindo pirulitos, mas também não é um pai tão severo quanto ausente.

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. O LÍDER, quando fala, fala a verdade. Ele é transparente, autêntico. E quando a verdade doí, ele a fala com dor. Como quem não quisesse falar, confrontar. Ele precisa expor a verdade, mas ele não faz isso pra rachar, pra quebrar de vez.


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