Ano XVI • nº 266 Agosto de 2017
R$ 5,90
O espetáculo Poéticas urbanas está na programação do Cena Contemporânea
O teatro
vai às ruas (e também às praças e parques)
A TAP comemora 10 anos de voos ininterruptos entre BrasĂlia e Lisboa.
Lúcia Leão
EMPOUCASPALAVRAS “Falta ao ser humano semear a igualdade, perceber as diferenças, mas harmonizar a equação da vida com a dignidade.” A frase, atribuída ao escritor português Eça de Queirós (1845-1900), foi escolhida para abrir este texto por se manter incrivelmente atual. Mais do que nunca, tolerância, liberdade e respeito às diferenças são princípios clamados pela sociedade contemporânea como urgentes, urgentíssimos. Maravilha, então, que eles sejam os inspiradores de mais um Cena Contemporânea, o Festival Internacional de Teatro que começa dia 22 de agosto e vai invadir as ruas e ocupar os palcos que ainda sobrevivem na nossa cidade. “Diante de tudo o que está acontecendo no país, vamos fazer um evento completamente político, na escolha dos espetáculos, na interferência nos espaços, na defesa dos direitos das minorias e sobretudo na liberdade”, garante Alaor Rosa, curador do festival, durante o qual serão apresentados 22 espetáculos do Brasil e de mais quatro países (página 22). É da Ucrânia que chega outro sucesso internacional, protagonizado por 33 bailarinos do Kiev Ballet, uma das maiores companhias de dança do mundo. Na programação do tipo imperdível estão os sempre amados O lago dos cisnes, primeira composição para balé do russo Tchaikovsky (18401893), e A bela adormecida, também dele, mas inspirada no conto de fadas do escritor francês Charles Perrault, que estreou no longínquo ano de 1890 (página 24). Inspiração francesa teve também o badalado bistrô Paris 6, que nasceu há 11 anos na capital paulista para homenagear a boêmia de Saint-Germain-des-Près e deu tão certo que acaba de inaugurar sua 11ª unidade aqui em Brasília, no Shopping ID. Prometendo funcionar sem interrupção de quinta a domingo, o Paris 6 tem cardápio com quase 150 pratos salgados, muitos deles batizados com nomes de artistas da TV e jogadores de futebol que costumam frequentar a casa (página 6). Além dele, apresentamos dois restaurantes recém-inaugurados: Contê, localizado na 403 Sul, e The Black Beef, na 402 Sul. O primeiro, com a proposta de atender a uma clientela descolada que gosta de fazer uma boa refeição em clima de festa, descontração e até um “quê” de balada. O segundo, uma hamburgueria artesanal com conceito de "fast casual", algo entre o McDonald’s e o Outback, com serviço rápido, sem louças, mas com produtos frescos e arquitetura requintada (página 8). Boa leitura e até setembro Maria Teresa Fernandes Editora
6 águanaboca Chega a Brasília o bistrô francês Paris 6, o queridinho de artistas e jogadores de futebol do Rio e de São Paulo.
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ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda. | Endereço SHIN QI 14, Conjunto 2, Casa 7, Lago Norte – Brasília-DF – CEP 71.530-020 Endereço eletrônico revistaroteirobrasilia@gmail.com | Tel: 3203.3025 | Diretor Executivo Adriano Lopes de Oliveira | Editora Maria Teresa Fernandes Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Capa Carlos Roberto Ferreira, sobre foto de Larissa Souza | Colaboradores Alessandra Braz, Akemi Nitahara, Alexandre Marino, Alexandre Franco, Ana Vilela, Cláudio Ferreira, Conceição Freitas, Elaina Daher, Heitor Menezes, Laís di Giorno, Lúcia Leão, Luiz Recena, Mariza de MacedoSoares, Pedro Brandt, Ronaldo Morado, Sérgio Moriconi, Silvestre Gorgulho, Súsan Faria, Teresa Mello, Vicente Sá, Victor Cruzeiro, Vilany Kehrle | Fotografia Rodrigo Ribeiro Para anunciar 99988.5360 | Impressão Editora Gráfica Ipiranga Tiragem: 20.000 exemplares.
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ÁGUANABOCA
Agora temos Paris TEXTO E FOTOS LÚCIA LEÃO
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aris é dividida em 20 distritos. Ao menos um deles habita a imaginação de muitos de nós, como habitou a de Gil, personagem de Owen Wilson no filme Meia noite em Paris, que embarcou num carro de sonhos e aportou nos anos de 1920 num festivo e charmoso bistrô de Saint-Germain-des-Prés. O bairro boêmio, onde se encontravam artistas e intelectuais como Scott Fitzgerald, Gertrude Stein, Salvador Dali, Cole Porter, Ernest Hemingway e Paul Elouard para fazer de Paris uma festa, está no 6º Distrito da capital francesa. Daí o nome Paris 6 e toda a concepção do restaurante que acaba de chegar a Brasília com a promessa de estourar no mercado gastronômico da cidade, como já faz em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Campinas e Miami.
Como nas demais casas da rede – a de Brasília é a 11ª – o empresário Isaac Azar cuidou aqui de cada detalhe para reproduzir a atmosfera dos mais tradicionais bistrôs parisienses: a arquitetura, a iluminação, a decoração, o som ambiente... tudo remete ao bairro boêmio. E quer mais? Sonho de todo boêmio que se preze, ficará aberto, sem interrupção, das 11 horas de quinta-feira até a meia noite de domingo. E a intenção é que, como no filme de Wood Allen, também seja pon-
to de encontro de personalidades do mundo artístico e cultural, o que já acontece especialmente na capital paulistana e no Rio de Janeiro. Essa intenção é tão explícita que todos os pratos ganharam o nome de celebridades. E aí chegamos ao que mais interessa: o cardápio. Atmosfera vintage, badalações e horários especiais à parte, o ponto forte do Paris 6 é mesmo a gastronomia. Francesa, é claro, mas de forte sotaque brasileiro. O cardápio, também assinado por Isaac Azar, contempla todos os gostos, com quase 150 opções de pratos salgados (os preços variam entre R$ 30 e R$ 100) e 30 sobremesas (R$ 27), a maioria de variações sobre o mesmo tema, os “grand gâteau”, bolos de chocolate servidos quentes com picolé italiano e diversas variedades de recheios e coberturas. A carta de vinhos é bem variada, atendendo a muitos gostos e bolsos. Uma boa opção são os vinhos da casa: produzidos
em adegas argentinas e espanholas, eles ganham o rótulo Paris 6 e são vendidos por cerca de R$ 70 a garrafa de 750ml. O cardápio típico dos bistrôs franceses, com destaque para as massas (especialmente o nhoque de queijo brie, que leva o nome da atriz Marina Ruy Barbosa) e os risotos, é o mesmo das demais casas da rede. Mas o preparo, aqui, está a cargo de 50 profissionais comandados por ninguém menos do que William Chen Yen, um dos mais prestigiados chefs da cidade. Com um currículo que inclui a chefia do restaurante Babel, as cozinhas da Copa do Mundo e das Olimpíadas do Brasil e passagens pelos estrelados restaurantes Mirazur (França), Mugaritz (Espanha) e Olympe (Rio de Janeiro), William mantinha, até o último mês de junho, um pequeno bistrô, o La Table Cachée, onde recebia no máximo 20 pessoas por noite para um menu-degustação. Saiu de lá direto para o grandioso projeto Paris 6. “Foi uma mudança espetacular! Aqui eu trabalho com quatro cozinhas e 50 profissionais, todos selecionados em Brasília. Neste primeiro período recebemos dois cozinheiros de São Paulo para dar mais segurança e padronizar as receitas. Mas preparamos toda a comida aqui, do zero. Os molhos, as massas, tudo. É comida de verdade, nada de pozinhos má-
gicos, caldos ensacados... uma experiência indescritível!”, regozija-se o chef. Com 750m², o Grand Bistrô Paris 6 tem capacidade para receber 210 pessoas. O restaurante disponibiliza um aplicativo para celular por onde se pode conferir o cardápio, fazer reservas e participar de
promoções como a de sobremesa grátis nas refeições de segunda a quinta-feira, anunciada para a semana de inauguração. Grand Bistrô Paris 6
Shopping ID – Setor Comercial Norte, Quadra 6 (3037.3437). De 2ª a 4ª feira, das 11 às 24h; de 5ª a domingo, 24 horas por dia.
Cardápio das estrelas • Canapés de tartare de saumon à Regina Duarte – Torradinhas com salmão fresco, picado na faca, temperado no azeite e limão e finalizado com toque de creme azedo. • Soupe à l’oignon à Antonio Fagundes – Caldo de cebola ao vinho, coberto com pão e queijo emmental gratinado. • Gnocchi de brie aux quatro fromages à Marina Ruy Barbosa – Nhoque recheado com brie, gratinado no forno aos quatro queijos (foto à direita). • Fettuccine à la crème de shitake à Juliana Paes – Fettuccine puxado ao creme de shitake, finalizado com azeite trufado. • Risotto à la morue à Fernando Meirelles – Risoto de lascas de bacalhau ao alho, ervas, azeite e amêndoas. • Carré d’agneau au cuscuz d’abricot à Reynaldo Gianecchini – Costeletas de cordeiro ao molho rôti de hortelã, acompanhadas de cuscuz de damasco (foto à esquerda). • Fruits de mer grillés au vin blanc à Luana Piovani – Grelhado de frutos do mar (camarões rosa, lula, tentáculos de polvo) com peixe branco do dia e legumes, acompanhado de arroz de açafrão.
• Vol-au-vent au poireaux à Susana Vieira – Folhado francês recheado com creme de alho-poró e cream cheese, gratinado com queijo emmental. 7
Rui Nagae Fotografia
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Hamburgueria “fast casual” POR TERESA MELLO
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Rui Nagae Fotografia
ra uma vez um food truck que virou loja e vai ser uma franquia. Esse pode ser o resumo de uma iniciativa de sucesso, graças à gestão empreendedora de um chef de cozinha baiano e de três clientes que se tornaram
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amigos e sócios em Maceió. No início do mês, a hamburgueria artesanal The Black Beef abriu as portas em Brasília, com espaço para 80 pessoas na 402 Sul, além de área externa. Teto preto, mesas de madeira clara, cadeiras na cor prata e paredes sapecadas com cimento queimado dão ao ambiente uma pegada industrial, “porque é tudo feito aqui”, esclarece o chef André Sadigursky, de 34 anos (na foto à esquerda). Sofisticado, o local não é um fast-food: “O conceito é o de um fast casual”, define. Traduzindo: imagine algo entre o McDonald’s e o Outback, ou seja, com serviço rápido, sem louças, mas com produtos frescos e arquitetura requintada. Com 13 funcionários no balcão e na cozinha, a casa não tem garçons, o que gera um produto final a preço menor do que o praticado no mercado. Os clientes fazem os pedidos, pagam e depois são chamados pelo nome para buscar as bandejas. Podem se acomodar em duas mesas comunitárias, de 1,10m de altura, ou nas outras espalhadas pelo salão. Enquanto provam os itens do cardápio, es-
cutam soul music e rock leve, em seleção disponível no aplicativo Spotify. O carro-chefe dos sanduíches é o Black Rib, feito de costela bovina, maionese, muçarela, molho barbecue e quadradinhos de bacon crocante (R$ 20). Outra gordice ótima é o Big Black Beef. Por R$ 24, você consome dois burgers acomodados em pão australiano, ao lado de muçarela, cebola caramelizada, cheddar e barbecue. “Nossa carne não é congelada, é moída todos os dias, o bacon é frito na banha de porco e a base da nossa maionese é o cream cheese”, detalha o chef, que utiliza Angus, costela, cupim e peito de frango. Para acompanhar, há refrigerantes, suco de laranja, chá gelado, cerveja e vinho, além de cinco tipos de milk shake servidos em copos de 300ml e de 500ml: Nutella, Ninho, Maltine, Óreo e paçoca com doce de leite. As batatas fritas merecem destaque. Surgem em tiras crocantes no modelo crinckle-cut fries e também nas versões brie n’fries, com queijo brie, geleia de pimenta e bacon, e cheddar n’ fries, com cheddar derretido e farofa de bacon.
Rômulo Juracy
O americanismo se justifica. André conta que morou alguns meses, em 2005 e em 2008, no país do fast-food, onde chegou a trabalhar na rede de restaurantes Rosa Mexicano. Antes disso, ainda em Salvador, cursou Relações Exteriores. Aos 24 anos, mudou-se para Maceió, estudou Gastronomia e montou um truck na antiga Avenida Amélia Rosa, endereço badalado em Jatiúca, onde os amigos Thiago Wanderley, Maurício Coutinho e João Paulo Gomes eram clientes. “Às vezes, a gente chegava lá às 9 da noite e já não tinha mais sanduíche”, lembra Thiago. Formados em Administração de Empresas e operando no mercado financeiro, os três fizeram um projeto para profissionalizar ainda mais o negócio criado por André e, em janeiro de 2016, já sócios, abriram uma loja no mesmo bairro. Em Brasília, onde investiram R$ 450 mil no empreendimento, estão todos animados: “É um mercado plural, tem gente de todo lugar do país, a renda per capita é alta e queremos testar o conceito”, conta Maurício, que, assim como os amigos, estrutura as primeiras franquias em São Paulo e em Uberlândia (MG). Na 402 Sul, uma das paredes exibe o Manifesto TBB, que declara a “paixão por pessoas e burgers”. Mas não apenas. Os cachorros são outro dengo do chef. “Tenho três cães adotados em Salvador e um em Maceió”. Por ser uma casa pet friendly, pede-se que os clientes sigam o bom senso, incentivado em um cartaz na varanda: dogs de pequeno porte podem entrar no colo de seus donos, mas não são permitidos em cima das mesas. Os de médio e grande porte só são aceitos na área externa. Para eles, está disponível o Menu Totó: sorvete de baunilha e biscoitos caninos. A água é cortesia da casa. The Black Beef
402 Sul, Bloco B (3224.7505). De 2ª a 5ª feira, das 11 às 16h e das 18 às 23h; 6ª e sábado, até 1h.
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ÁGUANABOCA
Delícias minimalistas D
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ois jovens empreendedores brasilienses, os irmãos Frederico e Gustavo Leal, já tinham construído, antes de chegar aos 30 anos, um negócio muito bem sucedido quando decidiram se impor um novo desafio e explorar o ramo da gastronomia. Convidaram dois amigos também leigos no assunto para compartilhar o projeto – Guilherme Silva e Cássio Aguiar – e foram se aconselhar com um terceiro, este sim, que entendia do riscado – ninguém menos do que Dudu Camargo. De cara receberam do chef e restaurateur todo incentivo. Na sequência, conselhos e assessoria preciosa e, para culminar, a indicação de pessoas-chaves. Esta é a gênese do Contê Foods & Drinks, recém-inaugurado na 403 Sul, segundo relato de Frederico, o Fred. “Nosso negócio na área de vestuário já está pronto, anda praticamente sozinho. Eu e o Gustavo queríamos fazer alguma coisa diferente, que nos desafiasse. Com o incentivo do Dudu, nosso amigo, e a adesão do Guilherme e do Cássio, pudemos realizar mais esse sonho”. A proposta do Contê é ser um restaurante de alto padrão capaz de atender a uma clientela exigente e descolada. Gente
que, como os quatro sócios, gosta de fazer uma boa refeição em clima de festa, descontração e até um “quê” de balada. Os 130 lugares da casa são distribuídos entre o balcão e dois salões, um na área externa e outro no piso superior. A projeto é do escritório Domingo Arquitetura e Design, que valoriza o conforto, com sofás e as tão na moda cadeiras “retrô”. A luz focada sobre as mesas e sombreando os outros ambientes, a música eletrônica e a carta de drinks coloridos desenvolvidos por Gustavo Guedes completam o clima, que fica ainda mais despojado nas noites de quinta e sexta-feira, quando há discotecagem. Ainda assim, Fred garante que a ênfase da casa será sempre na boa cozinha. “Nossa proposta central é de um bom restaurante, não de uma casa noturna nos moldes convencionais”. Quem assina a gastronomia da casa é o chef William de Oliveira, que trabalhou durante 14 anos com Dudu Camargo e foi indicado por ele para assumir a cozinha do Contê. Ele desenhou um cardápio clássico, com os obrigatórios filé-mignon, peixes e crustáceos em receitas tradicionais. A novidade vem da apresentação: todos os pratos podem ser servidos em “versão minimalista”, em pequenas porções, de forma a serem degustados quase como tira-gostos para acompanhar os drinks. O
peixe branco com crosta de castanhas sobre creme de limão-siciliano e risoto de cogumelos, por exemplo, que custa R$ 78 no serviço normal, sai por R$ 54 na versão minimalista; o medalhão de filé-mignon ao molho de mostarda de Dijon é servido com arroz cremoso de morango por R$ 73 ou R$ 49 na versão minimalista; o atum selado com crosta de gergelim e duo de molhos de tamarindo e gengibre e cuscuz marroquino sai por R$ 82 ou R$ 56 nas pequenas porções. O menu minimalista é servido exclusivamente à noite. No almoço o Contê serve, além do menu normal, pratos executivos, que variam entre R$ 32 e R$ 59. Contê – Food and Drinks
403 Sul, Bloco D (3554.9474). 3ª e 4ª feira, das 12 às 15h e das 18 às 24h; 5ª, das 12 às 15h e das 18h à 1h; 6ª e sábado, das 12 à 1h; domingo das 12 às 17h. Fotos: Vini Goulart
POR LÚCIA LEÃO
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rasília vai receber, de 15 a 17 deste mês, a maior caravana já vista por aqui de empresários e profissionais do setor de alimentação fora do lar. Mais de 500, de todas as partes do país, vão se juntar a outros dois mil de Brasília – entre eles muitos estudantes de gastronomia – no 29° Congresso Nacional da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) e em eventos paralelos como o Mesa ao Vivo, espécie de reality show da gastronomia, com sessões de degustação, aulas e performance de chefs renomados, e a Vinum Brasilis, maior feira de vinhos nacionais realizada fora do Rio Grande do Sul, com a participação de 27 vinícolas. Com o tema “Conectar saberes, pessoas, iniciativas”, o congresso acontecerá em meio a expectativas bem mais otimistas do que nos últimos anos, alimentadas pela reforma trabalhista, pela regulamentação da gorjeta e por outros avanços que sinalizam um 2018 muito melhor para os bares e restaurantes. “Estamos no início de uma nova fase, em que vamos nos libertar de vários entraves, como o absurdo número de ações trabalhistas”, prevê o presidente executivo da Abrasel, Paulo Solmucci. Segundo ele, alguns pontos da reforma trabalhista – como a permissão de jornadas intermitentes e da terceirização – vão possibilitar maior absorção de mão
de obra, especialmente de jovens, que poderão conciliar trabalho e atividades escolares. Já a regulamentação da gorjeta eliminará o principal foco de causas trabalhistas, que deverão sofrer uma drástica redução a partir do ano que vem. “Agora, os acordos vão prevalecer sobre a lei”, comemora Solmucci. E sentencia: “O Brasil centralizado em Brasília faliu. Temos que começar a construir um novo país a partir das características e necessidades de cada uma de nossas cidades”. O congresso será aberto na noite de 15 de agosto, no Hotel Royal Tulip, com a presença das principais lideranças políticas e empresariais da gastronomia. Nos dois dias seguintes, no IESB da Asa Sul, os participantes terão uma espécie de curso intensivo de gestão empresarial, com palestras de empreendedores e profissionais do ramo gastronômico que vão dividir seus conhecimentos com o público, relatando cases de sucesso dos quais são protagonistas. A escalação dos palestrantes impressiona: Afrânio Barreira, do Coco Bambu; Robinson Shiba, da China In Box e Gendai; Marcos Livi, dos restaurantes Quintana e Veríssimo; Checho Gonzales, do Comedoria Gonzales; Renzo Garibaldi, do restaurante Osso, de Lima; Facundo
José Filho
Novos (e melhores) tempos
Paulo Solmucci, presidente executivo da Abrasel
Guerra, do Grupo Vegas; Alberto Weisser, da Sodexo; Percival Maricato, da Abrasel-SP; Carlos Azevedo, da Marktup; Josimar Melo, crítico da Folha de S. Paulo e da revista Restaurant; e, de Brasília, Janete Vaz, do laboratório Sabin, Alexandre Guerra, do Giraffas, e Gil Guimarães, da Baco Pizzaria e Parrilla Burger. 29º Congresso Nacional Abrasel
15 a 17/8 no Hotel Royal Tulip e IESB da Asa Sul. Preços de inscrições e mais informações em www.congressoabrasel.com.br.
Churrasco com grife Haverá espaço também para a confraternização. Como na noite de 16 de agosto, quando sete renomados chefs vão preparar um churrasco gourmet no restaurante Oliver, do Clube de Golfe. O argentino Adolfo Schneidewind e Tonico Lichtszejn, do 400quatrocentos, vão servir costela assada por oito horas com pão de alho defumado; Gil Guimarães, do Parrilla Burger, barriga de porco com legumes na brasa e alioli de páprica; Issa Attie, do BSB Grill, porco à paraguaia com farofa crocante de abacaxi; Marcos Livi, do Quintana, de São Paulo, cordeiro à Patagônia com abóbora cabochat, milho verde, charque e vagem; o peruano Renzo Garibaldi (foto), do Osso, assado de tira perfecto de leña com carbón de coco activado; e Nilson Favacho, do Oliver, pirarucu na brasa com purê de cará e vinagrete de feijão manteiga. Os comensais pagarão R$ 100 para experimentar todas essas delícias.
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Sessão nostalgia
Utensílios e equipamentos de qualidade para cozinhas profissionais e hotelaria, a preços atrativos, é o que oferece a nova loja da Shipper (antiga Schipper & Thompson), inaugurada no início do mês no Trecho 3 do Setor de Indústria e Abastecimento (tel. 3248.0020). São nada menos que quatro mil itens, parte deles à venda no outlet localizado no fundo da loja (foto), produzidos por uma centena de fornecedores nacionais e internacionais como WMF, Arcoroc, Bormioli Rocco, Matfer, Baucher, Schönwald, Nadir Figueiredo, Oster, Germer, Tramontina, Porcelana Schmidt e Robot Coupe. “Pretendemos nos consolidar como a maior e melhor loja para gastronomia do Centro- Oeste”, afirma Frank Kreppel, sócio da empresa fundada em 1992 e há quatro anos consecutivos premiada pela revista Hotéis a melhor do país. A nova loja funciona de 2ª a 6ª feira, das 8 às 18h30, e sábado, das 8 às 13h.
Essa é para quem costumava frequentar a feijoada do saudoso Mercado Municipal ao som do trio Choro a Granel. A partir de agora, o grupo vai animar, aos sábados, das 13 às 16h, a feijoada do Figueira da Villa (Acampamento DFL, Rua 1, Vila Planalto, tel. 3081.0541). Servida nas tradicionais cumbucas de barro, a feijoada completa, acompanhada de arroz branco, couve, farofa, torresmo e molho apimentado, custa R$ 44,90.
Cardápio reforçado 2 No Casero, de Águas Claras (Park Style Mall & Residence, Rua 25 Sul, tel. 3578.3939), a burrata com tomate cereja, azeitona e
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Para quem estiver disposto a gastar um pouco mais – ou muito mais – aí vão algumas outras possibilidades:
ou leitão assado ao molho de limão com purê de batatas (R$ 116) e, de sobremesa, creme de mascarpone com compota de frutas vermelhas e crumble (R$ 58). Barbacoa – ParkShopping, tel. 3028.1530 Costeletas de javali com alcachofra, shitake e tomates grelhados (R$ 98,20, com acesso ao bufê de saladas).
Dom Francisco – Asbac, no SCES, Trecho 2, tel. 3224.8429, e 102 Sul, Bloco B, tel. 3224.1634 Desconto de 20% no lombo de bacalhau assado na brasa, acompanhado de arroz de brócolis e farofa de ovos, no jantar de sábado e no almoço de domingo (R$ 104, individual, ou R$ 198,40, para duas pessoas). Sugestão de harmonização: o branco nacional Aurora Chardonnay (R$ 76,20) ou o tinto português Quinta do Encontro Touriga Nacional (R$ 73,65). Gero – Iguatemi Shopping, tel. 3577.5520 Menu composto de salada verde com salmão marinado (R$ 52), risoto de alho poró com codorna e presunto Parma crocante (R$ 103)
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Outra opção é o Restaurant Week, do qual participam mais de 70 restaurantes da cidade com menus completos aos preços de R$ 43,90 no almoço e R$ 54,90 no jantar. Reservas podem ser feitas pelo aplicativo gratuito, disponível para download nas lojas virtuais do iOS e Android, ou no site do festival (www.restaurantweek.com.br), onde você encontra também a relação dos participantes, descrição dos cardápios e fotos dos pratos.
Thomas BF
Sugestões para o Dia dos Pais Uma boa opção para homenagear o patriarca da família neste domingo sem gastar muito é o festival Panelas da Casa. Basta escolher um dos 15 menus disponíveis em 22 endereços, com entrada, prato principal e sobremesa ao preço de R$ 49. Para saber quem participa e o que cada um oferece é só acessar a fanpage do festival: Facebook:\Panelas-da-Casa.
Essa suculenta costela bovina vista aí abaixo, assada por 12 horas e tão macia que os ossos são facilmente removíveis, é uma das duas novidades do cardápio do Árabe Gourmet (404 Sul, Bloco A, tel. 3548.4888). A outra é a fassule, espécie de feijoada preparada com feijão branco, costela de porco, linguiça calabresa, carnes de cordeiro e de boi, paio, especiarias árabes e tomates frescos. O restaurante oferece também um menudegustação em três etapas: pastas árabes servidas com pães sírios, quitutes típicos – esfihas, kibes e mini falafels – e pratos quentes, entre eles a kafta e o arroz de cordeiro.
Musical Partner
Outlet de cozinheiros
Cardápio reforçado 1
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PICADINHO
O Pecorino (210 Sul, Bloco C, tel. 3443.8878) incluiu em seu cardápio de sobremesas dois tipos de petit-gâteau, um de chocolate e outro de doce de leite, servidos com sorvete (R$ 19 cada) e cinco novos sabores de sorvetes que vão dos clássicos italianos panna cotta, pistacchio, limoncello e cioccolato nero até o brasileiríssimo de creme com calda de chocolate e paçoca (qualquer um por R$ 15,80),
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Novas sobremesas
Novidade na Quituart
Executivo por R$ 19,90 E com a garantia de qualidade Dudu Camargo. Isso mesmo. Custa R$ 19,90 esse galeto desossado, marinado na cachaça, limão e alho e acompanhado de arroz oriental, servido no Dudu Bar Lago (QI 11, Bloco I, Lago Sul, tel. 3248.0184). Ele faz parte do cardápio executivo batizado de “Você tem fome de quê?”, junto com pratos um pouco mais caros, como o escondidinho de carne seca acebolada (R$ 32,70).
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Norton Grill – Meliá Brasil 21, tel. 3218.5550 Feijoada com direito a welcome drink de caipirinha e música ao vivo (R$ 75). Quem consumir a feijoada concorrerá a um jantar para duas pessoas no restaurante Dalí Camões (Bloco B do Complexo Brasil 21) e a uma diária para duas pessoas no Hotel Meliá Brasil 21.
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Rubaiyat – SCES, Trecho 1, tel. 3443.5000
Mixed grill: bife de chorizo, baby pork, frango caipira, linguiça de lombo, costela suína, legumes na grelha, arroz ou farofa (R$ 231, para duas a três pessoas). Para o homenageado do dia, um drinque especial de cortesia: o Corleone, preparado com cachaça, suco de abacaxi e Cedilla, um licor de açaí com sabor frutado de chocolate e especiarias.
Tejo – 404 Sul, Bloco B, tel. 3267.7005 Açorda de bacalhau, um refogado de azeite, alho e lascas de bacalhau com pão amolecido na água do cozimento, temperado com pimenta branca, sal e coentro picado e finalizado com uma gema de ovo (R$ 77). Prato criado na região do Alentejo para aproveitar sobras de pães. Sugestão de harmonização: vinhos brancos Quinta da Lapa e Tamaya Reserva Viognier, ambos por R$ 149. Nikkei – SCES, Trecho 2, tel. 2099.2460 Sobremesa de cortesia para os pais (Cocada Nikkei ou Tres Leches, torta peruana com calda de leite condensado, creme de leite, leite integral e rum, coberta com merengue italiano).
Domingo é dia de ossobuco na recém-inaugurada Casa Vale Gastrobar, dos jovens Juliana e Henrique Vale. Situado no mesmo espaço da Quituart (canteiro central do Lago Norte, na altura da QI 9) onde antes funcionava o Vila Esperança, tem no cardápio das noites de quinta, sexta e sábado porções de petiscos caprichados como palito de muçarela (R$ 23), batata frita com chedar e bacon (R$ 25) e croquete com gorgonzola (R$ 26). O carro-chefe do almoço de domingo é o ossobuco (foto) servido com aligot em generosa porção ao custo de R$ 42. Para harmonizar, Henrique sugere as cervejas Heineken e Original (600ml, R$ 12).
DuoO – 103 Sul, Bloco C, tel. 3224.1515 Almoço funcional em três etapas: salada de carpaccio de pupunha ou dadinhos de tapioca, risoto grelhado e filé mignon em redução de vinho tinto ou parmegiana de frango sem glúten com arroz integral, e flan de coco com calda de abacaxi ou sorvete de banana com caramelo e paçoca de castanhas (R$ 49,90). Brace – 404 Sul, Bloco A, tel. 3323.7414 Porção especial de costela assada na parrilla, para duas ou três pessoas, acompanhada de arroz com brócolis, vinagrete e farofa de ovos (R$ 129).
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pimentão da foto acima (R$ 54,90) e a picanha a palito com fritas ou mandioca (R$ 59,90) são algumas das 14 novas entradas. Entre os principais, o carré de cordeiro temperado em ervas finas ao pesto de hortelã, acompanhado de purê de batata barôa e arroz com amêndoas (R$ 74,90), e três pratos à base de carnes vermelhas: filé grelhado com batata sautée, ao molho de champignons frescos com purê de batatas ou arroz com amêndoas e tornedor com brócolis e tomate, todos por R$ 49,90.
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GARFADAS&GOLES
Restaurante? Já temos história.
LUIZ RECENA
lrecena@hotmail.com
Hoje estou sem assunto. Frase recorrente de cronistas, que não uso. Sempre tive assuntos, muitos temas para cada coluna desta tão querida Roteiro. O que me acicata (cutuca) desta vez é uma certa falta de palavras e conceitos para elogiar comida e cozinheiro: Francisco Ansiliero. À minha mesa, melhor, junto a mim sentados, estavam: Marimassô, princesa de ascendência egípcia, que veio ver encher o Lago Paranoá e desenhar as pirâmides do Vale do Amanhecer, ao lado de Tubamsés, primeiro e único, entidade que aqui passou, alguém levou e a saudade ficou. Um fofo casal Veronesi (ela vai gostar, ele não: é o mau humor mais gentil do nosso mundo gastronômico...). Hamú, um nome aristocrático: Fátima, para que não haja dúvidas. Existe homem “lady”? Serão 50, tantos assim, os tons de macho? Pois Maximus Marar é um gladiador de pétalas de rosas... às vezes usa um espinho em defesa, um “Charles” e voilà! Touché e acabou. Ficam sempre o charme e a elegância. Sobram-me dois vultos: o claro e a sombra. A dialética é impiedosa, até mesmo num passeio de barco pelas águas do Paranoá, para comemorar os 29 anos do restaurante Francisco, um marco na história da gastronomia de Brasília. E da cidade também. Um homem que quebrou e mudou alguns paradigmas. À minha direita, sempre, o meu querido editor Adriano. Tranquilo. Vindo de almoço escocês, feliz chegou e até o fim assim ficou. Não pautou, exigiu, pediu. Cronista respira fundo e agradece. A novidade, pura simpatia, ao lado do gladiador estava e assim ficou. Carinhas, boquinhas, piscadelinhas, jeitosinhos, sérios momentos ao falar dos vinhos: entende e muito. Um encanto e uma surpresa, não importa a ordem. Um Su! – diria nosso imortal Ibrahim. O barco deu a volta e era hora de sair. De tudo, do barco, do jantar maravilhoso, da fantasia que uma festa dessas produz. Sair da fantasia significa voltar à realidade: pai, filha e família fizeram, mais uma vez, um carinho inesquecível aos amigos e parceiros de quase três décadas. E quem não sabia elogiar o homenageado aprendeu. Obrigado, Francisco, pelos pratos e histórias desses 29 anos.
Cisnes brancos
O barco zarpa, marujo grita, capitão fuma cachimbo, ondas ainda minúsculas assustam: e agora, nesta tarde fria, o que será de nós? Ah! Temos Eliane, a musa do Almirantado; o capitão Fausto do Nautillus, a surpreendente Nati, a que muda até números de idades para deixar todo mundo tranquilo. “Ao mar, destemidos argonautas da Capitania do Gran Legado Reserve Brut”. Fomos felizes e assim voltamos. Um pouquinho mais e seríamos “cisnes brancos em noite de lua”. A Solos, o Francisco e turma foram perfeitos.
Cardápio clássico
Salada de bacalhau, bacalhau em postas com arroz de brócolis, torta de castanhas do Pará com sorvete. Um branco e um tinto de qualidade. Só que o espumante do início roubou a cena e nela ficou por muito tempo. Tudo clássico, como mandava o figurino.
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Shopping e vinho
O que era bom ficou melhor: a D.O.C. Vinhos, do Venâncio 2000, está crescendo e mantendo clientela que gosta de beber com boa relação qualidade/preço; abriu nova loja no Boulevard Shopping, com promoções e coisas novas. Rotschild chileno, carmenere ou merlot, sucesso do dia dos pais. Vale conferir.
Bagas que derrapam...
Surpreendente! A Vintage do Iguatemi cochilou no cuidado do que vende. Horas tentando tirar a oxidação/ferrugem da tampa de um espumante português! E olha que sou dos mais pacientes da face do Lago Norte... Felizmente a simpatia das moças superou a quase-tragédia. E o Prime, espumante português “bruto”, foi trocado. Limpinho, bebido com muito gosto. É novidade. É bom. Olho vivo!
PÃO&VINHO
Preciosidades ibéricas Acabo de voltar da minha viagem de férias de inverno. Quer dizer, inverno aqui, porque na Europa, mais especificamente em Portugal e no sul da Espanha, nos sentimos nas portas do inferno. Ainda que tenhamos tido uma noite ou outra mais fresca, o tom da viagem foi de verão insano. Em alguns lugares chegamos a sofrer temperaturas acima dos 40oC. Daí o dilema diuturno: vinhos brancos ou tintos? O clima indicava quase sempre os brancos, que de fato consumimos bastante, mas a origem é de tintos, sem dúvida. Grandes tintos de Portugal e da Espanha. A primeira refeição memorável foi logo no segundo dia da viagem. Em visita a Sintra e Cascais, fomos ao unânime Porto de Santa Maria, restaurante delicioso na Praia do Guincho. Menu-degustação com direito a queijo azeitão, maravilhosos bolinhos de bacalhau e muitos peixes e frutos do mar. Tudo excelente, mais ainda acompanhados de três dos melhores brancos da terrinha: Pêra Manca 2014, das duas mais importantes castas brancas do alentejo, Antão Vaz e Arinto; Quinta dos Carvalhais Encruzado 2014, esta a principal casta branca do Dão; e, para finalizar, Redoma 2015, considerado por muitos o melhor branco português e composto, como é típico do Douro, de um verdadeiro pot-pourri de castas, em especial a Rabigato. O Pêra Manca, de cor amarelo-palha, trouxe notas minerais e bom frutado. Em boca se apresentou seco, macio, de bom corpo e acidez agradável, bem gastronômico. O Quinta dos Carvalhais, amarelo-palha com toques dourados, trouxe ao nariz um toque amanteigado, com frutos secos e mel. Em boca percebe-se a agradável influência do carvalho e revive os frutos secos e os toques de mel, com acidez viva e um final prolongado. E o Redoma, amarelo-palha com toques esverdeados,
ALEXANDRE FRANCO pao&vinho@agenciaalo.com.br
estava fresco, delicado e mineral, lembrando seixos brancos, além de agradáveis notas defumadas e cítricas, finalizando com flor de laranjeira. Em boca, sua leve cremosidade e ótima acidez o tornam magnífico para a comida. Da Espanha, embora tenham sido muitos os caldos de alta qualidade que sorvemos, ficarei com dois dos melhores tintos que acompanharam as duas melhores refeições por lá. O Arzuaga Reserva 2011, excelente Ribeira que acompanhou nosso jantar no Parador de Alhambra, e o maravilhoso Pintia 2011, a obra-prima que a Vega Sicilia produz na região de Toro, que tomamos junto ao menudegustação do Parador dos Reis Católicos. O Arzuaga, composto principalmente de Tempranillo, mas com toques de Merlot e Albillo, 90 pontos de Parker e 92 do Penin, de um vermelho cereja intenso, com nariz a frutas vermelhas maduras, toques de tomilho, louro, café e couro, além de toque amadeirado. Na boca é sedoso e longo, com boa acidez em corpo médio e firme, de taninos elegantes. O Pintia é obra de arte. De rubi intenso e profundo, com ameixa madura e passas no aroma, além de toques de carne, de cravo, canela e alcaçuz, especialmente o alcaçuz. Com corpo de médio a pleno, traz boca de frutas maduras e final levemente amargo. Excelente! E finalmente, no Douro, a melhor refeição da viagem se deu no único duas estrelas Michelin de Portugal, o Yeatman. Lá degustamos um esplendoroso menu harmonizado a cada prato com uma taça do vinho escolhido pelo sommelier. Destes, que foram muitos, devido à falta de espaço nesta coluna, apenas citarei as duas melhores surpresas: o Quinta de Sant’Ana 2015, um late harvest de Riesling da região de Lisboa, e o Quinta das Tecedeiras Reserva 2013, de diversas castas durienses.
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DIA&NOITE
Esse é o nome do documentário que conta histórias nascidas da dor, do sofrimento e da superação dos habitantes de Morada Nova de Minas, a partir da chegada das águas da Hidrelétrica de Três Marias, na década de 1960. Produzido e dirigido por Mônica Ribeiro, o curta-metragem de 11 minutos, realizado entre 2016 e 2017, mostra os impactos socioeconômicos, culturais e ambientais provocados pela construção dessa hidrelétrica. “Segundo os moradores, em 1959, um avião do governo federal sobrevoou a região deixando cair bilhetes informativos de que a água chegaria em cerca de dois anos. Com a inauguração da Hidrelétrica de Três Marias, dois meses depois do episódio, a chegada das águas devastou os roçados e as plantações, levando com eles toda a história de vida e de trabalho dos moradores da região”, lamenta a diretora. O filme traz relatos de sobreviventes que, mesmo impedidos de seguir na lavoura, permaneceram na cidade e conseguiram se reerguer diante daquela que era então sua maior inimiga: a água. O curta concorre a prêmio no 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e pode ser visto em www.youtube.com/ watch?v=nSTN6Ci645I
filmenovonoplanetário
qcultural A música instrumental brasiliense tem agora um novo palco para se expressar. É o estacionamento 6 do Setor Comercial Sul, que toda quinta-feira, a partir das 17h30, serve de palco para artistas locais. Com o intuito de revitalizar a região, o projeto Q Cultural celebra arte, empreendedorismo e ocupação de espaços públicos para valorização da cultura. Por lá já passaram, entre outros craques, Dudu 7 Cordas e o cavaquinista Pedro Vasconcelos. De acordo com Thiago Jarjour, secretário adjunto do Trabalho e um dos responsáveis pelo projeto, o Q Cultural se tornou um ponto de encontro para a população. "Isso é lindo de se ver. Um lugar que antes era tido apenas como ponto de drogas eprostituição agora é conhecido como celeiro das artes e do empreendedorismo”, diz Jarjour. Além das atrações artísticas, food trucks, food bikes, brechó colaborativo e intervenções de artistas de rua fazem parte do encontro, que já caiu nas graças dos descolados da cidade. Entrada franca.
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Depois de mais de quatro anos sem nenhuma estreia, um novo filme entra para a programação do Planetário de Brasília. Trata-se de Da Terra para o universo, uma impressionante viagem através do espaço e do tempo, projetada em uma gigante tela de 360°. Os espectadores são levados a um passeio pelas estrelas, Via Láctea e além dela. O filme explica ainda a trajetória dos estudos astronômicos, os planetas do sistema solar e a invenção dos telescópios. Mostra também imagens reais de nebulosas. As sessões serão sempre às quartas e sextas-feiras, às 19h, e nos finais de semana e feriados às 17h30. Mais informações: 3224.7970.
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Uma mistura de documentário e ficção. Dia 17 de agosto, às 19h30, o Instituto Cervantes (707/907 Sul) apresenta El portón de los sueños, filme sobre Augusto Roa Bastos (1917-2005), um dos maiores escritores paraguaios. Dirigido pelo também paraguaio Hugo Gamarra, mergulha sobre o universo imaginário do autor e é protagonizado pelo próprio. Rodado no Paraguai em 1994, ao longo de seis meses, e finalizado em janeiro de 1998, o filme homenageia o centenário de nascimento do escritor que, em 1989, recebeu o Prêmio Miguel de Cervantes. Declarado de Interesse Educativo-Cultural pelo Ministério de Educação do Paraguai e utilizado em aulas nas escolas e universidades no país, já foi exibido em mais de 40 países e recebeu prêmios e distinções em diversos festivais da América e da Europa. Dura 87 minutos e é legendado. Entrada franca.
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Agustín Nuñez
lánamorada
portadossonhos
Sartoryi
aurora “Houve um tempo em que a Lua esteve muito perto de nós. Havia noites em que a Lua estava tão baixa e as marés tão altas que faltava um fio para que se encontrassem...” Esse é um dos trechos de Aurora – Entre a escuridão e a luz, espetáculo teatral que parte do conceito do dramaturgo italiano Pirandello (18671936) segundo o qual não existe uma verdade absoluta, mas interpretações que prevalecem umas sobre outras. Concebido pelo diretor e artista visual Fernando Guimarães, parte de vivências pessoais e trechos de textos de Anne Rice, Gabriel García Márquez, Ítalo Calvino, Jean Genet, Nélson Rodrigues, Paulo Paniago, Rubem Fonseca, Sergi Belbel e, em especial, Virginia Woolf. Até 20 de agosto, de quinta-feira a domingo, às 20h30, no Teatro Dulcina de Moraes, com entrada franca (retirada de senhas com uma hora de antecedência).
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designgráfico Desde que foi criada, há 25 anos, a Bienal Brasileira de Design Gráfico expôs cerca de três mil projetos e se tornou um tradicional ponto de encontro dos profissionais, educadores e estudantes do design nacional e internacional. A boa novidade é que o encontro realizado pela Associação dos Designers Gráficos (ADG) chega à Caixa Cultural de Brasília, em mostra que reúne 50 obras premiadas. Foram 1.391 os trabalhos inscritos de todo o país, sendo 500 selecionados por uma comissão formada por 90 designers de 20 países. Além dos projetos de design gráfico, também foram escolhidos trabalhos de design de produtos, de moda, mídia interativa, quadrinhos, publicidade e arquitetura. Segundo o curador Bruno Porto, a vinda da bienal para Brasília representa um reconhecimento da qualidade e do crescimento do mercado de design na região. “Este momento serve para refletirmos sobre as conquistas, discutirmos rumos e traçar planos, promovendo um intenso diálogo entre inovação, empreendedorismo, cultura, desenvolvimento econômico, sustentabilidade e sociedade”, explica. Até 10 de setembro, de terça a domingo, das 9 às 21h, com entrada franca.
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sebastiãosalgadovemaí
mulherfelicidade
salãodeartes Divulgação
“A figura feminina que Chris nos apresenta traz uma delicadeza que não se confunde com fragilidade, posto que se apresenta confiante nos termos de sua própria elegância e alegria até mesmo ante as dores ordinárias e extraordinárias do existir”. Assim Roselena Campos, curadora da exposição Feminino, define o trabalho de Chris Contreiras, em cartaz no primeiro piso do Pátio Brasil até 31 de agosto. “A tinta acrílica chega às telas em cores quase puras, com pinceladas hábeis e fortes que formam uma mulher, uma pessoa plena que, naquele momento em que emerge na tela, transmite a inspiração da felicidade”, completa a curadora. Brasiliense, Chris Contreiras é também psicóloga. “A psicologia me proporciona ver o caminho da busca. A arte me proporciona andar por ele”, explica a artista. De segunda a sábado, das 10 às 22h, e domingo, das 14 às 20h. Entrada franca.
© Sebastião Salgado / Amazonas images
Êxodos. Assim foi batizada a mostra com acervo de fotografias de Sebastião Salgado, que chega no fim do mês à Caixa Cultural. Lá estarão registros impressionantes de pessoas que foram obrigadas a deixar sua terra natal para fugir da miséria, da repressão e das guerras. O premiado fotógrafo brasileiro viajou por 40 países ao longo de seis anos para realizar esse trabalho, que traz a esperança em meio ao caos, abordando temas como a pobreza na África, o êxodo rural e a urbanização caótica na América Latina. “Mais do que nunca, sinto que a raça humana é somente uma. Há diferenças de cores, línguas, culturas e oportunidades, mas os sentimentos e reações das pessoas são semelhantes”, define Salgado. De 30 de agosto a 29 de outubro. Visitas de terça a domingo, das 9 às 21h, com entrada franca.
Quem foi bom aluno de História deve se lembrar que a Batalha Naval do Riachuelo foi a principal disputa ocorrida durante a Guerra do Paraguai. Tem esse nome porque aconteceu nas margens do Rio Riachuelo, um afluente do Rio Paraguai (situado na província de Corrientes, Argentina), a 11 de junho de 1865. O fato é relembrado há quase 40 anos durante a realização do Salão de Artes Riachuelo, promovido pelo Comando do 7º Distrito Naval. Com a proposta de estimular as artes plásticas, homenageia este ano Darlan Rosa, que também fez parte da comissão julgadora do prêmio. A exposição em cartaz até 26 de agosto no CTJ Hall (706/906 Sul) apresenta as melhores telas desta 39ª edição, entre elas Mar existencial, da artista Clai, primeira colocada no tema Marinha, e Lago Balaton – Hungria, menção honrosa para a artista Vidnik. Na categoria tema livre, a obra premiada foi o Eixo cósmico, da artista Brauner, e a menção honrosa ficou com a obra Superfície mínima associada ao catenoide, da artista plástica Keti. De segunda a sexta, das 9 às 20h, e sábados, das 9 às 12h, com entrada franca.
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promundoficarodara O pretexto da festa é nobre: comemorar os 75 anos de vida de Caetano Veloso e os 50 anos de surgimento da Tropicália, movimento musical que ele liderou ao lado de Gilberto Gil. A Festa Odara deste ano será no dia 18 de agosto, às 23 horas, na Flutuante Laguna (SCES, Trecho 2, perto da ponte JK e do restaurante Mangai). Tudo começou em 1967, durante o 3º Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, quando Caetano e Gil cantaram Alegria, alegria e Domingo no parque, acompanhados por bandas que empunhavam as então temidas guitarras elétricas. A partir daí, a música e a cultura brasileiras nunca mais foram as mesmas. Participaram da Tropicália, entre outros, Gal Costa, Tom Zé, Os Mutantes, Nara Leão, Jorge Ben, o maestro Rogério Duprat, os letristas e poetas Torquato Neto e Capinam. A Festa Odara vai explorar as canções mais emblemáticas do tropicalismo, além de revisitar a obra de Caetano Veloso. Ingressos a partir de R$ 20, à venda em www.ingresse.com.
Paula Carrubba
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A saxofonista Paula Van Goes (foto) e a pianista Maria Di Cavalcanti são os destaques do CTJ Hall (706/906 Sul) no dia 18 de agosto, às 18h. Além de musicista de câmara e solista, Paula é professora de saxofone na Universidade de Brasília, destacando-se como a primeira norteamericana e a primeira mulher a ensinar saxofone em universidade brasileira. A pianista Maria Di Cavalcanti é doutora e mestre em piano pela Louisiana State University (EUA). Nos Estados Unidos, como pianista e cravista, integrou diversos grupos de câmara, foi pianista da banda sinfônica da Louisiana State University e participou de diversos concertos da Louisiana Symphony Orchestra. A dupla se apresenta no projeto Sextas musicais, com entrada franca.
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bluesnosudoeste Divulgação
Ao tradicional baile da saudade do Clube dos Previdenciários (712/912 Sul) soma-se agora o Bailame!, novo projeto mensal de André Gonzales, ex-vocalista da banda Móveis Coloniais de Acaju. Dia 3 de setembro ele se transforma no Sr. Gonzales, personagem livremente inspirado no cantor da Velha Guarda Carlos Galhardo (1913-1985), e interpreta, no mesmo salão do Previ, músicas do repertório de Francisco Alves, Carlos Galhardo e Orlando Dias a Tetê Espíndola, Cazuza e Só Pra Contrariar. A Serenata Orquestra, que acompanha Gonzales, é composta pelos companheiros Esdras Nogueira (sax, flauta e maracas), Fernando Jatobá (guitarra, baixo e bongo) e Dr. Dreher (teclados, vibrafone e sintetizadores). O baile dançante embalado por André Gonzales tem como principal proposta unir gerações em torno de uma boa música e colocar todo mundo para dançar juntinho. A partir das 16h, com ingressos a R$ 30 e R$ 15.
O guitarrista e pesquisador de blues Antonio Augusto fundou há 20 anos, aqui em Brasília, a Geriatric Blues Band, formada por profissionais liberais apaixonados pelo ritmo nascido no delta do Rio Mississippi, no início do Século 20, e rapidamente difundido para todos os cantos do mundo. A banda se apresenta dia 16 de agosto, às 20h, na Casa Thomas Jefferson do Sudoeste (EQS 301/302). Além de Antonio Augusto, na guitarra, fazem parte da banda Bemol, no vocal, Daniel Costa, na guitarra, Luciano Tenório, no saxofone, Paulo Coelho, baixo e vocal, Rogério da Silva, bateria, e Ron Lemos, nos teclados. No repertório, claro, sucessos marcantes dos craques do blues, como Muddy Waters, Howling Wolf, Buddy Guy e Etta James, além dos mais contemporâneos Ray Vaughan, Robert Cray e Joe Bonamassa. Entrada franca.
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DIA&NOITE
Bruno Castaing
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Vão até 27 de agosto as inscrições para a segunda edição do Festival Santo Bunker. A proposta é abrir portas para artistas iniciantes de Brasília. Bandas de rock, blues, folk, reggae e também de música pop podem se inscrever no site www.santobunker.com.br. As candidatas farão tributos, no formato conhecido como cover, mas também haverá uma seletiva composta por bandas autorais. As apresentações serão realizadas em diversas casas noturnas das principais regiões da cidade. As finalistas receberão prêmios em forma de instrumentos musicais, ensaio fotográfico, cursos de música, horas de estúdio para gravação e ensaio, entre outros vários impulsos gerados pelo festival. O Festival Santo Bunker teve sua primeira edição em 2016, com o apoio da casa noturna Santa Fé. Mais de três mil pessoas compareceram ao festival, que levou aos palcos 30 novas bandas do Distrito Federal.
cançõesecanciones Composições dos brasileiros Villa-Lobos, Francisco Mignone, Cláudio Santoro, Camargo Guarnieri, Marlos Nobre, Waldemar Henrique e Osvaldo Lacerda, e dos espanhóis Manuel de Falla e Joaquim Rodrigo, estão no programa do recital Canções e canciones, apresentado pelos grupos Nós nas Madeiras e Cia. Ópera de Brasília, no Instituto Cervantes (707/907 Sul). Originalmente concebidas para voz e piano, as músicas selecionadas foram adaptadas para voz e trio de sopros formado por flauta, clarinete e fagote. As cantoras Vilma Bittencourt e Henriqueta Mattos formam o grupo Cia. Ópera Brasília, que se especializou em releituras contemporâneas de óperas tradicionais. Formado por Sidnei Maia, Fernando Machado e Cristina Porto, o Nós nas Madeiras dedica-se principalmente à interpretação da música erudita de câmara. Dia 31 de agosto, às 20h, com ingressos a R$ 40 e R$ 20, à venda na secretaria do Cervantes a partir de uma hora antes do recital. Informações: 3242.0603.
manualdochoro Esse é o título do livro escrito pelos músicos Henrique Neto e Dudu Maia, a ser lançado dia 26 de agosto, às 21h, no Clube do Choro. De acordo com os autores, a obra é fruto de quase duas décadas de experiência da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello, a primeira dedicada exclusivamente ao ensino do gênero no Brasil, fundada aqui em Brasília, em 1998. O violonista Henrique Neto, coordenador da Escola, e o bandolinista Dudu Maia estudaram o legado de alguns dos maiores nomes da música popular brasileira, como Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Ary Barroso, Garoto, Radamés Gnatalli e Waldir Azevedo, entre outros. Mais do que coincidências, eles perceberam que havia uma autêntica conexão entre muitas composições dos grandes mestres separadas no espaço e no tempo. Preço de lançamento: R$ 40.
arteinclusiva Trabalhos de alunos que cursaram as oficinas de arte do Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural podem ser vistos até 30 de agosto no Centro Cultural Câmara dos Deputados. Para comemorar os dez anos dessa instituição, a mostra Dez anos de inclusão apresenta obras de pessoas com deficiência intelectual ou em situação social vulnerável, inspiradas em artistas contemporâneos brasileiros, como Cláudio Tozzi, Gustavo Rosa, Caciporé Torres e Ivald Granato, que ensinam os participantes. Do figurativo ao abstrato, da aquarela ao espatulado, as telas são a representação do sentimento de cada aluno e contam histórias por meio das composições com cores e formas geométricas ou orgânicas. Fundado em 2007, o Instituto Olga Kos é uma associação sem fins lucrativos que desenvolve projetos artísticos e desportivos que já beneficiaram 14 mil crianças, jovens e adultos com deficiência intelectual ou em situação social vulnerável. De 9 às 17h, no Espaço Mário Covas (Anexo II).
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O corpo vira música, a música vira dança. Sapateado, guitarra, bateria e tuba marcam presença no espetáculo Saguibatu, em cartaz na Caixa Cultural de 18 a 20 de agosto. Estrelado pelos norte-americanos Mark Lambert, Jimmy Duchowny e Steven Harper, e pelos brazucas Adriana Salomão e Thiago Osório, o espetáculo de dança e música apresenta o enlace entre o som e o movimento. O nome exótico Saguibatu nada mais é do que a união das primeiras sílabas de cada elemento que compõe o espetáculo: sapateado, guitarra, bateria e tuba. No roteiro musical, Brasil e Estados Unidos: jazz, chorinho, funk, pop, dança contemporânea, sapateado, samba, percussão corporal. Sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 19h, com ingressos a R$ 20 e R$ 10, à venda na bilheteria da Caixa Cultural (3206.6456).
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Diego Bresani
QUEESPETÁCULO
Tsunami
Teatro, invenção e liberdade POR ALEXANDRE MARINO
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Difvulgação
Cena Contemporânea, Festival Internacional de Teatro de Brasília, vai partir para a briga em sua 18ª edição, que começa em 22 de agosto e ocupa a cidade e todo o Distrito Federal até 3 de setembro. “Diante de tudo o que está acontecendo no país, vamos fazer um evento completamente po-
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Black off
lítico, na escolha dos espetáculos, na interferência nos espaços, na defesa dos direitos das minorias e sobretudo na liberdade”, anuncia o curador Alaor Rosa, lembrando que permanece o critério que norteou o Cena desde o início, que é a alta qualidade dos espetáculos. A programação deste ano aborda temas como tolerância, liberdade, respeito às diferenças e muita invenção, trazendo espetáculos de quatro países – Espanha, França, África do Sul e Colômbia –, além de diversos Estados brasileiros e Distrito Federal. O evento investirá mais forte na formação, com a participação de professores universitários de várias áreas nos debates e oficinas que tradicionalmente fazem parte da programação. O Cena Contemporânea trará de volta a Brasília o artista performático Maikon Kempinski, do Paraná, que no dia 15 de julho foi preso pela Polícia Militar na praça do Conjunto Cultural da República sob acusação de ato obsceno. Maikon estava apresentando seu espetáculo DNA de Dan quando policiais invadiram a bolha de plástico em que atuava nu, danificaram o cenário, o obrigaram a
entrar numa viatura e o levaram para uma delegacia, com sirenes ligadas e sob escolta de motociclistas. “Isso pegou muito mal para a cidade, e decidimos incluir o espetáculo para deixar claro a políticos, religiosos e à população em geral que nudez artística não é pornografia”, diz Alaor Rosa. “Temos que tirar a mágoa do artista, que está levando esse mesmo espetáculo a várias partes do mundo, e mostrar que nós somos uma cidade que pulsa, pensa e faz.” Depois de discutir a questão com autoridades do governo, Alaor anuncia que a Polícia Militar fará um isolamento e garantirá a segurança do espetáculo, que será realizado no mesmo local do incidente. DNA de Dan é uma dança-instalação que acontece dentro de um ambiente inflável, em que uma substância gelatinosa é aplicada sobre o corpo do artista, que permanece imóvel até que ela seque. Em seguida, ele inicia uma dança, abordando de forma metafórica a interação do ser humano com o ambiente artificial. O espetáculo acontece em 2 de setembro, a partir das 17h, na área externa do Museu da República.
contexto de dificuldade de entendimento. Dias 25 e 28 de agosto, no Plano Piloto e Taguatinga. O Cena Contemporânea também se preocupa este ano em ocupar espaços inesperados da cidade, como o Parque Olhos d’Água, na Asa Norte, e a Praça da Bíblia, na Cidade Estrutural. “Como todos sabemos, vivemos uma crise de espaços culturais em Brasília, e por isso fizemos uma programação de ocupação de ruas, parques e praças. Muitos espaços continuam fechando, e esses núcleos de resistência, que não contam com apoio oficial, não têm como se manter.” Da Espanha virá o espetáculo Barro rojo, de Daniela Molina, Linda Wise e Javier Liñera, autor do texto e intérprete. Trata-se de história ambientada na Alemanha nazista, durante a Segunda Guerra Mundial, quando o personagem foi encarcerado num campo de concentração por causa de sua homossexualidade. Terá apresentações no Plano Piloto, Gama, Ceilândia e Taguatinga, entre 23 e 27 de agosto. Teatro de rua
O festival será aberto pela Andaime Companhia de Teatro, do Distrito Federal, que apresentará no dia 22 de agosto, na Praça do Shopping Conjunto Nacional, o espetáculo Poéticas urbanas. É puro teatro de rua, e o texto reúne poemas vertidos em pequenas cenas, em linguagem que mistura teatro e performance, e fala de amor nos tempos virtuais. No mesmo dia, o espetáculo Black off, da Companhia Manaka Empowerment Productions, da África do Sul, estreia no Teatro da Caixa, para três dias Gustavo Amora
Outra peça que promete gerar muita polêmica é O evangelho segundo Jesus, rainha do céu, texto de Jo Clifford adaptado por Natália Mallo e interpretado por Renata Carvalho, de São Paulo. Trata-se de um monólogo que traz para a atualidade um Jesus Cristo travesti. O texto aborda passagens do Livro de Gênesis e de alguns evangelhos, e reinterpreta parábolas bíblicas, propondo sempre uma reflexão sobre a opressão e a intolerância sofridas pelas minorias. Entre 28 e 31 de agosto, o espetáculo será apresentado em teatros de Brasília, Taguatinga, Ceilândia e Gama. “Alguns desses espetáculos interessam muito à periferia, onde as pessoas estão habituadas a não ter direito, a ser maltratadas”, avalia Alaor Rosa. “Nosso objetivo é dar voz a esses grupos sem voz, e por isso dialogamos muito com grupos marginais, trazendo-os para o Cena.” É o caso de Teto e paz, espetáculo realizado pela Companhia La Casa Incierta, do Distrito Federal. O grupo trabalha com jovens abrigados nas unidades de acolhimento de Brasília. Cinco desses jovens, que já viveram nas ruas, dividem a cena com atores profissionais. O trabalho anterior do grupo, Meninos de guerra, nos mesmos moldes, obteve excelente repercussão na cidade. Será apresentado nos dias 26 e 27, no Teatro da Caixa. De Brasília também se apresenta um espetáculo sem palavras – Tsunami, de Jonathan Andrade. É uma narrativa desenvolvida com gestos, ações, imagens poéticas e não-verbais, levando o espectador a refletir sobre o mundo contemporâneo, por meio de temas como amor, solidão, utopia, compaixão e esperança, num
Mateo Pérez Fraile
Contra a intolerância
Barro rojo
de apresentações. Nos dias 25 e 26 será apresentado na Ceilândia e no Gama. Trata-se de uma montagem em tons ácidos e críticos, em que o pensamento racista se revela uma construção histórica, ativando reflexões sobre o preconceito. A programação do Cena Contemporânea é composta de 22 espetáculos que falam sobre ética, violência, poder e colocam a inventividade a serviço desse debate. Ocupa os principais palcos do Distrito Federal, como o Museu Nacional, o Teatro Funarte Plínio Marcos, a rede do Sesc (Plano Piloto, Ceilândia, Taguatinga e Gama), além de numerosos espaços alternativos, como Imaginário Cultural, de Samambaia, e Lieta de Ló, de Planaltina. Mas o Cena Contemporânea não será feito só de espetáculos. Entre as chamadas atividades formativas haverá ações polêmicas. Uma delas será a produção de uma foto de nudez artística que pretende ter o maior número de corpos nus da história do DF. O clique será de responsabilidade do fotógrafo brasiliense Kazuo Okubo, após uma oficina sobre fotografia e corpo nu, comandada pelo ator curitibano Maikon K – o mesmo que foi preso em julho no Conjunto Cultural da República. Também promete dar o que falar a residência artística Dionísia, que ocupará três dias em uma mansão do Lago Norte, com nomes de destaque do teatro brasiliense. Cena Contemporânea – 18º Festival Internacional de Teatro
De 22/8 a 3/9 em vários teatros e espaços alternativos do DF. Programação completa em www.cenacontemporanea.com.br.
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QUEESPETÁCULO
O idioma universal
do balé
Chegam a Brasília, em setembro, duas peças de Tchaikovsky, duas histórias de amor romântico interpretadas pela linguagem única dos movimentos corporais e dos sons POR ANA VILELA
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que é necessário para a compreensão de um espetáculo de balé? Alguns dos cinco sentidos. Audição, visão, coração e alma. Porque a linguagem da dança é universal. É o idioma do corpo. Quanto Kateryna, Tatiana, Jan, Stanislav e Anastasiya se vestem e se investem de Odette, Aurora, Odile e Siegfried, entoam no palco uma única língua:
a língua dos gestos, dos corpos em movimento. E será esse o idioma que o público interpretará no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em 1º de setembro, ao assistir à apresentação do Kiev Ballet, o Balé Nacional da Ucrânia: corpos-encenação e a música de Piotr Ilyich Tchaikovsky neles inscrita. Foi em 1867 que se levantaram pela primeira vez as cortinas da Ópera Nacional da Ucrânia, em um 27 de outubro, de acordo com o
calendário juliano, ou 8 de novembro, segundo o calendário gregoriano. Ali nascia também o Kiev Ballet, agora com apresentações pelo Brasil e pelo mundo em comemoração aos seus 150 anos. E Tchaikovsky, nascido em São Petersburgo (1840-1893), é o compositor homenageado nessa celebração que apresenta os clássicos O lago dos cisnes e A bela adormecida. O lago dos cisnes, primeira composição para balé de Tchaikovsky, é originário da versão francesa de um conto alemão suspostamente escrito por Ernst Theodor A. W. Hoffmann (1776-1822). Sua estreia, em maio de 1877, no Teatro Bolshoi, em Moscou, foi, no entanto, muito mal recebida. Inúmeras críticas foram feitas em relação a praticamente tudo: música, coreografia e produção em geral. O grande voo veio mesmo com a segunda versão, coreografada por Marius Petipa (atos I e III) e Lev Ivanov (atos II e IV), estreada em janeiro de 1895, no Teatro Mariinsky, em São Petersburgo. Porém, muito foi mudado no espetáculo, inclusive na própria história, com final menos trágico. No palco, Odette, uma jovem transformada em cisne pelo feiticeiro Rothbart, que ansiava em ver a filha Odile casada com aquele que seria o rei. Odette, a primeira de suas vítimas, é cisne de dia e, de noite, volta à forma humana. Para o feitiço acabar, a jovem precisa que algum homem lhe jure amor eterno. Certo dia, o príncipe Siegfried se acerca do lago e, ao anoitecer, assiste à transformação de Odette, que lhe conta toda a história. Um dos grandes desafios da bailarina principal é interpretar tanto o doce cisne branco, Odette, quanto o cisne negro e sensual, Odile, enfeitiçada pelo pai na noite de um baile para que se pareça com a rival, enganando o príncipe, de quem se torna noiva. O filme Cisne negro, de Darren Aronofsky, com Natalie Portman, é inspirado no espetáculo, trazendo de volta um desfecho mais próximo da tragédia do texto original. Já A bela adormecida, baseado no contos de fadas do escritor francês Charles Perrault, é o prólogo de uma obra de três atos, composta entre 1888 e 1889, com libreto de Marius Petipa e Ivan Vsevolojsky e coreografia de Marius Petipa. Sua estreia foi em janeiro de 1890, também no Teatro Mariinsky. A história, já tão conhecida, termina com final feliz entre príncipe e princesa. Mas, no balé, tam-
Kiev Ballet faz tour por vários países como o México, Japão, China, Canadá e Holanda. No Brasil, as apresentações terminam em setembro, depois de passar por diversas cidades, sempre dialogando com o público por meio dessas palavras que somente a música e o corpo sabem tão bem dizer, e que ultrapassam tempo e fronteiras. Kiev Ballet – A bela adormecida e O lago dos cisnes
1/9, às 21h, no auditório máster do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Ingressos (meia): R$ 220, R$ 160, R$ 130 e R$ 80. Classificação indicativa: livre.
Entre elas POR PEDRO BRANDT
D
Diego Bresani
iretor dos musicais Eu vou tirar você deste lugar – As canções de Odair José e O fole roncou – Uma história do forró, Sérgio Maggio decidiu dar vazão, em sua terceira criação nesse formato cênico, a uma antiga paixão musical, as cantoras de MPB que se popularizaram a partir da virada dos anos 1970 para os 1980. “Eu tinha todos esses vinis em casa por conta do meu irmão. Marina, Angela Ro Ro, Joana... E já na préadolescência ouvi muito Gal Costa e Bethânia. Foi um universo que me marcou. Pela primeira vez na música brasileira vo-
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bém entra em cena a grandiosidade da obra de Tchaikovsky, sendo a composição para esse espetáculo considerada ainda superior à de O lago dos cisnes, além da coreografia de Petipa. No corpo de baile do Kiev presente no Brasil encontram-se 33 bailarinos. Entre os destaques estão os solistas, igualmente premiados, Kateryna Kozachenko, que interpreta os cisnes negro e branco, Tatiana Golyakova, Jan Vaña, Stanislav Olshansky e Anastasiya Shevchenko. Consagrada uma das maiores companhias de dança do mundo, com 170 artistas e mais de 40 obras, neste ano o
Ao som de cantoras de MPB, musical celebra o amor lésbico
cê tinha canções falando abertamente do amor entre mulheres”, lembra o baiano radicado em Brasília. L, o musical nasceu também da constatação de Sérgio Maggio de que o amor lésbico é um tema raro no teatro. “Uma exceção seria As lágrimas amargas de Petra Von Kant, montado no Brasil no começo dos anos 1980. Não vi a peça, mas vi o filme do (Rainer Werner) Fassbinder”, conta o diretor. No musical, em temporada no teatro do CCBB até 1º de setembro, as atrizes e cantoras Elisa Lucinda, Ellen Oléria, Gabriela Correa, Luiza Guimarães, Tainá Baldez e Renata Celidonio vivem, em cena, as delícias e os conflitos de amar iguais. Na trama, uma renomada autora de novelas comemora com amigas o sucesso do primeiro folhetim a ter um triângulo amoroso formado por mulheres, mas a chegada de notícias inesperadas muda o destino delas. “Colocar personagens lésbicas em cena é simultaneamente um avanço e um atraso”, diz Elisa Lucinda. “Avanço porque já fomos muito pior há 20 anos com esse tema. Atraso porque mostra que infelizmente a realidade está muito mais adiantada do que a ficção, que deveria ser vanguarda. Tenho 30 anos de carreira e esta é a minha primeira personagem lésbica. Alguma coisa está errada aí”, afirma a atriz. Maggio, o diretor musical Luís Filipe de Lima (de espetáculos como Sassaricando) e Ellen Oléria, que tem três de suas
canções, Não lugar, Segundo ato e a inédita Molho madeira presentes na montagem, escolheram as músicas entre 90 selecionadas nas pesquisas para o espetáculo. “Em cena, elas funcionam não como ilustrativas, mas como narrativas. Algumas situações são resolvidas pelas canções”, explica o diretor. A dramaturgia foi montada a partir de uma seleção musical que privilegia canções não necessariamente as mais conhecidas de grandes cantoras brasileiras. No palco, as cantoras e as musicistas Carolina Setubal (baixo), Marlene de Souza Lima (guitarra), Nathália Reinehr (bateria) e Janá Sabino (teclado) tocam músicas originalmente interpretadas por Cássia Eller (Gatas extraordinárias), Marina Lima (Prestes a voar), Zélia Duncan (Não vá ainda), Simone (Jura secreta), Ana Carolina (Stereo), Márcia de Castro (A menina dos seus olhos), Maria Bethânia (Pra rua me levar), Maria Gadú (Tudo diferente), Adriana Calcanhotto (Metade), Sandra de Sá (Retratos e canções) e Mart’nália (Cabide), entre outras. Depois de Brasília, L, o musical segue para as unidades do CCBB do Rio de Janeiro (outubro a dezembro), São Paulo (janeiro e fevereiro) e Belo Horizonte (março e abril). L, o musical
Até 1/9, de 4ª a domingo, às 20h, no teatro do CCBB (SCES, Trecho 2). Sessões extras em 13/8 e 19/8, às 16h30. Ingressos: R$ 20 e R$ 10. Classificação indicativa: 14 anos. Mais informações: 3108.7600.
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Ike Levy
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GRAVES&AGUDOS
Luciana Mello
2 Reis
Léo Maia
Miscelânea musical S
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etembro vai entrar, que a primavera chova nos campos, diz mais ou menos assim o Beto Guedes, mas fato é que o período é de alta secura, portanto seja amigo do sol e não se exponha nas horas indevidas. Para contrapor, chove música na cidade, naquele ecletismo capaz de umedecer o coração e os ouvidos (!!!) e ainda agradar a gregos e goianos. Tirando as atrações que anunciam em cima da hora, temos certo que no fim de semana 18, 19 e 20 de agosto, a reboque do Festival de Cinema BB DTVM, o Centro Cultural Banco do Brasil apresenta três shows bem encaixados, de acordo com os filmes em cartaz no evento. Detalhe: grátis. No dia 18, rola a exibição ao ar livre de Elis, aquela cinebiografia de nossa maior cantora popular. Na sequência, Luciana Mello, filha do saudoso Jair Rodrigues, sobe ao palco com autoridade sobre
a MPB, o pop e o samba, um luxo. Sim, ela foi do Balão Mágico, mas, pelamordedeus, isso foi há um milhão de anos. Dia 19, no mesmo esquema, o festival exibe Tim Maia, o filme, com o grande Babu Santana mandando ver no papel adulto de Sebastião Rodrigues Maia. Jorge Bispo
POR HEITOR MENEZES
Paulinho Moska
Em seguida, o filho do homem, Léo Maia, mostra que foi inevitável e proposital a influência do genial Tim e entrega um som recheado de balanço na grande escola da MPB pós-graduada em soulfunk e rhythm’n’blues. E dia 20, encerrando o festival, após a exibição de Cássia Eller, o documentário sobre a cantora que muito ralou por aqui antes de despontar no cenário nacional, temos a banda 2 Reis, comandada por Theo e Sebastião Reis, filhos de ninguém menos que Nando Reis. Nesse reinado, os meninos mostram o próprio som e releem Secos e Molhados, Rita Lee e algo mais. Igualmente grátis, Paulinho Moska, ao vivo no Pátio Brasil, é a pedida do dia 23 de agosto. O lance é na área externa do shopping da W3 Sul, em evento chamado Executiva no Palco (tudo a ver com a emissora de rádio local, Brasília Executiva FM). Atenção para o esquema dos ingressos (entrada solidária): tem que fazer um cadastro e tal. Legal é ver o Moska de volta
Zélia Duncan
caminhão de sucessos no Centro Internacional de Convenções do Brasil (Setor de Clubes Sul) no dia 25 de agosto. Os caras têm mais de 30 anos de ralação pelas estradas da vida. O esquema é de mesas e camarotes e, como dizia Chico Buarque, você pode não gostar, mas sua filha gosta. Ou o contrário, tudo é possível. Caminhando e cantando, salta aos olhos na agenda musical, dia 26 de agosto, Divulgação
à cidade. A essa altura, com uma bagagem imensa, o cara tem repertório para horas de show. Pensando em você, Lágrimas de diamante e A seta e o alvo não devem faltar. Quem abre a noite é a cantora Kell Smith, aquela de Respeita as Mina, muito boa mistura da MPB com o hip-hop. Pra não dizer que não falamos de sertanejo, saibam os aficionados do gênero que a dupla Bruno e Marrone encosta o
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Elza Soares
Paralamas do Sucesso
no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, as meninas superpoderosas Elza Soares, Zélia Duncan e Mariene de Castro, no autoexplicativo show Elas cantam da bossa ao samba. Elza Soares é testemunha ocular e auditiva da metamorfose do samba em bossa nova, enquanto as talentosas Zélia Duncan e Mariene de Castro revestem sua música com a contemporaneidade da MPB e do samba. Para quem ama a música brasileira, é perfeito. Passa o desfile de decrépitos e caras de pau, aqueles que nos governam, e não é possível que na música brasileira não apareça um único artista, uma única banda capaz de catalisar o momento e devolver em música e mobilização a angústia que nos assola. Sendo assim, chamem os Paralamas do Sucesso. Herbert, Bi e João Barone estão de volta com disco novo na praça. Sinais do sim, álbum saído quentinho do forno, será mostrado em primeira mão em Brasília, na Festa do Advogado do DF, evento que a OAB local realiza, dia 26 de agosto, no Clube dos Advogados de Brasília (Setor de Clubes Sul). Ao lado da penca de sucessos, os Paralamas prometem mostrar na capital que ainda têm muito cartucho para queimar.
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Valério Cazuza
(c)Doug Knutson.com
Neste mesmo fim de semana, 26 e 27 de agosto, o Teatro da Unip (913 Sul) recebe o musical Exagerado – Tributo a Cazuza. Para a geração que curtiu de montão o auge do então vocalista do Barão Vermelho e depois bem-sucedido artista-solo, até a chocante notícia de seu falecimento, em 1990, pode parecer estranho o ídolo virar personagem, mas isso não é novidade. Portanto, relaxe e curta o ator Valério Cazuza encarnar o original e comandar o espetáculo, no qual não faltam os sucessos de todas as fases, incluindo Bete Balanço, Ideologia, Codinome Beija-Flor (uma lágrima, Luiz Melodia!) e, obviamente, Exagerado.
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Mudando de assunto, tem coisas que só acontecem com o Botafogo e com Brasília. No sentido positivo, claro. Pois vejam bem: uma espaçonave funk do nada aterrissa dia 15 de setembro no NET Live Brasília (Setor de Clubes Norte). Traz a bordo o guitarrista Nile Rodgers e a banda Chic, lendários nomes da dance music que, vindos de outro planeta, darão aula magna de black music, a despeito de todo o patrulhamento que cerca utilizar esses termos em nossos dias. Black music é James Brown, Marvin Gaye, Motown, Barry White, Michael Jackson, e Chic só para lembrar o ouro que reluz. Saudade do tempo da discoteca? O Chic tem o contagiante antídoto antirracista Good times; o matador refrão “Le freak/C’est chic/Freak out!” (Le freak); e aqui vai uma ajuda para quem quer cantar Everybody dance, outro grande clássico: “Everybody dance/Doooo/Clap your hands/Clap your hands”. E muitos mais, brothers and sisters. O Chic é um compêndio da melhor música pop já feita. Não à toa é membro do respeitado Rock And Roll Hall of Fame. Por quê? Por quê? Porque quem comanda a espaçonave é um cara chamado Nile Rodgers. Sabe os guitarristas que se contorcem na hora do solo? Deixa eles com o ortopedista. Nile Rodgers é um monstro da guitarra e não precisa de nada de malabarismo para comandar o som. O jeito que ele faz o ritmo na coisa é marca registrada, só vendo e ouvindo para entender. Nile Rodgers, guarde bem esse nome. Produtor, compositor, arranjador e guitarrista, o cara tem currículo megablasterpower, aparecendo feito Midas em produções de Diana Ross, David Bowie,
Bryan Ferry, Madonna, Britney Spears e Daft Punk, só para lembrar alguns. Aliás, foi com a dupla francesa Daft Punk que, a partir de 2013, Nile Rodgers voltou ao topo ao participar do disco Random access memories, uma obra-prima do nosso tempo. Esse contém o sucesso espetacular Get lucky, devidamente incorporado ao repertório do Chic (afinal, o cara é um dos autores). Dá uma olhada no vídeo da dupla de capacete. O Pharrell Williams conta legal, mas aquela guitarra do Nile Rodgers é Joe, de outro mundo. Diego Paul Sánches
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GRAVES&AGUDOS
Nile Rodgers
Cerrado Jazz Festival Serão três dias repletos de música ao ar livre para todas as idades, na área externa da Funarte, com entrada gratuita. Vem aí a segunda edição do Cerrado Jazz Festival, dias 25, 26 e 27, tendo como atrações os norte-americanos Willie Walker, Annika Chambers e J.J. Jackson (EUA) e os brasilienses Paula Zimbres, Rodrigo Bezerra e A Engrenagem, além de Raul de Souza Quinteto (SP), Robertinho Silva (RJ) e Sérgio Ferraz Trio (PE). A cada dia três atrações vão se apresentar no gramado da Funarte para celebrar a música instrumental, consolidando a cidade no circuito nacional dos grandes festivais internacionais do gênero. Idealizado e produzido pelo Beco da Coruja Produções, o festival tem patrocínio do FAC – Fundo de Apoio à Cultura e BRB – Banco de Brasília. “A ideia é criar um espaço que permita a expressão do jazz de forma genuína e proporcionar ao público uma música que eleve a alma. Brasília vai respirar nos dias do Cerrado Jazz um ar mais puro e poético” explicam os curadores do Festival, Lorena Oliveira e o maestro Fabiano Costa.
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DIÁRIODEVIAGEM
Um típico huntong em Pequim
A Grande Muralha
O dragão asiático e
suas riquezas históricas
Dicas para desbravar o país mais populoso e um dos mais antigos do mundo TEXTO E FOTOS MÔNICA SIQUEIRA
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inguém duvida que é tarefa difícil visitar esse outro lado do mundo. Mas, ainda que o caminho seja longo, cerca de 33 horas de avião entre São Paulo e Pequim, há diversas alternativas de escalas de alguns dias em outros países que minimizam o percurso. E sim, vale cada minuto. Com quase 10 mil anos de história e 1,4 bilhão de habitantes, a China é um país de grandes transformações e com inúmeros grupos étnicos. Passou do estado de pobreza absoluta, nos últimos 30 anos, para se tornar uma das maiores potências do mundo e um grande parceiro econômico do Brasil. Porém, antes de aterrissar na China, é fundamental ter uma ideia de sua poderosa história, do país que influenciou o mundo ontem, continua influenciando hoje e promete
ser um modelo para o futuro. Os chineses são responsáveis por grandes invenções, como o papel (imprimiam livros quase 500 anos antes do alemão Gutenberg), a bússola, o papel-moeda, a pólvora e o álcool. Após a morte de Mao Tsé-tung, em 1976, Deng Xiaoping deu início a uma abertura econômica, permitindo a entrada de capital estrangeiro e investindo na criação de uma política mais pluralista, que segue liderada pelo Partido Comunista. Nos últimos 40 anos a população garantiu o direito à religião, ao empreendedorismo e ao consumo, negados durante o período socialista. O país está entre os maiores consumidores de marcas de luxo do planeta. Já a democracia e o direito à informação são restritos. Tem o maior número de internautas do mundo, segundo a CNNIC (China Internet Network Information Center), mas os usuários não
podem acessar livremente o Facebook, Google, WhatsUpp, Instagram, Twitter ou YouTube. Muitos recorrem ao programa VPN (Virtual Private Network), mas o Ministério da Informação e Tecnologia está proibindo as empresas de telecomunicaçõrd de configurar o aplicativo. Com isso, os chineses convivem com enormes contrastes entre o passado da vida aldeã e a adaptação em grandes centros. O futuro da China está nas modernas cidades que crescem do dia para noite. Segundo o Ministério de Transportes Ferroviários chinês, até 2020 eles terão a maior rede ferroviária de alta velocidade do mundo. A migração, estimulada pelo próprio governo, acelera o crescimento econômico, aumentando a taxa de produtividade e a renda familiar. Embora muitos vivam nas grandes cidades, a população conserva ainda hábitos e modos da vida do campo. O processo migrató-
Lanternas vermelhas em Ping Yao
rio pode ser revertido em alguns anos com o crescimento do turismo e o incentivo fiscal para indústrias que começam a gerar empregos nos vilarejos. A industrialização que explora mão de obra barata, o crescente número de habitantes e os 13 milhões de carros lançados nas ruas todos os anos geram altos níveis de poluição e um trânsito caótico. Esses fatores comprometem seriamente a qualidade de vida de sua população. Como que para compensar, muitos templos e praças são utilizados por pessoas de todas as idades para a prática de atividades físicas.
Os Guerreiros de Xian
Pequim
A capital da China tem cerca de 21 milhões de habitantes. É uma cidade de largas avenidas, onde os carros disputam ombro a ombro com as bicicletas e as motos. Atravessar ruas é uma constante roleta russa. Ainda estão preservados os huntongs, pequenas vilas cinzentas bem no centro da cidade, que no Século 19 eram moradias da elite local. Uma visita a esses locais nos mostra um dos mais antigos estilos de vida de chineses nas cidades. Nas huntongs, as casas são geminadas, com pátio interno. Os poucos banheiros exis-
tentes são públicos e as cozinhas das vilas são compartilhadas. O sistema de esgoto é precário e os espaços mínimos nas ruelas só permitem a passagem de bicicletas. Com o processo de urbanização e o avanço imobiliário, poucas dessas vilas ainda resistem. Como estávamos acompanhados por uma guia, acabamos caindo num famoso “pega turista” – uma farmácia onde as pessoas ganham uma massagem incrível nos pés e são examinadas por um médico e seus alunos. No final, cada um de nós saiu de lá 1.200 dólares mais pobre, porém cheio de remédios e promessas da milenar medicina chinesa. No roteiro de quatro dias em Pequim nosso principal destino foi a Grande Muralha, cujos pontos mais visitados são Mutianyu e Badaling. Escolhemos visitar o primeiro, menos turístico e considerado um dos pontos mais bonitos. A melhor forma de chegar até lá é com a ajuda de guias de turismo, que nos livram de horas na fila. Em Mutianyu é difícil encontrar lugar para comer. Depois de enfrentar as escadas e todo o percurso, consome-se alegremente um dos poucos sanduíches disponíveis na lanchonete. Além da Grande Muralha há no mínimo oito pontos turísticos quase obrigatórios em Pequim. Numa única pernada pode-se visitar a maioria: a Praça da Paz Celestial, aquela que foi cenário, em 1989, de um massacre contra o maior
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DIÁRIODEVIAGEM mato de favo de mel, feito de farinha de aveia, enrolada em cilindros e cozida no vapor, servida com molhos picantes ou sopa de cogumelos. Pedimos arroz para acompanhar as carnes e pratos com molhos, mas soubemos que é um costume chinês só servir o arroz no final da refeição – e não adianta insistir. Xian
movimento popular contrário ao Partido Comunista da China (e ainda hoje é vigiada por câmeras espalhadas em toda a área), os monumentos aos heróis do povo, o mausoléu onde o corpo de Mao Tsé-Tung está exposto em um caixão de cristal, o Grande Palácio do Povo, o Museu da Revolução, a Cidade Proibida (maior complexo arquitetônico da China, que serviu de moradia a quatro dinastias) e o Templo do Céu, construído em 1420, durante a dinastia Ming. Um dos pratos mais populares de Pequim é o pato laqueado. Visitamos um dos mais famosos restaurantes da cidade, o Beijing Dadong, que, embora sofisticado, não é muito caro – a não ser que você coma um king crab, caranguejo gigante servido cozido acompanhado por uma salada (um conselho: pergunte o preço antes).
museu, durante a dinastia Qing (1823). O melhor jeito de chegar a Ping Yao é viajando em trem de alta velocidade (o trajeto é feito em cerca de quatro horas). Nessa cidade se encontra um dos mais importantes templos de Confúcio, fundador das primeiras escolas privadas da China e símbolo da forte doutrina moral e social chinesa. Vale ainda visitar a casa da família de Qiao, cenário do filme Lanternas vermelhas, de Zhang Yimou (1991), que mostra a cultura e relações familiares e mercantis nos séculos 18 e 19. Por indicação do recepcionista do hotel comemos no restaurante Tian Yuan Kui, um dos pouquíssimos lugares onde se fala inglês. Experimentamos uma comida típica cantonesa, com muita pimenta, mas saborosa. Era uma de massa em for-
Ping Yao
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Situada na região de Shanxi, a 750 km de Pequim, Ping Yao é uma das cidades mais bem preservadas da China Imperial, com casas antigas, suas lanternas vermelhas e pátios internos retangulares. Fundada na dinastia Han, no Século 14, é considerada patrimônio mundial pela Unesco. Com quatro avenidas e 72 ruelas, é cercada por muros de 12 metros de altura por 5 metros de largura e 72 torres. Importante rota da seda, até a metade do Século 9 foi o centro financeiro da China. Lá foi fundado o primeiro banco privado do país, o Rishengchang, hoje
Mercado de casamento na Praça do Povo, em Xangai.
Localizada na província de Shainxin, essa é uma das atrações turísticas mais visitadas da China. Impossível não se impressionar diante dessa maravilha. Em 1974, por puro acaso, agricultores chineses fizeram uma das maiores descobertas arqueológicas do século 20: o complexo funerário do primeiro imperador, Qin Shi Huangdi (221 a.C), que conquistou 11 territórios vizinhos e unificou a China. Em volta de sua pirâmide foram descobertos oito mil guerreiros de terracota, enfileirados hierarquicamente, vestidos para guerra e com rostos diferentes. Ao serem desenterrados, os guerreiros, antes coloridos, perderam a cor em função do contato da tinta com o ar. Esse é talvez um dos maiores símbolos de poder da história chinesa, de como eles lidam com a morte, a vida após a morte e o poder: com a valorização da memória popular e reverência aos antepassados e aos seus lideres históricos. No Bairro Muçulmano há inúmeras ruas com barraquinhas e comidas diversas. Como é sempre difícil saber “o que é o quê”, torna-se um exercício de coragem. Quase sempre tentamos versões de macarrões com legumes ou camarões. Não existe possibilidade de uma experiência verdadeira em outro país sem se provar as comidas de rua.
Xangai
Principal centro representativo da grandeza, modernidade e prosperidade econômica da China, desde a abertura econômica do país Xangai se transformou em uma das cidades mais cosmopolitas e multiculturais do mundo. Antes da Segunda Guerra Mundial era o maior centro comercial e financeiro do Extremo Oriente, cenário das colonizações francesa e inglesa, época em que se trocava seda, chá e porcelana por ópio. Quando o consumo de ópio foi proibido pelos imperadores chineses, no Século 19, a Grã-Bretanha usou o bloqueio como pretexto para declaração de guerra à China, exigindo livre comércio. A região do Bund, às margens do Rio Huangpu Jiang, é um dos lugares mais charmosos da cidade, com marcas da arquitetura europeia. Foi onde se instalaram as sedes de grandes bancos, consulados e hotéis no chamado “período de ouro”. A partir de 2005, o porto de Xangai se tornou o maior porto do mundo. A região de Pudong, na margem leste do Rio Huang Po, até 1985 ocupada por campos de arroz, é hoje a área mais moderna da cidade, com os mais altos arranha-céus e as sedes de algumas das maiores empresas do planeta. Além disso, possui uma vida noturna animada, com bares, boates e restaurantes por todos os lados. Um curioso costume que mostra a contradição entre a modernidade e a tradição em Xangai é o “mercado de casamento”, que acontece todos os fins de semana na Praça do Povo. Milhares de pais negociam relacionamentos para seus filhos, algo cada vez mais comum na China, conforme o país se urbaniza e o foco dos jovens se concentra no aumento da renda da família. Fazem até publicidade dos filhos em papéis presos em guarda- chuvas, com dados sobre perfil, sexo, idade e ocupação dos candidatos a casamento. Conhecemos depois Jinshan, uma aldeia de artesãos situada em Fengjing, também conhecida como a Veneza da China. A visita, previamente agendada por nosso guia, inclui duas horas de aula de pintura e um almoço servido pelos aldeões, ao preço de R$ 120 por pessoa. O menu bem caseiro inclui uma infinidade de legumes, carnes e frutos do mar. Tudo muito saboroso, gorduroso e apimentado, como é típico da boa cozinha chinesa.
Aula de pintura e comidas típicas na aldeia de artesãos de Fengjing.
Comida típica cantonesa, num restaurante de Ping Yao. À direita, o famoso pato laqueado.
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BRASILIENSEDECORAÇÃO
Ele é o Fino POR VICENTE SÁ FOTOS LÚCIA LEÃO
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rasília, pouco a pouco, vai ganhando tradição. Ruas com nomes de atividades ou prédios importantes, como Rua dos Restaurantes, das Elétricas, da Igrejinha, das Farmácias... E também personagens que ficaram conhecidos por nomes que invocam feitos ou profissões, como Reco do Bandolim, Ivan da Presença, Chiquinho do Beirute, Néio do Cabeças e... Renato Fino. É deste último que vamos falar. Renato Costa Teixeira de Souza, o Renato Fino, ganhou o “sobrenome” em 2005 por conta da barraca de caldos que abriu na 410 Norte com o sugestivo nome de Espaço Cultural Aberto Caldo Fino. Com o enorme sucesso de seus caldos, pode-se dizer que foi aí que ele nasceu para a cidade, que passou a ser conhecido e reconhecido, mas ele já andava por aqui desde 1972. Carioca da Ilha do Governador, filho de funcionário público, veio para a capital da República com pouco mais de um ano e se criou na Asa Norte num
tempo em que a rua era dos meninos e a cidade de todos. Soltou pipa, jogou bola e estudou em escolas públicas como toda a sua geração. Sentiam-se sem medo e donos do pedaço. Daí talvez sua grande paixão pela cidade. Com o sucesso da barraca de caldos, Renato resolveu ampliar seu horizonte e realizar um sonho antigo: abrir um café cultural. E abriu. Em 2007, surge no cenário artístico e gastronômico da cidade o Café Senhoritas, na 408 Norte, um espaço para os artistas se encontrarem, para lançamento de livros, para pequenas apresentações poéticas e musicais, com boas comidinhas e, é claro, um bom café. Enfim, um novo espaço com pretensão de se tornar um point cultural. Foi lá que Renato conheceu muitos artistas da cidade, entre eles o músico Túlio Borges, que se encantou com os poemas que ele escrevia no laptop enquanto trabalhava no café. “Eu assisti ao Renato criar aqueles poemas maravilhosos e insisti com ele que tínhamos que publicar. Quando o livro ficou pronto ele me chamou para fazer a orelha e eu
aceitei. Agora ele está fazendo a apresentação do meu terceiro CD e nossa amizade e respeito só ficam mais fortes”. O nome do café cresceu e o do escritor Renato Fino também. Hoje, o poeta tem cinco livros publicados e ganhou seu espaço e respeito no acirrado mundo artístico do Distrito Federal. Mas seu nome se tornou conhecido e respeitado não só por seus textos e poemas. Em 2007 ele criou, a partir de sua barraca de caldos, o Bloco da Tesourinha, uma das melhores novidades do carnaval de Brasília. Com o lema “Zé Pereira toma caldo no bloco da Tesourinha” e animado pelo quarteto de saxofones Babando o Bambu, o bloco saía da barraca de caldos e ia até a tesourinha da entrada da quadra, de onde retornava. Daí o nome do bloco, que começou com poucos foliões, mas nos últimos anos chegou a ter mais de cinco mil pessoas. Este ano, o Tesourinha não saiu por conta de reclamações de moradores da quadra e falta de paciência e tempo do organizador. Se vai sair no ano que vem, é uma incógnita mantida por Fino. Mas o artista, carnavalesco e poeta
Renato Fino também tem o seu lado contestador. Em 2014, inconformado com a Lei do Silêncio e com a postura da Agefis, que multava e fechava bares e casas noturnas que trabalhavam, mesmo autorizadas, com música ao vivo, Renato criou o movimento “Quem Desligou o Som?”,
que buscou unir artistas, empresários e cidadãos para discutir que política cultural se queria para a cidade, que tipo de vida noturna, como fazer para continuar produzindo arte sem sofrer sanções por parte dos órgãos de fiscalização. Durante algumas semanas, passou a
abrir seu estabelecimento aos domingos, com um café da manhã especial e gratuito para que essas questões fossem discutidas. Das reuniões resultou um projeto de lei que hoje tramita na Câmara Legislativa e que muda os parâmetros de medição e o volume dos decibéis artísticos que poderão compor a noite candanga. Renato já andou descontente e pessimista com Brasília, a ponto de dar uma entrevista a um jornal local dizendo que, pelo jeito, “Brasília não tem mesmo vocação para a cultura, pois os órgãos governamentais agem como tapadores de nascentes, impedindo que a cultura flua e jorre no cerrado”. A repercussão foi tanta que Fino recebeu ligações do Secretário de Cultura, Guilherme Reis, e do governador Rodrigo Rollemberg, preocupados em ouvi-lo sobre o tema. De toda sorte, o empresário e escritor hoje está mais recolhido. Planeja mais dois livros, um de prosa e outro de poemas, para fechar o ano. Espera que as pessoas e os órgãos governamentais percebam a importância dos espaços culturais para a vida e o desenvolvimento de Brasília. No mais, torce para que o Café Senhoritas se firme como ponto de encontro de artistas brasilienses e cultores de boa música e poesia.
Delicioso
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Divulgação
LUZCÂMERAAÇÃO
Desconstruindo Evita Perón Mesclando farto material documental com ficção, o diretor argentino Pablo Aguero articula uma intrigante história psicanalítica de seu país na segunda metade do Século 20 POR SÉRGIO MORICONI
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ambém documentarista, Pablo Aguero volta à ficção e, mais uma vez, contextualiza a sua trama em aspectos históricos da Argentina. Se em Salamandra, seu longa-metragem de estreia, a conjuntura era a ditadura militar dos anos 1980, em Eva não dorme, que acaba de entrar em cartaz na cidade, a ação transcorre, ainda sob ditaduras militares, entre as décadas de 50 e 70. É o período em que Eva Perón morre, é embalsamada e, finalmente, enterrada no cemitério da Recoleta. Você não entendeu mal: Evita, a “mãe dos pobres e descamisados” (esse atributo talvez o faça lembrar de algo próximo a nós, brasileiros!), um dos maiores mitos da Argentina, morreria de câncer em 1952. Seu féretro seria seguido por uma multidão de gente muito simples até o prédio do Congresso Nacional. Dali o corpo se encaminharia para a sede da Confederação Geral do Trabalho, onde seria embalsamado. São as espantosas atribulações do percurso de Evita, da morte ao enterro no Cemitério da Recoleta, que Eva não dorme narra. Aguero evita fazer de seu filme um dramalhão de suspense mexicano ou um melodrama tanguero. A ação do filme é descontínua, fragmentada, com a inser-
ção de cenas e imagens de arquivo que nos levam a refletir sobre o processo político/sentimental do país. No caso de Evita, a tentação para, de fato, cair no melodrama piegas é enorme. O diretor, ao contrário, prefere fazer um mergulho no pathos mais profundo dos militares e da sociedade argentina da época. Ele divide o filme em partes bastante reveladores do caráter do povo argentino, simbolizado no drama de três personagens: o “embalsamador”, o “transportador” e o “verdugo”. Para os não versados na história da ultra carismática Evita, lembramos que os militares que derrubaram o presidente Juan Carlos Perón em 1955 – portanto, três anos depois da morte da esposa – simplesmente removeram o corpo dela, que descansava na CGT, e o enviaram para um desconhecido cemitério da Itália. Evita permaneceria clandestinamente na Itália até que um acordo dos militares com Perón devolvesse o cadáver a Buenos Aires. Repousaria ainda por dois anos na residência presidencial de Olivos, antes de finalmente encontrar abrigo no famoso Cemitério da Recoleta. Uma multidão de curiosos, mitômanos e turistas continua até hoje visitando a cripta que, ironicamente, está situada quase ao lado da sepultura do general Aramburu, responsável pela ardilosa
conspiração para surrupiar o corpo da esposa de um dos seus principais inimigos. Aramburo certamente conhecia os perigos que uma morta do peso de Evita poderia trazer para as aspirações do grupo de militares do qual fazia parte. É conhecida a adoração dos argentinos pelos mortos. Alguns chegam a dizer que os mortos na Argentina são mais vivos que os vivos. O cantor Carlos Gardel é um exemplo eloquente. Um piada frequente entre seus patrícios é a de que ele canta, hoje, ainda melhor. Em seu divertidíssimo livro Os argentinos, Ariel Palacios sustenta que a obsessão pelos mortos é um atributo tão tipicamente argentino como o doce de leite. Palácios conta que, depois de embalsamada, Evita foi sequestrada pelos militares, que urinaram sobre seu corpo, a esfaquearam e quebraram seu nariz. Mas não é só. Designado para guardar o corpo da exprimeira dama, o major Eduardo Arandía o escondeu no sótão de sua própria casa e trancou a porta sem dizer nada para sua mulher. Esta, curiosa, resolveu um dia bisbilhotar para ver o que o marido escondia de tão precioso naquele lugar. Já sem a posse de suas faculdades mentais – isso é o que muito sustentam – Arandía, munido de um revólver, percebendo um vulto na escuridão da noite e imagi-
Eva não dorme
Argentina/Espanha/França, 2017, drama, 97min. Roteiro e direção: Pablo Aguero. Com Gael García Bernal, Denis Lavant, Daniel Fanego, Imanol Arias, Sofia Brito, Nicolás Goldschmidt, Ailin Salas, Miguel Angel Solas.
Fotos: Divulgação
nando ser o fantasma de Evita, disparou contra a própria mulher. Elvira, grávida de dois meses, faleceu na hora. Em Eva não dorme, Aguero, no primeiro episódio do filme, faz o personagem do embalsamador procurar melhorar as características faciais de Eva, corrigindo suas feições (aquelas que poderiam ser consideradas negativas), tentando, portanto, modelar Evita, transformando-a – do seu ponto de vista – numa divindade impecável. É uma das muitas metáforas do filme: os mortos são moldados pelos vivos de acordo com sua conveniência. Num determinado momento, há um monólogo interior do embalsamador muito revelador. No episódio do transporte, Aguero apresenta a tensão entre a obediência cega imposta a uma sociedade (o que se espera dos militares e, por extensão, de todas as pessoas sob a ditadura) e sua memória sentimental. Numa outra cena, vemos aflorar uma grande tensão entre o soldado raso e seu superior no interior do caminhão que transporta o corpo embalsamado de Evita para o lugar secreto do enterro. Aguero deixa aqui claro que as pulsões inconscientes irrefreáveis são de certa forma contidas por sentimentos conflitantes. Por que Evita não teria direito a um sepultamento cristão? A culpa cristã é o principal conflito vivido pelo comandante Emilio Eduardo Massera (Gael García Bernal), um alto burocrata da ditadura que se instala na Argentina nos anos 1970. Os militares são, senão o mais importante, um dos principais alvos de Aguero, como bem testemunham as cenas iniciais e várias outras que vemos ao longo do filme. Os solilóquios de Massera atestam a desumanização do regime e, mais do que isso, a malévola e mórbida insanidade dos que detinham o poder. Não deixa de ser risível, para não dizer ridídula (tanto o fato histórico, quanto sua afirmação no drama de Aguero) a desaparição do cadáver. Pois é esse fato, entre o caricato e o grotesco, que produz uma fissura irreparável na onisciência do poder totalitário que o diretor examina de uma forma sensorial e absolutamente não convencional.
Comida de refugiados POR JOSÉ MAURÍCIO FILHO
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s pesquisadores da Universidade de Oxford devem ter razão: o universo é cíclico. E a comida pode ser nosso melhor termômetro. Em priscas eras, alimentar-se era ato coletivo, ritual, com rasgos de espiritualidade. Passamos pelo fast-food (não incólumes) e hoje a comida volta a ocupar lugar central na vida da humanidade. Comida entendida não só como fonte de nutrientes para o corpo, mas como canal de prazer. Hoje, comer envolve identidade e encontro. É o que promete provar o festival Slow Filme, que faz, de 14 a 17 de setembro, sua oitava edição no Cine Pireneus, em Pirenópolis. Festival Internacional de Cinema, Alimentação e Cultura Local, o Slow Filme tem a originalidade como proposta. E a cada ano surpreende a audiência, não só com filmes inéditos (que são especialmente traduzidos e legendados para o festival), vários deles premiados internacionalmente, mas também com palestras e oficinas que abrem espaço para o que há de mais pungente na atualidade. Este ano, os olhares do festival se voltam para a cozinha de refugiados, promovendo conversas e degustações com Fatoumata Aboua, da Costa do Marfim, e com o sírio Ammar Abou Nabout, que sobrevivem graças à culinária – Fatoumata fará também o almoço especial do domingo, dia 17, no restaurante Montserrat, do chef Juan Pratginestós. O Slow Filme é o único no Brasil a aliar cinema e gastronomia, com foco em conceitos ligados à sustentabilidade. Este ano vai exibir 20 filmes de vários países, sempre com entrada franca. São longas, médias e curtas de ficção, animação e documentários, muitos deles tratando das diásporas contemporâneas. Como Faça hú-
mus, não faça guerra e The turkish way, que mostram que, enquanto a intolerância separa, a comida pode unir povos e culturas. O festival começa com o documentário brasileiro Walachai, da diretora Rejane Zilles (que estará presente), sobre um povoado do Rio Grande do Sul, formado por descendentes de alemães, que falam um dialeto antigo alemão, mas se identificam como brasileiros. Outros destaques: o argentino Todo sobre el asado, com bastante humor, fala da importância do churrasco para a identidade de nossos hermanos; o australiano Faça húmus, não faça guerra mostra como a paixão pelo húmus une povos que vivem em guerra, como Israel, Palestina e Líbano; o espanhol Sagardoa bidegile – Histórias de sidra mostra o costume basco de consumir sidras como num ritual; e The turkish way é um diário de bordo da viagem dos três irmãos Roca – do célebre restaurante El Celler de Can Roca, tido como o melhor do mundo – numa incursão à gastronomia turca. Para realizar o 8º Slow Filme, sem qualquer patrocínio, mas com muita paixão, a produção fez uma vaquinha na internet, da qual amigos e frequentadores do festival participaram. Mas a edição 2017 só se viabilizou graças ao apoio das embaixadas de Espanha, França, Turquia, Argentina, Itália, Alemanha e Austrália. Além das exibições, o festival terá uma conversa com Maria Conceição Oliveira, do projeto Comida de (i)migrante, de São Paulo, sobre o trabalho junto a populações de migrantes, imigrantes e refugiados, e a oficina “Comida de imigrante e refugiado”, a ser ministrada pelos cozinheiros Ammar Abou Nabout e Fatou Aboua, para alunos de gastronomia da UEG – Universidade Estadual de Goiás. 8º Slow Filme
De 14 a 17/9 no Cine Pireneus, em Pirenópolis, com entrada franca.
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CRÔNICADACONCEIÇÃO
Crônica da
Conceição
O amor em NY e em BsB
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Capítulo 1 Ele adorava Nova York. Ele a idolatrava em excesso. Bem, vamos dizer que ele a romantizava em excesso. Para ele, não importava a estação, a cidade ainda existia em preto e branco e pulsava ao som de George Gershwin. Não, deixe-me começar novamente. Capítulo 1 Ele era romântico demais em relação a Manhattan como era com tudo mais. Ele odiava estar no meio da multidão e do tráfego. Para ele, Nova York significava mulheres bonitas e homens espertos que pareciam saber de tudo. Não, ficou melodramático demais para o meu gosto. Vou tentar aprofundar mais. Capítulo 1 Ele adorava Nova York. Para ele, a cidade era uma metáfora da decadência da cultura contemporânea. A mesma falta de integridade individual que conduzia as pessoas a procurar a saída mais fácil para rapidamente transformar a cidade de seus sonhos em... Não, vai parecer sermão. Vou querer vender esse livro. Capítulo 1 Ele adorava Nova York embora fosse para ele uma metáfora da decadência da cultura atual. Como era difícil viver numa sociedade anulada pelas drogas, música alta, televisão, crime, lixo? Muito inflamado, não quero soar inflamado. Capítulo 1 Ele era duro e romântico como a cidade que amava. Por trás dos óculos pretos, estava a potência sexual de um gato selvagem.
Adorei essa. Nova York era a cidade dele. E sempre será. ..... Esse é o começo de uma obra-prima do cinema, Manhattan (Wood Allen, 1979). O gato selvagem já chegou aos 82 anos, não será mais tão selvagem assim, mas o amor extraordinário por NY ficou cristalizado nas imagens em preto e branco da cidade onde nasceu e onde se fez um dos mais importantes criadores da história do cinema. As tentativas de WA de dar sentido ao amor por NY são ao mesmo tempo a busca pela versão mais veraz de si mesmo. E o que não é o amor, seja por uma cidade, seja por uma pessoa, seja por um bicho, do que a explosão do que há de mais genuíno em cada um? No quesito afetivo, Brasília não pode se queixar. Não lhe falta amor, que se expressa de tantas maneiras quantas são os que as amam. Amor possessivo, que quer a cidade pra si, ao seu modo, na medida dos seus sonhos. Amor nostálgico, que quer a cidade sempre criança. Amor imperativo, que quer uma cidade perfeita. Depois de algumas tentativas, Wood Allen descobre que ele era “duro e romântico” como a cidade que amava. Ele percebe que ele ama na cidade o que ela reflete como espelho de si mesmo. Seja como for, NY era dele, sempre será. Brasília sempre será minha, embora muito de mim tenha mudado. Já não sou mais a romântica que se recusava a ver as
imperfeições do objeto amado (o que é o amado senão o objeto da projeção do seu desejo?). Também não me tornei a cética-cínica, para quem Brasília é um exercício delirante de urbanismo em escala monumental e com rigidez paralisante. Também é, e eu posso me perder em amargura se decidir me alimentar das feiúras de Brasília. A escala cósmica da Esplanada é, neste momento, perfeita tradução da paralisia que acometeu os brasileiros. O vazio opressor que separa a Rodoviária da Praça dos Três Poderes é o mesmo que nos separa das manifestações de protesto contra tudo o que tem acontecido. Brasília não inventou a corrupção, embora a construção da cidade tenha sido um estímulo ao poderio das empreiteiras. Até a JBS se fez vendendo carne para alimentar os candangos. Mas Brasília era um sonho bom, brotava de um desejo legítimo de uma vida melhor e mais democrática nas cidades. Era projeto de brasileiros geniais, comprometidos com o melhor do ser humano. Pois vejam. Acabei incorrendo nos erros de Wood Allen, fazendo sermão e proselitismo. Poderia, então, à moda WA, dizer que abaixo da cabeleira afro existe um corpo e uma alma tateando os próprios limites, e se perdendo na infinitude dos largos vazios de Brasília. Para começar tudo outra vez. Brasília é a minha cidade. E sempre será.
em o e polu is a im ea s an lar qu am o em fa , mat S a . z a e u r atu e ág aioria m a n eam ntes d e u e o c q r s t a é s de sn be u em ndios bém a nte sa casa o ca ge s incê o tam u e o c o d is s r p l o a ue em ar int os an e. O q alastr ando no qu Todos m se cado , coloc e saúd e e d lo t d o s n o c a p ie e lem ção. fogo amb s prob visíveis ueno popula meio e io q r r a e p é a p s d im sa m to a cau nos a as são com u fumaç cham usa da meça a s o c c a 93. e , s s igue 1 iada crime l êndio ic , c é o in in o d s s do tulh cerra s. Apó o e en dio no s vazio n em lix o ê n o c e g r n r o i f te ar tar um Coloc ente. o avis a : a z facilm re
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ja a n
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G O V E R N O
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