Roteiro 279

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Ano XVII โ ข nยบ 279 Julho de 2018

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30 anos na estrada



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De 26 de junho a 5 de agosto

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EMPOUCASPALAVRAS Glaucimara Castro

Para quem havia passado a maior parte da vida estudando Pedagogia e Teologia – chegou a ordenar-se padre – e lecionado Psicologia Educacional, ter o nome inscrito na história da gastronomia brasiliense poderia parecer, há 30 anos, absolutamente improvável. Pois foi o que aconteceu com Francisco Ansiliero, dono de uma das mais respeitadas grifes gastronômicas da cidade. Seu primeiro restaurante, aberto em 22 de julho de 1988, tinha apenas oito mesas e já nascia com a proposta de oferecer ao brasiliense uma boa picanha, um bom bacalhau e um bom tambaqui. Sempre com a perfeita combinação de qualidade e preço justo. Fiel a esse compromisso até hoje, e incansável na busca por melhores ingredientes, é o dom gastronômico de Dom Francisco que homenageamos nesta edição (página 6 ). Como nem só de veteranos vive a culinária da cidade, damos as boas vindas ao Tio Armênio, inaugurado há quatro meses na 406 Sul com a intenção de homenagear o português Armênio Dias, um dos donos do Leite, restaurante mais antigo do Brasil, instalado em Recife desde 1882. Com ambiente rústico e descontraído, a nova casa brasiliense tem foco em pratos pernambucanos e portugueses (página 10). É de se comemorar – e muito – a reabertura, depois de cinco anos, do Espaço Cultural Renato Russo, “a quadra marco-zero da cultura”, segundo definição do poeta TT Catalão. Reinaugurado dia 30 de junho, abriga três salas de espetáculos, quatro galerias, oficinas, biblioteca, gibiteca e musicoteca. A mostra que abre o espaço é Ondeandaonda 3, com mais de cem obras de 40 artistas do DF e do entorno (página 28). Fruto de um longo trabalho de reflexão sobre o universo da leitura e da literatura, vem aí a exposição Eu leitor, a partir de 26 de julho na Biblioteca Nacional. Com curadoria do escritor Luiz Carreira e projeto expositivo assinado pelos irmãos Adriano e Fernando Guimarães, pretende explorar a experiência transformadora da leitura (página 27). É de Fernando Guimarães, também, o espetáculo Três vezes te enganei, em cartaz no Teatro Dulcina. O ponto de partida são os desvarios da paixão presentes na literatura de Samuel Beckett, Marguerite Yourcenar e Nelson Rodrigues. Do primeiro, vem a visão pessimista sobre os relacionamentos. Da segunda, a cegueira dos amores não correspondidos. Do terceiro, a maledicência inteligente (página 26). Boa leitura e até agosto. Maria Teresa Fernandes

24 caianagandaia Com decoração inspirada na atmosfera praiana e em símbolos religiosos da Tailândia, o Na Praia transforma a orla do Paranoá num pedacinho do sudeste asiático.

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águanaboca picadinho garfadas&goles pão&vinho dia&noite graves&agudos queespetáculo múltiplasartes verso&prosa luzcâmeraação crônicadaconceição

Editora ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda. | Endereço SHIN QI 14, Conjunto 2, Casa 7, Lago Norte – Brasília-DF – CEP 71.530-020 Endereço eletrônico revistaroteirobrasilia@gmail.com | Tel: 3203.3025 | Diretor Executivo Adriano Lopes de Oliveira | Editora Maria Teresa Fernandes Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Capa Carlos Roberto Ferreira, com foto de Rodrigo Ribeiro | Colaboradores Alessandra Braz, Akemi Nitahara, Alexandre Marino, Alexandre Franco, Ana Vilela, Cláudio Ferreira, Conceição Freitas, Elaina Daher, Heitor Menezes, Gustavo T. Falleiros, Laís di Giorno, Lúcia Leão, Luiz Recena, Mariza de Macedo-Soares, Pedro Brandt, Ronaldo Morado, Sérgio Moriconi, Silvestre Gorgulho, Súsan Faria, Teresa Mello, Vicente Sá, Victor Cruzeiro, Vilany Kehrle | Fotografia Rodrigo Ribeir | Para anunciar 98275.0990 | Impressão Editora Gráfica Ipiranga Tiragem: 20.000 exemplares.

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ÁGUANABOCA

Hora de

comemorar

Motivos não faltam: afinal, três décadas se passaram desde a abertura do primeiro restaurante do chef Francisco Ansiliero. POR TERESA MELLO

A

Alex Ferro

trajetória do catarinense Francisco Ansiliero, abençoado com o nome do santo de devoção da mãe, é daquelas que daria um ótimo livro e um documentário. Em São Paulo, foi preso político (o codinome era João), padre e professor. Formou-se em Filosofia e em Pedagogia, fez mestrado em Psicologia Educacional na Pontifícia Universidade Católica (PUC). Ficou oito anos em Rondônia – “dizem que fui madeireiro” – e chegou a Brasília em 1987, trazendo o amor pelo Brasil, o respeito pelos índios e pela floresta e encantado com a fartura

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de frutas, raízes, sabores e aromas “que o resto do país não conhece, basicamente, por conta da corrupção”. Não camufla opiniões sobre política nem religião. Em relação às eleições de outubro próximo, é taxativo: “Só tem vagabundo”. Já o papa Francisco é reconhecido como “um bom vigário de Cristo”. Brasília era uma moça de 28 anos quando Ansiliero abriu o primeiro restaurante, na 402 Sul, com o sócio Antônio Caraballo. Em 1993, desfeita a sociedade, adotou o prenome Dom, inaugurando a unidade da Asbac; em 1995, a da Academia de Tênis; em 1º de maio de 1997, a do ParkShopping, e logo em se-

guida a do Pátio Brasil, que depois tornou-se franquia. Primeiro de maio é uma data simbólica, pois o chef é a melhor tradução de um trabalhador devotado, talvez por herança materna: está presente de manhã, à tarde e à noite, sete dias por semana, no restaurante da Asbac — famoso pelas três adegas com 1.400 rótulos de 25 países —, que, junto com as demais unidades, recebe cinco mil clientes por mês. Quando é a sua folga? “Nunca”, responde. “Eu consegui, nesses 30 anos, levar minha mãe para visitar a terra dela, Údine, na Itália, e viajei com minha família para Santo Domingo, na República Dominicana.”


Rodrigo Ribeiro

Ferenanda Furtado

Ele conta que aprendeu a cozinhar olhando a mãe e, aos 12 anos, já temperava o frango para acompanhar a massa: “Minha mãe era muito trabalhadora, e ela e a família dela sempre tiveram o hábito de cozinhar e cozinhar bem”. Hoje, ele ainda parece incansável na rotina do restaurante no Setor de Clubes Sul: “Cinco horas de sono pra mim está bom”. Vai pra casa mais cedo na sextafeira — porque acorda às 4 da madrugada para ir à Ceasa todo sábado — e, no domingo, porque o Dom Francisco fecha às 17 horas. É o dia do lanche da família. No apartamento da 304 Sul, as três filhas se reúnem: Giuliana, 44 anos, que administra a rede, fez pós-graduação em Gastronomia e Segurança Alimentar e MBA em Gestão de Serviços pela Fundação Getúlio Vargas (FGV); Graziela, 42, tem mestrado em Economia e é pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea); e Gigliola, 32, é formada em Direito e servidora do Senado Federal. Para se ter uma ideia do Francisco pai, quando a filha do meio fazia mestrado em Madri ele passou duas semanas lá: “Ela estava ficando anêmica, e eu fazia a janta, ensinei a fazer o bife em duas frigideiras”. A lida diária é abraçada com prazer, mesmo depois de ficar horas na cozinha e ter de tomar analgésico para aliviar a dor provocada pelo Neuroma de Morton (*)

no pé direito. “Aqui, eu tenho a chance de conhecer pessoas, fazer pratos novos, estou sempre envolvido com a realidade da gastronomia. Os lugares onde morei foram um laboratório de pesquisa, eu aprendi e ensinei também. Porque, senão, como diria Sartre, você pisou inutilmente sobre a terra que o acolheu”. Ele completa a filosofia com o lema do colega Laurent Suaudeau: “Quem não ensina o que aprendeu é um covarde”. Teve a chance de mostrar a perícia no trato com carnes de caça e pesca para o prestigiado catalão Ferran Adrià, em 2008, na ilha de Mexiana, no Marajó: “Durante cinco dias eu cozinhei 32 animais”. O chef descarta o orgulho de ter receitas secretas. Ao contrário. Há cerca de

20 anos conduz o curso Cozinhando com Francisco, composto por cinco aulas à noite: “Eu tenho de prestar a minha contribuição para melhorar a vida das pessoas”. Mas o catarinense é crítico em relação a certos programas de culinária na televisão: “É muito tempo para ensinar pouca coisa. Fora isso, alguns [chefs] são malcriados, agridem jovens que estão aprendendo, isso pra mim é estupidez, é falta de dignidade humana”. E é com respeito que ele trata os 150 funcionários da rede, como Olímpio Bernardo Lobo, 66 anos, o garçom mais antigo na Asbac, há 24 na função: “Seu Francisco é uma excelente pessoa, um ótimo patrão”, elogia. O empresário paulista Vicente Fiúza, 68 anos, frequenta o

Dicas do mestre • Melhor cozinhar com (pela ordem): banha de porco, manteiga, azeite extravirgem. • Usar apenas sal para temperar a carne bovina: “Ela é uma proteína fortíssima e se basta”, avisa o mestre. • Não cozinhar o feijão na panela de pressão, usar uma panela destampada, “porque, assim, evaporam as toxinas”. Deixar qualquer grão de molho na véspera. • No churrasco: colocar o espeto com carne ao lado do carvão em brasa e não acima. “A gordura da carne, em contato com o fogo, libera acroleína, substância altamente cancerígena”, ensina Francisco. • No churrasco: manter a temperatura menor do que 550º C. Evita que a carne fique murcha. Usar um termômetro a laser. • Deixar para salgar a carne mais no final: “o sal desidrata e tira a linfa” (líquido que dá suco no peixe e no filé bovino). • Bife de duas frigideiras: pingar uma gota de azeite, só para dar sabor, esquentar bem, deixar a carne em uma frigideira e depois colocar o outro lado do bife na frigideira 2. • Preferir panelas sem brocas (parafusos), pois evitam o acúmulo de alimentos. A UnB desenvolveu panelas assim, hoje vendidas no Taguacenter (panelas Real). • Chegar até as 7 da manhã na Ceasa, no local conhecido como Pedra da Ceasa, e aproveitar para conhecer produtos, conversar e aprender com os comerciantes. 7


Fotos: Thomas BF

ÁGUANABOCA local há 14 anos: “Venho direto do aeroporto pra cá”. As quatro casas, com capacidade total de 700 lugares, recebem cinco mil clientes por mês, segundo a filha Giuliana: “Trabalhar com familiares é sempre um desafio, mas é muito gratificante, já que tenho o privilégio de aprender com ele todos os dias.” Nascido na cidadezinha de Iomerê, no meio-oeste de Santa Catarina, e prestes a completar 79 anos em 10 de setembro, Francisco se cuida como pode: acorda às 6h30, faz ginástica três vezes por semana em casa e na quadra e se alimenta, basicamente, de grelhados e saladas. “Mas eu como de tudo”, diz. Apenas pimentão não lhe desce bem. Prova os doces, criados para os restaurantes por Carmélia, com quem é casado há 44 anos. Uma colher já lhe basta. A torta de destaque, criada em Vilhena (RO), é a de castanha-do-Brasil, como faz questão de falar: “Você sabia que o Acre produz mais de 50% da castanha brasileira?” Nestes 30 anos, o cardápio mantém no trono os três pratos tradicionais do Dom Francisco: o bacalhau, a picanha e o tambaqui. São consumidas duas toneladas de bacalhau por mês nas quatro unidades (veja o menu de cada casa em www.domfrancisco.com.br). O chef busca ingredientes do Cerrado na Pedra da Ceasa (**), onde encontra o maracujápérola da Embrapa, por exemplo, e na agricultura familiar do DF, onde descobriu o avocado e a banana patusca, entre outros. Na central de abastecimento, é tratado com admiração e carinho: “Quando tem pouca quantidade de um produto e eles sabem que estou usando, eles deixam guardado pra mim”, conta. O balanço de três décadas da empresa é feito com modéstia franciscana: “Eu vou comemorar esses 30 anos como eu fiz no dia em que abri o primeiro restaurante: cozinhando e recebendo os clientes”. No domingo, 22 de julho, haverá um brinde na unidade da Asbac, das 12 às 14h. Feira de vinhos

Dias 20 e 21/7, das 17 às 22h, no Dom Francisco da Asbac (SCES, Trecho 2), em comemoração aos 30 anos, com degustação de 100 rótulos oferecidos pelos principais fornecedores da rede de restaurantes. Entrada franca.

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(*) Espessamento do nervo interdigital, que passa entre os dedos do pé, normalmente entre o terceiro e o quarto dedos, causando dormência e dor na ponta do pé. (**) Assim é conhecido o Pavilhão 8 da Ceasa-DF, onde atacadistas de todo o país expõem e comercializam suas mercadorias.


Fotos: Divulgação

Delícias pernambucanas

e portuguesas

POR SÚSAN FARIA

P

ratos fartos e preços convidativos. É assim no restaurante Tio Armênio, inaugurado há quatro meses na 406 Sul e que está fazendo sucesso na cidade. O nome é uma homenagem ao português Armênio Dias, um dos donos do Leite, o restaurante mais antigo do Brasil – fundado em 1882 – ainda em funcionamento no centro do Recife. A marca está presente também em João Pessoa, Fortaleza, Manaus e Aracaju. Em Brasília, o restaurante, instalado em ambiente rústico e descontraído, traz fotos de Lisboa e do Porto, ampliadas em preto e branco e fixadas nas paredes, além de luminárias redondas e leitosas que lembram antiga iluminação das terras lusitanas. Parte do restaurante, que tem 43 mesas em 110 m2 , fica defronte à

área verde. “Nas outras capitais, o Tio Armênio se instalou em shoppings”, explica Ivo Mendes, 57 anos, pernambucano, um dos sócios do empreendimento. Segundo ele, ao abrir a casa em Brasília a aposta é na comida de boa qualidade, volume grande e margem de lucro pequena. “Estamos apostando também na recomendação boca-a-boca e a procura tem sido boa”, afirma o empresário. Um diferencial do restaurante é o almoço, que pode ser servido até no final da tarde, para quem não conseguir chegar no horário comercial. “É só pedir o prato que fazemos na hora”, garante Ivo Mendes. O Tio Armênio pertence ao Grupo Dias, que tem em seu portfólio o Kojima, restaurante japonês aberto em Recife e Brasília. Entradas e petiscos, grelhadinhos, carnes, saladas, aves, peixes, crustáceos,

sanduíches e sobremesas estão no cardápio da nova casa brasiliense. O caldão de peixe ou de feijão do leite custa R$ 7; o caldinho de iguais sabores, R$ 6. A casquinha de caranguejo é bem temperada e em volta dela tem purê de batata (três por R$ 18). O pão de alho custa R$ 4 a unidade. Seis unidades do bolinho de bacalhau saem por R$ 28. De segunda a sexta-feira, uma boa pedida é a sugestão do chefe – prato principal, suco e sobremesa a R$ 29. Foi o que escolheu a publicitária Marcelle Rosa, 28 anos, residente em Taguatinga Norte. Ela pediu baião de dois com carne de sol, suco de morango e pudim de leite. “Gostei do prato, é bem servido e no ponto. O atendimento foi rápido”, elogia Marcelle. O namorado, o professor Felipe Luís Pinheiro, de 33 anos, pediu escalope de filé ao limone, acompanha-

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ÁGUANABOCA

Fotos: Divulgação

do de risoto de queijos e fritas, a R$ 33, e também elogiou o restaurante. Há vários pratos com versões individual ou para duas pessoas, como o bacalhau à Gomes de Sá (R$ 35 ou R$ 64), o bacalhau à portuguesa, assado no azeite, com ovo, batatas ao murro, brócolis, tomate e cebola (R$ 50 ou R$ 92), o salmão ao molho de tangerina, com arroz de castanha e purê de inhame (R$ 39 ou R$ 70), o polvo à lagareiro com batatas ao murro (R$ 58 e R$ 98) e o arroz de pato (R$ 33 e R$ 61). Não poderiam faltar carne de sol amanteigada e charque à moda do chefe com arroz, feijão e farofa de abóbora (R$ 59 e R$ 55, respectivamente, para duas pessoas). Quem comanda a operação é o chef Alexandre Faeirstein, que está na cidade há mais de oito anos, desde a instalação do Kojima. O chef executivo da rede, Alberto Almeida, veio de Recife e sempre apresenta novidades como o recém-lançado bolinho de carne com chouriço e o croquete de pato, ambos a R$ 7 a unidade. Os petiscos e bebidas da casa têm preço especial na happy hour, de segunda a sábado, sempre das 16 às 21h.

Linha direta POR VICENTE SÁ FOTOS LÚCIA LEÃO

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Tio Armênio

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406 Sul, Bloco D (3879.1600). Aberto até 23h45, De 2ª a 5ª feira, das 12 às 23h45; 6ª e sábado, das 12 à 1h; domingo, das 12 às 18h.

odo mundo sabe que o atual Distrito Federal tem pouco mais de 60 anos. O que pouca gente sabe é que, nesse pouco tempo, aprendemos a produzir aqui excelências como queijo de cabra, linguiça caipira e carne de lata, conhecidas e apreciadas no Rio de Janeiro e São Paulo, geleias delicadas e molhos de tomate utilizados por chefs e gourmets de todo o Brasil, além de um artesanato criado de forma cooperativa que encanta os clientes mais exigentes. Para que esse desconhecimento termine, o empreendedor Marcos Souza (na foto acima) criou o Route Rural, um site que é o mapa da mina para que os consumidores de Brasília saibam o que os agricultores, os artesãos, as associações e as cooperativas produzem de bom no DF. Lá estão aquele queijo especial, a melhor pimenta da região, o pão de mel, os cestos e potes trabalhados por artesãs de Brazlândia ou Planaltina. Com um

clique, você sabe quanto custa, onde encontrar e até que horas o estabelecimento mais próximo de você funciona. Afinal, o site foi criado para isso mesmo. “Nossa ideia é ampliar o mercado para os pequenos produtores e para a agricultura familiar do DF e cercanias, e, ao mesmo tempo, facilitar a vida dos revendedores e dos clientes. É um lugar para todo mundo se encontrar e encontrar produtos saudáveis e de qualidade produzidos aqui mesmo”, explica Marcos Souza. O Empório São Pedro, da 314 Norte, foi um dos primeiros a aderir à proposta, e acredita num crescimento nas vendas para logo. A empresária Mariana Leão diz que a afirmação do site vai trazer mais visibilidade para pequenos comerciantes como ela, que trabalham com viés da qualidade. “Muita gente liga para confirmar se temos alguns produtos e depois é que vêm comprar. Com o site, fica mais fácil eles consultarem os nossos produtos e já saberem até os preços”. Isac Lucena, produtor de pão de mel, afirma que o Route Rural veio para sal-


Um dos primeiros a aderir à proposta do Route Rural foi o Empório São Pedro, de Mariana Leão, onde estão à venda os pães de mel produzidos por Isac Lucena.

var o pequeno produtor que não tem condições de gastar com propaganda. “Assim criamos um equilíbrio, para podermos brigar com os produtos que vêm de fora”, argumenta. O site é de fácil navegação e está dividido em Sabores (produtos comestíveis artesanais, como mel, geleia, queijos), Cores (artesanato, sementes e cerâmica) e Saberes (aqui são divulgados os cursos de interesse dos agricultores, produtores e artesãos; também são indicadas as biblio-

tecas técnicas em agricultura e processamento de todo o DF). Há ainda um ícone de turismo rural, que mostra as ofertas de espaços para eventos e hospedagem e restaurantes rurais. Ainda neste mês será lançada a pedra fundamental do Espaço Route Rural Maria José – homenagem a uma respeitada técnica da Emater-DF (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF) que trabalhou, durante muitos anos, com os produtores locais. No espaço, que

ficará no Instituto Maria do Barro, em Planaltina, serão realizados cursos e oficinas para as comunidades. O Route Rural conta, até agora, com pouco mais de 30 inscritos, e está aberto aos produtores e comerciantes interessados. Mas não se trata de um site de venda. Apenas mostra os produtos e os produtores, indica onde o cliente pode adquiri-los e informa os preços. Os contatos podem ser feitos no próprio site – http://routerural.com/ho me/index.php.

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PICADINHO

TERESA MELLO

picadinho.roteiro@gmail.com

Divulgação

Quanto dengo O Quanto Café, na 103 Norte, nasceu no mês passado e cresce cheio de carinho: foram plantados pés de caliandra e de rosas ao redor do deque de madeira, há cadeiras de praia lá na ponta, a cerâmica é artesanal e a pedra ardósia interpreta uma bandeja. A música vem de LPs tocados em uma vitrola antiga, e o cardápio chega às mesas ilustrado com aquarelas de Elisa Grossi. Esse dengo todo foi planejado pela jornalista mineira Lina Pimentel, 38 anos, que tem como sócio o primo Gustavo Pimentel (com ela na foto). “É um resgate, porque minhas avós plantavam e colhiam café, e tenho respeito por entender a alma da bebida”, filosofa a moça. O barista Marco Brillantino alerta que não se deve jogar água fervendo sobre o pó para não queimá-lo e prejudicar o paladar. O café coado nos métodos AeroPress e Hario V60 vem dos grãos Rosa (frutado) e Dério (achocolatado), ambos da Serra do Caparaó (ES), enquanto o do espresso é o Pereira Villela, de Itajubá (MG). São 40ml por R$ 8. Os quitutes incluem delícias como biscoito de queijo ralado, pães caseiros, quiches, bolos (de laranja, chocolate, milharina) com calda de geleia orgânica. A noite chega com brindes de vinhos e espumantes.

Comidinha de verdade

Pratos do mês no Santé Divulgação

Nestas férias, o Conjunto Nacional instalou, na praça central do piso térreo, o circuito interativo Estação Masterchef Júnior, para crianças de até 12 anos, e de graça. Na companhia de monitores, a garotada se diverte, até 29 de julho, em sete etapas temáticas, nas quais aprendem como preparar alimentos e utilizar temperos, equipamentos e uniforme de chef. A brincadeira, que demora 30 minutos, os leva também a saber curiosidades sobre as panelas: os materiais, os tamanhos, o uso adequado, já que o preparo dos alimentos pede determinada forma, profundidade e composição do utensílio. A meninada vai receber um kit de acessórios, formado por avental e protetor de sapatos, com o objetivo de chamar atenção para a higiene na cozinha. Na última etapa, todos fazem uma comidinha de verdade: canapés. A estação funciona de segunda a sábado, das 12 às 20h, e aos domingos e feriados, das 14 às 20h. Inscrições gratuitas na hora e no local.

Bolos gelados, cupcakes, milkshakes, hotstones (sobremesas clássicas com sorvete), frap’stones (bebidas geladas com café) e criações mirabolantes. É o cardápio da Cold Stone Creamery (706/707 Norte, Bloco E), marca norte-americana criada em 1988 no Arizona e espalhada em franquias em 29 países, num total de 1.400 lojas. Com três unidades em Curitiba e uma em São Paulo, a grife de gelatos artesanais preparados no granito está a cargo dos sócios Beethoven e Daniel Barroso e Felipe Oliveira em Brasília. “Em todos os mercados aonde a Cold Stone chegou, ela alterou o cenário de sorvetes da cidade”, diz Daniel. Entre as opções exclusivas estão Cheesecake Fantasy (sorvete de cheesecake, mirtilo, farofa de biscoito), Black Forest Dream (sorvete de chocolate, chocolate fudge, recheio de torta de cereja e brownie) e Criação de São João (sorvete sabor massa de bolo, paçoca, coco ralado e canela). Preços a partir de R$ 15. Funciona diariamente, das 11 às 23h.

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Sorveteria que vem lá do Arizona

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O restaurante de gastronomia contemporânea Santé (413 Norte) estendeu até o fim deste mês os dois pratos especiais de junho: o Bem Brasil e o Ancho, criações do chef Divino Barbosa, nascido em Padre Bernardo (GO), 47 anos, 15 de profissão e há cinco na casa. O Bem Brasil (foto) apresenta filé mignon grelhado em tiras ao molho madeira e na companhia de purê de batata e farofa de ovos. É individual e custa R$ 58. O bife ancho chega à mesa em molho de vinho, funghi e mel e tem como acompanhamento risoto de mostarda e queijo coalho grelhado. Também para uma pessoa, custa R$ 88. Os especiais do mês estão disponíveis no almoço e no jantar, diariamente. No domingo, a casa fecha às 17h.


Andreia Marlière

Crepes veganos e na onda fitness

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Há novidades na tradicional Crepe au Chocolat (210 Sul e 109 Norte), casa que comemora 26 anos de existência: é o Menu Funcional, com criações low carb e veganas, feitas com farinha de grão-de-bico e physillium (fibra solúvel), sem glúten nem lácteos. “Percebemos demandas de pessoas com restrições alimentares e também do mercado fitness, de quem consome por opção”, explica a empresária Virgínia Rodrigues, 43 anos. Formada em Administração, trabalha desde os 17 no Crepe, criado pela mãe, Magdalena Rodrigues, hoje dedicada às artes plásticas. “Fui caixa, garçonete, ajudava nas compras”, conta Virgínia. Existem nove pratos à base de filé bovino, frango, charque e camarão e as versões doces. Para a dona da loja, o destaque são os veganos: “Esse público é um nicho excluído, sem opções, a não ser em lugares exclusivos”. Por isso, foram criados a Veganana da foto ao lado (moqueca de banana-da-terra, por R$ 36,50) e o Floresta (cogumelos com creme de castanha-de-caju e molho de tomate da casa, por R$ 38,50). De sobremesa, que tal ganache de castanha-de-caju com morangos e brownie de batata-doce?

Almoço promocional no Outback Um prato suculento e gratinado que leva tiras de filé mignon, cogumelos ao molho de gorgonzola, purê de batatas e queijos. É o Steak au Gratin, lançado no início de julho e disponível nas unidades do Outback no Distrito Federal apenas no almoço, de segunda a sexta-feira. Custa R$ 53,50 por pessoa e inclui entrada — que pode ser salada ou sopa — e acompanhamento, como legumes ao vapor. A promoção não é válida nos fins de semana nem nos feriados. Para provar a novidade deste mês, basta procurar o seu Outback mais próximo: Venâncio, DF Plaza, Pier 21, ParkShopping e Iguatemi. Das 12 às 15h.

antiga exibe dezenas de rótulos de cerveja: “Trabalhamos com 90% de produtos brasileiros artesanais”, informa. Assim é a Tiiv, a primeira vodca orgânica do Brasil, produzida em Taquaritinga (SP). Foi lançada no empório em maio. A bartender Giovana Marvin prepara os coquetéis autorais, como o Dulcineia (gin Hendricks, licor de cereja, limão-siciliano, frutas vermelhas) e o Elvira (vodca, xarope de baunilha, ginger beer). Entre os petiscos, há sanduíches e tábuas como a Deguste: sanduíche fatiado, queijo Alagoa, muçarela, queijo caprese e bruschetta. Serve até quatro pessoas e custa R$ 68.

gourmet no Naturetto, no Beirute, no La Rubia. Com dólmã impecável e maquininha de cartão presa ao bíceps, o brasiliense Guilherme Borges, de 26 anos, circula com a sua bandeja. “Eu já fazia os doces na adolescência para conquistar um sonho, tipo comprar um violino”, conta. A inspiração de empresário surgiu em 2014, depois de viagem à Índia, onde adotou o nome de Govinda. Hoje, ele produz 40 sabores, como capim-santo, rosas, limão-siciliano, cacau (com chocolate em pó Callebaut) e também tangerina, flor de laranjeira, hibisco com pimenta-rosa. Há linhas sem açúcar, lactose e glúten (brigadeiros com biscoito, por exemplo). O pacotinho com quatro brigadeiros sortidos custa R$ 10. “Alimentação é uma questão antropológica, um intercâmbio de cultura por meio dos sabores”, analisa Govinda, que fez curso de técnica de confeitaria e conta com quatro revendedores. No ateliê da 413 Norte, a maior demanda é para festas e casamentos. Encomendas pelo 98144.7878. Namastê.

Na agenda pra você

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130 rótulos de cerveja artesanal

Brigadeiros especiais Govinda

Bruno Cavalcanti

Ele é graduado em Antropologia pela Universidade de Brasília e vende brigadeiros “Aqui é uma extensão da minha casa, tudo tem uma história”, diz Giovana Lima, 24 anos, formada em Publicidade e no comando do Empório Iracema, na 116 Norte. Filha do antiquário Marcelo Lima e de Vanessa (ex-dona do café Objeto Encontrado), ela circula em meio a prateleiras de bibelôs, um Pinóquio de madeira e fotos dos Rolling Stones, de quem o pai é fã. Um imponente armário de farmácia

20 de julho: Noite catarinense na Varanda Sweet Cake. A partir das 20h30, jantar temático com delícias do Sul. De entrada, salsichões, salada de batata, ostras. Entre os principais, filé ao molho de pinhão, arroz de frutos do mar etc. Ingressos: R$ 180. QI 21 do Lago Sul, tel. 99505.0550. Até 27 de julho: 4º Festival Gastronômico de Inverno ParkShopping. De segunda a sexta, no almoço e no jantar. Entrada, prato principal e sobremesa a R$ 58,90. Estacionamento com 50% de desconto das 12 às 14h nesses dias. Participação de dez restaurantes: Abbraccio, Barbacoa, Dom Francisco, La Tambouille, Le Vin, Marietta, Outback, Peixe na Rede, Pecorino e Pinguim. De 27 de julho a 19 de agosto: 19º Restaurant Week Brasília. A nova edição manteve os preços de almoço a R$ 43,90 (Menu Plus a R$ 55) e jantar a R$ 54,90 (Menu Plus a R$ 68) do último evento, realizado em fevereiro e março e do qual participaram 68 restaurantes. Veja a lista completa dos locais em www.restaurantweek.com.br.

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GARFADAS&GOLES

LUIZ RECENA

Muitos mundos em uma taça O MUNDO É VASTO e as elites dele são pequenas. Por isso é que dizemos, com falsa perplexidade, “como é pequeno o mundo”, quando encontramos pessoas parecidas conosco, que conhecem outras ou ouviram falar de terceiras das quais nós também ouvimos. Então achamos que o mundo é pequeno. O nosso é pequeno, do nosso tamanho. Movimentos sociais e revoluções acontecem para, de tempos em tempos, aumentar nossa minoria, dilatar as fronteiras do poder aquisitivo e permitir a mais pessoas certos confortos e acessos antes negados. Os rápidos chamam isso de inclusão social. Prefiro “dilatação elitista”: uma gorjeta que o andar de cima dá para quem está abaixo e consegue se manter depois lá por cima. Pois não são todos os chamados que acabam escolhidos. Isso é bíblico, da elite das bíblias. O colunista teve bom tempo para pensar no assunto entre a porta de casa e o lobby do hotel em Astana, Cazaquistão: 32 horas, com 18 de voos (Brasília-São Paulo-Frankfurt-Astana). O restante são (para)fusos horários e pequenos atrasos naturais. O caos de Guarulhos não é mais novidade e há tábuas de salvação, em forma de italiano saboroso e atendimento gentil: Oliva, perto da aérea que os chilenos estão destroçando des-pa-ci-to. NO MEIO DO CAMINHO tem a Alemanha. Alles Blau! A eficiência volta e tudo se resolve com precisão e bom humor. Ich Lieb Deustchland! Gosto mesmo, e não é de hoje. Check in feito, vamos procurar o fussball. Estava lá, no bar do hotel Sheraton. Enorme. Várias televisões. Escolhi a mais discreta, sem gente por perto. Estava um a zero e o ambiente era pro México. Uma taça de Malbec argentino e uns biscoitinhos de bar. Tudo marchava bem até eles chegarem: dois chucrutes com uma texana, falando inglês e secando o Brasil. Na minha frente! A parte indômita, xucra da fronteira oeste, que ainda habita este colunista,

remexeu-se no mais profundo: “Vou pedir uma garrafa, fechada, e vamos para terceira guerra mundial”. Não precisou. Um americano, que esperava sua americana vinda de Londres, sentou a meu lado, disse ser de Los Angeles e gostar do Brasil e do nosso futebol. O artefato guerreiro dorme na adega do bar do hotel. Aí veio o gol. Golll! Dei uma de Tite e fiz um aviãozinho no meio do bar... sob aplausos. Tinha lido mal o ambiente: a maioria torcia para nós. ASTANA AIR LINES: tomem nota desse nome quando andarem pela Ásia Central. Aviões novos, equipe de primeira, serviço idem, comida farta, toalhinha quente, tinto espanhol. Un lujo! Cinco horas de voo mais quatro de fuso e ao clarear da terça-feira estava na Brasília mais nova do mundo. Aos 20 anos, feitos na sexta seis de julho, Astana é um exemplo de força e dos novos tempos de uma nova região, antes marcada pela pobreza e opressão de impérios, Mongólia, Pérsia, China, URSS, para ficar nos mais conhecidos. O mundo gira e o capital muda, aparece, constrói, contrata e paga. Abre a famosa portinhola para o acesso de novos grupos ao velho sistema da elite, que se alimenta desse tipo de renovação para se perpetuar. Comese de tudo, bebe-se de tudo, de todos os lugares. A exceção local é a carne de cavalo. Um aperitivo de tirar o chapéu. Os três embutidos provados passam fácil por chouriço ou linguicinha no palito. Tem cerveja estrangeira e vodka local. Mantive o tinto. A TAÇA É NOSSA, com o brasileiro não há quem possa. Esse é o samba que cantou a primeira, 1958, Suécia. As que vieram depois repetem a música. As de nossas mesas repetem o gesto, mas o vinho pode mudar. Os vários mundos dignificam as taças. Não duvidemos!

AS DELÍCIAS DE MINAS PERTINHO DE VOCÊ 14

lrecena@hotmail.com

Queijos, doces, biscoitos, castanhas, pão de queijo, pimentas, farinhas, polvilho caipira, massa para tapioca, mel, manteiga, cachaças, linguiça, frango e ovos caipira.

Av. Castanheiras, Ed. Ônix Bl. A - Loja 2 - Águas Claras


PÃO&VINHO

ALEXANDRE FRANCO

Portugas chiques Portugal, em minha opinião, historicamente sempre teve a vantagem de produzir vinhos com uma média de qualidade bastante boa, de modo que mesmo os vinhos mais simples costumavam ser corretos e bem se prestavam ao consumo do dia a dia. Por outro lado, eram muito raros e dignos de nota os vinhos de alta gama que por lá se produziam. Essa realidade, porém, vem se modificando concretamente neste novo milênio no que tange à produção de vinhos de alta qualidade e grande elegância. Aliás, diga-se, sem perder aquela velha e boa condição de não apresentar vinhos mal feitos. Com isso em vista, decidi trazer para esta coluna a crítica de quatro vinhos portugueses de grande qualidade, dois da “velha guarda” e dois da “nova guarda”. Quando se fala de vinhos portugueses de grande qualidade e elegância não há como fugir da Casa Ferreirinha e seu principal rótulo, o eterno Barca Velha, e seu primeiro reserva, o Casa Ferreirinha Reserva Especial. Interessante notar que esse reserva especial é, na verdade, o próprio Barca Velha, assim rotulado nas safras em que o enólogo entende que o vinho não está no nível ideal, suficiente para receber o rótulo superior da vinícola. Iniciemos, pois, com o Barca Velha 2004, vinho que degustei juntamente com uma seleção de grandes rótulos europeus e que empatou em primeiro lugar com uma garrafa de Veja Sicília único. O vinho ainda estava completamente vivo. De cor rubi brilhante, trouxe aromas de frutas maduras vermelhas e negras, com notas de especiarias e leve tostado da madeira corretamente utilizada, finalizando com toque de violetas. No palato, com álcool agradável de 13,5%, é sedoso, aveludado, macio, com ótima acidez e taninos bem estruturados, mas ao mesmo tempo bem domados, com final longo. Grande vinho, como sempre. O Reserva Especial 2007 estava excelente. Deve ter faltado pouco para ser rotulado como Barca Velha. Apresentou-se com uma cor rubi intensa e francos

pao&vinho@agenciaalo.com.br

aromas de frutas negras, especialmente ameixas, além de especiarias e notas de cedro e tabaco. No palato, é bem estruturado, elegante, com taninos poderosos e equilibrados com ótima acidez. Um excelente vinho com preço bem mais fácil do que o de seu irmão mais velho. Grande opção de vinho de alta gama. Das novas estrelas, e ainda no norte de Portugal, no Douro, um dos nomes mais badalados do momento é o vinho Abandonado, neste caso da safra de 2013. O interessante nome se deve ao fato de ser produzido a partir de um vinhedo no alto das encostas da propriedade da família Alves de Souza, com vinhas misturadas de diversas castas autóctones, que por muito ficou esquecido para só recentemente voltar a ser explorado na produção desse ótimo vinho. Apresentou-se em cor rubi profunda, com aromas de frutas negras maduras, algum café e chocolate e um agradável toque de alcatrão. No palato, tem grande estrutura e taninos bem estruturados, com álcool de 14,5% bem equilibrados por uma acidez correta. Um ótimo vinho, mas que pede mais tempo em garrafa para chegar ao seu melhor. Por fim, e para mim a melhor descoberta que fiz, um vinho do Alentejo, o Pêra Velha Grande Reserva 2012, produzido pela Pêra Grave Sociedade Agrícola em terras vizinhas àquelas em que a Fundação Eugênio de Almeida produz seu famoso Pêra Manca. Aliás, a vinícola travou disputa judicial com a Fundação Eugênio de Almeida pelo uso do nome Pêra Manca. Derrotada, adotou em definitivo o nome Pêra Velha. Esse grande reserva é, obviamente, seu top, e muito me surpreendeu pela extrema elegância e equilíbrio que apresentou. Seus 14,5% de álcool nem são percebidos, tamanho o equilíbrio com os ótimos taninos e a corretíssima acidez do vinho. De cor rubi escura, traz muita fruta madura, especialmente ameixas, além de toques de groselha. Na boca, é muito elegante, complexo, sedoso e acima de tudo gostoso. Já está excelente e vai melhorar ainda mais.

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Ksenyia Orlova

DIA&NOITE

kievdevolta! Dom Quixote e Paquita. Essas são as coreografias que os bailarinos do Kiev Ballet apresentam dia 29 de julho no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, às 18h30. A primeira traz a história de Kitri e Basilio, e tem como característica fundamental os traços hispânicos, com seus animados cavaleiros e espevitadas signoritas. A versão para o balé Dom Quixote prova não apenas a genialidade de Cervantes, mas também de Marius Petipa, autor de coreografias lindíssimas, um pouco fora dos padrões de sua época. Já Paquita faz sucesso devido, principalmente, às suas alegres danças espanholas. Foi apresentada pela primeira vez em 1846 no Opera de Paris por Joseph Mazilier e Paul Foucher, com música de Édouard Deldevez e Ludwig Minkus. Os 35 bailarinos da companhia ucraniana considerada uma das melhores do mundo promete encantar os brasilienses com performances de intérpretes como Tatiana Golyakova, sua primeira bailarina. Ingressos entre R$ 55 e R$ 180, à venda em www.bilheteriadigital.com.

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Bailarinas com idades entre 38 a 90 anos participam da instalação performática Ferida sábia, conceituada como uma reflexão estética, antropológica e filosófica sobre o delicado “estado” da mulher, que até os dias de hoje é objeto de descaso e preconceito. Criada pela bailarina e coreógrafa Ana Vitória, a instalação é composta de esculturas em forma de óvulos de lã recheados de memórias afetivas, 40 camisolas dos anos 50, bacias esmaltadas com líquido vermelho e uma grande faixa também vermelha por onde as intérpretes apresentam seus afetos e desafetos. Duas videoinstalações com imagens de cerejeiras e fios de lã, que tecem e destecem as relações com o mundo, completam a ambientação. Angel Vianna, considerada uma grande mestra da dança contemporânea, é convidada especial do espetáculo, que tem participação de Ana Vitória, Priscilla Teixeira, Renata Costa e Soraya Bastos. Seus corpos e suas vivências são colocados a serviço dos mitos e tabus femininos, como a puberdade, a maternidade, o aborto, a menopausa e os ritos de passagem. Na Caixa Cultural, dias 27, 28 e 29 de julho. Sexta e domingo, às 20h; sábado às 18 e às 20h. Entrada franca.

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A primeira infância, do nascimento aos seis anos de idade, é um período de descobertas e aprendizados fundamentais. E os espetáculos do Primeiro Olhar – Festival Internacional de Artes Cênicas para a Primeira Infância foram pensados especialmente para instigar a sensibilidade dessas crianças. “A aproximação da arte a essa faixa etária gera numerosos pontos de encontro para a emoção e a razão”, destaca o diretor Carlos Laredo, idealizador do evento. Contemplado pelo Fundo de Apoio à Cultura e realizado em parceria com o Cena Contemporânea, o festival chega à quinta edição entre 4 e 26 de agosto. Pelo Teatro Plínio Marcos, da Funarte, vão passar, sempre em dois horários (às 11 e às 16h), as montagens Mokofina, da Companhia Musicale Lagunarte (França), nos dias 4 e 5; Bubuia, do Coletivo Antônia (Brasília), no dia 11; Pupila d’Água, da Cia. La Casa Incierta (Brasília/ Espanha), no dia 12; e Ser você e ainda ser eu, do Grupo Teatral Mão na Luva (SP), dias 18 e 19. O Museu Nacional da República recebe, também às 11 e às 16h, os espetáculos franceses O jardim do possível, de Benoit Sicat, dia 25 de agosto, e Icilá, de Benoit Sicat, dia 26. Ingressos a R$ 20 e 10.

No sábado, 21 de julho, a partir das 23h, a festa Makossa, o mais tradicional baile black de Brasília, realiza edição comemorativa de seus 16 anos. Em parceria com a iniciativa NoSetor, que busca, com atividades culturais, revitalizar o Setor Comercial Sul, a Makossa ocupa endereço inédito em sua trajetória: a praça central do SCS. No comando das pistas de dança, tocando músicas dançantes que passam por hip hop, disco, r&b e funk, estão os DJs Kefing (SP), Mayra (SP), Jamaika, Chokolaty, Chicco Aquino, Sapo, Paula Torelly e Equipe Super Soul. Ingressos a R$ 45, à venda pelo site www.mobprodutora.com.br.

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athoscentenário Há 100 anos nascia Athos Bulcão, o artista brasileiro que ao longo de 70 anos criou pinturas, desenhos, gravuras, fotomontagens, figurinos e cenários para teatro. Ele imprimiu sua marca nos monumentos da cidade que escolheu para morar: Brasília. Na programação que começou dia 2 de julho, e continua ao longo do ano, está a exposição Athos – Sete olhares, com fotografias das obras do artista clicadas por fotógrafos da cidade: Edgard César, Luis Jungmann Girafa, Rui Faquini, Zuleika de Souza, Patrick Grosner, Joana França e Maurício Araújo. Estão sendo lançados, também, novos objetos inspirados em sua arte, como o móbile projetado pelo arquiteto Marcelo Berquó e o conjunto de copos em homenagem à Igrejinha Nossa Senhora de Fátima. Uma nova edição de lenços, produzida exclusivamente para o centenário, está à venda com o azulejo comemorativo. Até 6 de outubro, de segunda a sexta-feira, das 9 às 19h, e sábados, das 10 às 17h. Fundação Athos Bulcão (404 Sul). www.fundathos.org.br.

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Nós, filhos do Brasil, tela de Chico Liberato.

A seca, o cangaço, o cordel e a fauna sertaneja inspiraram 16 artistas plásticos que participam da III Bienal do Sertão de Artes Visuais, em cartaz na Câmara dos Deputados até 1º de agosto. Os trabalhos, entre desenhos, pinturas, fotografias e vídeos, são de autoria de Carlos Medina, Celise Dalla Costa, Claudia Tavares, Élcio Miazaki, Felipe Bittencourt, Gabriel Bicho, Isabella Santos Silva, Jean Araújo, Juliana Pessoa, Lorena da Silva Dantas (foto), Luanna Jimenes, Monique Brandão, Natalia Coehl, Romário Batista, Silvana Mendes e Thales Luz. Inaugurada em Vitória da Conquista, em outubro passado, a mostra itinerante busca incentivar e apoiar o desenvolvimento cultural e artístico do sertão brasileiro, assim como promover a troca de ideias e a discussão crítica das práticas artísticas atuais. Na galeria de arte do 10º andar do Anexo IV, de segunda a sexta-feira, das 9 às 17h, com entrada franca

riovistodomar Quem estiver passando férias no Rio de Janeiro vai ter a chance de ver a exposição Celacanto, do misto de artista e nadador Odir Almeida. Ele fotografou a cidade a partir de uma perspectiva completamente diferente: de dentro do mar para fora. O resultado desse trabalho está apresentado em 21 fotografias inéditas em grande formato, em cor e preto e branco, além de vídeos e 150 imagens projetadas em looping, num espaço imersivo de quatro paredes chamado Mar em moto. De acordo com a curadora da exposição, Maria Arlete Gonçalves, “para além do mistério, potência e beleza do mar, em diálogo pulsante e mutante com a cidade e seus habitantes, Celacanto é também uma metáfora dos atuais tempos líquidos, como define o pensador contemporâneo Zygmunt Bauman: a era de transição da humanidade, marcada por alterações climáticas cruciais para o futuro da vida na Terra”. No Centro Cultural Oi Futuro Flamengo (Rua Dois de Dezembro, 63), até 5 de agosto, de terça a domingo, das 11 às 22h, com entrada franca. Em tempo: celacanto, pra quem não sabe, era um peixe abissal pré-histórico cujas barbatanas – acreditava-se – podiam causar maremotos, como sugerem as imagens produzidas pelo artista.

Odair Almeida

Arte digital, desenho, escultura, fotografia, gravura, objeto tridimensional e pintura. Obras de 100 artistas nacionais e internacionais, selecionados por cinco curadores, entre 834 inscritos, compõem a segunda edição da Bienal das Artes do Sesc-DF, que fica na área externa do Pátio Brasil até 26 de julho. De acordo com o coordenador da comissão curadora, Jacob Klintowitz, a seleção das obras teve uma visão multidisciplinar em função da formação diferente de cada jurado. “Obedecemos ao critério de qualidade, independentemente da categoria. Essa bienal contraria o hegemônico processo expositivo brasileiro. A tradição é escolher um tema e reunir um grupo de artistas para compor. E no Sesc-DF é um processo inverso, em que qualquer artista conhecido ou desconhecido tem a possibilidade de se inscrever e expor o seu trabalho. Isso traz novas possibilidades às artes”, destacou. Diariamente, das 10 às 21h, com entrada franca.

sertãonordestino Divulgação

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Annelize Tozetto

DIA&NOITE

riobaldovemaí É Caio Blat quem está vivendo o papel do personagem icônico de Guimarães Rosa em Grande sertão veredas, na peça dirigida por Bia Lessa a ser apresentada dia 28, às 20h, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Conta a epopeia do jagunço Riobaldo para atravessar o sertão, enquanto combate o maior inimigo, Hermógenes (José Maria Rodrigues), faz um pacto com o diabo e descobre o amor com Diadorim (Luíza Lemmertz). Apesar de estar em cartaz há pouco tempo, a peça já foi assistida por mais de 20 mil pessoas em São Paulo, Rio e Belo Horizonte. Essa adaptação do clássico literário brasileiro conquistou diversos prêmios, entre eles o APCA 2017 na categoria melhor direção (Bia Lessa), o Shell também de melhor direção e melhor ator (Caio Blat) e o Bravo! 2018 de melhor espetáculo de teatro. Os ingressos custam entre R$ 40 e R$ 260 e estão à venda em www.bilheteriadigital.com.br.

festivallivre

Entre 23 e 29 de julho, teatros e centros culturais de Brasília recebem espetáculos nacionais e internacionais com foco na presença, performance e atuação das mulheres nas artes cênicas. É a terceira edição do Festival Solos Férteis, com programação de 20 atividades coordenadas pela atriz e diretora teatral Luciana Martuchelli. De acordo com ela, a criação do festival “partiu do desejo de dar protagonismo e pertencimento aos papéis das mulheres nas artes cênicas, de criar espaços de troca e afeto, características do feminino, bem como de aprendizado e para que seus discursos e questionamentos tenham voz.” O tema escolhido é o mito grego da Caixa de Pandora. Assim, as narrativas dos solos apresentados questionam a incoerências imputadas ao feminino e buscam enaltecer a autoimagem da mulher e suas potências. Os ingressos custam R$ 10 e a programação completa está em solosferteis.com.br.

hojetem palhaçada...

Tommy Bay

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Taguatinga, Sobradinho, São Sebastião e Plano Piloto sediam pela primeira vez, em agosto, o Livre! Festival Internacional de Literatura e Direitos Humanos. Os homenageados serão a escritora mineira Conceição Evaristo e o poeta mato-grossense Nicolas Behr (foto). Ao todo, serão 50 autores convidados, quatro mesas temáticas, duas ações sociais e uma publicação inédita produzida pelo festival. A boa fase da literatura brasiliense, com revelações de destaque nos circuitos nacionais, é o mote da curadoria, que apresenta um modelo de mesas em que autores da cidade recebem colegas de grande projeção nacional. O festival é idealizado pela escritora brasiliense Paulliny Gualberto Tort, autora do romance Allegro ma non troppo, semifinalista do Prêmio Oceanos de Literatura 2017. Todos os domingos, de 5 a 26 de agosto. Mais informações em www.literaturaedireitoshumanos.com.br.

... tem, sim, senhor. Até 2 de setembro, as férias continuam para a criançada que for ao CCBB participar do projeto Gargalhando nas férias com o Circo Grock. No picadeiro, uma bem dosada mistura de comicidade, equilíbrio, magia e malabarismo reafirmando o poder de encantar um público de todas as idades. Nas apresentações da trupe nascida no Rio Grande do Norte, a tradição e a poesia circenses se aliam à teatralidade moderna em espetáculo com palhaços, malabaristas, monociclo, magia e um apresentador que é um show à parte. Espaguete (Nil Moura) e Ferrugem (Gena Leão) são os mestres de cerimônia. “Entre um número e outro, a gente entra em cena e faz nossas palhaçadas. Espaguete e Ferrugem ficam sempre tentando mostrar que um é mais esperto do que outro, é o nosso jogo de cena, mas não ficamos apenas nisso. A gente interage e tenta captar o que a plateia está sentindo. Temos mais de 20 cenas diferentes e a gente vai mudando de acordo com o clima da plateia. É uma apresentação viva”, explica Nil Moura. De acordo com a produtora do projeto, Manuela Matusquela, o Circo Grock Internacional imprime uma alma brasileira à tradição dessa arte universal. "A trupe segue a tradição, mas inova ao trazer um jeito especial que só o Brasil possui”, diz. No Dia dos Pais (12 de agosto) acontecem duas sessões gratuitas. Quintas e sextas, às 19h; sábados e domingos, às 17, 19 e 21h. Ingressos a R$ 20 e R$ 10.

Hermann

Bento Viana

elasnoteatro


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vivadonagracinha O primeiro DVD a gente nunca esquece, principalmente quando se chega aos 75 anos de idade. Será dia 28 de julho, às 21h, no Clube do Choro, o lançamento de Dona Gracinha da Sanfona – Vida e obra, o citado DVD de uma piauiense septuagenária apaixonada pela música e pela cultura nordestinas. Maria Vieira da Silva, mais conhecida como Dona Gracinha, continua tocando com muita propriedade sua sanfona de botão, também conhecida como “pé de bode”, instrumento quase em desuso nos dias atuais, imortalizado por Januário, pai de Luiz Gonzaga, rei do Baião. Ela começou a tocar gaita de boca aos sete anos de idade, depois aprendeu a tocar pandeiro e logo depois se interessou pela sanfona. Aos 18 anos, já se apresentava em bailes e festas em sua cidade natal. Na década de 70 veio para Brasília, e desde então marca presença no cenário cultural da cidade com seu repertório eclético que vai do tradicional “pé-de-serra” ao forró mais moderno, além de xote, baião, coco, xaxado e frevo. A direção musical é do maestro Fabiano Medeiros. O DVD foi gravado no primeiro dia de junho, durante show no teatro Sesc Newton Rossi, da Ceilândia. Ingressos a R$ 30 e R$ 15.

"Enquanto a dança trouxer alegria às nossas vidas, a tristeza terá que aguardar sua vez." Essa frase, de autor desconhecido, serve muito bem para quem ama a dança e tem como projeto aprender a dançar. Pois a chance está aí, no projeto Baila Comigo, que acontece todas as terças-feiras de julho no Pier 21, às 19h. Com o propósito de realizar um intercâmbio entre os diversos estilos de dança de salão, é aberto para dançarinos, professores e coreógrafos, mas também para quem quiser se aventurar a dar os primeiros passos. Além de espantar a tristeza, a dança é uma atividade física que auxilia na perda de peso, aumenta a frequência cardíaca, estimula a circulação sanguínea, melhora a capacidade respiratória e fortalece os músculos, principalmente os das pernas.

cinemaemúsica O Femucine – Festival Multicultural de Cinema de Sobradinho – ocupa, entre 2 e 5 de agosto, o Teatro de Sobradinho com exibições matutinas e vespertinas de longas-metragens do Distrito Federal e, à noite, apresentações musicais de artistas de estilos diversos. Entre os shows confirmados estão os de Priscila Lima e Angelo Macarius, na sexta, das bandas de rock Casacasta e Darshan (foto), no sábado, e do grupo Pé de Cerrado, no domingo. O Boi de Seu Teodoro anima o primeiro dia de programação. O festival, realizado com aporte do FAC – Fundo de Apoio à Cultura, é gratuito. Os filmes selecionados pela curadoria do Femucine podem ser conhecidos em femucine.wordpress.com.

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curumins Festas, costumes, tradições, brincadeiras e ritos de passagem relacionados à infância dos índios serão celebrados na próxima edição da Aldeia Multiétnica, de 13 a 20 de julho, em Alto Paraíso, cidade distante 224 km de Brasília. De acordo com o escritor Daniel Munduruku, a pior pergunta que pode ser feita a uma criança indígena é: “O que você vai ser quando crescer?”. Isso porque é dado a ela o direito de viver sua infância sem preocupação com o futuro. É durante essa fase que os curumins são integrados a todas as atividades da aldeia, como caçar, arar a terra, subir em árvores, nadar, enfim, conhecer o território onde vivem. A festa terá participação de tribos de Tocantins, Pará, Pernambuco, São Paulo e Mato Grosso. Na programação, atividades de contato com o Cerrado e a participação de indígenas e não-indígenas em encontros de convivência profunda, que incluem oficinas, feiras de artesanato, palestras, apresentações culturais e contação de histórias ao redor das fogueiras. A 12ª edição da Aldeia Multiétnica é realizada pela Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge, em parceria com o Centro de Estudos Universais. Informações: www.aldeiamultietnica.com.br.

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Luringa

bailacomigo

novagaleriadearte É o artista plástico Kakati de Paiva quem inaugura a Galeria de Arte da Vittoria Z, aberta no último dia 28 de junho na 115 Sul. Com acervo permanente no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), além de obras expostas em museus de Paris, Londres e Miami, o artista neoconcretista expõe pela primeira vez na cidade. Além de Kakati, os escultores Bruno Giorgi e Sônia Ebling terão obras expostas em breve. De acordo com a dona da galeria, Zózima de Cássia Oliveira de Azevedo, “a música e o cinema brasilienses são referência nacional, mas, apesar de grandes artistas terem deixado sua assinatura por aqui, como Athos Bulcão, Bruno Giorgi, Alfredo Ceschiatti e Sérgio Rodrigues, o brasiliense não teve um contato maior com a arte, que faz parte do DNA da cidade”. Sua proposta, então, é inserir Brasília no mercado nacional de artes plásticas.

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GRAVES&AGUDOS

Esse cara é o Rei POR HEITOR MENEZES

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uitas são as chances de viver (e reviver) as emoções quando se trata do Rei Roberto Carlos, cujo próximo compromisso com Brasília está marcado para 11 de agosto, véspera do Dia dos Pais, no assim chamado anfiteatro do Estádio Nacional Mané Garrincha. Por mais comum que possa parecer a enésima visita do Rei a Brasília, não se trata de compromisso ordinário, daí o fato de ser este um programa altamente recomendado. Roberto Carlos ao vivo é um acontecimento e tanto, pois o homem é quem é: um grande intérprete e entertainer, o suprassumo da canção brasileira, um artista envolvente, de emoção à flor da pele, nos mais diversos temas, em que o forte, claro, é o romantismo com seus problemas e soluções. Como dizia Dario Peito de Aço, para cada problemática Dadá tem uma solucionática. Da mesma forma, Roberto é o cara que resolve todos os problemas, pois sabe tudo o que o amor é capaz de dar, e mesmo tendo sofrido não deixa de amar. Aliás, tendo chorado ou sorrido, o

Rei sabe que o importante foram as emoções que viveu. E o interessante é que o Rei atrai um público altamente polivalente. Quer fazer a média com a mãe ou a sogra? Levemnas ao estádio. Quer experimentar uma emoção daquelas? Leve a baby ou o baby ao Mané. Lá pelas tantas, no primeiro caso, a mãe ou a sogra vai retribuir com lágrimas e abraços a presença, ao passo que aquele(a) que genialmente engendrou a ida está garantido(a) no programa de milhagens. Atingindo bonificação extra, digamos, a pessoa passa de um dia para o outro do Executivo para o Diamante. Mas tem que usar os pontos, você sabe que no primeiro vacilo eles expiram. No segundo caso, a baby ou o baby deve potencializar o amor, caso o love esteja correndo às mil maravilhas. Se estiver naquele lance periclitante, tum, o show do Roberto pode ser a salvação da lavoura. Nunca se sabe, o Rei só não faz milagre e dificilmente o Procon devolve o dinheiro do ingresso caso venha a rolar uma separação entre os casais. O Rei nada tem a ver com isso, que fique bem claro. Falando sério, o mais bacana é que o

Rei é terrível: não deixa ninguém de fora. Estão ali representados a amada amante, o amante à moda antiga, o caminhoneiro, as baleias, os detalhes, o amigo de fé, irmão camarada, Jota Cristo, Nossa Senhora, o portão, a proposta, o calhambeque, o negro gato, a montanha, as curvas da estrada de Santos, o brucutu, a cavalgada, os caracóis dos cabelos, o papo firme, a gatinha manhosa, o proibido fumar, o esquecimento, o fã do monoquíni, o splish splash, a festa de arromba, o ilegal, imoral ou engorda, a lady Laura, o pequeno Cachoeiro, a nossa canção, a fama de mau, a mulher pequena, a mulher de 40, o verde e amarelo, a paz do sorriso, a namoradinha de um amigo, o côncavo e o convexo, o diamante cor-de-rosa, o moço velho, os sete cabeludos, enfim, esse cara é o Roberto. Ou como dizia Chico Science: Roberto Carlos é o rei do iê-iê-ê! Roberto Carlos

11/8, às 21h, no anfiteatro do Estádio Mané Garrincha. Ingressos entre R$ 20, no anel superior, e R$ 470, no setor azul frontal (meia entrada, para doadores de um quilo de alimento não perecível). Classificação indicativa: 16 anos.


Guto Costa

Outras emoções POR HEITOR MENEZES

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assada a rebordosa da Copa do Mundo, voltemos ao choque de mundana realidade brasileira que, entre outras coisas, daqui a pouco nos instiga e obriga a votar em governantes, mesmo que o assunto provoque aquela azia que nenhum Alka Seltzer pode curar. A diferença é a música, ensinava a grande Lúcia Garófalo, para nos lembrar que essa arte desce na medida como bálsamo das dores de amores, rancores profundos e doenças no pé. Portanto, amigos, anotem na agenda as dicas dos shows musicais mais bacanas, pois o período está cheio de festivais e continua repleto (bota repleto nisso) de atrações que merecem a atenção, o dinheiro, a paciência e a presença de espírito, não exatamente nessa ordem. Se tem algo capaz de parar a roda-viva desse mundo, esse algo é a arte de Chet Baker, o aveludado cantor e trompetista norte-americano, cuja menção é a mais perfeita definição do jazz. Chet Baker – Retratos musicais é o espetáculo musical que ocupa o palco do teatro do CCBB

nos dias 19 e 20. Em ação, os cantores Leonel Laterza, Rogério Midlej e Tico de Moraes, o ator Jairo Faria e banda recriam o sensível (e trágico) universo chetbakeriano. Alexandre Ribondi assina o texto de apresentação do musical. Na quinta-feira, 19, rock, motocicleta, jaquetas de couro e outros balangandãs dão a tônica do Brasília Capital Moto Week, lance temático em mais uma edição, com uma penca de shows, no Parque de Exposições da Granja do Torto. Durante dez dias, o rock e o blues (Galinha Preta, Raimundos, Scalene, Brazilian Blues Band, Titãs etc) disputam a primazia sonora com as Helleys e o ronco dos motores. Assim, shows todas as noites, durante dez dias seguidos, culminando com Capital Inicial, sábado, dia 28. A extensa programação pode ser conferida em brasiliacapitalmotoweek. com.br e canais correlatos. Por falar em festival, vale conferir o Bocadim Festivalzim LGBTQ+, que agita o espaço da Funarte (Eixo Monumental), dias 20 e 21, com atrações de peso, empunhando a bandeira da liberdade e do direito à livre orientação afetivo-se-

xual. Sim, o sexo é afirmação política. No palco, figuras como Verónica Decide Morrer (CE/SP), Chinelo de Couro (DF), Jaloo (PA/SP), Letrux (RJ), Aíla (PA/SP) e Johnny Hooker (PE/SP) mostram diversidade de sons e atitudes. É a renovada música brasileira com algo mais para curtir e fazer pensar. Nesse dia 21, o samba e o pagode marcam presença forte no centro da cidade e no Cruzeiro. No primeiro caso, temos no Centro de Convenções Ulysses Guimarães (Eixo Monumental), Diogo Nogueira, de volta à cidade com o show de lançamento de seu mais recente trabalho, intitulado Munduê. É samba pé no chão e batuque com um especialista no negócio, que traz ainda aquele discreto charme que magnetiza gêneros dos mais diversos matizes. No Cruzeiro Velho, mais precisamente, na quadra da Aruc, temos a festa-show Toca do Samba – Pagodão Anos 90, onde se destaca a dupla Vavá e Márcio (Karametade), mestres do pagode romântico. Música na arvore, aquele projeto que promove shows em espaços públicos com o objetivo de oferecer arte e entrete-

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Earl Thomas

tinho Silva); os pianistas Bianca Gismonti (um dindim de tamarindo para quem advinhar o nome do pai) e Amaro Freitas; o cantor norte-americano Earl Thomas (finalmente em Brasília!); Spok Quinteto e Igor Prado & Just Groove, além de Ellen Oléria. Detalhes importantes: imperdível e grátis. E por falar em entrada franca e o cabalístico número 4, por um capricho do destino outro festival de peso, envolvendo jazz, blues e música do mais fino acabamento acontece no dia 4, no Estacionamento 4 do Parque da Cidade. Trata-se do 4° Festival BB Seguros de Blues e Jazz. Naquele clima de picnic, pets à vontade, meninada idem, famílias, enfim, tem a chance de sentir o clima (musical) de Chicago, New Orleans, Rio e Salvador, em pleno Python. A programação completa está por aí nas redes, mas basta dizer que escalaram a maravilhosa guitarra de Marlene Souza Lima; a rapaziada d’O Bando tocando Jimi Hendrix; o mestre do sax Leo Gandelman; Pepeu Gomes todo instrumental; e atrações internacionais (norte-americanas) de cair o queixo e lavar “oszovido”: os lendários Ana Luisa Marinho

nimento em meio à paisagem, tem três datas agendadas, na Praça Zumbi dos Palmares (em frente ao Conic): 25, 26 e 27. O jazz instrumental é a pedra de toque. Na programação, Dillo Daraujo mostra as músicas do projeto GuitarAfrika, enquanto o sempre bem-vindo saxofonista Leo Gandelman toca Beatles, com o seu projeto Yellow sax marine. Grandes músicos brasileiros temos aos montes (ainda bem!). Iguais a Egberto Gismonti, claro que não. Egberto é único. Também, com a musicalidade absurda que faz tudo parecer natural, o músico nascido no Carmo, interior do Rio de Janeiro, ganha uma baita homenagem, em três dias dedicados à sua música, no CCBB. Trata-se do espetáculo Egberto 70, cujo título indica a entrada do músico da casa dos 70 (completados em 5 de dezembro de 2017). Quem comanda a homenagem de altíssimo nível é a compositora, arranjadora e saxofonista Gaia Wilmer, idealizadora do projeto. A Gaia Wilmer Big Band recebe dia 27 o violoncelo de Jaques Morelembaum, o piano de André Mehmari e o violino de Ricardo Herz; no dia 28, o violão de Yamandú Costa e a gaita de Gabriel Grossi. Finalizando, no dia 29 tocam a obra gismontiana ninguém menos que o saxofonista Mauro Senise e o homem em pessoa, Egberto Gismonti (os dois na foto abaixo). Senise e Egberto juntos, é claro que vão tocar a clássica Palhaço, ora pois. Estamos em agosto, nada de chuva, uma poeira danada e os festivais continuam. Dias 3, 4 e 5, na área externa da Caixa Cultural (Setor Bancário Sul), acontece a terceira edição do Cerrado Jazz Festival. No line-up, uma turma afiadíssima: João Bosco, Duofel (com Carlos Malta e o lendário percussionista Rober-

Ana Luisa Marinho

GRAVES&AGUDOS

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Lil’ Jimmy Reed e Al Di Meola. O primeiro (não confundir com Jimmy Reed, de quem herdou o apelido), na casa dos 80 anos, tocando melhor do que nunca, é remanescente da época em que o blues começava a sair dos guetos; o segundo fazia anos que não vinha ao Brasil, ajudou a levar a guitarra aos lugares mais distantes do jazz, jazz fusion e world music. Em uma palavra: uau! E tem mais festival. Antes, porém, a lembrança de que o premiado cantor e compositor Silva agendou o Teatro dos Bancários (Asa Sul) para os dias 10 e 11. Talvez você o conheça por causa daquele trabalho de gravar Marisa Monte, com uma ajudinha da própria. Mas Silva vai além. A atual turnê tem como mote o disco Silva, brasileiro, o sexto de meteórica carreira. E de 10 a 12, o super festival CoMA 2018 – Convenção de música e arte – Brasília. São dois dias de shows, cinco palcos, conferências, mais de 40 atrações, em ocupação de espaços no Eixo Monumental (gramado da Funarte, Clube do Choro, Planetário de Brasília e Centro de Convenções Ulysses Guimarães). Então, anote o mega line-up: Elza Soares, Céu, Chico César, Mundo Livre S/A, Linn da Quebrada, Maurício Pereira, Marcelo Janeci, Flora Matos, Supercombo, Vitor Araújo, Muntchako, Vanguart, Àttøøxá, Maglore, Xênia França, Sr. Gonzalez Orquestra, entre outros tantos não mencionados que compõem o grande painel da pulsante música popular brasileira da atualidade. Na programação de shows do período não poderia faltar o glorioso heavy metal. Desta vez, o gênero favorito dos metaleiros estará bem representado pela galera do Massacration, a inacreditável banda paródia/tributo que toca o mais ultrajante heavy metal farofa de que se tem notícia. Os caras pensam que estão em Sunset Boulevard, em Los Angeles, e têm como colegas os caras do Warrant, Quiet Riot, Mötley Crüe, aquele pessoal do hair-metal e de terríveis falsetes vocais. O Massacration é a atração do Toinha Rock Show (Setor de Oficinas Sul), dia 11. A turnê promove o recém-lançado DVD Live Espancation!. Saiba você que os caras avisam que todo o dinheiro arrecadado será usado em “atos beneficentes” (a compra de limousines, jatinhos particulares e castelo da Ilha de Caras). Pode rir, é isso mesmo.


Instituto na 412 Norte é local para aprender o instrumento e conhecer sua memória. POR PEDRO BRANDT

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undado em 2015 como endereço virtual e desde então uma referência no assunto, o Instituto Piano Brasileiro atua no resgate e na divulgação de obras, autores e intérpretes do instrumento no Brasil, desde suas primeiras manifestações no início do Século 19 até os dias de hoje, tanto na música erudita quanto na popular. Em www.institutopianobrasileiro.com.br o visitante pode consultar, gratuitamente, informações diversas, como dados biográficos, discografias, partituras e imagens. O IPB lançou, em 2017, sua primeira publicação, Tango brasileiro, de Alexandre Levy (1864-1892), e também no ano passado recebeu o prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) na categoria projeto musical. Às vésperas de completar três anos, o instituto acaba de ganhar sede física. A sala, na 412 Norte, tem como proposta ser um espaço para a interação com o público, na qual serão realizados bate-papos, cursos, workshops, audições comentadas, saraus e exposições de documentos raros. “Pretendo convidar pianistas, compositores e outros profissionais para compartilharem suas experiências, falarem de suas carreiras, gravações e interpretarem algumas obras”, conta o pianista e pesquisador Alexandre Dias, funda-

dor do IPB. Nos encontros com entusiastas, professores e alunos de piano, Alexandre quer abordar as diferentes escolas pianísticas nacionais, o que diferencia, por exemplo, um Jacques Klein de uma Guiomar Novaes, o que existe além de Villa-Lobos – “há um vastíssimo oceano a ser explorado”, ele reforça –, ampliando, assim, o conhecimento dos interessados pela música brasileira que tem o piano como denominador comum. O alcance que o IPB conseguiu tem possibilitado uma série de novos resgates. “Várias músicas inéditas foram descobertas nesse processo, como os 12 Estudos de Villa-Lobos transcritos para piano pelo grande José Vieira Brandão, cujos nú-

Instituto Piano Brasileiro

412 Norte, Bloco B, Sala 26 (subsolo). institutopianobrasileiro@gmail.com facebook.com/institutopianobrasileiro.

Fotos: Divulgação

Casa do piano

meros 9 a 12 estavam desaparecidos, e que acabaram de aparecer em Brasília no acervo de Márcio Brandão, filho do pianista-compositor. Ele aceitou que o acervo fosse digitalizado”, relata Alexandre. Entre as realizações do instituto está a digitalização do acervo da professora Neusa França, autora do hino oficial de Brasília, somando mais de 200 horas de gravações não-comerciais realizadas por Oswaldo França, marido da pianista, com saraus históricos e apresentações da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional regidas por Cláudio Santoro. Uma recente doação de mais de 1.000 documentos vindos do acervo do professor Aloysio de Alencar Pinto e doados por seu filho, Georges Mirault, foi transformada em exposição que pode ser conferida na sede do IPB. Alexandre afirma que ainda há muito a ser feito pelo piano brasileiro. “A grande maioria de nossos compositores não possui um catálogo robusto, e nenhum, com exceção de Ernesto Nazareth, possui uma edição integral de suas obras. Compositores como Chopin, Liszt, Schumann, Debussy e Ravel possuem todas as obras disponíveis em excelentes edições e inúmeras gravações. Brasileiros como Fructuoso Vianna, Alexandre Levy, João Octaviano, José Siqueira e até mesmo Villa-Lobos ainda estão aguardando um resgate mais panorâmico de suas obras”. O IPB é mantido com o dinheiro das aulas e de doações. Quem quiser apoiá-lo financeiramente pode fazê-lo pelo site benfeitoria.com/InstitutoPianoBrasileiro.

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CAIANAGANDAIA Glaucimara Castro

Prazerosa transformação POR VICTOR CRUZEIRO

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awasdee! Da próxima vez que você desembarcar em uma praia da Tailândia, e for recebido por um nativo com um largo sorriso, antes de rumar para o quiosque mais próximo e pedir drinks tropicais para acompanhar uma lagosta de U$ 1, provavelmente vai ser essa palavra que você ouvirá. Sawasdee é uma das muitas maneiras de dizer bemvindo em tailandês, e é com esse espírito receptivo e extravagante – como só é um pôr do sol na Tailândia – que o projeto Na Praia vive seu quarto ano em Brasília. Com o tema “transformação”, o Na Praia 2018 tem a pretensão de fazer da orla do Lago Paranoá um pedaço do sudeste asiático. Com objetos de decoração trazidos diretamente desse outro lado do mundo, o evento exibe as cores quentes e os ares excelsos dessa região que, para muitos, não passa de um cartão postal. A transformação não se limitou à decoração, mas alcançou o próprio espaço, que este ano está maior, com mais atrações e, como não poderia deixar de ser, mais surpresas gastronômicas – um dos carros-chefes do evento. Durante as 11 semanas do Na Praia,

que começou em 30 de junho e vai até 8 de setembro, as vibrações poderosas de Bali prometem alcançar todos os gostos e desejos dos brasilienses, apresentando a melhor versão do evento até hoje. Shows, festas, esportes, gastronomia, diferentes tribos e estilos se encontram nas proximidades da Concha Acústica, no Setor de Hotéis de Turismo Norte. Em primeiro lugar, os shows – talvez uma das atrações mais esperadas pelos fãs do Na Praia – têm mantido o astral nas alturas, ao mesmo tempo em que oferecem um ambiente aconchegante para cada gosto. Enquanto as quintas são dedicadas a atrações mais afetivas e intimistas, como os cantores Maria Rita (19/7), Liniker (9/8) e Alceu Valença (23/8), as sextas prometem ir esquentando o sistema aos poucos, com happy hours com estrelas como o DJ recifense Ralk (20/7), a cantora brasiliense Bell Lins (10/8) e o mestre das picapes Chicco Aquino, também brasiliense (24/08). Os sábados e domingos, como de praxe, pertencem à iluminação completa que só uma boa festa é capaz de trazer. Utilizando nomes de algumas das praias mais famosas da Tailândia e da Indonésia, o Na Praia terá shows de Simone e

Simaria e Mano Walter (Railay – 28/7), Bell Marques e Harmonia do Samba (Pandawa – 4/8) e a fenomenal dobradinha de Gilberto Gil e Natiruts (Luau Koh Phangan – 25/8). Mais ainda: como atração de honra desta edição, o Na Praia terá um show da diva brasileira Anitta – que neste exato momento conquista palcos pela Europa – ao lado de Léo Santana (Phi-Phi – 1/9). Apesar dos ares espirituais dos templos e pagodes tailandeses, para aqueles que querem manter o corpo em primeiro lugar, o Na Praia 2018 segue oferecendo os aulões nas manhãs de sábado, com circuitos de treinamento funcional, dance mix, treinamento hiit, fit dance e muay thai (prática que não poderia faltar dentro do tema). No que diz respeito à comida, é importante começar com a informação de que o Na Praia conta com 25 opções gastronômicas. E, mais do que buscar atender toda a família, mais do que entrar no clima temático da edição, a preocupação este ano é oferecer conforto e opções para aqueles com restrições e necessidades alimentares específicas. Assinada pela chef Renata Carvalho, responsável pelos menus do Ricco Burger (306 Sul) e da


Bruno Soares

Boutique Passion (516 Sul), a curadoria do espaço gastronômico busca atender a todos, de celíacos a pais com bebês pequenos, que contam com o Club Life To Go e o Empório da Papinha, ambos disponíveis aos domingos. Uma miríade de casas marca presença no complexo, como o Açaí Casca, Café e um Chêro, Chez l’ami, Confraria do Camarão, Hot Dog Club, Koni, Marietta, Marzuk, Pastel Mix, Pipoca Blê, Villa Cinco e Stonia, instalados na Vila Gastronômica, que funciona às quintas e sextas, a partir das 17h, e aos sábados e domingos, de acordo com a programação, enquanto outras, como o Bolo da Ivone, Fecherri Churros e Les Frites, são opções itinerantes. O restaurante oficial está sob comando do jovem chef Thiago Paraíso, do Ouriço (QI 21 do Lago Sul). Servindo petiscos e entradas (entre R$ 35 e R$ 45), pratos principais (entre R$ 75 e R$ 85) e sobremesas (entre R$ 24 e R$ 26), o Ouriço, casa recente e ousada, promete não decepcionar. Assim, o Na Praia 2018 traz a lição de que, como todo bom pôr do sol, seja na Tailândia ou no Lago Paranoá, há muito mais sensações envolvidas do que palavras que podem colocá-las no papel. Portanto, só resta ir e experimentar. Que seja tão prazeroso como nos anos anteriores! Paila na! Até mais!

Glaucimara Castro

Glaucimara Castro

Glaucimara Castro

Na Praia 2018

Até 9/9, no SHTN, próximo à Concha Acústica. Ingressos à venda pelo aplicativo Na Praia, disponível para Android e IOS.

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CAIANAGANDAIA Fotos: Divulgação

Brasília abaixo de zero POR VICTOR CRUZEIRO

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á um mito de que o povo esquimó tem 50 palavras diferentes para dizer “neve”. Felizmente, o brasiliense não tem tantas assim e, cada vez mais, tem centrado sua experiência com o frio na temporada em que o Brasília Ice Park abre as portas. Até 5 de agosto, o complexo gelado traz os tons e sensações dos polos para o Pontão do Lago Sul, oferecendo uma programação encantadora e diversificada – este ano ainda mais! Como carro-chefe, é claro, o Brasília Ice Park conta com a maior pista de patinação no gelo ao ar livre do país (R$ 35 por 30 minutos para adultos e crianças maiores de seis anos; R$ 25 por 10 minutos o carrinho-patinador para crianças menores de seis). No entanto, muito além da pista, o complexo oferece inúmeras atividades que, neste ano, não se limitam às crianças. Além das já conhecidas oficinas de circo e de mágica, peças de teatro e palhaços, contadores de histórias e exibição de filmes, o Brasília Ice Park apresen-

ta shows de water screen (apresentações multimídia que projetam luzes e sons em uma fina camada de água), piscina de bolinhas flutuantes (R$ 15 por 10 minutos), arvorismo (R$ 15) e water balls (em que o visitante entra em bolas infláveis para brincar na superfície do lago, R$ 15 por 5 minutos). Para os pais que temem não ter nada para fazer na arena gelada a não ser acompanhar os filhos na excruciante tarefa de patinar no gelo, há uma extensa uma programação voltada para os adultos. Às sextas-feiras, por exemplo, a praça central do parque é transformada em um grande karaokê, com direito a banda, jurados e notas. As noites de sábados também são dedicadas à música, com uma arena de shows que recebe grandes nomes da música nacional como Nando Reis, Mallu Magalhães e Zeca Baleiro, e internacional, como a cantora britânica Jesuton. Toda essa diversão não estaria completa se o parque não contasse com uma praça de alimentação à altura das expectativas dos visitantes. Uma atração à parte, a Vila Gastronômica oferece opções

para todos os paladares: massas e caldos do Veloce, cachorro quente do Parrilla Madrid, pipoca, algodão doce, coxinha, pastel e pão de queijo do Pink Penguin, pizzas da Baco, churrasquinhos especiais do BierFass, ragu de costela com batatas apimentadas do Taypá, e sushi, wrap e crepes do Mormaii Surf Bar. Para aquecer o coração e os corpos dos patinadores de primeira viagem, o barista Antonello Monardo serve seu delicioso chocolate quente e seus cafés. E para aqueles que se sentem mais confortáveis no frio está presente a Stonia Ice Creamland. Completam a Vila Gastronômica o Move Bar, com suas bebidas, e a Yard by Hidden, com sua carta de vinhos. Embora os brasilienses não tenham, como os esquimós, 50 palavras para “neve”, essa temporada do Brasília Ice Park vai, com certeza, fornecer mais de 50 palavras para “diversão”. Brasília Ice Park

Até 5/8, no Pontão do Lago Sul. De 2ª a 6ª feira, das 14 às 24h; sábados, das 9 à 18h (parque) e das 19 às 24h (arena); domingos, das 9 às 24h. Ingressos à venda em www.bilheteriadigital.com.br ou na bilheteria do parque.


Divulgação

QUEESPETÁCULO

Corações descuidados Novo projeto de Fernando Guimarães leva aos palcos a alegre desventura dos amantes POR GUSTAVO T. FALLEIROS

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u queria muito falar sobre traição e ciúme”, confidencia Fernando Guimarães, enquanto repassa as marcações de palco com o elenco. De fato, essa é uma das chaves para penetrar no universo de Três vezes te enganei, o novo espetáculo do diretor brasiliense. Em cena, quatros histórias que não se comunicam, mas que se submetem igualmente à força gravitacional do desejo. “Nada deixa a gente mais fora do prumo do que o emocional de paixão. E, em nome disso, são feitos verdadeiros absurdos”, continua Fernando, encantado com os desvarios presentes na literatura de Samuel Beckett, Marguerite Yourcenar e Nelson Rodrigues. Do primeiro, colheu uma visão pessimista de relacionamento. Da segunda, a cegueira dos amores não correspondidos. Do terceiro, a maledicência inteligente. O texto, porém, não seria o mesmo sem a contribuição de cada um dos 14 atores. “Fizemos uma dinâmica em conjunto. No início, ninguém falava muito. Ninguém gosta de admitir que sofreu por amor. Depois, foram surgindo narrativas espetaculares”, revela o diretor. Assim, Três vezes te enganei é também uma

criação coletiva, que passa a integrar o catálogo do grupo estabelecido ao redor da Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, onde Fernando leciona há 22 anos. Como um maestro, ele orquestrou as muitas vozes em trios, de modo que todas as cenas iluminam três personagens por vez. O terceiro elemento está ali para desestabilizar os casais, para introduzir novas perspectivas aos fatos ou, simplesmente, para bisbilhotar. “O problema da paixão é que ela envolve outra pessoa. Sendo que, no auge do sentimento, você prescinde do outro”, provoca o diretor. Esse quê de voyeurismo é sublinhado de modo sutil pela trilha sonora doída, apenas com canções dos anos 1930 e 1940. E, como não poderia deixar de ser em se tratando de Guimarães, cenários e figurinos bebem na fonte das artes plásticas. “A referência são os parangolés de Hélio Oiticica. Gosto muito da exuberância das cores”, explica. Narizes pontiagudos completam a caracterização e fazem um contraponto divertido aos aspectos mais densos da performance. Cabe ao público ponderar o quanto de fantasia – e mentira – cada personagem deixa entrever. Com Três vezes te enganei, Fernando alcança a impressionante marca de 65 peças dirigidas, a maioria delas em parceria com o irmão Adriano, que está morando

no Rio de Janeiro. Apesar da distância, eles continuam a obra conjunta, apenas o ritmo de produção teve de ser adaptado às circunstâncias. Desta vez, os trabalhos foram iniciados em fevereiro e alcançam agora a maturidade, a tempo de participar da Mostra Dulcina, que agitará, no segundo semestre, a sala símbolo da resistência do teatro em Brasília. A presente temporada é, portanto, um aperitivo ou, para usar uma palavra mais apropriada, uma “espiadinha”. Sem estragar a surpresa, a plateia pode esperar uma dose alta de tiradas rodrigueanas, com especial destaque para os disparates de Viúva, porém honesta. Aliás, o fetiche em torno do escritor intriga Fernando. “Criou-se um imaginário popular pornográfico. Nelson ficou com essa pecha, sendo que as peças não têm palavrão, não têm nudez. Quando viajamos o país com Dorotéia, sempre nos perguntavam: ‘Vem cá, tem muita sacanagem, tem?’.” Afinal, tem ou não tem? Prezados leitores, estão convidados a verem com os próprios olhos. Três vezes te enganei

De 14 a 20/7, às 20h, no Teatro Dulcina (Setor de Diversões Sul), com entrada gratuita. Ingressos distribuídos uma hora antes do início do espetáculo. Classificação indicativa: 14 anos.

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Valter Campanato/Agência Brasil

MÚLTIPLASARTES

Dívida resgatada POR LÚCIA LEÃO

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Teatro Galpão foi inaugurado em tempo recorde, em menos de um mês, em 1975, com adaptações feitas pelo arquiteto Mauro Bondi, da Universidade de Brasília, a partir das sobras de construções do Governo do Distrito Federal. O teatro abre as portas com a estreia da peça O homem que enganou o diabo e ainda pediu o troco, de Luiz Gutemberg, com direção de Laís Aderne. Imediatamente o espaço se tornou conhecido, com montagens teatrais de sucesso e de longas temporadas. Peças e trabalhos artísticos impactaram e transformaram o fazer artístico da capital do Brasil. Os artistas passaram a ser os donos daquele espaço democrático. Quem passou por ali tem uma bela história para contar, como protagonista ou espectador. Formou-se um público e formaram-se artistas. Nós, os brasilienses (de todo o Bra-

sil), estávamos em casa, na Nave 508.” Assim a artista plástica Suyan Mattos apresenta, no seu livro Nave 508 – Espaços dos insistencialistas (no prelo), a gênese do Espaço Cultural Renato Russo. A “quadra marco-zero da cultura” de Brasília, na definição de TT Catalão, que estava fechada há cinco anos, foi devolvida à cidade no último dia 30 de junho na forma de um diversificado, acolhedor e bem equipado complexo que abriga três salas de espetáculos, quatro galerias, oficinas, biblioteca, gibiteca e musicoteca. E, acima de tudo, com a promessa de resgatar a efervescência criativa que marcou a trajetória da nave – “não uma nave espacial, mas uma nave em termos religiosos, um ambiente sagrado”, como define Suyan, que de espectadora da década de 1980 volta agora ao espaço como sua historiadora e como artista. Foi com a expectativa desse resgate

que quase duas centenas de artistas e amantes das artes participaram da vernissage da exposição Ondeandaaonda 3, que marcou, em clima de grande festa, a reinauguração do espaço cultural. Lá estavam o governador Rodrigo Rollemberg, o Secretário de Cultura, Guilherme Reis, e boa parte dos grandes ícones da cultura e das artes da cidade – Hugo Rodas, Renato Matos, Marcelo Beré, Vladimir Carvalho, Paulo Andrade, Nanche Las Casas, Miguel Simão, Nicolas Bher, Marcelo Beré, Marília Panitz, Iara Pietricoviski... só prá citar alguns. “Este é o marco do reencontro da comunidade artística de Brasília com um dos principais lugares de fruição cultural do DF, interditado depois de décadas de falta de manutenção. O Espaço Cultural Renato Russo 508 Sul é a casa dos artistas de Brasília, das artes visuais, do teatro, do cinema, da música, da dança, do circo, da arte urbana”, diz o Secretário


Valter Campanato/Agência Brasil

O diretor teatral Hugo Rodas e centenas de outros artistas da cidade comemoram a reabertura do Espaço Renato Russo junto com o governador Rodrigo Rollemberg. Abaixo, o casal Naiara e Mateus. Lúcia Leão

de Cultura, Guilherme Reis, que participou como ator da primeira montagem realizada no local, em 1974. Circulando à vontade entre renomados e um público majoritariamente acima dos 50 anos, o casal de estudantes Naiara e Mateus, de 19 anos, chegou à festa atraído pelos nomes de alguns de grafiteiros famosos da cidade – como Vanz, Toys, Siren, Curujito, Carlie, Fabricia e Michele –, convidados a pintar as fachadas do espaço. Mas sabiam o que iam encontrar por traz das paredes. “Estou impressionado com o espaço, com certeza eu estarei sempre aqui. A gente precisa disso”, aprovou Mateus. Ondeandaonda 3 reúne mais de 100 obras de 40 artistas que representam 19 pequenas galerias de várias regiões do Distrito Federal e do entorno. Organizada pelo diretor do Museu da República, Wagner Barja, além de apresentar o trabalho de uma grande e diversificada gama de artistas ela se propõe a envolvê-los num processo de economia criativa, promovendo a aproximação com o mercado de artes e a crítica especializada. “Durante o tempo da exposição vamos fazer rodas de conversas entre os artistas, os galeristas e os agentes do mercado. Também é papel do Estado apoiar o artista como empreendedor”, explica Barja. A exposição pode ser vista até o dia 15 de agosto. A partir daí, a programação e gestão do Espaço Cultural Renato Russo estarão a cargo de uma Organização de Sociedade Civil em processo de seleção pela Secretaria de Cultura. Tudo bem até aí. Mas, de acordo com o edital, a OSC escolhida terá que responder a toda a expectativa criada para o espaço com o limitado orçamento anual de R$ 800 mil. Ou R$ 66 mil mensais para realizar as oficinas e preencher a agenda de espetáculos de todas as salas. Vai precisar de muita criatividade, mas a gente torce!

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Fotos: Divulgação

VERSO&PROSA

Rodrigo Lacerda

Caetano Galindo

Luis Carreira

Ana Miranda

Cristovão Tezza

Experiência transformadora POR VILANY KEHRLE

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ruto de um longo trabalho de reflexão sobre o universo da leitura e da literatura, a exposição Eu leitor, em cartaz na Biblioteca Nacional de Brasília a partir de 26 de julho, busca aproximar as pessoas do maravilhoso conteúdo das obras literárias. Com projeto expositivo assinado pelos irmãos Adriano e Fernando Guimarães e curadoria do escritor e professor Luiz Carreira, a mostra explora a experiência transformadora da leitura por meio de conteúdos cuidadosamente pesquisados e selecionados, pelo uso da tecnologia e da interatividade, por núcleos temáticos, ciclos de conferências, leituras dramáticas, performances artísticas, jogos lúdicos e brincadeiras. Com entrada gratuita, e instalada no coração do Plano Piloto, a exposição espera atingir um público diversificado, tanto de pessoas que estão habituadas a ler literatura como aquelas que só tiveram contato com o universo literário como obrigação escolar. Também vai investir em um grande projeto educativo dirigido, principalmente, ao público estudantil, dispondo de atividades e material para ajudar professores e alunos a usufruir do conteúdo da exposição. A aventura terá início no corredor de entrada da Biblioteca Nacional, que vai se transformar em um longo túnel do tempo, com uma apresentação da histó-

ria dos livros e da escrita desde 3.000 a.C. até os nossos dias. E a jornada prossegue por seis núcleos temáticos, que vão levar o visitante a curiosas descobertas e grandes revelações. O núcleo Mapa faz, como indica o nome, um mapeamento da tradição literária e da história da escrita e do livro. A seguir vem o Gesto, onde pequenos textos são combinados com atividades interativas. No Rumor, enquanto escuta trechos de livros em forma de murmúrio, o visitante vai se deparar com uma espécie de altar feito de peças de vidro e luz, numa sensação de mergulho no sagrado da literatura. No Escuta, a experiência fundamental é ouvir os textos, atentamente, sentado em torno de uma mesa, como se estivesse frente a frente com um contador de histórias. No Constelação, informações encontradas pelo caminho vão aparecer de forma mais livre e divertida. A viagem termina no núcleo Alexandria, uma pequena biblioteca num espaço de leitura confortável, onde se pode ler com calma o livro preferido. Durante o período da exposição, na sala Escuta, todas as quintas e sábados, será realizado o ciclo de conferências O livro da minha vida, com a presença de grandes personalidades da literatura, ou ligadas a ela, que vão discorrer, em torno de uma grande mesa, “como se estivessem conversando na cozinha de casa”, sobre suas próprias experiências como

leitores, tendo como ponto de partida uma obra que marcou sua vida. Ana Miranda vai falar sobre Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll; Cristóvão Tezza sobre Lord Jim, de Joseph Conrad; Caetano Galindo sobre Ulisses, de James Joyce, e asssim por diante. ; Luiz Carreira sobre Ficções, de Jorge Luís Borges; Karleno Bocarro sobre Dom Quixote, de Cervantes, e assim por diante. O idealizador e curador do projeto, Luiz Carreira, diz que, como escritor e professor, sempre lhe interessou pensar a leitura como uma técnica e uma forma de conhecimento, mas, ao longo de seu trabalho, observou como a literatura não é apenas um conteúdo escolar, mas uma forma poderosa de conhecimento que amplia nosso domínio da linguagem e nosso horizonte de experiência e aprendizado da vida humana. “Ler literatura não tem nada a ver com coletar informações sobre estilos de épocas, técnicas literárias e outros artifícios escolares. A leitura é uma forma de encontro, uma forma de ouvir a voz do outro, uma forma de atenção a vidas alheias e semelhantes, ainda que inventadas pela ficção”, ressalta, revelando que deseja levar a exposição para o Rio de Janeiro, São Paulo, e, talvez, Portugal. Eu leitor

De 26/7 a 23/9 na Biblioteca Nacional de Brasília (Setor Cultural Sul). De 3ª a domingo, das 9 às 19h, com entrada franca. Mais informações: www.objetosim.com.br.


Aventuras da

menina-saci Inspirada em desenhos animados e no folclore brasileiro, HQ produzida por autores brasilienses pode ser lida on-line. POR PEDRO BRANDT

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s amigos Lucas Marques e Bruno Prosaiko são parte da equipe que produziu a revista Aerolito, uma publicação independente de histórias em quadrinhos e também o nome do selo criado por eles para dar vazão a outros projetos em HQ. Com as três edições da Aerolito e algumas outras publicações, a dupla participou de diversos eventos e feiras voltadas para quadrinhos, fanzines e artes gráficas em Brasília. “É muito motivador conhecer e interagir com outros quadrinistas, principalmente quando você está começando. Isso desmitifica essa figura do autor de quadrinhos e mostra que é possível você mesmo produzir”, avalia Bruno. A experiência acumulada ao longo dos anos deu aos dois a confiança para realizar um projeto mais audacioso. “O Bruno tirou da gaveta uma personagem que tinha bolado anos atrás para um concurso, e juntos reformulamos completamente o conceito inicial – muito diferente do que é agora. Ela surgiu da nossa vontade de revisitar o folclore brasileiro e temas complexos – como construção de identidade, polarização política, relacionamentos abusivos, amadurecimento e machismo – com uma abordagem leve e, esperamos, divertida”, conta Lucas. “E queríamos fazer algo em série, de forma que cada capítulo expandisse um pouco mais o universo dos personagens”, acrescenta Bruno.

O resultado disso é o mais novo lançamento do selo Aerolito, Ciça, a meninasaci. A série, voltada para o público infanto-juvenil, pode ser conferida no endereço eletrônico cicasaci.com – que, periodicamente, será atualizado com novas histórias (que contam, também, com a opção de audiodescrição). As HQs mostram as aventuras da protagonista – uma menina-saci de nove anos, esperta e hiperativa – em um mundo entre o real e o fantástico, repleto de criaturas mágicas, no qual o trivial quase sempre descamba para o surreal. As situações apresentadas buscam causar no leitor algum tipo de reflexão, sem, para isso, apostarem no didatismo. O projeto foi contemplado com o FAC – Fundo de Apoio à Cultura, que viabilizou sua execução. Os dois autores são responsáveis pelos roteiros das HQs, enquanto Marques faz os desenhos e Prosaiko a coloração. Entre as referências visuais deles estão nomes como Akira Toriyama (Dr. Slump), Jim Woodring (Frank), James Kochalka (Fungos), Noelle Stevenson (Limona), Luke Pearson (Hilda e o Troll) e Jesse Moynihan (Forming). Entretanto, mais até do que os quadrinhos, são as ani-

mações a principal inspiração da dupla. “Assistimos a várias temporadas de Hora de aventura, Titio avô, O segredo além do jardim, Apenas um show e Irmão do Jorel e devoramos os filmes do estúdio Ghibli. Paralelamente, observamos como outros autores abordaram o saci e demais personagens folclóricos em suas histórias”, conta Lucas. Os autores tiveram o cuidado de não reproduzir estereótipos racistas, muitas vezes associados ao saci. “Para isso, reforçamos nossa autocrítica e buscamos a orientação de uma leitora de sensibilidade especialista no assunto”, detalha Prosaiko. Futuramente, os autores pretendem compilar os quadrinhos de Ciça em uma publicação impressa. Por enquanto, a web é a melhor maneira de a personagem ficar conhecida. “Em um ambiente tão sobrecarregado de informação e movido pela novidade, como é a internet, nossa expectativa é que nossas histórias atinjam e envolvam o público”, deseja Bruno. Ciça, a menina-saci

De Bruno Prosaiko (histórias e coloração) e Lucas Marques (histórias e desenhos). Quadrinhos disponíveis para leitura gratuita em cicasaci.com.


LUZCÂMERAAÇÃO

Emma

Uma questão pessoal

Nova safra italiana Pela segunda vez em Brasília, a organização Il Sorpasso, com apoio da Embaixada da Itália e de instituições privadas, realiza a mostra 8 ½ Festa do Cinema Italiano. POR SÉRGIO MORICONI

título da mostra, assim como a principal organização que a promove, Il Sorpasso, não deixa dúvidas de que, além de fazer conhecer a nova safra de filmes contemporâneos italianos, a intenção dos organizadores é proporcionar aos espectadores a possibilidade de relacionar realizadores e filmes presentes na mostra com a “bela época” desta que é uma das cinematografias mais importantes do mundo. Il sorpasso (no Brasil, Aquele que sabe viver/1962) foi um dos principais representantes da commedia all’italiana, gênero popularíssimo que sucedeu o neorrealismo e o pós-neorrealismo. Esses dois “movimentos” estabeleceram no mundo a grandeza da arte cinematográfica da península e se transformariam, por um longo período, numa marca registrada de qualidade, sendo que 8½, clássico de Federico Fellini, pode ser considerado, sem qualquer sombra de dúvida, um marco no cinema mundial. Ausente das salas brasileiras nas últimas duas décadas, o cinema italiano aparecia esporadicamente com filmes de Ettore Scola, de Nanni Moretti, dos irmãos Paolo e Vittorio Taviani, de Paolo Virzì, Giuseppe Tornatore, Roberto Benigni, Marco Bellocchio, do “jovem” Paolo Sorrentino, entre outros. Dito assim,

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parece muito, mas o que se perdeu foi uma espécie de conceito elevado que se traduzia num grande protagonismo dos realizadores italianos em festivais internacionais de cinema. Consequentemente, isso gerava uma grande expectativa quando algum filme com a marca “Itália” chegava ao circuito brasileiro. Nos dias de hoje, a situação pode passar a ser novamente favorável aos filmes italianos, no momento em que governo italiano revê sua geopolítica, incentivando produtores e distribuidores a dar uma atenção especial para a América do Sul, região do planeta por eles deixada de lado em detrimento dos EUA. 8 ½ Festa do Cinema Italiano faz parte desse movimento de reaproximação e de abertura de mercados. Independentemente desses aspectos políticos, no que se refere propriamente ao cinema, há muita coisa boa nesta mostra, entre elas a oportunidade (imperdível mesmo) de ver o último filme realizado conjuntamente por Paolo e Vittorio Taviani. Obra densa, Uma questão pessoal, finalizado ano passado, baseado num livro de Beppe Fenoglio, chega aos circuitos de cinema logo depois da morte de Vittorio, ocorrida em abril deste ano. Filme de época, ambientado nos últimos anos da Segunda Grande Guerra, Uma questão pessoal retoma a militância política dos realizadores, ambos muito ligados

à estética neorrealista, especialmente ao combate à ideologia nazi-fascista. Assim como em Roma, cidade aberta (1945) e Paisà (1946), dois libelos de Roberto Rosselini contra a monstruosidade das guerras, os Taviani dissecam (numa perspectiva contemporânea) os efeitos devastadores dos conflitos bélicos sobre as pessoas comuns. O processo de degradação moral e os dilemas a que são submetidas as personagens. Não há cenas de batalhas aqui. Os Taviani preferem a evocação da luta, dos resistentes, dos jovens heróis idealistas, das relações amorosas. Realidade e invenção artística estão igualmente imiscuídos um no outro. Curiosamente, é um filme que fala fundamentalmente da morte e que joga um olhar angustiante sobre a Itália. Outro destaque evidente da mostra é Dogman, de Matteo Garrone, conhecido no Brasil por Gomorra. Dogman esteve este ano na competição oficial do Festival de Cannes, o que não é pouca coisa. O filme trata da estranha amizade entre um cabeleireiro de cachorros e um ex-boxeador muito violento. Diretor de O conto dos contos, Matteo Garrone uma vez mais prova conhecer o cinema e suas regras. Ele gosta de incorporar diferentes gêneros cinematográficos, sem nunca deixar de ser espontâneo e ousado. Nos dois filmes mencionados há interessantes to-


Fotos: Divulgação

A ternura

ques hiperrealistas. Como aconteceu com O embalsamador, também exibido no Brasil, Dogman flerta com o melodrama, ao abordar a relação entre Marcello, o protagonista, e sua filha Alida, e também com o que a gente pode chamar de horror metafísico. Garrone pode ser considerado o exato oposto de Gianni Amelio, realizador veterano que teve seu melhor momento nos anos 90, com Ladrões de crianças, de 1992, Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes e ganhador de inúmeros outros troféus em festivais europeus. A ternura, programado neste 8 ½ Festa do Cinema Italiano, é um melodrama sóbrio, atravessado por esmagadoras forças subterrâneas, e que explora a complexidade dos sentimentos humanos.

Aqui por casa tudo bem

Gianni Amelio, sem dúvida um dos mais relevantes realizadores da sua geração, regressa com um filme magistral sobre a necessidade insubstituível da ternura entre os seres humanos. Outros filmes e diretores que merecem atenção são os (quase) veteranos, ou já maduros, Silvio Soldini, com Emma, Gabriele Muccino, com Aqui em casa tudo bem, um insuspeitado Luciano Ligabue, famoso rock star italiano que estreou no cinema com um surpreendente Radiofreccia (1998) e que agora surge com Made in Italy, e o grande ator Sergio Castellitto reafirmando o seu talento na direção com Fortunata. Seu Não se mova, de 2004, trazia um retrato amargo sobre o empobrecimento de uma família de clas-

Seres horripilantes Cada um é mais assustador do que o outro. Juntos, então, são capazes de, como ninguém, tocar o terror. Pois é esse cardápio cinematográfico fantasmagórico que o CCBB servirá, até 7 de agosto, aos apreciadores de emoções fortes. A mostra Monstros no cinema exibirá nada menos que 39 filmes com personagens que causam pavor, mas, talvez por isso mesmo, atraem legiões de espectadores às salas de cinema – Drácula, Frankenstein, Múmia, Lobisomem, Alien, Freddy Krueger, King Kong... a lista é extensa. “Os monstros fazem parte do nosso imaginário desde a mais tenra infância. Sejam os que se escondem debaixo de nossas camas, dentro do guarda-roupa, ou aqueles que adentram os nossos quartos à noite com a simples missão de nos amedrontar. Seres

Drácula (1931)

sombrios, assustadores, disformes, os monstros nos acompanham durante toda a nossa vida. O cinema, desde os seus primórdios, usou a figura do monstro não só para contar narrativas de terror, mas também para usá-los como metáforas da sociedade”, explica o curador da mostra, Breno Lira Gomes. Os principais títulos do gênero já produzidos estão presentes na programação, entre eles alguns poucos nacionais, como À meia noite levarei sua alma (1964), de José Mojica Marins, e Mar negro (2013),

se média depois de uma separação amigável. Seu outro filme, Prova de redenção, de 2012, produção extemporânea com a estrela Penélope Cruz, ambientado em Saravejo, também teve exibição comercial no Brasil. Totalmente desconhecidos por aqui, Eduardo Winspeare (A vida em família), Susanna Nicchiarelli (Nico), esta com mais de uma dezena de filmes em seu currículo, Donato Carrisi (A garota na névoa), estreante na direção, e Fausto Brizzi (Pobres, mas ricos), já com 12 títulos como diretor, são todos apostas e descobertas que podemos fazer através da mostra deste ano. 8 ½ Festa do Cinema Italiano

De 2 a 8/8 no Espaço Itaú do Shopping CasaPark. Ingresssos a R$ 20 e R$ 10.

de Rodrigo Aragão. No mais, são clássicos que há quase um século aterrorizam as plateias, como o alemão Golem (1920) e as primeiras versões de Frankenstein e Drácula (1931), A múmia (1932), King Kong (1933) e O fantasma da ópera (1943). Da safra mais recente, entre outros, Alien, o 8º passageiro (1979), Um lobisomem americano em Londres (1983), Círculo de fogo (2013) e o incensado A forma da água (2017), vencedor do Oscar deste ano.

A forma da água (2017) 33


CRÔNICADACONCEIÇÃO

Crônica da

Conceição

CONCEIÇÃO FREITAS

conceicaofreitas50@gmail.com

Querido Vicente

V

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icente – é só o que sei de sua certidão de nascimento. Desde que mudei de CEP, que saí do 70 para o 71, há quase dez anos, Vicente cruza meu caminho ou eu cruzo o dele. No começo, estranhei, fiz de conta que não estava ouvindo o que ele me dizia. Olhava para um lado, para outro, mas não tinha como escapar, era comigo mesma. Dava um sorriso sem graça e seguia adiante. Vicente bebe até quando não quer. Um dia, ainda não eram 7 da manhã, cruzei com ele: – Eu não quero beber, mas tenho de beber – ele me disse no meio da rua, com a expressão de sempre: um sorriso contínuo num fundo de tristeza igualmente contínua. Estava a caminho da garrafa pet de cachaça. Há uma doçura de criança e uma solidão de velho no Vicente. Não terá 60 anos, talvez nem 50, ou mais de 100, na matemática dos que sobrevivem à beira do abismo. Quando o conheci, vivia bem arrumado, embora cambaleante: bermuda, camiseta, sandálias Crocs. Imagino que tenha casa, família. Amigos, por certo, os tem. Comerciantes, trabalhadores, moradores, toda a quadra o conhece. Na falta de calçadas decentes, todos andamos no meio da rua. Só que Vicente

não tem a agilidade dos sóbrios. Cambaleia o tempo todo. Os carros contornam o homem trôpego e alguns motoristas o cumprimentam. Já me avisou de um carro que vinha atrás de mim: Ó, cuidado! Gosta de ficar sentado no chão na porta do supermercado fazendo gracinhas – nunca ouvi uma que fosse inconveniente. Dias atrás, vi que ele estava mais cambaleante do que de hábito. Dei a volta pela outra quadra, com medo de que ele caísse bem diante de mim – tenho pânico de gente que cai na minha frente, trauma de adolescência. No que cruzo a rua, quem aparece? Tomou, fujona? – eu me disse. Vicente, então, puxou assunto, eu de um lado e ele do outro da rua, os dois no asfalto: – Mamei no peito da minha mãe, ganhei carrinho do meu pai... Parecia me dizer que destino não se explica, se aceita. Um carro buzinou atrás dele e Vicente se irritou. É raro alguém buzinar para o Vicente, nunca tinha visto. Se estou de carro, ele acena pra mim. E me sinto acolhida pelo lugar onde moro. Outro dia, ele parou na porta do

self-service e avisou: – Tô fedendo, não vou entrar. Deitou-se na calçada do outro lado da rua e dormiu – dorme de lado com as duas mãos debaixo do rosto. Às vezes, some por alguns dias, e volta banhado, calçado, um pouco mais sóbrio. Já me disseram que a família fez tudo o que pôde, mas nada deu jeito. – Tudo bem com você? – me pergunta quase sempre, com o mesmo sorriso triste. – Tudo, e com você? – Não tá bem, não – me disse um dia, meneando a cabeça baixa, como se falasse pra si mesmo. As pernas e os pés estavam inchados como a pele fosse se abrir em fendas. Quando estou com muita sorte, Vicente me manda beijo: fecha um dos olhos, franze a testa, põe a mão na boca e lança um carinho que abre em mim uma alegria. Se ele não me cumprimenta, o que é raro, cai uma sombra no meu peito. Vicente é de um tempo em que a vizinhança cuidava de seus errantes, dos bêbados, dos doidinhos, dos bobinhos, dos sem pai nem mãe, dos sem eira nem beira. Vicente conduz com leveza de flor o seu padecer. Vicente me humaniza.



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