Roteiro 282

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Ano XVII • nº 282 Outubro de 2018

R$ 5,90

Parceria

de sucesso

Issa Attie e Lúcio Bittar comemoram 20 anos do BSB Grill


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EMPOUCASPALAVRAS Divulgação

Para nós, da Roteiro, que há 17 anos noticiamos a abertura de dezenas de novos bares e restaurantes na cidade, é sempre muito prazeroso registrar a longevidade e o sucesso de alguns deles. Foi assim quando, há três meses, homenageamos o chef Francisco Ansiliero pela vitalidade de seu Dom Francisco, que chegou aos 30 anos. E é assim que fazemos neste momento em que se festejam os 20 anos do BSB Grill, grife de sucesso dos "brimos" Lúcio Bittar e Issa Attie, ambos retratados na capa desta edição. A história dessa caminhada de muito trabalho é contada a partir da página 8 por nosso colunista Luiz Recena. Digna de registro, também, é a capacidade de renovação da simpática Rua dos Restaurantes com seus 45 estabelecimentos comerciais, 34 deles ligados aos prazeres do comer e do beber. Mantendo sempre sua característica de passear pela gastronomia de vários povos, a rua recebeu nos últimos meses o reforço de quatro novos empreendimentos: Bulls Hamburgueria, confeitaria Brigadeirando, 4.0.5. Restaurante e Bar e, ainda em fase de implantação, o café e livraria Blend (página 12). A alguns quilômetros dali, literalmente sobre as águas do Lago Paranoá, surge outro restaurante, focado em gastronomia de praia. Atende pelo sugestivo nome de Atracado e tem, entre seus pratos principais, o peixe vermelho assado inteiro na folha de bananeira, acompanhado de purê da banana-da-terra, vinagrete e farofa de dendê (página 14). Outro destaque desta edição é a arte impressionista de Durval Pereira, um paulistano que viveu entre 1918 e 1984, produziu algo entre 10 e 15 mil telas, mas teve sua obra esquecida por décadas. Na mostra Durval Pereira – Impressões brasileiras/100 anos, em cartaz no Museu Nacional dos Correios, o expectador poderá mergulhar nas belas cores das telas do artista que começou pintando anjos de Rafael nas paredes do banheiro de uma fábrica de sapatos (página30). Finalmente, na seção Graves & Agudos, apresentamos um verdadeiro “saladão musical” que tem como ingredientes muito blues, jazz e MPB. Na agenda internacional, saudosistas do grupo Gypsy Kings poderão voltar ao túnel do tempo e relembrar clássicos como Djobi Djoba, Bamboleo, Baila me e muitos outros. Dia 27 de outubro, o grupo que muitos pensam ter nascido na Espanha, mas é da Provence francesa, estará no palco do Centro de Convenções Ulysses Guimarães (página 26). Boa leitura e até novembro. Maria Teresa Fernandes Editora

30 galeriadearte Até 30 de novembro o Museu Nacional dos Correios expõe obras impressionistas de Durval Pereira, um artista premiadíssimo, embora pouco conhecido,

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águanaboca picadinho garfadas&goles pão&vinho dia&noite graves&agudos crônicadaconceição

ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda. | Endereço SHIN QI 14, Conjunto 2, Casa 7, Lago Norte – Brasília-DF – CEP 71.530-020 Endereço eletrônico revistaroteirobrasilia@gmail.com | Tel: 3203.3025 | Diretor Executivo Adriano Lopes de Oliveira | Editora Maria Teresa Fernandes Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Capa Carlos Roberto Ferreira, com foto de Rodrigo Ribeiro | Colaboradores Alexandre Marino, Alexandre Franco, Conceição Freitas, Heitor Menezes, Laís di Giorno, Lúcia Leão, Luiz Recena, Mariza de Macedo-Soares, Pedro Brandt, Sérgio Moriconi, Silvestre Gorgulho, Súsan Faria, Teresa Mello, Vicente Sá, Victor Cruzeiro, Vilany Kehrle | Fotografia Rodrigo Ribeiro | Para anunciar 98275.0990 | Impressão Editora Gráfica Ipiranga Tiragem: 20.000 exemplares.

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Garrafas sempre de cabeça pra baixo.

Mantenha os reservatórios limpos e bem fechados.

Mantenha as lixeiras bem fechadas.

Mantenha os pneus protegidos da chuva.

Mantenha as calhas sempre limpas.

O MOSQUITO QUE TRANSMITE DOENÇAS GRAVES COMO DENGUE, ZIKA E CHIKUNGUNYA É UMA VISITA INDESEJADA. Por isso, chame seus amigos e vizinhos para fazer as ações de prevenção regularmente. Fique atento aos locais que possam acumular água e mantenha-os sempre limpos. E se você sentir fortes dores de cabeça, febre, dor no corpo, enjoos, dor nos olhos, incapacidade para andar e comer, procure uma unidade de saúde. Esse sofrimento não pode entrar na sua casa.

Então vamos lutar juntos! Não deixe o mosquito nascer!

MAIS INFORMAÇÕES, ACESSE:

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Secretaria de Saúde

GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL


ÁGUANABOCA

Duas décadas de muito

trabalho e sucesso

POR LUIZ RECENA

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enos de três por cento das empresas brasileiras chegam aos 20 anos como começaram: marca, sócios, foco, rentabilidade e equipe são os principais elementos que sustentam esse sucesso. A informação vem de banqueiros, que a esgrimem implacáveis na hora de discutir empréstimos para comerciantes. A informação, verdadeira, do parágrafo inicial tem fonte do ramo bancá-

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Asa Norte

rio, cliente e amigo do BSB Grill e dos proprietários e primos Lúcio Bittar e Issa Attie. A casa completou 20 anos no início deste outubro, com sucesso e sem empréstimos. E, o que é melhor, com uma freguesia mais do que fiel. A vida não é fácil e esses índices têm fontes e história, em que o principal vilão, claro, são os impostos. Somados, representam a maior parte dos custos desse comércio. As cinco mordidas mais importantes (Cofins, CSLS, FGTS, INSS e

ICMS) somaram, só em agosto passado, R$ 74 mil. Multiplicados pelos dois estabelecimentos, chegam a quase R$ 150 mil. Na verdade, passam disso, pois há que acrescentar outras taxas, menores, mas que mensalmente aparecem para tomar mais algum. Se não é fácil, por que fazer? “Sempre gostamos, sempre quisemos, era uma questão de oportunidade, mais do que isso, era questão de vontade mesmo, de desafio”, diz Lúcio, econômico em pala-


O kafta, o quibe assado e as incomparáveis esfihas de massa folhada.

lência na carne assada. Rara exceção, Dom Francisco. As demais eram rodízio. Fazer o grill na churrasqueira era um risco. Desafio aceito. E vamos em busca das carnes! Cortes europeus e brasileiros, pesquisas, viagens e início de parcerias, algumas que duram até hoje e viraram sólidas amizades. O gosto pelo automobilismo e as provas de Stock Car deram também boa contribuição para descobertas pelo Brasil e Argentina. É memorável e até hoje lembrada a volta de uma viagem do Issa a Buenos Aires: foram três semanas de pequenas cátedras sobre carne, marmoreos, grasas, chorizos, carbón, parrillas etc... O homem parecia um lorde inglês recém-chegado de uma caça às raposas em uma de suas propriedades rurais nas terras da rainha... Lúcio repõe as coisas no lugar e recu-

pera a cronologia. O sucesso do BSB da Asa Norte foi tão grande que produziu a imediata decisão de abrir uma segunda casa, na Asa Sul. E a entrada em cena de um grande parceiro: Sylvio Lazarini, um especialista, estudioso e apaixonado por carnes, que trouxe raças, cortes e criou um templo gastronômico na Pauliceia. Falar em lua de mel e carnes, em uma só frase, pode parecer estranho e erótico. Não é nada disso: é que a nova casa trouxe uma onda. Um tsunami de otimismo para os primos do BSB Grill. De novo a família e os amigos foram chamados. O conceito era o mesmo, com um ponto a mais no nível de qualidade. “A Asa Norte era e é até hoje um botecão bem transado, com chope gelado e carne de primeira. Descontraído, com televisões para assistir futebol, com Fotos: Divulgação

vras e preciso em definições. E assim começou. O primeiro, na raça, Asa Norte, 304. Apoio? Família, família, família. E os amigos da família. E o pessoal do automobilismo. E os amigos deles e os amigos de todos os outros. “Tinha fim de semana que era só de ‘brimos’, a arabada toda”. Lúcio, calmo, ri espaçoso e quebra o perfil frozen que dele fizeram: “Tinha que vir todo mundo, de Goiânia, Anápolis, Brasília e quem mais estivesse passando por aqui”. Era uma ordem unida familiar. E funcionou. Lúcio conta que, em certos fins de semana “a familiaridade era tanta que às vezes a gente não sabia de quem cobrar, tinha que perguntar para o pai”. A resposta vinha limpa, certa e agora faz falta, depois que o pai se foi. Histórias de sucesso sempre têm baixas sentimentais pelo caminho. É a parte e o preço de saudade. O exemplo fortalece a ação de quem fica. A ideia era fazer um bom bar, com bom chope, boa carne e comida árabe, linha mestra que costura uma forte amizade, a relação amorosa de uma vasta família árabe com origens principais na Síria e no Líbano. O sonho de Brasília faz o amálgama de todo esse carinho e amizade entre os parentes, desde os mais próximos até os mais distantes. A comida árabe traz evidente essa marca familiar: temperos e receitas da mãe de Lúcio, esfihas e outras delícias sob o comando de tias do Issa (parece que elas são mantidas em um cativeiro anapolino, para não se comunicarem com ninguém, nem vazar as receitas, relata em tom de intriga o bem humorado Dr. Passión, um amigo e grande incentivador dos ‘brimos’ do Grill). A carne tem história particular. Eram pouquíssimas as casas do ramo com exce-

Asa Sul

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ÁGUANABOCA

Quibe cru, homus, babaganuche, tabule e outras delícias da culinária árabe.

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baixos e desencontros na economia. O poder aquisitivo dos clientes, as novas leis de condutas e ruídos, as trocas de governo. Até 2014, com ajustes e reajustes, a vida foi boa, deu para levar bem. O ano seguinte trouxe crise. E muitos problemas e dores de cabeça. Só em julho do ano passado é que os ventos de mudança sinalizaram melhoras. Não oásis, longe disso, mas miragens que viraram casos reais. Os clientes voltaram mais controlados, mas voltaram. As esfihas, grandes ou pequenas, batem 25 a 30 mil/mês nas duas casas, o chope nitrogenado passa dos 25 mil litros/mês, as carnes melhoram o desempenho mês a mês. E a turma das casas voltou a sorrir, mais os donos, claro, mas também a

BSB Grill

304 Norte, Bloco B (3326.0976) e 413 Sul, Bloco D (3346.0036). De 3ª a sábado, das 12 às 24h; domingo, das 12 às 17h.

Fotos: Divulgação

tira-gostos árabes da melhor qualidade; a Asa Sul deveria ser uma steak house, mais chique, mas sem perder jamais a qualidade e atenção características da primeira casa”, conta Lúcio, lembrando que, dessa vez, a galera automobilística foi também lembrada: tem um carro de corrida pendurado no teto da unidade da Asa Sul. É hora de voltar para a parceria com Lazarini, uma verdadeira explosão de otimismo nesse casamento entre amantes da carne, do churrasco, do bem servir e dar prazer aos consumidores. Não deu outra. E quando apareceu o Kobe beef, então, a galera pirou de vez. Só o detalhe do boi que bebia saquê e era massageado com cerveja, se não era total verdade, ganhou de longe o prêmio de assunto principal na época. E foi um tal de pesquisar na internet, conversar com japoneses, ligar para amigos. Ao final, todos saíram ganhando e o próprio Kobe apareceu, em carne e sem osso. O puro é caro e só fez a prova. Mas daí em diante e vários cruzamentos depois, a mistura nunca mais saiu dos cardápios. Outros mix com outras raças vieram, o black angus, o beef pasion e mais alguns. E a figura simpática e eficiente de Ricardo Sechis, novo e importante parceiro, pioneiro na região. Os primos Lúcio e Issa conquistaram mais um patamar, mantido até agora e comemorando vinte anos. Mas nem tudo são flores nos jardins das Mil e Uma Noites, o mais célebre dos livros de fantasia árabe. Mesmo com muito trabalho e organização realizados nesse tempo, o velho Brasil e sua política continuaram os mesmos, com altos e

equipe: mais de cem funcionários, três por cento deles chegando junto aos 20 anos; 15 a 20 por cento desde a primeira casa; 30 por cento desde o começo da casa da Asa Sul. Joga-se junto, em equipe, no BSB Grill, Asa Norte e Asa Sul. Tudo para manter tickets médios de R$ 75 (Asa Norte) e R$ 85 (Asa Sul). O faturamento tem de passar do R$ 1,1 milhão para pagar custos e sobrar algum no mês. A moda é promoções? Temos: desde outubro, dose dupla das 18h à meianoite; cada dez chopes valem uma caldereta de brinde; espetinhos, peito e cupim na sexta-feira; porco paraguaio (desossado) a cada 15 dias, nas duas casas; novembro chega com drinques especiais e parceria com Víctor Quaranta, um craque do tema e na moda; além de hambúrgueres, “de marca”, 481. E as carnes de qualidade de sempre. Faria tudo de novo? Lúcio ri: “Claro! Sem piscar ou pensar duas vezes”. Tanto que há planos para o futuro imediato. A depender da conjuntura política, pensase na terceira casa. Ano que vem, bairro em estudo. Se depender do presente, a coisa andará depressa: o domingo do primeiro turno foi o melhor da história da empresa, nas duas casas. Democracia pode fazer bem aos negócios se eles forem bem tocados. É o caso.

O carro de corrida pendurado no teto é um charme a mais no BSB Grill da Asa Sul.


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Bulls Hamburgueria

Uma rua que se renova POR VICTOR CRUZEIRO

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m espectro ronda o mundo, e principalmente o Brasil: a crise. Com o dólar em alta e os nefastos efeitos da crise econômica que já deveria estar no passado, aliados ao clima de instabilidade das eleições, fica difícil divisar uma luz no tortuoso e longo túnel da abertura de novos negócios. Por toda a cidade é possível encontrar bares e restaurantes que abrem as portas com propostas inovadoras e refinada excelência técnica, mas que fracassam algum tempo depois, seja por pressões do mercado, déficit de público ou má gestão financeira. Seria possível apresentar dados e estatísticas precisos sobre esse triste fardo que assola as casas e empresários por toda a cidade... Toda a cidade? Ah, não. Essa perspectiva sombria passa longe de um ponto em especial, que concentra uma força única na gastronomia brasiliense. No coração do Plano Piloto encontra-se a comercial da 404/405 Sul, popularmente conhecida como Rua dos Res-

taurantes. Uma pérola da gastronomia candanga, o local concentra, atualmente, 34 empreendimentos dos mais variados, de restaurantes a bares, de lanchonetes a sorveterias, de confeitarias a pizzarias. E, muito mais do que apresentar uma gama de negócios, a pequena rua oferece uma verdadeira viagem pelo mundo, com portas para a culinária portuguesa (Tejo), alemã/austríaca (Fritz, Fred), tex-mex (El Paso), italiana (Pizza César), árabe (Árabe Gourmet), japonesa (Nakombi), chinesa (Long), brasileira (Peixe na Rede, Bardana, Pê Efe, Galeteria Serrana) e até norte-americana, representada pela quintessência daquele país – o McDonald’s na entrada da quadra. A integração da famosa rua não se dá apenas pela vontade de seus empreendedores, mas pela criatividade e disponibilidade de seus mantenedores: o público. Afinal, ao sair de um rodízio de comida tex-mex pode-se ir tomar um café ali do lado, ou um sorvete, ou então comprar uma fatia de pizza doce; um almoço estendido durante um fim de semana pode

espraiar-se até um bar e, quem sabe, terminar com uma grande sobremesa. As opções são, portanto, infinitas, dependendo apenas do que imaginam os clientes e do que oferecem as casas. Muito mais do que uma galeria de negócios, a 404/405 Sul é um grande laboratório de experiências gastronômicas que se renovam nas eventuais – e aguardadas – renovações de casas, que adicionam uma combinação a mais à infinitude de possibilidades que só pode oferecer uma rua voltada quase que inteiramente para o comer e beber. Outra característica que salta aos olhos é a ampla parceria que se estabeleceu entre os proprietários dos 45 estabelecimentos comerciais da rua, cuja união e solidariedade são, provavelmente, responsáveis pelos ventos favoráveis que sopram na quadra. Ventos que para lá levaram, nos últimos meses, quatro novos empreendimentos. Comecemos pela Brigadeirando. Veterana dos doces em Águas Claras (Rua 57) e no Sudoeste (CLSW 100), a casa es-


Brigadeirando

paçosa remete a um delírio chocolático digno de um Willy Wonka, personagem do filme A fantástica fábrica de chocolates. Anunciando visualmente a que veio, a Brigadeirando prepara o consumidor para a amplidão de possibilidades, em que o brigadeiro é um ingrediente forte. Com mais de 20 versões (a R$ 4 cada), entre elas a de creme brûlée, uma receita surpreendente trazida da imaginação da chef Karla Souza (uma autodidata do chocolate), a casa também oferece invenções como a lasanha doce (de morango e de leite Ninho com Oreo, a R$ 30,50 cada), uma criação ousada que tem chamado bastante a atenção, além de opções salgadas, como pães de queijo da Serra da Canastra e cafés espressos com brigadeiro na borda (como era de se esperar). Por falar em café, a poucos metros dali vai abrir as portas, nos próximos dias, a Blend, uma das propostas mais inovadoras da rua, que levará para a Asa Sul o conceito de livraria misturada ao café. A casa, em fase de retoques finais, contará com um primeiro andar onde funcionará um café capitaneado pelo barista Eudis Gonçalves (do saudoso Café Cristina) e uma livraria climatizada com um lounge para leitura e um livreiro para auxiliar na busca do acervo. Estarão lá obras de grandes nomes da literatura estrangeira e nacional, além de exemplares

de filosofia e história, como garante o inveterado amante dos livros e dos cafés João Gabriel Ribeiro, um dos sonhadores por trás da casa. Bem ao lado já funciona a pleno vapor o 4.0.5. Restaurante e Bar, que pratica o conceito do comfort food no bufê de almoço, com uma breve pista de pratos quentes e frios que não faz por menos. Em poucos dias, o cardápio especialmente elaborado para a casa (sem químicas e aditivos) sob a supervisão da sócia Flávia Cecílio, especialista em consultoria para

restaurantes, já tem clientes assíduos. Com um ambiente climatizado amplo e uma linda área externa – que se integra à residencial da 405 Sul – a casa promete abrigar a vida noturna da região, funcionando em breve também como bar. Por fim, a Bulls Hamburgueria, das quatro casas aquela em atividade há mais tempo, se coloca bem à frente da famosa Cão Véio (do chef celebrity Henrique Fogaça), sem fazer feio. Com opções de qualidade que vão de blends de Angus (R$ 30) ao refinado dry aged da Brace Carnes Especiais (R$ 40), a casa oferece também aos vegetarianos um delicioso hambúrguer de couve-flor que não deixa nada a desejar (R$ 30). Com várias opções de bebidas, incluindo milk-shakes (R$ 16 e R$ 19), a Bulls possui um belo visual, que é um encontro entre a W3 e o Brooklyn, de Nova York. Assim, fica o aviso de que a Rua dos Restaurantes continuará aí por muito tempo, firme e forte, apesar de toda a crise, graças à união de seus comandantes, à fidelidade de seus clientes e às infinitas possibilidades de seus sabores e prazeres. Brigadeirando

Bloco C, Loja 20 (3548.8725). Diariamente, das 8 às 19h.

4.0.5. Restaurante e Bar

Bloco D, Loja 12 (98253.6110). De 3ª a 5ª feira, das 12 às 15h; de 6ª a domingo, das 12 às 15h e das 17 às 23h.

Bulls Hamburgueria

Bloco C, Loja 20 (3710.4567). De 2ª a sábado, das 11h30 às 15h e das 18 às 24h; domingo, das 18 às 24h.

Blend

Bloco C, Loja 38 (em fase final de implantação).

A área externa, com o bar instalado num contêiner, é um dos charmes do 4.0.5.

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Haruo Mikami

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Delícias al mare U

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m nó de marinheiro é a logomarca do Atracado, restaurante com gastronomia de praia à beira do Lago Paranoá, rodeado por lanchas da Villa Náutica e com vista para a Ponte JK. Um contêiner de 30m2 abriga a cozinha e o bar, enquanto as mesas do deck recebem até 42 pessoas. No mezanino, um lounge é o lugar ideal para comemorações e eventos. “O convite para abrir o restaurante surgiu de Gerard Sousa, dono da Villa Náutica”, conta a empresária Deise Lima, da Grand Cru Brasília Importadora e Wine Bar, que abraçou o novo negócio ao lado do sócio Fernando Rodrigues. “O lago é a praia de Brasília, e pouca gente aproveita”, observa Fernando. Referências marítimas estão pulverizadas na arquitetura do Estúdio Mova (de Heloísa Moura, William Veras e Alessandra Leite) e na decoração. No contêiner, remos australianos inspiraram a pintura geométrica do artista brasiliense O Silva, e a arte em cordas de Nina Coimbra, do Estúdio Polpa, também da capital, emoldura o teto e sustenta a iluminação. “Buscamos trabalhar com conceitos mais sutis

do tema náutico, sem cair no óbvio”, diz Deise, com o olhar refinado de quem foi dona de loja de design. Mesas claras de Brunno Jahara exibem pés no formato de quilha de barco, e cadeiras de Guilherme Wentz, de espaguete de PVC, completam a ambientação da casa, aberta em 18 de

agosto e na qual trabalham apenas dez pessoas. Uma curiosidade: as cadeiras foram desenhadas originalmente para o restaurante mexicano contemporâneo La Central, que fica no térreo do Edifício Copan, projetado por Oscar Niemeyer na capital paulista. Divulgação

POR TERESA MELLO


Haruo Mikami

Já atracados, é hora de saborear as criações de Andréa Guerra, chef ancorada na sustentabilidade e no uso de produtos frescos e que participava da feirinha da Grand Cru aos sábados. “Ela levava vidros com um antepasto de abobrinha, e nós ficamos amigas”, conta Deise. A chef brasiliense, cuja especialidade é a culinária tailandesa, buscou influências nas praias brasileiras e no Mediterrâneo. De entrada, há delícias como espetinho de lagosta, de camarão e vinagrete de polvo salpicado com morangos e amêndoas, e ainda o antepasto de abobrinha, wrap vegetariano e manjubinha frita. Entre os pratos principais, o vermelho assado inteiro na folha de bananeira serve duas pessoas e é imperdível. Vem com purê de banana-da-terra, vinagrete e farofa de dendê e custa R$ 130 (meia porção a R$ 70). O cardápio oferece também carne-de-sol de filé em cubos com chimichurri, farofa e macaxeira, picadinho de lombo com vegetais grelhados e tornedor de filé com cogumelo, abóbora e pirão de queijo-coalho. O bacalhau é outra opção, assim como o nhoque de batata (R$ 39) e o hambúrguer com chutney de maçã-verde, gorgonzola e rúcula. Para as crianças,

Andréa prepara filé de peixe empanado e cubinhos de filé mignon. Na sobremesa, vá de pudim de cardamomo e lavanda. Preparados com gin, vodca, uísque e rum, os drinks seguem o embalo das ondas e são batizados de Veleiro, Jet, 30 Pés e Poseidon, por exemplo. O Veleiro é um convite a embarcar na mistura de gin, maracujá, água tônica e perfume de

lemongrass. Já a carta de vinhos, em parceria com a Grand Cru, reúne rótulos da Argentina, da França, do Chile, de Portugal, da Espanha, da Itália, e alguns são servidos em taças de 150ml. Atracado

Villa Náutica, SCES, Parte A, Trecho 2 (99570.5757). De 4ª a domingo, das 12 às 19h30.

TEMOS ATÉ MUSCULAÇÃO. Circo, natação, balé, lutas, aeróbica, programação para crianças, além de instrutores formados e capacitados para cuidar de você. Afinal, temos tudo para a sua família, até o que as outras academias têm. www.companhiaathletica.com.br/unidade/brasilia

SCES, Trecho 2, Conj. 32/33, Lj. P01, Pier 21 Lago Sul, Brasília/DF +55.61.3322-4000

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Fotos: Neimar Soares

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De Minas... e muito mais POR MARIA TERESA FERNANDES

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amília de mineiro é assim: você agrada as pessoas com comida”, costuma brincar Carmem Matoso, professora que acaba de abrir no Sudoeste o Armazém Empório Gourmet, uma lojinha charmosa que tem como proposta vender produtos que resgatem a nossa memória gastronômica afetiva. Nada mais natural para uma mineira de Curvelo que passou a infância em Felixlândia e se encantava com a comida da mãe e o armazém à moda antiga do pai, seu Raimundo Matoso, do Armazém do Deco. Formada em Biologia, optou pelo magistério e há 27 anos dá aulas de Ciências e Biologia numa escola da Asa Sul. Como a aposentadoria vem chegando, resolveu ter outra atividade com a qual se identificasse. Pensou, então, naquilo que sempre fez parte da sua vida: a gastronomia. “Minha mãe era excelente cozinheira, minha família teve restaurante em Felixlândia, e em minha casa sempre havia muito doce, muito queijo”, lembra Carmem. A decisão de abrir um comércio se deu há quatro anos, mas a opção pelo armazém foi há apenas dois. De lá pra cá, ela vem viajando pelo país para pesquisar o que há de bom em produtos artesanais. No ano passado, foi a São Roque de Minas, na Serra da Canastra, e conversou com Guilherme Ferreira, produtor do queijo Capim Canastra e incentivador da profissionalização dos pequenos produtores. Visitou também o sítio de Ivair e Lúcia Oliveira, donos do Queijo do Ivair,

e se encantou com o processo de produção do queijo canastra. Bingo! Seu armazém já tinha, então, o primeiro item. Associado a ele, Carmem pensou em outros produtos, “em alimentos afetivos, em doces que não têm conservantes, em molhos, em temperos da vovó e até naquela tradicional cachacinha mineira”. De Minas ela acabou trazendo os queijos Capela Velha, da Serra da Canastra (R$ 90 a unidade), Juá, da Serra do Espinhaço (R$ 76), e Catauá, da Serra da Mantiqueira (R$ 85). Trouxe também os Doces da Mazé, de Carmópolis, maravilhas em forma de figo cristalizado com nozes, abacaxi com nozes, abóbora e laranja, a preços entre R$ 24,80 e R$ 29,80, e a Cachaça Marejada, de Felixlândia (R$ 80). Ela se encantou ainda com os molhos Chef N’Boss, produzidos em Nova Lima, ideais para churrasco e para incrementar sanduíches (R$ 29,70). Mas não pense que no Armazém o cliente vai encontrar apenas produtos mineiros. Carmem viajou por outros Estados e se encantou por produtos artesanais de alta qualidade. De São Paulo, trouxe as geleias Mermeleia, fabricadas por um brasileiro e um chileno que viajam pelo Brasil ensinando como fazer esse quitute. Entre as queridinhas estão a de abacaxi com flor de hibisco, de abacaxi com gengibre, de laranja com chia e de cambuci, esta última premiada em março num concurso na Inglaterra. Da terra

da garoa vieram também os produtos da Quitanda Natural: temperos diversos, custando em média R$ 18, inclusive alguns das culinárias indiana, americana, árabe, além da linha doce alemã, um tempero para doces à base de canela e especiarias. Carmem inaugurou a loja em 21 de setembro, com projeto de Malu Martinez, sua filha (com ela na foto abaixo). Como boa mineira, já pensa nos próximos passos, um de cada vez, para incrementar a loja. Primeiro, oferecer aos clientes um pão de queijo quentinho, provavelmente da brasiliense Quezzo, para ser saboreado com um cafezinho. Depois, trazer sucos artesanais e bolos no pote Ofuê, “uma linha fit que não tem glúten, não tem lactose, mas é muito saborosa”, garante. Aguardemos, então, as novidades. Armazém Empório Gourmet

101 Sudoeste, Bloco B, Loja 106 (3297.3702). De 2ª a sábado, das 10 às 19h.


Fotos Rayan Ribeiro

Self com padrão à la carte POR VILANY KEHRLE

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elf-service no almoço, petiscos à noite, feijoada aos sábados. É esse o sistema adotado pelo Soberani Steak, restaurante de carnes nobres que abriu as portas dia 27 de setembro na 706 Norte. O empreendimento foi idealizado por quatro sócios – os casais David e Camila Galletti e Wenderson dos Reis e Maiara Campos – que tinham o hábito de sair de casa para comer carne, curtir um bom churrasco. “Algumas vezes, a gente se decepcionava com alguns locais que frequentávamos. Como já tínhamos experiências pessoais e em família, na área de gastronomia, resolvemos unir o útil ao agradável e optamos por abrir nosso próprio restaurante, onde a carne fosse servida com excelência, sabor agradável, qualidade e maciez”, conta Maiara Campos. Com um ambiente em que predomina o uso da madeira, escura e clara, o que lhe dá um toque rústico, pinturas em vermelho e plantas, o Soberani Steak oferece almoço self-service, de segunda a sextafeira, ao preço de R$ 56,90 o quilo, com opções de mais de 50 pratos divididos entre estações fria e quente. O menu de petiscos, à noite, só está disponível de terça a sábado, e a feijoada, servida aos sábados, das 12 às 16h, custa R$ 39,90 por pessoa, com música ao vivo sem cobrança de couvert. “Uma ideia muito presente na idealização da casa é que queríamos oferecer a qualidade de um restaurante à la carte, que costuma ser tão caro, na

mesa de um self-service, com o preço mais acessível”, enfatiza Maiara. O comando das panelas ficou a cargo do chef gaúcho Evandro Rigote, que já trabalhou em diversos hotéis de Porto Alegre e Florianópolis e, em Brasília, comandou o Oca da Tribo e o Bendita Gula. Ao seu lado, o sous chef Valdo de Jesus, que também já atuou como cozinheiro em outras casas da cidade. As carnes Angus, consideradas as de melhor qualidade e utilizadas no Soberani, podem ser acompanhadas por arroz, saladas, massas e verduras. Os apaixonados por drinks dispõem de bebidas clássicas como Cozumel e caipirinhas. A especialidade da casa é o CozuMega, variação de Cozumel que, ao invés de utilizar o sal branco na borda do copo, faz uso do sal negro, adquirido de um fornecedor de fora do Distrito Federal, já que os proprietários gostaram muito da mistura (R$ 19,90). Nos dias de feijoada, os clientes que curtem a iguaria têm boas alternativas de escolha, pois há panelas separadas com rabo e bacon, orelha e pé, charque e costelinha e paio e calabresa, além dos tradicionais acompanhamentos, como arroz branco, torresmo, farofa, abacaxi grelhado e couve ao alho. Para os que não querem se aventurar pelo guisado, o bufê oferece possibilidades de proteína e carnes de churrasco. Os veganos e vegetarianos também são contemplados com uma feijoada

feita com legumes e cogumelos. Para Maiara, abrir um restaurante na 706 Norte foi um acaso maravilhoso, por unir gastronomia e música, como aconteceu há 20 anos na mesma quadra onde funciona o Soberani: “Foi aqui que Cássia Eller deu os primeiros passos de sua carreira, cantando no bar Bom Demais, onde foi descoberta. Não sabemos se é exatamente a mesma loja que temos hoje, mas é um paralelo interessante porque eu também sou cantora, e uma pessoa que sabia dessa história me contou isso, enfatizando que minha voz lembrava a de Cássia”. Aos sábados, Maiara empresta sua voz aos clientes que vão até o restaurante saborear a feijoada. Oxalá o Soberani também sirva para revelar novos talentos no futuro! Soberani Steak

706 Norte, Bloco D (3879.7787) De 2ª a 6ª feira, das 11 às 14h30; 3ª a sábado, das 11 às 14h30 e das 17 às 23h.

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PICADINHO

TERESA MELLO

Na orla da Ponte JK

Para refrescar

Em 1º de outubro foi reinaugurado o Nikkei Brasília (SCES, perto da Ponte JK), adquirido por Oswaldo Scafuto, 38 anos, dono do Santé 13 e um apaixonado pela culinária japonesa. “Tentamos manter os funcionários antigos, contratamos o escritório de arquitetura Maai e vamos abrir o roof top de quinta a domingo só com música boa”, conta o empresário, que apresenta a carta de drinques assinados por Victor Quaranta nesta segunda quinzena de setembro. O novo cardápio da casa, com tendência nipo contemporânea, está a cargo dos chefs Gel Messias, nos pratos frios, e Divino Barbosa, nos quentes. Algumas das atrações do restaurante com capacidade para 175 pessoas são a torta de caranguejo entre camadas de batata-baroa e crispy de alho-poró e o haddock com brie maçaricado. Entre os principais há camarão grelhado ao molho curry com espaguete de abobrinha e magret com lâminas de pera agridoce, por exemplo. Na sobremesa, peça a Ponte JK: brownie, sorvete de creme e os arcos da ponte feitos em tuile.

Um hábito muito comum no verão do Hemisfério Norte – o consumo de chás gelados – é a aposta da estação no Sálvia Sabor & Saúde, inaugurado na comercial das quadras 10 e 11 do Setor Noroeste. Hortelã com sálvia (R$ 8), chá preto com limão e flor comestível (R$ 8), gengibre com mel (R$ 9) e hibisco com pimenta e canela (R$ 10) chegam à mesa em combinações revigorantes. Para petiscar, o chef Gabriel Rogério criou um menu enxuto com saladas, sanduíches feitos com pães da Castália e da Belini, pratos quentes e sobremesas. Salmão, filé, alcatra e frango, todos grelhados, estão no cardápio. O grelhado infantil vem com tirinhas de carne ou frango, arroz branco, feijão-carioca e batata dourada na manteiga. “Pensamos em uma comida que conforta e alimenta saudavelmente e com um preço justo”, define Cristina Andrada Batista, sócia ao lado do marido, Eduardo Natal Batista, ambos médicos. O restaurante funciona diariamente das 11 às 22h.

Cantucci solidário

Igor Almeida

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Pablo Valadares

Arte em confeitaria Ele esbanja talento, só usa chocolate Callebaut, marca francesa da qual foi representante, e suas criações ganharam páginas na revista especializada Dulcypas, de Barcelona. Desde que inaugurou sua loja no Guará I (Quadra 8, Bloco B), em abril, o mineiro Ricardo Arriel se surpreende com o ótimo movimento: “Era o local mais improvável possível, sem gente passando na rua, mas eu sempre gostei do Guará”. A confeitaria e padaria fica nos fundos de um prédio de quitinetes e ao lado de uma igreja e de um bar. Não importa. Lá dentro, é um oásis com paredes de concreto e o verde das samambaias, além do balcão recheado de atrações. “Temos cerca de 80 itens”, diz ele, que usa três tipos de farinha — italiana, argentina e nacional — e aponta o pastel de nata, o calzone de carne-seca e a torta Red Velvet como destaques. O cardápio é extenso e vale provar o brigadeiro bem escuro, feito com 100% de cacau, o macaron cheiroso de amora (R$ 4), uma fatia da torta Triplo Chocolate (R$ 12) e o brownie cremoso por dentro. E aproveitar para levar pães para casa, como o integral com nozes e o de calabresa. De terça a sexta-feira, a loja abre às 12h. Nos fins de semana e feriados, às 8h.

A campanha Outubro Rosa, de atenção ao câncer de mama, é abraçada pelo chef Rodrigo Melo, do Cantucci Bistrô, na 403 Norte. O Menu Delas apresenta brie empanado com mel trufado, de entrada, e salmão em crosta de tapioca com camarão e ervas finas acompanhado de quinoto (risoto de quinoa) de ervilha, shiitake e tomatinhos confitados, como prato principal (foto). De sobremesa, há profiteroles com sorvete e calda de chocolate. O cardápio especial custa R$ 54 por pessoa e tem validade até o fim de outubro, somente no jantar. A cada menu vendido, R$ 5 são doados à Rede Feminina de Combate ao Câncer de Mama, ONG de assistência a pacientes e em atuação há 22 anos. O restaurante funciona de segunda a sábado, das 12 às 23h.

Rômulo Juracy

Pablo Valadares

picadinho.roteiro@gmail.com


O croissant perfeito Pedro Henrique Faria

“Acho que cheguei ao ponto certo do croissant”, alegra-se o padeiro e empresário francês Serge Segura, que abriu em 26 de setembro, no Lago Sul (QI 11), a segunda unidade do café e bistrô L’ Amour du Pain. Para fazer o pão perfeito não basta usar farinha francesa: “Foi um quebracabeça, por causa do clima mais quente daqui”, conta ele, que fabrica o levain líquido (fermento natural) na loja e conseguiu uma boa manteiga artesanal no interior de Goiás. Da produção em sala climatizada à fornada, o croissant demora três dias para ficar pronto. De tão bom, dá pra comer puro, sem nada. E repetir. A confeitaria está a cargo do francês Remi Champion e um dos destaques é a torta Cercle Rouge: biscoito de pistache, creme de tiramisù, framboesa fresca e telha de avelã, amêndoa e laranja. O cardápio do bistrô exibe comidas afetivas, como o Oeuf Cocotte, um ovo de gema mole com creme de leite fresco, cream cheese, presunto cozido e queijo francês ralado. “A minha mãe fazia isso”, lembra Serge. Ou a rabanada de brioche, que leva baunilha, leite e ovo, também chamada de pain perdu (pão dormido). Não dá pra sair da loja sem provar um macaron bem tropical, na versão maracujá com manga.

Desde 28 de setembro, o bacalhau e a pescada amarela são soberanos no Festival Sabores de Portugal, no restaurante Tejo (404 Sul). Por R$ 69, no almoço e no jantar, o cliente pode escolher uma entre duas opções de entrada, duas de prato principal e duas de sobremesa. Que tal começar com salada ou punheta de bacalhau, prato no qual as lascas são dessalgadas manualmente e espremidas na água? Para acompanhar, o sommelier da casa, Eugenio Cue, indica o espumante Antica Terra. No cardápio de principais estão o Peixinho da Vovó, um filé de pescada à dorê com arroz de tomate-malandrinho e couve crocante, uma boa pedida para o vinho Vizar Verdejo Ecológico; e o Bacalhau à Primavera, que vem em lascas sobre batata rosti e harmoniza com o Topazio Reserva. Para encerrar, há o célebre pastel de nata e a tradicional musse de chocolate. O Tejo funciona de terça a sábado, no almoço e no jantar. No domingo, fecha às 17h.

Gelato de rapadura

André Zimerer

Água de coco com abacaxi e hortelã, maracujá com chá de anis-estrelado, bolo de cenoura com calda de chocolate e rapadura com cachaça são algumas opções do Matteo Gelato Criativo. Desde setembro em Brasília, a empresa de gelatos artesanais de Cuiabá está instalada em um contêiner no espaço Yurb, ao lado do Pier 21. “A nossa pegada é misturar sensações, como crocância, com outros elementos, porque acreditamos que a mágica acontece no paladar”, filosofa o chef sorveteiro Allan Dias Velasque. Com base em técnicas italianas, os sorvetes são produzidos com ingredientes frescos no local, e os clientes podem acompanhar todo o processo. Um sabor é vendido a R$ 10 e dois a R$ 16. Outra marca da empresa é o milk-shake com álcool, que pode ser feito com vodca, rum, gin e cachaça, e custa R$ 25. O Yurb (SCES, Trecho 2) funciona de terça a domingo, das 10 às 22h.

Divulgação

Festival de Portugal

Nhoque com beterraba Durante a primavera, uma versão especial de nhoque está disponível na Don Romano Cantina e Pizzaria, na QI 11 do Lago Sul. É o Gnhocci da Primavera, com o colorido arroxeado da beterraba. A sócia do restaurante, Mariana Miranda, explica: “A ideia é ter sempre pratos sazonais inspirados na culinária italiana e que agradem ao paladar brasileiro. Escolhemos a beterraba por ser uma hortaliça popular e cultivada durante o ano todo no Brasil”. O prato, que custa R$ 44, é acompanhado pelo pesto tradicional feito com manjericão. Para harmonizar, a sugestão da casa é o vinho branco argentino Altosur Reserve Sauvignon Blanc. A cantina funciona diariamente no almoço e no jantar.

Para brindar O mixologista Gustavo Guedes apresenta a nova carta de drinques do 360 Cozinha Contemporânea, localizado no Noroeste (CLNW 10/11, Bloco C) e aberto diariamente das 12 às 23h. Nos sabores, combinações de produtos como maracujá, limão, hibisco e mel e ingredientes aromáticos como flor de laranjeira, alecrim e manjericão. Alguns destaques são os drinques Dolce Vita (gin, redução de morango com cabernet sauvignon, limão siciliano, água tônica com manjericão e flor de laranjeira) e Del Cielo (Limoncello, Frangélico, limão siciliano, hibisco e espumante com spray de flor de laranjeira). Ambos custam R$ 26. Há ainda o Pietro, feito com uísque, redução de maçã com absinto, xarope, limão siciliano e spray de licor francês (R$ 29). No nicho dos mules, servidos em taças acobreadas, existem o Pepe Mule, com gim, xarope de pimenta com canela, limão siciliano, hortelã e espuma de gengibre com spray de manjericão, e o 360 Mule, com vodca, mel de cacau, redução de maracujá com alecrim, limão e espuma de gengibre com especiarias. 19


GARFADAS&GOLES

LUIZ RECENA

As negociações e os tetos “Mas onde anda aquele negrinho sem vergonha?”. A resposta invariável e protetora era tão repetitiva quanto a inquisidora ação: “Deve estar no fundo do pátio, doutor, debaixo da figueira; ele diz que lá tem uma negra velha amiga dele”. Honorina tinha a idade do tempo e o amor secular, incondicional, de todos nós, dos mais velhos aos mais novos, sem exceção nem salto de geração. Mais do que ela, só a “Velha”, assim chamada porque assim era e desses tempos falava para uma gurizada atenta e, sobretudo, educada, gentil, carinhosa com ela. Pensávamos que ela não passava. Não desmentia. Ria com os dentes que à boca ainda lhe sobravam. E nós, cúmplices, éramos só mimos com ela: arroz com leite e canela, pão caseiro, biscoitos argentinos. Em troca, a proteção: “Doutor, não vi ninguém”. O doc raspava a garganta, coçava a careca e lembrava o nome dela: “Euphrázia, para de proteger esses guris bandidos!”. A Velha ria... e assim passavam os dias. O negrito em questão era o próprio colunista, magro como um lobisomem, com parte na capetagem da fronteira oeste do Rio Grande. A maldade se fazia nos telhados das casas encostados uns aos outros. Leves, bem rápido fugíamos pelos telhados dos outros. Ao cair da noite começam as negociações: hora do banho, jantar, recolhimento, meia dúzia de cascudos, uma chinelada fora do padrão (igual à conduta anterior do mártir). O mais importante de tudo não foi escrito, apenas sugerido na narrativa: negociação, conversas e acordos, decisões na última hora. Política. TUDO SE PENSA antes ou depois de um segundo turno. Mais e melhor ainda se esse “brain storm”, que Itamar, o Franco, chamava de “toró de parpites”, acontece às vésperas e reúne a nata da nata, ou a espuma da espuma,

ou a gordurinha da paleta de ovelha. Caminito. Esse o local do mal. Rima e é verdade. Carne de primeira, íssima! Paletinha nos trinques. Malbec com nome entre cavalo e bandido, “Malacara”. O que veio depois é agravante em qualquer instância; nem os causídicos do “Nove Dedos” poderiam nos absolver. CAUSA PESADA: Para causas difíceis, nomes poderosos: Adrian Olives; Reylson “litlle” Fox; Ferdinand Lumière; Rick Stone; Jamie “Lupi” Greici and... and o escriba que vos narra, Luicito, el negrito bandido, e vamos parar por aí, chega de promoção. O tema, presumível, era descer do muro, ou dos telhados da avenida Duque de Caxias, Uruguaiana, fronteira oeste gaúcha; negociação: política, enfim. O PAÍS NÃO VAI ACABAR nessa queda de braço entre a direita cretina saudosista, manchada de sangue, e a esquerda farsante, irresponsável, que nos jogou no abismo econômico. Não! NÃO! Vai ter negócio, negociação, sempre teve e vai ter de novo. Ninguém tem maioria no Congresso; o segundo bife ancho tende a chegar fora do ponto. Foi isso. Devolvemos. Voltou sublime, com um Kauza Malbec de tirar o chapéu. E o tempo seguiu. Batatas e farofas, um novo Malbec Sol Fa Soul. Chegou frágil depois do Kauza. Começamos a pagar aos poucos, pingos de cartão e choros de garrafas. Espumas, licores, nenhum problema resolvido, sequer colocado. Ah, Velho Drummond, que falta você faz! Bebemos por você na saideira. ELES TERÃO CORAGEM de alterar nossos pedidos de carne ou vinho? Eles terão coragem ou maioria para tentar loucuras? Se tentarem a gente não deixa. Ou resiste! No pasarán!

AS DELÍCIAS DE MINAS PERTINHO DE VOCÊ 20

lrecena@hotmail.com

Queijos, doces, biscoitos, castanhas, pão de queijo, pimentas, farinhas, polvilho caipira, massa para tapioca, mel, manteiga, cachaças, linguiça, frango e ovos caipira.

Av. Castanheiras, Ed. Ônix Bl. A - Loja 2 - Águas Claras


PÃO&VINHO

ALEXANDRE FRANCO

Diferentes Para este mês selecionei cinco vinhos degustados recentemente, de que muito gostei, e que apresentaram, cada um deles, algo de diferente, seja na região de sua produção, na casta utilizada, no resultado obtido ou mesmo no fato de sua raridade e dificuldade de obtenção. Iniciemos por um branco português cujo nome em nada traduz suas qualidades. Trata-se do Espinhosos 2013, produzido na região do Minho, famosa pelos seus vinhos verdes. Esse vinho, no entanto não segue os preceitos do tal vinho verde, sendo um assemblage de Avesso, uma casta típica daquela região, que formou um ótimo par com a internacional Chardonnay, produzindo um vinho fresco e aromático, com grande equilíbrio em boca e bastante gastronômico. Nariz de frutas tropicais e alguma mineralidade, e palato que confirma todo o nariz, traduzindo-se em frescor e maciez. Um vinho muito premiado e à disposição no nosso mercado pela verdadeira bagatela de R$ 59 na Winemania. Imperdível. Depois, um dos grandes vinhos brancos que já provei, o Neustifter Grüner Veltiner Stockkultur 2010, da WeingutNeustifter, para mim o melhor vinho austríaco. Além de um conjunto garrafa/rótulo lindíssimo, mais importante, é claro, um vinho de rara complexidade e altamente gastronômico. O nariz abre com ótimos toques florais e boa mineralidade, flores brancas e castanhas, amêndoas e marmelo. No palato percebemos um toque de chá preto e uma agradável marinidade. Vinho de ótima estrutura e maciez, com final longo e extremamente elegante, infelizmente não disponível no Brasil. Agora, vamos aos tintos, iniciando pelo Jean Leon Cabernet Sauvignon Reserva 2006, da região do Penedes, na Espanha. Uma casta que, embora internacional, não é muito comum na Espanha e muito menos nessa região

pao&vinho@agenciaalo.com.br

comumente dedicada à produção de cavas e tintos de uvas autóctones, mas que produziu um belo vinho, vermelho rubi, com aromas de frutas vermelhas frescas. No palato, confirma o frutado, com boa estrutura e grande equilíbrio. Sua grande maciez e sabor se deve, creio, especialmente aos 15% de corte com a Cabernet Franc, casta da qual sou fã incondicional. Disponível na Espaço Doc por R$ 199. Meus vinhos preferidos em todo o mundo são os bons borgonhas e costumo ter alguma restrição aos Pinot Noir produzidos no Novo Mundo, mas certamente há exceções e essa é uma delas. Aliás, é no Oregon que, creio, se pode obter no Novo Mundo o Pinot Noir mais próximo da elegância que se tem na Borgonha. A Ken Wright Cellars produziu esse excelente Pinot Noir Abbot Claim Vineyard 2014. Com aromas muito típicos de cerejas e morangos e toque de cassis, traz um palato de corpo médio e taninos presentes, mas muito elegantes, como deve ser um bom Pinot Noir. Ótimo vinho, infelizmente não disponível no Brasil. Finalmente, um italiano da Puglia, de uma casta autóctone chamada Nero di Troia, neste caso a safra de 2016 da Angiuli. Um pouco mais simples que os demais aqui descritos, mas muito gostoso. Vinho escuro e profundo na cor, traz aromas de groselha e violetas, com um final de chocolate muito bom. O palato é de bastante estrutura, mas bom equilíbrio, quase mastigável. Também não disponível no Brasil. Um detalhe interessante, que só percebi agora, é que todos eles, à exceção do último, que tem 14% de álcool, apresentam álcool de 13,5%, que me parece ser o ideal, revertendo a tendência dos últimos anos dos produtores buscarem vinhos cada vez mais alcoólicos.

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iberênodrama

Fábio Del Re

DIA&NOITE

Ele viveu 79 anos e produziu mais de sete mil obras. Esse legado foi deixado a Maria, sua esposa e companheira, cuja coleção compõe hoje o acervo da Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre. Parte dele pode ser visto até 1º de dezembro na Galeria do Espaço Cultural Marcantonio Vilaça, do TCU. A exposição No drama apresenta uma face pouco conhecida de um dos maiores artistas brasileiros do Século 20: seus trabalhos inspirados na literatura, no teatro, na dança, na música e no cinema. Eles demonstram o dinamismo de um artista que fazia de suas sessões de pintura momentos de criação reveladores de uma alma curiosa, ruidosa, atenta e sofrida. Também fazem parte da exposição uma série de desenhos, estudos de figurinos e cenários para um projeto de encenação do balé Rudá, de Heitor Villa-Lobos, produzidos em 1959. Com curadoria de Eduardo Haesbaert e Gustavo Possamai, a mostra permite um mergulho na vida de Iberê por meio de filmes como o documentário Magma, de Marta Biavaschi, realizado em 2014, em que o artista faz reflexões sobre sua arte e sua vida. De segunda a sextafeira, das 9 às 18h, e aos sábados, das 14 às 19h. Agendamento para escolas: 3316.5221. Entrada franca.

daprimaveraaooutono

naviodeemigrantes

Divulgação

Assim foi batizada a exposição da artista Leila Danziger em homenagem a Lasar Segall, a ocupar a Galeria Vitrine da Caixa Cultural entre 31 de outubro e 23 de dezembro. A proposta é fazer uma reflexão sobre refugiados, migrações e exílios, a partir de documentos encontrados no Arquivo Nacional que recentemente pegou fogo e também na internet, num diálogo com a obra de Lasar Segall (1891-1957). Com curadoria de Raphael Fonseca e produção de Anderson Eleotério, a exposição se divide em duas séries, intituladas Navio de emigrantes e Mediterrâneo. A primeira tem origem nas listas de passageiros de quatro navios que chegaram do porto do Rio de Janeiro entre 1935 e 1939. O levantamento dos documentos foi desencadeado por lembranças afetivas da artista, pois seu pai seus avós escaparam da Alemanha nazista a bordo do navio Aurigny. A segunda série parte de material encontrado na internet acerca daqueles que nos últimos anos tentam fugir do Oriente Médio e da África, atravessando o Mar Mediterrâneo. “A pintura Navio de emigrantes, de Lasar Segall, que retrata a viagem de famílias fugindo, num navio, da guerra, fome e miséria de sua terra natal, é crucial neste projeto”, destaca Raphael Fonseca. De terça a domingo, das 9 às 21h, com entrada franca.

instantes

Leila Danziger

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Em comum, elas têm o gosto por pintar flores e paisagens. A mineira Eunice Dias e a goiana Mariah Campolina expõem seus trabalhos na Pátio Galeria (1º piso do Pátio Brasil) até 3 de novembro. A primeira morou por muitos anos em Moçambique, Alemanha, Canadá, Uruguai, Equador e Nicarágua, países onde tratou de registrar suas impressões em pintura sobre tela, mais precisamente paisagens, o mais recorrente de suas obras. A segunda, como boa goiana, se encantou pelas flores e paisagens do Cerrado, sua fonte inspiradora mais frequente. As duas artistas plásticas se conheceram em Brasília há alguns anos e vêm trilhando um caminho paralelo na arte. Já participaram de exposições no Brasil e no exterior e têm atuado nas gestões da Associação Candanga de Artistas Visuais (ACAV). De segunda a sábado, das 10 às 22h, e aos domingos e feriados, das 14 às 20h. Entrada franca.

Ela trabalha tanto com pintura como com esculturas, sempre buscando inovar e surpreender o público em suas obras, seja com o uso de técnicas e materiais diversos, seja tratando de temas relevantes e polêmicos. É da brasiliense Célia Brindel que estamos falando, artista plástica que expõe seus trabalhos no Espaço Cultural STJ. Suas influências artísticas são múltiplas; no entanto, sente uma grande atração pela pintura figurativa, de artistas notadamente dos séculos 17, 18 e 19. Sua intenção é representar em imagens o verdadeiro valor da vida: os pequenos momentos mais singelos que guardamos na memória e no coração. Instantes pode ser visitada de segunda a sextafeira, das 9 às 19h, com entrada franca.


Midas Filmes

philippegarrel

Os 53 anos de carreira do diretor francês que acaba de completar 70 anos estão na mostra O cinema interior de Philippe Garrel, a mais completa retrospectiva de sua obra já realizada no Brasil. De 30 de outubro a 18 de novembro o CCBB irá exibir 28 filmes, inclusive o último, o longa Amante por um dia, de 2017 (foto). Estão ainda na programação filmes de Andy Warhol e Jean Eustache, com os quais Garrel dialogou em seu cinema. Apesar de premiado várias vezes no Festival de Veneza e selecionado para apresentar suas produções em grandes festivais do mundo, sua obra ainda é pouco mostrada e discutida no Brasil. O cineasta estreou no cinema aos 16 anos, com o curta Os jovens desajustados, filme que marca o prenúncio do seu estilo de fazer cinema. Filho da Nouvelle Vague francesa, Garrel é considerando o integrante vivo mais importante dentre aqueles que surgiram na sua geração. Ao captar e reproduzir discursos e gestos dos jovens que foram protagonistas de mudanças sociais na França em 1968, seu primeiro longa, Marie pela memória, de 1967, é tido como uma das obras precursoras do movimento revolucionário por que passou a sociedade do seu país à época. Ingressos a R$ 5. Programação completa em www.bb.com.br/cultura.

vivaspikelee! Divulgação

brasíliaextemporânea Instalações, vídeos, objetos e intervenções que apresentam uma realidade negligenciada da “capital planejada”. Com curadoria de Ana Avelar, a exposição Brasília extemporânea propõe mostrar obras de 29 artistas que se depararam com a cidade atual, ou que dialogam com aspectos dela, sejam eles simbólicos, históricos, políticos ou sociais. Se hoje, quase 60 anos após sua fundação, o Plano Piloto preserva essencialmente as características do projeto original, o entorno da cidade vem se expandindo, revelando descontinuidades espaciais e sociais no contexto da utopia moderna. Até 15 de fevereiro, diariamente, das 8 às 18h, na Casa Niemeyer (SMPW, Quadra 26, Conjunto 3, Casa 7, Park Way), com entrada franca.

Será ele o homenageado da sexta edição do BIFF – Festival Internacional de Cinema de Brasília, que começa dia 9 de novembro nos Cines Brasília e Cultura Liberty Mall. Com a proposta de apresentar o melhor do novo cinema mundial, o festival exibirá uma retrospectiva da obra de Spike Lee, incluindo o inédito Infiltrado na Clan, já na cerimônia de abertura. Com direção geral de Nilson Rodrigues, o BIFF é o maior festival internacional do Centro-Oeste e terá duas mostras competitivas, com um total de 16 filmes – oito de ficção e oito documentários –, três mostras paralelas – Mundo Animado, Mostra Spike Lee e Memória BIFF –, além de três pré-estreias, com os mais recentes filmes assinados pelos realizadores Lars Von Trier, Pawel Pawlikowski e Erik Poppe. Além disso, exibirá dois longas-metragens premiados em edições anteriores e oferecerá uma oficina de roteiro conduzida pelo cineasta argentino Miguel Rocca. Programação completa em www.biffestival.com.

O olhar de estudantes sobre meio ambiente e diversidade cultural é o foco do Festival Grand Prix Anim!Arte, que terá lugar na Caixa Cultural de 22 a 28 de outubro, com exibição de 294 produções feitas por jovens de 41 países. Versão itinerante do Festival Anim!Arte que circula por todo o Brasil e também no exterior, foi criado em 2001 e já contabiliza 13 edições. Em Brasília serão apresentadas ao todo 14 sessões em quatro categorias: estudantes internacionais maxi, com filmes feitos por estudantes com mais de 18 anos; estudantes internacionais mini, com filmes produzidos por crianças e jovens de até 18 anos de idade; filmes feitos por profissionais da animação mundial com reflexões sobre meio ambiente; e filmes que mostrem a diversidade cultural de povos de todo o mundo. Programação em www.vouanimarte.com.br/brasilia.

pequenasescalas Trabalhos dos artista plásticos Ana Miguel, Anna Bella Geiger, Brígida Baltar, Cadu, Cildo Meirelles, Gê Orthof, Luiz Zerbini, Nazareno (foto), Márcia X e Regina de Paula estarão, a partir de 25 de outubro, na Galeria Fayga Ostrower, da Funarte. Com curadoria de Ivair Reinaldim, Pequenas escalas traz à tona o papel das representações do mundo físico em diferentes tamanhos e proporções, evidenciando a relação dos seres humanos com objetos da vida real e suas miniaturizações. Assim, a mostra aponta para a direção oposta à tendência de monumentalização da arte atual. De terça a domingo, das 10 às 21h, com entrada franca.

Eduardo Ortega

Divulgação

animação

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balérusso1 Uma história simples, mas com personagens profundos e complexos que, juntamente com a música magistral de Serguei Prokofiev (1891-1953), permite que o expectador siga a história, mesmo que ele nunca tenha lido o drama de William Shakespeare (1564-1616). Assim pode ser resumido o espetáculo Romeu e Julieta, que o Balé Nacional da Rússia apresenta pela primeira vez em Brasília. Fundada em 1998 pelos coreógrafos Valery Anuchin Kondraleevoy Alsu e Sergey Chernobrovkina, a companhia virá representada por 28 jovens bailarinos que vão encantar quem estiver no Centro de Convenções Ulyses Guimarães dia 10 de novembro, às 20h. Sob direção de Tatiana Panteleeva, o espetáculo em dois atos será estrelado pelas primeira bailarina Yulia Anufrieva e pelo solista Vasily Kozlov. Ingressos a partir de R$ 70, à venda no segundo subsolo do Brasília Shopping ou em www.eventim.com.br, com taxa de conveniência.

O outono, romance de Lucília Garcez, será lançado na noite de 22 de outubro, segunda-feira, no restaurante Carpe Diem da 104 Sul. O livro conta a história de um jovem casal nos difíceis tempos em que o Brasil era presidido por generais. Os dois têm a uni-los a paixão pelos livros e pela liberdade, e a separá-los a vida e seus problemas. Com técnica e emoção, a autora nos leva por um passeio em um período recente da história brasileira que é sempre bom não ser esquecido. Mas o livro não é apenas um romance histórico, é quase uma ode ao amor e à vida. Lucília Garcez é autora de diversos livros, entre eles O sorriso do gato (biografia de Lewis Carrol), Notícias do descobrimento (baseado na carta de Pero Vaz de Caminha), Luiz Lua (biografia de Luiz Gonzaga), As aventuras de Hans Staden entre os índios do novo mundo e Brasília – do Cerrado a capital da República.

balérusso2 Ines Perez Pastor

amoràvida

Também vem da terra de Leon Tolstoi (1828-1910) o Balé de Moscou no Gelo, companhia que une a arte das sapatilhas à habilidade dos patins, em espetáculo que está percorrendo o Brasil e estará em Brasília dias 23 e 24 de outubro. O grupo de 14 bailarinos a se apresentar no palco da Centro Internacional de Convenções do Brasil interpreta os clássicos Cinderela e O lago dos cisnes, com coreografias e figurinos que prometem tirar o fôlego em performances executadas em pista de gelo de aproximadamente 120m². Criada em 1967, a companhia dirigida por Olha Halayko já se apresentou em 80 países, em mais de cinco mil espetáculos, com destaque para os clássicos dos contos de fada Romeu e Julieta, Cinderela, A bela e a fera, Quebra-nozes, Giselle e A bela adormecida, entre outros. Ingressos entre R$ 75 e R$ 290, à venda em www.tudus.com.br

missãocruls Muitos moradores de Brasília ainda não sabem nada sobre a história que antecede a fundação da cidade. Desconhecem, por exemplo, que já em 1892 uma comissão exploradora do Planalto Central tinha como foco a obrigação de encontrar um lugar para instalar a nova capital do país. Toda cidade tem uma história que deve ser preservada e relembrada para não cair no esquecimento. Composta por 22 expedicionários e liderada pelo astrônomo Luiz Cruls (1848-1908), a Missão Cruls delimitou nosso território em 1893, que passou a ser conhecido como Quadrilátero Cruls, hoje Distrito Federal. Para contar essa história de 125 anos, Planaltina recebe a quarta edição do Festival Quadrilátero Cruls, neste 20 de outubro, na Praça São Sebastião. Na programação que começa às 17h estão a inauguração da escultura de Luiz Cruls, apresentação de canto lírico, com Mércia Alexandre & Rui Mohamed, e de violino, com o menino Athos Fernandes Barbosa. A seguir se apresentam o grupo de percussão Batalá e o balé de flamenco Capricho Espanhol. Uma peça de teatro vai contar também toda a história da Missão Cruls. Entrada franca.

territóriocriativo

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Empresas e produtores culturais ligados a moda, design, música, audiovisual, gastronomia, turismo, tecnologia e arquitetura têm até 24 de outubro para se inscrever no projeto Território Criativo, a ser realizado em novembro pela Secretaria de Cultura e pelo Instituto Bem Cultural. A proposta é criar um ambiente de integração, geração de negócios e trocas de experiências entre empreendedores da economia criativa do Distrito Federal. Na programação destacam-se três eixos de atividades: formativo (oficinas, debates e palestras), negocial (reuniões entre potenciais parceiros e apresentações de produtos) e artístico, com shows de pequeno porte e intervenções artísticas. Os interessados em participar podem se inscrever no site www.territoriocriativodf.com.br.

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DIA&NOITE



Heitor Menezes

GRAVES&AGUDOS

Saladão musical POR HEITOR MENEZES

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ste espaço da revista trata da agenda de shows no Distrito Federal, e é disso que falaremos em seguida. Antes, porém, um rápido tributo a Ângela Maria, a grande cantora que nos deixou em 28 de setembro. A rainha do rádio tinha show agendado para este mês em Brasília, mas complicações que resultaram em infecção generalizada e parada cardiorrespiratória adiaram para sempre esse compromisso. Ai de nós, que nos privamos da presença de uma grande artista, uma dama tanto no trato do bel canto quanto nas gentilezas da vida. Em 20 de abril de 2016 Ângela Maria esteve aqui, acompanhando o grande amigo, o inigualável cantor Cauby Peixoto (1931-2016). Aquela parece ter sido a derradeira apresentação de Cauby, que viria a falecer menos de um mês depois. Naquele dia, a Sapoti abriu o espetáculo, como de costume, enfileirando luxuosamente seus sucessos. Daí, chamou Cauby ao palco. O que se viu, como registrado na foto acima, causou profunda consternação entre os músicos e na plateia. Trêmulo e sentado em uma poltrona, Cauby simplesmente não conseguiu cantar. A

voz sumiu, a secura daquele abril nem era tão intensa, mas terrível para acabar com qualquer garganta sensível. Ângela Maria saiu em ajuda do amigo. Puxou a plateia, que carinhosamente cantou Carinhoso (João de Barro/Pixinguinha) para um Cauby afônico e pra lá de emocionado. Em seguida, a Sapoti tomou o microfone e mandou aquele solfejo característico sobre base instrumental. E elegantemente encerrou o show, àquela altura completamente abreviado. Ninguém reclamou, e nem podia. Por amor e amizade, Ângela Maria fez a arte brilhar mais alto. Dado o recado, eis a agenda propriamente dita. Começar com blues no meio da semana é uma boa maneira de enxergar as coisas, não pelo viés da tristeza, mas pela ótica da sobriedade. Um bom blues ajuda a ficar pensando melhor, diria Chico Science. Pois no Clube do Choro, dia 23, uma terça-feira, a banda brasiliense Cachorro Cego, em bom português, comanda um baile de blues elétrico (guitarra, baixo, bateria, gaita e letras espertas) para ninguém botar defeito. No dia seguinte, 24, no mesmo Clube do Choro, a oportunidade de conferir outra prata da

casa, a batalhadora cantora Clara Telles (foto acima), que promove o lançamento de seu primeiro álbum, intitulado Cabeça prenha. Refinamento, eis a definição. Mas se a palavra for empolgação, e estiver conjugada com música vocal de alta energia, o Clube do Choro nos reserva, para o dia 30, a apresentação do coral Vox Marias. Segundo dizem, o negócio é cantar para os males espantar. A terapia musical tem o comando do maestro Eduardo Dias Carvalho. Para cantar junto, mesmo que você seja daqueles que


Tavinho Moura

Quem completa 29 anos de atividades é o Feitiço Mineiro, famoso reduto de gastronomia e boa música da 306 Norte. Paulinho Pedra Azul deu o pontapé inicial de shows comemorativos. Dia 24, Alessandra Terribili e Eduardo Souza interpretam Adoniran Barbosa; dia 25, o grande Tavinho Moura e Esthel Nogueira exploram a melhor música das Gerais; dia 26, os rapazes da Let It Beatles tocam o repertório do quarteto fantástico de Liverpool; dia 27, Indiana Nomma solta a voz em homenagem a Mercedes Sosa; e no dia 31, os poetas José Carlos Vieira, Wanderley Lima, Vicente Sá, Luciana Barreto, Noélia Ribeiro e Nara Fonseca lembram o tanto que a poesia e a música se entrelaçam, no Quarto Sarau de Poesia Candanga. É a homenagem dos poetas ao Dia Nacional da Poesia. Alguém falou em Carlos Drummond de Andrade? Brasília, aqui jazz. O apaixonante ritmo saído dos pântanos de Louisiana e New Orleans não nos é estranho. A lista de ótimos jazzistas formados nessas bandas é qualquer coisa de nos encher de orgulho. Pois a dica é ficar de olho e ouvidos em Elenice Maranesi, notável pianista a quem muitos tomam a bênção,

na esperança de aprender algo mais com os verdadeiros mestres do instrumento. Sinônimo de jazz em Brasília, Maranesi comanda um dos pianos acústicos que vão estar em ação, na execução das Sonatas 1 e 2, do compositor francês Claude Bolling, dia 26, no Teatro Levino Alcântara (Escola de Música de Brasília). Vamos com calma. Maranesi e Ana Amélia Gomyde (pianos), o baixista Paulo Dantas e o baterista Ronaldo Lima executam em um único movimento a complexa peça de Bolling para dois pianos. O resultado é um jazz amuado, com pitadas de erudito e improviso, tudo executado com arrebatadora maestria por grandes músicos brasilienses. Dia 27, quem vai estar entre nós, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, é o famoso grupo Gypsy Kings (que muitos imaginam ter saído da Espanha, mas em verdade foi formado em Arles, região da Provença, em França). Quem disser que eles tocam flamenco está a meio caminho da verdade, pois o estilo tangencia o hipnótico ritmo da Andaluzia, mas tem sido definido como rumba catalã. Lembram de Djobi Djoba, Bamboleo, Baila me? E Volare (Nel blu di pinto di blu)? E Vamos a bailar? Membros das famílias Reyes e Baliardo mantêm acesa a chama dos reis ciganos. E se você ouvir Hotel California (Eagles) em ritmo flamenco, não se assuste. O Gypsy Kings foi além. Isso sim é música de baile. Fotos: Divulgação

desafinam até no Parabéns pra você. E por falar em maestro, maestro do rei, o Clube do Choro abriga homenagem a Roberto Carlos, no dia 31. Eduardo Lages, maestro que há mais de 40 anos comanda os shows do rei Roberto, e a cantora Marina Elali juntam forças, esmiuçando o romântico repertório real, no qual se destacam as interpretações de Olha (Roberto e Erasmo Carlos), Como vai você? (Antonio Marcos) e É preciso saber viver (Roberto e Erasmo).

Gypsy Kings

Dia 28, sabemos, é o tal segundo turno das eleições. Seja qual for o resultado, cabe uma comemoração festiva, pacífica e ordeira (se não for assim, não tem graça). Pois a pedida desse domingo pós-urnas é a festa Bora Coisar e bora pra Cuba!, no Círculo Operário do Cruzeiro (que não é apenas reduto do heavy metal e suas vertentes). A cantora Emília Monteiro comanda o lance, meio afro, meio caribe-

nho, meio amazônico. Entre as atrações, o DJ Pablo Peligro conduz baile caliente com muita salsa e merengue. Na parte gastronômica, quitutes do Pará e sorvetes artesanais de frutas da Amazônia. E a Liga Internacional de Festivais e Artistas da Música (LIFA), já ouviu falar? No Toinha Brasil Show (SOF Sul), dias 2 e 3 de novembro, acontece a primeira edição do evento, que pretende fazer o congraçamento da música na América Latina. Dia 2, rodadas de palestras abordarão temas ligados ao mundo musical: sonorização, produção e iluminação em destaque. No dia 3, a parte musical fica por conta da Capivara Brass Band e da Funquestra. Haverá seleção de bandas interessadas em tocar no LIFA México 2019. Mais detalhes em www.lifabrasil.com.br.

Banda Hangar

Por falar em Toinha Brasil Show, o pub sinônimo de rock’n’roll programou para o dia 9 de novembro apresentação da banda Hangar, um dos expoentes do metal progressivo (ou power metal) no país. Liderada pelo baterista Aquiles Priester (ex-Angra), a Hangar apresenta a turnê do álbum Strong than ever, gravado na Finlândia. Só não é o último grande concerto de metal do ano, em Brasília, porque no dia 30, no mesmo local, tem a Shaman, outra banda nacional que guarda conexão com a Angra. Para encerrar os shows do período, que tal uma imersão no som zen do shakuhachi? O quê? Shakuhachi, a flauta de bambu de origem oriental, cuja sonoridade é perfeita para o som meditativo, intrinsecamente ligado à respiração. Quem toca o instrumento é o músico e mestre japonês Kaoru Kakizaki. No Teatro da Caixa Cultural (Setor Bancário Sul), dia 14 de novembro, dentro da série Solo música.

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GRAVES&AGUDOS

Trio Curupira

Roberto Assem

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Zé Krishina & Amigos Eternos

Cama de Gato

Marcel Powell

Feras do jazz POR JOSÉ MAURÍCIO FILHO

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uem teve o privilégio de estar presente a um dos muitos shows promovidos pelo festival Piri Jazz, em suas duas primeiras edições, jamais esqueceu a sensação de ouvir algumas feras da música brasileira tocando sob um céu estrelado, ao ar livre, tendo como cenário aquele casario colonial de tirar o fôlego. Pois, para alegria geral, o festival está de volta. Neste fim de semana, de 19 a 21, vai rolar muita música boa ao ar livre na Rua do Rosário, em Pirenópolis. A terceira edição do Piri Jazz Festival será capitaneado por Rubens Carvalho (ex-Gates Pub, quem se lembra?), reunindo atrações de vários Estados. Como nas edições anteriores, em 2008 e 2009, o III Piri Jazz vai ter seu homenageado, ninguém menos do que Baden Powell, um dos maiores violonistas de todos os tempos. E Baden vai estar representado na arte de seus dois filhos – o pianista e tecladista Philippe Baden Powell e o violonista Louis Marcel Powell. Serão ao todo oito shows, três na noite

de sexta, três no sábado e dois no domingo. E tudo será gravado ao vivo, para futuro lançamento em DVD. A abertura do festival apresentará, a partir das 20h, o som de Zé Krishna & Amigos Eternos, grupo de Brasília que faz uma mistura de influências sonoras do Oriente ao reggae. Em seguida, show do Trio Curupira, de São Paulo, que bebe da miscigenação brasileira, fundindo as sonoridades indígena, africana, europeia e oriental num estilo que abraça até o erudito – o trio já foi indicado ao Grammy Latino. Encerrando a primeira noite, Sons de Sobrevivência, parceria do pianista Benjamim Taubkin com o duo de percussionistas Simone Sou e Guilherme Kastrup, de São Paulo. Espaço para a tradição brasileira, com jongos, congadas, cantos de Orixás, em diálogo com o jazz e a improvisação. Na segunda noite, também começando às 20h, o Piri Jazz abre espaço para a música local com o grupo pirenopolino Bororó & Trio, que promete apresentar interpretações originais de grandes clássicos da música popular brasileira no show

Imagens da alma. Depois, todo o talento do violonista Marcel Powell, apresentando o repertório de seu novo CD, Tempo livre, com uma mistura de choro, jazz, bossa nova e música erudita. A noite termina com o som originalíssimo do carioca Cama de Gato, que tem entre seus integrantes o grande multiinstrumentista Mauro Senise. Cama de Gato é um grupo icônico da música instrumental brasileira, que já circulou por vários países e chegou a vender 80 mil cópias de um único álbum. Para o domingo, dia de encerramento, o III Piri Jazz reservou o Grupo Ludere com Philippe Baden Powell, de São Paulo, em show que começa mais cedo, às 19h. Em cena, o melhor jazz contemporâneo brasileiro, em composições próprias que fazem parte do segundo disco do grupo, Retratos. Fechando o festival, a baiana Virgínia Rodrigues. Se você nunca ouviu, prepare-se para o impacto da voz dessa cantora, que já se apresentou nos principais palcos do mundo. III Piri Jazz Festival

19, 20 e 21/10 na Rua do Rosário, em Pirenópolis, com entrada franca.


Thaís Mallon

Da madrugada ao amanhecer Banda brasiliense Joe Silhueta lança seu primeiro álbum, o inspirado Trilhas do Sol POR PEDRO BRANDT

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oeticamente falando, essas trilhas seriam os caminhos que alguém percorre durante as noites e madrugadas, metaforicamente ou não, até alcançar o Sol – como um símbolo de realização, de redenção, em contraponto à noite como espaço de loucura e delírio. Algo que todo ser vivo busca institivamente”, explica Guilherme Cobelo sobre Trilhas do Sol, título do primeiro álbum de sua banda, a Joe Silhueta. Se o Sol do vocalista e seus comparsas é a realização de um disco instigante e criativo, com personalidade, interessante da primeira à última faixa, então estão todos se bronzeando sob a luz do astro rei. Trilhas do Sol é um acontecimento do rock de Brasília, um trabalho que a cena local – numa seca entressafra de raros regozijos, depois de um começo de século de frutos mais constantes e, principalmente, saborosos – não via há um bom tempo. Trilhas do Sol é, ainda, o pináculo da produção da microcena da qual a própria Joe Silhueta saiu, um amontoado de amigos apaixonados por rock das antigas, especialmente psicodélico, que se autointitulou de “Grogue” – ainda que o

apelido não tenha “vingado” para batizar um movimento ou algo do tipo. Não à toa, o grupo é uma reunião de músicos advindos de outras bandas parceiras que, aqui, encontram seu momento mais inspirado, em canções que bebem tanto do rock dos anos 70 quanto da MPB mais roqueira da mesma época. “Gosto de Zé Ramalho e Alceu Valença, essa coisa do contador de histórias que temos na música brasileira, e dos poemas sombrios de Jim Morrison e Leonard Cohen. E da poesia do brasileiro Jorge de Lima. E também do Sérgio Sampaio, que cantava de maneira simples coisas muito estranhas. O Bob Dylan foi uma inspiração fundamental, mas mais no começo”, comenta o letrista inspirado, dono de voz singular e autor de criações imagéticas e misteriosas. A Joe, aliás, começou como um projeto solo, para dar vazão às músicas que Cobelo não conseguia encaixar no repertório de sua antiga banda, a Korina. “Criei esse personagem, um trovador sombrio, onírico, de um universo fantástico, de músicas mais sonhadoras, abissais, alucinadas”, ele lembra sobre a gênese. O primeiro EP, Dylanescas, saiu em 2016. Depois de apresentações voz e violão, a amiga Gaivota Naves, da banda

Rios Voadores, passou a participar, fazendo vocal. Pouco depois, outros amigos foram se juntando até chegar à configuração atual, com Cobelo e Gaivota nas vozes, o talentoso Carlos Beleza na guitarra, Márlon Tugdual na bateria (ambos da Almirante Shiva), Tarso Jones no teclado e Marcelo Moura no baixo – esses dois, também da Rios Voadores – e Lucas Sombrio no clarinete. No disco, que contou com produção de Jota Dale, ainda participam Macaxeira Accioly na percussão, Esdras Nogueira no sax e flauta e Kelton Gomes na voz. As trilhas do disco formam uma narrativa (não necessariamente linear), que passa pela psicodélica faixa-título e sua contraparte, Missa elétrica; pela melancolia de Canto torto e Café amargo (com seu desfecho quase circense), pelos rock de tempero brazuca Olhos negros e Cateretê, pela alegria de Ícaro (inspirada em episódio triste, a morte do baixista Pedro Souto), pelo folk de Memórias póstuma, até a lullaby de despedida, Aurora virada. Quem se aventurar por esse passeio encontrará um caminho iluminado. Trilhas do Sol

Primeiro álbum da banda Joe Silhueta. Nove faixas. Lançamento independente pelos selos Quadrado Mágico e Cena Cerrado. Ouça em joesilhueta.bandcamp.com/album/trilhas-do-sol.

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GALERIADEARTE

O mundo impressionista de

Durval Pereira

POR ALEXANDRE MARINO

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uma rua sem calçamento, ladeada por sobrados antigos, um homem conduz dois animais de carga, caminhando entre lama e poças d´água em direção a uma esquina. É uma região montanhosa, e pouco à frente da cena é possível ver uma igreja, em nível bem mais elevado do terreno. Parece tratar-se de um lugarejo pobre, onde a natureza mostra resistência em seu embate contra a ação humana. Os casarões coloniais não estão em bom estado – as pinturas estão muito descascadas, e as paredes, esburacadas, revelam a estrutura de pau-a-pique. As portas estão fechadas e todas as janelas à vista têm vidros quebrados. Apesar das cores intensas, não há sombras e o céu está nublado. Em duas sacadas há roupas penduradas; talvez alguém tenha esquecido de tirá-las de lá quando começou a chover. É possível que ainda caia uma chuva fina, pois um pouco à frente dos animais uma jo-

vem atravessa a rua portando um guarda-chuva. Não é possível vê-la com nitidez, mas não faz mal usar um pouco de imaginação para supor que ela tem pressa, pois, nessa hora do dia e com esse tempo, não há mais ninguém na rua. O homem que conduz os animais está concentrado em sua tarefa, o que o impede de admirar o cenário. Mas a garota parece mais aberta ao que a rodeia. E a pessoa que observa esse quadro – eu, você, nós – é levada a enxergar o que não está na cena ou visualizar o momento seguinte ao que se vê, graças ao efeito das pinceladas e das cores. O espírito da paisagem ganha vida graças à arte do pintor Durval Pereira, que, aliás, também ganha vida com a exposição Impressões brasileiras/ 100 anos, que o Museu Nacional dos Correios apresenta até 30 de novembro. São casarios, marinhas, paisagens rurais, naturezas mortas e até abstrações, estilo que ele adotou no final de sua vida. É possível que o leitor não se lembre de ter ouvido falar de Durval Pereira.

Não se admire. Pintor prolífico – o curador da exposição, o pesquisador e arquiteto Lut Cerqueira, calcula que ele produziu em toda sua vida algo entre 10 mil e 15 mil quadros –, Durval foi esquecido durante décadas, por uma série de circunstâncias, o que essa exposição, organizada pelo Instituto Origami e patrocinada pelo Sesi, tenta corrigir. Durval, nascido em 1918, tem obras em acervos da Alemanha, Itália, Espanha, Suécia, África do Sul e países da América Latina. Algumas de suas telas estão ao lado das de Manet, Gauguin, Toulouse-Lautrec, Matisse, Van Gogh, Cézanne, Degas. É considerado um impressionista tardio, por ter abraçado essa linguagem artística num tempo em que predominavam modernistas e abstracionistas. Recebeu alguns dos prêmios mais importantes das artes plásticas, como o da 3ª Biennale Mondiale des Métiers d´Art, em Nice, na França, e aquele que ironicamente o levou à morte: La Madonnina di Milano. Durval estava hospitalizado, em consequ-


ência de um infarto leve, quando recebeu a notícia de que era o primeiro brasileiro a ganhar o prêmio. Um segundo infarto, desta vez fulminante, o matou. De origem humilde, Durval Pereira descobriu ainda muito jovem sua paixão pela arte. Ao pintar anjos inspirados no artista italiano Raphael nas paredes do banheiro da fábrica de calçados Clark, de São Paulo, em seu primeiro emprego, Durval foi estimulado a estudar desenho e pintura. Em 1944, aos 26 anos, ao ganhar menção honrosa no Salão Paulista de Belas Artes, decidiu dedicar-se integralmente à pintura. Ganhou inúmeros prêmios nacionais e internacionais, e desde jovem tornou-se seu próprio marchand. Fez de sua casa a sua galeria, constantemente visitada por personalidades do Brasil e principalmente do exterior, como a Rainha Sílvia, da Suécia. “Certamente o acervo de obras de Durval Pereira da Rainha Sílvia é maior do que o nosso”, arrisca o curador Lut Cerqueira. Se a ausência de suas obras em galerias prestigiadas dificulta o conhecimento sobre ele, sua morte traumática acabou por escondê-lo do cenário artístico. “Durval enriqueceu com sua pintura, e era provedor da família. Ao morrer, foi como se a arte o houvesse matado”, conta Cerqueira. “A família nunca conseguiu aceitar isso.” Quando o advogado pernambucano Hebron Oliveira reconheceu num antiquário de Campos do Jordão um quadro de Durval, a partir da

memória de um outro, comprado pelo pai, que o acompanhou durante toda a infância, e começou a compor um acervo sempre crescente, procurou a família do artista e sentiu a força do trauma. Ele conseguiu reunir cerca de 300 pinturas, mas, com a ajuda de Eduardo Pereira, neto de Durval, identificou entre essas cerca de 70 falsificações, que foram destruídas. “As pinturas de Durval tinham muito apelo comercial, e por isso havia muita falsificação, às vezes de forma grosseira”, conta Hebron. Sabe-se que há obras do artista em acervos de

edifícios públicos, como a Casa Branca, nos Estados Unidos, e os palácios da Alvorada e Itamaraty, no Brasil. Mas não existe um levantamento preciso de quantas obras são e onde estão. O que faz aumentar a importância dessa exposição, que já esteve em São Paulo, Recife e Ouro Preto – que Durval considerava a cidade de seus sonhos. Durval Pereira – Impressões brasileiras/100 anos

Até 30/11 no Museu Nacional dos Correios (Setor Comercial Sul). De 3ª a 6ª feira, das 10 às 19h; sábados, domingos e feriados, das 14 às 18h.

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GALERIADEARTE

de uma minoria

POR VICENTE SÁ

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m exibição no Espaço Cultural Renato Russo, a exposição O eterno retorno, de Paulo Andrade, tem sido bem recebida pelo público e causado sensações. A primeira, de surpresa diante dos quadros que mostram uma capital da República ocupada pacificamente por índios adultos, curumins e mulheres índias. A segunda, de resgate dessas tribos de brasileiros índios e de seu modo de viver e olhar o mundo. Ali eles podem passear, brincar e até banhar-se nas águas proibidas que cercam o Palácio do Itamaraty. Gigantes, os índios se divertem na cidade, mudam prédios de lugar, interferem no trânsito. Nas coloridas colagens de Paulo Andrade, eles, enfim, conseguem retornar à sua terra, Brasil, simbolizada na sua capital, Brasília. A exposição é também um retorno ao trabalho desenvolvido pelo artista em 1981/82, tanto que metade das 18 colagens expostas são originárias desse período (foram refeitas, este ano, com ajuda da tecnologia e do computador). As mais recentes também são fotografias em que o autor interfere, usando aquarela e tinta acrílica, o que transforma as colagens em um trabalho de alto teor pictórico. No centro da sala, uma mesa abriga peças dos vários estágios de criação das colagens. Através delas podemos ter uma ideia do

processo de montagem das obras e da grande criatividade de Paulo Andrade. Nestes tempos difíceis, em que as minorias andam sem voz, a exposição traz à tona uma faceta importante da cultura nacional. Por isso, na abertura, um grupo de índios das etnias Kariri e Xoko dançou e abençoou a exposição para que ela pudesse receber bem os visitantes. Ao final, depois de percorrer todos os quadros, um dos índios chegou-se ao autor das obras e agradeceu: “Você nos retratou com dignidade. Isso é muito raro e muito bom”. O olhar de Paulo Andrade sobre os indígenas tem agradado também aos visitantes. O estudante do Elefante Branco Adí-

O eterno retorno

Exposição de obras de Paulo Andrade Até 11/11 no Espaço Cultural Renato Russo (508 Sul). De 3ª a 6ª feira, das 10 às 20h; sábados e domingos, das 12 às 19h.

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Dignos retratos

lio Vaz, de 18 anos, achou muito interessante ver os índios andando por Brasília com confiança e tranquilidade: “Eu me emociono porque a arte desses quadros nos mostra o quanto ainda falta para sermos uma boa sociedade, principalmente para com eles, os primeiros brasileiros”. A inquietude do artista mineiro, que estudou Belas Artes no Rio de Janeiro e veio completar sua formação em Brasília, não para na criação e exposição dos quadros. Faz parte do projeto levar alunos de colégios públicos e idosos das entidades de acolhimento até o Espaço Renato Russo para ver as obras e trocar ideias com o autor. “É importante que a arte dialogue com todos os setores da sociedade. Essas pessoas que não costumam ou não conseguem frequentar salas de arte serão beneficiadas”, afirma Paulo Andrade.


Eternos Beatles POR HEITOR MENEZES

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em Liverpool, no qual o quarteto teria tocado 292 vezes. O Shea Municipal Stadium, no bairro do Queens, em Nova York, outro ponto de referência, quando os Beatles invadiram a América, também pode ser experimentado como se o visitante estivesse na plateia, em 1965. Quer mais? Que tal embarcar no trem de A hard day’s night? Ou dar um rolê no Submarino Amarelo? Se quiser, pode atravessar a mais famosa faixa de pedestres do mundo, aquela retratada na capa do disco Abbey Road. Aliás, vale dar uma olhada no estúdio Abbey Road, onde Lennon, McCartney, Harrison e Starr

gravaram para a posteridade suas maiores preciosidades. Atenção para a lojinha de souvenirs. É a hora daquela caneca Beatle, a camiseta, o chaveiro, enfim, qualquer coisa com a marca The Beatles. Por quê? Porque qualquer objeto assim transmigra o significado. É a posse de um ícone, um pedacinho de um artista, que faz o portador também pertencer a esse universo. Coisa da natureza humana, não estranhem, não. Fab Four Experience

Até 2/12 no ParkShopping (na antiga FNAC). De 3ª a sábado, das 13 às 22h; domingos e feriados, das 14 às 22h. Ingressos: R$ 40 e R$ 20. Classificação etária: livre

Fotos: Divulgação

obre os heróis e ícones que amamos cultivar já foi dito que eles são assim considerados porque nos sacodem e nos fazem chorar. Moldamos nossas vidas nesses exemplos, quer nossos heróis e ícones triunfem ou caiam em tragédias. Ok, sem tragédias. E quem melhor que os Beatles – John, Paul, George e Ringo – para, passados tantos anos, ainda nos emocionar à simples menção de seus nomes, à simples audição de um acorde ou um refrão Beatle? Simplesmente são ícones mundiais. Uma boa oportunidade de mergulhar nesse universo e entender como se vira ícone é a exposição Fab Four Experience, em cartaz até 2 de dezembro no ParkShopping (mais precisamente na área da antiga FNAC). São fatos marcantes da trajetória do Quarteto Fantástico da música, retratados em dez ambientes, cada um dedicado a uma fase do grupo. De maneira interativa, os clientes do ParkShopping poderão “visitar” lugares marcantes, como o mítico Cavern Club, inferninho que era espécie de QG Beatle


CRÔNICADACONCEIÇÃO

Crônica da

Conceição

CONCEIÇÃO FREITAS

conceicaofreitas50@gmail.com

Que os orixás nos guiem

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povo de terreiro está apavorado. Se, mesmo nos governos democráticos, já não era fácil, nunca foi, agora que o fascismo nos espreita é preciso se segurar na ancestralidade, buscar força e colo nos orixás para dar conta das trevas que se anunciam. Mãe Baiana de Oyá é uma mulher potente. Olhos e bocas graúdos, braços rijos, voz vigorosa, um corpo tão presente quanto o de uma aparição ancestral. Almoçamos dia desses num restaurante do Setor Comercial Sul, perto da Fundação Palmares, onde Mãe trabalha como a servidora Adna Santos de Araújo. Pai Nino, do terreiro Ilê Axe Citomei, estava junto. Um pai e uma mãe de santo e um medo só: o que será do povo de terreiro com os tempos de trevas que se armam no horizonte e já estão tão presentes quanto um pesadelo de olho aberto. Na mesa, três variações de preto: Mãe Baiana é negra retinta; eu, negra aguada; e Pai Nino, de pele branca e cabelos e traços negros. Uma conversa que lembrava os tempos da ditadura militar – cuidadosa, temerosa. Quando Mãe levantava a voz, Pai Nino e eu olhávamos para os lados, com receio

de que alguém das mesas próximas a ouvisse e partisse pra cima de nós. Não se falava nomes, nem dos candidatos ao GDF nem dos candidatos à Presidência da República. Mãe Baiana se lembrava da madrugada em que acordou com o terreiro pegando fogo. “Fiquei com a roupa do corpo”. Fazia tempo que ela ouvia ameaças, insultos, todos feitos em nome de Deus. O terreiro de Mãe Baiana se chama Ilê Axé Oyá Bagan e fica no Núcleo Rural Córrego do Tamanduá, nas encostas do Lago Paranoá. Já foi atacado três vezes. Virou Ponto de Cultura, dadas as atividades que Mãe promove – no fim de semana seguinte ao nosso encontro, o terreiro iria abrigar uma oficina de dança, O corpo negro em cena e vídeo, com Sergio Laurentino, ator do Bando de Teatro Olodum. Se o resultado das eleições, tanto no DF quanto no Brasil, for o pior possível, Mãe pensa em tirar a placa com o nome do terreiro e colocar apenas Ponto de Cultura, tamanho o medo da insanidade que já chegou, mesmo antes do resultado do segundo turno. “Nunca foi fácil, mas parece que vai ficar mais difícil. Desde que se levanta,

às cinco da manhã, começa a resistência do preto, todos os dias. Mas o povo de terreiro não chora. Segue de cabeça erguida. Nossos pretos foram chicoteados sem derramar uma lágrima, derramaram sangue, mas não lágrima. É mais fácil chorar aos pés dos nossos orixás.” Em nome de Jesus, estão propagando o ódio, ela diz. “O Jesus que recebemos em nossa casa é o da energia positiva, da paz, do amor, da compreensão. Não se vê o povo preto matando, estuprando, em nome de Jesus. Esse Jesus que julga, que criminaliza, que viola, não me foi apresentado, não o conheço. Conheço a espiritualidade limpa, pura, cristalina”. Mãe Baiana não esmorece. A voz dela segue firme e, de vez em quando, sobe alguns tons, como quem se prepara para o pior. Sabe que ninguém corre do que o espera. Que o povo preto foi forjado na resistência – a ele não foi dado nem o direito de existir, apenas o de servir. E dele brotaram lindezas que acalantam a alma brasileira. “Vamos passar por tudo isso segurando nossa ancestralidade, nosso abrigo, nosso colo, com a dignidade do povo preto. Que nossos orixás nos guiem”.


Dirigir depois de beber pode virar o retrato de uma tragédia.

No trânsito, somos todos responsáveis. De acordo com a legislação, dirigir alcoolizado pode ser considerado um crime. Além disso, qualquer quantidade de álcool no organismo não é segura quando se dirige. Uma única dose interfere nos reflexos do motorista e o deixa mais propenso a cometer infrações, acidentes e mortes no trânsito. Escolha a vida: se você bebeu, nunca dirija.


Portabilidade salarial BRB Nada como a tal liberdade,

INCLUSIVE DE TER MAIS BENEFÍCIOS

Já que agora você é livre para levar o seu salário para onde quiser, conte sempre com o maior banco de Brasília. Se você já possui uma conta-corrente no BRB, acesse brb.com.br/campanhas/portabilidade2018, preencha o formulário de portabilidade disponível e entraremos em contato. O BRB já pensou em tudo. Da portabilidade aos benefícios, a gente cuida para você. SEJA BEM-VINDO AO SEU NOVO BANCO.

BRB.COM.BR @brb_bancodebrasilia @BRB.BancodeBrasilia BRB TELEBANCO 61 3322 1515 SAC BRB 0800 648 6161

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