REVISTA SAÚDE CAMPO MOURÃO - EDIÇÃO 49

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QUANDO A CRIANÇA APRENDE A LER E A ESCREVER? A criança começa a aprender a ler e escrever muito antes da entrada na escola. Aprender a ler e a escrever são funções psicológicas que requerem um certo desenvolvimento da criança para que ela aprenda. No universo da escrita algumas crianças exibem dificuldades em aprender, o que na maioria das vezes, são vistas como um fenômeno patológico e atribuídas a própria criança, de forma individualizada e que comprometem as condições de alfabetização.

No processo de aprendizagem da leitura e da escrita é importante conhecermos a história dessas habilidades, pois a escrita começa quando os primeiros signos visuais se tornam presentes na vida da criança e, nesse sentido, o gesto é o primeiro sinal visual que contém, em si, como possibilidade, a futura escrita. É sabido que o desenvolvimento da linguagem aconteceu a partir da necessidade dos seres humanos de organizar suas tarefas e, assim, os gestos e os sons vocais transformaram-se em linguagem sonora articulada. A linguagem não é inata ou transmitida de forma hereditária, mas desenvolveu-se ao longo dos anos, a partir das necessidades da comunicação durante a atividade, na interação entre os homens e com a natureza, permeada pelos signos. Assim, como a descoberta do fogo foi intitulada como um marco do início da história da humanidade, a linguagem escrita foi um marco na transição da passagem da barbárie à civilização, um divisor entre a forma inferior da existência humana e a superior. No início da alfabetização, a criança aprende os códigos linguísticos de forma externa, sem compreender seus mecanismos de uso. Os estágios do desenvolvimento da escrita pela criança não são lineares, mas acontecem de forma crescente, dialética e cada criança evolui da sua maneira, podendo variar a transição de um estágio para outro, tanto na idade quanto na forma de registro, o que exige da criança certa condição para escrever. Assim, no ambiente escolar o professor promove a transição do desenho de coisas

para o desenho dos sons da fala, proporcionando, desse modo, que leitura e escrita se tornem necessárias para a criança. Somente deste modo desenvolver-se-á a linguagem intelectualizada, pois vivemos em uma sociedade letrada, na qual compartilhamos uma vida social, para apropriação do conhecimento historicamente produzido pelo homem. A alfabetização então, não é apenas o domínio da escrita das letras e suas representações fonéticas, a saber, a relação grafema-fonema, mas sim o domínio que permite a efetivação da alfabetização. No início, escrever ainda não tem sentido para a criança, pois ela não relaciona a necessidade de fazer registro da linguagem falada como algo que a ajudará a lembrar de suas anotações depois. Logo, a apropriação da linguagem escrita necessita da internalização dos muitos signos criados pelo homem ao longo da história e de uma série de processos psicofísicos, bem como o desenvolvimento de operações motoras, a compreensão da audição da palavra, o domínio do significado fixado nas palavras. Dessa forma, a criança vai se apropriando da aprendizagem da escrita, o que dependerá não só de um bom ensino, como também dos motivos pelos quais deve aprender, de maneira que terá desenvolvidas as funções psíquicas superiores. Deve-se desenvolver, na criança, a necessidade de escrever e a compreensão acerca da função social da escrita.

É fundamental a concepção da linguagem escrita como objeto cultural a ser apropriado com base em um trabalho pedagógico que vai ao encontro da criança, uma vez que as operações contidas na escrita e na leitura não ocorrem espontaneamente. Ao entrar nas séries iniciais do ensino fundamental, muitas crianças não entenderam, ainda, a função social da escrita, não compreendem o que a escrita representa, nem para que devemos escrever. A função da escrita deve ser trabalhada desde que surge na criança o primeiro interesse por escrever. Assim, ensinar a ler e a escrever parte do princípio da necessidade de cada criança. Portanto, destaca-se a necessidade de uma educação pré-escolar pautada na atividade que promova o desenvolvimento nesse período, das habilidades fundamentais à formação da criança, mediante as formas criadas pelas relações que envolvem seu mundo e que a colocam em contato com outras crianças da mesma idade. Nos processos iniciais de alfabetização, o professor vai se deparar com a complexidade desse aprendizado, bem como lidar com uma heterogeneidade constitutiva da apropriação, já que elas possuem conhecimentos prévios, de contextos históricos e sociais distintos e que, dependendo das mediações, poderão dar saltos qualitativos na compreensão da escrita e seu uso social, fazendo uso da escrita em prol do desenvolvimento humano, superando as dificuldades nesse processo.

MARLI CABRERA SOARES Psicopedagoga Clínica – ABPp- 13280 CURRÍCULO • Neuropsicopedagoga Clínica; • Psicopedagoga Clínica e Institucional - ABPp - 13280; • Especialista em Análise do Comportamento Aplicada - ABA; • Especialista em Atendimento Educacional Especializado; • Especialista em Educação Especial e Inclusão; • Especialista em Orientação e Supervisão Escolar; • Pedagoga - MEC 5359; • Mestre de Psicologia - Universidade Estadual Maringá.

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AME ESPAÇO MULTIDISCIPLINAR: Rua São Paulo, 715 - Campo Mourão/PR 44 3815-0232 | 44 99915-5029 Marli Cabrera Soares | marlicabrera_psicopedagoga | 46

Revista Saúde | Dezembro . 2021 | rsaude.com.br

marlicabrerasoares@hotmail.com


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