A importância da Reabilitação Neuropsicológica no contexto escolar

Sabe aquela criança que apresenta dificuldade em se controlar, que fica constantemente no chamado “mundo da lua”, que responde de forma impulsiva como se não medisse as consequências de suas ações? E aquela que apresenta dificuldades de aprendizado justamente por não conseguir focar no que o professor está ensinado? E a que esquece constantemente o que lhe foi ensinado?

E se eu lhe falasse que justamente um dos processos cognitivos mais afetados, nestes casos, encontra-se nas funções executivas, que é compreendida como a capacidade do indivíduo de realizar o controle e a regulação do comportamento relacionado a fins específicos além de auxiliar o indivíduo no processo de adaptação.

Para que a aprendizagem ocorra e que a criança consiga executar demandas relacionadas à leitura, escrita e matemática, várias habilidades cognitivas são necessárias, como a atenção, memória, linguagem e, em especial, as funções executivas. Isso significa que, para que o processo de leitura e escrita aconteça de forma eficaz é necessário que a criança consiga manter-se atenta em todos os elementos das sílabas/palavras e consiga relacionar os sons com as letras. Além disso, a memória de trabalho também se torna necessária, pois a criança precisa realizar a manipulação da informação aprendida.

Desta forma, a reabilitação neuropsicológica das funções executivas tem como objetivo auxiliar no processo de mudanças cognitivas, bem como no desenvolvimento de estratégias compensatórias para resolução de problemas. Estimular as funções executivas é um modo de intervenção não invasivo e não medicamentoso que se utiliza de técnicas lúdicas e do desenvolvimento de metas de curto, médio e longo prazo, que são elaboradas de acordo com o perfil de cada cliente. As intervenções podem ter como objetivo auxiliar no funcionamento cognitivo, ou até mesmo compensar os déficits através do uso de estratégias compensatórias (internas ou externas), além de promover a mudança do ambiente ou do comportamento através do processo de psicoeducação com os responsáveis e uso de técnicas comportamentais. Para isso, um programa muito utilizado é o Piafex que utiliza estratégias específicas para atingir seus objetivos, através de atividades motoras estruturadas e técnicas específicas para a estimulação de habilidades executivas, através de medidores externos e falas privadas, além do papel importante do mediador.

Desta forma, pessoas que apresentam dificuldades, justamente nas funções executivas, como nos casos de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade e Transtorno do Espectro Autista, tendem a apresentar maior dificuldade quanto a capacidade de autorregulação e inibição dos impulsos (controle inibitório), e apresentam maior dificuldades quanto à flexibilidade cognitiva. A flexibilidade cognitiva encontra-se associada à capacidade de mudanças de estratégias perante uma situação previamente estipulada, além de encontrar-se relacionado com a capacidade do indivíduo de mudar o foco atencional entre diferentes ideias, buscando solucionar seu problema de forma mais eficaz.

No caso das crianças, a função executiva é extremamente importante, principalmente, quando a relacionamos ao ambiente escolar, pois é na escola o espaço em que a criança precisa conseguir se organizar, se planejar perante variadas demandas presentes em sala de aula. Deste modo, a reabilitação pode ser um facilitador no processo de aprendizagem por auxiliar o aluno a ser mais independente em suas atividades da vida diária.

TATIANA FERRI RIBEIRO

CRP: 08/29690 | Psicóloga Clínica e Neuropsicóloga

CURRÍCULO

• Formada pela Faculdade União de Campo Mourão – UNICAMPO; • Especialista em Neuropsicopedagogia – Uniasselvi; • Formação em Terapia Cognitivo Comportamental – Cognitivo; • Especialista em Neuropsicologia - Centro de Diagnóstico Neuropsicológico (CDN - SP); • Mestranda em Medicina Interna e Ciências da Saúde – UFPR; • Terapia Cognitivo Comportamental com Crianças e Adolescentes – CBI Of Miami; • Formação em Biofeedback e Neurofeedback – Neurowork; • Membro da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia – SBNp.

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