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A COVID-19 pode causar demência nos infectados?
Com o aumento de casos de delírio que progridem para demência, a saúde mundial tem outro problema à vista.
Ao longo dos meses, médicos, cientistas e demais pesquisadores foram encontrando cada vez mais sintomas e efeitos colaterais causados pelo novo coronavírus. Mais do que somente efeitos respiratórios, a doença também pode causar sérios problemas neurológicos nos infectados. Um deles é o delírio (delirium) que, em quadros graves e crônicos, pode evoluir para um caso de demência.
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Um estudo realizado em abril do ano passado na França mostrou que 65% das pessoas que tiveram quadros severos da COVID-19 e que também tinham confusão mental, sendo o principal sintoma o delirium.
Em novembro passado, dados mostrados por cientistas americanos apontaram que 55% das 2.000 pessoas observadas pelo estudo que foram tratadas em Unidades Intensivas de Tratamento (UTIs) no mundo todo desenvolveram quadros de delírio. O quadro é menos comum em anos mais típicos. Em 2015, por exemplo, 1/3 das pessoas com quadros graves de uma doença chegavam a apresentar sintomas mentais.
Os casos de delirium quando alguém está infectado pela COVID-19, então, são mais comuns do que em outras comorbidades — o que preocupa nos preocupa! Na década passada, diversos estudos revelaram que apenas um episódio de deliriam pode aumentar o risco de um quadro de demência ser desenvolvido mais para frente, e o declínio cognitivo de pessoas que já tinham a condição acontecia de forma mais rápida. Quem tem demência também corre mais riscos de desenvolver episódios de delírio. Um passo importante para a redução da incidência do delírio em até 40% é a presença de membros da família com os doentes — algo difícil de se fazer em tempos de COVID-19.
O desenvolvimento de delírios em ambientes hospitalares parece afetar diretamente os riscos de uma pessoa passar por perdas cognitivas maiores após a alta. Uma pesquisa brasileira, por exemplo, mostrou que em um grupo de 309 pessoas com uma idade média de 78 anos, 32% daqueles que desenvolveram delírio em hospitais viram o quadro progredir para uma demência quando saíram do período de internação, comparado com apenas 16% daqueles que não tiveram episódios.
Quando o assunto é o SARS-CoV-2, um estudo publicado no mês passado mostra que 28% de adultos com idades mais avançadas apresentam deliriam quando chegam ao departamento de emergência de um hospital. A pandemia pode, então, levar a uma alta em casos de demência no mundo todo nas próximas décadas, ainda mais levando em conta que as populações mundiais estão cada vez mais ficando mais velhas. Anualmente, os Estados Unidos, por exemplo, gastam cerca de 152 bilhões de dólares em cuidados médicos para quadros de demência. O problema pode se tornar ainda mais sério nos próximos anos e, se não levar os sistemas de saúde a um colapso, podem chegar perto.
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DR. FÁBIO VIEGAS
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