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Síndrome da criança espancada

Violência física contra lactentes, pré escolares e escolares.

A sociedade brasileira está acompanhando o desenrolar de uma história horrenda que se deu na cidade do Rio de Janeiro em março de 2021. Um caso que chocou as pessoas e trouxe à tona um assunto pouco discutido. De modo geral, os casos de abuso são identificados no ambiente escolar ou são denunciados aos Conselhos Tutelares por parentes ou pessoas próximas à família. A grande maioria dos casos denunciados é de negligência. As denúncias de violência contra crianças e adolescentes em nosso país podem ser feitas por telefone, pelo DISQUE 100. Aqui neste texto gostaria de tratar de um tipo específico de abuso. A violência física contra lactentes, pré escolares e escolares, faixa etária extremamente vulnerável e sem capacidade de se defender ou chamar por socorro. A violência física contra a criança pode gerar como consequência a chamada de Síndrome da Criança Espancada, a qual representa um desafio ético e legal para os médicos. Na síndrome da criança espancada, o agressor geralmente está no círculo de convivência da vítima. Estas vítimas de agressão, mais cedo ou mais tarde, irão precisar de atendimento médico e neste contexto os radiologistas podem ser a primeira equipe clínica a suspeitar de lesões não acidentais quando identificam padrões específicos nos exames de imagem. Quando certos achados em radiografias chamam a atenção para a possibilidade de maus tratos em crianças, a boa prática implica na realização de um inquérito radiológico com diversas incidências radiográficas em busca de subsídios que sustentem a hipótese ou a descartem. É sempre um trabalho investigativo minucioso que requer seriedade e precisão. O conhecimento dos achados de imagem relacionados à Síndrome da Criança Espancada é fundamental para que não se perca a oportunidade de salvar a criança de uma futura nova agressão e ao mesmo tempo não permitir que uma falsa suspeita seja levantada inadequadamente. Além de levantar a suspeita, os radiologistas podem ajudar na investigação da cronologia das lesões uma vez que a análise de lesões ósseas podem dar informações acerca do tempo do ocorrido. Como radiologista confesso que é extremamente delicado o diagnóstico de um caso de Síndrome da Criança Espancada. Acredito que através da disseminação da informação estamos combatendo este agravo que abala, entristece e envergonha a nossa sociedade.

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DR. LUCAS E. F. CALAFIORI

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