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Hemicrania
um diagnóstico diferencial para as enxaquecas (principalmente para as mulheres...)
A hemicrania pertence ao grupo das cefaleias trigeminais autonômicas e se parece com a cefaleia em salvas, mas possui algumas características que permitem sua inclusão na Classificação internacional das cefaleias.
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Essa cefaleia predomina no gênero feminino, em contraposição a cefaléia em salvas que predomina nos homens. Essa cefaleia inicia-se mais na idade adulta apresentando duas formas: uma crônica e uma episódica. Pacientes com hemicrania paroxística crônica podem apresentar dores diariamente por mais de um ano ao passo que na forma episódica podem apresentar remissão por meses até anos.
Interessante notar que essa cefaleia foi descoberta em 1974. Na ocasião o professor SJAASTAD publicou um artigo “A new (?) Clinical headache entity “chronic paroxysmal hemicrania” e nele descrevia casos de pacientes que apresentavam dor de cabeça de curta duração, frequentemente ocorrendo ataques de dor de cabeça em 24 horas. A dor é extremamente severa, unilateral (sempre do mesmo lado), mais localizada na distribuição trigeminal especialmente as regiões temporal, orbital ou retro orbital. Um dos poucos pacientes que vi com esse quadro apresentava também dores na região occipital e dentes. Existem relatos de dores na orelha e até dentes durante os ataques. Apesar dos ataques serem desacompanhados de fenômenos visuais, náuseas/vômitos, fenômenos autonômicos como congestão nasal, ptose, lacrimejamento que ocorrem no lado sintomático. Esses ataques são de curta duração variando entre 20 a 30 minutos e usualmente assim como aparece de forma abrupta também pode cessar abruptamente. Normalmente observamos os pacientes muito agitados durante as crises. O padrão de ataque difere de outros tipos de dores de cabeça mais complicadas como a neuralgia de trigêmio e a cluster, tanto no que diz respeito à frequência quanto ao padrão temporal de longo prazo.
DR. FÁBIO VIEGAS
Na maioria dos casos as crises aparecem espontaneamente mas existem descrições de que movimentos cervicais, exercícios, álcool e estresse podem ser fatores desencadeantes. Normalmente há uma boa resposta quando usada a indometacina na sua terapêutica. Mas seu médico é que sera responsável pela escolha da droga e da quantidade.
O diagnóstico diferencial deve ser feito excluindo outras cefaleias trigeminais autonômicas tais com SUNCT, cluster headache, hemicrania continua e hemicrania paroxística secundária onde podemos encontrar desde tumores, problemas vasculares e até reumatológicos, infecciosos e sanguíneos que requerem investigação profunda. Por isso é fundamental buscar um profissional especializado em dor de cabeça para que exames complementares sejam solicitados.