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Saúde do idoso e oncogeriatria

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Saúde do idoso e oncogeriatria

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O processo de envelhecimento é natural e ocorre para todos os indivíduos, em velocidades e intensidades que podem variar.

A faixa etária maior de 65 anos é aquela que mais cresce em países desenvolvidos. Atualmente, 50% de todos os casos de câncer acontecem em indivíduos com mais de 65 anos, e o mesmo grupo representa 70% dos casos de óbitos pela doença. Quando um idoso descobre que está com câncer, o desafio para o médico oncologista é um pouco maior, como explicaremos a seguir.

O processo de envelhecimento é natural e ocorre para todos os indivíduos, em velocidades e intensidades que podem variar. Acompanhado deste envelhecimento, vivencia um declínio/comprometimento fisiológico de alguns órgãos levando à “redução da reserva fisiológica” - termo muito usado por médicos e que na verdade resume a fragilidade maior que pessoas de idade têm a certos traumas, acidentes e doenças. O coração, os pulmões, os rins, o fígado, o cérebro, os ossos, o intestino e tantos outros tecidos/órgãos de alguém com 80 anos obviamente suportam menos injúrias a agravos do que os mesmos em um indivíduo de 40 anos.

E quando falamos em oncologia, tanto o próprio câncer quanto o tratamento oncológico representam um insulto, uma agressão ao corpo do idoso. E os cuidados e expertise do oncologista precisam ser maiores, para que possa ser feito o melhor tratamento contra o tumor, sem prejudicar, debilitar ou colocar a vida da pessoa em risco. Por exemplo, os rins e o fígado são órgãos essenciais para a metabolização (“limpeza”) e eliminação dos quimioterápicos do corpo, e com o declínio natural de suas funções podemos verificar um maior risco de toxicidade com o tratamento em pessoas idosas.

Mesmo sabendo que idosos clinicamente saudáveis são fisiologicamente mais suscetíveis, devemos levar em conta um importante conceito - o da idade biológica versus idade cronológica. Um idoso com 60 anos de vida pode ter um corpo e aparentar ter 50 ou até mesmo 80, dependendo de como se cuidou ao longo da vida e de quais doenças desenvolveu. Obviamente que idosos com doenças prévias como infarto, enfisema, diabetes, hipertensão, Alzheimer, doenças reumatológicas e outras estão mais em risco que idosos com a mesma idade, mas sem tais problemas de saúde. Devemos lembrar também que idosos com muitas doenças usam muitos remédios e a quimioterapia pode interagir com estes medicamentos gerando os mais diversos efeitos colaterais.

Por todo o acima citado, a oncogeriatria (cuidado do paciente idoso com câncer) é muito importante para o médico oncologista e sua equipe de profissionais das mais diversas áreas. É através do conhecimento deste campo e da interação entre os profissionais, que o tratamento oncológico é realizado da melhor forma possível, adequando a terapia às condições do doente. Com isso, as chances de cura/controle da doença são as maiores possíveis e os riscos à saúde impostos pelo tratamento são os menores possíveis.

Portanto, a atenção integral ao idoso, numa perspectiva que se estende desde aprevenção ao manejo dos sintomas provenientes do tratamento, é fundamental. E, somente através da interdisciplinaridade, será possível manter a autonomia, a independência e também diminuir limitações cotidianas.

A equipe pode ser composta por profissionais de diversas áreas da saúde que irão avaliar o paciente objetiva e

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subjetivamente e assim, gerar uma percepção clínica mais completa. Partindo de tais preceitos, uma reunião definirá os pontos relevantes para cada indivíduo e a atuação de cada membro da equipe. O equilíbrio entre bem-estar e a independência devem ser valorizados, não deixando de dar atenção e o cuidado necessário à saúde.

A maioria dos idosos é portadora de doenças crônicas, portanto, algumas orientações sobre alimentação e peso, assim como exercício físico para melhora do condicionamento físico e assistência às questões sociais e familiares são bons exemplos de esclarecimentos que podem gerar incontáveis benefícios. Motivação, redução de queixas e intercorrências, novos horizontes e perspectivas, melhora cognitiva (capacidade de compreensão) são os principais. É importante também salientar que as disfunções orgânicas não necessariamente significam limitação ou restrição social. Respeitar o tempo para execução de atividades cotidianas e entender os limites do corpo também são fundamentais. A família, que assume papel primordial, gera confiança e apoio. E, pensando no cuidado integral, é evidente a necessidade de estimular a mente, com atividades como caminhadas, cinema, palavra-cruzada, amigos.

Fica evidente também, que o idoso que recebe esse cuidado amplo, tem maior autonomia e produz um modo singular de fazer andar a vida. Respeitar a opinião, crenças e valores morais, valida o papel vital e indispensável das pessoas com idade mais avançada na sociedade. Em especial na oncologia, propicia-nos a oportunidade de realizar tratamentos individualizados, dignos e íntegros, que são imprescindíveis para o melhor cuidado.

Quando falamos em oncologia, tanto o próprio câncer quanto o tratamento oncológico representam um insulto, uma agressão ao corpo do idoso. E os cuidados e expertise do oncologista precisam ser maiores, para que possa ser feito o melhor tratamento contra o tumor, sem prejudicar, debilitar ou colocar a vida da pessoa em risco.

DR. PEDRO GRACHINSKI BUIAR DRA. CYNTHIA HOLZMANN KOEHLER

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