2 minute read
AS DIFICULDADES DE MATERNAR NA ADOLESCÊNCIA
Sei que vai passar, mas, agora, parece que ainda falta uma eternidade
Em 2022, atingi grandes números na história da minha maternidade. Minha filha mais velha completou 15 anos em janeiro.
Advertisement
A caçula fez dez anos neste mês de julho. E a adolescência chegou com força aqui em casa. Hormônios em alta arrebentando todas as portas. Para mim, essa tem sido a fase mais difícil da maternidade aé agora: adolescência e pré-adolescência juntas. Não que as outras tenham sido fáceis. Não que não possa piorar —eu sei que tem alguma mãe ou pai dizendo isso em silêncio enquanto lê essas linhas.A adolescência da minha filha mais velha e a pré-adolescência da mais nova são as fase mais difíceis da maternidade.
A adolescência da mais velha tardou, mas chegou. A pré-adolescência da mais nova apareceu precocemente. Culpo a pandemia. Não sei exatamente quais os efeitos que o confinamento por um vírus letal possa ter causado nos hormônios para fazer com que uma demorasse um pouco para demonstrar comportamento típico adolescente e a outra começasse tão precocemente, mas sei que ficar trancado não é bom.
Sei também que o cenário político —com displicência do governo federal na compra de vacina, apostando na imunidade de rebanho e na política de morte— são responsáveis pela confusão ainda maiores de sentimentos.O fato é que a adolescência e a pré-adolescência chegaram em casa e representam uma dificuldade muito maior do que as noites insones dos primeiros meses de vida e a livre demanda da amamentação dos dois primeiros anos. Na minha casa, não está acontecendo nada que não ocorra nos lares com adolescentes. Tenho conversado com muitas mães sobre isso. Compartilhar e tentar entender são sempre o melhor caminho. Mas creio que a adolescência de minhas meninas —esse despertar para a vida adulta— esteja coexistindo com o meu despertar para a maturidade, que é o envelhecimento mesmo. Nessa fase em que todas nós estarmos crescendo —com hormônios em alta ou em baixa—, as crises existenciais das minhas duas filhas chegam avassaladoras. Eu fico perdida. Como dar o rumo a elas se eu procuro meu novo rumo? Se procuro me colocar neste espaço de ser mãe de duas meninas crescidas e não mais de duas criancinhas?
Tenho transitado por dias longos e noites longas só para elas —dormem demais (ufa!)—, tentando reorganizar a vida em torno das novas necessidades das duas e da minha própria rotina ainda incerta. Sempre associei a maternidade a uma montanha-russa. Hoje, mudo o brinquedo: é aquele que gira e te coloca de cabeça para baixo. Eu, que nunca gostei de brinquedos radicais, não queria estar neste. Mas sei que tenho que respeitar o tempo da “diversão da vida” e esperar o maremoto passar. Quem já criou filhos tem a resposta na ponta da língua: logo passa. Já eu vivo sensação de “está demorando uma eternidade”. Não sei exatamente quais os efeitos que o confinamento por um vírus letal possa ter causado nos hormônios para fazer com que uma demorasse um pouco mais para demonstrar comportamento típico adolescente e a outra começasse tão precocemente, mas sei que ficar trancado não é bom.