novembro 2007 - primeiro corte
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TATURANA
foto: Guilherme Gerais
“Booker Pittman” 2o episódio da Trilogia do Esquecimento Estréia: 1o semestre de 2008
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TATURANA
www.kinoarte.org.br
_letargia
No dia 21 de julho de 2003, nascia a Kinoarte – um grupo de amigos que se conheceu em uma Oficina de Cinema em Super-8 e que estava disposto a fazer filmes. Por dois ou três anos, esse grupo manteve a mesma estrutura: de 12 a 15 pessoas pensando, realizando e preparando novos projetos. Quatro anos depois, este grupo de amigos já não é tão restrito. O pequeno público que realizava sessões de sábado à tarde organiza, há dois anos, a Mostra Londrina de Cinema. Em quatro anos, foram produzidos 13 curtas, realizadas oito oficinas e exibidos mais de 150 filmes em projetos como a Kinoarte Mostra Curtas e o Kinoclube. As produções da Kinoarte percorreram o País e foram exibidas também em festivais na Europa e nos Estados Unidos. Desde julho, essas atividades se concentram em um só endereço: o Espaço Kinoarte. Mesmo com essas conquistas, em sua essência, a Kinoarte é a mesma: um grupo de amigos com vontade de fazer, pensar e debater filmes. E foi a partir desse último objetivo – o de criar um espaço privilegiado para a reflexão sobre cinema – que nasceu a taturana. O nome pode parecer estranho a um cinéfilo. No entanto, ao lembrar parte da definição científica sobre o que é uma taturana, algo se revela. Por exemplo: taturana, em tupi, significa “semelhante ao fogo”. E em geral, essas lagartas são consideradas potencialmente perigosas, podendo até levar à morte. Mas, na verdade, o que realmente aproxima a taturana do universo do cinema é uma das atividades mais antigas que ainda cultuamos: o ato de observar.
Quando se está diante de uma taturana, há uma espécie de medo e fascínio simultâneos, uma lenta aproximação do perigo – um estado letárgico e de êxtase. Enfim, há um mistério a rondar essas mariposas que ainda estão em seu estágio larvar, e isso é imensamente admirável – assim como o cinema. Assistir a um filme não é uma experiência tão diferente: você está em uma sala escura, mergulhado em um universo específico, acreditando que tudo ali diz algo realmente especial a você. Em boa parte dos casos, você não compreende nada do que é apresentado – tem medo até – e se fascina. Aproxima-se da tela e passa a um estado letárgico. Freqüentemente êxtase. Com essa origem, fica claro, portanto, que a taturana não tem como objetivo confortar os nossos leitores. O objetivo é seguir rumo ao desconhecido e sempre de olhos fechados. Ah, e sem se esquecer da frase sombria e profética que Goethe criou para Mefistófeles: “Tudo o que existe merece ser destruído”. A revista deve ser trimestral, irá contar com uma versão na web (www.kinoarte.org.br/ taturana) e está aberta a colaboradores. Não há temas nem formatos rígidos; há apenas a preocupação de se aproximar cada vez mais do cinema em todas as suas possibilidades (fotos, quadrinhos, literatura). A primeira taturana está lançada. Aproveitem e se aproximem!
Rodrigo Grota
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_equipe taturana editor-chefe rodrigo grota produção argel medeiros bruno gehring editores andré simões artur ianckievicz secretária de redação evelyssa sanches projeto gráfico felipe augusto (imaje) guilherme baracat renata abelin samuel rodrigues reportagem alessandra moura amanda mont’alvão bruna haddad inara chayamiti mabel gomes ilustrações felipe augusto (imaje) renata abelin samuel rodrigues colaboração carlos ebert denise lezo diagramação evelyssa sanches felipe augusto (imaje) guilherme baracat renata abelin samuel rodrigues patrocínio petrobras realização kinoarte
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doutorfantástico fantástico doutor poramanda amandamont’alvão mont’alvão por 66 expressionismorevisitado revisitadoem emtim timburton burton ooexpressionismo denise lezo denise lezo 1010 “estômago”:“rir “rireerefletir refletirao aomesmo mesmotempo” tempo” “estômago”: pormabel mabelgomes gomes por 1313 programaçãoda da9ª9ªmostra mostralondrina londrinade decinema cinema programação 1515 criançasde detruffaut truffaut asascrianças andrésimões simões andré 3535 raroharuo haruoohara ohara raro por inara chayamiti por inara chayamiti samuelrodrigues rodrigues eesamuel 3838 kinoterapeuta ookinoterapeuta carlosebert ebert carlos 4242 ensaioimaje imaje ensaio felipeaugusto augusto felipe 4444
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meg yamagute / josé de aguiar
_indice _indice
Doutor Fantástico Guido Bilharinho: um advogado mineiro e sua paixão pelo cinema
Foto: Amanda Mont’ Alvão
Texto:
Ilustração:
Amanda Mont’ Alvão
Felipe Augusto (Imaje)
Natural seria seguir alguma espécie de linha cronológica: quando começou a paixão – ainda que paixão pareça um sentimento um tanto simplista – pelo cinema, qual filme haveria despertado a vontade de escrever, qual o primeiro livro publicado. No entanto, a entrevista começa com a 11a publicação do advogado Guido Luiz Mendonça Bilharinho, a ser lançada até o final do ano. “Será um livro sobre os filmes brasileiro da década de 1970”, antecipa. E antes que a conversa se entregue à tentação de seguir o estilo vida-e-obra, Bilharinho já interrompe o clichê: “Decidi que só assistirei a filmes bons daqui pra frente”. No seleto critério, um objetivo escondido, talvez partilhado por outros cinéfilos: assistir a toda a filmografia de Buñuel, Godard e Kurosawa. Mineiro de Conquista, mudou-se, aos cinco anos, para Uberaba. Em uma cidade totalmente deslocada do eixo cinematográfico do País, Bilharinho abusa do espaço virtual para acrescentar obras inéditas à sua lista de mais de mil filmes vistos nos últimos dez anos. Da Bahia de Glauber Rocha, ele aguarda o envio de dois filmes do cineasta, os únicos a que não assistiu (“Câncer” e “Di Cavalcanti”). Em tempos de internet – parceira do consumo de raridades – doutor Guido não considera a hipótese de baixar filmes:
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“Ainda não fiz isso, mas sabe que é uma boa idéia?”. “Quando estavam se aproximando os Cem Anos de Cinema, em 1995, eu me lembrei de um curso de cinema que eu dava em escolas e faculdades na época do Cineclube, na década de 1960. O Cineclube tinha muita importância na época, era uma novidade na cidade. Uberaba era bem menor e as coisas tinham uma repercussão grande. O Cineclube fazia bolsas de cinema toda vez no jornal; no fim do ano, tinha a lista dos dez melhores filmes, que eram projetados no cinema de rua. Todos os filmes passavam aqui. Demoravam bem mais, mas passavam. Então, a gente tinha condição de fazer a lista dos dez melhores filmes, que incluía Fellini, Bergman, Antonioni, Kurosawa. Todos eles eram exibidos aqui. Hoje, não mais”. “Havia público para o cinema. Não existia televisão, já que a TV veio para Uberaba no fim da década de 1960. Até as pessoas comprarem o aparelho, a coisa vai andando devagar. O Cineclube é de 62, a televisão ainda nem tinha saído do Rio de Janeiro e de São Paulo. Então o cinema era fundamental para a sociedade, e tudo girava em torno dele. Para começar não existiam bairros, tudo era no centro. Quase ninguém tinha carro, a indústria automobilística foi colocada no fim da década de 1950, as coisas foram devagar. Todo mundo descia para o centro e o cinema era o ponto de encontro da juventude. Inclusive, de lá nasceram vários casamentos e namoros. Quando era domingo, era impressionante, as filas eram grandes. Tinha gente que ia todo dia ao cinema. Eu só ia quando eram filmes de diretores e nas sessões do Cineclube.” Doutor Bilharinho já tem três livros editados sobre cine-
ma brasileiro. Junto aos ensaios sobre as décadas de 80 e 90 do século XX no nosso cinema, o advogado já planeja outro título enfocando os anos 50 e 60 e mais um outro sobre “os cinco cineastas brasileiros mais importantes”. “Na década de 1960, com o Cineclube se desenvolvendo, nós começamos a escrever artigos e críticas de filmes nos jornais da época. Eu comecei a dar palestras em escolas e na faculdade de Filosofia, pois ninguém ainda trabalhava ou entendia de cinema, a não ser o pessoal do Cineclube. Não existia clube cinematográfico no interior. E o pessoal do Cineclube era egresso de faculdades, principalmente de São Paulo, de onde traziam as idéias. Quando chegou a época do centenário, pensei em aproveitar aquele esquema do curso e resolvi editar uns livretos, só para que o centenário não passasse em brancas nuvens em Uberaba. Daí surgiu um livro, Cem Anos de Cinema, que não incluía o Brasil. Então, fiz outro livro, Cem Anos de Cinema Brasileiro. Por volta de 1993 ou 1994, eu revi dois filmes do Hitchcock, e no dia seguinte, tive vontade de escrever uma impressão, para não correr o risco
de não me lembrar depois. Escrevi dois parágrafos e os tenho até hoje, a essência. Aí comecei a fazer crítica de cinema.” “Eu escrevia na década de 70, mas era esporádico, cerca de três a cinco artigos por ano. Mas então comecei a ver filme todas as semanas para escrever. Quando acabei Cem Anos de Cinema e Cem Anos de Cinema Brasileiro, fui contar o que eu tinha escrito e já havia 89 artigos. Hoje, tenho mais de 960 artigos, arquivados por gênero. Sobre cinema brasileiro desde 1960, tenho mais de 300 artigos, quase um terço, o que me fez ter mais atenção com os filmes brasileiros. No total, tenho mais ou menos sete livros programados para o cinema brasileiro. Já lancei três, estou lançando o quarto agora. Não dividi o cinema brasileiro por gênero porque ele não tem essas variedades, assim tão nítidas, como no cinema americano. Eu coloquei em ordem cronológica, que o que marca mesmo aqui no Brasil são as etapas.” No ano em que o mundo é surpreendido com a ausência de Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni, Bilharinho não vê sentido em assistir
a filmes ruins. Não quando há referências admiráveis o suficiente para descartar as outras opções. Como não poderia faltar ritual no cinema, Bilharinho possui o dele: escrever sobre o filme. “É algo notável. Eu percebi que eu só aproveito os filmes bons ou qualquer filme quando eu estou preocupado em escrever sobre ele. A atenção na hora de assistir é outra”. “Não consigo ver um filme sem escrever. Eu escrevo já em artigo, tanto que agora eu estou fazendo uma coisa que eu já devia ter feito desde o começo. Agora, quero só escrever sobre filme bom. Eu já escrevi sobre muito filme ruim; de qualquer maneira, é interessante também, como exercício de não só elogiar. Mas meus melhores artigos são sobre bons filmes. Os filmes ruins não dão artigo.” “O filme bom ele te aguça mais, te dá mais elementos de discussão. Já o filme ruim, não tem nada para falar, pois ele não contribui com nada pra discutir. Eventualmente, você pega um filme ruim que te suscita uma certa argumentação.” “Eu decidi ver só filme bom. Há alguns anos, resolvi procurar filmes do Godard, que tem poucos no Brasil, e eu consegui ver oito. Depois que você vê Godard, você não quer ver outra coisa, você não aceita mais esse cinema vagabundo, este produto industrial. Quando vê um cinema do Godard, que é duma genialidade, duma inteligência, até um filme policial dele é fantástico. Ele superou o Bergman, superou o Fellini em complexidade, em linguagem, é um gênio fantástico. É igual ao Júlio Bressane no Brasil, que também é fantástico, é complexo, o tipo de filme que você tem que ver uma, duas vezes e às vezes não basta. Então, eu vou retomar.”
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A entrevista é feita na semana do lançamento antecipado de “Tropa de Elite”, de José Padilha. O filme que até então não havia sido exibido foi o mais comentado do ano, graças à pirataria. Quem seria o público que ainda vai ao cinema assistir a um filme brasileiro? “É, praticamente, o público da classe média: a juventude que vai ao shopping procura comédia tanto estrangeira quanto brasileira, e está gostando muito do atual cinema brasileiro porque o cinema brasileiro entrou no esquema, é um cinema comercial, está fazendo sucesso, é vazio. São tão inócuos (os filmes) que a gente vê e esquece. O cinema brasileiro é visto hoje justamente pela falta de qualidade. A juventude hoje está muito alienada, politicamente, culturalmente, e ela não entende, não está habituada a ver coisas profundas; então ela procura esse cinema de shopping. É a nova chanchada, não representa o menor valor. Um ou outro, claro, como o Júlio Bressane, o João Moreira Salles, o Walter Salles.” “O público não está preparado para consumir um Glauber Rocha. A pessoa quer ver é o filme superficial, o filme de ação, que “pega as coisas” pela aparência, sem profundidade. E o público nunca vai aceitar um filme bom.” “Ter festivais é bom para o público, mas isso é acontecimento. As pessoas vão por festa. Aproveita porque tem um filme que é lançamento, um filme que não vai passar naquela cidade. Eu participei de dois festivais, em Brasília e Recife. O público era, em sua maioria, composto por estudantes. Na brincadeira, pode acontecer de o espectador se interessar. É melhor fazer esses festivais do que não fazer.” Por que fica a impressão de que o cinema brasileiro não é aceito pelo próprio público? “Por vários motivos. Primeiro, nós temos um complexo de inferioridade muito grande, ainda estamos naquela mentalidade da época da colônia: tudo da Europa, dos Estados Unidos, do Japão. Além disso, o público é condicionado pelo cinema dos EUA. Só lê e ouve em inglês. Então, ele tem um choque diante do filme brasileiro: primeiro, é
falado em português, e mal falado às vezes, quando a gravação e a aparelhagem eram precários. Outro fator é o problema brasileiro colocado na tela. Nós não queremos enfrentar problema. A pessoa quer fuga, escapismo. A diversão e o entretenimento são necessários, inclusive para a saúde mental das pessoas. Mas é preciso ver “o que” diverte “quem”. Se você procura uma diversão de baixo nível, sua mentalidade é aquela. Um crítico de cinema não veria um filme ruim e acharia bom. Então, é questão de nível mental, nível cultural e nível de formação estética.” Doutor Guido é rápido ao responder à proposta de elaborar uma lista de filmes imprescindíveis. Correr à locadora para julgar a escolha dos itens é uma boa opção a partir de agora.
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O MELHORES FILMES BRASILEIROS (Por Ordem Cronológica) 1- “Limite” (1930), de Mário Peixoto 2- “Ganga Bruta” (1933), de Humberto Mauro 3- “Os Cafajestes” (1962), de Ruy Guerra 4- “Porto das Caixas” (1962), de Paulo César Saraceni 5- “Vidas Secas” (1963), de Nélson Pereira dos Santos 6- “Os Fuzis” (1963), de Ruy Guerra 7- “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1963), de Glauber Rocha 8- “Noite Vazia” (1964), de Walter Hugo Khouri 9- “O Bandido da Luz Vermelha” (1968), de Rogério Sganzerla 10- “São Jerônimo” (1999), de Júlio Bressane “8 1/2”, de Federico Fellini
DEZ MELHORES FILMES ESTRANGEIROS (Por Ordem Cronológica) 1 – “O Encouraçado Potemkin” (Bronesosetz Potemkine, União Soviética, 1925), de Sergei Eisenstein 2 – “Outubro” (Oktiabr, União Soviética, 1927), de Sergei Eisenstein 3 – “A Paixão de Joana d’Arc” (La Passion de Jeanne d’Arc, França, 1928), de Carl Theodor Dreyer 4 – “A Regra do Jogo” (La Règle de Jeu, França, 1939), de Jean Renoir 5 – “Cidadão Kane” (Citizen Kane, EUA, 1941) de Orson Welles 6 – “Morangos Silvestres” (Smulstronstallet, Suécia, 1957), de Ingmar Bergman 7 – “A Doce Vida” (La Dolce Vita, Itália, 1960), de Federico Fellini 8 – “Hiroshima, Meu Amor” (Hiroshima, Mon Amour, França, 1959), de Alain Resnais 9 – “Ano Passado em Marienbad” (L’Année Dernière à Marienbad, França, 1961), de Alain Resnais 10 – “Oito e Meio” (Otto e Mezzo, 1962), de Federico Fellini
Jean-Luc Godard
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O Expressionismo
revisitado em
Tim Burton
Texto:
Ilustração:
Denise Lezo
Samuel Rodrigues Felipe Augusto (Imaje)
Desde sua invenção, o cinema tem apresentado uma importante relação de afinidade e de dependência com a cidade e com os modos de vida urbanos. Seu surgimento no final do século XIX, um período em que a cidade se firmava como palco da vida moderna, contribuiu para que esse ambiente se mostrasse como um dos temas mais atraentes a serem retratados nas telas. Nas primeiras décadas do século XX, enquanto se desenvolviam novas linguagens da estética cinematográfica, o caráter inovador do cinema vinha ao encontro das aspirações das chamadas vanguardas artísticas, movimentos protagonistas de um cenário cultural em plena transformação. Nesse contexto, a cidade passou a ser não apenas retratada tal como a realidade, mas se transformou em alvo das mais inventivas formas de representação. No período entreguerras, constituiu-se na Alemanha uma das mais representativas realizações do cinema de vanguarda, o chamado Cinema Expressionista Alemão. Desde os primeiros anos do século XX, a arte expressionista se firmava no país, interessada na criação de um novo mundo, que conseguisse se libertar da razão e da lógica convencionais, fundamentando-se em novos conceitos filosóficos, sociais e metafísicos, priorizando as impressões subjetivas do artista. No mundo idealizado pelos expressionistas, também a arquitetura e a cidade foram pensadas de
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maneiras diferentes. Suas representações não se limitaram ao processo criativo arquitetônico, mas se manifestaram também por meio da literatura, pintura e, de maneira muito significativa, no cinema. Na concepção dos filmes expressionistas, o processo criativo surgia como principal elemento, e, sob esse aspecto, os cenaristas desempenhavam um papel essencial . As representações de arquitetura e de cidade passam a ter, então, um papel preponderante na trama cinematográfica, auxiliando a criação de uma nova realidade, por meio da construção de cenários ou mesmo na redefinição do olhar sobre o meio urbano, atribuindo-lhe novas conotações. A cenografia expressionista – e conseqüentemente as representações de arquitetura e de cidade – adquiriu características específicas, já que deveria se adequar aos roteiros de temáticas subjetivas, muitas vezes ligadas ao fantástico e ao sobrenatural. Entre essas características, podemos ressaltar a existência de uma múltipla significação dos objetos, que passam a configurar uma extensão das figuras dramáticas. Um elemento nunca é colocado ao acaso no cenário, mas é sempre dotado de uma significação maior, como se ele expandisse, de uma maneira concreta, o mundo interior do personagem.
Como os objetos e o próprio cenário se encontram comprometidos não com a realidade, mas com a expressão de um mundo subjetivo, freqüentemente alterado pelo drama do personagem, suas formas tendem sempre para a distorção, ou mesmo para a deformação. Em alguns casos, essa deformação dos objetos acaba ocasionando uma aparente atribuição de vida a objetos inanimados. O descomprometimento expressionista em relação à realidade acarreta também uma notável antifuncionalidade dos cenários, inclusive em relação às edificações e aos espaços criados. “A primeira impressão que se tem ante a um ambiente impressionista – descreve Luiz Nazário – é a de um espanto prático (...) somos colocados diante de um mundo incriado, em plena mutação, no qual é incômodo estar.” Essas características podem ser encontradas em grande parte dos filmes expressionistas. Para ilustrar esta análise, foram escolhidas imagens de três obras que, com características diferentes entre si, sintetizam os preceitos da cenografia expressionista. São eles: “O Gabinete do Doutor Caligari” (1919), de Robert Wiene, com seus cenários pintados bidimensionalmente em telões, dispostos de forma a dar uma ilusão tridimensional do espaço; “O Golem” (1920), de Paul Wegener, com cenografia totalmente tridimensional desenvolvida pelo arquiteto Hans Poelzig, em caráter fantástico e de formas góticoexpressionistas, de considerável riqueza e inventividade espacial; e “Metropolis” (1926), de Fritz Lang, ambientado em um contexto futurista, tendo a própria cidade como protagonista. Os filmes expressionistas alemães, embora refletissem a estética proposta por um movimento de vanguarda, foram produzidos por uma indústria cinematográfica visando à ampla distribuição dos filmes, que se tornaram consideráveis sucessos, ultrapassando as fronteiras do país e do continente. A vasta difusão dos filmes expressionistas fez com que inúmeras de suas características servissem de repertório para novas criações cinematográficas, influenciando principalmente a produção de filmes de terror. E foi assistindo a esses filmes que o futuro cineasta Tim Burton passou toda sua infância. Thimothy William Burton nasceu em 25 de agosto de 1958 em Burbank, uma pequena cidade da Califórnia situada nos arredores de Los Angeles. A partir de 1982, quando realizou seu primeiro curta-metragem, Burton viria a construir uma carreira cinematográfica de sucesso comercial e, principalmente, dotada de personalidade e estética próprias. Seus filmes e animações – como, por exemplo, “Edward Mãos de Tesoura”, “O Estranho Mundo de Jack”, “Peixe Grande” e “A Fantástica Fábrica de Chocolates” – mesclam a
“O Golem”, de Paul Wegener, 1920
“Batman Returns”, Tim Burton, 1992
“O Gabinete do Dr. Caligari”, de Robert Wiene, 1919
“A Fantástica Fábrica de Chocolates”, de Tim Burton, 2005
“O Gabinete do Dr. Caligari”, de Robert Wiene, 1919
“Os Fantasmas se Divertem”, de Tim Burton, 1988
“Metropolis”, de Fritz Lang, 1926
“Os Fantasmas se Divertem”, de Tim Burton, 1988
“O Golem”, de Paul Wegener, 1920
“O Planeta dos Macacos”, de Tim Burton, 2001 TATURANA
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realidade e o fantástico, criando um mundo onírico e, muitas vezes, assustador. Lucía S. Frasquet , especialista na obra de Tim Burton, avalia a criação do universo fantástico do diretor como resultado de uma tradição cultural e da combinação de uma série de gêneros e formas literárias e artísticas do passado. Segundo a autora, Burton não foi influenciado diretamente pelo cinema expressionista, mas recebeu uma “influência de segunda mão”, por meio de fotografias de revistas de monstros e dos filmes de terror que já haviam filtrado algumas características do movimento, já que o diretor não teria nem sequer assistido aos filmes expressionistas quando iniciou sua carreira. Porém, ainda que Burton não tenha sido influenciado diretamente pelas produções da República de Weimar, as semelhanças estéticas dos filmes são notáveis. Em seu trabalho são recorrentes as temáticas que envolvem protagonistas incomuns e incompreendidos, vivendo na fronteira entre mundos opostos. Situados em realidades fantásticas, os cenários, e conseqüentemente a arquitetura e as cidades, possuem um papel crucial na distinção entre esses dois universos. A carga narrativa atribuída à cenografia talvez seja a principal ligação entre as representações de arquitetura e de cidade presentes na obra do autor e no movimento expressionista: elas nunca possuem determinada forma ao acaso, pois estão intensamente ligadas aos sentimentos dos personagens. Já em seu primeiro trabalho, o curta de animação “Vincent” (1982), produzido no período em que trabalhou nos estúdios da Disney, eram patentes as ressonâncias expressionistas. O mundo particular no qual o garoto Vincent se refugia, composto por uma infinidade de elementos do imaginário gótico-
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expressionista, é representado bidimensionalmente, com formas distorcidas, que assumem uma grande semelhança com os cenários de “O Gabinete do Dr. Caligari” (1919) – e os filmes seguintes de Burton só viriam reforçar a estética expressionista de “Vincent”. A deformação dos elementos dos cenários está presente na maioria dos filmes do diretor, com especial destaque em “Os Fantasmas se Divertem” (1988), “O Estranho Mundo de Jack” (1993), “A Noiva Cadáver” (2005) e “A Fantástica Fábrica de Chocolates” (2005). A caótica e vertiginosa cidade que Hans Poelzig criou para “O Golem” (1920), com suas empenas íngremes, superfícies rugosas, formas que dispensavam o ângulo reto e criavam interiores labirínticos de inspiração orgânica, também possui formas que ecoam por toda a obra de Burton, principalmente nas cidades criadas para “A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça” (1999) e “O Planeta dos Macacos” (2001). Já “Metropolis”, a épica cidade criada por Fritz Lang em 1926, encontra sua correspondente na Gotham City de “Batman: O Retorno” (1992). Em ambos os filmes, a cidade da superfície, com seus arranha-céus de escala opressora e sistema de transporte complexo, com diversas vias elevadas do solo, contrasta com a cidade do subterrâneo, de caráter obscuro e destinada a abrigar apenas os excluídos: na Metropolis de Lang, os operários; e na Gotham de Burton, Pingüim e os vilões aliados a ele. As semelhanças vão muito além e não se apresentam apenas na configuração de cidades, edificações e espaços internos, já que podem ser identificadas com facilidade entre elementos como portas, janelas, pisos e mobiliário; também não se restringem apenas à arquitetura, já que uma comparação sob outro enfoque conseguiria facilmente identificar afinidades em relação a roteiro, personagens, figurinos e mesmo maquiagem. Recomenda-se, portanto, a revisão de clássicos do cinema expressionista alemão, ao lado da filmografia de Tim Burton, já que nesses dois universos, a perspectiva subjetiva se sobressai diante de uma certa realidade objetiva.
Texto:
Mabel Gomes Ilustração:
Samuel Rodrigues Felipe Augusto (Imaje)
A co-produção Brasil-Itália “Estômago”, primeiro longa-metragem do diretor curitibano Marcos Jorge, é uma comédia salpicada de humor negro. Em sua première mundial no Festival do Rio 2007, em setembro, o filme paranaense obteve quatro troféus Redentor, tornando-se o mais premiado entre os longas brasileiros. Por mais brilhante que venha a ser sua carreira em outros festivais Brasil afora, talvez nenhum outro prêmio possa ter uma nomenclatura tão adequada ao filme quanto o troféu Redentor. A história simples de um emigrante nordestino, que passa de cozinheiro de botequim pé-sujo a aprendiz de chef de uma tradicional cantina italiana, tem sua força nos detalhes. Principalmente no discurso doce e ritmado do protagonista, nas suas interjeições de surpresas diante da arte gastronômica e no olhar encantado e atento com que observa a prostituta glutona – por quem se apaixona. O diretor Marcos Jorge conversou com a taturana por e-mail a respeito do seu filme: “Estômago” foi o maior vencedor do Festival do Rio, conquistando público e júri. Que elementos do filme agradam tanto a jurados criteriosos quanto ao espectador comum que busca diversão? Antes de mais nada, não acredito que o espectador comum busque “somente” diversão quando vai ao cinema. Especialmente no cinema, na minha opinião, de nada serve a diversão se ela for sem arte. “Estômago” agrada ao público, creio, especialmente porque diverte, faz rir, emociona, e quando você vê está envolvido pelo personagem protagonista e quer muito saber onde é que a história vai parar. Já a crítica, feliz-
mente, relevou no filme os aspectos mais profundos de crítica irônica sobre a condição dos fracos em nossa sociedade. Ou seja, “Estômago” parece fazer aquilo que eu queria: faz rir e ao mesmo tempo refletir. Muitos dos diretores que optam por fazer filmes com objetivo de chegar a um público massivo fazem concessões e deixam as narrativas simplistas, óbvias e desinteressantes. Você detectou riscos ao filmar “Estômago”, se preocupou em identificar uma linha que separa o simples do simplismo? A história de “Estômago” não é simples e nem singela. O personagem é que é. A história é elaboradíssima, e a narrativa do filme se utiliza TATURANA
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de recursos estruturais complexos que só funcionam porque o filme foi feito de maneira cuidadosa e apaixonada. O roteiro, e disso eu já tenho certeza, é muito articulado e redondo, coisa notada por vários críticos e pelo júri do MinC, que nos concedeu o prêmio. O resultado parece simples porque é claro, direto, objetivo e envolvente. De qualquer modo, estive o tempo todo ciente do risco de cair no simplismo e tentei fugir dele. Acho que consegui. Muito se discute sobre abordagens estereotipadas da figura do nordestino no cinema. Como um curitibano com uma vivência italiana criou uma estratégia para dar o tom de um personagem nordestino tão encantador e cheio de metamorfoses? Nisso fui ajudado por dois grandes artistas: Lusa Silvestre, roteirista, e João Miguel, ator. Do Lusa são muitos dos melhores diálogos do filme, e do João Miguel grande parte das nuances que deram vida aos diálogos. De qualquer modo, acho que o Nonato se desassocia do estereótipo do nordestino no cinema sobretudo porque o que me interessa no personagem não é a sua “nordestinidade”, mas a sua condição enquanto ser humano frágil sujeito à força e à violência dos poderosos. Nonato, mais do que nordestino, é um oprimido. Para este trabalho, você se inspirou em outras obras ou consegue identificar referências inconscientes a filmes que também destacam o ato de comer? E o visual publicitário apontado por alguns críticos – existe no filme? Não pude me inspirar diretamente em outros filmes porque de todos os que conheço sobre o assunto nenhum trata de comida popular, comida feita em boteco. Mas é claro que os grandes clássicos do cinema-comida me vinham à mente enquanto escrevia o roteiro. Quanto à questão do visual publicitário, ela foi suscitada por uma única cena do filme, uma cena de preparação de pastel, cena na qual busquei “voluntariamente” o visual refinado que alguns julgam publicitário porque eu queria descrever o encontro mágico de Nonato com seu talento como cozinheiro. Além do mais, esta cena suporta os créditos iniciais do filme e se encontra, também por isso, fora da linguagem predominante. Vemos referências claras à Itália e a Fellini. O quanto dessas referências foram toques naturais do Marcos Jorge que morou quase 10 anos na Itália e o quanto se devem a acordos com os co-produtores italianos? Nada foi pedido ou solicitado pelos co-produtores italianos quanto à linguagem utilizada e em nenhum momento recebi qualquer influência deles nas escolhas artísticas feitas no filme. Todas as referências à Itália em “Estômago”, que são muitas, são fruto de minha vivência naquele país e de minhas reflexões e ironias sobre o povo italiano e o brasileiro. A trilha sonora feita por Giovanni Venosta, músico e compositor que trabalhou com Ennio Morricone, marca muito “Estômago”. Qual efeito se buscou ao usar um tema musical forte e que se repete em diversos momentos do filme? Você a considerada sutil ou explícita?
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Sutil e explícita ao mesmo tempo, exatamente como o resto do filme. Veja como exemplo o personagem da Íria: ela aparece proferindo uma frase de grande vulgaridade e em sua primeira cena diz dezenas de palavrões, no entanto, ela cativa o espectador imediatamente. “Estômago” busca exatamente isso: envolver sutilmente o espectador na história do protagonista mesmo deixando claro que esta história pode ser vulgar e o protagonista um criminoso. Não há falsas concessões a uma linguagem polida ou a imagens maquiadas: “Estômago” mostra as vísceras de seus personagens. Assim, a música do filme passeia pelos mais diversos registros sem nunca deixar de ser surpreendente, mesmo quando beira o melodrama. Não é à toa que une viola de gamba, surdo, cuíca, violoncelos, violinos e acordeom. Como será o lançamento comercial de “Estômago” no Brasil e no exterior? Já estão planejados os números de cópias, quais cidades, datas? No Brasil, o filme deveria ser lançado em março, mas talvez seja antecipado para janeiro em virtude do sucesso no Rio. Na Itália, estamos acertando a distribuição, e tudo será acertado quando de minha ida à Roma, em fins de outubro. Mas a grande novidade é que estamos sendo procurados por distribuidores internacionais e não é improvável que o filme também seja lançado em outros países. Quais foram as maiores dificuldades para realizar um longa-metragem de ficção no Paraná, fora do eixo Rio-São Paulo? A distância dos equipamentos e de alguns atores. Por outro lado, as facilidades compensaram amplamente as dificuldades. Em São Paulo, eu não teria tido um presídio inteiramente ao meu dispor. Eu não teria feito “Estômago” da mesma maneira se tivesse filmado tudo em São Paulo. Além da promoção de “Estômago”, quais são seus planos e projetos? Preciso ainda lançar “Corpos Celestes”, realizado em parceria com o Fernando Severo. Além disso, estou preparando meu próximo longa, intitulado “Dois Seqüestros”, e escrevo uma outra história bastante promissora, “A Guerra dos Outros”. Depois dessa boa repercussão, acredita que as portas serão abertas com mais facilidade para o cinema no Paraná? Não sei. Acho que cada filme é um filme. Você não vai ver um filme porque ele é carioca ou paulista, vai porque ouviu falar que é bom. Para mim, é possível fazer bom cinema em qualquer lugar, desde que o roteiro, a direção, os atores e a equipe sejam bons.
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Apresentação _satori uso
dia 1º, 20h, cine com-tour uel, entrada franca O primeiro filme a ser projetado na Mostra deste ano é também a primeira produção da Kinoarte em 35mm. Em março deste ano, a pré-estréia de “Satori Uso” não pôde ser em película, pois o projetor do Cine Com-Tour UEL quebrou um dia antes. Agora, pela primeira vez em Londrina, o filme será exibido em seu formato ideal: 35mm. Vale lembrar que de agosto pra cá “Satori Uso” recebeu três prêmios em Gramado, além de ter sido exibido em festivais internacionais em São Paulo, Rio de Janeiro e Barcelona.
_competitiva londrinense
de 1º a 4, 20h, cine com-tour uel, entrada franca Criada em 2003, na 5ª Mostra, esta competitiva tem como objetivo principal mapear e incentivar a produção de filmes em Londrina. Neste ano, foram inscritos mais de 30 curtas: sete foram selecionados. O Troféu Udihara – uma homenagem ao pioneiro que filmou a cidade entre os anos 30 e 60 –, será entregue aos vencedores de cinco categorias: Melhor Filme (Júri Oficial), Melhor Filme (Público), Melhor Direção, Melhor Roteiro e Melhor Fotografia. Há também o prêmio de R$ 500,00 para o Melhor Filme (Júri Oficial), além de uma série de facilidades para a realização de um filme em 16mm que serão fornecidas pelo CTAV – Centro Técnico Audiovisual. O júri da Competitiva Londrinense será composto por Tatiana Monassa (editora da Revista Contracampo), Edu Reginato (editor do Re[corte] Cultural-TVE Brasil) e Rafael Urban (Putz – Festival Universitário de Cinema e Vídeo). Assim como em 2006, o Troféu Udihara foi criado pelaz artista plástica Gabriela Canale.
_competitiva nacional
dia 1º a 4, 20h, cine com-tour uel, entrada franca Neste ano, decidimos mudar as regras para Competitiva Nacional. Não há mais a obsoleta diferenciação entre um filme gravado em suporte digital e um filme rodado em formato analógico (película). O que vale em um filme é a sua idéia, a sua linguagem – e não o suporte no qual foi produzido. Assim, em 2007, dos 320 filmes que recebemos, 20 foram selecionados em pé de igualdade. Aumentamos também o valor do prêmio para o Melhor Filme (Júri Oficial): agora ele será de R$ 5 mil. O objetivo é prestigiar a produção nacional no formato curtametragem, que já há algum tempo tem se demonstrado mais ousada que a produção de longas. O júri da Competitiva Nacional será composto por Carlos Eduardo Lourenço Jorge (Folha de Londrina), Beth Sá Freire (Kinoforum/Cannes/Oberhausen) e pela atriz argentina Marina Glezer.
_mostra olhar radical
dia 1º, às 21h30 / dia 2, às 14h30, 16h15 e 21h30 / dia 3, às 14h30, 15h30 e 22h / dia 4 às 14h30, cine comtour uel, entrada franca “Limite”, “O Bandido da Luz Vermelha”, “Bang Bang”, “A Idade da Terra”. Quatro dos melhores filmes brasileiros de todos os tempos estão nesta ses-
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são - uma das novidades da Mostra este ano. Há também filmes recentes como “Ainda Orangotangos” (o primeiro longa brasileiro a ser rodado em um só plano!), “Cão sem Dono” (uma mudança brusca na carreira de Beto Brant), e “500 Almas”, de Joel Pizzini. Um atrativo à parte são os curtas: o raríssimo “Documentário”, do genial Sganzerla; e a coletânea de obras breves de um artista raro: Cao Guimarães.
_KINOBAR
dia 1º, às 23h30, cemitério de automóveis, R$ 5,00 dia 2, às 23h30, cemitério de automóveis, R$ 6,00 dia 3, à 0h, cemitério de automóveis, R$ 6,00 dia 4, às 22h30, bar valentino, R$ 6,00 dias 6 e 9, às 23h, cemitério de automóveis, R$ 4,00 dias 7 e 8, às 23h, cemitério de automóveis, R$ 3,00 Desde 2005, a Kinoarte tem um espaço específico para festas e atividades relacionadas a cinema: o Kinobar. Bandas londrinenses como Trilöbit, The Holic e Flattermaus, além de grupos como o Santeria, já se apresentaram no Kinobar. Em 2007, a seleção buscou a diversidade de estilos musicais, incluindo rock, samba, mpb, jazz, forró, choro, samba-rock e até salsasambagroove. Todas noites, após os shows, haverá uma discotecagem especial. Neste ano, há duas das melhores bandas de rock do País (Grenade e Mudcracks), o samba melancólico e jazzístico do londrinense (Bruno Morais em sua primeira apresentação na cidade após a consagração em São Paulo), e o lançamento de um projeto que une Londrina e Rio de Janeiro: o primeiro show da banda Lixo Extraordinário.
_mostra curta petrobras - revelando os brasis
dia 2, às 18h30, cine com-tour uel, entrada franca Uma seleção de vídeos digitais produzidos em cidades brasileiras de até 20 mil habitantes.
_sessão livre - MFL
dia 3, às 18h, cine com-tour uel, entrada franca Uma seleção de filmes representativos apresentados pela Mostra do Filme Livre no Rio de Janeiro.
_conceição + debate com os realizadores
dia 4, às 17h30, cine com-tour uel, entrada franca Primeiro longa-metragem feito por universitários no Brasil. Após a sessão, uma conversa com os realizadores.
_morre um nome
dia 4, às 22h, cine com-tour uel, entrada franca Antes da premiação dos filmes na Competitiva Londrinense e da Competitiva Nacional, será realizada a primeira exibição de “Morre um Nome” em Londrina. O curta foi rodado em maio deste ano, em Cornélio Procópio, como resultado de uma Oficina de Realização em Cinema ministrada pela Kinoarte. Em sete minutos, a passagem do música americano Booker Pittman (1909-1969) por Cornélio.
_lançamento de livro
dia 4, às 22h30, no bar valentino Lançamento do livro “Música para Quando as Luzes se Apagam”, do escritor Ismael Caneppele.
_curta embarque, curta escola, curta empresa e _cinema e filosofia / debate: fotografia em cena / cinema e memória curta o intervalo De 5 a 9, serão realizadas diversas sessões gratuitas pela cidade. O objetivo é democratizar o acesso aos bens culturais e ampliar o público para o formato curta-metragem. Neste sentido, a Kinoarte irá levar o cinema até este público, promovendo sessões em escolas, universidades, empresas e pontos estratégicos da cidade.
_2a oficina de crítica de cinema
dias 5, 7 e 9, das 10h às 13h, cch, uel A 2ª Oficina de Crítica de Cinema é composta por três módulos: 1) Aula expositiva com o crítico de cinema e editor da revista Contracampo, Luiz Carlos Oliveira Júnior, nos dias 5, 7 e 9 de novembro, das 10h às 13h, nas salas 102 e 103 do CCH, na UEL; 2) Produção de críticas dos filmes integrantes do 3º Seminário de Cinema Contemporâneo ou da Mostra A Céu Aberto entre os dias 5 e 9 de novembro; 3) Publicação dos melhores textos no site da Mostra, na página reservada à revista taturana; O curso é gratuito. As inscrições podem ser feitas por e-mail: basta enviar uma mensagem contendo nome completo, idade, contato e instituição em que estuda para o endereço eletrônico da Mostra: contato@mostralondrinadecinema.com Após a Oficina, os alunos que enviarem textos receberão certificado da Kinoarte, contando como carga horária extracurricular. Mais informações: Espaço Kinoarte [43] 3323 8739 / 9959 1476 / 9902 2669 ou contato@kinoarte.org.br
_3o seminário de cinema contemporâneo
De 5 a 9 de novembro, das 15h às 18h, salas 102, 103 e de eventos do CCH, UEL, entrada franca Desde 2005, o crítico de cinema Luiz Carlos Oliveira Junior (Contracampo) vem a Londrina apresentar uma espécie de síntese da produção contemporânea. Nas primeiras sessões, o público variava entre cinco e dez espectadores. No ano passado, houve sessões com mais de 30 pessoas, como no caso de “Be with Me”, de Eric Khoo. Nas duas primeiras seleções, houve propostas radicais como a de Naomi Kawase, Hou Hsiao-hsien e Apichatpong Weerasethakul, e algumas de acesso um pouco mais fácil, como no caso de Gus Van Sant e Jia Zhang-ke. Para 2007, a seleção talvez seja a mais radical de todas, trazendo obras de Pedro Costa, Tsai Ming-liang, Weerasethakul, Claire Denis e Hong Sangsoo. A novidade é que neste ano as sessões serão todas legendadas em português.
_mostra a céu aberto
De 5 a 9 de novembro, a partir das 20h30, na concha acústica, entrada franca e censura livre Neste ano, a Kinoarte quer ampliar o público da Mostra estreitando assim sua relação com a cidade mais ainda. Neste sentido, serão exibidos cinco longas nacionais no centro de Londrina. Serão instalados um projetor de filmes em 35mm, uma tela de 8m x 5m, um equipamento de som Dolby Surround 5.1, além de um projetor de 6 mil lumens para as exibições em suporte digital.
Neste ano serão três debates: cinema e filosofia; cinema e fotografia; e cinema e memória. O diretor de arte José de Aguiar irá analisar um texto do crítico de cinema francês André Bazin: “A Ontologia da Imagem Fotográfica” – ensaio presente na coletânea “O Que é o Cinema?”. O diretor de fotografia Anderson Craveiro irá debater a abordagem visual proposta por alguns cineastas em seus filmes. E no debate sobre cinema e memória, os historiadores Widson Schwartz e José Miguel Arias Neto irão analisar as semelhanças entre os filmes “Londrina 1959”, de Orlando Vicentini, e “Londrina em Três Movimentos”, de Rodrigo Grota.
_1o prêmio francelino frança
Neste ano, a Kinoarte criou o Prêmio Francelino França, uma homenagem ao cineasta, jornalista e dramaturgo londrinense falecido em setembro de 2006. O vencedor do concurso de roteiros irá receber um prêmio de R$ 350,00, além de ter seu texto filmado em uma Oficina a ser promovida pela Kinoarte em novembro. A comissão do prêmio Francelino França será formada pelo roteirista Artur Ianckievicz, pelo diretor de arte José de Aguiar, pela produtora Mabel Gomes e pelo escritor Rodolfo Arruda. O vencedor do concurso será anunciado no dia 4 de novembro, durante a cerimônia de premiação da 9a Mostra.
_OFICINAS KINOARTE
oficina de realização em cinema A Kinoarte irá oferecer uma Oficina de Realização em Cinema nos dias 17, 18, 24 e 25 de novembro, e 1º e 2 de dezembro de 2007. As inscrições podem ser feitas no Espaço Kinoarte (Avenida Jorge Casoni, 2355, Centro, fone 3323 8739), de segunda a sexta, em horário comercial, no período entre 29 de outubro e 14 de novembro. As inscrições custam R$ 250,00 e as vagas são limitadas. A Oficina será ministrada por Rodrigo Grota (direção, roteiro e montagem), Bruno Gehring (produção), Anderson Craveiro (direção de fotografia e edição) e José de Aguiar (direção de arte). Nesta Oficina, uma turma de no máximo 20 alunos irá filmar o roteiro vencedor do 1º Prêmio Francelino França. O curso se divide em três módulos: 1º fim de semana: aulas teóricas em turmas separadas (direção, fotografia, produção); 2º fim de semana: filmagens; 3º fim de semana: montagem e finalização. O filme terá entre 4 e 10 minutos. Mais informações: www.kinoarte.org.br ou contato@kinoarte.org.br
_locais Cine Com-Tour UEL Shopping Com-Tour Av. Tiradentes, 1241, Parque Alvorada, fone 3323 8562 Vila Cultural Cemitério de Automóveis
Rua João Pessoa, 103 A, fones 3322 3280 / 9135 6982
Aeroporto de Londrina
R. Tem. João Maurício de Medeiros, 300
Terminal Rodoviário de Londrina
Av. Dez de Dezembro, 1830 TATURANA
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0 DIA 1º 1(QUINTA) DIA - quinta
Cine Com-Tour UEL entrada franca 20h - Abertura
Fora de Competição (17 min) “Satori Uso” (Londrina, fic, cor/p&b, 17 min, HDV>35mm, 2007), de Rodrigo Grota Com Rogério Ivano, Caren Utino. Narração de Joseph Nietzsche. Um poeta das sombras, um cineasta sem filmes e uma musa enigmática. Um falso “documentário” sobre um poeta que nunca existiu, sob a óptica de um cineasta imaginário. Primeira produção da Kinoarte em 35mm. Melhor Filme (crítica), Melhor Fotografia (Carlos Ebert) e Prêmio de Aquisição do Canal Brasil no 35º Festival de Cinema de Gramado. Site: www.kinoarte.org.br contato: rodrigo@kinoarte.org.br
20h 30 - Competitiva de Curtas 1 (londrinense + nacional) (53 min)
“E ser feliz, serve de quê?” (Londrina, fic, cor, 18 min, VHS e miniDV>mini-DV, 2007), de Renan Salvetti Um relacionamento virtual vivido por dois desconhecidos. Ele e ela são figuras cotidianas da vida do homem, cada um com sua semelhança, cada um com sua solidão. Vivendo em mundos equivalentes, os dois parecem ter encontrado aquilo que sempre quiseram
tanto, para enfim viverem felizes. Será? Para alguns a felicidade pode não ter sentido. Inédito. contato: ilangue@hotmail.com “Esconde-Esconde” (RJ, fic, p&b, 14 min, 16mm>mini-DV, 2007), de Alvaro Furloni Com Arduíno Colasanti e Susanna Kruger. Amaro e Regina encontram diferentes maneiras de lidar com a perda de seu único filho. Melhor Ator, Atriz, Filme e Roteiro no Festival da Lapa 2007. Prêmio Porta Curtas no Festival do Rio 2007. Site: www.segundafeirafilmes.com.br contato: alexandre@segundafeirafilmes.com.br “Ismar” (RJ, doc, cor, 12 min, mini-DV, 2007), de Gustavo Beck O retrato de uma pessoa anônima e sua trajetória em busca de uma identidade e de uma conjuntura. Prêmio de Melhor Curta Metragem (Júri Popular) no Festival Internacional Recine 2007. contato: gusbeck@hotmail.com “Paradoxo da Espera do Ônibus” (RJ, ani, cor, 3 min, mini-DV, 2007), de Christian Caselli Com narração de Chico Serra. Um cara espera pelo ônibus. Ele virá? Quando? O que fazer? Men-
DIA 2 (SEXTA) DIA 2 - sexta Cine Com-Tour UEL - entrada franca 14h30 - Mostra Olhar Radical 2 (93 min) “Bang Bang” (SP, fic, p&b, 93 min, 35mm>DVD, 1971), de Andrea Tonacci Filme policial em tom de sátira. Ator de um filme vive sem distinguir sua realidade pessoal e a de seu personagem. Um dos grandes marcos do cinema marginal, geralmente listado como um dos 30 maiores da história do cinema brasileiro. Censura: 14 anos contato: extremart@extremart.com.br
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16h15 - Mostra Olhar Radical 3 - (109 min) “500 Almas” (RJ, doc, cor, 109 min, 35mm, 2005), de Joel Pizzini Com Paulo José e Matheus Nachtergaele. O delicado processo de reconstrução da memória e da identidade dos índios Guatós, atualmente dispersos pela região pantaneira. Um dos últimos trabalhos de um mestre da fotografia que faleceu este ano: Mário Carneiro. “500 Almas” ganhou quatro troféus Candango no Festival de Brasília de 2005, nas seguintes categorias: Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Trilha Sonora e Melhor Som. Ganhou também o Margarida de Prata de Melhor Longa-metragem, concedido pelo CNBB; o prêmio de Melhor Documentário (Júri Oficial) no Festival do Rio 2005; além dos prêmios de Melhor Documentário, Melhor Fotografia (Doc), Melhor Edição (Doc) e Melhor Som (Doc), no ParatyCine. contato: pizzini@uol.com.br
ção Honrosa no Youtube (por ter obtido mais de 220 mil acessos), no V Curta Santos (2007) e no I Curta Cabo Frio (2007). Site: www.curtaocurta.com.br Contato: renata@curtaocurta.com.br “Vida Maria” (CE, ani, cor, 8 min, 35mm, 2006), de Marcio Ramos Aos cincoo anos, Maria José tem de largar os estudos para ajudar a família no sítio. Trabalha, cresce, casa, tem filhos, envelhece. Ao final, o início de um novo ciclo que vai reproduzir seu passado no futuro de sua filha. Um dos filmes mais premiados em 2007: Curta Cinema 2006 - Prêmio ABD&C; 10a. Mostra Tiradentes - Melhor Filme Júri Popular; Cleveland International Film Festival 2007 - Menção Honrosa Como Melhor Curta Internacional; Cine-PE 2007 - Prêmio De Crítica, Melhor Trilha Sonora, Melhor Roteiro, Melhor Filme; Curta-SE 2007 Melhor Filme Nordestino; Entretodos - Festival De Direitos Humanos - Melhor Filme; Festival de Cuiabá 2007 - Melhor Filme, Melhor Filme Júri Popular; Cine Ceará 2007 - Melhor Filme, Melhor Curta Brasileiro - Fundação Demócrito Rocha, Prêmio de Aquisição Canal Brasil; FAM - Melhor Animação; Festival de Guarnicê 2007 Melhor Direção; ANIMAMUNDI - Prêmio Especial dos Diretores do Festival, 2o Lugar - Melhor Animação Brasileira; Seminário Internacional de Cinema da Bahia Melhor Filme; e III Curta Canoa (2007) - Melhor Filme. contato: joelma.ar@gmail.com
Primeiro filme de Rogério Sganzerla. Dois jovens percebem o que é o Cinema quando vão ver um filme. O curta se posiciona diante do que vem a ser esse cinema com suas limitações e possibilidades reais. Câmera de outro mestre do cinema marginal: Andrea Tonacci. contato: dsganzerla@uol.com.br “O Bandido da Luz Vermelha” (SP, fic, p&b, 92 min, 35mm>DVD, 1968), de Rogério Sganzerla Baseado na real história do criminoso catarinense que assaltava suas vítimas em Santos. Conhecido como o “bandido da luz vermelha” (por utilizar sempre uma lanterna vermelha durante seus golpes), João Acácio Pereira da Costa foi perseguido pela polícia durante seis anos, após assassinar algumas de suas vítimas. Filme emblemático do Cinema Marginal, apresentado aqui em sua versão restaurada. contato: dsganzerla@uol.com.br
Vila Cultural Cemitério de Automóveis, R$ 5,00
21h30 - Mostra Olhar Radical 1 (103 min)
23h30 - Taturana - lançamento oficial da revista da Kinoarte (distribuição gratuita)
“Documentário” (SP, fic, p&b, 11 min, 16mm>DVD, 1966), de Rogério Sganzerla
KINOBAR - Grenade (acústico/rock) + Discotecagem: Roberta Gobbi (rock)
18h30 - Mostra Curta Petrobras Revelando os Brasis
O projeto “Revelando os Brasis”, do Ministério da Cultura, tem como objetivo promover processos de inclusão audiovisual, por meio do fomento à produção de vídeos digitais em cidades brasileiras de até 20 mil habitantes. Nesta sessão, uma coletânea com curtas realizados neste projeto.
20h - Competitiva de Curtas 2
(londrinense + nacional) (83 min) “Crazy Town” (Londrina, ani, cor, 6 min, mini-DV, 2007), de Jobert Castro Crazy Town é a cidade onde tudo pode acontecer... Inédito. contato: jobertcastro@ hotmail.com
“Emílio em... Olvidos” (Londrina, exp, cor, 6 min, foto>mini-DV, 2007), de Aline Benites, Bruno Marques, Carolina Spisla, Daniel Martins, Erich George, Fenanda Castello Branco, Rafael Mattos, Thiago Rizzardi e Victor Gote. A percepção através do som. Olvido: “ato ou efeito de olvidar; esquecimento”. Questionamos a existência do som, mesmo se este não é percebido. Um filme experimental que explora a história que se desenrola em um “extracampo” particular para cada espectador. Curta produzido por alunos da IESB Metropolitana. Inédito. contato: erichgeorge@yahoo.com.br
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DIA 2 - sexta “Patologia da Balbúrdia” (Londrina, exp, cor, 6 min, mini-DV, 2007), de Felipe Augusto Almeida de Oliveira A grande essência da organização é a desordem... Curta produzido por aluno do curso de Artes Visuais - Multimídia da Unopar. Inédito. contato: warung_16@hotmail.com “Doce Amargo Infinito” (CE, fic, p&b, 15 min, HDV>mini-DV), de Cássio Araújo Com Antonieta Noronha e Joca Andrade. Uma casinha de frente para o mar. Uma velha senhora amargurada pela perda do marido que um dia saiu para pescar e nunca mais voltou. Um filho que vê no mar a presença viva do pai e que resolve também ser pescador. Um neto de oito anos que convive com as situações opostas, as do pai e da avó, mas que não consegue viver sem contemplar o mar. Um doce amargo infinito. contato: cassiobassat@yahoo.com.br
“Éternau” (SC, fic, cor, 20 min, 16mm>mini-DV), de Gustavo Jahn Com Mariana Kircher, Melissa Dullius, Virginia Simone, Gustavo Jahn, Matheus Walter, Juliano Pires Barbosa, Juarez Nunes, Fernando Preve. Viajando por terra, mar e através do espaço-tempo em busca de riquezas e belezas, os extravagantes arqueólogos mercenários invadiram os limites do jardim ancestral, causando o descompasso do céu e do mar. Melhor direção de arte no FAM (2007) e prêmio de Experimentação técnica em Concepção Artística no Cineesquemanovo. Site: www.fotolog.com/amaquinainfernal contato: eternau@gmail.com “Moradores do 304” (MG, ani, cor, 15 min, mini-DV, 2007), de Leonardo Cata Preta Um solitário escritor é atormentado por estranhas criaturas em seu apartamento. Inspirado no poema “elegia 1938” de Carlos Drummond de Andrade. Site: www.octopusdesign.com.br contato: lcatapreta@gmail.com
DIA DIA3 3(SÁBADO) - sabado Cine Com-Tour UEL entrada franca 14h30 - Mostra Olhar Radical 5
Curtas Cao (sessão de curtas de Cao Guimarães) (45 min) contato: caoguima@terra.com.br “Da Janela do Meu Quarto” (MG, doc, cor, 5 min, super-8>DVD, 2004), de Cao Guimarães Da janela do meu quarto, sobre a rua de areia e sob um resto de chuva, eu vi uma luta amorosa de duas crianças. Melhor Filme no É Tudo Verdade - Festival Internacional de Documentário (2005), e Menção Especial do Júri no Festival de Cinema Latino de Toulouse (2005). “Sopro” (MG, exp, p&b, 5min30s, super-8>DVD, 2000), de Cao Guimarães e Rivane Neuenschwander A relação entre o que está dentro e o que está fora. O translúcido multiforme de uma bolha exibe o mundo que a contém e que é contido por ela. A bolha, que nunca explode, é uma metáfora para a continuidade das coisas.
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“Sin Peso” (MG, exp, cor, 7 min, 7 min, super8>DVD, 2006), de Cao Guimarães O ar que sai do peito em vozes multiformes no comércio das ruas não é o mesmo ar que balança os toldos multicoloridos que protegem do sol e da chuva. “Hypnosis” (MG, exp, cor, 7min30s, super-8>DVD, 2001) A ilusão lisérgica de uma hipnose resolve-se no sereno suceder geométrico das formas. O páthos, neste minidrama geométrico, é criado pela cor em movimento e pelo langor repetitivo do martelar do piano. “Nanofania” (MG, exp, cor, 3 min, super-8>DVD, 2003), de Cao Guimarães Bolhas de sabão que explodem. Moscas que saltam. O pulsar de microfenômenos cadenciados por uma pianola de brinquedo. Menção Honrosa no XIX Inter-
“Paralelos” (BA, fic, cor, 15 min, 35mm, 2007), de Alexandre Basso Com Arthurh de Moura, Beth Terras, César Chedid e Dílson De Souza. No interior do pantanal brasileiro, o final do transporte ferroviário mudou a vida da família de Pedro, um garoto de 10 anos que é apaixonado pelo trem. Na encruzilhada entre a partida e esperança, Antônio, Maria e Pedro precisam decidir seu destino. contato: alexandre@docdoma.com.br
estação de metrô e pelo mercado público da cidade, em busca de ajuda. É o início de uma série de situaçõeslimite vividas por diversos habitantes da cidade. É o 1º longa dirigido por Spolidoro e o 1º longa filmado em um único plano-seqüência no Brasil. Foram rodados 6 takes, um por dia, com o 2º sendo o escolhido para o filme. Ele foi rodado em 08/12/2006. Site: www.aindaorangotangos.com contato: gustavospolidoro@clubesilencio.com.br
21h30 - Mostra Olhar Radical 4 -
Vila Cultural Cemitério de Automóveis , R$ 6,00
(81 min)
“Ainda Orangotangos” (RS, fic, cor, 81 min, HDV>DVD), de Gustavo Spolidoro Porto Alegre, no dia mais quente do verão. Um casal de imigrantes chineses cruza a cidade em um vagão de metrô. Doentes e cansados, eles tentam ajudar um ao outro, ao mesmo tempo em que enfrentam a desconfiança dos demais passageiros e a incompreensão de sua língua. O chinês vagueia pelos corredores da
23h30 - KINOBAR - Couro com Corda (mpb/rock)+ Discotecagem: Fernando Araújo (rock)
national Video and New Media Art Event, em ClermontFerrand (2004).
texturas que denunciam a inter-relação necessária de tudo que é vivo e vibra. Melhor Vídeo da Mostra Competitiva Panoramas do Sul, 15º Vídeo Brasil-Festival Internacional de Arte Eletrônica (SP).
“Quarta- Feira de Cinzas” (MG, exp, cor, 6 min, HDV>DVD, 2006), de Cao Guimarães e Rivane Neuenschwander Após o Carnaval, no ocaso melancólico de uma Quarta-Feira de Cinzas, as formigas começam sua festa profana, multicolorida, ao ritmo de samba em caixa de fósforo.
cestrais a contra-dança.
“Peiote” (MG, exp, cor, 4 min, super-8>DVD, 2006), de Cao Guimarães Uma criança possuída por entidade híbrida (luta livre mexicana e super-heróis japoneses) oferece aos índios an“Concerto para Clorofila” (MG, exp, cor, 7min25s, super-8>DVD, 2004), de Cao Guimarães Conjunção de luz e sombra, formas, cores e
15h30 - Mostra Olhar Radical 6 “Limite” (RJ, fic, p&b, 120 min, 35mm>DVD, 1931), de Mário Peixoto Com Olga Breno, Taciana Rei, Raul Schonoor, Brutus Pedrera, Mário Peixoto, Edgar Brasil e Carmen Santos. A ação de “Limite” se passa num barco. Nele, perdidos no mar, estão um homem e duas mulheres, que abatidos deixam de remar e parecem conformados com seu destino. Cada um conta, por meio de flashbacks, sua história, misturando tristeza, angústia, desespero, opressão, monotonia e fuga. “Limite” foi exibido pela primeira vez no dia 17 de maio de 1931 no Cinema Capitólio, na Cinelândia, Rio de Janeiro, em sessão promovida pelo Chaplin Club (1928-1931), primeiro cineclube do País. Em 1959, teve início o trabalho de restauração do filme, que é, em 1978, relançado. Mário Peixoto é autor dos livros Mundéu, Poemas de Permeio com o Mar, O Inútil de Cada Um e do roteiro A Alma Segundo Salustre. No início dos anos 30, deixa inacabado o filme “Onde a Terra Acaba”. Clássico máximo do cinema de poesia no Brasil. TATURANA
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DIA 3 - sabado Em maio de 2007, durante o Festival de Cannes, foi apresentada uma versão restaurada de “Limite” em suporte digital. contato: pesquisa@ctav-sav.com.br
18h - Sessão Livre - Mostra do Filme Livre (55 min) curadoria: Guiwhi Santos contato: poletica@terra.com.br
“Eu Sou Como o Polvo” (MG, ani, cor, 4 min, mini-DV>DVD, 2006), de Sávio Leite Para quem ainda não sabe, Lourenço Mutarelli é um dos principais artistas brasileiros vivos. Primeiramente, destacou-se nos quadrinhos underground, sendo contemporâneo de gente como Angeli, Laerte, Glauco etc. Ao contrário destes, no entanto, não teve o reconhecimento imediato, talvez devido à sua seriedade e aos temas mórbidos que costuma tratar. Porém, seu traço cruel - uma espécie de Expressionismo da era do Grafite - aliado a histórias em que o grotesco toca quase literalmente em chagas do cotidiano, começou a lhe render prêmios e mais prêmios, além de uma guinada para a literatura. A ponto de já ter um livro adaptado para o longa-metragem, o excelente “O Cheiro do Ralo”, em que, para a surpresa de todos, revelou-se até mesmo um bom ator, fazendo papel de segurança (detalhe: Mutarelli é franzino, baixinho e careca). Retratar um personagem como Mutarelli já é meio caminho andado para tornar qualquer documentário, no mínimo, interessante. Mas o mineiro Sávio Leite teve a sacação de deixar seu filme à altura do seu “personagem”. Valendo-se de um recurso usado por Henri-Georges Clouzot, no filme “O Mistério Picasso”, “Eu sou como o Polvo” utiliza um plano-seqüência em alta velocidade, mostrando o próprio Mutarelli desenhando dois bizarros auto-retratos. Em off, um texto autobiográfico lido pelo próprio artista, de onde desabafa seu passado complicado e o quanto o desenho foi a sua salvação. Daí o título do curta, já que o polvo se vale da tinta para se esconder. (Texto de Christian Caselli) “Sal Grosso”, (RJ, 6 min, mini-DV>DVD, 2006), de André Amparo e Ana Cristina Murta Que tem a ver churrasco na laje com a filosofia de Heidegger? Este curta de André Amparo e Ana Cristina Murte mostra que tem tudo a ver... Filmes (Vídeos) como este provam que o cinema não acabou com a literatura, e que no final, só os artistas mandarão. Nada mais prosaico que um churrasquinho na laje. Marido, mulher, sogro (?), assando uma carne num domingo cinzento. Qual a filosofia mais apropriada para um encontro tão ordinário? Comentários sobre as manchetes do jornal O Dia, Extra, O Povo ou o pensamento de Nietzsche? A filosofia sônica de Jorge Mautner e ao fundo um piano...Depois deste filme,
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você nunca irá num churrasco como antes... (Texto de Chico Serra) “Freqüência Hanói” (BA, 9 min, miniDV>DVD, 2006), de Daniel Lisboa e Diego Lisboa Como em “A Sentinela” (prêmio Oficinando da MFL de 2006), porém com um presidiário (lá era uma mulher presa), o curta narra, via celular, um pouco dos porquês da presença deste homem numa cadeia de Salvador. Aos poucos, vamos conhecendo mais sobre os motivos de sua prisão - não do fato que o prendeu, mas dos atos que fizeram com que, tão jovem, chegasse ali. As imagens não têm relação direta com o que se diz, permitindo associações diversas, tornando o filme um incessante mistério sobre o que virá a seguir. Ruídos variados, imagens em movimento mostrando um céu azul entrecortado por fios, cabos e postes que jamais denunciam onde estão. “Pra não ter que matar meu pai, tive que sair de casa e enfrentar o mundo...” De origem indígena, o protagonista despeja quilos de sabedoria popular que ajudam a entender os motivos de sua revolta: “o povo é governado e não orientado; apanhei muito, ao ponto de pedir pra morrer... levei tiro... o governo tomou do meu povo, por que eu não posso roubar do governo também?... ninguém nasce marginal”. Confinado junto com outros 1.300 detentos num lugar feito para 800, o filme é um recado sobre a famosa hipocrisia tupiniquim, que ignora o que há décadas já se mostrava um ovo de serpente: o estrago causado pela corrupção nos órgãos públicos, do mal e mau uso de verbas públicas para fins privados e coisas do gênero. “Aqui se vem pra se pagar o que se fez à sociedade. Mas ela nunca paga o que fez e o que faz com a gente: desvio de verba, de comida, de remédio, material escolar”, e por aí vamos, ou melhor, íamos, pois a bateria do celular está prestes a acabar, assim como o filme. (Texto de Guiwhi Santos) “Circular” (SP, fic, 14 min, mini-DV>DVD, 2006), de Lucas Iannuzzi Um filme anti-capitalista em sua essência, mesmo (felizmente) não sendo nada panfletário. Seu diretor e protagonista, Lucas Iannuzzi, vai mostrando secamente o cotidiano de um balconista de McDonald (é o que se deduz) e, mesmo intercalando suas ações com verbetes de dicionário, mostra como tudo vai perdendo o sentido. O provocador entreato musical, ao som de “l-o-v-e”, de Nat King Cole, vai contra toda a tradição hollywoodiana de “entreato musical”, não só pelo o que é mostrado, como a total frieza dos planos, que quase nunca revelam a identidade do protagonista. Tudo aqui é coisa, porra nenhuma, massa amorfa de um marasmo constrangedor e peça da engrenagem viciada da
sobrevivência. É o que fica configurado com o desfecho do filme e na morte nossa de cada dia. (Texto de Christian Caselli) “Anfitriões”, (RJ, fic, 9 min, 35mm>DVD, 2006), de Bruno Tinoco Garotti Desde a primeira vez que vi “Anfitriões”, no Festival de São Paulo, fiquei impressionado com o clima soturno e enigmático que o curta alcança, sobretudo quando vi a sonâmbula soprano costureira (veja o filme...). Mas o que faz “Anfitriões” ser mais do que um mero filme de terror é uma inversão muito bem feita, uma espécie de surrealismo às avessas. Afinal, o absurdo aqui não são pesadelos nem delírios do inconsciente, mas sim um “herói” vítima do fruto dos sonhos de pessoas aparentemente inofensivas. Vítima também dos desejos escondidos aflorados no escuridão do sono. O horror aqui é bastante concreto, mas tão ou mais bizarro do que qualquer evento sobrenatural. (Texto de Christian Caselli) “Noiva de Deus” (MG, fic, 13 min, miniDV>DVD, 2006), de Leonardo Barcelos e Hélio Lauar No começo se diz, “Documento é monumento, realidade ficcional de uma memória verdade.” O olhar é desfocado, o som estranho, tudo se repete como uma mente esquizofrênica não acostumada à lógica linear de se pensar e falar. A todo momento a Ética é questionada: até que ponto é correto o filme caminhar na direção de mostrar os fatos como eles são/seriam ou de reinventá-los da forma como a protagonista os coloca. A direção e a edição do filme são postos em questão, um prato cheio para o espectador se deleitar com as tantas possibilidades de caminho para o filme. Nele, de dentro de um hospital, L.G. conta de forma grotesca e fragmentada um pouco de sua infeliz história de desprezo, sofrimento, amor(?),assassinato, ódio e loucura. Um filme que incomoda talvez por lidar, audiovisualmente e com coragem, com um tema complexo. Um filme cheio de labirintos mentais sem saídas aparentes. (Texto de Guiwhi Santos)
20h - Competitiva de Curtas 3 (londrinense + nacional) (93 min)
“O Brilho do Café” (Londrina, doc, cor, 9 min, mini-DV), de Daniel Choma Das geadas aos incêndios, da florada à colheita, da erradicação ao êxodo rural, homens e mulheres de Londrina contam histórias do trabalho nos cafezais. Traz fotogra-
fias inéditas de Armínio Kaiser (ex-funcionário do Instituto Brasileiro do Café), com registros do universo cotidiano das lavouras que inundaram o norte do Paraná após a segunda guerra mundial. Site: www.camaraclara.com.br contato: danielchoma@yahoo.com.br “Mesmo os Elefantes nas Grossas Patas são Extremamente Sensíveis” (Londrina, fic, p&b, 6 min, mini-DV, 2007), de Luiz Carlos Zabel Com Mateus Moscheta, Marcos Calegari e Úrsula Uhlmann. Vídeo que integra a cena “sessão para excessivas e compulsivos”, de Luis Carlos Zabel, inspirado no conto “Duas Rainhas”, de Dalton Trevisan. O filme fala sobre elefantes que pisam em ovos para não brigar, mas às vezes, as trombas que são maiores que as bocas cospem alguns palavrões em meio a cafés, cigarros e alguns macarrões. Dorme junto, acorda junto, bebe junto, come junto, tudo junto. Preto no branco. Rosa sofre. Glauco come escondido. E Augusta é muito insistente. Uma relação entre elefantes excessivas e compulsivos. Um devaneio de gente que fica em casa e que espia pela janela. Curta produzido por alunos do Curso de Artes Cênicas da UEL. contato: mateusmoscheta@hotmail.com “Material Bruto” (MG, fic, p&b, 15 min, mini-DV, 2007), de Ricardo Alves Junior Afora nos corredores do edifício caminha a mulher náusea. Adentro mulher cabelo, homem cigarro e homem música esperam o momento de fuga, um instante para sair de si. Material bruto e um trabalho realizado com usuários do centro de convivência da rede pública de saúde mental na cidade de belo horizonte. Melhor Filme (júri) no CineEsquemaNovo (2007) e na 7ª Goiânia Mostra Curtas. contato: saposeafogados@hotmail.com “Piruetas” (BA, fic, cor, 14min, 35mm, 2006), de Haroldo Borges Com Annalice Mascarenhas, Fernando Neves e Lucas Wilber. Um neto e seu avô vêem suas vidas se modificarem após a chegada de um circo na pequena cidade do interior onde eles vivem. Curioso com a mudança do avô o garoto tenta impedir a partida do circo, embarcando numa aventura de transformações, descobertas e resgate de sentimentos muitas vezes esquecidos. contato: paulatgomes@gmail.com
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DIA 3 - sabado “Sete Minutos” (RJ, fic, cor, 7 min, mini-DV, 2007), de Cavi Borges, Júlio Pecly e Paulo Silva Com Luciano Vidigal, Jonathan Azevedo, Ana Paula Rocha, Isabel Rodrigues, Zé Mario Faria, Marilia Coelho, Marcelo Mello Jr. e Willian Josean. Filmado em plano-seqüência que mostra o acerto de contas entre dois traficantes. Prêmios de Melhor Curta de ficção: Cineport 2007, Vide Video 2007, Colatina 2007 e Festival do Rio 2007. Prêmio Porta Curtas no Festival do Rio 2007. contato: contato@cavideo.com.br “Silêncio” (MG, fic, p&b, 17 min, 35mm, 2006), de Sérgio Borges Com Paulo André, Eva Queiroz, Maria Clara Cheib.
Imersão em uma zona onde formas fluídas e ausência de palavras revelam que o silêncio está antes de todas as coisas. Site: www.teia.art.br contato: contato@teia.art.br “Transtorno” (RJ, fic, cor, 10 min, 35mm, 2006), de Fernanda Teixeira Com Miguel Rosenberg. Escritor frustrado é constantemente incomodado pelos hábitos barulhentos de sua avó e seus quinze gatos. A dificuldade da convivência cotidiana entre duas pessoas que moram juntas. contato: fspteixeira@bol.com.br
DIA 4 (DOMINGO) DIA 4 - domingo Cine Com-Tour UEL entrada franca 14h30 - Mostra Olhar Radical 8 “A Idade da Terra” (RJ, fic, cor, 160 min, 35mm>DVD, 1980), de Glauber Rocha Com Maurício do Valle, Jece Valadão, Antonio Pitanga, Tarcísio Meira, Geraldo D’eI Rey, Ana Maria Magalhães, Carlos Petrovicho, Norma Bengel, Mário Gusmão, Danuza Leão, Glória X, Laura Y e Paloma Rocha. Nas palavras de Glauber, “o filme mostra um CristoPescador, o Cristo interpretado pelo Jece Valadão; um Cristo-Nengro, interpretado por Antônio Pitanga; mostra o Cristo que é o conquistador português, Dom Sebastião, interpretado por Tarcísio Meira; e mostra o Cristo Guerreiro-Ogum de Lampião, interpretado pelo Geraldo Del Rey. Quer dizer, os quatro Cavaleiros do Apocalipse que ressuscitam o Cristo no Terceiro Mundo, recontando o mito através dos quatro Evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas e João, cuja identidade é revelada no filme quase como se fosse um Terceiro Testamento. E o filme assume um tom profético, realmente bíblico e religioso”. Considerado uma obra revolucionária, o filme causou grande polêmica no Festival de Veneza em 1980. Glauber não enumerou as latas do filme para que cada projecionista pudesse seguir uma ordem aleatória ao exibir o filme. O filme foi restaurado por Paloma Rocha e Joel Pizzini em formato digital, retornando a Veneza em 2007 - 27 anos após a sua primeira exibição. Nesta sessão em Londrina, será projetada a versão restaurada. Site: www.tempoglauber.com.br contato: pizzini@uol.com.br
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17h30 - Sessão + Debate com os realizadores “Conceição - Autor Bom é Autor Morto” (RJ, fic, cor, 78 min, DV>35mm, 2007), de Daniel Caetano, Guilherme Sarmiento, André Sampaio, Cynthia Sims e Samantha Ribeiro Com Augusto Madeira, Jards Macalé, Vera Barreto Leite, Joana Medeiros, Thelmo Fernandes, Djin Sganzerla, Isabel Tornaghi e Rodrigo Penna. O confronto entre autores e suas idéias realizadas. O eterno Fugitivo (Augusto Madeira) é sempre perseguido pelo implacável Caçador (Jards Macalé), que lidera os demais personagens da história numa revolta contra seus criadores. Primeiro longa-metragem brasileiro finalizado em 35mm a ser realizado por estudantes de cinema. Prêmio de Júri Popular do Cine Esquema Novo 2007. contato: danielpvc@gmail.com
20h - Competitiva de Curtas 4 - (londrinense + nacional) (100 min) “Re(de)genere” (Londrina, doc, cor e p&b, 8 min, mini-DV, 2007), de Gabriela Canale, Guilherme Baracat e Regina Egger Re(de)genere aborda a estética nazista para tratar o conceito de degeneração e intolerância 70 anos após a exposição “arte degenerada”. Esta mostra pretendeu comparar artistas surrealistas, cubistas, expressionistas, impressio-
“Noite de Sexta, Manhã de Sábado” (PE, fic, p&b, 15 min, DV>35mm, 2006), de Kleber Mendonça Filho Com Pedro Sotero, Bohdana Smyrnova. Saindo na noite de sexta, voltando na manhã de sábado. Prêmio da Crítica, Melhor Atriz e Canal Brasil no Festival de Brasília (2006); Prêmio do Público no Festival de Cinema LusoBrasileiro em Santa Maria da Feira (2006); Melhor Diretor no CinePE 2007; e Prêmio do Júri no Curta-SE (2007). contato: cinemascopio@uol.com.br
22h - Mostra Olhar Radical 7
“Cão sem Dono” (SP-RS, fic, cor, 82 min, 35mm, 2007), de Beto Brant Com Júlio Andrade e Tainá Müller. Ciro se formou recentemente em literatura, mas passa por uma crise existencial devido ao ceticismo e à falta de planos. Marcela é uma ambiciosa modelo em
nistas e fauvistas a doentes mentais. Vista por quase 3 milhões de pessoas, a exposição que integrava a estratégia nazista em busca da eugenia reuniu cerca de 650 obras dos mais importantes artistas modernos. Curta produzido pela Associação Livre. Site: www.associacaolivre.org contato: gabicanale@associacaolivre.com “Alphaville 2007 D.C.” (SP, fic, exp, cor, 16 min, 35mm, 2007), de Paulo Caruso Com Antônio Abujamra e Sheila Mello. Em meio a uma dissimulada guerra civil, um cowboy e um executivo acertam as contas da apartheid social brasileiro. Tendo como ponto de partida um seqüestro, o panorama da violência urbana é traçado com muito bom humor, em uma espécie de ficção científica sobre o terceiro mundo. Melhor Filme (júri), Roteiro e Montagem no 35º Festival de Cinema de Gramado; Menção Honrosa no Festival do Rio 2007. contato: producao@zoifilmes.com.br “Icarus” (SP, ani, cor, 11 min, 35mm, 2007), de Victor Hugo-Borges Com narração de Gianfrancesco Guarnieri. Uma história do amor que a tudo vence, que tudo constrói, até pontes que não existem mais. Um dos dez filmes brasileiros mais bem votados no 18º Festival Internacional de Curtas de São Paulo. Site: www.glazcinema.com.br contato: michael@glazcinema.com.br
início de carreira, que se entrega de forma obsessiva ao trabalho e, com isso, adia para mais tarde a realização de seus sonhos. Eles se apaixonam e passam a dividir seu sonhos e problemas. Ganhou três prêmios no Cine PE 2007: Melhor Filme, Melhor Atriz e Prêmio da Crítica, além do prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cuiabá. Site: www.dramafilmes.com.br contato: betobrant@uol.com.br
Vila Cultural Cemitério de Automóveis, R$ 6,00 0h - KINOBAR - Bruno Morais (acústico/mpb) + Discotecagem: Renan (rock) + Nádia Val e Patrícia Custódio (trash 80)
“Outubro” (PR, fic, cor, 15 min, HDV>35mm, 2007), de Murilo Hauser Com Débora Zanatta. Os últimos dias da vida de uma garota em sua cidade natal, Curitiba, no sul do Brasil. contato: murilohauser@gmail.com “Pugile” (SP, fic, cor, 20 min, 35mm, 2007), de Danilo Solferini Com Gustavo Brandão, Marcilia Rosária Da Silva, Diogo Junqueira e Avelino da Silva. Pugile trata da relação entre dois irmãos, um deles portador de síndrome de Down. A incompreensão mútua, a responsabilidade e os conflitos familiares são trazidos à tona com o desfalecimento e possível perda da mãe. Melhor Filme, Melhor Ator (Gustavo Brandão e Diego Junqueira Avelino da Silva) e Prêmio Panda no 5º Curta Santos. Prêmio Cachaça Cinema Clube no 18º Festival Internacional de Curtas de São Paulo. contato: politheama@politheama.com.br “Saliva” (SP, fic, cor, 15 min, 35mm, 2007), de Esmir Filho Com Mayara Comunale, Gabriel Cavicchioli e Hellen Vasconcelos. Uma viagem na mente de uma menina de 12 anos prestes a dar seu primeiro beijo. Dúvidas e medos mergulhados em saliva. Selecionado para a Semana Internacional da Crítica no Festival de Cannes 2007; TATURANA
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DIA 4 - domingo Melhor Direção no 35º Festival de Cinema de Gramado; um dos dez filmes brasileiros mais bem votados e Prêmio Especial de Aquisição do Canal Brasil no 18º Festival Internacional de Curtas de São Paulo. Site: www.ioiofilmes.com contato: esmirfilho@ioiofilmes.com
pequena folha crescendo em seu braço direito. Prêmio Descoberta Kodak para Melhor Curta-metragem na Semana Internacional da Crítica do Festival de Cannes 2007. contato: casalmedo@yahoo.com.br
“Um Ramo” (SP, fic, cor, 15 min, 35mm, 2007), de Juliana Rojas e Marco Dutra Com Lilian Blanc, Júlia Albergaria, Natacha Dias e Matheus de Jesus. Clarisse descobre uma
“Morre um Nome” (Cornélio Procópio, fic, cor, 7 min, mini-DV, 2007), de Bárbara Valsézia dos Santos, Dirceu Casa Grande Junior, Guilherme Cantieri Bordoval, Marcos Vinícius Land-
Fora de Competição
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infinitas. Muitas conclusões estranhas se originaram do postulado das paralelas, mas nenhuma foi definitiva. Produzido pela Kinoarte. Melhor Fotografia no II Curta Canoa - Festival Latino Americano de Curta-
Aeroporto de Londrina Das 8h à 12h - CURTA EMBARQUE “Londrina em Três Movimentos”, de Rodrigo Grota + “Making of Londrina em Três Movimentos” + “O Quinto Postulado”, de Rodrigo Grota + “Satori Uso”, de Rodrigo Grota + “Making of Satori Uso” “Londrina em Três Movimentos” (Londrina, doc, cor e p&b, 15min, miniDV>DVD, 2004), de Rodrigo Grota Documentário que investiga o potencial visual de uma cidade. Trilha sonora original de Arrigo Barnabé. Primeiro filme a ser produzido pela Kinoarte. Melhor Diretor na 5ª Goiânia Mostra Curtas (2005). contato: contato@kinoarte.org.br “Making of Londrina em Três Movimentos” (Londrina, doc, cor, 4 min, mini-DV-DVD, 2004) Com Arrigo Barnabé, Paulo Braga e equipe do filme. Bastidores da primeira produção da Kinoarte: “Londrina em Três Movimentos”. Cenas de Arrigo Barnabé conduzindo as gravações da trilha sonora do filme. Entrevista com Arrigo e Grota. Realização: Kinoarte. contato: contato@kinoarte.org.br “O Quinto Postulado” (Londrina, fic, cor, 15 min, miniDV>DVD, 2006), de Rodrigo Grota Com Gustavo Torres, Suzana Proença e Apolo Theodoro. Um jovem. Uma garota. Uma estrada deserta. Linhas paralelas. O quinto postulado de Euclides descreveu a intersecção de linhas em distâncias potencialmente
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Metragem. contato: contato@kinoarte.org.br
“Making of Satori Uso” (Londrina, doc, cor, 4 min, mini-DV>DVD, 2007) Imagens de bastidores da produção do filme “Satori Uso” feitas por Leonardo Delai e Bruno Gehring, além de imagens de pesquisa visual feitas pelo diretor do filme, Rodrigo Grota. Realização: Kinoarte. contato: contato@kinoarte.org.br
Escola Estadual Profa Cleia Godoy F. Silva Manhã e tarde - CURTA ESCOLA (faixa etária - alunos do ensino médio)
“Saliva”, de Esmir Filho + “Vida Maria”, de Marcio Ramos + “Uma Vida e Outra”, de Daniel Aragão “Uma Vida e Outra” (PE, fic, cor, 18 min, HDV>mini-DV, 2006), de Daniel Aragão Com Sarah Vasconcelos, Rodrigo Riszla e Hermila Guedes. Nara está grávida. Dizem que ela não vai ser uma boa mãe, mas tudo na vida é uma questão de escolha. Melhor Atriz no Festival de Brasília de 2006. Selecionado para o Festival Internacional de Clermont-
graf Dias, Wagner Gonçalves Oliveira e Wagner Munhê Com Antonio Maria e Wagner Munhê. Na década de 50, o músico americano Booker Pittman viveu na cidade de Cornélio Procópio (PR), onde se apresentava em zonas de baixo meretrício e, quando sem trabalho, pintava casas. Filme produzido a partir de uma Oficina de Realização em Cinema ministrada pela Kinoarte em maio de 2007 em Cornélio Procópio. Site: www.kinoarte.org.br contato: contato@kinoarte.org.br
22h - Premiação Competitiva Nacional e Competitiva Local: entrega do prêmio de R$ 5 mil ao Melhor Filme Nacional (Júri), do Prêmio Francelino França de roteiro (R$ 350,00), do prêmio de R$ 500 ao Melhor Filme Londrinense, além dos Troféus Udihara na Competitiva Londrinense - Melhor Filme (Júri, Público), Direção, Fotografia e Roteiro.
Bar Valentino, R$ 6,00 22h30 - KINOBAR: Mudcracks (rock) + Lixo Extraordinário (pop rock) + Discotecagem: Indião (jazz) Lançamento do Livro “Música para Quando as Luzes se Apagam”, de Ismael Caneppele.
Ferrand (2007). Site: www.recprodutores.com.br contato: nara@recprodutores.com.br
Viação Garcia Das 9h às 17h - CURTA EMPRESA “Oficina Perdiz”, de Marcelo Díaz + “Paradoxo da Espera do Ônibus”, de Christian Caselli + “O Jumento Santo e a Cidade que se Acabou Antes de Começar”, de Leo D. e William Paiva + “Bem Intocado”, de Thelmo Corrêa “Oficina Perdiz” (DF, doc, cor, 19 min, miniDV, 2006), de Marcelo Díaz SCRN 708/9. Entre os Blocos C e D. Área pública. Brasília-DF. Perdiz e a Oficina. Entre peças mecânicas e teatrais. Melhor Curta 35mm do DF no Festival de Brasília (2006). contato: marcelo@diazul.com.br “O Jumento Santo” (PE, ani, cor, 11 min, DV>mini-DV, 2007), de Leo D. e William Paiva O sertão nunca mais será o mesmo depois que o jumento Limoeiro vier à Terra para dar um jeito na humanidade, que sucumbiu à tentação do capeta. Melhor Direção, Roteiro, Vídeo e Prêmio Especial da Crítica no CinePE 2007; Menção Honrosa no Cineport 2007; e Melhor Vídeo de Animação no FAM 2007. contato: festivais@aeso.br
O ritmo é frenético, o mercado é informal e o cara ta bombando. Site: www.cinemasoco.com.br contato: thelmo@cinemasoco.com.br
Sala 103 do CCH, UEL, entrada franca ’ - Oficinas Das 10h às 13h - 2a Oficina de Critica Kinoarte
Com o crítico de cinema Luiz Carlos Oliveira Junior (Contracampo) Das 15h às 18h - 3º Seminário de Cinema Contemporâneo “Conto de Cinema” (Geuk Jang Jeon, Coréia do Sul/França, fic, cor, 89 min, 35mm>DVD, 2005), de Hong Sangsoo Com Kim Myoeng-su, Kim Sang-kyung, Kye Seong-Yong, Lee Ki-woo e
Uhm Ji-won. Em Seul, os caminhos de dois homens e uma mulher se cruzam e se distanciam, em volta do amor que eles sentem pelo cinema. Um estudante suicida encontra uma jovem mulher que decide segui-lo em seu gesto final. Saindo de um cinema, Tongsu, um cineasta mal sucedido, observa uma jovem mulher linda, e a reconhece: ela é a atriz principal do filme a que ele acabou de assistir. A vida deste jovem homem ecoa estranhamente na vida do jovem homem do começo do filme. Concorreu à Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2005. Inédito no Brasil. Legendas em português. Debate após a sessão com Luiz Carlos Oliveira Junior (Contracampo). contato: luizcarlosoliveira@gmail.com
“Bem Intocado” (RS, fic, cor, 8 min, HDV>mini-DV, 2007), de Thelmo Corrêa Com Bruna Freitag e Juliano Barros. TATURANA
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DIA 5 - segunda Concha Acústica, entrada franca
Terminal Rodoviário de Londrina
(censura livre)
Das 18h à 0h - CURTA EMBARQUE
20h30 - Mostra A Céu Aberto 1
“Londrina em Três Movimentos”, de Rodrigo Grota + “Making of Londrina em Três Movimentos” + “O Quinto Postulado”, de Rodrigo Grota + “Satori Uso”, de Rodrigo Grota + “Making of Satori Uso”
“Esses Moços” (BA, fic, cor, 84 min, 35mm, 2007), de José Araripe Jr. Com Inaldo Santana, Chaeind Santos e Flaviana Silva. Darlene e Daiane são duas meninas que fogem do interior rumo a Salvador. Lá encontram Diomedes (Inaldo Santana), um homem
DIA 6 (TERÇA) DIA 6 - terça
Aeroporto de Londrina Das 8h à 12h - CURTA EMBARQUE “Londrina em Três Movimentos”, de Rodrigo Grota + “Making of Londrina em Três Movimentos” + “O Quinto Postulado”, de Rodrigo Grota + “Satori Uso”, de Rodrigo Grota + “Making of Satori Uso”
Escola Interativa (Rua Ivaí, 317, Vila Nova) 9h - CURTA ESCOLA (faixa etária - alunos do ensino
médio)
“Saliva”, de Esmir Filho + “Vida Maria”, de Marcio Ramos + “Uma Vida e Outra”, de Daniel Aragão
Sala 103 do CCH, UEL, entrada franca 10h - Palestra: “Cinema e Filosofia”
Com o diretor de arte José Alves de Lima Aguiar (USP/ Kinoarte) contato: aguiar80@gmail.com
Das 11h30 às 13h - Palestra “Debate: Fotografia em Cena” Com o diretor de fotografia Anderson Craveiro (Unopar/Kinoarte) contato: anderson.craveiro1@unopar.br
Das 15h às 18h - 3o Seminário de Cinema Contemporâneo “O Intruso” (L’Intrus, França, fic, cor, 130min, 35mm, 2004), de Claire Denis Com Michel Subor, Grégoire Colin, Yekaterina Golubeva, Bambou e Florence Loiret. Louis Trebor, um homem beirando os 70 anos, vive sozinho com os seus cachor-
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ros em uma floresta perto da fronteira entre França e Suíça. Ele tem problemas cardíacos, procura por um transplante, e só então parte em busca de um filho abandonado anos atrás no Taiti. Dizendo de forma elíptica, em poucas palavras, vemos um Louis amargo, ignorando um filho que vive ao lado de quem é para ele um pai para duas jovens crianças, uma chamada Louis. Certa noite, ele deixa sua cama, e seu amante, para matar um intruso; ele sonha, geralmente em violência. Seu corpo irá aceitar seu coração? Seu filho irá aceitar sua oferta? Concorreu no Festival de Veneza de 2004 e Festival Internacional do Filme de Flanders (2004). Legendas em português. Debate após a sessão com Luiz Carlos Oliveira Junior (Contracampo). contato: luizcarlosoliveira@gmail.com
Plaenge (Canteiro de obra do Ed. Anita Malfadi R. Ulrico Zuinglio s/n, Gleba Palhano) 13h - CURTA EMPRESA “Oficina Perdiz”, de Marcelo Díaz + “Paradoxo da Espera do Ônibus” (RJ), de Christian Caselli + “O Jumento Santo”, de Leo D. e William Paiva + “Bem Intocado”, de Thelmo Corrêa
de idade que perdeu a memória e vive nas ruas. Juntos eles passam a explorar a cidade, formando uma espécie de família informal. Site: www.essesmocos.blogspot.com contato: joseararipejr@uol.com.br
UEL, Unopar e Metropolitana/IESB, (censura livre)
20h50 - CURTA O INTERVALO nos do ensino superior)
entrada franca
(faixa etária - alu-
“Satori Uso”, de Rodrigo Grota + “Saliva”, de Esmir Filho + “Alphaville 2007 D.C.”, de Paulo Caruso + “Vida Maria”, de Marcio Ramos + “Um Ramo”, de Marco Dutra e Juliana Rojas
Colégio Estadual Ana Molina Garcia (R. Rosa Branca, 200, Vila Ricardo)
Concha Acústica, entrada franca
(censura livre)
20h30 - Mostra A Céu Aberto 2
Intervalo à tarde e à noite - CURTA ESCOLA (faixa etária - alunos do ensino médio)
“Saliva”, de Esmir Filho + “Vida Maria”, de Marcio Ramos + “Uma Vida e Outra”, de Daniel Aragão
Plaenge 17h - CURTA EMPRESA “Oficina Perdiz”, de Marcelo Díaz + “Paradoxo da Espera do Ônibus”, de Christian Caselli + “O Jumento Santo”, de Leo D. e William Paiva + “Bem Intocado”, de Thelmo Corrêa
Terminal Rodoviário de Londrina Das 18h à 0h - CURTA EMBARQUE “Londrina em Três Movimentos”, de Rodrigo Grota + “Making of Londrina em Três Movimentos” + “O Quinto Postulado”, de Rodrigo Grota + “Satori Uso”, de Rodrigo Grota + “Making of Satori Uso”
“Santiago” (RJ, doc, cor e p&b, 80 min, 16mm>DVD, 1992-2007), de João Moreira Salles “Santiago” é um documentário sobre um filme inacabado. Santiago era mordomo da casa onde o diretor cresceu e era um homem de vasta cultura e memória prodigiosa, cujas idiossincrasias deixaram profundas lembranças na família. Anos atrás, o diretor tentou fazer um filme sobre ele, mas não conseguiu. Agora ele retoma o filme em busca das razões que o fizeram falhar. Santiago é um filme sobre memória, identidade e a própria natureza do documentário. O filme ganhou prêmio de melhor documentário no Festival de Alba, na Itália; e no Festival Du Réel, em Paris, em 2007. contato: isabel@videofilmes.com.br
UEL, Unopar e Metropolitana/IESB,
entrada franca
(censura livre)
20h50 - CURTA O INTERVALO
(faixa etária - alunos do ensino superior) “Satori Uso”, de Rodrigo Grota + “Saliva”, de Esmir Filho + “Alphaville 2007 D.C.”, de Paulo Caruso + “Vida Maria”, de Marcio Ramos + “Um Ramo”, de Marco Dutra e Juliana Rojas
Vila Cultural Cemitério de Automóveis, R$ 4,00 23h - KINOBAR - Especial Lenine Ao Vivo + Discote-
cagem: Rodolfo Arruda + Zé Nietzsche (jazz)
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DIA 7 (QUARTA) DIA 7 - quarta Professora Maria José Balzanelo Aguilera (R. Tarcisa Kikuti, 56 Cj. Cafezal IV) Manhã, tarde e noite - CURTA ESCOLA
(faixa
etária - alunos do ensino médio) “Saliva”, de Esmir Filho + “Vida Maria”, de Marcio Ramos + “Uma Vida e Outra”, de Daniel Aragão
IAPAR (Rod. Celso Garcia Cid s/n) 12h, 12h30 e às 13h - CURTA EMPRESA “Londrina em Três Movimentos”, de Rodrigo Grota + “O Quinto Postulado”, de Rodrigo Grota + “Bem Intocado”, de Thelmo Corrêa
Sala 102 do CCH, UEL, entrada franca ’ Das 10h às 13h - 2a Oficina de Critica - Oficinas Kinoarte
Das 15h às 18h - 3o Seminário de Cinema Contemporâneo “Blissfully Yours” (Sud Sanaeha, Tailândia/ França, fic, cor, 125 min, 35mm>DVD, 2002), de Apichatpong Weerasethakul Com Kanokporn Tongaram, Min Oo e Jenjira
Jansuda. A história de um romance que começa durante um piquenique na fronteira da Tailândia. Melhor Filme na Mostra “Um Certo Olhar” do Festival de Cannes (2002), no Festival Internacional de Roterdã (2003), no Festival Internacional de Singapura (2003), e no Thessaloniki Film Festival (2002); Melhor Diretor e Prêmio Fipresci no Bafici (2003). Legendas em português. Debate após a sessão com Luiz Carlos Oliveira Junior (Contracampo). contato: luizcarlosoliveira@gmail.com
Com o crítico de cinema Luiz Carlos Oliveira Junior (Contracampo)
DIA 8 - quinta DIA 8 (QUINTA) Colégo Estadual São José (Rua dos Eucaliptos) Manhã e Tarde - CURTA ESCOLA
(faixa etária -
alunos do ensino médio) “Saliva”, de Esmir Filho + “Vida Maria”, de Marcio Ramos + “Uma Vida e Outra”, de Daniel Aragão
Sala de eventos do CCH, UEL, entrada franca Das 10h às 12h - Palestra “Cinema e Memória” Exibição dos filmes “Londrina 1959”, de Orlando Vicentini e “Londrina em Três Movimentos”, de Rodrigo Grota - debate com o jornalista e historiador Widson Schwartz, e com o historiador José Miguel Arias Neto “Londrina 1959” (Londrina, doc, cor, 19 min, 16mm>DVD, 1959), de Orlando Vicentini Documentário dirigido pelo pioneiro Orlando Vicentini. O filme mostra imagens fantásticas de Londrina em seu apogeu, com imensas plantações de cafés, e o conjunto arquitetônico do centro já consolidado, incluindo as construções modernistas de Vilanova Artigas e outros pontos hoje históricos na cidade. Vicentini foi o
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TATURANA
primeiro diretor de um filme de ficção no Paraná. “Londrina 1959” foi transformado em DVD pela Kinoarte. contato: contato@kinoarte.org.br
Das 15h às 18h - 3o Seminário de Cinema Contemporâneo “Adeus, Dragon-Inn” (Bu San, Taiwan, fic, cor, 82 min, 35mm>DVD, 2003), de Tsai Ming-liang Com Lee Kang-Sheng, Chen Shiang-Chyi, Mitamura Kiyonobu, Miao Tien, Shih Chun, Yang Kuei-Mei, Chen Chao-
Jung e Lee Yi-Cheng. Na última noite antes de um velho cinema fechar, uma jovem japonesa corre para o cinema, mesmo apesar da chuva. O cinema parece deserto, sem vida. Mas, no entanto, há algumas pessoas, algumas talvez não sejam pessoas... Uma arrumadora coxa e um jovem projecionista trabalham no cinema, mas nunca se encontraram. Todos os dias, até à última noite, a arrumadora procura o projecionista na cabine de projeção, mas ele nunca está. Ela olha uma última vez e conti-
Aeroporto de Londrina
Terminal Rodoviário de Londrina
sa por meio de desenhos. A arte de Moacir expressa sensualidade e erotismo, mesclando seres humanos, animais, plantas, figuras satânicas e místicas. Recebeu uma indicação ao Grande Prêmio Cinema Brasil de Melhor Documentário. contato: republicapureza@terra.com.br
Das 18h à 0h - CURTA EMBARQUE
(censura livre)
Das 18h à 20h - CURTA EMBARQUE “Londrina em Três Movimentos”, de Rodrigo Grota + “Making of Londrina em Três Movimentos” + “O Quinto Postulado”, de Rodrigo Grota + “Satori Uso”, de Rodrigo Grota + “Making of Satori Uso”
“Londrina em Três Movimentos”, de Rodrigo Grota + “Making of Londrina em Três Movimentos” + “O Quinto Postulado”, de Rodrigo Grota + “Satori Uso”, de Rodrigo Grota + “Making of Satori Uso”
20h30 - Concha Acústica, entrada franca (censura livre)
20h30 - Mostra A Céu Aberto 3 “Moacir Arte Bruta” (RJ, doc, p&b, 72 min, 35mm, 2005), de Walter Carvalho Há 15 anos Moacir foi descoberto por Walter Carvalho, em uma de suas viagens pelo interior do Brasil. Negro, com problemas de audição, fala e formação óssea, Moacir tem 42 anos e desde os sete anos se expres-
nua à sua procura pelos corredores da sala de cinema labiríntica. Mas continua sem o encontrar. Quando o filme termina, as pessoas saem e a porta fecha-se... Mas o jovem projecionista repara que a arrumadora se esqueceu do termo da comida, por isso resolve ir à sua procura... Antes da sessão terminar, na tela gigante é projetado um filme de há 36 anos chamado “Dragon Inn”. Um jovem japonês que veio até ao cinema à procura de outros homossexuais choca com alguém que se parece imenso com o espadachim da telona. No entanto, agora são velhos, sentados na sala escura e vazia, olhando o seu próprio filme. Choram... Serão reais ou apenas espíritos que não querem partir? Prêmio Fipresci no Festival de Veneza (2003); Prêmio Especial do Júri e Melhor Atriz (para Yang Kuei-Mei) no AsiaPacific Film Festival (2003); Placa de Ouro no Chicago International Film Festival (2003); Melhor Montagem e Filme do Ano de Taiwan no Golden Horse Film Festival (2003); Prêmio Especial do Júri no Festival Internacional de Filme do Hawaii (2003); Tulipa de Ouro no Festival Internacional do Filme de Istambul (2004); Prêmio da Cidade de Nantes e Prêmio do Público Jovem no Festival dos Três Continentes de Nantes (2003). Legendas em português. Debate após a sessão com Luiz Carlos Oliveira Junior (Contracampo). contato: luizcarlosoliveira@gmail.com
UEL, Unopar e Metropolitana/IESB, entrada franca 20h50 - CURTA O INTERVALO (faixa etária - alunos do ensino superior) “Satori Uso”, de Rodrigo Grota + “Saliva”, de Esmir Filho + “Alphaville 2007 D.C.”, de Paulo Caruso + “Vida Maria”, de Marcio Ramos + “Um Ramo”, de Marco Dutra e Juliana Rojas
Vila Cultural Cemitério de Automóveis, R$ 3,00 23h - KINOBAR - Noite de Choro + Discotecagem: Bocão (salsasambagroove)
Sonkey (R. Souza Naves, 9, Centro) Das 11h às 13h - CURTA EMPRESA “Oficina Perdiz”, de Marcelo Díaz + “Paradoxo da Espera do Ônibus”, de Christian Caselli + “O Jumento Santo”, de Leo D. e William Paiva + “Bem Intocado”, de Thelmo Corrêa
Terminal Rodoviário de Londrina Das 18h à 0h - CURTA EMBARQUE “Londrina em Três Movimentos”, de Rodrigo Grota + “Making of Londrina em Três Movimentos” + “O Quinto Postulado”, de Rodrigo Grota + “Satori Uso”, de Rodrigo Grota + “Making of Satori Uso”
Aeroporto de Londrina
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DIA 8 - quinta Das 19h à 21h - CURTA EMBARQUE “Londrina em Três Movimentos”, de Rodrigo Grota + “Making of Londrina em Três Movimentos” + “O Quinto Postulado”, de Rodrigo Grota + “Satori Uso”, de Rodrigo Grota + “Making of Satori Uso”
Concha Acústica, entrada franca (censura livre)
20h30 - Mostra A Céu Aberto 4
“Maria Bethânia - Pedrinha de Aruanda” (RJ, doc, cor, 61 min, 35mm>DVD, 2007), de Andrucha Waddington Com Maria Bethânia, Caetano Veloso, Dona Canô e Jaime Alem. A intimidade de Maria Bethânia a partir da comemoração de seu aniversário de 60 anos, celebrado durante uma apresentação em Salvador e numa missa em Santo Amaro, sua cidade natal, em 2006. Orçado em R$ 400 mil, o filme foi rodado em apenas quatro dias. Foi a própria Bethânia quem convidou Waddington a
DIA 9 (SEXTA) DIA 9 - quinta Colégio Pontual (Rua Tupi, 455 - Centro) Manhã apartir das 10h - CURTA ESCOLA “Saliva”, de Esmir Filho + “Vida Maria”, de Marcio Ramos + “Uma Vida e Outra”, de Daniel Aragão
Sala 102 do CCH, UEL, entrada franca Das 10h às 13h Kinoarte.
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Oficina de Critica - Oficinas ’
Com o crítico de cinema Luiz Carlos Oliveira Junior (Contracampo)
Das 15h às 18h - 3o Seminário de Cinema Contemporâneo “Onde jaz o teu sorriso?” (Portugal/França, doc, cor e p&b, 104 min, DV>DVD, 2003), de Pedro Costa Com Danièle Huillet e Jean-Marie Straub. Enquanto Danièle Huillet e Jean-Marie Straub procedem à montagem da terceira versão de “Gente de Sicília”, o cineasta português Pedro Costa filma uma “comédia de remontagem”. Por detrás da sua paciência no trabalho, terna e violenta, os dois cineastas revelam uma certa idéia do cinema, do seu cinema e da sua vida conjugal, da vida conjugal, muito simplesmente. Pedro Costa conduz-nos ao centro do próprio cinema, numa viagem espaço-temporal única. Oferece ao cinéfilo o presente mais belo com que pode sonhar: participar do interior no ato de criação cinematográfica. Para o cineasta franco-suíço JeanLuc Godard, trata-se do “melhor filme que alguma vez se fez acerca do cinema e da montagem. Um filme muito belo”. Legendas em português. Debate após a sessão com Luiz Carlos Oliveira Junior (Contracampo). contato: luizcarlosoliveira@gmail.com
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Cooperativa Integrada (R. São Jerônimo, 200, Centro) 17h30 - CURTA EMPRESA “Satori Uso”, de Rodrigo Grota
Terminal Rodoviário de Londrina Das 18h à 0h - CURTA EMBARQUE “Londrina em Três Movimentos”, de Rodrigo Grota + “Making of Londrina em Três Movimentos” + “O Quinto Postulado”, de Rodrigo Grota + “Satori Uso”, de Rodrigo Grota + “Making of Satori Uso”
Aeroporto de Londrina Das 18h à 20h - CURTA EMBARQUE “Londrina em Três Movimentos”, de Rodrigo Grota + “Making of Londrina em Três Movimentos” + “O Quinto Postulado”, de Rodrigo Grota + “Satori Uso”, de Rodrigo Grota + “Making of Satori Uso”
Concha Acústica, entrada franca, (censura livre)
20h30 - Mostra A Céu Aberto 5 “Saneamento Básico, o Filme” (RS, fic, cor, 112 min, 35mm, 2007), de Jorge Furtado Com Fernanda Torres, Wagner Moura, Camila Pitanga, Bruno Garcia, Lázaro Ramos, Janaína Kremer, Tonico Pereira e Paulo José. Os moradores de Linha Cristal, uma pequena vila de descendentes de colonos italianos localizada na serra gaúcha, reúnem-se
registrar os festejos de seu aniversário de 60 anos. O convite ocorreu apenas um dia antes do show, o que fez com que fosse necessário fechar uma equipe de filmagem às pressas. contato: nina.ribeiro@conspira.com.br
UEL, Unopar e Metropolitana/IESB, (censura livre)
entrada franca
“Satori Uso”, de Rodrigo Grota + “Saliva”, de Esmir Filho + “Alphaville 2007 D.C.”, de Paulo Caruso + “Vida Maria”, de Marcio Ramos + “Um Ramo”, de Marco Dutra e Juliana Rojas
Vila Cultural Cemitério de Automóveis, R$ 3,00 23h - KINOBAR - chá de chocalho (forró) + disco-
tecagem: marias do bairro (bru, ki e lau - rock, eletrônico)
20h50 - CURTA O INTERVALO
(faixa etária - alunos do ensino superior)
para tomar providências a respeito da construção de uma fossa para o tratamento do esgoto. Eles elegem uma comissão, que é responsável por fazer o pedido junto à sub-prefeitura. A secretária da prefeitura reconhece a necessidade da obra, mas informa que não terá verba para realizá-la até o final do ano. Entretanto, a prefeitura dispõe de quase R$ 10 mil para a produção de um vídeo. Este dinheiro foi dado pelo governo federal e, se não for usado, será devolvido em breve. Surge então a idéia de usar a quantia para realizar a obra e rodar um vídeo sobre a própria obra, que teria o apoio da prefeitura. Porém a retirada da quantia depende da apresentação de um roteiro e de um projeto do vídeo, além de haver a exigência que ele seja de ficção. Desta forma os moradores se reúnem para elaborar um filme, que seria estrelado por um mostro que vive nas obras de construção de uma fossa. contato: distribuidora@casacinepoa.com.br
UEL, Unopar e Metropolitana/IESB, entrada franca (censura livre)
20h50 - CURTA O INTERVALO (faixa etária - alunos do ensino superior) “Satori Uso”, de Rodrigo Grota + “Saliva”, de Esmir Filho + “Alphaville 2007 D.C.”, de Paulo Caruso + “Vida Maria”, de Marcio Ramos + “Um Ramo”, de Marco Dutra e Juliana Rojas
Colégio Estadual Vicente Rijo (Av. Juscelino Kubitscheck, 2372, Centro) Das 21h às 21h15 - CURTA ESCOLA
(faixa etária - alunos do
ensino médio) “Saliva”, de Esmir Filho + “Vida Maria”, de Marcio Ramos + “Uma Vida e Outra”, de Daniel Aragão
Vila Cultural Cemitério de Automóveis, R$ 4,00 23h - KINOBAR samba de zambe + discotecagem: Bruno Gehring
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Bruno Gehring, produtor
Realização Kinoarte – Instituto de Cinema e Vídeo de Londrina _Coordenação Curadoria Rodrigo Grota Produção Executiva Bruno Gehring Produção Logística Argel Medeiros Administração Guilherme Peraro Coordenador de Exibição Anderson Craveiro Assistentes de Produção Artur Ianckievicz Eduardo Kimura Evelyssa Sanches Cerimonial Nádia Val _Assessoria de Imprensa Coordenação Rodrigo Grota Assistentes Amanda Mont’alvão André Simões _Making of Coordenação Anderson Craveiro Rodrigo Grota Assistentes Amanda Mont’alvão Guilherme Gerais Estagiários de Produção Alessandra Moura Amanda Coelho Bruna Haddad Patrícia Custódio _Design Coordenação Guilherme Baracat Assistentes Felipe Augusto (Imaje) Renata Abelin Samuel Rodrigues _Site Design Guilherme Baracat Programação Ricardo Ramos Vinheta da Mostra Guilherme Baracat
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_Competitiva Nacional e Londrinense Comissão de Seleção Anderson Craveiro, diretor de fotografia Artur Ianckievicz, roteirista TATURANA
_Júri (Competitiva Nacional) Beth Sá Freire Diretora-adjunta do Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo desde 1997; colaboradora oficial da Semana da Crítica do Festival de Cannes e do Festival de Curtas de Oberhausen. Participou como membro do Júri de diversos festivais, como Berlim, Toronto, Drama (Grécia), Bilbao e ShortShorts (Japão). Carlos Eduardo Lourenço Jorge Crítico de Cinema da Folha de Londrina; Chefe da Divisão de Cinema e Vídeo da Casa de Cultura da Universidade Estadual de Londrina; e mediador dos debates do Festival de Cinema de Gramado. Realiza coberturas dos Festivais de Cannes e Veneza desde 1996. Marina Glezer Atriz argentina. De 2002 para cá, trabalhou em dez longas-metragens, entre os quais se destacam “Roma”, “Diários de Motocicleta”, “Valentin” e “Lãs Vidas Posibles”. Com “El Polaquito”, recebeu os prêmios de Melhor Atriz em Montreal (2003) e da Associação de Críticos Argentinos (2004). _Júri (Competitiva Londrinense) Edu Reginato, produtor do programa Re[corte] Cultural da TVE Brasil; Rafael Urban, organizador do Putz – Festival Universitário de Cinema e Vídeo; Tatiana Monassa, crítica de cinema e editora da Contracampo Troféu Udihara Gabriela Canale _1º Prêmio Francelino França Comissão julgadora Artur Ianckievicz, roteirista José de Aguiar, diretor de arte Mabel Gomes, produtora Rodolfo Arruda, escritor _3º Seminário de Cinema Contemporâneo Curadoria Luiz Carlos Oliveira Junior Tradução Artur Ianckievicz _2ª Oficina de Crítica Coordenação Luiz Carlos Oliveira Junior Assistente Artur Ianckievicz _Curta Embarque _Curta Empresa _Curta Escola _Curta o Intervalo Coordenação Argel Medeiros e Bruno Gehring Assistentes Eduardo Kimura e Evelyssa Sanches Estagiários Alessandra Moura Amanda Coelho Arthur Moreno Milan Parreira Bruna Haddad
Felipe Augusto (Imaje) Guilherme Gerais Fernando Henrique C. Rodella Marcelo Donizete da Silva Márcio Beluzo Ferreira Milena Miyuki Takano Nádia Assae Matsumura Natália Turini Viviane Fujita Patrocínio
Apoio Cultural Plaenge Grupo Paulo Pimentel Divisão de Cinema e Vídeo da Casa de Cultura da UEL CDPH/UEL Viação Garcia Site Curta o Curta Revista Contracampo Restaurante La Francine’s Vila Cultural Cemitério de Automóveis Tecway Cedro Hotel Posto Petroband Projeto Cinema e Vídeo na Escola do curso de Artes Visuais - Multimídia da Unopar Kinopus Apoio Institucional Avec – Associação de Cinema e Vídeo do Paraná CTAV – Centro Técnico Audiovisual Contato
contato@kinoarte.org.br contato@mostralondrinadecinema.com
ESPAÇO KINOARTE Avenida Jorge Casoni, 2355, Centro, CEP 86010-250 Londrina, PR 43 3323 8739 43 9902 2669 43 9959 1476 43 9954 8308 www.kinoarte.org.br msn: kinoarte@hotmail.com
As Crianças de TR
UF
FA
UT
Texto: André Simões Ilustração: Renata Abelin
Podem até me chamar de ranzinza – seria complicado negá-lo –, mas, neste caso, acho difícil alguém conseguir mudar minha opinião: não suporto “manifestações artísticas” infantis. Esforço-me no momento, mas não consigo pensar em algo mais desagradável e constrangedor do que corais com crianças. Os próprios pais delas, que trataram de enfiá-las na cantoria à força, são sintomáticos da aflição: na hora, ficam até emocionados, chegam a gravar as imagens; depois, convenientemente, esquecem a fita, e quando a resgatam, muitos anos depois, é para encorajar as crias com pérolas do tipo “Como você era ridícula, filhinha, agora você já é gente, cresceu”. Os teatros infantis de fim de ano, nas escolinhas, feitos sempre com boa vontade, mas invariavelmente detestáveis, são a mesma coisa: criança nenhuma gosta de se ver coagida a fazer aquilo, mas papai-mamãe passam instantes de êxtase vibrando com a interpretação incrivelmente expressiva do filhote, vestido de cachorrinho – até descobrir, ao fim da apresentação, que na verdade ele era o leãozinho. E aí podem se arrolar muitos e vários casos análogos: a menininha bailarina que mal consegue se equilibrar, o fedelho fazendo vezes de mágico sem nem sequer conseguir segurar o baralho, os pequenos mestres da pintura praticando um abstracionismo de fazer inveja a Miró – tudo singelamente medonho. Não pensem, por favor, que meu libelo vem de ódio injustificado à infância, ou de algum trauma mal resolvido na tenra idade. Pelo contrário, isento os pequenos de culpa: as crianças artistas são horrorosas justamente porque sempre assessoradas, cercadas, coreografadas por algum adulto “experiente”. É colocar os pirralhos indefesos a serviço de recalques antigos.
O pequeno François O pequeno François
Com boa vontade, até entendo nesses adultos a vontade de celebrar uma fase perdida. Talvez apenas lhes fuja à percepção que impondo regras e limites para manifestações das crianças, sistematizando uma criatividade que é bela justamente porque anárquica, conseguese o efeito contrário: é perdida – mais do que isso, ridicularizada – a espontaneidade infantil. Mas devo reconhecer uma honrosa exceção – dizem que a exceção confirma a regra, quem sou eu para contestar. O trabalho de François Truffaut na direção de atores mirins é belíssimo e só dignifica a infância. As crianças nos filmes de Truffaut não estão lá para seduzir o espectador, não são a encarnação da pureza, não ganham ares falsos de maturidade, não se parecem com cães bem-adestrados. As crianças nos filmes de Truffaut são, ora!, crianças, e é por isso que aparecem tão bem. O porquê é simples de perceber. Como o diretor francês consegue extrair tanta sinceridade e leveza das interpretações infantis é outra história, mais complicada – cabem apenas especulações. E se incorrer no biografismo para analisar obras de arte é sempre um risco, o perigo é menor quando o próprio autor faz questão de deixar tão clara essa faceta de seu trabalho. Como o diretor francês consegue extrair tanta sinceridade e leveza das interpretações infantis é outra história, mais complicaTATURANA
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Naturalidade é um valor essencial. Naquela que é da – cabem apenas especulações. E se incorrer no biografismo provavelmente a cena mais famosa de “Os Incompreendidos”, para analisar obras de arte é sempre um risco, o perigo é menor a entrevista de Doinel com a psicóloga da prisão para menores, quando o próprio autor faz questão de deixarUm garoto que não Truffaut prescindiu de roteiro: sugerindo temas relacionados aceita a ordem e a hierarquia, sendo expulso de diversas escolas a sexo, família e culpa, rodou com câmera fixa as respostas por onde passa; que tem uma mãe que o atrai e lhe é negligente improvisadas de Jean-Pierre Léaud, o ator na pele do persona mesma medida; que descobre, ao mexer em antigos diários, nagem. Quando viu o resultado, achou tão bom que percebeu que, apesar de seu pai tê-lo assumido como filho, na verdade é não precisar de contraplano para as perguntas da terapeuta, fruto de um caso de sua mãe com outro homem; que tem na linunca vista no filme. Simples e aterrador. teratura e no cinema seus refúgios preferidos; que, por fim, acaba Outro grande achado de Truffaut foi fugir do manise envolvendo em pequenos furtos e é detido numa instituição queísmo. Embora altamente carismático, o protagonista menpara menores delinqüentes. te, rouba, é cruel – e é uma criança! Os pais de Antoine, os Toda essa descrição cabe perfeitamente tanto para antagonistas mais claros no filme, embora explicitamente inFrançois Truffaut quanto para Antoine Doinel, personagem do dolentes e egoístas, são primeiro longa--metracapazes de gestos nobres gem do cineasta, “Os Ine simpáticos. compreendidos”, de 1959. Nem todos A infância aciconcordaram com essa dentada de Truffaut com visão, é justo dizer. Encerteza o auxiliou na quanto seu Antoine composição marcante de Doinel o conduzia à glósua criação. O risco seria ria profissional, despona desgraceira de sua jutando a nouvelle vague ventude descambar num do cinema francês e lhe filme com os apelos fáceis trazendo, com apenas 27 do melodrama. anos, o prêmio de meFelizmente, não lhor diretor no Festival é isso o que se vê. As próde Cannes, a criação lhe prias palavras de Truffaut trazia mais problemas são significativas: pergunfamiliares: os pais de tado em entrevista se realTruffaut, horrorizados mente teve uma infância com seus retratos na petriste, o diretor replica lícula, recusaram-se, por curto, “Não. Tive a de Ananos, a dirigir palavra ao toine, de ‘Os Incompreenfilho. didos’”. Truffaut: "Tive a infância de Antoine Doinel" Para azar de A resposta pode papai e mamãe Truffaut, o personagem Antoine Doinel se causar certa estranheza, pois ficam do filme com mais força, tornou célebre, revolucionando a caracterização da infância no reforçadas pelo final desolador, as passagens pungentes – e até cinema e atingindo sucesso tal que daria margem a quatro (!) mesmo chocantes –, como Doinel sendo trancafiado com putas seqüências para “Os Incompreendidos”, mostrando o amadunuma mesma cela, ou apanhando na frente de todos seus colerecimento de Antoine e seu intérprete de sempre, Jean-Pierre gas de classe quando seu pai descobre a mentirazinha à-toa que Léaud. contara a um professor para justificar uma falta: o garoto havia O curioso é notar que Truffaut conseguiu extrair inventado a morte da mãe (e eis outro trecho autobiográfico). tanto de Jean-Pierre em seu primeiro filme que, conforme Mas não se podem desprezar as seqüências amenas e vai crescendo, o ator vai ficando mais canastra – e a série vai engraçadas, doadoras de fluidez à obra: entre vários exemplos tendendo à comédia. É a misteriosa magia do diretor com as possíveis, memorável é a operação coletiva montada pelos gacrianças, jamais igualada na sétima arte. rotos da classe para destruir os óculos novos do nerd da turma. Faz-se necessário ressalvar que os títulos da pentaloTambém tocante é a cena em que, depois de mais uma briga com gia Doinel nunca são inferiores a muito bom, todos altamente Doinel, pai e mãe resolvem arrefecer os ânimos levando o garoto recomendáveis. ao cinema – e todos se divertem. Se a mais notória representação da infância por Equilibrando alegria e tristeza, Truffaut consegue um Truffaut está mesmo no ciclo estrelado por Jean-Pierre Léaud, retrato mais realista da infância. E se mais realista, necessarianão deixa de haver vários outros títulos ilustrativos da maestria mente mais comovente. Não se mostra a fase como o paraíso de com que o diretor conduz as crianças em seu set de filmagem. inocência e alegria, mas também não há a vitimização simplista do personagem como “criança triste”. 34
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Espontaneidade e leveza na atuação das crianças
Vêm-me de cabeça alguns exemplos: Em seu hitchcockiano “A Noiva Estava de Preto”, de 1967, Jeanne Moreau vive uma mulher que, tendo seu noivo morto às vésperas do casamento, decide se vingar dos responsáveis, assassinando-os um por um – qualquer semelhança com Tarantino e seu “Kill Bill” está longe de mera coincidência. Quando está já no segundo ou terceiro da lista de execuções, a Noiva se faz passar por professora do filho da vítima, para poder entrar em sua casa. O menino, ingênuo, não consegue manifestar que aquela é uma perfeita desconhecida. Daí surge a tensão. Enquanto o pai está babando com os encantos da professora tão voluntariosa, esta brinca de esconde-esconde com seu filho pela casa, conquistando-o e afastando de vez a possibilidade de delação. Tudo é filmado da maneira mais ingênua imaginável: o espectador mal consegue acreditar que aquela mulher, brincando tão franca e gostosamente com a criancinha, está prestes a matar-lhe o pai. A cena é secundária para a trama, mas me parece a mais elegante do filme – salta aos olhos o contraponto da frieza assassina com o uso da graça infantil, que Truffaut domina à perfeição. Também não se pode esquecer de “O Garoto Selvagem” (1970), no qual o diretor correu risco duplo de canastrice eternizada na tela. É a clássica história do garoto criado na selva que, lá pela altura dos dez anos, deve voltar a viver na sociedade. Que ator mirim daria conta do recado sem cair no ridículo? Truffaut achou que conseguiria guiar uma criança na atuação, mas, para tanto, deveria ele mesmo contracenar com ela – e assim se iniciou na difícil lida de intérprete. Pois ambos se saíram muito bem – os préstimos de Truffaut como ator foram afiançados por Steven Spielberg, que o convidou para atuar em seu “Contatos Imediatos de Terceiro Grau”. “O Garoto Selvagem” é, sim, simples e didático, mas
consegue, de maneira quase heróica dada a natureza do enredo, fugir do piegas. De quebra, seria o primeiro sucesso do diretor no mercado norte-americano, para a ira de seu antípoda Godard. Por fim, já na fase derradeira de seu trabalho, há “Na Idade da Inocência” (1976), este inteiramente dedicado às crianças e construído de maneira quase pueril: várias sketches sem ligação umas com as outras, dedicadas a mostrar o comportamento caótico, divertido e belo do mundo infantil. Para identificação dos numerosos personagens, Truffaut os fez usar a mesma roupa durante todo o filme, à maneira das histórias em quadrinhos. A interação entre forma e conteúdo torna o resultado delicioso. Há mais passagens infantis nos filmes de Truffaut, mas essas são as que me mais me chamam a atenção. É pouco e já é o bastante. Com a uniquíssima exceção de sua obra, crianças, para mim, só têm a chance de ser minimamente agradáveis bem longe de palcos, platéias, câmeras, estúdios. Até que eu tenha um filho e o matricule num coral.
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O fotógrafo “lavrador de imagens” – pioneiro de Londrina, autor de experimentos agrícolas, querido por todos e pai de nove filhos – registrou a cidade em aproximadamente 20 mil negativos. Em 2008, a Kinoarte irá produzir um filme inspirado em sua obra: “Pausa para a Neblina” Texto: Inara Chayamiti Arte Seqüencial: Samuel Rodrigues
Rua São Jerônimo, 81: um casarão vermelho-terra com um jardim de plantas brancas. Ele é de 1950, mas hoje tem portão eletrônico. Surge Saulo, neto de Haruo Ohara e guardião de tanta história que até se perde a conta. As antigüidades estão por todas as partes do sobrado: são câmeras fotográficas nos cantos, nas paredes, instrumentos de lavoura, álbuns, diários, malas, revistas de fotografia, livros em nihon-go (japonês), vinis, quadros, brinquedos, a carcaça de uma cobra e de um tatu, e por aí vai . A história não cabe nos objetos, ela transborda guardada dentro de si. Os 64 álbuns começam em 1933 e vão até 1994. As primeiras fotografias foram tiradas com uma câmera que Haruo Ohara considerava “de brinquedo” e que nem existe mais. A primeira câmera foi, na verdade, a segunda, uma Ikonta 6x9. Sua obra tem enorme valor histórico. Para o fotógrafo e curador Orlando Azevedo, ele é “o grande retrato da presença japonesa no Brasil, a soma e a síntese”. Contudo, “Haruo Ohara está muito além do fotodocumentarismo. Sua multiplicidade e sua elegância estética perturbam e emocionam”, ressalta ele, que também é organizador do livro de fotografias com previsão de lançamento para 2008, no centenário japonês, e de uma mostra nacional e internacional, pois deve chegar ao Japão. As fotos não são simplesmente escritas pela luz, pois quem conduz a luz é Haruo. Assim, elas registram não só o que se vê, mas também guardam sentimentos e idéias. Não são meros índices da realidade, pois a transcendem. Por serem profundas, suas fotografias são universais e atemporais: “Ele sempre vinha perguntar pra gente: o que é que tem por trás das imagens?”, lembra Ciro, seu oitavo filho, que, por isso, já nasceu com a biblioteca completa. “Acho que a gente não tinha capa-
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foto: Haruo Ohara
cidade de olhar mais longe. Ele era uma pessoa que sentia e enxergava de uma maneira muito elevada”, considera Tomoko, sua filha mais velha, que ele levava ao cinema, mas tendo assistido ao filme antes para ver se era bom, até os de Akira Kurosawa, seu diretor favorito. “A obra dele é a vida dele. Ele não fazia nada por encomenda. Tanto é que são fotos íntimas”, resume Saulo, que ganhou, aos nove anos, uma câmera fotográfica do avô e viu todo o seu acervo. Por querer dizer mais, Haruo era extremamente dedicado a sua arte. Seu esmero e sua sensibilidade eram ímpares. “Ele não apertava botão à toa, era tudo estudado”, ressalta Ciro. Esperava nuvem, vento, neblina... “Ele respeitava o tempo da luz. Para o restante, ele não tinha compromisso com o tempo”, recorda a filha, que serviu almoço sem ele quando uma flor desabrochou. Orlando explica que “A regência e o domínio de Haruo são uma constante. Para ele não existia estética sem técnica, sem ter o controle da possibilidade daquilo que imaginava”. Além do esmero no click, ele passava “sei lá quanto tempo” no laboratório, um cubículo embaixo da escada para uma pessoa curvada.
Dedicou-se não só à fotografia, como também à terra. Ele gostava de estudar, de se aprofundar nos assuntos, “era um cara estudioso, autodidata”, afirma Ciro. Ele importava livros do Japão sobre plantio, fazia diversas experiências de enxerto. Algodão do campo (Cochlospermun regium), Quaresmeira (Tipouchina semicandra) – são legendas de fotografias floridas. O filho conta que, de 1933 a 1950, o pai lavrou, mas que depois disso, administrou. A família mudou para a cidade quando a filha mais velha foi cursar o científico, porém eles nunca perderam o contato com a terra. “Todo domingo, ele colocava os filhos e a minha mãe na caminhonete, procurava um riacho, levávamos bentô...”, recorda Tomoko. O que quer que venha a ser “fotografia zen”, como chegou a ser denominada a fotografia de Haruo, isso pode ter a ver com esse contato com a natureza que ele tanto prezava. Segundo Marcos Losnak, co-autor da biografia “Lavrador de imagens”, isso foi um rótulo que surgiu porque, na época, a
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filosofia zen era assunto em voga. “São fotos zen no sentido contemplativo e na harmonia da composição. Mas as fotos do Haruo estão muito além de denominações elementares dos signos do sol nascente e poente. O espírito de Haruo Ohara estava além de seu tempo”, sentencia Orlando. Haruo não se interessava em ser alvo de flashes. “Ele nunca foi de querer ser entrevistado”, afirma Tomoko, sua filha mais velha. Ciro recorda que “ele sempre dizia que as fotos eram muito humildes, não sabia o que tinha nas mãos”. Perguntado por um jornal local sobre sua fotografia favorita, ele disse que, se tivesse uma, já teria parado de fotografar. Losnak fez a mesma pergunta e Haruo respondeu lhe mostrando a foto de um amigo. “Era um blefe: ele sabia que era bom”, diz Losnak. Ele está nos auto-retratos, mas o tema é mais do que ele, é também a idéia ou o sentimento em que ele está inserido. Os autoretratos “induzem ao lado mais lúdico de seu universo, são um atestado de refinado bom humor. Muitas vezes sequer sua imagem se revela, pois era um verdadeiro amante do contraluz, que, em seu caso, era a luz a favor”, analisa Orlando. Ele está nos diários, que vão de 1931 até 1994, com misteriosa exceção dos da década de 1950. Porém, eles ficam fechados num dialeto de nihon-go cursivo de difícil leitura. Saulo contou que a irmã mais nova de Haruo leu e disse que nos diários há algumas anotações de plantio, de fotografia, poesias, três páginas sobre a morte de um cachorro e também coisas muito pessoais. Rogério Ivano, co-autor da biografia “Lavrador de imagens”, afirma que era um costume da época escrever diários, ainda mais no Japão, onde até a década de 1920, esse hábito era utilizado para alfabetizar e padronizar a escrita. Segundo ele, o interessante é que Haruo escreveu desde a viagem para o Brasil até não poder mais. Está nas lembranças familiares, na admirável exposição de pintura das crianças, na pintura do muro de um dia, que Haruo demorou meses – passava um e conversava, passava outro e conversava... Nos passeios a pé para ver melhor as flores e as pessoas.
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Ele e a cidade inteira se conheciam. “Conversava com os mais antigos e com os mais jovens; ele tinha papo com qualquer um”, enfatiza Tomoko. Além disso, “ajudava meio mundo, mas a gente não ficava sabendo, pois não era convencido”, conta Ciro. “Quando vou no meio dos véios e falo que sou filho do Haruo Ohara, pel’amor de Deus, o tanto que’les respeitam... O homem era bom”, admira. Rogério brinca que “como biografado, ele foi um péssimo personagem – ele não era contraditório, todos gostavam do cara...”. “Conosco, os filhos, ele era meio sério e isolado. Com as minhas tias, não, contava cada piada suja, era um palhação. Quem mais cuidou da filharada foi minha mãe”, considera o filho. “Ele orientava, mas a gente que tinha que procurar por ele. Minha mãe falava que ele cuidava mais dos gatos do que dos filhos. Quem dava bronca era a minha mãe”, conta a filha. “Era um pai muito diferente dos outros pais, principalmente dos japoneses. Era considerado a ovelha negra da família, porque não exigia que a gente aprendesse japonês”, reflete Tomoko, que aprendeu outras línguas. Uma vez, Kô, a esposa de Haruo, perguntou para seu neto: – Tomate ikkanka. E ele: – Não, obrigado, minha mãe já foi à feira. Ele achou que ela estava oferecendo tomate, sendo que perguntava se ele queria dormir na casa dela. Nesse dia, a avó cobrou que o neto deveria estudar japonês, mas Haruo interveio dizendo que ela não poderia “puxar o neto para trás”.
tempo. E ele: – “Tenho que pensar. Vai que vô lá pra ouvir um dizer: ‘Aqui dói, ali dói’, e outro dizer: ‘Meu filho me maltratô, meu genro me maltratô...’”. Mesmo mais velho, estava sempre aberto ao novo, “tentava coisas diferentes, lia de tudo”, afirma Tomoko. Valorizava o conhecimento, tanto é que “o que ele passou para nós foi educação e não riqueza”, conclui Ciro. Ele está na biografia “Lavrador de imagens”, que “é tanto dele quanto da família”, explica Rogério. Estará no livro de fotografias organizado por Orlando. Estará no filme “Pausa para neblina”, o terceiro curta da Trilogia do Esquecimento de Rodrigo Grota. Esteve brevemente aqui. Mas é atrás das fotografias que ele pode ser encontrado. Procure-o. Até na hora de educar não impunha. Uma vez parou uma briga com uma fotografia. Saulo estava com uma bota na mão ameaçando bater na prima e ela numa posição de chute. Quando Haruo bateu a foto, fez uma luz e eles pararam. Na foto seguinte, eles posam sorrindo. Para os netos, também era um palhaço. Tamie procurava um presente para o avô e os amigos sugeriram um pijama, um chinelo... “Vocês não conhecem meu avô...” e deu um rato de pilha que definhava; ele adorou. “Não foi um velho chato”, reflete Tomoko. Quando a Associação dos Idosos o convidou para ser um integrante, ele disse que iria pensar durante um mês. A filha, não entendendo, perguntou para que tanto
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O Kinoterapeuta Texto: Carlos Ebert Ilustração: Samuel Rodrigues
Um belo dia, depois de assistir a milhares de filmes, X, psicoterapeuta de profissão e cinéfilo de paixão, teve um estalo: por que não usar os enredos, personagens, perfis psicológicos, soluções e desfechos dos filmes para analisar e melhorar o autoconhecimento de seus pacientes? E assim, aos poucos, passou a recomendar filmes para seus pacientes assistirem. Para Luciana, uma jovem professora universitária em dúvida se abandonava o marido para ficar com um colega menos deprimido e com veleidades artísticas, prescreveu “Jules et Jim”. Ela ficou com os dois. Feliz da vida. A Luiza, dona de casa com muitos problemas de relacionamento com os filhos, sugeriu “Mamãe Faz 100 Anos”. Tiro e queda: colocada frente à perspectiva de ficar uma velha como a matriarca de Saura, Luiza se ajeitou com a prole. X se entusiasmou com os resultados e, no embalo, teve outra idéia que, modestamente, considerou não menos genial do que a que tinha dado origem à Kinoterapia (dá para registrar esse nome? O domínio está vago? Corre, cara!). O insight genial era entregar uma pequena câmera digital às suas pacientes e pedir para que elas gravassem tudo o que lhes causasse desconforto, angústia, ansiedade ou prazer. A partir das imagens, ele editaria um curta-metragem a que assistiria junto com a paciente, “desvelando”, como gostava de dizer, “os meandros de neuroses solidamente construídas ao longo de anos” (citação feita da tese de doutorado “Perturbações comportamentais e somatizações patológicas em mulheres jovens na região metropolitana de São Paulo”). A essa altura, vocês já devem ter reparado que X só tratava de pacientes do sexo feminino. Pois é. Não existia nenhuma explicação científica para essa atitude. Tratava-se de uma preferência. Ou de um “gosto”, para ser mais preciso. Tal opção não ocultava nenhuma tara. Não cantava nem avançava sobre as pacientes. O que acontecia era que ouvir varões contando suas desventuras e neuroses lhe dava um sono invencível. Achava os desvãos da psique masculina aborrecidos e totalmente destituídos de interesse. A técnica progredia e era aperfeiçoada. A clientela se expandiu até onde ele julgou que o atendimento individual não seria prejudicado. E assim corria a vida. Y, casada com X há 16 anos, via com algum ceticismo, e não sem uma ponta de desconfiança, a
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técnica terapêutica do marido. Mas os cálculos estruturais, as fundações, os baldrames, além de Maíra, a filha de 10 anos, ocupavam por demais seus neurônios para que ela pudesse dedicálos a reflexões sobre as maluquices terapêuticas de X, cuja criatividade lhe parecia inesgotável e até obsessiva. Veio a idéia de fazer um longa-metragem juntando em episódios o material de três ou quatro pacientes: uma dona de casa deprimida, uma advogada ninfômana, uma decoradora cleptomaníaca e uma estudante sádica. Que tal? Não. Vai ficar muito apelativo. O cinéfilo crescia e ocupava de forma irreversível a mente do terapeuta. Ficava horas tentando costurar patologias, contrapor neuroses, sintetizar desesperos e abulias. Mas ao invés do roteiro ir se delineando aos poucos em sua mente, ficava cada vez mais confuso e sem nexo. Que estava acontecendo? Faltaria a ele a centelha do gênio, que pela força da criação une opostos, sintetiza antagonismos? Entrou em crise. Já não ouvia suas queridas co-roteiristas com tanta atenção. Seu olhar vagava pela sala, perdido em dobras de carpete e pequenas teias enredadas no lustre demodê. Crise braba. Y notou, mas ficou na sua, na secreta esperança de que ele refluísse para o seu freudismo original, menos perturbador e bem mais lucrativo. X, no auge da crise e beirando o desespero, procurou um colega de faculdade, Z, para se aconselhar. Z era um pouco mais velho e X tinha grande admiração por sua inteligência e perspicácia. Depois de ouvir o colega atentamente, Z sentenciou: “Acho que o mundo ganhou um cineasta e perdeu um psicoterapeuta...” X ainda tentou argumentar que a psicanálise era o seu interesse central, mas Z foi taxativo: “Esquece o consultório e abre uma produtora”. X pela primeira vez duvidou da inteligência do amigo, e partiu mais deprimido do que chegara. Para preservar a estrutura familiar, resolveu dar um tempo e se isolar. Pediu emprestada a casa de praia do irmão, às voltas com um doutorado em Duke, e foi viver como caiçara, comendo o que pescava e gastando em sal, fósforo e querosene. Quase esqueceu o cinema, mas às vezes, para seu desespero, lembrava Tom Hanks em “Náufrago”, e ficava puto por dentre centenas de filmes cabeça que assistira e amara, lembrar justamente de um blockbuster hollywoodiano. Como Anchieta, que ali vivera há mais de quatro séculos, começou a escrever poemas na areia, só para ter o prazer de ver seus versos apagados pela maré. Pensou em pintar as meninas locais, mas um resto de autocrítica o impediu de se transformar no Gauguin do litoral sul. Sua aparência assumiu ares proféticos. Passava horas tentando encontrar uma chave numerológica para as seqüências das ondas (“Papillon”) ou induzindo os pássaros a pousar onde ele queria (“Uccellacci Uccellini”). Foi nesse estado que Y o encontrou depois de quase dois meses sem notícia. No encontro, X a olhava com uma expressão beatífica/aparvalhada. Y não teve dúvida: ligou para Z: “Olha, teu amigo pirou. Virou profeta. Se a gente quiser trazer ele de volta, é bom andar rápido.” No dia seguinte, sedado, X voltou a São Paulo e foi direto para a clínica de um outro colega. A recuperação foi lenta, e Z não garantiu a Y que não fosse ficar alguma seqüela. Surpreendentemente, X voltou à normalidade quatro meses depois. Retomou a clínica. O cinema? Esqueceu. Cinema é coisa de maluco... Carlos Ebert é diretor de fotografia dos filmes “Satori Uso” e “Booker Pittman”, produções da Kinoarte.
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OFICINAS KINOARTE Oficina de Realização em Cinema
A Kinoarte irá oferecer uma Oficina de Realização em Cinema nos dias 17, 18, 24 e 25 de novembro, 1º e 2 de dezembro de 2007. As inscrições podem ser feitas no Espaço Kinoarte de 29 de outubro a 14 de novembro e custam R$ 250,00. As vagas são limitadas. A Oficina será ministrada por Rodrigo Grota, Bruno Gehring, Anderson Craveiro e José de Aguiar. Nesta Oficina, uma turma de no máximo 20 alunos irá filmar o roteiro vencedor do 1º Prêmio Francelino França. O curso se divide em três módulos: 1º fim de semana: aulas teóricas em turmas separadas (direção, fotografia, produção); 2º fim de semana: filmagens; 3º fim de semana: montagem e finalização. O filme terá entre 4 e 10 minutos. _mais informações: www.kinoarte.org.br ou contato@kinoarte.org.br
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