É Carnaval! Você já tem uma fantasia?
Número 4 - Janeiro de 2016 - Distribuição gratuita
Prepare um pudim Ao som das batidas do delicioso com coco Olodum, se imagine nas ralado. ruas do Pelourinho.
Conheça uma árvore muito solitária a procura de amigos.
Carnaval
uma festa bem brasileira Oi Carolina, logo, logo será o Carnaval.
É verdade. Que vontade de viajar para o Brasil e curtir o Carnaval.
Que delícia. Todos os primos brincando juntos durante as férias. Que saudade!
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Eu adoraria ir lá também. Sabe que a Revistinha está falando sobre o primeiro carnaval de uma menina carioca?
Ilustração dos mascotes: Cátia Ana
Biografia
Ilustração: Kariny Luporini
Introdução O Carnaval ocorre uma vez ao ano, quarenta dias antes da Páscoa cristã - período da Quaresma. A festa é celebrada em muitas cidades pelo mundo. No Brasil, ele é comemorado nas cidades com diferentes manifestações: blocos de rua, bailes nos clubes e desfiles de escolas de samba. No Rio de Janeiro, o Carnaval dura quatro dias, do sábado à terça-feira. Em Salvador, cinco dias, da sexta à terça-feira. As crianças também participam da festa se fantasiando, cantando e dançando nos blocos que passam pelas ruas ou no clube do bairro onde moram. Não importa a idade, a festa é para todos.
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O Carnaval aquele ano caiu em fevereiro, foi um verรฃo muito quente, nรณs bebemos muito guaranรก e suco de frutas.
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Papai tirou uma foto bonita de n贸s duas. Hoje, olho e tenho saudades. O meu primeiro Carnaval aconteceu em 1976.
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Eu tinha 4 anos e ganhei uma fantasia laranja e amarela, com detalhes em prata. Era uma bailarina vibrante, no meu collant, uma borboleta de paetê prateada. Ao estilo carioca, não ganhei sapatilhas e pulei descalça.
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Aquela foi a minha estreia nos bailes de Carnaval do Rio de Janeiro. A minha irm達 Raquel, vestiu-se de Carmem Miranda, a Chiquita Bacana de americanos e brasileiros. Ela ficou muito fofa com colares e brincos de argola.
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Saímos cedo de casa, na parte da tarde. Eu tinha um pouco de medo e apreensão. Nervosismo. Nós-mamãe, papai e maninha, fomos ao Baile Oficial do Clube Jardim Guanabara, na Ilha do Governador.
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O baile era a matinê infantil e começava por volta das 16 horas e terminava às 20, a tempo de se preparar o salão para as festas dos adultos, que começava às 11 horas e ia até o dia clarear.
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Neste baile, repleto de crianças, jardim de sons, conheci uma nova amiga que estava vestida de havaiana. No salão, pulavam crianças de curumim, piratas, pierrôs, colombinas, baianinhas e bate-bolas.
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O som da música era alto, com bandas tocando sambas, marchinhas e frevos. Foi uma farra, uma festa. Eu cantei, dancei, sambei e brinquei muito aquele dia. Eu me sentia bonita e fantástica com a minha fantasia de bailarina com borboleta. Nós jogávamos muito confete e serpentina e fugíamos dos meninos. O Carnaval no Brasil é um tempo de riso, sonho e beleza. É uma fase do ano tão importante quanto o verão, a primavera ou a Piracema na região Norte do país.
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Para os adultos, como diz o frevo de Caetano Veloso, talvez, um sinônimo de “Chuva, Suor e Cerveja”. A música, a alegria e a dança fazem desta celebração, um rito de renovação da vida e do amor.
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É o momento dos amigos, dos romances e das surpresas doces da vida. A festa é, para muitos, um impulso de vida, ou um caso com o amor, o sonho e a poesia.
Para muitos brasileiros e brasileiras como eu, nascidas e criadas na tradição profunda do samba carioca, a festa é desde a infância, o nosso primeiro romance. A dança e o samba são os nossos primeiros amores, os nossos primeiros namorados. !14
É um oásis no tempo do calendário católico, ilhas temporárias, povoadas de movimentos, cores, perfumes, abraços e sorrisos. 15
Texto: Patricia H. Fuentes Lima
Um pouco mais sobre o Carnaval... As escolas de samba começam as preparações para o desfile muitos meses antes do Carnaval. É preciso escolher o sambaenredo, desenhar as fantasias, construir os carros alegóricos,… É um trabalho que envolve toda a comunidade. No Rio de Janeiro, uma escola de samba tem em torno de 4,000 participantes mas não é bom que ela seja muito grande já que ela pode desfilar no máximo uns 80 minutos, caso ela passe mais tempo, ela perde pontos. O desfile das escolas de samba do grupo especial ocorre durante duas noites do Carnaval e é uma competição nos quesitos: alegorias, comissão de frente, bateria, mestre-sala e portabandeira,…
Para entender melhor Escola de samba - É uma organização que se identifica pelo canto e dança do samba. A primeira escola de samba data de 1920 no Rio de Janeiro. Nos anos 20 e 30, as escolas de samba se reuniam em escolas, daí o termo escola de samba. Mestre-sala e porta-bandeira - É um casal que executa uma dança com graciosidade portando a bandeira da escola. Cada escola de samba possui um casal mestre-sala e porta-bandeira.
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Para ir mais longe: Em Olinda, durante o carnaval ocorre o tradicional desfile de bonecos gigantes. A origem dos bonecos gigantes data da Idade Média na Europa. Os bonecos apareceram em Olinda nos anos 30 e retratam personagens da cultura brasileira e mundial. Conheça um pouco sobre a construção dos bonecos com o artista plástico Silvio Botelho assistindo o vídeo https://www.youtube.com/ embed/sT0JD-1Giqg No Rio de Janeiro, a campeã do Carnaval de 2014 foi a Unidos da Tijuca com uma homenagem ao automobilista brasileiro Ayrton Senna. Assista o vídeo desse desfile no Sambódromo, a avenida projetada por Oscar Niemeyer para abrigar os desfiles das escolas de samba, https://www.youtube.com/watch? v=B15jYZRaXgI O Carnaval de Salvador tem três circuitos tradicionais: Dodô, Osmar e Batatinha. O circuito Batatinha acontece nas ladeiras do Pelourinho. Em qualquer época do ano, visite o Pelourinho e imagine a beleza e animação do desfile do bloco Filhos de Gandhy. Para uma visita online, consulte a página http:// www.filhosdegandhy.com.br/galeria.php
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Em algum lugar no Brasil VocĂŞ sabe que lugar ĂŠ esse?
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Foto: Kaolive
Para ajudá-lo a matar a charada, leia as três dicas abaixo. Boa sorte!
Resposta do último número: Vitória, Espírito Santo
1 - Nas minhas ruas se dança uma carnaval muito animado. 2 - Os holandeses me ocuparam durante alguns anos no século XVII. 3 - A UNESCO me declarou como um Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade.
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Receita Pudim Maria Mole
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Ingredientes • 1 lata de leite condensado (diet) • 1 caixinha de creme de leite (light) • 1 vidro de leite de coco - (light) 250 ml • 50g de coco ralado (sem açúcar) Para o pudim normal usar: • 1 xícara de água • 1 pacote de pó para maria-mole sabor coco ao invés da gelatina incolor Dissolva o pó da maria-mole na água fervente Para a versão Diet usar: • 1 envelope de gelatina sem sabor • 5 colheres de sopa de água Hidrate a gelatina com 5 colheres (sopa) de água e leve ao fogo em banho-maria até dissolver.
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Modo de preparo 1 ) Bata o que você dissolveu no liquidificador com o restante dos ingredientes 2 ) Coloque numa forma de furo no meio molhada, para não grudar quando desenformar
3 ) Leve à geladeira até pegar consistência 4 ) Desenforme e cubra com coco ralado
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Informações Adicionais Dica: decore com calda de chocolate (diet) ou uma geleia de 320g (diet) de sua preferência. Leve-a ao fogo com cinco colheres de sopa de água. Aqueça-a em fogo baixo até dissolver o suficiente para ser usada como calda. Usamos em nossa receita a geleia de mirtilo, ficou uma delícia, experimente esse sabor!
Trava língua MARIA-MOLE É MOLENGA SE NÃO É MOLENGA NÃO É MARIA-MOLE. Fonte: http://professorasuzyclay.blogspot.com.br/ 2014/03/travas-lingua-maria-mole-1-ano.html
Um Ingrediente mais que especial Leite de coco, um ingrediente importante para a nossa receita de hoje. No Brasil, é utilizado tanto para receitas doces quanto para as salgadas, ele vai bem com tudo. Mas não temos o hábito de consumi-lo como uma bebida. Você sabia que em alguns países, ele já é vendido em embalagens prontas para o consumo como bebida? Pois é verdade, acredite, em alguns já vem, inclusive, saborizado com baunilha ou até mesmo com pedaços de polpa. Ele pode ser uma ótima opção de bebida também para os veganos. 23 23
Olodum
Almira McGrath
"Olodum-drummers" by The original uploader was Mateuszica at Portuguese Wikipedia - Transferred from pt.wikipedia to Commons by Econt.. Licensed under CC BY-SA 3.0 via Commons - https:// commons.wikimedia.org/wiki/File:Olodum-drummers.jpg#/media/File:Olodum-drummers.jpg
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Pesquisa e texto: Almira McGrath
Instituição
Foto: Toby McGrath
O Olodum ĂŠ um bloco de Carnaval de rua, fundado em abril de 1979 na cidade de Salvador, na Bahia. Ele trouxe um ritmo novo e contagiante ao Carnaval brasileiro: o Samba Raggae. Esse tipo de samba tem suas raĂzes nas culturas brasileira e africana.
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Atualmente banda e bloco de Carnaval, organização do movimento negro brasileiro, cultura, arte e teatro são todas as coisas que definem o Olodum. Ele foi criado primeiramente como uma opção de lazer aos moradores do bairro do Pelorinho em Salvador e acabou se tornando um movimento de transformação social. O Olodum é hoje uma organização não governamental (ONG) do movimento negro brasileiro com sede no Centro Histórico de Salvador, o Pelorinho. Através da música, do canto e da dança o Olodum tenta resgatar os valores socioculturais africanos que fazem parte da cultura brasileira. Cursos de Percussão do Samba Raggae, de Dança Afro e de Canto de músicas folclóricas do Brasil e da África são alguns exemplos dos projetos sociais desenvolvidos pelo Olodum. Esses projetos buscam conscientizar crianças, jovens e adultos brasileirosde sua identidade afro-brasileira. À serviço da comunidade, o Olodum também desenvolve projetos de empreendedorismo cultural; informática; formação de lideranças; seminários; festivais de músicas mirim; consultorias a escolas particulares e transferência de tecnologia.
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Por todos os seus trabalhos sociais junto à comunidade afrobrasileira, o Olodum acabou chamando atenção de artista sensíveis a causa afro ao redor do mundo. O reconhecido e consagrado compositor e cantor Paul Simon gravou a música chamada “Obvious Child” com o arranjo musical da banda Olodum. Artistas nacionais e internacionais como: Caetano Veloso, Gal Costa, Bob Marley, Jimmy Cliff, Yossur Noddour, entre outros, também se identificam com o Olodum. Para saber mais sobre o Olodum, visite a página online: http://olodum.com.br/index.php/olodum/banda-olodum
Vídeo da gravação da música “Obvious Child” de Paul Simon pode ser encontrado no Youtube. <iframe width="420" height="315" src="https:// www.youtube.com/embed/9HKNAhAxMAk" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>
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Cantigas Barra
Banda Casaca Do alto do morro da Penha Me sinto no céu e posso enxergar A menina Neymara princesa nativa Na areia do mar Moqueca de peixe no almoço É pro dia começar E a galera do surf mandou um recado Mandou me chamar (REFRÃO) Como é bom te ver Quero te levar Tem que conhecer O congo da Barra A vida noturna é maneira Lá no gueto é pura adrenalina Lá no Rony rola rock and roll No Aloha onde tudo termina Tem reggae lá no movimento Fim de ano tem São Benedito Carnaval é surpresa Agradeço a Deus por esse paraíso! (REFRÃO) 28 !28
A banda Casaca é original do Estado do Espiríto Santo e tem como principais influências o forró e o congo, ritmo de origem negra e indígena, muito celebrado na região praiana da Barra do Jucu, e que ainda preserva o estilo rústico de uma aldeira de pescadores. O grupo tem inspiração nas Bandas de Congo capixabas, cujas melodias são cantadas por homens e mulheres e fazem referências à escravidão, aos santos do povo e ao mar. Os instrumentos musicais destas bandas tradicionais se utilizam de materiais aproveitados da natureza, como paus, restos de sucata, folha de flandres e pele de animais.
Assista ao vídeo https://www.youtube.com/watch?v=BvfZSMA-TPo
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Canto literário
Tica e Florestiquinha
de Elizabeth Gomes de Oliveira
Lá longe, bem perto do arco-íris, morava uma linda árvore, a única existente no lugar.Era uma pequena amendoeira, com um tronco largo, galhos firmes e raízes profundas que se dividiam pela terra. Chamavase Tica. Na primavera, as folhas brotavam. No verão, elas se mostravam tão verdes como a água do mar. No outono, tornavam-se amarelas e cobriam a terra com um tapete de ouro. As amêndoas enfeitavam a solitária árvore: Porém, durante o inverno, Tica sofria muito, sentia um intenso frio porque perdia o cobertor feito de folhas que servia para aquecer o seu tronco. E imaginava que se não fosse tão só poderia sentir mais calor, porque os seus galhos poderiam abraçar outras árvores. E a amendoeira chorava, chorava e chorava. Certa noite, choveu muito e as lágrimas da pequena árvore se misturaram com a água da chuva. Tica ficou tão molhada que quase morreu. Então pensou: “Por que vivo tão só? Onde poderei encontrar outra amendoeira neste mundo? Minhas raízes não precisam de tanta água e se eu tivesse uma companheira, juntas poderíamos matar a sede. Mas onde posso encontrá-la?”. E Tica pediu ao sol, que era seu amigo, para surgir e secar a terra, que ainda estava úmida. No dia seguinte, o sol nasceu belo e vermelho e saudou a arvorezinha dizendo-lhe:_ Bom dia amiga, não fique tão triste e sinta o meu calor. Agora poderei enxugar suas lágrimas e secar a água da chuva. Embora agradecida, Tica lhe fez um alerta: _ Doce amigo, enxugue as minhas lágrimas e seque a água da chuva, mas cuidado para não queimar os meus galhos, porque senão morrerei.
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O sol, que era sábio, porém muito preguiçoso, se esqueceu de se pôr e quase queimou os galhos da solitária árvore. Ela então berrou indignada e pediu para ele ir embora: _ Ó sol, porque você é tão descuidado? Eu preciso de alguém que cuide de mim e você é muito preguiçoso. Não quero mais que enxugue as minhas lágrimas e nem seque a água da chuva. Você não serve para ser meu amigo. E choramingou: _ Ah se eu pudesse ter uma árvore amiga! Ela poderia me fazer sombra e eu não correria o risco de morrer queimada. Mas onde posso encontrá-la? Cansada, Tica pensou em pedir ajuda ao vento para esfriar os seus galhos: _ Por favor, meu querido vento, sopre os meus galhos porque eles estão ardendo e eu preciso de um sopro para refrescar-me, mas preste atenção para não soprar muito forte porque senão poderei tombar. _ Pois não, amiga, vou tomar cuidado. Respondeu ele. Mas o vento, encantado, distraiu-se com a beleza da brisa que passava ao seu lado e para chamar a atenção dela, soprou tão forte que quase derrubou a amendoeira. Vários galhos soltaram-se do tronco e espalharam-se por toda a terra e a arvorezinha desesperou-se. _ Suma daqui vento maldoso, preciso de alguém que cuide de mim e você é muito distraído. Não quero mais que você me refresque com o seu sopro. E mais uma vez lamentou-se: “Ah se eu tivesse uma árvore amiga, ela poderia balançar os seus galhos suavemente em frente aos meus e eles me refrescariam, e eu não correria o risco de tombar. Mas onde posso encontrá-la?” E adormeceu.
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À noite, a pequena amendoeira sentiu vergar um dos galhos e perguntou. _Quem está aí? Com olhos atentos, respondeu o homem: _ Sou eu pequena amiga. Quero me esconder da lua porque ela fere os meus olhos. A árvore, um pouco aflita, indagou: _ O que você pode fazer por mim? Pode me abrigar da chuva com o seu corpo? Pode me proteger do vento e aparar o sol com as suas mãos? _ Respondeu com voz firme o homem: _ Tudo o que posso fazer é espantar os insetos e pássaros que vêm comer os seus frutos. _ Eu não me incomodo com esses animaizinhos que vêm comer as minhas amêndoas porque elas podem renascer e, além do mais, eles me fazem cócegas e eu quase morro de tanto rir. Falou a arvorezinha com toda a certeza. E continuou: _Portanto, não preciso de você porque não me protege da chuva, do sol e nem do vento, e depois, tem uma coisa: você é muito pesado, e pode machucar os meus galhos. Afaste-se de mim. E a arvorezinha resmungou: _ Ah se existisse outra árvore para me proteger dos homens atrevidos que entortam os meus galhos! Mas onde posso encontrá-la? E adormeceu novamente. Na manhã seguinte, a pequena amendoeira estava repleta de pássaros que vieram construir ninhos entre os seus galhos. “Mas onde posso encontrá-la?” A arvorezinha, zangada, perguntou: _ Por que tanta algazarra? _ A primavera chegou. Responderam os pássaros. O inverno já foi embora e agora os seus galhos ficarão cheios de folhas e frutos que abrigarão os nossos filhotes.
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Claudia Terrien Patricia H. Fuentes Lima Editoras de criação
Luciana Peres Editora de Redação
Gabriel Caymmi Designer Gráfico
Alex Nubisckel Tradutor
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