VERSA MAGAZINE #37 OUT NOV 2016
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CARTA AO LEITOR
Águas pouco exploradas A pesca esportiva tem como finalidade promover lazer, turismo e desporto. Ela está intimamente relacionada com o setor econômico que mais cresce no mundo: o turismo. Economicamente, a atividade ainda é pouco explorada no Brasil, e o segmento que explora este nicho do mercado ainda é pequeno. Nesta edição, a Versa conta a história de um pescador que uniu a paixão ao negócio. Alaor Mezzomo aproveitou a maré da pesca esportiva e criou a Tribo da Pesca. Embarque nessa viagem conosco e conheça os encantos da natureza brasileiro sob o olhar de um apaixonado pelos peixes. Boa leitura!
Fabiana Lima e Tainara Scalco
Expediente da edição #37 Out + Nov 2016 DIRETORA Fabiana Lima // fabiana@revistaversa.com.br EDITORA E JORNALISTA RESPONSÁVEL Tainara Scalco // MTB 17.118 tainara@revistaversa.com.br COMERCIAL comercial@revistaversa.com.br ADMINISTRATIVO Heloísa Boeira CAPA Francisco Gallina DIAGRAMAÇÃO Lisiane Dembinski CRIAÇÃO PUBLICITÁRIA Augusto Mucha Francisco Gallina Janeska Pilatti REVISÃO Edimara Sachet Risso FOTOGRAFIA DE CAPA Marcelo Parizzi FOTOGRAFIA Alex Borgmann Guto Escobar REDAÇÃO redacao@estrategia.art.br PUBLICAÇÃO
A revista VERSA MAGAZINE é uma publicação da Brasil Sul Editora Ltda.
CONTATO fone: 54 3601 0100 CNPJ - 11.962.449/0001-57 Rua Bento Gonçalves, 50 sala 902 Centro - Passo Fundo EMPRESA DO GRUPO
Passo Fundo/RS // fone: 54 3601 0100
Artigos assinados e Informes Publicitários são de responsabilidade de seus autores e podem não caracterizar a opinião da Revista Versa. É proibida a reprodução completa ou parcial do conteúdo desta publicação sem a prévia autorização da Brasil Sul Editora Ltda. Somente as pessoas que constam neste expediente são autorizadas a falar em nome da revista. Tiragem 4.500 exemplares.
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VERSA MAGAZINE #37 OUT NOV 2016
VERSA MAGAZINE #37 OUT NOV 2016
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36. PET
Guarda alternada é alternativa para solucionar conflitos judiciais envolvendo animais
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08. CIDADE
De cara nova, a Gare abre os braços para o público e sacramenta o espaço como um recanto de história e de desenvolvimento
perfil
Alaor Mezzomo coleciona histórias nos rios mais famosos do país e investe na pesca esportiva como negócio ®
VERSA MAGAZINE EDIÇÃO #37 OUT + NOV 2016
CAPA: Francisco Gallina / FOTO: Marcelo Parizzi
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VERSA MAGAZINE #37 OUT NOV 2016
19. MÚSICA
28.
BEBIDAS
O copo impacta no “beber cerveja”. Conheça os diferentes tipos e escolha o seu
Banda General Bonimores lança nova música e desponta no cenário gaúcho
32. ARQUITETURA Há mais de duas décadas, Windowshow apresenta novidades para ambientes modernos e personalizados
10. 31. 16. OPINIÃO
O médico Ronaldo Poerschke fala sobre as aflições da Medicina
DECORA Deixe a sua casa mais bonita com dicas valiosas
CULTURA
Casa de Cultura Vaca Profana movimenta Passo Fundo com manifestações artísticas
Com a palavra, nossos colunistas
18. Cinefilia
Fábio Rockenbach fala sobre o exemplo que vem dos hermanos.
14. Multiversa
A política é tema da coluna de Edimara Risso.
39. Voo livre
“Às vezes, somos compelidos a enfrentar dias que sem apresentam ardilosos.” Ivaldino Tasca.
30. Na cozinha
Delicie-se com a feijoada da super chef Lisete Biazi.
12. SAÚDE
Algumas alergias se destacam pelo caráter inusitado. Veja quais são as mais “diferentes”
40. CONVERSA
O astrofísico passo-fundense Rodrigo Nemmen fala sobre as descobertas científicas e a passagem pela Nasa
15. REFLEXÃO
O movimento que resultou na reforma religiosa do sec. XVI é o tema dessa edição
48. BALADA
Fique por dentro das principais baladas do norte gaúcho
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Um parque de
©AlexBorgmann
cidade
histórias
De cara nova, a Gare abre os braços para o público e sacramenta o espaço como um recanto de história e de desenvolvimento
Redação Versa
Uma coisa é indiscutível: a Gare é o sinônimo de mudança em Passo Fundo. No século XX, os trilhos da estação férrea trouxeram desenvolvimento ao Município. Hoje, a revitalização do parque movimenta o espaço com esporte, lazer e cultura.
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Tudo começou em 1898, com a instalação da estrada de ferro em Passo Fundo. A obra foi o impulso para o término do isolamento da cidade, promovendo o desenvolvimento do comércio, da política e da vida social dos moradores. A inauguração de uma estação fora do então centro da cidade abriu espaço para que a paisagem ao redor também se transformasse. “A estação ferroviária deslocou o antigo centro, que se desenvolvia ao longo do caminho das tropas, para o entorno da atual Praça Marechal Floriano, considerada ainda hoje o centro urbano do município. Após a sua implementação, a linha Passo Fundo-Santa Maria realizava viagens semanais, tendo pouco fluxo de pessoas e de mercadorias. Em 1910, a rede ferroviária do Estado foi completada, ligando o Rio Grande do Sul ao Brasil, aumentando consideravelmente o número de passageiros e carga transportados,” explica a professora Dra. Ironita Policarpo Machado, dos cursos de Mestrado e Doutorado em História da UPF. Foi graças aos traçados ferroviários que a comercialização de madeiras prosperou na região. Os trilhos ligavam o município aos centros de comércio madeireiro, os quais se transformaram em novos municípios. Além disso, o cultivo de trigo também foi incentivado e a migração de trabalhadores
impulsionou a constituição de núcleos populacionais urbanos no interior de Passo Fundo. Quem passa pelo complexo ainda pode observar resquícios do passado. O espaço preserva algumas edificações, como a Ruína da Avenida Sete de Setembro, a caixa d’água metálica, o muro da estação férrea e o prédio da antiga Gare. A professora Dra. Ironita relembra que alguns anos depois da construção da estação, foi erguido o muro com as iniciais V.F.R.G.S. para delimitar o espaço do pátio. A obra apresenta um estilo proto-racionalista, característico em todas as edificações ferroviárias construídas pelo governo gaúcho na época. “A revitalização do Parque da Gare, finalizada recentemente, tem muitos significados, dentre eles, destacamos o político, o cultural e o histórico. Embora entrelaçados, pode-se dizer que o significado político revela a postura comprometida do Poder Público Municipal com a comunidade porque, ao revitalizar a Gare, assim como outros espaços, reconhece que uma cidade tem memória e lhe dá o direito de reconhecê-la, valorizá-la e preservá-la. Um projeto de cidade se constrói democratica e concretamente, sem borrachas que apagam o seu passado, prospectando a socialização,” finaliza a Professora. VERSA MAGAZINE #37 OUT NOV 2016
©ArquivoPPGhistóriaUPF
1960
Prédio da Gare
A Gare da Antiga Viação Férrea foi tombada como Patrimônio Histórico Cultural de Passo Fundo em 1991. O edifício em madeira, material abundante na região à época, despojado de ornamentação, totalmente funcional e com estrutura de ferro, foi pensado para suportar o balanço causado pelo embarque e pelo desembarque dos trens.
Vista aérea 1968
Pátio da Gare na rua General Canabarro nos anos 40.
Caixa D’água
A caixa d´água, construída em concreto e em estrutura metálica, foi inaugurada em 1927, caracterizando as edificações da era industrial. O tombamento oficial ocorreu em 20 de janeiro de 2012, junto com a ruína.
Estacionamento 2012
Ruína da Sete de Setembro
Parque da Gare 2016
©AlexBorgmann
A Ruína da Avenida Sete de Setembro constitui um monumento em alvenaria de tijolos, o qual fazia parte das edificações técnicas do complexo ferroviário da cidade de Passo Fundo. Originalmente, tratavase de um dos depósitos existentes. Ao ser incorporado ao projeto do Parque da Gare, ganhou importância paisagística, fazendo referência ao porte original do complexo ferroviário da cidade, que não se resumia à estação.
De cara nova
Com aproximadamente 5 hectares, a área da Gare recebeu investimentos e foi inaugurada na metade de 2016. Foram valorizados os espaços verdes com a recuperação de Dezenas nascentes e a preservação de pessoas da flora. A feira do produtor desfrutam da ganhou um novo e amplo estrutura. espaço, com cerca de 1100 metros quadrados. O parque conta ainda com uma central de segurança, novos banheiros, um bar, quadras de esportes, um anfiteatro e um lago artificial. VERSA MAGAZINE #37 OUT NOV 2016
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Ronaldo André Poerschke
Opinião. Síndrome de
Krankenhaus
numa página aleatória e deparo-me com a pérola: “o desejo de todo o médico é que seus pacientes morram com saúde!”. Vida e morte fazem parte do mesmo ciclo. Uma relação indissolúvel. Porém, o trabalho do médico não acaba em hipótese alguma com a morte. Quintana apresenta uma interpretação simples de ©Depositphotos
O ingresso na escola médica é cercado de alegria. Passar nas difíceis provas de vestibular é sinônimo de muito estudo e, consequentemente, de uma sensação de vitória. Em meio a esse clima de euforia, poucos sabem que estão entrando numa profissão e num mundo altamente insalubre. Insalubridade em todos os sentidos possíveis para o termo. A tomada de consciência desse fato ocorre pelo meio da faculdade. Infelizmente, muitos não absorvem isso e abandonam o curso, alguns, infelizmente, até a vida. Krankenhaus significa hospital em alemão, que em tradução literal é casa de doente (krank é doente haus casa). Um termo bem mais objetivo que o latino hospital, na definição das instituições de saúde,já que hospital vem de hospites ou hospedar. Casa de Doentes! Nelas estão presentes a dor e o sofrimento, e em consequência, conflitos e estresse. Ao mesmo tempo, são locais de superação, de dedicação e de aproximação. Talvez, aí, o “hospites” caia bem na definição. Como regra, são lugares para se conhecer melhor a natureza humana. As pessoas no limite da vida, da sanidade, da capacidade humana e da exaustão nos ensinam muito! Aprender depende da postura adotada. Deparar-se com essa realidade complexa pode ser difícil para os mais jovens. Foi graças a Mário Quintana que superei a minha Síndrome de Krankenhaus, termo que criei, quando estudava alemão, para definir esse conflito do meio do curso de medicina! Numa manhã, afligido pelas questões da existência, deparei-me com uma frase do “Poetinha”. Minha colega de turma, Edinéia Da Lagui, ganhara uma agenda chamada “Diário Poético”, onde para cada dia havia uma poesia do Mário Quintana. Peço para ver, abro
As pessoas no limite da vida, da sanidade, da capacidade humana e da exaustão nos ensinam muito!
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um importante trinômio médico: “às vezes curar, aliviar muitas vezes e confortar sempre”. Obrigado ao poeta que dava milho aos pombos e que nos premiou com suas reflexões! “Quem é o velho que me olha no espelho!” Fechei a agenda e devolvi, dizendo: “Estou curado!”. Ronaldo André Poerschke é cirurgião vascular e endovascular, professor das faculdades de medicina da UPF e UFFS e orientador do programa de Residência Médica de Cirurgia Vascular do HSVP.
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saúde
Incomuns e incômodas
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Alergia ao frio
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Alergia ao próprio filho
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Reações do organismo a estímulos do ambiente, algumas alergias se destacam pelo caráter inusitado
Alimentos, poeira, insetos, frio. São muitas as causas de alergias – um quadro clínico que nada mais é do que uma resposta do sistema imunológico à presença de uma substância estranha ao organismo ou à hipersensibilidade causada por um estímulo externo. A explicação até parece simples, mas seus sintomas geralmente são bastante incômodos – ainda mais quando se tratam de casos raríssimos na ciência. Elencamos 7 casos de alergias que não só são incomuns como também dão maior dor de cabeça para quem sofre com elas. 012
Se você sempre achou a expressão “morrendo de frio” um tanto exagerada, saiba que ela pode ter uma interpretação literal. Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia, a exposição ao frio intenso pode causar graves urticárias em jovens adultos acometidos pela doença, que tem incidência estimada em 0,05% da população. Geralmente motivada pelo contato com ar, líquidos ou objetos frios, a alergia à temperatura baixa pode causar urticárias generalizadas, dores de cabeça, hipotensão e até perda de consciência. O risco de morte aumenta em casos de mergulhos em águas geladas ou pelo consumo de bebidas ou comidas geladas, que podem causar o inchaço da laringe e, consequentemente, provocar a sufocação. A boa notícia é que em 50% dos pacientes a doença sofre remissão em até cinco anos.
A alergia um tanto inusitada atinge principalmente as mães de primeira viagem. Foi o caso da britânica Dayle Byrom, que durante a 20ª semana de gestação sofreu com os sintomas do que os médicos chamam de Erupção Polimorfa da Gravidez (EPG). Apesar de não afetar o bebê, a alergia causa grande desconforto na mãe, incluindo extrema coceira e vermelhidão. Não há consenso no que diz respeito à causa exata do quadro – estudos conduzidos pela British Association of Dermatologists indicam que há mais casos entre mães carregando filhos do sexo masculino, o que levanta a possibilidade da alergia ser resultado de uma reação à testosterona gerada pelo feto, embora não haja ainda confirmação científica. A boa notícia é que a dermatose é curada após o nascimento e não costuma se repetir nas gestações seguintes. VERSA MAGAZINE #37 OUT NOV 2016
Alergia à água
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Alergia ao sêmen
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Basta o contato da pele com a água para que uma reação alérgica apareça – e os efeitos podem demorar até duas horas para desaparecer. Diferente de outros tipos de urticária, causadas pela liberação de histamina, a urticária aquagênica é geralmente provocada por uma rara hipersensibilidade às substâncias presentes na água nãodestilada, como o cloro. A doença rara não causa inconvenientes só no momento de se banhar: suor, lágrimas e até mesmo a ingestão de um pouco d’água para aliviar a sede são grandes desafios para quem sofre da doença que ainda não possui cura.
No mundo, foram documentados pouco mais de 80 casos da rara alergia também chamada de “hipersensibilidade ao plasma seminal humano”. Os sintomas, normalmente manifestados logo depois do contato com o líquido durante o sexo, incluem queimação, inchaço, coceira, dificuldade para a respiração, hipotensão e náuseas. Muitas vezes confundida com uma DST, a alergia pode ser evitada com o uso de camisinha e seu tratamento é simples.
Alergia ao sol
Não adianta apenas usar filtro solar. A doença, também chamada de erupção cutânea fotoalérgica, fotoalergia ou fotodermatose, é causada por uma reação do sistema imunológico desencadeada pela exposição ao sol. Suas causas podem ser várias – acumulação na pele de substâncias tóxicas depois da incidência solar, sensibilidade causada por medicamentos ingeridos ou fatores hereditários.
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Alergia à vida moderna
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Alergia a exercícios físicos
Ou, mais especificamente, à eletricidade e aos campos magnéticos. “A sensibilidade à radiação eletromagnética é o problema de saúde do século XXI. É imperativo que os profissionais de saúde, governos, escolas e pais aprendam mais sobre a condição. Os riscos para a saúde humana são significativos”, afirma o pesquisador William Rea, fundador e diretor do Centro de Saúde Ambiental e Ex-Presidente da Academia Americana de Medicina Ambiental. Autor de um importante estudo sobre a existência dos aspectos clínicos da sensibilidade elétrica, Rea é um dos poucos estudiosos que se dedicam ao estudo da rara condição ainda pouco explorada pela ciência.
©Depositphotos
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Um aviso aos preguiçosos de plantão: você não ia querer ter alergia a exercícios físicos só para poder continuar sentado no sofá. A alergia, associada a 17% dos casos de urticária crônica autoimune, segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia, possui um quadro clínico pouco agradável: além de coceira intensa, sensação de calor, ruborização, urticária gigante, inchaços, tonteira, vômitos, cólica e diarreia, em casos extremos pode levar até à morte. Podendo ser desencadeada pela ingestão de alimentos e remédios, o ideal é fazer um acompanhamento médico em caso da manifestação de sintomas da alergia.
fonte: Wikimedia Comomons 013
Edimara Sachet Risso
MultiVersa nós e nossos
muitos universos
Vertedouro de corruptos
Se há algo sobre o que gostamos de palpitar é a política. Claro que isso decorre do fato de sermos seres que vivem em sociedade, que dependem uns dos outros e desse sistema que criamos, queiramos nós ou não. E (aleluia!) nunca se viu tanta opinião e tanto palpite como nos últimos tempos. E nem tanta briga! Não se sabe precisar quando foi mesmo que a sociedade dividiu-se de um grupo que Já procurei convive e precisa pensar as coisas comuns para se tornar um amontoado de ideologias e não há um aparentemente conflitantes, mas rotineiramente parlamentadas como sendo as ideais vertedouro e as mais acertadas para conduzir o destino das pessoas. O que me amedronta são as de políticos posições arraigadas e tão hermeticamente e ensimesmadas que não se corruptos em enclausuradas dão ao trabalho sequer de observar se de fato Brasília. Eles não é hora de revê-las. Nesse mundo de opiniões políticas, há vertem das os pessimistas, que pensam que a corrupção só piora, que a cada dia mais estamos retrournas, a cada 2 cedendo, que o passado, sim, era bom, que há mais políticos como antigamente... anos. Todos são não Não sei se são iludidos ou querem lavar as forjados em mãos. Há os otimistas (aos quais me filio) que pensam que, na verdade, as coisas apenossas mãos, nas se estão tornando mais transparentes. Corrupção sempre existiu e sempre existirá. seja à moda É difícil admitir, mas somos corruptíveis por natureza e todo poder corrompe. Por isso Pôncio Pilatos mesmo, é saudável que haja a alternância. ou pela escolha Como Iluminista, Montesquieu já dissera que “todo homem investido em poder é tentado consciente. a abusar dele”. E ele mesmo já sugerira: “para que não se possa abusar do poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o poder freie o poder”. Suas ideias (embora ainda elitistas), já demonstram o nascimento do poder tripartido, que mais tarde se conformou em Legislativo, Executivo e Judiciário. Todos só se podem sustentar se forem legítimos. Caso contrário, o “poder sem moral transforma-se em tirania”, como pregou, mais tarde, Jaime Balmes, filósofo catalão. Há, ainda, os que, no mundo de hoje, não querem se envolver. Outro dia, sentada em um local público à espera de um compromisso, ouvi um senhor que lamentava a corrupção e incitava a senhora a quem 014
se dirigia a votar em branco, pois, para ele, pude concluir, não votando, não seria responsável pelos atos de quem não usa o mandato de forma adequada. É uma forma de também lavar as mãos... certa vez ouvi Costanza Pascolatto contar que, depois de sua família ter passado por um campo de concentração na II Guerra Mundial, foi aconselhada por seu pai a nunca pensar e nem falar em política se quisesse ser feliz. Eu também tento, me esforço. Juro! Mas não consigo. Talvez seja a consciência política que herdei de minha mãe e de meu pai. Talvez minha formação constitucionalista. Afinal, não há nada que habita mais o limite entre a política e o direito que uma constituição. Tenho cada vez mais lido e guardado para mim minhas opiniões. Limito-me a expressá-las quando percebo que alguém está sendo doutrinado e precisa conhecer ao menos que há um outro lado em cada ideologia pregada (sim, às vezes parece pregação!). Não tem sido fácil compor interesses. O que todos concordam é que não queremos que tratem a coisa pública como coisa de ninguém. Eu poderia citar mais uma centena de estadistas e de estudiosos para ilustrar essa relação de ascensão e uso do poder. Prefiro, hoje, dar um depoimento: como professora de Direito, uma das atividades que me dá mais satisfação é desenvolver o projeto de visitação técnica a Brasília. Durante uma semana, vamos a diversos órgãos do Poder Executivo, do Poder Legislativo e do Poder Judiciário com sede na capital da República. E posso lhes garantir: já procurei e não há um vertedouro de políticos corruptos em Brasília. Eles vertem das urnas, a cada 2 anos. Cada prefeito, cada vereador, cada governador, cada deputado e cada senador em Brasília, presidente da República e vice. Todos são forjados em nossas mãos, seja à moda Pôncio Pilatos ou pela escolha consciente. E, mais: são alimentados por nossos comportamentos que, por sua vez, são guiados por nossas vontades, sejam elas diretamente interessadas ou não por política... Edimara Sachet Risso é multiversa: seu mundo tem vários universos. É mãe, filha, irmã, esposa, amiga, dona de casa, estudante e professora de Direito e de Português, advogada, empresária, empregada e empregadora, rotariana, cidadã. Tem bicho de estimação, cálculo renal, TPM, enxaqueca, fibromialgia, vive brigando com a balança, não acha tempo para ir à academia e enfrenta o trânsito. E pensa nisso tudo ao mesmo tempo. É multiversa. É mulher.
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reflexão
MENSAGEM SOBRE A REFORMA RELIGIOSA DO SÉCULO XVI O assunto de hoje está ligado ainda ao movimento que resultou na Reforma Religiosa do Século XVI (16), comemorado nos meios evangélicos no mês de outubro, quando Martinho Lutero afixou as 95 teses em discordância com a Igreja Romana, na catedral de Wittemberg, na Alemanha, em 31 de outubro de 1517. Delas foram extraídos Quatro Princípios Básicos da Reforma Religiosa, que são: 1º Supremacia da fé sobre as obras; Efésios 2:8 - O justo viverá pela fé 2º O sacerdócio universal do crente i pedro 2:5 e 9 3º Jesus cristo, o único mediador (salvador) - i timóteo 2:5 4º o livre exame das escrituras joão 5:39 5º A supremacia da bíblia sobre a tradição - mateus 15:1-10. Entre as 7 parábolas contadas pelo Senhor Jesus em Mateus capitulo 13, a parábola do Tesouro Escondido está relacionada a uma profecia sobre um determinado momento histórico e profético na vida da igreja. Esse seria o momento em que a Bíblia, como Palavra de Deus, iria ser colocada na mão do crente para ele conhecer com mais profundidade a salvação pela graça do Senhor Jesus, por meio da fé, o sacerdócio universal do crente e que Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e os homens; e isso através do livre exame das Escrituras.
1. “O reino dos céus...”:
Esta é a expressão usada pelo Senhor Jesus relacionada à existência da igreja aqui no mundo. Esse reino foi estabelecido pelo Senhor Jesus, e implantado no na Terra, quando enviou o seu Espirito Santo para habitar no meio da igreja, permanecendo conosco todos os dias, até a consumação dos séculos (João 14:16).
2. “...Um tesouro...”
Esse tesouro é a Bíblia, a palavra de Deus, que são as Escrituras que o crente tem acesso a elas para achar nelas a vida eterna, pois são elas VERSA MAGAZINE #37 OUT NOV 2016
que testificam do Senhor Jesus. A Bíblia como única regra de fé do crente em Jesus é avaliada como um precioso tesouro, pois ela é a Palavra de Deus e Jesus é essa palavra.
3. “...Escondido num campo...”
A Bíblia estava escondida, ou seja, ocultada aos olhos do homem, pois estava trancada nos baús dos conventos e mosteiros de um sistema de governo religioso que dominava os povos. A leitura da Bíblia era algo vedado ao povo e em seu lugar vigoravam os ensinos da tradição religiosa.
4. “...Um homem achou e escondeu...”
Quem era esse homem? Lutero ao achar esse tesouro, afixando as 95 teses na porta da Catedral de Wittemberg (2), na Alemanha, não foi simplesmente um Reformador ou alguém que fazia um protesto, mas um homem que estava comprometido com a verdade da Palavra de Deus. Os chamados pre-reformadores já haviam vindo antes dele, tais como: os Albigenses no Sul da França, os Valdenses, na França, com o lema: “Bíblia para fé e para vida”, John Wycliff, na Inglaterra, defendendo a “autoridade da Bíblia e não da igreja”, John Huss, na França: “o NT é o guia suficiente para a igreja”, Jeronimo Savanarola, na Itália, pregando contra a vida desregrada do sistema religioso dos seus dias, pagando na fogueira, com a própria vida, o preço da mensagem que pregava. Tambem outros vieram após ele, os chamados pós-Reformadores, tais como Calvino, Zwinglio, Melancton, John Knox e tantos outros que foram colunas mestras do pensamento da Reforma. O nome Reformador não estava ligado ao interesse em criar um novo grupo religioso, mas estava ligado ao propósito de reformar um sistema religioso que andava em completo desvio da verdade.
com certeza”, era a prova de que o Livre Exame das Escrituras garantiria ao crente a guarda da palavra no coração, para não pecar contra o Senhor.“A nossa força nada faz”: era a expressão de quem estava confiado somente no Senhor e não no apoio que teve do homem, na forma de um sequestro que um príncipe da Alemanha lhe fez para livrá-lo de um tribunal que o julgaria para a morte.“Mas nosso Deus socorro traz, com Cristo por defesa”: proclama assim, finalmente, sua total dependência do Senhor.
6. “...Vai, vende tudo quanto tem...”
O tesouro agora estava descoberto. O sentido da descoberta do tesouro está bem colocado no seu valor inestimável, porque ele mais que o mundo, porque falava dos valores eternos e imutáveis que, na mensagem do Senhor Jesus, constrange o homem a abandonar tudo por amor e pelo gozo desse tesouro.
7. “...E compra aquele campo.”
Aquele campo não tinha valor quando ocultava o Tesouro, pois o valor do campo está no Tesouro que escondia, que valorizava apenas os interesses dos seus donos anteriores; eles avaliavam somente as coisas materiais, tão superficiais e de nenhuma valia e totalmente sem profundidade e sem nenhum valor espiritual. Davam mais valor à tradição religiosa do que a Bíblia. A compra desse campo custou uma batalha de 30 anos (1540 a 1570) para a tomada de posse desse campo por parte dos países que optaram por ele. Achado o Tesouro, seu valor estava em ser escondido no coração daquele que o achou. Esse será sempre o valor da Palavra de Deus para o crente em Jesus Cristo.
5. “...Pelo gozo dele...”
O gozo do achado desse homem levou-o a expressar isso na forma de um louvor a Deus. O hino Castelo Forte vai cantar a alegria do grande achado do Tesouro que estava escondido, pois quando diz:“Sim, que a Palavra ficará, sabemos
De Sábado a Quinta-Feira, das 19h30 às 8h Rua: João De Césaro, 588 - Bairro Rodrigues Passo Fundo/ RS - Acompanhe a programação: www.radiomaanaim.com.br/ 015
cultura
Mugidos de cultura
Casa de Cultura Vaca Profana movimenta Passo Fundo com manifestações artísticas em prol do desenvolvimento social
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A casa salmão localizada na Rua Moron, no Centro de Passo Fundo, é um celeiro de talentos. O espaço movimenta os amantes das artes e coloca a cidade no palco artístico do interior gaúcho. Conversamos com a coordenadora de acervos e exposições da Vaca Profrana Mariah Teixeira.
O que impulsionou o surgimento da Casa de Cultura Vaca Profana?
Vaca Profana - Diferentes coisas. Éramos um grupo de amigos ligados a diversas áreas da cultura: artes visuais, cinema, fotografia, música, etc. Juntos percebemos a necessidade da criação de um espaço que mesclasse todas essas linguagens. E numa explosão de ideias diversas surgiu a Vaca. As dificuldades são várias, mas acredito que a maior de todas tem sido educar para o consumo de arte. E consumir não se trata de “comprar”, mas apreciar, fruir, ler, sentir a arte. É difícil tirar as pessoas de casa para que elas se disponham apenas a fazer essa interação. E principalmente a ideia da Vaca é projetar algo além do horizonte que temos.
Que manifestações culturais são desenvolvidas no espaço?
Vaca Profana - A Vaca abraça todas que consegue. Temos espaço de exposição e estamos lutando para a criação de um ateliê livre e coletivo. As paredes são rodeadas de obras 016
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A cultura está em todos os espaços, não é preciso levá-la, é preciso aprender a dialogar com ela.
de diversos artistas locais. A gente também abre espaço para bandas da cena independente do estado, buscando um enfoque no trabalho autoral. Outra parceria interessante tem sido junto ao projeto da extensão Ponto de Cinema UPF, que proporciona a exibição de mostras temáticas e individuais de obras cinematográficas que não entram no circuito comercial da cidade. Fora isso, a poesia, a fotografia, o teatro e diversas outras manifestações. Buscamos dialogar com todas possíveis, e também nos rodear de profissionais da cultura que realmente acreditam no seu trabalho e precisam de um espaço para crescer. É necessário também transformar a cultura para algo que vá além das questões estéticas, mas ideológicas também, é pensar numa sociedade que respeite as diferenças.
A escolha do espaço tem algum significado especial?
Vaca Profana - Não. Escolhemos um espaço central. Um amigo facilitou o contrato de aluguel. No fim das contas, acaba por ter características muito boas, aquelas janelas grandes e a cor salmão dão identidade ao espaço. No futuro, queremos uma porta azul (risos).
Como vocês veem o incentivo à cultura em Passo Fundo? Há espaços suficientes para manifestações na cidade?
Vaca Profana - Se houvesse espaços suficientes não teríamos criado a Vaca (risos). Acredito que a Vaca foi um pontapé inicial, pois em VERSA MAGAZINE #37 OUT NOV 2016
O grupo também desenvolve atividades ao ar livre.
seguida novos espaços foram aparecendo, o que é muito bom. Tem os antigos espaços que estão aí há anos e não recebem investimentos suficientes, nem têm visibilidade, como os Museus: é preciso dar valor para eles, são riquíssimos. Se eu tiver que usar uma palavra para definir políticas públicas para cultura, usaria a palavra instabilidade. Há alguns anos, as políticas de incentivo à cultura melhoraram muito, tivemos um grande crescimento nesse sentido, a construção de políticas públicas tem sido feita de forma horizontal, coletiva, o que faz com que os interesses dos que realmente vivem e trabalham a cultura sejam respeitados. Em Passo Fundo, destaco a criação de setoriais de cultura para pensar políticas públicas para área é um passo importantíssimo e a criação de coletivos de arte, como a confraria das artes, é algo que realmente admiro. Acredito que ninguém cresce sozinho, tudo tem mais força quando tem ação coletiva. Porém, como estamos falando de instabilidade, podemos também perceber as ameaças que nos cercam, tivemos recentemente a quase extinção do MinC. A pasta só se manteve com a força mobilizadora dos trabalhadores da cultura, que exigiram a permanência do ministério. Agora vem uma medida provisória que quer excluir artes do currículo escolar. Quer dizer, hoje vivemos tempos sombrios para a cultura. Temos um governo que: ou não entende a importância das artes para a formação do indivíduo; ou entende muito bem do que são capazes aqueles que sabem que
a arte, a música, o cinema, entre diversas linguagens, é uma arma transformadora para a sociedade.
Vocês acham que, na maioria das vezes, as manifestações artísticas são voltadas para a elite?
Vaca Profana - É preciso criticar a estrutura da arte quandoA não rompe com os padrões dominantes. Sua ideia não contém ingenuidade, é socialmente construída. Se ela é elitista e mercantilizada faz-se necessário criticá-la, pois deve ser acessível. A gente entende que até para arte existe a lógica de mercado e isso é um problema prático, é necessário pensar fora dessa caixa. Por isso, procuramos ter vínculos com a cena independente, que entende a lógica, mas também busca novos horizontes, também os movimentos sociais, ações amadoras ou pedagógicas que não estejam pautadas pela lógica do produto ou expectativa de troca. A Vaca, por exemplo, não tem fins lucrativos, todo dinheiro recebido serve exclusivamente para manutenção do espaço.
Que desafios ainda precisam ser superados para que a cultura alcance as diferentes camadas sociais?
Vaca Profana - O desafio é grande, mas talvez não sejam muitos, sabe por quê? Porque a cultura está em todos os espaços, não é preciso levá-la, é preciso aprender a dialogar com ela. 017
Fábio Luis Rockenbach
Cine
filia.
O exemplo vem dos hermanos
Há alguns anos, a Suécia implantou uma grande novidade no seu currículo básico educacional, que se tornou notícia e poderia se tornar um modelo a ser seguido: tornou o aprendizado da linguagem audiovisual uma disciplina obrigatória do ensino básico. Sempre defendi com meus alunos, normalmente no primeiro dia de aula com eles, que o ensino da gramática audiovisual é essencial nos nossos tempos. Vivemos a civilização da imagem, literalmente. Pare para pensar: quantas vezes, ao longo do dia, você é inundado por mensagens audiovisuais? Quantas vezes ao dia você é assolado por propagandas, filmes, séries, telejornais, programas diversos, qualquer tipo de informação construído pela imagem em movimento, com ou sem som? A civilização da imagem se consolida porque, antes, esse tipo de mensagem necessitava que nós nos deslocássemos em busca dela. Hoje, ela surge naturalmente à nossa frente em plataformas cada vez mais móveis. O celular, independente dos prejuízos que o tamanho da tela pequena traz para a apreciação de um filme e suas qualidades, tornou-se uma grande central multimídia. Somos alfabetizados por imagens em movimento e por sons. Nesse contexto, deveria ser essencial que crianças fosse alfabetizadas, desde o início, das qualidades, características e ferramentas discursivas usadas por esses produtos audiovisuais. As maiores ferramentas de dominação ideológica são audiovisuais. Não é à toa que há 100 anos diretores patrocinados pelo governo soviético que recém havia destituído um Czar apostou pesado no cinema como veículo de discurso ideológico ao proletariado e às massas populacionais que viviam nos campos soviéticos. Pouco depois, foi Hitler quem usou o cinema como propaganda, antes e durante a guerra. Aliados fizeram isso durante esforço de guerra. Governos militares e ditaduras sempre temeram o poder desse tipo de produto, exercendo forte censura sobre seu conteúdo. A propaganda faz uso de particularidades desse discurso para vender ideias e produtos. Políticos
Quantas vezes ao dia você é
assolado por propagandas, filmes, séries, telejornais, programas diversos, qualquer
tipo de informação construído pela imagem em movimento, com ou sem som?
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usam. Empresários. Clubes de futebol. ONGs. Todos sabem que um pequeno filme pode mudar ideias, conduzir pensamentos, manipular, provocar repúdio ou emoção. Saber como isso funciona – e sabendo disso, reconhecer de que formas essa linguagem está sendo utilizada conosco – deveria ser instrumento básico de alfabetização, complementando a educação básica necessária da leitura e da interpretação. Em outras palavras, a construção de um senso crítico completo de um cidadão da civilização da imagem. Isso, porém, parece passar longe das intenções do Ministério da Educação no Brasil. Filmes nas escolas ainda são vistos como substitutos das aulas, recurso preguiçoso, normalmente com a repetição dos mesmos títulos. Na Universidade, apenas um complemento para o conteúdo. Um projeto muito legal da Escola Estadual Monteiro Lobato, em Passo Fundo, está tentando usar a linguagem audiovisual como complemento das disciplinas de língua portuguesa, na conversão para o audiovisual de diferentes narrativas criadas pelos alunos. Ministrei oficinas lá, e o resultado, até agora, tem sido fantástico pelo engajamento dos alunos. A grande questão é quantas outras instituições e professores estarão abrindo os braços para a importância dessa alfabetização básica. Se valesse de alguma coisa a rivalidade com os Hermanos, daria para argumentar que na Argentina, agora no mês de setembro, anunciou-se o ensino da linguagem do cinema no ensino básico como currículo obrigatório. Mas mesmo assim, seria covardia querer que a comparação motivasse alguém no Brasil. A Argentina está anos luz à nossa frente na última década, com uma produção cinematográfica premiada e reconhecida lá fora. Nós, aqui, não importa quantas obras-primas tenhamos produzido – como Que Horas ela Volta?, O Lobo Atrás da Porta ou O Som ao Redor – ainda precisamos lidar sob a batuta de gente que escolhe filmes para nos representar no Oscar menos pela qualidade do que pela influência política. Temos um longo caminho a percorrer, e infelizmente acho que nessa corrida nós já começamos queimando a largada e sendo desclassificados. Fábio Luis Rockenbach é jornalista, especialista em Cinema e Linguagem Audiovisual, professor do Curso de Jornalismo da UPF e co-fundador do Grupo de Pesquisa em Leitura e Interpretação de Imagens da UPF
VERSA MAGAZINE #37 OUT NOV 2016
©Guto Escobar
música
Novo single na playlist General Bonimores lança nova música e desponta no cenário gaúcho
Por Rodrigo “Garras” de Andrade Não esqueça é o novo hit certeiro da banda General BoniMores. É outra composição pop do vocalista Chico Frandoloso, com enorme potencial radiofônico. Muito oportuno, já que a faixa é bem mais que o novo single de um dos grupos mais promissores do pop rock gaúcho. Em Não esqueça, eles entregam uma música sobre todo o seu amor. Se antes, em Dia Feliz — seu principal sucesso —, os BoniMores levavam os ouvintes aos céus em um balão, agora eles vão até a lua em seu disco voador. A faixa está em todas as plataformas digitais de música, como Spotify, Deezer, Apple/iTunes, Tidal, OneRPM, e está sendo veiculada em várias das principais rádios da região sul do país. Também, antes do final do ano Não esqueça ganhará um lançamento físico em um compacto de vinil, o segundo na discografia do grupo. Esse single marca a entrada da General BoniMores em uma nova fase. Sua gravação aconteceu durante as sessões do segundo álbum da banda, o inédito II, VERSA MAGAZINE #37 OUT NOV 2016
que tem lançamento programado para o início do próximo ano. Com produção de Ray Zimmer e mixagem de Marcelo Fruet, Não esqueça é o terceiro e o último de uma série de singles que o grupo vem lançando desde o seu disco de estreia — os anteriores foram Chance e Vai ter que confiar. A banda aproveita o bom momento. Acabaram de realizar uma campanha bem sucedida de financiamento coletivo para finalizar o novo disco. Com uma trajetória honesta e muito trabalho, a ascensão constante na carreira dos BoniMores — assim como todo o seu currículo invejável, vencendo concursos e tocando com diversos nomes importantes da música brasileira — é resultado de muito planejamento em cada passo dado. E Não esqueça é uma peça importante nessa caminhada. De o play e aproveite. Divirta-se vendo a General BoniMores escrever sua própria história. No futuro, lembre-se de agora quando essa canção entrar no Greatest Hits da banda.
A faixa está em todas as plataformas digitais de música, como Spotify, Deezer, Apple/ iTunes, Tidal, OneRPM, e está sendo veiculada em várias das principais rádios da região sul do país.
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VERSA MAGAZINE #37 OUT NOV 2016
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Fisgando oportunidades
Pescador nato, Alaor Mezzomo une a paixão pela pesca esportiva aos negócios. Mentor da Tribo da Pesca, organiza viagens para os principais rios do país e da América Latina.
Tainara Scalco / tainara@revistaversa.com.br O mercado de pesca esportiva tem alavancado os números do turismo náutico no Brasil. De acordo com um levantamento do Sebrae, em 2013, por exemplo, o segmento movimentou cerca de R$ 1 bilhão, com estimativa de 30% de crescimento anualmente. Em quase dez anos, quase dobrou o número de pessoas com o hábito de pescar no país. O número passou de 4 milhões para 7,8 milhões, conforme a Consultoria Marplan. O ramo gera cerca de 200 mil empregos diretos e indiretos, incluindo rede hoteleira especializada, lojas de materiais de pesca, gastronomia, criadores de iscas vivas, condutores de embarcações e guias. Foi impulsionado pela positividade do setor que Alaor Mezzomo uniu a paixão pela pesca aos negócios. Mentor do grupo Tribo da Pesca, ele organiza viagens aos 022
principais rios do país e da América do Sul para a prática da pesca esportiva. “Comecei a pescar quando criança no sítio de meu avô em São Domingos do Sul. Eu frequentava nos finais de semana. Cruzávamos uma longa trilha de árvores e plantações para chegar ao rio com pequenas cachoeiras e enseadas, onde pescávamos traíras, jundiás, lambaris, dentre outras espécies que lá naturalmente habitavam. Existia, ali, uma adrenalina, um desafio, mas não se sabia que aquilo poderia ir além, e muito.” Foi tão além que, em 2001, quando foi contemplado com uma passagem aérea para qualquer lugar do Brasil, Alaor escolheu a Amazônia. “Fiquei apaixonado, voltando a pescar lá todos os anos, descobrindo novos lugares na região e conhecendo mais sobre os segredos do norte do país,” relembra. VERSA MAGAZINE #37 OUT NOV 2016
©Marcelo Parizzi
VERSA MAGAZINE #37 OUT NOV 2016
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perfil
Sempre curioso, ele quis evoluir como pescador, começando com a pesca esportiva, entendendo os prazeres de saber pescar e soltar o animal. Alaor foi aprendendo com os pescadores, os ribeirinhos, os piloteiros, tendo sempre humildade para perguntar desde qual a linha, qual a isca ideal para cada peixe, até a maneira com que deveria trabalhar com a isca, se teria que recolher mais rapidamente ou não, movimentar na vertical ou na horizontal.
Esporte e prazer
“É difícil descrever todas as sensações, mas a adrenalina está em ver os peixes atacando as iscas de superfície, sentir a fisgada, sentir o peixe levar a linha, mergulhar, subir, acelerar, pedir mais linha, ouvir o esforço da carretilha, a linha parar de rolar e perceber que o peixe cansou. Por fim, o prazer vem ao embarcá-lo, analisando e registrando aquele momento e, depois, com respeito, devolvê-lo à água e recomeçar outro desafio,” conta. Alaor confessa que ser pescador esportivo é um estilo de vida, é ir pescar sem a pressão por resultados, é curtir, respeitar a natureza, é estar pescando em harmonia, interagindo e contemplando o que está ao redor, é participar de alguns dos melhores momentos dos nossos amigos, é dar mais valor a forma que se pesca do que o resultado da pescaria. “É simplesmente estar feliz porque você está pescando.”
Comecei a pescar quando criança no sítio de meu avô em São Domingos do Sul. Cruzávamos uma longa trilha de árvores e plantações para chegar ao rio com pequenas cachoeiras e enseadas, onde pescávamos traíras, jundiás, lambaris.
Minha pescaria preferida
©Marcelo Parizzi
O pescador conta que prefere a pesca com isca artificial de superfície. “Aí vemos quando os peixes atacam, por vezes, erram o bote e a isca salta longe, voltam a atacar, outras vezes percebemos o peixe indo em direção à isca e esperamos a fisgada.”
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As excursões variam de R$ 5 mil a R$ 20 mil.
Fiquei apaixonado pela Amazônia, voltando a pescar lá todos os anos, descobrindo novos lugares na região e conhecendo mais sobre os segredos do norte do país.
Há opções de hospedagem em barcos-hotel.
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Em 2003, Alaor começou a organizar os grupos de pesca esportiva. “Começamos entre amigos, um convidava o outro. Nesse período, foram cerca de 10 barcos-hotel diferentes,” relembra. As hospedagens variam, conforme a época do ano, assim como o nível da água oscila. Por isso, deve-se escolher o período mais propício para a pesca. Conhecedor do esporte, Alaor organiza todo o roteiro e fornece instruções prévias à viagem. As excursões variam de R$ 5 mil a R$ 20 mil. “Depende do tipo de estrutura, do meio de transporte, da quantidade de dias, dentre outros fatores.” Para 2017, a Tribo da Pesca deve desembarcar no Panamá, no Chile, além de na já confirmada Amazônia. “Estou em todas as pescarias, não faço somente a venda do pacote.” O objetivo é levar os pescadores e ecoturistas a lugares certos na época certa, onde há toda a estrutura necessária para proporcionar excelentes expedições. “Não sou vendedor de peixe, quem quiser levar peixe para casa deve ir à peixaria. Em nossas expedições vamos a alguns lugares remotos, normalmente saímos de Manaus com aviões fretados e pousamos a algumas centenas de quilômetros no meio da selva, evitando passarmos dias navegando para chegar ao destino.” ©Arquivo pessoal
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Grupos de viagem
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perfil
A Amazônia é um dos principais destinos de pesca no Brasil.
Muitos pescadores esportivos vão em busca de determinados objetivos. Alguns querem pescar determinadas espécies, outros querem ir a determinados rios ou a regiões específicas, onde não tem mosquito, usufruir de determinadas estruturas, como barco-hotel, hotéis flutuantes, resort, pousadas. Outros vão em busca do seu troféu. Há também os que têm somente determinado período de tempo. “Temos como atender a todas as necessidades,” explica Alaor. “Nós voltamos apaixonados pela Amazônia, porque lá é totalmente diferente. Acordar no meio do mato, num barco hotel, pra quem gosta desse tipo de coisa, é fantástico.” Alaor também conta que o contato com os ribeirinhos, povo nativo da região Amazônica, é outro ponto alto das viagens. “Conversando com os ribeirinhos, ouvimos histórias fantásticas e percebemos que a noção de tempo e de distância é diferente. A maioria das pessoas utiliza rabetas como meio de transporte, que são lentas, e com elas calculam as distâncias, afirmando que ‘daqui até a cidade demoramos um ou dois dias, para atravessar o rio meio dia.’” Alaor conta que pescar na Amazônia é estar em um dos melhores pontos de pesca do mundo, é estar na maior floresta tropical do mundo, é sentir o quanto somos pequenos perante a natureza, andamos por horas de lancha num labirinto formado por centenas de ilhas e percebemos que andamos pouco. O filho Mateus, atualmente com 17 anos, também é companheiro de pescaria. O jovem conheceu a Amazônia com 10 anos. Quando pode, Mateus sempre acompanha o pai. 026
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Apaixonado pela Amazônia
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O Brasil é ainda um mercado que tem muito a crescer, ainda mais se comparado aos Estados Unidos. Lá, a pesca esportiva emprega mais trabalhadores do que a somatória da indústria automobilística e autopeças.
Tucunaré: o embaixador da pesca esportiva
O objetivo é levar os pescadores e ecoturistas a lugares certos na época certa.
O tamanho do peixe depende da região. Há exemplares desde o Paraná, no lago de Itaipu até a Amazônia. Embora seja possível pescar Tucunaré em vários estados brasileiros, os grandes exemplares de Tucunaré-Açu e Tucunaré-Paca somente se encontram na região de Barcelos, na Amazônia, o que atrai pescadores esportivos de todos os lugares em busca do seu troféu. O Brasil é ainda um mercado que tem muito a crescer, ainda mais se comparado aos Estados Unidos. Lá, a pesca esportiva emprega mais trabalhadores do que a somatória da indústria automobilística e autopeças. Só a área de equipamentos de pesca movimenta entre os norte-americanos cerca de US$ 45 bilhões ao ano. Apesar de ainda ser pequena se comparada a outras práticas esportivas como a natação ou a corrida, por exemplo, a pesca esportiva, que tem como menina dos olhos as espécies de peixes Tucunaré, Dourado e Robalo, chama a atenção O filho Mateus, do mercado. No ano passado, a atualmente com consultoria Ipsos apurou que 17 anos, também é companheiro de 53% das pessoas que pescam pescaria. são da classe A e B, sendo que em nove mercados analisados, dentre 50 milhões de brasileiros, 8 milhões têm esse hábito. VERSA MAGAZINE #37 OUT NOV 2016
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Ramo em expansão
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cerveja
Escolha o seu!
PILSNER
Conhecido como “tulipa” pelos brasileiros, é ideal para as cervejas dos tipos Pilsen. Possibilita a formação de um bom creme e direciona o aroma do lúpulo para o nariz.
O copo impacta em dois pontos importantes no “beber cerveja“: o aroma da bebida e também a apresentação.
LAGER (chope)
São os tradicionais copos de chope. A diferença para os tulipas é que a tulipa tem a boca mais aberta, um pé mais fino, longo e elevado.
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PINT CALDERETA
Por comportar um volume um pouco acima de 300 ml, é uma alternativa mais adequada do que outros copos genéricos, portanto uma boa opção para se ter em casa quando não se pode ter os diversos estilos recomendados. Também leva o nome de Shaker.
Foi idealizado por ter um desenho simples, barato e que comporta grandes quantidades de cerveja.
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FLAUTA
WEIZEN
Permite que se admire o corpo e a cor da cerveja, bem como a expansão do creme. E como são altos, possibilitam que todo o conteúdo de garrafas de 500ml sejam colocados no copo, incluindo o fundo com as leveduras, e ainda sobre espaço para a espuma, como manda a tradição do estilo.
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TULIPA
Ideal para cervejas que possuem bastante creme. O desenho é baixo e elegante, permitindo também observar a evolução da espuma. Não confundir com o que chamamos aqui no Brasil de Tulipa, que na verdade é um copo Pilsner. A Tulipa parece mais com uma taça de conhaque, porém com a boca do copo virada para fora.
Geralmente, são mais usados para beber espumantes e champagnes, mas são ideais para cervejas do tipo Faro, Lambic, Gueuze ou as champegnoises, como a belga Deus e a brasileira Lust. O fato de serem esguios possibilita que o creme demore mais para se dissipar, mantendo as qualidades da cerveja no copo.
CANECA
Muito usada para servir chope ou cervejas vendidas na pressão. Podem ter vários tamanhos e formatos, mas normalmente são robustos, de vidro grosso, e algumas têm até apoio para o polegar na alça, para ajudar com o peso do copo mais a cerveja. Também podem ser de cerâmica e metal, mas para degustações, prefira as de vidro mesmo, maior garantia de não influenciar no sabor da cerveja.
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gastronomia
Na cozinha
com Lisete Biazi
(para 10 pessoas) Ingredientes:
• 500g de charque de traseiro
• 500g de costela suína defumada • 500g de linguiça toscana • 500g de entrecot suíno • 500g de picanha suína
2. Cozinhe o charque já picado em cubos médios, sempre espetando com um garfo até chegar ao ponto macio. Despreze a água do cozimento. 3. Cozinhe as costelas defumadas, também cortadas, usando o mesmo método do charque.
• 500g de paio (sem a pele)
4. Pique todos os temperos em cubinhos bem pequenos.
• 1 kg de feijão preto
5. Corte o restante das carnes em cubos médios e se a picanha tiver com capa de gordura, retire.
• Óleo de milho
• 2 cebolas grandes • 4 dentes de alho
• 2 pimentas dedo de moça • 3 folhas de louro
• Um punhado de manjerona • Sal
Acompanhamentos • 1 kg de arroz
• 100g de bacon sem pele, em cubinhos
• 300g de farinha de mandioca
• Laranja bahia (1 para cada 2 pessoas)
• Couve manteiga (1 maço para cada 2 pessoas) • 2 dentes de alho
• 1 maço de tempero verde Preparo antecipado
• 2 dias antes: comece a demolhar o charque, trocando a água várias vezes ao dia. Mantenha na geladeira.
• 1 dia antes: comece a demolhar a costela defumada, usando o mesmo precesso do charque. • 6 horas antes: ponha o feijão de molho com bastante água e mantenha em local fresco. Hora de pôr a “mão na massa” 1. Coloque o feijão para cozinhar, desprezando a água que ficou de molho, com água o suficiente 030
para um bom cozimento, e o louro, observando até os grãos ficarem macios. Reserve.
Laranja Descasque retirando a pele branca e corte em fatias. Couve Lave as folhas e corte a couve bem fininha. Escalde, rapidamente, com água fervente e escorra bem. Aqueça o óleo e frite 2 dentes de alho picadinhos. Junte a couve e tempere com sal.
©Divulgação
FEIJOADA DE CARNES NOBRES
6. Vamos ao panelão: use um fio de oleo de milho e aqueça bem. Comece fritando o charque e as costelas defumadas e vá acrescentando as outras carnes, sempre as deixando bem douradas. Caso a panela já esteja muito cheia, use um recipiente grande para apoio durante esse processo. 7. Agora que já formou uma crosta no fundo da panela, é hora de fritar os temperos: cebola, alho e pimenta, tudo bem refogado. 8. Junte todas as carnes e vá acrescentando o feijão. O ideal é começar pelo caldo, pois ele vai ajudar a soltar o fundo (todo o sabor) da panela. 9. Acrescente a manjerona picadinha, corrija o sal e elimine as folhas de louro. Nesta etapa, sua feijoada vai encorapando e os temperos se pronunciando. Vá fazendo os acompanhamentos, mas sem abandonar o prato principal. Farofa Em uma frigideira grande, frite todo o bacon até ficar crocante. Acrescente farinha de mandioca e vá virando devagar para torrar levemente. Finalize com tempero verde picado e sal. Arroz branco Prepare à sua maneira.
À frente do Buffet do Clube Comercial de Passo Fundo há 24 anos, Lisete Lütz Biazi costuma dizer que trabalha com o lado bom das pessoas: as festas. Acredita que nem só de pratos sofisticados vive a gastronomia. A comida simples e bem feita também é muito apreciada até pelos mais exigentes paladares e é por essa versatilidade que seu trabalho constitui-se como um desafio diário, que exige muita criatividade, disciplina e estudo. Valoriza o comprometimento de sua equipe – alguns funcionários lhe acompanham desde o início – e afirma que sozinho não se chega a lugar nenhum.
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decora
ESTILO VINTAGE
CHURRASQUEIRA NA ESTICA
Uma das coisas mais legais da decoração vintage é a possibilidade de o ambiente remeter a algo que ficou guardado na memória afetiva. Isso faz com que o lugar tenha aquele clima de casa da avó, algo que por si só já dá um aconchego no coração.
Ela é a cara do gaúcho. A churrasqueira também merece atenção especial na hora de decorar a casa. Inspire-se e deixe esse espaço com gostinho de quero mais.
MENOS É MAIS
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Em tempos de consumo desenfreado, acumulamos um monte de coisas que, muitas vezes, não são necessárias. Além de ocupar espaço, essa “tendência” mexe no bolso e dificulta a conservação dos ambientes. Na contramão dos excessos, a decoração minimalista tem ganhado cada vez mais adeptos. A proposta desse estilo é utilizar poucos móveis e objetos para compor os ambientes. Bom gosto e eficiência podem, sim, andar de mãos dadas.
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ARQUITETURA
O seu cantinho merece Há mais de duas décadas no mercado, Windowshow – Casa das Persianas apresenta novidades para ambientes modernos e personalizados. É praticamente impossível entrar na Windowshow e não imaginar as persianas modernas da Hunter Douglas nas janelas de casa, as almofadas personalizadas no sofá da sala e o tapete cetim completando a decoração do quarto. Unindo qualidade, bom gosto e sofisticação, a loja é um prato cheio para arquitetos e designers de interiores, e o passaporte para o lar dos sonhos. Com um portfólio recheado de novidades e tendências, a Windowshow oferece, além das famosas persianas, papéis de parede, cortinas, tecidos para cortinas e revestimentos, almofadas exclusivas, tapetes, toldos e ombrelones, rodapés, motorização e assistência técnica. 032
Massagem para os pés, beleza para os olhos Eles são responsáveis por aquele toque aconchegante nos ambientes. Os tapetes dão conforto e personalidade aos espaços. A Windowshow - Casa das Persianas oferece tapetes personalizáveis em formatos, estampas, logotipos, tamanhos e cores. Além disso, também é revendora da linha Style Brazil. Os tapetes da marca são inovadores: podem ser lavados na máquina e são produzidos com matéria-prima sustentável.
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Sombra e água fresca
A Windowshow agora oferece ombrelones para residências e áreas comerciais. O produto da renomada marca suíça Glatz são de alta performance e design diferenciados em soluções para proteção solar.
Almofadas personalizadas
Que tal embelezar o seu ambiente com almofadas personalizadas? Sob o toque artístico de Zoraia, proprietária da empresa, a Windowshow oferece diferentes modelos de almofadas: lisas, estampadas, decoradas, com ou sem texturas.
Definir o acabamento adequado para o interruptor ou tomada pode não parecer uma prioridade, mas são esses pequenos detalhes que irão valorizar e dar personalidade ao projeto de interiores. Pensando nisso, a Siemens desenvolveu uma linha de interruptores com diferentes combinações: desde peças em materiais reais, como madeiras, metal e vidro, com aplicação do exclusivo cristal Swarovski Elements, até placas em acrílico espelhado, solução ideal para complementar projetos onde o uso desse material esteja presente.
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Interruptores com Swarovski
Cortinas e acessórios
Ideal para ambientes com decoração mais tradicional, ou para dar um toque de requinte às tradicionais persianas, as cortinas de tecido ganham um brilho especial com acessórios como ponteiras e pingentes. Na Windowshow- Casa das Persianas você encontra todos esses itens e ainda conta com uma grande variedade de tecidos e modelos que fazem toda diferença. VERSA MAGAZINE #37 OUT NOV 2016
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Acabou a relação. Quem fica com o pet? A discussão chegou ao Judiciário e a solução tem sido a guarda alternada dos animais de estimação
Redação Versa
O assunto ainda é considerado novo, mas tem levantado significativas discussões. O novo membro da família, o peludo de quatro patas, virou alvo de disputa em ações de divórcio ou dissolução de união estável.
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“A segunda Vara de Família e Sucessões de Jacareí (SP) estabeleceu a guarda alternada de um cão entre ex-cônjuges. O juiz Fernando Henrique Pinto reconheceu que os animais são sujeitos de direito nas ações referentes às desagregações familiares.” O trecho acima é de um periódico do centro do país especializado em notícias jurídicas. Mas, o assunto se espalhou e tem sido motivo de disputa em diversas Varas do Brasil. O pet alcançou status de membro da família e, em muitos casos, é considerado filho. Nesse contexto, não é surpresa a recorrência ao Judiciário para decidir o destino dos animaizinhos. A advogada e professora de Direito de Família da Universidade de Passo Fundo Renata Tagliari explica que o animal não pode ser considerado um ser humano, da mesma forma que também não se pode olhá-lo como um patrimônio. “Acho que o mais ade-
quado é chamar o pet de ser senciente. Esse termo significa que ele possui capacidade de sentir emoções como amor, tristeza, felicidade, prazer e dor. Assim, se enquadraria a uma situação familiar,” explica. Os juízes têm adotado a decisão de alternar a guarda dos bichinhos entre os ex-companheiros. No fato que abre essa matéria, o magistrado justificou a alternância afirmando que por se tratar de um ser vivo, a sentença deve levar em conta critérios éticos e cabe analogia com a guarda de humano incapaz. “Para o bichinho, a guarda alternada é uma excelente alternativa, porque, na verdade, a pessoa quer compartilhar a companhia do animal, então nada mais justo do que alternar essa companhia. O pet tem afinidade com as duas pessoas, não é uma questão de referência, como com uma criança,” complementa a professora Renata. 037
pet
©Depositphotos
O pet é considerado membro da família em muitos lares.
Evidências científicas
Evolução legislativa
“A mudança social não acompanha a lei. A lei está sempre atrás da evolução social. Esse fato é uma evolução social, é uma demanda social que vai obrigar a lei a se adaptar,” explica Renata. Em análise na Câmara dos Deputados, uma proposta busca regulamentar a guarda de animais de estimação em casos de separação judicial ou divórcio litigioso. O projeto de lei (PL 1365/2015), do deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP), garante que a guarda se estabeleça em razão do vínculo afetivo criado entre uma das partes em litígio e o animal, e das condições de bem exercer a propriedade ou posse responsável. “Os animais não podem ser mais tratados como objetos em caso de separação conjugal, na medida em que são tutelados pelo Estado. Devem ser estipulados critérios objetivos em que se deve fundamentar o Juiz ao decidir sobre a guarda”, argumenta o parlamentar. Na avaliação de Tripoli, a afetividade é um componente essencial na discussão sobre o bem-estar do animal.“Quando existe uma separação litigiosa, há o componente da afetividade para que o animal fique com um ou com outro. O ideal seria a visitação compartilhada, onde pudessem os dois ter a posse do animal. A posse responsável é fundamental, mas a afetividade também”. O projeto tramita em caráter conclusivo e será votado pelas comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. 038
Para o bichinho, a guarda alternada é uma excelente alternativa, porque, na verdade, a pessoa quer compartilhar a companhia do animal, então nada mais justo do que alternar essa companhia.
Renata Tagliari, advogada e professora de Direito de Família da UPF
Uma vez consideradas totalmente absurdas, hoje emoções animais são uma fonte legítima de pesquisa. Embora os seres humanos não possam saber ao certo o que um animal está sentindo, podem observar mudanças no comportamento e fisiologia dos bichos, e inferir seus sentimentos. A evidência é ainda mais atraente quando descobrimos que essas mudanças refletem as próprias mudanças vistas em nossos corpos quando somos expostos a estímulos semelhantes. Na Universidade de Viena (Áustria), uma pesquisa ensinou cães a selecionarem símbolos e imagens em uma tela de computador tocando-os com o nariz. O estudo foi usado para mostrar que os cães, como nós, olham primeiro para o lado esquerdo de um rosto humano, onde os cérebros processam mais emoção. Assim, eles começam uma leitura rápida dos nossos humores e intenções. Isso tudo acontece em uma fração de segundo e, como nós, os cães provavelmente não sabem que estão fazendo isso. Estudos preliminares também mostram que centros de recompensa do cérebro acendem quando os cães veem um sinal com a mão que normalmente é seguido por algo bom (um biscoito), mas não acendem para um sinal neutro. Da mesma forma, dentro de uma máquina de ressonância magnética, quando os cães sentiram cinco cheiros (o seu próprio, de humanos familiares, de humanos estranhos, de cães familiares e de cães estranhos), seus cérebros registraram uma resposta mais forte ao humano familiar. Parece que a noção de que o cão é “o melhor amigo do homem” é uma faca de dois gumes. VERSA MAGAZINE #37 OUT NOV 2016
Ivaldino Tasca
livre.
Voo
Meu chapa, chapa e chapa quente Boa parte dos cidadãos brasileiros (há quem jura que alguns letrados estão na dança) não raramente corre o risco de ser engolfado pelas armadilhas em que podem se transformar os 435.000 verbetes catalogados no dicionário Aurélio Online. Isso, sem contar que alguns são rotundamente ardilosos por possuírem o dom do camaleão e – sem aviso prévio – e transmutem em incontáveis significados. Não é difícil sacar as capciosas circunstâncias. Assim, Mara é nome da mulher amada, da artista querida, da moça do seguro, é algo supimpa e ainda significa amarga, guerra, desordem, revolução. Tem duas origens: do hebraico Marah, que quer dizer literalmente amarga e do tupi marã, que significa literalmente guerra, desordem, revolução. Já Tainara é bem mara e é variação do nome igualmente indígena Tainá, que ignifica estrela, perfeita, iluminada. Mas vamos em frente, meu chapa! Em período de azáfama, por exemplo, num dia de cor fúcsia (ou seria rubicundo?) envolto em rara acrimônia, o chapa, desde cedo com cara de quem recebera estrondosa chapa de primeira, todo ígneo, saiu cominando toda viva alma, sem sentir qualquer opróbio em busca do chapa que ajudasse a carregar a chapa velha do fogão à sua chapa na rua de cima, adquirida com adstrita poupança. Com Mara não quis papo. Ao encontrar a Tainara, em busca de informações, parecia ter fogos nas ventas e passou a tergiversar de supetão sem os tradicionais e chistosos ósculos. Mesmo para quem crê viver a mesmice um dia nunca é igual a outro, a consorciação de fatores aleatórios homiziados em valhacoutos impensáveis pode surgir para fazer rir ou assombrar. Naquela manha o noticiário acordara azedo, belicoso: um trem descarrilou por causa de chapa mal colocada, um chapa branca fora pego estacionado em local proibido e o fabricante de chapas frias fora preso em flagrante.
Às vezes somos compelidos
a enfrentar dias que se apresentam
ardilosos, capciosos e até pernósticos
dando a impressão de que todos os eflúvios agradáveis foram abduzidos por algum extraterreste desqualificado.
VERSA MAGAZINE #37 OUT NOV 2016
Gentil a Estrela informou ao chapa que no mercado da esquina ele encontraria a chapa para o cabelo que se esquecera de comprar e que deixara a esposa empedernida desde que saiu da cama. A Iluminada ainda informou que nunca ouvira falar de chapa como instrumento musical militar e que a loja especializada informaria com precisão. Sim, às vezes somos compelidos a enfrentar dias que se apresentam ardilosos, capciosos e até pernósticos dando a impressão de que todos os eflúvios agradáveis foram abduzidos por algum extraterreste desqualificado. Como salienta Fabiana, ou a fava, ou a sortuda – que o português, como disse, tem suas armadilhas – esse dia será ainda mais trágico quando nossa língua parece se tornar loquaz e distraída para se ufanar, toda envaidecida com os versos de Olavo Bilac: “Última flor do Lácio, inculta e bela/ És, a um tempo, esplendor e sepultura:/ Ouro nativo, que na ganga impura/A bruta mina entre os cascalhos vela.../Amo-te assim, desconhecida e obscura... Com o chapa pago pelo trabalho, a chapa velha já colocada na chapa nova, a lixa para limpar a chapa do fogão e a chapa para o cabelo em mãos – evitando outro esquecimento armífero – o chapa foi buscar a nova chapa da avó, tirar chapa para renovar a carteira de motorista e retirar a chapa para conferir a situação do pulmão do filho: o médico suspeita de Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconitico adquirida na viagem à Islândia. Era dia em que nada deve ser procrastinado (nem a chapa no sapato, a aparência nestes tempos modernos pode ser tudo). Deveria, também providenciar nova chapa para o carro, participar da reunião que definiria a chapa no sindicato e mandar imprimir a chapa na gráfica de cima. Após, ainda um pouco transtornado, batendo de chapa nas janelas foi ouvir seu chapa preferido na eletrola recém consertada convencido de que apesar de tudo Bilac tem razão sobre o português: “Amo o teu viço agreste e o teu aroma/ De virgens selvas e de oceano largo!/ Amo-te, ó rude e doloroso idioma”. Ivaldino Tasca é Jornalista e radialista. Reside em Passo Fundo, onde já foi secretário de Meio Ambiente e de Cultura. Atuou na Cia. Jornalística Caldas Junior por dez anos, foi chefe de redação e diretor de O Nacional.
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conversa
“A ciência é muito importante para ficar confinada.”
Rodrigo Nemmen, astrofísico da USP
Da infância hiperativa e curiosa ao Departamento de Astrofísica da Universidade de São Paulo, a trajetória do passo-fundense Rodrigo Nemmen, um reconhecido e autodeclarado nerd, inclui passagem pela Nasa e publicações na revista Science, um dos principais periódicos científicos do mundo. Com um Lattes de dar inveja a qualquer pesquisador, o cientista abriu o seu baú de histórias a Versa. Familiarizado com os holofotes – Rede Globo, Revista Veja, BBC e New York Times – Rodrigo conversou conosco no fim da tarde de uma segunda-feira por Skype. Prontamente, aceitou o convite. Acredita que a ciência é muito importante para ficar confinada. Filho ilustre de Passo Fundo, relembrou a infância “arteira” e astuta sob os livros no interior gaúcho e as principais descobertas como pesquisador na Nasa. A paixão pela astrofísica veio embrulhada nos livros que o então adolescente devorava em meados de 90. O mesmo guri que causava curto circuito em galpão agrícola desbravava o universo das galáxias através da literatura e da dramaturgia. O documentário Cosmos, locado em VHS na famosa Zilvia Videolocadora, serviu de impulso para a escolha da profissão. Aos 16 anos, Rodrigo passou no vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul para o curso de Física. Em tom diplomático, os pais até tentaram sugerir outra profissão, mas o instinto aliado à curiosidade falou mais alto. Nascia nos corredores da UFGRS um grande cientista. Incentivado pela professora Thaisa Storchi Bergmann, ganhou uma bolsa de iniciação científica para estudar buracos negros. Logo chegou ao Mestrado e ao Doutorado na mesma 040
Rodrigo trabalhou como pesquisador durante quatro anos na Agência Espacial Americana. O resultado? Uma pesquisa inédita com grande impacto na área de buracos negros.
instituição. Fez parte do Doutorado na Universidade Penn State, na Pensilvânia, Estados Unidos. Foi em terras norte-americanas que Rodrigo começou a ter contato com a imprensa. Um artigo publicado ainda no Brasil serviu pauta para periódicos internacionais. No final do Doutorado, a decisão estava tomada: seguiria a carreira de cientista. Mandou currículo para as maiores instituições do mundo em busca de uma bolsa que financiasse suas pesquisas. A Nasa o escolheu. Ficou quatro anos na Agência Espacial Americana. O resultado? Uma pesquisa inédita com grande impacto na área de buracos negros. A equipe liderada por Nemmen descobriu que apesar da diferença de peso entre os buracos negros, eles fazem parte de um mesmo “sindicato”, ou seja, tudo o que se aprende sobre um pequeno buraco negro pode ser extrapolado para um grande. Mesmo com a diferença brutal de massa, eles apresentam um comportamento semelhante. Essa descoberta simplificou a compreensão sobre o assunto e rendeu artigos em uma das principais publicações científicas do mundo: a revista Science. Rodrigo voltou ao Brasil em 2014. Desembarcou no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo. É professor de Astrofísica e pesquisador científico. Recentemente, estampou as páginas da Revista Veja como fonte de uma matéria sobre a série do Netflix Stranger Things. O cientista acredita que há muito potencial para ser explorado entre ciência e arte. O hábito de tomar chimarrão, por causa das andanças, Rodrigo acabou perdendo. O que o cientista nunca perderá é a curiosidade e a paixão pela terra natal. VERSA MAGAZINE #37 OUT NOV 2016
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