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AGO + SET 2013

EDIÇÃO #22

VERSA MAGAZINE

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Passo Fundo Av. Brasil Leste, 776, Petrópolis. Próximo ao Bourbon. 2 VERSA MAGAZINE

EDIÇÃO #22

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Nesta Edição

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24. 22.

JORNADA

Capital Nacional da Literatura oferece diversos espaços para os apaixonados pelas letras.

PSICOLOGIA

Crise das mulheres aos 40 anos, mito ou verdade?

10.

SAÚDE

O que é saúde?

68. 70 .

COMPORTAMENTO

Por que ainda estou sozinha?

ECONOMIA

Custo dos estádios da Copa de 2014 dispara e quase triplica.

62. 74.

DECORAÇÃO

Adapte ao seu espaço.

40.

Obstinada por suas ideias, autêntica e direta em sua fala:

Tania Rösing 4 VERSA MAGAZINE

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MEIO AMBIENTE

Plantas também precisam de proteção no frio.

30. 48.

POLÍTICA

Protestos nas ruas e o futuro de nossa democracia.

NEGÓCIOS

Entenda por que o modelo de negócio de pirâmides não se sustenta.

56. 72.

EDUCAÇÃO

O (péssimo) ensino da Língua Portuguesa!

SAÚDE

Definição sobre a intoxicação alimentar.


14. POLÊMICA

Conflito entre indígenas e agricultores no Norte do RS: equívocos do passado no presente.

64.

78.

HISTÓRIA

Passo Fundo completa mais um ano consolidada como principal cidade do Planalto Médio.

SAÚDE

Estudos apontam que 5% da população sofrem com distúrbios do sono.

54.

26. 34.

DIREITO

Descontos em leilões chegam a superar 20%, mas é preciso ter cuidado para o barato não sair caro.

ESPERANÇA

Comunidade terapêutica de Passo Fundo comemora a recuperação de mais de duas centenas de mulheres.

PETTICHE

A companhia de um bichinho de estimação traz inúmeros benefícios ao ser humano.

GASTRONOMIA

Saiba o que é preciso para fazer um bom churrasco.

18.

58.

LITERATURA

15ª Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo debate “Leituras jovens do mundo”.

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EDITORIAL

A literatura e

Tania Rösing

Palavras reunidas formam orações. Textos expressam pensamentos, ideias e posições. A escrita é uma maneira de transmitir para as gerações futuras, formas de aprendizado, cultura e acontecimentos relevantes. Os vocábulos, possuem sinônimos, condição inexistente quando se trata de nome próprio. No entanto, como em toda a regra existe exceção, a cada vez que o nome de Tania Rosing é pronunciado, vem a mente o sinônimo correlato, literatura. Nesta edição da Versa, vamos contar a obstinada e apaixonante história de vida desta guerreira pela literatura. Boa leitura!

Taís Rizzotto e Fabiana Lima

Últimas www.revistaversa.com.br

capas.

Negócios

Expediente da edição #22 Ago + Set 13 DIRETORA Fabiana Lima // fabiana@revistaversa.com.br EDITORA Taís Rizzotto // tais@revistaversa.com.br COMERCIAL Liliane Catto // comercial@revistaversa.com.br Adriana de Lima Becker DIAGRAMAÇÃO Christian Forcelini CRIAÇÃO PUBLICITÁRIA Lisiane Dembinski Paulo Lima Filho JORNALISTAS Taís Rizzotto Tainara Scalco JORNALISTA RESPONSÁVEL Taís Rizzotto // MTB 11.842 tais@revistaversa.com.br FOTOGRAFIA Gui Benck Thiago Goulart REVISÃO Ironi Andrade REDAÇÃO redacao@revistaversa.com.br fone: 54 3601 0100 PUBLICAÇÃO

A revista VERSA MAGAZINE é uma publicação da Brasil Sul Editora Ltda.

Cresce o número de jovens empreendedores no Brasil.

Você na Versa Confira as fotos do evento super badalado das Mimosas.

Edição 19 Ano 3 Fev/Mar 2013

CNPJ - 11.962.449/0001-57 Rua Bento Gonçalves, 50 sala 902 Centro - Passo Fundo

Hacker Perca o pré-conceito de que eles só fazem o mal.

Saúde

Iphone x Android: tecnologia na ponta da mão.

Descubra os tabus da ansiedade.

EMPRESA DO GRUPO

NATÁLIA CASASSOLA A gaúcha de Passo Fundo que não abre mão de dizer o que pensa. ABR + MAI 2013

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Passo Fundo/RS // fone: 54 3601 0100

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores. É proibida a reprodução completa ou parcial do conteúdo desta publicação sem a prévia autorização da Brasil Sul Editora Ltda. Somente as pessoas que constam neste expediente são autorizadas a falar em nome da revista.

Departamento Comercial comercial@estrategia.art.br

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PERFIL EMPREENDEDOR

Empreendedorismo

de sucesso Jovem empresária Ana Paula Faedo Apio conta como conquistou o sucesso da Sexy.com

redacao@revistaversa.com.br

O empreendedorismo de sucesso reflete os bons resultados do negócio que iniciou há oito anos em Passo Fundo. A perspectiva de investimentos, porém, começou muito antes. Empresária Ana Paula Faedo Apio conta como transformou uma pequena loja de lingerie em um dos estabelecimentos referência na área de sex shop da região.

J

á não é mais segredo. Todos sabem que a persistência é a chave dos bons negócios, inclusive, Ana Paula Faedo Apio. Aos 31 anos, a empresária pode se considerar vitoriosa. O início difícil ficou para trás e hoje é lembrado como forma de incentivo para os futuros desafios, perspectivas inovadoras que marcam a irreverência de uma mulher que sempre acreditou em resultados satisfatórios. Formada em Secretariado Executivo Bilíngue, a independência financeira sempre foi uma das prioridades de Ana Paula. O faro apurado para negócios 8 VERSA MAGAZINE

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ajudou bastante nesse sentido. Ainda adolescente, começou a trabalhar no comércio. Vendedora destaque, logo surgiu convites para trocar de estabelecimento. Entre idas e vindas, por onde passou deixou boas referências. Aprendeu a lógica do mercado e decidiu que era hora de seguir o próprio caminho. Hoje, a Sexy.com é referência na região. Desmistificando preconceitos e levando conhecimento do ramo de produtos eróticos, Ana Paula já projeta novidades. Confira a entrevista com a empresária.


Como surgiu a ideia de um sex shop?

As clientes começaram a pedir produtos eróticos logo no primeiro ano da loja. Acho que o nome Sexy.com contribuiu para isso. A princípio, a ideia era vender lingeries, mas como a demanda começou a aumentar, resolvemos (eu e o meu esposo empresário Fabrício Colvero, que hoje segue em outro ramo) investir no negócio. Hoje, temos uma variada linha de ótimos produtos, todos com certificação e consultoria de uso. Nossas consultoras são treinadas para repassar aos clientes todos os detalhes e opções que os itens oferecem. Eu estou sempre em busca de novidades, viajo todo o ano para a maior feira da área do país, em São Paulo. Procuramos oferecer o que há de melhor para a nossa clientela que cresce a cada dia. Muitas pessoas da região procuram a Sexy.com, o que mostra a referência do nosso negócio no mercado.

Ana Paula Apio - Empresária

Existe fórmula para um negócio dar certo?

A persistência é fundamental. Quando comecei com a loja de lingeries no Plazza Shopping, tinha semanas que eu vendia apenas uma peça. Cheguei a levar uma televisão para o estabelecimento de tão deserto que era. Mas, no fundo eu sabia que ia dar certo. Os primeiros anos foram difíceis. Mudamos de endereço, tínhamos contas a pagar, foi arriscado, porém o que não é? As coisas começaram a engrenar quando nos mudamos para o atual endereço (Rua Independência, próximo ao banco Bradesco). Acredito que os outros pontos não eram favoráveis para o empreendimento.

mas procuramos agir com cautela. Fortalecer a Sexy.com na sua casa, outro segmento do sex shop, é uma das nossas metas. Hoje, contamos com 72 revendedoras cadastradas que levam uma linha mais acessível de produtos eróticos até às clientes. Além disso, contamos com vendas online através do www.sexyrs.com.br . Recebi alguns convites para abrir filiais e franquias em outras cidades, penso ser uma boa opção para o futuro. Pretendo continuar com o programa de entrevistas ao vivo, na Rádio Florestal FM, de Planalto, todas às sextas das 23h à meia-noite. É um espaço de interação com o ouvinte onde eu posso esclarecer dúvidas e dar dicas sobre sexo. Outra projeção importante é a produção de eventos. Vamos fortalecer a nossa marca com grandes atrações ainda para 2013.

A que você atribui o sucesso da Sexy.com?

Em primeiro lugar, ao nosso árduo trabalho. Também, ao apoio da minha família que, desde o início, apostou comigo no negócio. Não posso esquecer-me das nossas consultoras, que procuram sempre atender aos clientes da melhor forma possível, deixando-os à vontade em nossa loja. Acredito que é esse atendimento que nos diferencia. Personalizamos tudo aqui. Os clientes são atendidos individualmente na seção de produtos eróticos. Explicamos cada item, sugerimos, enfim, objetivamos sempre o melhor. Depois da trilogia Cinquenta Tons de Cinza, a procura aumentou o que ajudou também a desmistificar alguns aspectos.

Equipe Sexy.com

Quais as projeções para o futuro da empresa?

Temos muitas ideias para o futuro,

Rua Indepêndencia, 690. Centro - Passo Fundo/RS contato@sexyrs.com.br 3314.4169

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SAÚDE

O que é saúde?

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aúde é, e sempre será, o bem mais precioso e cobiçado! Como um direito de todos os cidadãos, constitui-se por excelência em um dos melhores recursos para dimensionar o desenvolvimento social e econômico de um país. Nessa dinamicidade, em todo o mundo a saúde é um conceito que se vem desenvolvendo ao longo dos anos, sob a influência direta da modernização social, cultural e tecnológica. A evolução do conceito de saúde, acompanhando os avanços da sociedade, tem como principal característica a substituição do tradicional modelo biomédico verticalizado, hegemonicamente centrado na doença e com uma frágil interação profissional-usuário-comunidade. Nesse sentido, saúde deixou de ser entendida apenas como a ausência de doença, para ser concebida numa perspectiva holística que leva em conta os determinantes econômicos e sociais enquanto condicionantes do estilo de vida e da relação do indivíduo com o ambiente. Do ponto de vista da saúde pública, o Canadá destaca-se entre os países precursores do moderno movimento de promoção da saúde. Dentre as várias conferências e simpósios internacionais realizados por lá, merece referência a I Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, realizada em 1986, que originou um documento decisivo para reavaliação do conceito de saúde e sua promoção – a Carta de Otawa. A partir daí, saúde passou a ser concebida como

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a capacidade de cuidar de si mesmo e dos outros que estão ao seu redor, reivindicando a capacidade de tomar decisões e de controlar as circunstâncias da vida saudável enquanto direito social. Essa nova mentalidade valoriza a saúde como componente central do desenvolvimento, ressaltando a qualidade de vida e o direito ao bem-estar

Saúde passou a ser concebida como a capacidade de cuidar de si mesmo e dos outros que estão ao seu redor,

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Ciomara Ribeiro Silva Benincá Psicóloga

social. Assim, na contemporaneidade, a promoção da saúde deve ser entendida como uma estratégia transversal, multi e interdisciplinar, não se limitando a questões relativas à prevenção, ao tratamento e à cura de doenças. Deve, com efeito, estimular a articulação entre o pensar e o agir com as demais políticas e tecnologias, envolvendo os aspectos econômicos, sociais e de religiosidade, baseada nos princípios de equidade, da intersetorialidade, da participação social e da sustentabilidade. A ideia é possibilitar ao sujeito a autonomia para

tomada de decisão, determinação para lutar pelos seus direitos e cumprir seus deveres de forma responsável, prevendo a melhoria das condições de vida da população e o exercício da cidadania, transcendendo o setor da saúde. E é nessa perspectiva da integralidade do ser humano que vêm caminhando as mudanças no olhar sobre a saúde no Brasil. Desde a década de setenta, muitas mudanças estão ocorrendo em todas as esferas, especialmente motivadas por lutas e movimentos gerados na vontade da sociedade. No contexto pós-ditadura, a redemocratização na área da saúde pública exigiu mais participação de profissionais, gestores e cidadãos, representando a base da chamada Reforma Sanitária brasileira. Assim, o Sistema Único de Saúde (SUS), previsto na constituição de 1988, é respaldado pelos princípios da universalização, descentralização, integralização e participação da comunidade, exigindo participação mais efetiva de profissionais, gestores e cidadãos. Atualmente, a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNS) tem como objetivo promover a qualidade de vida e reduzir a vulnerabilidade e o risco à saúde, além de aspectos relacionados aos seus determinantes e condicionantes – modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais (BRASIL, 2006). Na prática, porém, esse objetivo está longe de ser atingido.


previstas pela OMS. A construção de uma comunidade ativa e autônoma na promoção do bem estar global está inexoravelmente ligada ao conceito de empoderamento e participação social. Nessa ótica, o sujeito/comunidade aparece como protagonista dos determinantes das condições de saúde, do estilo e da qualidade de vida, o que se reflete no ambiente, quer seja ele físico, social, político ou cultural, sendo fundamental a união dos grupos, envolvendo o indivíduo, a comunidade, o governo, a mídia e as empresas privadas, entre outras. E é justamente nesse aspecto que se insere a presente reflexão: o que é saúde hoje em dia? Conforme previsto na Carta de Otawa, a saúde deve ser vivida pelas pessoas a partir da sua experiência cotidiana de se relacionar, de aprender, de trabalhar, de se divertir e amar. Para atingi-la, os indivíduos e os grupos devem ser encorajados quanto aos seus recursos pessoais e sociais, bem como nas suas capacidades físicas na promoção do bem-estar global.

Em um país de proporções continentais como o Brasil, as dificuldades para cumprir as metas em relação à promoção da saúde também se multiplicam. Os problemas são flagrantes e relacionados a aspectos diversos. Entre os mais graves, a desigualdade do acesso à saúde em diferentes setores da sociedade representa uma profunda mazela na saúde pública brasileira, tendo sido devidamente pontuada em um dos maiores movimentos sociais que se tem notícia na história do país e que ocorreu em junho de 2013. Por outro lado, mesmo sem ter consciência disto, o cidadão engajado nas manifestações populares em prol de melhorias nos serviços públicos, especialmente relacionadas ao transporte, à saúde e à educação, além da exigência pela ética na política, estava desfrutando legítima e inquestionavelmente de uma das condições de saúde

Ciomara Ribeiro Silva Benincá Doutora em Psicologia, professora nos programas de graduação e pós-graduação em Psicologia na Universidade de Passo Fundo/ RS, extensionista do Centro Universitário de Saúde Coletiva – CEUSC/UPF.

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POLÊMICA

Indígenas Pelo lado dos índios, os argumentos giram em torno da anterioridade, ou seja, dizem que já ocupavam esse território; que já haviam constituído agrupamentos, portanto, seriam áreas de ocupação tradicional; de terem sofrido esbulho (expulsão), violência e exclusão nas políticas oficiais de colonização;

Conflitos no Norte do RS:

equívocos do passado no presente

A

s disputas pela terra envolvendo índios e agricultores na região Norte do RS têm seu nascedouro em longa data e, ao que parece, estão distantes as possibilidades reais de resolução. Há mais de uma dezena de disputas instituídas, outras ainda em fase de constituição; todos os dias, escutamos notícias em torno desse fato que já toma conta das conversas informais, do meio acadêmico, político, jurídico e social de uma forma geral. Para entendermos alguns dos seus aspectos, devemos nos remeter a meados do século XIX quando o governo provincial, desejoso de permitir a colonização e a imigração por todo o estado, mas em particular na região norte, fez um imenso esforço para aldear grande parte dos índios; com força militar, auxílio de padres e indígenas (em particular, o Cacique Doble) – estes cooptados em troca de alguns benefícios –, estancieiros e agricultores, o governo conseguiu grande parte de seu intento. Reservas como a de Nonoai, Monte Caseiros (Ibiraia-

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ras/Muliterno), dentre outras, foram efetivadas e grande parte dos índios expulsos de suas antigas moradias. Nas primeiras décadas do século XX, o governo positivista gaúcho, auxiliado pelo SPI (Serviço de Proteção ao Índio), querendo normatizar as terras públicas e permitir a colonização aos imigrantes e/ou seus descendentes, continuou a política de aldeamentos; a partir de então, praticamente todos os índios foram aldeados; dentre as reservas demarcadas estão Cacique Doble, Ventarra (Getúlio Vargas), Serrinha (Engenho Velho), Legeiro (Charrua), Carreteiro (Água Santa), Votouro, dentre outras na região norte do Estado. No final dos anos 50, o governador Brizola desativou algumas reservas, obrigou os índios a saírem e permitiu a entrada de agricultores. O governador de então queria fazer reforma agrária, mas não queria mexer nos latifúndios; acabou vendo uma saída em algumas reservas indígenas; a concepção é que havia muita terra para poucos índios. Esse ato do governador acabou-se tornando um dos principais elementos

causais dos conflitos atuais. A Constituição de 1988 (artigos 215 e 216 e artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias) criou possibilidade para que, a partir de comprovação histórica e antropológica, indígenas pudesses reaver terras que foram demarcadas e/ou configuraram áreas de ocupação tradicional. Aqui brotam os conflitos; ou seja, há áreas cujas demarcações foram comprovadas e, posteriormente, extintas principalmente pelo governador Brizola. Com relação a elas, o governo do Estado, desde o final do século XX, reconheceu como um equívoco histórico, indenizou os agricultores e permitiu o retorno dos índios. Essa realidade de retorno dos índios às suas antigas reservas, oficialmente demarcadas, não foi sem conflitos. Porém, esses se manifestaram com mais intensidade nas novas experiências de acampamentos, ou seja, em situações que não configuram reservas demarcadas e, sim, áreas de ocupação tradicional, como é o caso de Mato Castelhano, Pontão, Campo do Meio, Mato


Agricultores até então devido à reduzida quantidade de área e a pressão populacional; de necessitarem da terra para reproduzir sua cultura, seus meios de vida. São embates políticos e jurídicos polêmicos, de difícil resolução, os quais estão envolvendo a sociedade regional e nacional, para não dizer, também, internacional. São sujeitos sociais (coletivos) que, na realidade, foram, ambos, vítimas de políticas públicas equivocadas em torno da questão da terra, as quais tensionam a realidade social em que os mesmos estão inseridos. Portanto, espera-se que as esferas política e jurídica encontrem canais de mediação, de diálogo, de esclarecimentos históricos, que possam promover e preservar direitos de ambos os grupos envolvidos; que as injustiças cometidas no passado, não sejam compensadas produzindo outras no presente; que, sejam esgotadas todas as possibilidades democráticas de defesa e, em condições iguais, a ambos os grupos; que, se agricultores tiverem, porventura, de deixar suas terras de até então, lhes seja garantida uma justa indenização; que se discuta com mais profundidade e menos preconceitos em torno da cultura indígena, ou seja, o que é ser índio no mundo atual, qual a importância da terra para o índio, mas deixando eles mesmos falarem.

Manifestação de agricultores em Sananduva exigindo reintregração de posse da propriedade invadida por indígenas.

Fonte: João Carlos Tedesco

Preto (Getúlio Vargas), Passo Grande do Forquilha (Sananduva/Cacique Doble), dentre outras, bem como a realidade das demandas de vários aldeamentos que pleiteiam ampliação da área já existente. As tensões, os conflitos, as dúvidas jurídicas, os embates políticos e sociais estão nesse cenário, pois, agricultores adquiriram legitimamente suas terras, isso lhes foi permitido pelas esferas política e jurídica, constituíram gerações, (re)produziram também sua cultura nas relações com a terra. Os argumentos dos agricultores, em grande parte dos conflitos, giram em torno do fato de terem comprado legitimamente as terras; de não terem sido eles a expulsar os índios, quando isso aconteceu; de não ter havido reservas demarcadas e extintas na região; de terem constituído seus horizontes culturais nas relações com a terra; de produzirem alimentos; de muitos deles já as habitarem há mais de 100 anos, dentre outros. Pelo lado dos índios, os argumentos também giram em torno da anterioridade, ou seja, dizem que já ocupavam esse território; que já haviam constituído agrupamentos, portanto, seriam áreas de ocupação tradicional; de terem sofrido esbulho (expulsão), violência e exclusão nas políticas oficiais de colonização; de não haverem mais possibilidade de sobrevivência cultural nas reservas de

Fonte: Foto Rádio Sananduva.

Os argumentos dos agricultores, em grande parte dos conflitos, giram em torno do fato de terem comprado legitimamente as terras;

Acampamento Passo Grande do Forquilha – Sananduva/ Cacique Doble.

João Carlos Tedesco

João Carlos Tedesco Prof. do Programa de Mestrado em História da UPF.

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JORNADA

“O espetáculo das

letras

vai começar” Entre os dias 27 e 31 de agosto, leitores, escritores, intelectuais e artistas têm um encontro marcado em Passo Fundo para saborear o melhor do mundo literário e conferir porque a cidade recebeu o título de capital nacional de Literatura: a Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo que chega à sua 15ª edição, nesse ano, debatendo o tema Leituras Jovens do Mundo.

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redacao@revistaversa.com.br

P

ara as discussões foram convidados autores internacionais como o diretor do Departamento de Psicologia Evolutiva da Universidade de Barcelona, Cesar Coll e o romancista mexicano Alejandro Reyes. Entre os brasileiros, destacam-se Walcyr Carrasco, Jairo Bouer, Laura Müller e André Vianco. A Jornada é uma realização da Universidade de Passo Fundo (UPF) e Prefeitura Municipal de Passo Fundo. O tema explora o potencial, as preferências e a diversidade de interesses e


Os convidados vão interagir com o público em debates sobre subtemas como Corpo, sexualidade e afeto, O jovem da ficção à telenovela, Trabalho, autonomia e consumo, Faces na rede e A leitura das ruas.

comportamentos necessários ao entendimento e sintonia com os jovens. “Os jovens de hoje são os sujeitos do futuro e é deles o destino das grandes ideias e das grandes obras. São eles os ‘caras’ que levam consigo a promessa do amanhã, mesmo que nem mesmo eles tenham muita consciência disso”, explica a coordenadora geral da Jornada, professora Tania Rösing. A programação dos cinco dias da jornada inclui ainda shows, sessões de autógrafos, conversas paralelas, oficinas, espetáculos e exposições. Os convidados vão interagir com o público em debates sobre subtemas como Corpo, sexualidade e afeto, O jovem da ficção à telenovela, Trabalho, autonomia e consumo, Faces na rede e A leitura das ruas. Eventos paralelos e já tradicionais fazem parte da programação da Jornada e integram diferentes públicos: a 7ª Jornadinha Nacional de Literatura, destinada a estudantes do ensino fundamental de escolas públicas e privadas; o 12º Seminário Internacional de Pesquisa em Leitura e Patrimônio Cultural, que ocorre anualmente, alternando cidades da Europa e Passo Fundo em anos de Jornadas Literárias; o 4º Encontro Estadual de Escritores Gaúchos: a criação literária em debate; o 3º Seminário Internacional de Contadores de Histórias; o 2º Simpósio Internacional de Literatura Infantil e Juvenil e a segunda edição da JorNight, destinada especialmente aos jovens.

Para saborear livros O Páginas Saborosas – Festival de Gastronomia acontece de 24 de agosto a 1º de setembro e reunirá chefs de cozinha, escritores, artistas e leitores numa deliciosa mistura. Aulas temáticas serão ministradas por chefs convidados especialmente para o Festival. A ideia de realizar o evento é conscientizar pais e educadores para a importância da alimentação saudável. Objetiva, portanto, formar leitores sensíveis a práticas saudáveis de alimentação. E mais: formar leitores apreciadores da gastronomia, segmento que atrai o interesse de pessoas de distintos grupos sociais, promovendo, também, um turismo especializado. A realização do Páginas Saborosas é de responsabilidade da Universidade de Passo Fundo, Prefeitura Municipal de Passo Fundo e da Revista Prazeres da Mesa.

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As maiores novidades de 2013 ficam por conta do Encontro Internacional de Bibliotecários e Mediadores de Leitura e da Jornada UPF.

As Jornadas Literárias são realizadas a cada dois anos e atraem milhares de interessados do mundo das letras. Em mais de três décadas, firmaram-se como um dos mais importantes eventos do País de incentivo à leitura e à escrita, reunindo nomes consagrados e aproximando autores, artistas e intelectuais de todo o mundo com leitores.. O número de participantes em uma mesma edição chegou aos mais de 35 mil em 2011 e no somatório das três décadas, superou 150 mil.

Capital Nacional da Literatura

A iniciativa de formação de leitores desencadeada pelas Jornadas Literárias, realizadas desde 1981, levou o governo federal a conferir a Passo Fundo o título de Capital Nacional da Literatura. Concedida em janeiro de 2006 por meio da Lei Federal nº 11.264, a distinção serve como estímulo e compromisso de continuar a luta pelo fomento à leitura. A cidade também é a Capital Estadual da Literatura.

Confira a programação: 7a Jornadinha Nacional de Literatura de Passo Fundo

A 7ª Jornadinha Nacional de Literatura é direcionada à formação de leitores, tendo como foco crianças e adolescentes do ensino fundamental. Entre os dias 28 e 31, eles terão oportunidade de conhecer mais sobre literatura e ter contato com autores e suas obras. Fazem parte das atrações, a serem desenvolvidas nas lonas coloridas, conversas com escritores, contação de histórias, peças teatrais, shows musicais, entre outras atividades paralelas.

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4º Encontro Estadual de Escritores Gaúchos

A criação literária gaúcha estará novamente em pauta durante a 15ª Jornada, no auditório do Centro de Educação e Tecnologia (prédio B3), Campus I da UPF. Em sua quarta edição, o encontro terá como temas Literatura e outras linguagens: relações, problemas, possibilidades (dia 28/08); O mundo lá fora: a presença do exterior na literatura recente, escritores gaúchos no exterior (dia 29/08); e Poesia atual: a produção contemporânea e as relações com os poetas do passado (dia 30/08). O último dia (31/08) vai debater Ensino: o lugar da literatura gaúcha na escola e na universidade.

JorNight

Novidade em 2011, a JorNight reuniu mais de 1,5 mil jovens com idades entre 15 e 25 anos. Em 2013, a agitação fica por conta de shows musicais e a presença de autores como Laura Müller, Raphael Draccon, André Vianco, Bruna Beber e Sérgio Vaz.

Encontro Internacional de Bibliotecários e Mediadores de Leitura

Um dos eventos inéditos, que a partir deste ano integra a programação das Jornadas Literárias, é o Encontro Internacional de Bibliotecários e Mediadores de Leitura: Biblioteca Inovação e Comunidade. A programação será desenvolvida entre os dias 29 e 31 de agosto, das 8h30min às 11h30min, no auditório do Instituto de Ciências Exatas e Geociências (Iceg), prédio B5, no Campus I da UPF.

Jornada UPF

Outro evento novo é a Jornada UPF, que tem como objetivo oferecer aos universitários momentos de reflexão sobre temas de seu interesse, como Meio ambiente e sustentabilidade, Leitura das ruas e Corpo, sexualidade e afeto. A programação acontece entre os dias 28 e 30 de agosto. Os convidados que já confirmaram presença são Sérgio Vaz, Tarso Araujo, Jairo Bouer e Humberto Gessinger.


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PSICOLOGIA

40 anos, mito ou verdade? Crise das mulheres aos

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m 1965 Elliott Jaques criou o termo Crise da Meia-idade – sim, ela ainda existe - para delinear uma falta de tranquilidade, uma espécie de incerteza, sofrida por algumas mulheres que percebem que o período de sua juventude está acabando e a idade avançada se aproxima. No entanto, estudos apontam que algumas culturas podem ser mais sensíveis a este fenômeno, sendo que em nossa cultura ocidental, essa crise aparece com muita frequência entre mulheres aos 40 anos. No desenvolvimento humano, o ciclo vital é construído por fases, tais como a infância, a juventude, a maturidade e a velhice, sendo que essas demandam a execução de algumas tarefas específicas. Essas transformações podem gerar uma serie de provas e crises pois implicam em mudanças, inseguranças, novas expectativas, esperanças ou inseguranças quanto ao que esta por vir, podendo gerar ansiedades, desequilí-

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brios e conflitos naturais, isso tudo ocorrrendo para que novas aquisições possam ser adquiridas. As crises evolutivas, ou a crise da meia-idade, pode ser experimentada de várias formas, dependendo dos recursos físicos e psíquicos de cada um e das experiências prévias. A idade cronológica não é o único critério na avaliação do nível de desenvolvimento e na determinação da hora das turbulências da meia-idade. Muito mais importante do que a idade, são as várias dimensões da maturidade emocional, social, intelectual e física de cada um. Portanto, se por um lado as crises podem ser vistas como momentos perigosos e decisivos, por outro podem ser vistas como oportunidades de crescimento e de transformação. Especialistas acreditam que as crises são resultado de situações pertinentes ao fato de estarmos crescendo e evoluindo e que cada um tem característica próprias e seu próprio ritmo para atravessar os momentos diferentes do ciclo vital. Para algumas mulheres, a chegada dos 40 anos é considerada como um marco. Essa fase do ciclo vital, normalmente dá a oportunidade para uma avaliação da vida pessoal. Nesse balanço e avaliação, vão se dando conta que apesar de muitas conquistas pessoais, profissional, familiares, sociais, muito daquilo que sonharam e que poderiam ter vivido, permanecem ainda sem ter sido efetivado. Dependendo do resultado desse olhar sobre o caminho feito até então, poderá determinar o tipo de crise. Para entender os processos internos e externos que ocorrem nessas mulheres, seria importante situarmos que o mundo esta mudando, e com isso a mulher também esta mudando. Os estudos realizados sobre as mulheres aos quarenta anos indicam o desenvolvimento de novas posturas de vivências o que vem provocando uma série de evoluções e revolu¬ções na vida dessas na contemporaneidade. Ao atingirem a “Idade da Loba”, normalmente as


“Para ultrapassar essa passagem natural da vida de maneira tranquila é importante respeitar os próprios limites, não se precipitar e nem fugir à realidade, mas viver cada momento conforme suas possibilidades, tirando o máximo proveito das situações e valorizando as experiências adquiridas.” Rose Carla Sesti

Psicóloga

mulheres atingem o seu auge em relação a sua sexualidade, a maturidade veio com os anos, a experiência lhe trouxe uma certa autonomia pessoal, profissional, sexual, social e familiar. Hoje, muito diferente de alguns anos atrás, essa mulher esta tendo a possibilidade de mostrar e exercer a essência feminina, demonstrando sua vitalidade e maturidade. No entanto, podem ocorrer verdadeiros terremotos internos, podendo ocasionar depressões, medo do futuro, vontade de mudanças, pavor da velhice, desejo inconsciente de retorno à juventude. As limitações físicas começam a aparecer justamente nessa fase. Já não enxergam como antes, os cabelos brancos começam a surgir, mas as mulheres de 40 anos de hoje em nada lembram as avós do passado. São bonitas, seguras, ativas, com autoestima elevada. Antigamente elas começavam a se despedir da vida sexual e social e começavam a inaugurar a velhice. Hoje aproveitam sua maturidade e feminilidade. Porém, quando a mulher chega na meia-idade, a percepção de que o corpo não tem mais o mesmo vigor da juventude e a perda da capacidade biológica de reprodução pode assustar. Quando se fala em fertilidade, o relógio biológico exerce papel importante. Por mais joviais que as mulheres de 40 anos possam parecer atualmente, acredito que a perda da capacidade biológica de reprodução traz consigo questões emocionais importantes a serem resolvidas.

É também nesse período que muitas mulheres observam o envelhecimento dos próprios pais, passam a lhes prestarem cuidados que a idade avançada exige, e em alguns casos, vivenciam a morte dos mesmos, percebendo aí então de forma sem disfarces, que o ser humano é finito. Penso que a crise da meia-idade, que inicia em torno dos 40 anos, é sobretudo existencial, porque a mulher toma consciência da sua própria vida e a questão central é a preocupação com um futuro., que envolvem novas escolhas em relação à área profissional, social, familiar, afetiva e sexual. Sentir certas dúvidas e incertezas por conta do avanço da idade e de novos desafios que estão atrelados a esse novo momento é natural e habitual. No entanto, limitar a sua atuação em qualquer dimensão da vida, seja pessoal, profissional, social, familiar, sexual, por sentir-se envelhecida , frágil ou inferior, já é algo que merece ser olhado com mais cuidado. Também é comum que, na tentativa de manter-se jovem, algumas mulheres adotem atitudes compensatórias, procurando resgatar o que supostamente foi perdido com a maturidade. Isso pode levá-las a mudar o estilo de vestir, com o intuito de parecerem mais jovens, não se permitindo usufruir da beleza dessa nova etapa de vida. Outro fator importante é a relativa distância que a mulher/mãe toma dos filhos. É nessa fase que os filhos frequen-

temente começam a se afastarem de casa, o que pode provocar uma sensação de vazio. Esse momento de separação dos filhos pode gerar estresse até que seja estabelecida uma nova ordem familiar. Para ultrapassar essa passagem natural da vida de maneira tranquila é importante respeitar os próprios limites, não se precipitar e nem fugir à realidade, mas viver cada momento conforme suas possibilidades, tirando o máximo proveito das situações e valorizando as experiências adquiridas. Se o ciclo vital, quando chegamos aos 40 anos nos tira algo, ele também nos traz novos recursos que nos ajudam a viver melhor com o que temos e que só vem com a experiência e maturidade. O importante é reconhecer isso, mesmo morando numa cultura e sociedade que valoriza a juventude.

Rose Carla Sesti

Psicóloga, Especialista em Psicologia Clínica e Mestre em Educação.

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JORNADA

Parada obrigatória Capital Nacional da Literatura oferece diversos espaços para os apaixonados pelas letras

Se você não é mais estudante, não se preocupe. Há bibliotecas de sobra em Passo Fundo. Públicos ou particulares, os espaços estão à espera de leitores ávidos por literatura. Fizemos uma blitz pelas principais bibliotecas da cidade. Acompanhe...

redacao@revistaversa.com.br

Biblioteca Municipal Arno Viunisk

Com um grande fluxo de empréstimos, a biblioteca passou por uma recente reforma para melhor abrigar seus leitores. As salas de leitura, pesquisa e estudo foram remodeladas. Além disso, 20 novos computadores oferecem acesso gratuito à internet. O acervo variado está disponível para a comunidade com empréstimos de graça.

Biblioteca do SESC

Basta ter o cartão do SESC para retirar os livros. A inscrição é de graça. São mais de 5 mil livros de literatura disponíveis para empréstimos de 10 dias. Um projeto de leitura leva uma sacola com obras

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para estabelecimentos selecionados, a biblioteca itinerante incentiva o hábito da leitura entre os comerciários.

Biblioteca Central da UPF

A Biblioteca Central e a Biblioteca do Centro de Documentação e Informação do Livro Didático estão localizadas no Campus I da Universidade de Passo Fundo. Todo acervo é de livre acesso, atendendo tanto a comunidade universitária como o público em geral. Contudo, seus usuários externos poderão utilizar-se da Rede somente para consulta local, ou seja, sem que os materiais saiam da biblioteca.

Biblioteca SESI

A Rede de Bibliotecas do SESI desenvolve as seguintes funções: centro dinâmico de difusão da informação, estímulo à produção de conhecimentos e de desenvolvimento de competências, promoção dos processos de inclusão social. A rede compõe um acervo de 160 mil livros adquiridos com base nas necessidades dos usuários, os quais são adequados às características de cada comunidade na qual cada Bibliotecas está inserida. O acervo bibliográfico oferece um universo expressivo de assuntos diversificados, os quais podem estar sendo explorados por meio de livros, com ênfase em literatura gaúcha, brasileira, infanto-juvenil, infantil; jornais, revistas, Cd Room , e fontes para realização de pesquisas, consultas locais e empréstimos. É necessário pagar uma taxa anual para o empréstimo dos livros.


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OPORTUNIDADE

Cautela no melhor lance Os descontos em leilões chegam a superar 20%, mas é preciso ter cuidado para o barato não sair caro

O martelinho na mão caracteriza uma vantajosa forma de negociação. Não faltam motivos para um interessado em comprar um imóvel fazer isso por meio de um leilão. O preço é o principal. Leiloeiros e compradores dizem ser possível obter descontos superiores a 20% em relação aos preços de mercado.

Tainara Scalco

tainara@revistaversa.com.br

A

grande disputa pelos melhores bens o coloca na condição de emocionante. Porém, a característica mais relevante de um leilão de imóveis é que ele é extremamente trabalhoso para o comprador. É preciso tomar diversos cuidados antes de calcular o melhor lance máximo que deve ser apresentado. O interessado deve levantar dívidas

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antigas, checar documentos, estudar as melhores formas de pagamento e ler com atenção todas as regras do edital. Depois de tudo isso, ainda é possível ir a um leilão e não comprar nada porque outra pessoa aceitou pagar mais do que parecia razoável pelo bem. Mesmo assim, os leilões de imóveis não param de crescer no Brasil. Em geral, os bens que são ofertados podem ser consultados nos sites dos bancos ou de

alguns dos principais leiloeiros do país. Além disso, a legislação brasileira é extremamente rígida com os mutuários inadimplentes - o que garante a oferta de imóveis nos leilões. No caso dos contratos que prevêem a chamada alienação fiduciária, regulamentada em 2004, após apenas três meses de atraso no pagamento o banco já pode notificar o morador de que vai colocar o imóvel em leilão extrajudicial.


Confira algumas dicas úteis antes de comprar um imóvel em um leilão:

Prefira imóveis desocupados

Mais de 90% dos imóveis que vão a leilão ainda não tiveram seus antigos donos despejados. Ao arrematar um deles, o comprador ganha uma carta de arrematação que lhe permitirá solicitar a desocupação. É comum que recursos contra a arrematação ou a execução do imóvel sejam discutidos na Justiça e tornem a desocupação demorada. Se você não está disposto a correr o risco de esperar anos, só compre residências, escritórios ou terrenos desocupados - mas saiba que os preços podem não ser tão vantajosos.

Visite o imóvel com antecedência

Pode parecer pouco sensato, mas muita gente ainda assina um cheque de dezenas de milhares de reais sem saber exatamente o que está comprando. Verifique se é necessário entrar em contato com o leiloeiro e fazer um cadastro antes da visita. Faça uma inspeção minuciosa no imóvel, se possível com a presença de técnicos especializados, já que o comprador não poderá devolvê-lo sob a alegação de problemas não aparentes.

Em geral, os bens que são ofertados podem ser consultados nos sites dos bancos ou de alguns dos principais leiloeiros do país.

Desconfie do preço de avaliação

Desconfie do preço de avaliação Nem sempre o bem vale tanto quanto diz o edital do leilão. Conversar com um corretor que conheça a região do imóvel pode lhe dar um bom termômetro dos preços de mercado. O preço mínimo fixado também não pode ser considerado uma referência, já que muitas vezes corresponde ao prejuízo do banco com o financiamento do imóvel.

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Controle a empolgação

Não vá ao leilão com a expectativa de comprar um bom imóvel pelo lance mínimo. Quanto melhor a localização e o estado de conservação do imóvel, maior é a chance de que vários interessados se apresentem. De certa forma, o leiloeiro estimula uma disputa acirrada. Em um leilão viva-voz, o interessado apenas levanta a mão e cabe ao leiloeiro dizer o valor do lance. Quando há muitos interessados, o leiloeiro pode elevar o lance em 5.000 reais a cada vez que alguém levantar a mão. Quando percebe que a disputa começa a ficar morna, o leiloeiro passa a aumentar os lances de 500 em 500 reais, evitando que a disputa se encerre rapidamente. É importante não se deixar enganar com as técnicas do leiloeiro e definir um valor máximo de arrematação - que não seja de maneira nenhuma ultrapassado. Lembre-se que há leilões de imóveis todas as semanas. Se não for possível comprar um logo no primeiro leilão, é bastante improvável que não apareçam oportunidades tão boas - ou melhores - no futuro.

Prefira imóveis desocupados

Não deixe de registrar o imóvel Muitos imóveis leiloados possuem outras penhoras - inclusive essa informação deve constar do edital. Para que o bem comprado não seja arrematado em outro leilão, é necessário comunicar a aquisição ao cartório o mais rápido possível. A venda fica registrada na matrícula do imóvel.

Visite o imóvel com antecedência

Verifique com antecedência a descrição das condições de venda, o estado de conservação, a forma de pagamento, o preço mínimo, a comissão do leiloeiro, os impostos e o modelo de contrato que será assinado pelas partes. Quem der um lance vencedor e desistir posteriormente ficará impedido de participar de leilões posteriores. A desistência de arrematação sob a alegação de que não há dinheiro para a compra pode ser punida com pena de dois meses a um ano de reclusão, além de multa. Todo o leilão é filmado - e as imagens podem ser usadas como prova.

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INFORME PUBLICITÁRIO

Consultoria pericial O assessoramento técnico em perícias cíveis e criminais pode diminuir o tempo dos trâmites judiciais

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revista no Código de Processo Penal, a perícia criminal é uma atividade técnico-científica indispensável para a elucidação de crimes quando há vestígios. A atividade é realizada através da ciência forense, responsável por auxiliar na produção do exame pericial e na interpretação correta de vestígios. Os peritos desenvolvem suas atribuições no atendimento das requisições de perícias provenientes de delegados, procuradores e juízes inerentes a inquéritos policiais e a processos penais. Logo, examinar com precisão o local de um crime que deixa vestígios materiais, identificar impressões digitais confrontando-as com documentos oficiais, auxiliar em demandas que necessitam de psiquiatria forense são apenas algumas das técnicas que podem fazer a diferença na hora de solucionar um caso. Além desses serviços, a Fatum Consultoria Pericial presta assessoria nas áreas de balística forense, toxicologia,

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documentoscopia, meio ambiente, informática forense, genética forense e testes de DNA, trânsito e identificação de veículos, antropologia, entomologia, psiquiatria, identificação humana e perícia médico-legal e ainda fonética forense. A empresa é a única da região Norte que desenvolve as atividades. Formado em Ciências Biológicas e especialista em Genética Forense, com uma vasta experiência na área, Jerônimo De Boni trabalha como perito forense. A Fatum ainda conta com parcerias estratégicas para auxiliar na solução de casos. Uma das principais parceiras é a Espíndula Consultoria, reconhecida nacionalmente pelo trabalho do perito Alberi Espíndula. Profissionalismo e excelência são as palavras de ordem da Fatum Consultoria.

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POLÍTICA

Protestos nas ruas e o futuro de nossa democracia Não parece que faltem no mundo de hoje situações ou condições que nos suscitem desconforto ou indignação e nos produzam inconformismo. Basta rever até que ponto as grandes promessas da modernidade permanecem incumpridas ou o seu cumprimento redundou em efeitos perversos. Boaventura de Sousa Santos, A crítica da razão indolente. São Paulo: Cortez, 2011. p. 23

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os últimos meses observamos um fenômeno que atingiu grandes proporções em nossa sociedade. De forma muito surpreendente e contagiante, as manifestações de pessoas pelas ruas expondo suas insatisfações quanto ao transporte público, num primeiro momento, e logo em seguida a outras pautas sociais, como melhor educação, saúde, segurança e contra a corrupção de políticos, tornou-se o epicentro dos comentários e dos debates, seja na grande mídia ou no dia-a-dia de cada pessoa. Verdadeiramente um fenômeno surpreendente, pois na história republicana foram esparsas as manifestações com tamanha espontaneidade da popula-


ção que foi às ruas reivindicar direitos sociais. Na história recente, de algumas décadas atrás, foram ciclotímicas as grandes manifestações populares, podemos elencar algumas, como as “Diretas Já”, o apoio ao Plano Cruzado, o movimento “Caras Pintadas” em favor do impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. Porém, estas manifestações anteriores, nasceram pautadas pelos apelos advindos da própria institucionalidade política, mediante suas crises e decisões, onde a população foi chamada a manifestar-se pelo apoio ou repúdio a determinadas causas. As movimentações que vemos hoje nas ruas têm outro caráter e só poderão ser entendidas pelo atual contexto em que vivemos e que as torna singulares. Uma questão prioritária a ser ressaltada das manifestações atuais é o seu caráter voluntarista e apartada

de motivações nascidas de lideranças institucionais. As manifestações ocorreram e ainda estão ocorrendo desvinculadas dos partidos políticos ou associações sindicais, por exemplo. Opera-se, inclusive, o próprio repúdio a qualquer vinculação do movimento aos partidos políticos. Vimos nas ruas e na televisão bandeiras de partidos políticos sendo quebradas, independente de sua vinculação ideológica. Os participantes das manifestações sensibilizados a participar, na maioria dos casos, pelas redes sociais, enalteciam na manifestação o caráter apartidário e, eminentemente, plural. Este aspecto torna-se, em si mesmo, intrigante, ao mesmo tempo que é parte da própria resposta as indagações. Como agrupar tantas pessoas em uma manifestação que se torna múltipla em seus elementos reivindicatórios e difusa em suas

lideranças? Para interpretar fenômenos desta natureza, caso não queiramos correr o risco de um julgamento apressado, necessariamente devemos recorrer a nossa capacidade de ponderação de alguns aspectos que dizem respeito a nossa própria cultura política. Quando se discorre sobre a cultura política brasileira percebe-se entre nós o teor das manobras autoritárias e das desigualdades de acesso às decisões políticas. Nossa sociedade carrega ainda a essência da chaga patrimonialista, ou seja, a essência do patrimônio público sendo apreendido e utilizado por interesses particulares. É “natural” pensarmos e agirmos em proveito próprio, o que é público corriqueiramente serve para ser conquistado e vilipendiado. Cada um deve salvar-se como puder. O “jeitinho” é a arma dos mais fortes. Nossa cultura

Nossa cultura de participação política está desatrelada, dessa forma, a ideia de representatividade, pois ninguém representa ninguém, o “negócio” é ascender uma vela para cada santo e esperar os frutos da nossa oração. Ari Rocha da Silva Sociólogo.

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Caberão aos manifestantes canalizar suas reivindicações para mais participação política, dentro de um viés participativo e construtivo. Ari Rocha da Silva Sociólogo.

de participação política está desatrelada, dessa forma, a ideia de representatividade, pois ninguém representa ninguém, o “negócio” é ascender uma vela para cada santo e esperar os frutos da nossa oração. Os santos são múltiplos, assim como os políticos que atuam na esfera institucional, sendo grande parte deles distanciados das próprias bases que os elegeram. Enfim, a barganha imediata entre cidadão e político enfraquece a própria noção de fortalecimento dos elos de participação permanente do cidadão na esfera política. Perdem-se, com isso, as próprias referências políticas e representativas em um ambiente em que as decisões e prioridades de ações devem ser estabelecidas pelo ente público. Quebrar bandeiras em praça pública é demonstrar, na prática, a crise de representação em que nos encontramos. É manifestar uma insatisfação reprimida por uma cultura política perversa. Cultura política do “toma lá, dá cá”, historicamente estabelecida em nosso país. Nesse sentido, uma interpretação possível para entender o que está ocorrendo nas ruas diz respeito à 32 VERSA MAGAZINE

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crise política do Estado Representativo de Direito, onde esse, pelos parâmetros que assume, já não mais consegue dar conta minimamente das demandas sociais. Os elos reivindicativos se moldam em esferas nunca vistas em outros tempos, mediante instrumentos técnicos-informacionais que possibilitam um fluxo de comunicação imediata entre pessoas em seus diversos espaços, mobilizando opiniões, desejos e condutas. Isso é algo novo e que será permanente na vida política daqui para adiante. Mas até que ponto este fluxo comunicativo que se espalha em movimentos reivindicativos terá força para induzir uma boa política ninguém poderá antecipadamente saber. O que podemos entender de tudo isso que está acontecendo é de que as sociedades se transformam continuamente pelas ações dos sujeitos, nenhuma sociedade é estática. Cabe a nós a interpretação e o debate dos fatos para que não se perca esta experiência de participação popular. Mais do que isso, caberão aos manifestantes canalizar suas reivindicações para mais participação política,

dentro de um viés participativo e construtivo. Uma sociedade que abre canais para a discussão política tem maior capacidade de promover mais liberdade e igualdade entre os seus cidadãos. Liberdade e igualdade - equação difícil de ser promovida até então, embora a necessidade de ser buscada seja essencial, caso haja, evidentemente, a intenção de se promover uma sociedade mais includente e mais democrática.

Ari Rocha da Silva

Sociólogo. Professor da Universidade de Passo Fundo / UPF Coordenador do Núcleo de Estudos sobre Movimentos e Identidades Sociais / Nemis


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ESPERANÇA

Uma década de

Esperança Comunidade terapêutica de Passo Fundo comemora a recuperação de mais de duas centenas de mulheres Tainara Scalco

tainara@revistaversa.com.br

Caminhos trilhados em diferentes regiões do Brasil hoje se cruzam na localidade de Santo Antão. Lá, mãos se unem com toda a força para afastar a dependência química. No ano em que completa dez anos de atividades, a Fazenda da Esperança brinda a volta por cima de mulheres que acharam que não veriam mais a luz no fim do túnel.

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O

s raios de sol refletem-se no lago com a mesma intensidade que elas lutam para superar os vícios. São filhas, mães, esposas, mulheres que encontraram nas drogas uma forma de evasão, chegaram ao fundo do poço, perderam tudo, mas acharam forças para tentar reverter a situação. A iniciativa, na maioria das vezes, veio delas mesmas. A hora do basta para os vícios se concretiza quando elas chegam à Fazenda da Esperança. A comunidade terapêutica de Passo Fundo faz parte de uma rede de Fazendas


espalhadas pelo mundo. A iniciativa é da Igreja Católica. Aqui, o foco é o tratamento de mulheres. Já, em Casca, por exemplo, foca-se na recuperação de homens. O local se mantém com recursos cristãos, colaboração das internas e, também, pelo comércio de produtos feitos na Fazenda. A especialidade das meninas é colocar a mão na massa. E os fornos não esfriam por lá. Pães, bolachas, doces, receitas que além de incrementar a renda, servem de ofício. Hoje, a Fazenda conta com sete internas que se dedicam à cozinha integralmente. Além dos dotes culinários, a evangelização é outro ponto forte e que auxilia na recuperação das mulheres. Fé que A. G. de 29 anos, natural de Xanxerê, Santa Catarina, acreditava não existir. Há sete meses na Fazenda, ela já começa a desenhar o futuro. Daqui a cinco meses ela completa o ciclo de tratamento. O sonho? Rever a filha de 2 anos e cuidá-la como até então não pôde fazer. O crack a impediu. Uma desilusão amorosa e o mundo parecia ter desabado. “Bancava drogas para todo mundo. Passei cinco anos assim. No início, achei que não ia viciar”, conta. E a afirmação parece se repetir entre os corredores da casa. Todas achavam que o vício não chegaria. Era para ser apenas um momento de evasão, de esquecer o namorado, as contas no fim do mês, as brigas de família...

Foram cinco anos assim. A. G. não conseguia passar uma noite sã. A família, então, decidiu interná-la em uma clínica de recuperação de dependentes químicos. “Eu só tomava remédios lá. Não tinha ânimo para fazer nada, era horrível. Até que a minha mãe descobriu a Fazenda da Esperança. Aqui, o remédio é o trabalho,” comenta com um sorriso estampado no rosto. E é esse um dos principais motivos da procura. O trabalho aliado aos momentos de meditação são os pilares do tratamento. A rotina na casa começa antes das oito. Depois do café da manhã, elas rezam, conversam sobre a vida, sem relembrar os momentos angustiantes do vício. Logo é hora de preparar o almoço. Durante a tarde, as atividades se intensificam na cozinha, na organização do espaço. Antes do anoitecer é hora do chimarrão, da recreação, dá até para bater uma bolinha na quadra ao lado do lago. Além das sete internas, a Fazenda conta com a colaboração de voluntárias que já concluíram o tratamento e conseguiram vencer os vícios. Elas têm a oportunidade de continuar no local ou migrar para outra Fazenda. Os filhos moram junto, nesses casos. Foi o que aconteceu com Gisele Aparecida da Silva. Hoje, ela é um dos braços na administração da casa. Mas, não foi fácil. A mineira conheceu a droga dentro de

casa. A mãe viciada serviu de exemplo. Aos 15 anos, Gisele começou a usar maconha. Foram 11 anos de labuta até optar pela mudança. O brilho nos olhos revela a vitória. Hoje, os filhos moram com ela na Fazenda. A supermãe procura orientá-los quanto aos perigos da vida. Não quer que eles conheçam os caminhos pelos quais ela passou. Em abril, ela voltou a Minas para visitar a família. A situação não mudou. Mãe e irmãos continuam nas drogas, sem vontade de mudar. Gisele não quer voltar para Minas Gerais, nem o frio dos pampas a faz cogitar a hipótese. “Quero continuar aqui, a felicidade está aqui.” Pensa em concluir os estudos quem sabe, e ajudar na recuperação das colegas de Fazenda. São histórias que se projetam e vontades que se cruzam. A. G. contou que supria a falta das novelas com os livros. Já leu três nesses sete meses. A obra da vez é Tudo a seu tempo, de Elisa Masselli. Ironia ou não, o tempo delas é de mudar. Provas de que podem fazê-lo há de sobra, basta querer.

“Bancava drogas para todo mundo. Passei cinco anos assim. No início, achei que não ia viciar.” A. G. AGO + SET 2013

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“Quero continuar aqui, a felicidade está aqui.” Gisele Aparecida da Silva.

Mãe de todas

Maria Kondo administra a Fazenda Esperança de Passo Fundo há quase dois anos. A ligação da paranaense com as comunidades terapêuticas começou ainda cedo. Mesmo sem ter vivências na família, sempre quis ajudar na recuperação de dependentes. Doou os 9 hectares que herdou do pai para a criação da Fazenda em Ibiporã. Vendeu a parte que tinha em uma livraria e passou a se dedicar integralmente à atividade na casa. Com a transferência da administradora de Passo Fundo para uma Fazenda na Alemanha, Maria recebeu o convite para vir pra cá. É tratada como mãe pelas meninas que se recuperam na comunidade. Acredita que recebeu uma missão e enquanto tiver forças quer continuar ajudando.

Tudo começou em uma esquina...

Nelson Giovaneli aproximou-se de um grupo de jovens que consumia e vendia drogas perto de sua casa. Isso em 1983, na esquina da Rua Tupinambás

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com a Guaicurus, em Guaratinguetá, no interior de São Paulo. Ele foi animado a dar o passo na direção da criação da clínica por Frei Hans Stapel, seu pároco, que o incentivava na vida cristã. Nelson conquistou a confiança dos dependentes e começou a ajudá-los.

... e se espalhou pelo mundo

A Fazenda inaugurada em Sergipe, Alagoas, em 1992 é a primeira fora de Guaratinguetá. A primeira comunida no exterior nasce na Alemanha, terra de seu fundador, Frei Hans, 15 anos depois de seu início. A Fazenda da Esperança se espalhou do ocidente para o oriente ganhando proporções globais. Em 2007, o papa Bento XVI visitou uma das comunidades, em Pedrinhas, São Paulo.

Internação

Os recuperantes vivem do próprio trabalho como fonte de autoestima e autossustento. Só a partir do terceiro mês podem receber visitas dos familiares. No início da recuperação, geralmente, é pedida uma colaboração inicial para ajudar nas despesas antes da internação e nos primeiros meses, período em que a

produtividade do interno ainda é menor. A Fazenda acolhe pessoas com idade entre 15 e 45 anos e lhes propicia moradia, alimentação e outras necessidades básicas para que continuem firmes em sua caminhada rumo ao retorno ao convívio social. A organização das casas baseia-se na família, a fim de provocar mudanças de valores morais e de princípios. O dependente químico precisa desejar e manifestar a vontade de ter uma vida livre das drogas e do álcool, pedindo uma segunda chance via carta escrita de próprio punho para que possa ser acolhido, explicando os motivos que o levaram a solicitar ajuda. Cada jovem é responsável por sua própria recuperação. A comunidade terapêutica só acolhe as pessoas que pedem ajuda, pois os internos não ficam em locais fechados por muros ou portões. Tudo é aberto e dá acesso à rua. Os responsáveis pela internação explicam os procedimentos, quais os documentos necessários e as regras a serem cumpridas para aceitá-lo como interno.


INFORME PUBLICITÁRIO

A DOCE NOVIDADE de Passo Fundo

Os bolinhos mais famosos do mundo personalizados especialmente para você Cupcakes são deliciosos bolinhos cobertos com as mais encantadoras formas de doces e confeitos. São muito populares nos Estados Unidos e, aos poucos, foram conquistando espaço entre os brasileiros. Ajustados ao nosso paladar, o cupcake passou a ter recheio e chocolate como ingrediente predominante, ao contrário dos americanos, que utilizam muito coberturas à base de manteiga. Mariane Sganzerla é graduada em Design, o que trouxe mais facilidade nos momentos em que a criatividade deve primar na elaboração de um cupcake. As decorações, formatos, combinações de cores e sabores, são peças chave para uma nova receita. “Os cupcakes entraram na minha vida como um hobby, sempre achava lindo quando via na TV, então, comecei a pesquisar e fiz meu primeiro cupcake. Quando minhas amigas viram e experimentaram, adoraram, e então eram encomendas atrás de encomendas”, lembra Mariane. “Foi aí que percebi que o hobby aos pouquinhos estava se transformando em um negócio, e isso me realizava e me encantava. Aos poucos comecei a abrir mão dos meus trabalhos como designer e encarar essa nova profissão na minha vida, assim, resolvi seguir em busca da minha realização pessoal. Fiz vários cursos em Porto Alegre, Curitiba e São Paulo, que finalmente me deram a certeza de que eu tinha feito a escolha certa”. O caminho estava traçado, as encomendas aumentavam cada vez mais e o forno

caseiro não dava mais conta da demanda. O próximo passo era viabilizar um local onde as pessoas pudessem conhecer esses verdadeiros mimos, e ter acesso a produtos à pronta entrega. A inspiração da loja surgiu a partir de uma viagem que fez para Orlando, nos Estados Unidos. “Quando eu visitei a Disney, em cada lojinha que eu entrava era um sonho, quem já foi sabe que realmente tudo lá é um conto de fadas, e eu queria trazer um pouco daquilo para Passo Fundo, poder dividir esse sonho com as pessoas daqui, e foi o que eu busquei fazer na loja. Ela foi totalmente inspirada nas lojas da Disney". A confeitaria está no sangue da família de Mariane, sua avó, Judit, era doceira, e fazia bolos decorativos para festa.“Tenho certeza de que onde ela estiver, está muito orgulhosa da neta ter seguido seus passos, uma pena que não conseguimos trabalhar juntas, seria a minha maior alegria,” completa emocionada. Mariane conta com o auxílio de uma equipe na cozinha, mas as coberturas e o toque final saem sempre das mãos dela. E disso, ela avisa, não abre mão. “Cada peça, cada cupcake, é único e feito com muito carinho. Foi assim desde o primeiro e sempre será, faço questão de finalizá-los com o toque final da chef”, brinca, lembrando que, aliada isso, está se formando este ano como chef de cozinha pela Escola de Gastronomia Le

Gourmet. A loja Cupcake da Mari disponibiliza diversos sabores de cupcakes, cookies, guloseimas, e tortas especiais com chocolate KitKat, estas sob encomenda. Quem quiser, ainda, decorar e deixar sua festa ou evento ainda mais doce com cupcakes temáticos e personalizados basta fazer a encomenda diretamente na loja.

Endereço Av. Sete de Setembro, 23 - Sala 06 Bairro Vergueiro (em frente ao antigo Esso Salton) Fone: (54) 3601-1180 Atendimento Terça a sexta-feira 9h às 11h50 e 13h30 às 19h. Sábados 9h às 11h50 e 13h30 às 18h.

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Fotos © Gui Benck

PERSONALIDADE

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Tania Mariza Kuchenbecker Rösing: a mulher das letras A noite era uma das mais frias do mês

de julho. Há 15 anos, não fazia, em Passo Fundo, um inverno tão rigoroso. Tania

Rösing esperava-nos em seu apartamento, no centro da cidade. Ao chegar, observei que ela se havia produzido para a

ocasião. Cabelo arrumado, maquiagem, mesmo que leve, e uma roupa elegante. Não pude deixar de comentar o quanto estava bonita. Ela imediatamente

respondeu: estou sempre bonita! Rimos e conversamos um pouquinho sobre fatos recentes da vida, antes de começarmos

propriamente a entrevista. Percebemos uma Tania preocupada com situações

que certamente poucos imaginam. Era a

época da vinda do Papa ao Brasil e sobre isso ela estava cheia de opinião, só para

dar um exemplo.

Começamos a entrevista pelo início de tudo, pelo seu nascimento em Passo Fundo, em 16 de outubro de 1947. Sua mãe teve sérios problemas de saúde e, depois de três filhos, soube que não poderia mais engravidar. Quando descobriu que estava à espera do quarto filho – Tania –, os médicos chegaram a cogitar a possibilidade de interromper a gravidez. Foram nove difíceis meses. Incentivada por amigos e com muita fé em Deus, a mãe decidiu ter a criança. Foi uma gravidez com muitas febres e, por conta disso, houve prejuízo à visão da filha. Tânia não enxerga com um dos olhos. Essa foi a menor e menos provável consequência do problema de saúde da mãe. Por tudo isso, Tania se considera fruto dessa fé muito grande, que tomou conta de sua família por causa da arriscada gravidez. Ela conta que sua mãe partiu aos 91 anos, era muito religiosa e com uma incrível personalidade. Da mesma forma, conta que a dificuldade para enxergar nunca a impediu de ter uma visão ampla sobre o tema literatura e sobre a importância da leitura.

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Tínhamos um rádio em casa, que era o nosso canal de comunicação. Estudávamos juntos. Minha mãe contava e cantava histórias bíblicas. Tania Rösing

Agora, para entender um pouco mais do comportamento ansioso e obstinado de Tania Rösing, é preciso conhecer um pouco de seu pai. Ele saiu de Brusque aos 22 anos, pois acreditava que em Passo Fundo havia um tesouro enterrado. “De certa forma ele o achou, era a minha mãe”, comenta Tania. “Ele morreu aos 81 anos e muitas vezes me sinto exatamente igual ao meu pai. Em busca de um tesouro... Cresci com ele dizendo que meu trabalho seria uma missão, pois eu teria que fazer valer a pena a minha existência”, salienta. O comportamento dos pais foi a principal influência que ela recebeu. Filha de alfaiate e de uma dona de casa que também fazia bordados em máquina, Tania cresceu em meio a alguns livros, dentre eles a bíblia, e a jornais. “Tínhamos um rádio em casa, que era o nosso canal de comunicação. Estudávamos juntos. Minha mãe contava e cantava histórias bíblicas. Aliás, todos na casa liam a bíblia e o jornal Correio do Povo. Frequentei com o meu pai a cultura artística; íamos a muitas apresentações”, conta. Tania foi aluna do IE, o Instituto Metodista de Passo Fundo. “Essa escola ensinou-me para a liberdade, para a autonomia, para a vida espiritual e para o empreendedorismo. Foi a única escola em que eu estudei. Lá também aprendi o amor pelo trabalho, sem apego ao horário, o trabalho como uma missão. Na disciplina de ensino religioso, por exemplo, se ensinavam biografias. As aulas terminavam

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em suspense. Ficávamos curiosos para saber qual história seria apresentada na próxima aula. Minha professora, a Luíza Blanco Ferreira, dizia que religião é vivência. Ela morreu aos 101 anos, há aproximadamente 12 anos”, fala. Perguntei a ela como descobriu a vocação para ser professora e ela revelou que, quando jovem, estava inclinada a fazer o curso de Direito, mas... “46 anos atrás eu era aluna do ensino médio, uma boa aluna de Português. Na época, eu namorava o professor de Contabilidade e diretor do curso técnico em Contabilidade, Acioly Rosing e fui convidada a dar aulas. A professora Leda Kneip Giaretta foi quem me estimulou a lecionar. Às vezes, encontro os antigos alunos, que eram mais velhos do que eu. Guardo boas lembranças da turma. Nas competições da época, por exemplo, os prêmios eram em livros”, revela. Tania Rösing tem 65 anos, está casada há 46 anos. Teve dois filhos, o Cassiano e a Ilana, que é mãe de Lavínia, com 9 anos, e Vítor, com 5 anos. Ela é a avó que vai ao cinema e que vibra a cada filme infantil que entra em cartaz em Passo Fundo. Da relação com o marido, o mesmo namorado da juventude, ouvimos as melhores palavras. “O alemão é de uma calmaria que, se não fosse assim, não estaríamos juntos. Ele é ponderado, amoroso, não só comigo, mas com os filhos, com os netos, com os amigos, é uma espécie de Tiozão”, comenta. Há pouco tempo, o casal venceu

uma dificuldade, uma cirurgia no fêmur do marido de Tania que o fez ficar três meses em casa. Acioly tem 75 anos, foi fiscal do ICM e professor. “Ele é agregador; talvez, sem ele, não existisse a Jornada de Literatura” complementa. Ela se define uma obstinada pelas ideias que defende, procura ser autêntica em qualquer situação, honesta e objetiva na fala. Quando lhe perguntei sobre o que era mais difícil em ser Tania Rösing, ela afirmou: “Conter. Conter essa fonte inesgotável de ideias e de realização. Se eu vejo uma possibilidade e quero fazer, tem que dar certo. Tenho um desejo ardente de agir, de fazer”, revela. Sobre religião, ela busca ser uma pessoa com muita fé. “Considero-me extremamente religiosa, apesar de não concordar com muitas manifestações religiosas contemporâneas. Sou metodista, desde sempre. Atuei em conselhos e na diretoria da Igreja”, diz.


Formação: •

Graduada em Letras e em Pedagogia

Especialista em Metodologia do Ensino Superior

Mestre em Letras pela PUC/RS – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Doutora em Letras pela PUC – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Pós-doutora na Espanha, em 2012

Professora pesquisadora produtividade pelo CNPQ, na UPF

Professora do Mestrado em Letras da UPF

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Tania usa até hoje o anel que ganhou do marido, no dia primeiro de janeiro de 1965, dia em que ele a pediu em namoro.

Rotina

Aprendi com a minha mãe a acordar cedo, pois estudava piano e fazia os temas de casa, estudava os conteúdos dados em sala de aula. Atualmente, levanto por volta de cinco horas da manhã. Vou para o computador, respondo e-mails, estudo, faço textos. Em seguida, vou para a Universidade, sempre carregada de livros. Quem me vê pela rua, vai me enxergar com uma sacola na mão. Costumo almoçar em casa e à tarde retorno ao trabalho. No fim do dia, gosto de estar em casa, sempre que possível. No fim de semana, vamos ao cinema, ao teatro, sempre inventamos alguma coisa para fazer, além, é claro, do nosso horário fixo para contação de histórias. No domingo à noite, costumamos ir à Igreja. Trabalho cerca de 10 horas por dia e umas quatro no fim de semana.

Desafios

Como eu tenho altos objetivos de vida, estou sempre me preocupando com o melhor para todos. Desejo e trabalho para o melhor na educação e na cultura, apesar de saber que nem todas dessas áreas possuem o mesmo entusiasmo. Entristece-me saber que não há reconhecimento da sociedade pelo valor da educação. A sociedade não se dá conta de que tudo passa pela educação. Infelizmente, a sociedade não dá valor ao professor.

O futuro da Jornada

Quem vai dizer da continuidade ou não da Jornada são as pessoas que ficam. As dificuldades são grandes. Se o governo não bancar o que precisa, vai ficando cada vez mais difícil.

O seu futuro

Quero mais netos, quero viajar, quero ficar mais com o meu marido e com a minha família. A estrutura que nos move é uma estrutura familiar sólida. Sem família, não se faz nada. Ah, tenho outro desejo: ler em meio eletrônico! Quero experimentar mais essa experiência...

Jornada Nacional de Literatura A maior movimentação literária da América latina acontece em Passo Fundo a cada dois anos. A Jornada Nacional de Literatura está na 15ª edição e deve reunir mais de 100 escritores, artistas e pesquisadores em Literatura, de 27 a 31 de agosto de 2013. Uma das novidades desta edição é um Festival de Gastronomia, que se une à programação da jornada, de 24/08 a 01/09.

Ela é a Lenda! Tania Mariza Kuchenbecker Rösing. O nome, um decassílabo perfeito. A pessoa, uma nobre alma guerreira. Dom Quixote de saias, incansável, Dá combate aos moinhos da ignorância, Armada só com a força das palavras: - Um, dois, três, quatro, cinco, mil, Queremos mais leitores no Brasil. Paulo Becker, poeta, doutor em Literatura

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Rua Morom, 1242 - Centro - Passo Fundo/RS Fone: (54) 3313.5687 46 VERSA MAGAZINE

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NEGÓCIOS

Pirâmides financeiras

Entenda por que o modelo de negócio não se sustenta Fraudes ou formas diferenciadas de comercialização? Essa é a pergunta

mais frequente quando o assunto são as pirâmides financeiras. O modelo atrai

interessados em dinheiro fácil, mediante

o mínimo esforço e em pouco tempo. Com

o mesmo poder de sedução do velho golpe

do bilhete premiado, atividades deste tipo guardam peculiaridades.

pessoas. Isso caracteriza uma fraude que, em muitos casos, é mascarada sob o nome de “marketing multinível”.

Tainara Scalco

tainara@revistaversa.com.br

U

ma pirâmide ou “corrente” é um modelo comercial que não possui sustentabilidade financeira ao longo do tempo, ou seja, chegará um momento em que a base da estrutura não conseguirá mais vender os produtos/ serviços e nem expandir sua rede de divulgadores, fazendo o sistema ruir e prejudicar, financeiramente, muitas

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O negócio surgiu nos Estados Unidos no século XX por meio de Carlos Ponzi, uma pessoa considerada antiética e que nasceu na Itália, migrou para os EUA e aplicou várias pirâmides, inclusive no Brasil. Esse tipo de negócio já existe há mais de 100 anos (talvez existisse há muito mais tempo, mas não há relatos claros sobre isso antes de Ponzi). Inúmeras pessoas já foram prejudicadas e perderam muito dinheiro com o esquema.

No Brasil, ficaram famosos casos envolvendo boi gordo, avestruz e outros bichos. Com a evolução dos meios de comunicação, principalmente a internet, criaram-se novos mercados para o desenvolvimento de pirâmides, como é o caso da Telexfree. Para explicar a lógica de funcionamento desse negócio e esclarecer dúvidas, conversamos com o doutor em economia aplicada Julcemar Bruno Zilli, professor da Universidade de Passo Fundo. Nos tópicos a seguir, Zilli pontua as principais características das pirâmides financeiras.


Lógica de funcionamento

O esquema envolve a troca de dinheiro pelo recrutamento de outras pessoas ou, por exemplo, por postagens diárias de anúncios publicitários da empresa na internet, sem qualquer produto ou serviço a ser entregue. Entretanto, o principal objetivo do esquema não é vender produtos/serviços e sim a formação de uma rede de “divulgadores”. Dessa forma, as pessoas que estão no início da pirâmide faturam vultosas somas financeiras, mas os últimos ao entrarem no sistema correm o risco de não conseguirem angariar novos adeptos e, com isso, pagarão para entrar na rede e não receberão nenhum retorno financeiro. Por exemplo, o formador da pirâmide oferece a chance de ganhos financeiros para duas novas pessoas (não necessariamente são duas pessoas) que, para ingressarem no

sistema, terão que pagar um determinado valor que será considerado receita para o formador da pirâmide. Na sequência, os dois novos divulgadores deverão incluir mais dois novos agentes cada um, que também pagarão para ingressar no sistema. Um percentual pago pelos novos divulgadores ficará com o formador da pirâmide e outra parte ficará com os divulgadores no nível abaixo do formador. O sistema continuará até chegar um ponto em que não existirão novos divulgadores para ingressar no sistema. Assim, os últimos que entraram não conseguirão recuperar o investimento feito e, com isso, perdem o dinheiro pago ao sistema. Porém, nesse momento, a quantidade de divulgadores cresceu de forma “assustadora”, pois se o sistema acima ocorresse teríamos a seguinte ordem de ingresso de divulgadores:

A B B1 B11

B12

C B2 B21

B22

C1 C11

C12

C2 C21

C22

Podemos perceber que se isso acontecer, quando chegar ao último nível teremos oito novos divulgadores e se eles não conseguirem recrutar novos agentes não irão recuperar o dinheiro investido na pirâmide. Assim, as pessoas que estão na base da pirâmide sempre perderão o dinheiro investido.

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Crime ou não?

O procedimento é considerado crime, pois mesmo com a participação de toda a população mundial no negócio, os últimos indivíduos a entrarem no esquema não conseguirão recuperar o valor investido e, com isso, serão prejudicados por meio de propaganda enganosa. Os principais fatores que indicam um esquema em pirâmide incluem vendas realizadas em tom exagerado; pouca ou nenhuma informação dada sobre a empresa; muitas promessas vagamente enunciadas sobre retornos financeiros potencialmente ilimitados; nenhum produto real ou um produto que é vendido por um preço extremamente superior ao seu real valor de mercado e a descrição do produto feita pela empresa é bastante vaga. Diante de tudo isso, o procedimento se caracteriza como fraude financeira, pois fere a lei n. 1.521, de 26 de dezembro de 1951, que dispõe em seu art. 2º, inciso IX, que constitui crime contra a economia popular, “obter ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indeterminado de pessoas mediante especulações ou processos fraudulentos”.

O procedimento se caracteriza como fraude financeira, pois fere a lei n. 1.521, de 26 de dezembro de 1951, que dispõe em seu art. 2º, inciso IX, que constitui crime contra a economia popular. Julcemar Zilli Doutor em economia

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Máscaras de “marketing multinível” Muitas vezes os esquemas de pirâmide são mascarados como “marketing multinível”, também conhecido como “marketing de rede”. Este se trata de um modelo comercial de distribuição de bens ou serviços em que os ganhos podem advir da venda efetiva dos produtos/serviços. Diferencia-se do chamado “esquema em pirâmide” por ter a maior parte de seus rendimentos oriunda da venda dos produtos/serviços, enquanto, na pirâmide, os lucros vêm, apenas ou maioritariamente, do recrutamento de novos vendedores. Dessa forma, se for provado que a principal parte do faturamento destas empresas é oriunda de recrutamento de pessoas estará claro a existência de fraude financeira. Nos Estados Unidos, é considerado esquema de pirâmide quando o faturamento da empresa com recrutamento de pessoas/divulgadores for superior a 70% do valor. Entretanto, no Brasil ainda não está muito claro que percentual poderia ser considerada pirâmide ou marketing multinível. Portanto, as pessoas precisam analisar friamente as propostas oferecidas por empresas, principalmente, as que exigem que novos participantes sejam inseridos no negócio para começar a ter retorno financeiro, pois muitas vezes trata-se um esquema que, com certeza, gerará prejuízos aos participantes. Vale lembrar que não existe dinheiro fácil e sempre que isso for oferecido precisamos desconfiar e procurar melhores informações sobre o assunto.


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SOLIDARIEDADE

Amor e Solidariedade: os principais ingredientes do Jantar dos Gourmets.

Carinho, amor e solidariedade. Por meio dessa agradável combinação, mais de 500 pessoas prestigiaram o Jantar dos Gourmets, uma encantadora iniciativa em prol dos estudantes da APAE de Passo Fundo. O jantar, que aconteceu no dia 17 de agosto, no Clube Comercial, encantou os convidados. A beleza e sabor dos pratos preparados pelos 4 gourmets conquistaram o paladar de todos, além, é claro, de contribuir com a APAE. Durante o evento, foram vendidos os livros de receitas “Culinária Especial”, onde toda renda será revertida para a APAE. O evento contou com o apoio da BSBios, Clube Comercial e Estratégia Marketing e Propaganda.

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de Passo Fundo


A APAE AGRADECE AOS GOURTMET’S E A TODOS OS COLABORADORES QUE AJUDARAM EM MAIS UM EVENTO DE SUCESSO DA APAE.

Clube Comercial

Estratégia - Marketing e Propaganda

Buffet Lisete Biasi

Maninha Decorações

Iluminação Serafini Lutz

Gráfica Tapejarense

Fotografia Neia Moresco

Design de Cabelo Roberta Wesphalen

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PETTICHE

Por que faz tão A companhia de um bichinho de estimação traz inúmeros benefícios ao ser humano. Muitos dizem que é como a

maternidade: dedicação e amor

incondicionais. Brincadeiras à parte, cães e gatos representam muito,

principalmente, no quesito companhia. Um pet por perto atenua problemas físicos e psicológicos.

Tainara Scalco

tainara@revistaversa.com.br

E

as pesquisas comprovam, não é de hoje. Em 2009, um debate na conferência da International Society for Anthrozooly and Human-Interation, realizada em Kansas, nos Estados Unidos, apontou estudos sobre os benefícios dessa convivência para o organismo humano. Há redução da hipertensão, da obesidade, da ansiedade e da depressão. O afeto estimula o cérebro a produzir substâncias ligadas ao bem-estar, como as endorfinas e a serotonina, que relaxam o corpo, ou seja, quando você leva seu bichinho passear, perde peso e melhora a condição vascular. Mas não para por aí. O contato com animais vai muito além da companhia que proporcionam. Um pequeno tempo diário dedicado a eles funciona como uma terapia ao ser humano. Conversar e brincar com animais pode diminuir o estresse, sem contar o carinho que eles são capazes de doar. Quem tem animal

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bem à saúde? Dicas para você fortalecer o vínculo com o seu amigo bicho: 1. Reserve um tempo no seu dia para se dedicar exclusivamente a esse amigo. Alimente-o, converse com ele, faça carinho e dê banho você mesmo. Essas experiências são valiosas. 2. Aproveite para praticar atividade física e se divertir durante os passeios. Faça caminhadas em seu bairro, nos parques ou praças. E permita que, nos intervalos, seu animal interaja com outras pessoas e animais. 3. Estimule a curiosidade dele. Invente brincadeiras engraçadas e prazerosas que entretenham a ambos.

de estimação sabe a sensação de chegar em casa depois de um dia de trabalho cansativo e ser recebido com festa. Isso deixa qualquer um mais feliz. Além de dar carinho, divertir, acalmar e fazer companhia, os bichos de estimação podem desempenhar um papel ainda mais nobre, ajudando nas perdas pessoais, por exemplo. Estudos feitos com pessoas que perderam seus cônjuges mostram que os donos de animais estão menos propensos à depressão e à sensação de isolamento. Além das mulheres, dois perfis são aparentemente ligados à criação desses seres: os idosos e as crianças. Geralmente os idosos têm a vida menos ativa, passam mais tempo dentro de casa e procuram distrações. Então, os animais apresentam-se como grande atrativo para eles, pois, assim, têm com quem conversar e de quem cuidar. Quanto às crianças, a afeição pelos animais é nítida. A convivência desperta seu lado mais sensível e carinhoso. Elas aprendem a respeitar o espaço dos bichos, às vezes mais do que dos próprios pais. As crianças veem os animais como um amigo, um colega com quem possam brincar, mas que não têm as mesmas capacidades motoras e desenvolvimentos que elas. A criança passa a ter, então, a noção da diferença entre os seres e automaticamente aplica isso no dia a dia. Outro estudo desenvolvido nos Estados Unidos comprova que a maioria das pessoas que adquire cães e gatos desenvolve segurança e autoestima. Por essa e por outras razões, não se deve desprezá-los.

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EDUCAÇÃO

O (péssimo) ensino da Língua Portuguesa! Ironi Andrade

professor-diretor do Sistema Educacional Ironi Andrade.

Espanta-me, na observação diária, e, igualmente, na conversa com outras pessoas, quão antiquado, desmotivador e desinteressante está o ensino do idioma pátrio atualmente. Dói-me n’alma, primeiro, a queixa dos jovens, sempre reclamando de estarem sendo submetidos a verdadeiras sessões-tortura em intermináveis períodos do dia que algumas pessoas ousam denominar aulas de Português. Pasma-me, depois, falar com os pais desses jovens e ver que, como eu mesmo, eles tiveram as mesmas aulas que, hoje, seus filhos estão tendo, sem atrativos maiores, de regras decoradas e inconsequentes, de trabalho improvisado. Entristecem-me, por fim, conversas com os avós de todos nós que relatam como eram as aulas na época em que eles foram estudantes e, confrontando com o hoje, vejo que ele é simplesmente a repetição do ontem. As coisas mudam, as pessoas mudam, os princípios didático-pedagógicos mudam, os conhecimentos evoluem, as descobertas ocorrem, mas as aulas tendem a não mudar. Que coisa! Parece incrível que, primeiro, as escolas formadoras de professores de Língua Portuguesa estejam tão

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dissociadas da realidade, tão alheias às novidades, tão indiferentes ao sofrimento de professores e principalmente de alunos. Elas, sem exceção, insistem, por exemplo, na tese, absurdamente ilógica, de que não se deve ensinar gramática em sala de aula. Ensinar o que, então, se os livros didáticos estão cheinhos de gramática? Mais: o professor vai enfrentar cinquenta minutos de aula ensinando o que, se a gramática não deve ser ensinada e se os alunos querem aprendê-la? Eu gostaria, sim, de desafiar esses teóricos do nada a entrarem numa sala de aula, com quatro dezenas de inquietos e pouco disciplinados jovens, ao menos uma vez na vida, e trabalhar cinquenta minutos, sem abordar conteúdos gramaticais. Santa e paranoica utopia! E já sei qual será a resposta das academias a isso tudo: “Os conteúdos gramaticais devem ser trabalhados a partir dos textos!”. E aí eu pergunto: os professores estão sendo ensinados, no que diz respeito a conteúdos gramaticais, trabalhar a partir de textos? Como, se não conhecem mais a gramática? Um absurdo! É desolador, depois, e também, ver como o professorado não se atualiza ou se atualiza pouco. Sim, porque não está escrito em lugar nenhum que somente as poucas coisas que as paupérrimas faculdades repassam é que devem ser ensinadas, tampouco que as aulas que

nossos bisavós tiveram devam ser dadas, hoje, a seus bisnetos. Para quem não sabe, uma pesquisa mostrou ser de 92% o percentual de professores que vão à escola sem terem preparado a aula, isto é, chegam à sala de aula e perguntam aos alunos até onde a matéria – daquele livrequinho miserável – foi explanada na aula anterior. Ora, se têm preguiça até de preparar a aula, imagine-se se terão vontade de ler, pesquisar, atualizar-se! Uma pena, uma tragédia!

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Fotos © 2011 Gui Benck

GASTRONOMIA

Espeto

afinado

Saiba o que é preciso para fazer um bom churrasco

Tainara Scalco

tainara@revistaversa.com.br

A relação de cumplicidade vem de longe. Século XVII e o churrasco começava a arrematar o paladar dos gaúchos das Missões. Passados os anos, os cortes se tornaram variados, as churrasqueiras ganharam mármore e os açougueiros se tornaram os melhores amigos do bom assador.

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os embalos de César Oliveira e Rogério Melo, o chimarrão divide a atenção com os espetos sobre a churrasqueira. Que se candidate à inquisição o gaúcho que não compartilhou esses elementos em um domingo ensolarado pelos pampas afora. O mate e a trilha sonora podem até variar; o que não pode é errar a carne no fogo e desagradar aos convidados. Há segredo para um bom churrasco? Manias à parte, alguns elementos podem ajudar na hora do preparo. “Conhecer os convidados, escolher os melhores cortes e ter uma boa relação com o açougueiro é imprescindível,” salienta Mauro Abreu de Camargo, conhecido como Embaixador do Churrasco. Depois, é só separar a lenha e colocar a carne no fogo. O carvão até pode ser uma opção, mas o sabor mais acentuado, podem acreditar, vem dos diferentes tipos de lenha.

Se o açougueiro é o melhor amigo do assador, o fogo é o do churrasco. O tempo na churrasqueira é diferente para cada corte. Os macios são assados mais rapidamente e com caloria intensa, explica o Embaixador. Já, o espeto deve ficar a cerca de 40 cm do fogo para evitar que a carne resseque.

Laço, fita e churrasqueira

A perda de espaço na cozinha já ganha tons de reação na churrasqueira. As mulheres cada vez mais estão ocupando o espaço que, até alguns anos, era reduto essencialmente masculino. No interior, essa prática é ainda mais recorrente, isso porque, enquanto o marido e os filhos estão envolvidos com afazeres do campo, elas pilotam os espetos. “Nos cursos que realizo com a presença de mulheres, sempre obtive ganhos com as dicas delas. Um dia, uma delas me pediu se eu não iria limpar a ponta do espeto,” conta Mauro.


Dicas do Embaixador do Churrasco • Para que a suculência dos cortes de bovinos seja preservada, orienta-se selar a carne e depois salgá-la; • Não salgue a carne bovina com antecedência, o sal desidrata; • Não podemos permitir que diferentes temperos misturem-se antes, durante ou após o preparo; • Deve-se respeitar o tempo de cocção de cada assado. O carneiro tem um tempo de cocção 30% maior que uma fraldinha bovina. Cortes bovinos como picanha, fraldinha, filé mignon e assado de tiras são preparados no calor intenso, sem que a labareda toque a carne; • A gordura é amiga do churrasco, hidrata, dá sabor e maciez à carne. A dica é adquirir cortes com gordura intramuscular (com “marmoreio”) e gordura externa e somente retirá-la depois de assada; • Para um churrasqueiro iniciante, o conselho é que só aumente a variedade dos tipos de assados à medida que os novos procedimentos sejam incorporados; • Quanto menos pessoas, menor a variedade. Isso é importante para não corrermos alguns riscos como faltar algum item, desperdício de alimentos ou ainda escassez de espaço na churrasqueira;

Dicas de como servir • O churrasco pode ser servido em duas etapas: uma com carnes que servem como tira-gosto e outra com os cortes mais nobres. Para começar, sirva costelinhas de porco, linguiças variadas e coração. Em seguida, sirva os cortes maiores como a picanha, a maminha e a costela, entre outros • Cortes suínos como o lombo são uma boa opção. Mas, o ideal é não misturar no mesmo churrasco carnes muito diferentes, pois nem sempre o apetite é suficiente para experimentarmos todos os cortes. • Nem só de carne bovina e suína vive uma churrasqueira. Ela também pode ser abastecida com pescados e crustáceos, cabrito, coelho e outras carnes. Os pescados preparados na brasa são deliciosos, principalmente peixes de água doce como o tambaqui, o pintado e até mesmo a truta.

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Cortes para churrasco Bovinos: Picanha Maminha Alcatra Ponta do Peito ou Granito Entrecot ou Filé de costela Bananinha Assado de tiras Costelão janela Fraldão ou Vazio Fraldinha

Ovinos: Pernil Paleta Costela Carré Carré francês

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Acompanhamentos Escolha a carne de sua preferência, capriche nos acompanhamentos e prepare em casa um delicioso churrasco.

Sugestões O pernil poderá ser todo desossado. Aí teremos: picanha, alcatra, maminha, tatu, coxão mole, caxão duro e patinho, entre outros.


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DECORAÇÃO

Adapte ao seu espaço Seja a lenha ou a gás, apartamento também é lugar de lareira

Tainara Scalco

tainara@revistaversa.com.br

A

s nuvens cinzas contrastam com as toucas e mantas. No Rio Grande do Sul isso já não é novidade. O frio intenso faz com que procuremos alternativas para se aquecer. Seja no ambiente de trabalho ou em casa, vale tudo para deixar o clima agradável. A tradicional lareira é indicada para quem gosta do fogo à moda antiga, com aquele cheirinho de madeira queimando e labareda irregular. E não é somente as casas que podem propiciar esse ambiente. Ao contrário do que se pensa, qualquer apartamento pode abrigar uma lareira. Porém, é preciso considerar

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alguns aspectos. As arquitetas Fernanda Cavaletti e Luciana Gavioli explicam que o local precisa ter uma passagem de ar que promova a renovação dos gases, pois a combustão que gera o fogo consome oxigênio, o que acaba ressecando o ar do ambiente. “Demanda obra e o ideal é ser planejada no projeto.” Por outro lado, os modelos a gás, elétricos e ecológicos (alimentados por combustível à base de etanol) são mais práticos. “A lareira a gás não emite odor, já as elétricas e ecológicas não precisam de estrutura planejada com chaminé,” explicam as arquitetas. Algumas delas são móveis e podem


Cuidados essenciais

aquecer salas, quartos e cozinha por exemplo. Outro aspecto positivo é o preço. Esses tipos são geralmente mais baratos. Os modelos são variados e atendem a todos os gostos e ambientes. Lareiras a gás têm a vantagem de não precisar recolher restos de lenha no dia seguinte. Além disso, muitas delas têm trava de segurança que impedem que crianças mexam ou que o gás fique muito tempo ligado. “A primeira coisa que devemos analisar é justamente o ponto de gás. A instalação deve ser feita por uma empresa especializada que garanta a segurança e o aquecimento,” completam. Mas se você não quer quebrar paredes ou pisos, uma dica das arquitetas são as lareiras a etanol ou elétricas. Elas ficam acesas por até duas horas. Depois desse tempo, é necessário que sejam reabastecidas. Quanto ao tamanho das lareiras, é preciso considerar a área do ambiente a ser aquecido e o espaço disponível para a elaboração do projeto.

• As lareiras com fogo real precisam de cuidado especial para se evitar acidentes, como queimaduras e incêndios. Além disso, crianças não devem ser deixadas sozinhas em ambientes onde haja fogo real. Hoje em dia todo tipo de material de construção é empregado na construção de lareiras, mas para aquelas que produzem fogo real, é obrigatório que a matéria-prima seja refratária, ou seja, tenha capacidade de resistir ao calor sem se alterar.

A vida é um incêndio: nela dançamos, salamandras mágicas Que importa restarem cinzas se a chama foi bela e alta? Em meio aos toros que desabam, cantemos a canção das chamas! Cantemos a canção da vida, na própria luz consumida... Mário Quintana

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BEM-ESTAR

Ronco e apneia do sono Estudos apontam que 25% da população sofrem com distúrbios do sono A preocupação com a qualidade de vida tem aumentado muito e com isso aumentou o número de pessoas preocupadas em manter um sono adequado. Os indivíduos que sofrem de distúrbios do sono apresentam baixa qualidade de vida, piorando sua saúde física e mental apresentan64 VERSA MAGAZINE

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do sintomas como sonolência diurna, dores de cabeça, sensação de sono não reparador e memória nebulosa. Esse quadro tem-se acentuado em pacientes do sexo masculino obesos, sedentários, com mandíbula curta e em mulheres após a menopausa.


Colaboração Domingos Justen Cirurgião Dentista

redacao@revistaversa.com.br

A Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) é um distúrbio respiratório caracterizado por paradas repetitivas e temporárias da respiração durante o sono, com interrupção total do fluxo aéreo por períodos de 10 segundos ou mais, podendo levar os que sofrem desse distúrbio a sérios problemas de saúde. Esse distúrbio é causado pela flacidez da língua e tecidos da nasofaringe ou tamanho excessivo das amigdalas que fecham totalmente as vias aéreas superiores. A maioria dos eventos dura entre 10 e 30 segundos, porém, ocasionalmente, se prolongam até um minuto ou mais, podendo-se, repetir até 800 vezes numa mesma noite. Já o ronco é o nome dado ao barulho causado pela vibração dos tecidos da garganta no momento da passagem do ar, enquanto a pessoa dorme e é causado pelos mesmos motivos da apneia, sem ocorrer o fechamento total da garganta. O ronco provoca desde um problema social, familiar ou levar a uma Apneia e suas conseqüências. Quem ronca nem sempre tem apneia, no entanto, quem sofre dela, sempre ronca.

Diagnóstico O Diagnóstico do Ronco é feito através da observação da emissão de ruídos durante o sono, apontado, na maioria das vezes, pelo companheiro (a) de quarto ou seus familiares. Já para a Apnéia Obstrutiva do Sono pode ser feito de duas maneiras: caseiro, pela constatação de interrupções na respiração da pessoa durante o sono ou através de exame laboratorial denominado de Polissonografia. Os distúrbios do sono alteram a fisiologia geral do organismo e uma das principais consequências é o risco de morte súbita. A apneia do sono tem outros fatores que prejudicam a saúde geral, tais como: arritmias cardíacas, infarto do miocárdio, envelhecimento excessivo do sistema circulatório, hipertensão arterial, AVC, diabetes, obesidade, sonolência excessiva diurna e suas conseqüências, tais como: acidentes de trabalho e acidentes de trânsito, dentre outros correlacionados. O Ronco e apneia causam problemas individuais, familiares, sociais e profissionais. Os problemas individuais vão desde a dificuldade de concentração e aprendizado, sonolência excessiva durante o dia, dores de cabeça, depressão e variação do humor, impotência, ganho de peso, além dos demais citados anteriormente. Os problemas familiares incluem a separação do casal para dormir, (dormem em quartos separados) desunião do casal, desagregação familiar, (conversam menos) depressão e separação do casal. Problemas sociais são da ordem especialmente de dividir quartos quando em viagens, roncar em ônibus, aviões, etc.. No âmbito profissional, em virtude da pouca concentração há baixa produtividade, problemas com a memória, irritabilidade excessiva, sonolência, depressão, acidentes automobilísticos e suas conseqüências. As complicações mais freqüentes devido à apneia do sono são: hemorragias, devido aos picos de hipertensão, infecções secundárias provocas pela baixa imunidade e baixo limiar de dor devido a irritabilidade e ao estresse. Em crianças a característica é a agressividade e hiperatividade. A certeza é que quem sofre da apneia obstrutiva do sono vive menos e dormir bem é sinônimo de qualidade de vida.

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Apneia do sono deve incluir: Bons hábitos de sono, mantendo horá-

rios regulares para dormir, inclusive em fins de semana;

Dormir em quarto escuro, sem odores,

sem barulhos e fresquinhos;

Evitar alimentos estimulantes(chás, café,

chimarrão, chocolate), álcool e alimentos de difícil digestão (carnes e gorduras), espe-

Estudos apontam que os distúrbios do sono alteram a fisiologia geral do organismo e uma das principais consequências é o risco de morte súbita. Domingos Justen Cirurgião Dentista

Modalidades de Tratamento O tratamento dos Distúrbios do Sono é, sem dúvida, multifatorial e grande parte dos problemas é resolvida com a introdução de bons hábitos de sono. O objetivo do tratamento é atingir um sono reparador, incluindo procedimentos simples e atos não invasivos, com uma relação custo/benefício favorável e expectativa de sucesso no tratamento. Dessa forma a seqüência ideal de procedimentos para o tratamento do Ronco e

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cialmente 4 horas antes de dormir;

Emagrecimentos, Fisioterapias (fonoau-

diologia da língua e pilares da garganta);

Desobstrução das Vias Aereas Superiores

(lavagem do nariz, corrigir desvios do septo nasal, quando for o caso).

Aparelhos de auxílio respiratórios como o CPAP são considerados padrão ouro para o tratamento de Apnéias graves, no entanto, devemos ressaltar suas limitações: são os mais caros, dependentes de energia elétrica, não é possível usar em caso de viagem de avião e ônibus além de requererem manutenção com frequência como a calibração do ar e substituição da máscara.

Com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos pacientes que possuem distúrbios do sono, a Odontologia tem papel importante na Medicina do Sono. Pacientes com distúrbios do sono são tratados com aparelhos Intra-Orais e também com cirurgia ortognática e pacientes que não aderem ao tratamento com o CPAP e ainda pacientes cirúrgicos que não desejam se submeter a esse procedimento. Os resultados do tratamento com o aparelho intrabucal têm sido muito eficazes e são comprovados por diversos trabalhos científicos publicados na literatura, demonstrando a redução significativa dos índices de Apneia do sono e ronco.


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COMPORTAMENTO

Por que ainda estou sozinha?

A

s mudanças de comportamento mulheres de serem totalmente felizes e e as tentativas de conquista de viverem consigo mesmas sem a necessiuma liberdade, muitas vezes, a dade de um parceiro sexual. Mas, o que mulher está um pouco “atrapa- vivencio em meu consultório é a mais lhada”. Digo pura verdade: há um assim porque muitas vazio existencial no mulheres ainda estão ser humano, que pretentando achar seu cisa ser preenchido espaço na sociedade, de alguma forma. na família, no trabalho Então, por que estae também na sexualimos sozinhas? Pordade. Porém, o que se que, talvez, estamos percebe, muito, é que procurando o ideal, as mulheres receberam o que sempre deseuma educação moral jamos e isso pode bastante rígida e, porestar longe de nossa tanto, foram podadas realidade. A nossa de muitos prazeres, realidade pode ser, inclusive ao nível das na verdade, melhor fantasias sexuais. Nesse do que idealizamos sentido, um conflito por uma vida inteira. interno está extrema Talvez o Magali Leite Dalloglio e totalmente presente: que precisamos Psicóloga de um lado a mulher seja olhar ao nosso precisa, nestes tempos, redor e perceber que ser desprovida de preconceitos e poder o bom não é o príncipe ou a princesa, atuar livremente, lidando com suas mas aquela pessoa que faz da nossa fantasias; mas, ao mesmo tempo, não vida o complicado, o desencontro, as consegue desprender-se do enorme diferenças e as semelhanças, ou seja, superego que foi internalizado desde tudo mais simples e corriqueiro... Será que as regras sobre as diferenças de que assim não ficaremos tão sozinhas? papéis nas sociedades entre homens e mulheres foram aceitas ou impostas... Da mesma forma, é preciso dizer que, ainda hoje, os homens procuram a princesa encantada para uma união estável. E as mulheres também desejam que o príncipe encantado bata à sua porta para levá-las ao mundo mágico, onde serão protegidas e seus príncipes terão a certeza de que não serão trocados por outro mais poderoso, mais forte e capaz de dar à sua princesa um mundo mais encantado. Magali Leite Dalloglio Não quero menosprezar a moderniPsicóloga dade e muito menos a capacidade das

A nossa realidade pode ser, na verdade, melhor do que idealizamos por uma vida inteira.

SOZINHA

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VERSA MAGAZINE 69


ECONOMIA

Festa de luxo Custo dos estádios da Copa de 2014 dispara e quase triplica

Em outubro de 2007, o Governo Federal anunciou que os gastos com a construção de estádios para a Copa do Mundo de 2014 não ultrapassariam a casa dos R$ 2,8 bilhões. Há menos de um ano do espetáculo das quatro linhas, essa previsão chega a R$ 8 bilhões, ou seja, 285% superior à expectativa inicial.

70 VERSA MAGAZINE

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Tainara Scalco

tainara@revistaversa.com.br

Uma conta que só cresce. Após a conclusão de seis estádios e mais quatro reajustes em outras arenas, o custo dos 12 palcos da bola já chega a R$ 8 bilhões. Os últimos aditivos ocorreram na Arena da Amazônia, Arena da Baixada, Maracanã e Mané Garrincha. No Rio, o governo afirmou que o aumento de R$ 59,7 milhões está ligado ao “reajuste de preços e atualização monetária”. Em maio, o custo do estádio já havia sofrido um acréscimo de R$ 277 milhões, ultrapassando pela primeira vez a marca de R$ 1bilhão. Em Brasília, o mesmo cenário. No contrato assinado em 2010, o Mané Garrincha estava orçado em R$ 696 milhões. Porém, 19 aditivos foram responsáveis por um acréscimo de R$ 337 milhões. Além disso, o custo da cobertura, dos assentos, do gramado e do placar eletrônico elevou a conta em mais R$ 193,1 milhões. Hoje, o estádio tem preço fixado em R$ 1,43 bilhão. Nos dois casos, o valor triplicou. Em 2009, a previsão era que a reforma do Maracanã custasse R$ 400 milhões. A construção do novo Mané Garrincha sairia por R$ 520 milhões. Duas obras em andamento também tiveram os valores reajustados. Em Curitiba, o aumento de R$ 46 milhões ocorreu por causa do retardamento de um ano no cronograma. A Arena da Baixada está orçada, agora, em R$ 265 milhões. A Arena da Amazônia, por sua vez, passou de R$ 550 milhões para R$ 605 milhões. • Com o novo valor, o Brasil aumentou a diferença nos gastos em relação às Copas de 2006 e 2010. Os estádios brasileiros, orçados em R$ 8 bilhões, custam duas vezes mais. Na Alemanha, o custo total das dez arenas foi de R$ 3,27 bilhões. Na África do Sul, 12 estádios saíram por R$ 3,6 bilhões. • No Mundial 2014, cada um dos 676 mil assentos dos estádios custam R$ 11,8 mil. Alemães e sul-africanos pagaram o mesmo valor: R$ 5,5 mil. Em 2010, eram 590 mil unidades. Em 2006, 655 mil assentos. • O preço médio das arenas brasileiras é de R$ 665 milhões. Na Alemanha, cada obra custou, em média, R$ 300 milhões. Na Copa 2010, o valor foi de R$ 327 milhões.


2009 - R$ Indefinido

2009 - R$ 500 milhões

2010 - R$ 184,5 milhões

2010 - R$ 515 milhões

2013 - R$ 265 milhões

2013 - R$ 605 milhões

Arena da Baixada

Arena da Amazônia

Curitiba - PR

Manaus - AM

2009 - R$ 300 milhões

2009 - R$ 400 milhões

2010 - R$ 350 milhões

2010 - R$ 454,2 milhões

2013 - R$ 350 milhões

2013 - 519,4 milhões

Arena das Dunas

Arena Pantanal

Natal - RN

Cuiabá - MT

2009 - R$ 500 milhões

2009 - R$ 120 milhões

2010 - R$ 529,5 milhões

2010 - R$ 130 milhões

2013 - R$ 529,5 milhões

2013 - R$ 330 milhões

Arena Pernambuco

Beira-Rio

Recife - PE

Porto Alegre - RS

2009 - R$ 300 milhões

2009 - R$ 400 milhões

2010 - R$ 623 milhões

2010 - R$ 591,7 milhões

2013 - R$ 623 milhões

2013 - R$ 591,7 milhões

Castelão

Fonte Nova

Fortaleza - CE

Salvador - BH

2009 - R$ 520 milhões

2009 - R$ 430 milhões

2010 - R$ 745,3 milhões

2010 - R$ 600 milhões

2013 - R$ 1,43 bilhão

2013 - R$ 1,19 bilhão

Mané Garrincha

Maracanã

Brasília - DF

2009 - R$ Indefinido

2009 - R$ 300 milhões

2010 - R$ 426,1 milhões

2010 - R$ 240 milhões

2013 - R$ 695 milhões

2013 - R$ 855 milhões FONTE: portal2014t

Mineirão

Belo Horizonte - MG

Rio de Janeiro - RJ

Arena Corinthians São Paulo - SP

TOTAL: 2009 - R$ 3,7 bilhões // 2010 - R$ 5,4 bilhões // 2013 - R$ 7,98 bilhões

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SAÚDE

INTOXICAÇÃO ALIMENTAR Definição: A intoxicação alimentar ocorre quando a ingestão de alimentos, de água ou de bebidas que contenham bactérias, parasitas, vírus ou toxinas produzidas por esses germes.

A

contaminação pode acontecer na hora de preparar o alimento, na conservação inadequada ou na má limpeza dos utensílios. Isso pode afetar um indivíduo ou um grupo de pessoas que comem a mesma comida contaminada. A intoxicação alimentar pode ser causada por: • Botulismo (Clostridium botulinum) • Enterite associada à Campylobacter • Cólera • Enterite associada à E. coli • Intoxicação por peixe contaminado • Listeria • Vários tipos de vírus • Staphylococcus aureus • Salmonella • Shigella • Yersinia

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Obs: Crianças e idosos correm mais risco de serem acometidos por intoxicação alimentar. Indivíduos que apresentam alguma enfermidade séria, como doença renal ou diabetes e estejam com o sistema imunológico debilitado. Gestantes e mulheres que estiverem amamentando devem ser especialmente cautelosas para evitar a intoxicação alimentar. Sintomas: Os sintomas dos tipos mais comuns de intoxicação alimentar geralmente têm início de 2 a 6 horas após a ingestão do alimento. Esse período pode ser maior ou menor (até dias depois), dependendo da causa da intoxicação. Os possíveis sintomas incluem: • Cólicas abdominais • Diarreia (podendo conter sangue) • Febre e calafrios

• Dor de cabeça • Náusea e vômito • Fraqueza (podendo ser grave e levar a uma parada respiratória, como no caso do botulismo). Tratamento: A recuperação na maioria dos tipos de intoxicação alimentar se dá em 2 dias. O objetivo é fazer com que se sinta melhor e evitar a desidratação • Não coma alimentos sólidos até que a diarreia tenha passado, e evite produtos de laticínios, que possam piorar o quadro (devido a um estado temporário de intolerância à lactose); • Beba líquidos (exceto leite e bebidas cafeinadas) para repor os líquidos perdidos devido à diarreia e ao vômito; • Dê às crianças ou soro caseiro ou uma solução de eletrólitos.


Se você toma medicamentos diuréticos, é preciso tratar a diarreia com cautela. Talvez seja preciso interromper a medicação diurética enquanto a diarreia não cessar. Mas, lembre-se de nunca interromper ou alterar seus medicamentos sem comunicar um médico e obter instruções específicas. Caso você tenha ingerido toxinas de cogumelos ou frutos do mar, por exemplo, precisará de atendimento médico imediatamente.

Em casa • Sobras do almoço: Tire das panelas, acondicioneos em outro recipiente e leve-os à geladeira. Pode guardá-los até mesmo quentes. Isso não estraga a geladeira, nem a comida. Mas, até que esfriem, mantenha o recipiente aberto. Aquelas gotículas de água que se formam na tampa (umidade) podem facilitar a proliferação de bactérias.

DICAS PRECIOSAS: Todo o cuidado às vezes é pouco quando não se conhece a sua procedência.

Na Rua • Ovo: Pode abrigar a bactéria Salmonella, “O maior risco é ingerir mal cozido (com a gema mole) ou cru (usado em alguns preparos como a maionese)”. • Folhas: Larvas e bactérias podem estar escondidas entre as folhas “Só lavar com água não basta. É preciso realizar uma desinfecção química para eliminar os microorganismos”. • Carnes: Espetinhos, churrasquinhos, sanduíches de carne assada podem conter a bactéria Clostridium perfringens. Na hora de consumir, opte pela preparada na hora e bem passada, sendo mantida acima de 60 graus. • Cachorro-quente: O problema principal está na salsicha, que pode conter a bactéria Listeria monocytogenes. “Ela deve ser cozida na hora e por cinco minutos após levantar fervura”. • Maionese: Cuidado com a “maionese caseira”. Além do risco da contaminação pelo uso de ovos crus no preparo, a falta de higiene da embalagem (bisnagas) e a refrigeração inadequada transformam o alimento em uma bomba de contaminação. Prefira os sachês industrializados para maionese, mostarda e catchup.

• Frios: Retire-os da embalagem original e coloqueos em recipientes com tampas. Na hora de se servir de uma fatia, utilize um garfo, evitando manipular o alimento com as mãos. Consuma-os em até dois dias. Ranço e gosma na superfície dos frios significam microorganismos em ação e problemas de contaminação na certa se forem ingeridos. • Bolo de aniversário: Esse tipo de alimento não pode ficar mais de duas horas em temperatura ambiente, sob o risco de favorecer a proliferação de bactérias e toxinas. Mas o risco maior está na hora de apagar as velinhas. O aniversariante assopra e espalha gotículas de saliva cheias de Staphylococus aureus, que podem produzir toxinas que provocam intoxicações com náuseas e vômitos. • Palmito: Ao comprar o produto, verifique as informações da embalagem: o rótulo deve conter a data de validade, o número do lote e os dados do fabricante. Um alimento de má procedência pode conter a toxina botulínica, bactéria transmissora do botulismo, doença que pode levar à morte. Antes de consumi-lo em casa, a recomendação é fervê-lo durante 10 minutos. • Enlatados: O cuidado aqui é com a embalagem. As latas têm um verniz interno, que preserva seu conteúdo. Pequenas batidas podem romper essa proteção e comprometer o alimento. É importante também higienizá-las (lavar com água e detergente) antes de abri-las. Ao abrir, verifique se não contêm bolhas, como se o produto estivesse fermentado. Drene a água e consuma ou prepare imediatamente. Se não for utilizar todo conteúdo da lata, retire da embalagem, coloque em outro recipiente com tampa, marque a data e consuma em até três dias.

Patricia Folle Nutricionista CRN² 2037 www.patriciafolle.com.br

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MEIO AMBIENTE

Atenção no jardim As plantas também precisam de proteção no frio O inverno é um período de baixa manutenção, mas que exige alguns cuidados, para que as plantas o atravessem com vitalidade. No paisagismo, é o momento de planejar, escolher as espécies que vão ser plantadas na próxima estação, decidir como serão os canteiros e preparar a terra para as intensas atividades da primavera.

redacao@revistaversa.com.br

N

essa época, as pessoas correm às lojas para comprar artigos que ajudem a combater o frio. No entanto, não se pode esquecer do jardim. As plantas também necessitam de cuidados especiais para que cheguem inteiras à próxima estação. Algumas espécies de plantas e flores sentem mais a chegada do frio. Ipê roxo, pata de vaca, primaveras, camélia, azaléia e gardênia são mais fortes e ficam até mais bonitas no inverno. O processo

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da maioria das plantas é o mesmo. No inverno costumam perder as folhas, entrando em um estado semelhante à hibernação. Nesse período, elas diminuem a velocidade de crescimento para acumular energia e voltar saudáveis na primavera. Porém, seja qual for o estilo de planta que você tem na sua casa ou jardim, alguns cuidados são essenciais. As dicas são simples, fáceis de adotar e importantes para a sobrevivência e bem-estar da natureza.


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Cuidados básicos

Podar, adubar e proteger cada uma delas conforme suas necessidades é o primeiro passo.

Plantas de dentro

A água deve diminuir para plantas que vivem em ambientes internos, como apartamentos ou o interior das casas. Não é para deixar de regar, mas diminuir a quantidade, pois água em excesso pode favorecer o desenvolvimento de fungos. O substrato deve ser colocado a cada 90 dias para a maioria das plantas. As de vasos precisam ser adubadas mais vezes. Como o espaço para desenvolvimento da planta é menor, os cuidados precisam redobrar no inverno.

Plantas de fora

As plantas que vivem no lado de fora das casas, necessitam de uma maior quantidade de rega, pois a estação do frio normalmente é a menos chuvosa do ano. É preciso tomar cuidado com os fungos que se proliferam no frio, principalmente quando o inverno for chuvoso e com muita serração como está ocorrendo nos últimos dias.

Crisântemo

A temperatura deve estar entre 17 e 28ºC. O local precisa estar arejado e não é recomendável molhar suas flores e folhas, apenas a terra.

Tulipas

Adoram o inverno. Locais com pouca umidade costumam queimá-las.

Azaléia

Costumam florir no inverno. Pode ser usada em canteiros ou como planta de vaso.

Cuidados gerais

É preciso ter muito cuidado no inverno no caso das flores delicadas. O ideal é cobrir as flores com folhas e galhos, isolando-as termicamente, bem como regar as plantas apenas quando a terra já estiver seca.

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HISTÓRIA

PASSO FUNDO

156

Com 183 mil habitantes, segundo dados do IBGE 2010, a Capital Nacional da Literatura é também reconhecida pelos seus importantes polos nas áreas da saúde, educação, agricultura e indústria. Com a colaboração da página do Facebook “Fotos Antigas de Passo Fundo”, elencamos algumas imagens da jovem de 156 anos. Curta a fan Page e confira as demais fotografias da cidade pelo olhar de Deoclides Czamanski.

ANOS DE GOIO-EN

Passo Fundo completa mais um ano consolidada como principal cidade do Planalto Médio

O

nome é uma tradução do que os índios chamavam de GOIO-EN: muita água, rio fundo, um passo fundo. Para quem não sabe, a cidade surgiu como rota alternativa para tropeiros que viajavam para São Paulo. O rio Passo Fundo foi sempre um marco referencial importante para a passagem dos tropeiros que abriram esse caminho para encurtar o trajeto até a feira de Sorocaba, e de lá às Minas Gerais. Assim, esse novo caminho desbravado uniu a região das Missões ao centro de país.

Caçada de perdizes

- década 50 - arq

uivo FAPF

Colégio IE

Carnaval 1929 - Foto arquivo Meirelles Duarte

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9

ano 195

hal Flori

arec Praça M


Praça Central em 1965

- Arquivo FAPF

Neve em 1942 - Igor Schneider Calza Praça Tochetto - 1965

Neve em 1912 - Campo do

ski

oclides Czaman

Vista Aérea - De

Meio

Rua Teixeira Soares - 1965

Vista Aérea - Deoclides Czamanski

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Ônibus Linha PF - Tapera - Fto Norberto Klein

Comparação

Praça Teixeirinha - Arquivo FAPF

Rua Bento Gonçalves

Praça Marechal Floriano

Anos 30 /2010 - Mopar BT

Quartel de Cavalaria

80 VERSA MAGAZINE

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de PF - Arquivo FAP

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BELLA FEST 82 VERSA MAGAZINE

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HOSP CIDADE AGO + SET 2013

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VERSA MAGAZINE 83


84 VERSA MAGAZINE

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