VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
001
002
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
003
16. ARQUITETURA
Aberturas de vidro são tendência em decoração.
34.
NEI CÉSAR MÂNICA De jogador de futebol a ícone do agronegócio. Conheça a trajetória de um dos fundadores da Expodireto Cotrijal.
®
08. DIREITO DO CONSUMIDOR
Você fica muito tempo em filas de bancos e lotéricas? Conheça seus direitos.
40.
CARROS
Inmetro divulga a lista de carros mais econômicos.
VERSA MAGAZINE EDIÇÃO #25 FEV + MAR 2014
CAPA: PAULO LIMA FILHO / FOTO: NANCI ZANELLA
004
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
23. PET
Terceira idade dos cães exige cuidados especiais do donos.
vs.
12.
MOBILIDADE
Redução no preço das tarifas aéreas atrai passageiros em Passo Fundo.
24. CULTURA
Banda General Bonimores lança disco em vinil.
20. 18. 15. SOLIDARIEDADE
Engenheiro abre mão da vida pessoal e cria ONG em Passo Fundo.
DECORA
Veja algumas dicas de para deixar sua casa nos trinques sem gastar muito.
SAÚDE
Botox ajuda no tratamento de doenças.
COM A PALAVRA, NOSSOS COLUNISTAS
11. Enquanto seu médico não chega Valmor Bordin conta a história do tango.
25. Cinefilia
Uma análise sobre o imaginário do espectador no cinema, por Fabio Rochenback.
44. Moda
Volta às aulas com estilo. Confira as dicas de Ketherin Kafkka.
49. Voo livre
Saiba como prevenir as ressacas sem dores no corpo e furos no bolso.
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
Feng Shui localiza e equilibra diferentes energias nos ambientes.
30. HOMENAGEM A história de solidariedade de Heloísa Almeida.
42.DEMERCADO TRABALHO Insatisfeito no trabalho? Saiba como driblar os empecilhos e melhorar a convivência.
47. BELEZA
Madeixas sensação. Cabelos ruivos caíram no gosto das mulheres.
52. EDUCAÇÃO
Ivaldino Tasca faz um pedido em crônica.
COMPORTAMENTO
28. CURIOSIDADE
54.
Mudança de escola pode ser um desafio para crianças e adolescentes.
56. GLOW
Fique por dentro das baladas de Passo Fundo.
005
CARTA AO LEITOR
O MELHOR JOGADOR
DO AGRONEGÓCIO FUTEBOL CLUBE
Após conversar por cerca de duas horas com este ex-jogador de futebol, que encontrou na vocação para o agronegócio a forma de demonstrar a sua habilidade de gestor, a equipe da Versa Magazine se sentiu privilegiada. Escutar as suas histórias. Conhecer o seu modo de agir e de encarar os desafios de um setor que, nem sempre, depende das próprias forças para alcançar os objetivos. Em ano de copa do mundo no Brasil, com a presença garantida de renomados craques, Nei César Mânica é sem dúvidas um craque do agronegócio brasileiro. Facilmente teria o seu nome estampado às costas de qualquer camisa de uma grande seleção, ou ainda, seria indicação certa para concorrer juntamente com Messi e Cristiano Ronaldo ao título de melhor jogador pelo Agronegócio Futebol Clube.
Expediente da edição #25 Fevereiro + Março 2014 DIRETORA Fabiana Lima // fabiana@revistaversa.com.br EDITORA Taís Rizzotto COMERCIAL Leonardo Wink // comercial@estrategia.art.br Liliane Catto // comercial@revistaversa.com.br Rebeca Tolentino // comercial2@estrategia.art.br PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Paulo Lima Filho
NOVIDADES
A história não poderia ser mais adequada ao momento que a Versa está passando. Você, nosso estimado leitor, ao folhear nossas páginas vai encontrar muitas mudanças. Além do novo visual da revista, preparado por nossa equipe para tornar sua Versa ainda mais atrativa, estreiam nessa edição nossos colunistas. O psiquiatra e escritor Walmor Bordin tornará nossas páginas mais literárias. O estudioso em cinema Fabio Rockenbach tem o compromisso de nos atualizar sobre a sétima arte. A consultora de moda Ketherin Kaffka vai falar sobre tendências e estilos. O jornalista Ivaldino Tasca completa o time com contextualizações históricas. Todas essas mudanças dão a largada às comemorações dos cinco anos da Versa Magazine. Vem muito mais por aí! Boa leitura!
Fabiana Lima e Tais Rizzotto
CRIAÇÃO PUBLICITÁRIA André Lui Bernardo Lisiane Dembinski Paulo Lima Filho JORNALISTAS Taís Rizzotto // tais@revistaversa.com.br Tainara Scalco // tainara@revistaversa.com.br JORNALISTA RESPONSÁVEL Taís Rizzotto // MTB 11.842 FOTOGRAFIA Nanci Zanella - LAN Fotografia REVISÃO Equipe Ironi Andrade Sistema Educacional REDAÇÃO redacao@revistaversa.com.br fone: 54 3601 0100 PUBLICAÇÃO
A revista VERSA MAGAZINE é uma publicação da Brasil Sul Editora Ltda.
CNPJ - 11.962.449/0001-57 Rua Bento Gonçalves, 50 sala 902 Centro - Passo Fundo EMPRESA DO GRUPO
Passo Fundo/RS // fone: 54 3601 0100 Artigos assinados e Informes Publicitários são de responsabilidade de seus autores e podem não caracterizar a opinião da Revista Versa. É proibida a reprodução completa ou parcial do conteúdo desta publicação sem a prévia autorização da Brasil Sul Editora Ltda. Somente as pessoas que constam neste expediente são autorizadas a falar em nome da revista.
Departamento Comercial comercial@estrategia.art.br
www.revistaversa.com.br 006
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
007
DIREITO DO CONSUMIDOR
HAJA PACIÊNCIA! Filas em bancos e em lotéricas desafiam o humor dos consumidores Tainara Scalco
Não há quem não reclame. Um simples depósito em uma agência bancária ou o pagamento de um boleto em casa lotérica pode transformar-se na pior parte do dia de qualquer pessoa.
008
As senhas nas agências bancárias são o No fim de 2013, o prefeito Luciano AzeveSEGUNDO A passaporte da sorte. Mas, se o dia for depois do sancionou a Lei n. 5053, que regulamenta de um feriado, aí, meu amigo, nem a sorte te PREFEITURA, o tempo de espera nas agências lotéricas de EXISTEM EM Passo Fundo. O tempo é o mesmo dos bancos. ajuda. É preciso exercitar a paciência mesPASSO FUNDO O que esta lei muda é a forma de espera, mo, porque a espera pode demorar horas. O engenheiro mecânico, morador de Passo que agora também deve se assemelhar às Fundo, Alisson Jorge de Abreu, de 36 anos, agências bancárias. As lotéricas deverão teve problemas na conta corrente no fim disponibilizar máquinas eletrônicas que do ano: “Fui ao banco no dia 02 de janeiro. emitam senhas para atendimento, contendo AGÊNCIAS Cheguei às dez horas da manhã. Fui atendido BANCÁRIAS o horário da emissão e painéis eletrônicos às onze e meia.” para chamá-las. Segundo a Lei n. 3424/98, do Município Os estabelecimentos que não cumprirem de Passo Fundo, Alisson foi lesado. O tempo as leis podem ser multados, conforme explica CASAS razoável para atendimento em dias normais o coordenador do Balcão do Consumidor LOTÉRICAS é de vinte minutos. Já, no último dia útil de Passo Fundo, Prof. Dr. Liton Lanes Pilau antes de feriados e no primeiro dia útil após Sobrinho.“O cliente que se sentir lesado deve feriados, o tempo de espera passa para meia hora. O procurar o Procon Municipal ou o Balcão do ConsumiEstatuto do Idoso prevê o atendimento preferencial dor. Cabe aos consumidores exercerem seus direitos e imediato e individualizado nos órgãos públicos, reclamarem, para que seja possível um atendimento privados e prestadores de serviço às pessoas com de qualidade aos usuários.” Os mais altos índices de mais de 65 anos. Pessoas com deficiência, gestantes, reclamação na cidade acontecem, principalmente, lactantes e pessoas com crianças de colo também têm durante os dias de pagamento de salários como, por atendimento preferencial nesses locais. exemplo, o quinto dia útil do mês.
33 47
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
Quem fiscaliza?
O Banco Central não tem obrigação de fiscalizar o cumprimento de leis estaduais e municipais que tratem das filas em agências bancárias. Segundo a Advocacia Geral da União, os procuradores comprovaram que a autoridade monetária é responsável apenas por fiscalizar e por aplicar penalidades com relação a condutas que violem normas editadas pelo próprio BC ou pelo Conselho Monetário Nacional. No caso de Passo Fundo, a fiscalização cabe, então, à Prefeitura.
Liton Lanes Pilau Sobrinho, coordenador do Balcão do Consumidor de Passo Fundo.
Foto: Divulgação
O CLIENTE QUE SE SENTIR LESADO DEVE PROCURAR O PROCON MUNICIPAL OU O BALCÃO DO CONSUMIDOR.
Consumidores chegam a esperar meia hora em filas de lotéricas.
Guarde a senha
O coordenador do Balcão explica, ainda, que é muito importante que o cliente não jogue fora a senha de atendimento. No papel, constará o horário exato em que o consumidor chegou à agência. “Para fins de registros, é de extrema importância guardar esse papelzinho,” salienta.
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
009
INFORME COMERCIAL
CONSTRUA A SUA EQUIPE DE
ALTA PERFORMANCE
O Assessment é o que há de mais moderno em Identificação de Perfil Profissional/Comportamental. Ele é destinado a recrutamento e seleção de candidatos, remanejamento, construção de equipes, gestão motivacional, autoconhecimento, direcionamento de carreira ou de vida, mapeamento comportamental e gerenciamento de pessoas. A análise fornece grande quantidade de informações sobre o perfil comportamental do Profissional como: perfil predominante de liderança, melhor área de atuação, forma de atuação, influência no ambiente de trabalho, maneira como toma decisões, adequação atual à função exercida e muito mais.
Garantia
É um método testado, aprovado e usado há vários anos, inclusive por grandes companhias multinacionais.
Compreensão
Entenda como uma pessoa constrói suas regras de trabalho, motivação e conduta;
Teambuilding
Aumente a produtividade com um Grupo Efetivo direcionando-o para suas qualificações;
Motivação
Maximize o compromisso e performance de sua equipe;
Gerenciamento
Construa um gerenciamento efetivo de relações interpessoais e profissionais.
Nadina Hoffmann Diretora Grupo Hoffcie Jornalista Coach Profissional Analista Comportamental Assessment nadina@grupohoffcie.com.br facebook.com/Training.Hoffcie (54) 3046 8353 010
Assessment
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
VALMOR BORDIN
médico não chega.
Enquanto seu
TANGO: A NAVALHA QUE SEDUZ “Tango é uma guitarra que geme.” Nelson Gonçalves
Pernas se entrelaçam. Corpos aspiram (ou transpiram?) sensualidade. Olhares se cruzam. Corações pulsam no ritmo da música. Lenta ou vibrante, ela adentra peles e incorpora-se à alma dos amantes — é o prazer de libertar movimentos. Triste, a dança exala sentimentos melancólicos. Sim, a introspecção é característica no tango. Mas, dentre as manifestações observadas na dança argentina, não se pode dizer que é puro sexo ou tristeza; é, sim, uma mistura de dramaticidade, amor e desejo. A história do tango nasce e se desenvolve no Rio de La Plata. Mais precisamente na segunda colonização de Buenos Aires, no final do século passado, quando o país recebeu uma avalanche de imigrantes europeus. Nesse momento, estabeleceu-se uma política deliberada de dirigentes, que importavam homens para exportar produtos agropecuários. Setenta por cento dos recém-chegados eram homens desacompanhados, que vinham fazer fortuna ou morrer na miséria. Porém, mais tarde, deram-se conta que tinham que viver como nativos pobres em cortiços. Foram poucos os que voltaram. A maioria ficou com a intenção de criar um novo mundo. No entanto, lá estavam os nativos, que viram seu habitat invadido por uma grande quantidade de gente. Os sentimentos exalados por eles eram de ressentimento e de desconfiança. Talvez tenha sido essa a origem de uma certa paranoia argentina. De um cortante instrumento, nasce o tango. No bailar dos cortes da navalha que se cruzam como pernas e corpos, nasce a arte argentina que, ao lançar seus movimentos irreverentes, cria o tango. O final das guerras civis licenciou muitos soldados que dominavam bem a navalha e deu origem ao comparsa. Homem corajoso e provocador, personagem que se destaca na temática do tango. Nesse contexto, uns e outros homens, nascidos de relações circunstanciais, por desconhecimento da “fisiologia sensual”, não tinham pai conhecido. Assim, a única figura firme próxima era a mãe, a qual, no tango, era glorificada. A população de homens solitários buscava companhia em prostíbulos e isso causava profunda tristeza e desventura aos indivíduos Mas, descobriram que os gregos
DE UM
CORTANTE
INSTRUMENTO, NASCE O
TANGO. NO
BAILAR DOS
CORTES DA NAVALHA QUE
SE CRUZAM
COMO PERNAS
E CORPOS.
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
da época clássica, livres das paixões, deveriam desconfiar do corpo e do amor, como recomenda a filosofia platônica. Esse é um elemento fortemente depressivo do argentino. Alguns passos do tango, como a cortada e os cortes com o mesmo movimento realizado pela navalha, são instrumentos agressivos no viés da dança. E seus movimentos tornam-se harmoniosos. Ao montar a coreografia, nasce a expressão de sensualidade e da vida boêmia que veste a roupagem melancólica do tango. A bailarina deve incorporar o espírito da dança. Sendo assim, não pode sentir-se constrangida com a agressividade sensual dos passos, seus e do parceiro. Caso contrário, o tango perde seu sentido, perde sua alma. Há sensualidade marcada. E um figurino como acessório fundamental na criação do clima representado no tango. Geralmente, a mulher usa um vestido justo que tem uma abertura nas pernas. Já, o homem usa terno e gravata. A arte de dançar tango se parece com um sonho. Nos sonhos, existe um processo inconsciente de condensação. Sabemos como o sonho e a arte são uma fuga da dura realidade, da realização de desejos. Por vezes também são pesadelos, situações desesperadoras, insolúveis e irreparáveis, como muitas vezes expressa o tango. Com o passar do tempo, os jovens ricos se sentiam atraídos pelo transgressor e, então, difundiram o tango pela Europa. Assim é que ele foi tomando forma, música, dança e canção, que, muito em breve, teve importância mundial. Na Europa, desencadeou uma onda de furor e escândalos. Na Alemanha, proibiu-se aos soldados dançar de uniforme. No tango, o enlaçar é contínuo, junto, cara a cara, introspectivo. Homem e mulher misturam-se e demoram em realizar suas figuras dançantes, os cortes e as quebradas. O tango é pai? Vejam o filme “Perfume de Mulher” e reconhecerão um exemplo de busca da paternidade, em que pai e filho misturam-se e se buscam. Valmor Bordin é psiquiatra e apaixonado pela literatura. Autor de quatro obras, divide com a medicina o amor pelas letras. Suas poesias delineiam os transtornos do dia a dia.
011
©123RF/Arte Versa
MOBILIDADE
DISPUTA ACIRRADA
Redução das tarifas do transporte aéreo aceleram a disputa por passageiros no interior do estado.
Os bagageiros Tainara Scalco começaram a se equilibrar em Passo “Nem deu tempo de saborear as nuvens.” Foi com um misto de humor Fundo no fim de e poesia que a aposentada Maria de 2013. A oferta de Lourdes da Silveira traduziu a primeira passagens aéreas viagem de avião. O destino escolhido mais baratas decolou foi Porto Alegre. Uma visita rápida para a filha que estuda na capital. O passeio as vendas por ar e foi em dezembro do ano passado. Se fez as empresas de fosse em outubro, Maria talvez não ônibus reduzirem as tivesse ido por ar. A oferta de passagens de Passo marchas por terra. Fundo a Porto Alegre a partir de R$ O movimento no 49,90 no último mês de 2013 acirrou aeroporto Lauro as disputas por passageiros no interior Kortz começa a dar do estado. O preço promocional da sinais de um mercado empresa Azul Linhas Aéreas levantou uma série de questões sobre qual será em transformação na o meio de transporte mais vantajoso capital do Planalto daqui para frente. Se, por um lado, as companhias Médio. aéreas derrubam os preços, as empresas
012
O TEMPO DE TRAJETO ENTRE PASSO FUNDO E PORTO ALEGRE É DE
4
HORAS POR TERRA E
49
MINUTOS PELO AR
de ônibus rodoviárias tentam responder com investimentos em qualidade de serviço. Internet wi-fi e serviço de leito a bordo assemelham-se aos aviões em termos de conforto. Mas, um fator ainda pesa, e muito, nesse cabo de guerra: o tempo de viagem. O trajeto Passo Fundo/Porto Alegre por terra é feito em pouco mais de quatro horas. Já as aeronaves levam 49 minutos para chegar à capital gaúcha. As próprias empresas de ônibus são também responsáveis em grande parte pela dificuldade na captura de passageiros e pela pressão de mercado que têm sofrido. Como concessionárias de serviço público, elas têm suas rotas garantidas e distribuídas entre a concorrência oficial, além de preços regulados. O que, à primeira vista, parece ser algo positivo tem sido seu Calcanhar de Aquiles. Com toda essa “proteção”, tais empresas, em quase VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
OS PREÇOS POR AR VARIAM DE R$109,00 ATÉ R$159,00 MAIS TAXAS DE EMBARQUE. POR TERRA A VARIAÇÃO FICA ENTRE R$57,00 E R$90,00. sua maioria, acostumaram-se a pouco pensar e entender o cliente e suas expectativas. As melhorias implantadas são de caráter muito mais operacional que mercadológico. Salvo algumas raras exceções, pouco ainda se pensa no cliente. Enquanto as companhias aéreas despejam promoções na televisão, na internet e nas revistas a um ritmo alucinante, nas rodoviárias elas praticamente inexistem, mesmo nos períodos de baixa temporada. É certo que a ANTT (a Agência Nacional de Transportes Terrestres, que fiscaliza as empresas que operam trechos interestaduais) não é tão flexível nesse quesito quanto a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Mas, quando realizadas, as promoções limitam-se a descontos em determinadas rotas. O entendimento de quem seja o cliente é outro ponto fraco das rodoVERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
viárias quando comparadas às aéreas. Poucas são as empresas que realizam pesquisas com seus clientes ou que mantêm uma base de dados atualizada. Menor ainda é o índice daquelas que utilizam ativamente esses dados. Menos atenção é dada à experiência do cliente durante a viagem, como a qualidade das paradas (comida, banheiro, preços) e aos atrasos e às quebras, entre outras coisas. É certo que viajar de avião já foi muito mais glamoroso, mas, ainda assim, quase sempre representa uma experiência anos luz à frente daquela oferecida por um ônibus.
No bolso, até Porto Alegre
Em Passo Fundo, apenas uma empresa é responsável pelo transporte rodoviário até Porto Alegre. Os valores da passagem variam de R$ 57,00 a R$ 90,00. Os horários e os tipos de linha (comum, direta ou leito) determinam os preços.
A polêmica até o aeroporto O aumento do movimento nas pistas do Lauro Kortz trouxe à tona alguns problemas relacionados ao transporte viário. Muitos usuários reclamaram da falta de linhas de ônibus do terminal até o centro da cidade, além dos preços cobrados por taxistas. Uma corrida do aeroporto até o centro chega a custar R$ 50,00. O Poder Executivo estuda a implementação de uma linha que faria o trajeto até o terminal em horários correspondentes ao embarque e ao desembarque dos voos.
013
014
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
©123RF
SAÚDE
BOTOX AUXILIA NO
TRATAMENTO DE DOENÇAS Cientistas descobrem que substância ajuda em distúrbios neurológicos Redação Versa
Aliada da beleza e jovialidade, sobretudo das mulheres, a toxina botulínica, conhecida popularmente como ‘botox’, possui utilidades que vão para além da estética.
Aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a toxina butolínica também pode auxiliar no tratamento de doenças que atacam o cérebro, medula, nervos e músculos. Entre os distúrbios já tratados pelo botox, estão as distonias, responsáveis pelas torções e movimentos repetitivos de parte do corpo, e as espasticidades, causadoras de irregularidade do tônus do músculo. “Em situações terapêuticas, como em sequelas de acidente vascular encefálico e paralisia cerebral, ocorre um relaxamento da musculatura o que facilita muito a reabilitação, melhora o posicionamento, a marcha, e, mesmo que tenha um período de duração limitado (4 a 6 meses), ela ajuda na plasticidade neuronal,” explica a médica fisiatra Joana Stela Rovani. Isso faz com que o paciente reaprenda alguns dos movimentos perdidos ou limitados decorrentes das lesões no sistema nervoso central. Quando aplicada, não importa a parte do corpo e para qual objetivo, a toxina botulínica produzirá anticorpos, porque é uma substância estranha ao organismo humano. Na próxima aplicação ela produzirá um efeito
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
BOTOX AJUDA NA REABILITAÇÃO DE SEQUELAS DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL. Joana Stela Rovani, médica fisiatra.
menor do que o obtido anteriormente e assim progressivamente. A Dra. Joana salienta ainda que quanto mais aplicações, mais anticorpos e menor o efeito. A intensidade do efeito é variável em cada paciente e, portanto, cada pessoa responderá de uma maneira à produção de anticorpos. Pacientes portadores de doenças neuromusculares que possuam alergia à toxina e gestantes não podem aplicá-la. Existem outras restrições para pessoas que usam algum tipo de medicação, principalmente, anticoagulantes. Na região, a toxina é bastante utilizada por médicos fisiatras que tratam dor e reabilitação. Neurologistas e ortopedistas a utilizam com frequência nos pacientes portadores de sequelas.
Aplicação
A toxina botulínica é aplicada através de injeção local após ter sido diluída em soro fisiológico. Pode ser feita em sala de procedimento ambulatorial ou em bloco cirúrgico caso o paciente necessite de medicação para sedação. Isso depende da parte do corpo em que será aplicada e da experiência do médico que realizará a aplicação. 015
©123RF
ARQUITETURA
AGORA EM CASA
Aberturas em vidros deixaram de ser opção apenas para estabelecimentos comerciais
Nos bairros e A construção civil não é imune àquilo que a socie- Limpeza e praticidade condomínios, já é dade costuma chamar de moda. Embora seja um Uma das vantagens de portas e janelas de vidro segmento bastante tradicional e algumas coisas com é a praticidade na limpeza, uma vez que pode ser possível observar raízes históricas muito profundas é comum vez ou lavado e não há obstáculos. Por outro lado, o vidro a nova tendência: outra surgirem alguns usos que passam e ficam. A requer muito mais cuidado com manchas do que aberturas em moda do momento é usar portas ou janelas de vidro. outros tipos de materiais. vidros. Limpeza Elencamos alguns pontos que podem te ajudar na Iluminação e ventilação hora de optar por essas aberturas. A boa iluminação também é um benefício, especiale praticidade Vantagens e desvantagens mente para ambientes grandes. As portas de vidro são alguns dos Sempre que algo novo ou alguma coisa começa a podem ser úteis em salas integradas a varandas ou benefícios que ser usada é comum as pessoas buscarem alguns outros ambientes externos, pois permitem melhor pesam na hora porquês, ou tentar relacionar as vantagens e desvan- integração, mesmo que fechadas. tagens daquele produto, serviço ou procedimento Uso de cortinas de optar por qualquer. No caso das portas ou janelas de vidros Como desvantagens está o fato de ter de usar cortinas, esse tipo de em residências é possível relacionar também al- especialmente, nas janelas. Para quem tem em casa acabamento. guns benefícios e possíveis inconvenientes com pessoas como algum tipo de alergia a pó isto não é esse material e embora esta conclusão possa ser um pouco subjetiva, acredito que os fatores abaixo façam algum sentido.
016
uma boa ideia. No caso de quartos, principalmente, o uso de janelas de vidros não é muito recomendável, exatamente pela necessidade da cortina. VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
017
DECORA
INVENTE A SUA CORTINA
Sabe aquele vestido de renda antigo da vovó? Pois é, ele pode transformar-se em uma bonita cortina. Uma das tendências em decoração de interiores é a reutilização de peças. Vale garimpar saias de baile, flores de fuxico... O crochê também é alternativa para enfeitar as janelas. E se precisar prender o tecido da cortina? Que tal aquela xícara de chá decorada? Invente e inove!
PASTILHAS NA COZINHA
Para o rejunte, é essencial ter uma argamassa específica para pastilhas. Na foto, a cozinha integrada com um mix de texturas em tons de cinza, preto e detalhes amarelos harmoniza o ambiente. O balcão que divide os espaços foi revestido com pastilhas de vidro pretas e se estende um pouco mais, formando uma mesa.
Fotos: Divulgação
MÓVEIS RÚSTICOS PARA SALAS
Os móveis rústicos de madeira são os principais itens encontrados nesse estilo. Para a decoração das salas de estar, é possível encontrar trabalhos modernos que contrastam com o estilo tradicional da mobília.
VAI DO GOSTO
O formato do tapete é uma questão de gosto. Mas, recomenda-se que os redondos sejam utilizados em quartos infantis, halls de entrada e em situações que não permitam o uso de modelos quadrados ou redondos. Não se esqueça: para mesas de jantar redondas, o tapete também deve ser quadrado.
018
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
019
Fotos: Arquivo Pessoal
SOLIDARIEDADE
AMOR
AO PRÓXIMO
RENUNCIEI À MINHA VIDA PESSOAL EM FAVOR DA HUMANIDADE. Milton Serpa Menezes, presidente da ONG Agentes do Amor Divino. 020
ONG Agentes do Amor Divino ajuda pessoas em situação de vulnerabilidade em Passo Fundo Tainara Scalco
Uma história de renúncia e de solidariedade. Das mãos de Milton Serpa Menezes surgiu, em 2012, uma entidade sem fins lucrativos. Os Agentes do Amor Divino fazem trabalho voluntário e intermedeiam doações.
“Aqui, a gente se sente bem mais segura.” É assim que Denise Pacheco, de 11 anos, define a entidade. Essa segurança a que a adolescente se refere vem de um trabalho de compaixão, uma luta de agentes que dedicam a vida a compartilhar amor e solidariedade. A ONG Agentes do Amor Divino busca promover o bem-estar social e a melhora da qualidade de vida de pessoas e de famílias que vivem em situação de vulnerabilidade social em Passo Fundo. A ajuda é dada em forma de programas de assistência social, atendimento de crianças e de adolescentes, visitação familiar, distribuição de roupas e de alimentos, inclusão social e digital, atendimento psicológico, qualificação profissional, cursos e oficinas. VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
Atendimentos
∙∙ o Programa Crescer atende a 20 crianças de 1 a 6 anos; ∙∙ o Programa Pequeno Cidadão atende a 20 crianças e adolescentes; ∙∙ cerca de 50 famílias recebem auxílio de roupas, alimentos e orientação psicológica; ∙∙ na festa de Natal, foram entregues 250 sacolas de presentes para as crianças. Mais de 400 pessoas participaram do evento; ∙∙ mais de mil pessoas receberam auxílio desde a criação da entidade.
AQUI A GENTE SE SENTE MAIS SEGURA. A colaboração de empresas e de voluntários é um dos pilares da entidade. A base vem do engenheiro Milton Serpa Menezes, que abriu mão de tudo para se dedicar ao trabalho voluntário. “Tem muito ainda a ser feito em favor da transformação do mundo em um lugar melhor. Sei que sou tão pequeno, tão insignificante pela grandiosa obra que tenho que fazer. No entanto, darei o meu máximo e seguirei sempre a orientação dos mestres divinos”, comenta. A entidade intermedeia quem quer doar e quem precisa. Todas as doações – roupas, alimentos, móveis e eletrodomésticos – são repassadas para os cadastrados. “Nós precisamos de dinheiro para cobrir as despesas VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
cotidianas da entidade. As pessoas e as empresas podem doar dinheiro, depositando diretamente na conta da ONG, ou indo até o site da entidade (www.amor.org.br) e fazer doações através do Pagseguro oi ou do Paypal”, finaliza Milton. A ONG não tem ligação com entidades fomentadoras e também não recebe verbas públicas. Por isso, o trabalho voluntário é muito importante. “Não adianta reclamar que o mundo está violento se nada fizermos para mudar essa realidade. Precisamos ajudar as crianças carentes de hoje, caso contrário, não restarão muitas alternativas para elas no futuro a não ser a de recorrer à criminalidade para sobreviver.”
Denise Pacheco, 11 anos.
Renúncias e voluntariado
Milton Serpa Menezes renunciou a uma vida de confortos para ajudar o próximo. “Percebi o sentido da vida depois de passar por um processo espiritual de sutilização e purificação. Há cerca de dez anos, comecei a ter meditações mais profundas e vislumbrei algumas coisas para o meu futuro. Hoje, vivo de luz (sem alimentação), vivo o celibato, só uso roupas brancas. Renunciei à minha vida pessoal em favor da humanidade.” 021
A maioria das pessoas sabem da necessidade de proteger a pele contra os raios ultravioletas. Porém poucas pessoas se preocupam em proteger os olhos.
Proteja-se. Use óculos solar de qualidade! Os cuidados com a visão devem começar na infância. Procure periodicamente um oftalmologista. Sua saúde visual agradece!
Lentes Photofusion
Com esta tecnologia você tem: Comodidade, levando óculos de grau e óculos solar em apenas um. Tem Estilo, você escolhe o óculos que mais combina com você. E também tem Proteção, além de auxiliar na visão, protege contra os raios solares.
Vá a praia, festas, reuniões, vá em todos os lugares sem precisar trocar de óculos. 022
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
PET
VELHINHOS,
E AGORA?
Arquivo pessoal
Os pets também chegam à terceira idade e precisam de cuidados especiais
Tainara Scalco Parece que foi ontem que o peludinho chegava em casa para alegrar as crianças. Os pequenos cresceram, passaram no vestibular, tiveram filhos e o amigo de quatro patas ali permanece – firme, mas não tão forte. Alguns sinais no seu bichinho podem ser indícios da terceira idade. Como eles não podem se queixar, é preciso estar atento para ajudá-los a se adaptar a um novo estilo de vida. Dizem que os idosos diminuem de tamanho. Contestações científicas à parte, a vira-lata Lyah parece estar menor do que no auge da forma física, há 8 anos. Prestes a completar 14 anos, a cadela já não enxerga tão bem e tem dificuldades de se locomover. O pelo antes sedoso agora está opaco, sem brilho. Essas mudanças na rotina de Lyah começaram a aparecer há pouco menos de 2 anos. Foi quando a dona de casa Rose Bolzzoni viu que a companheira estava chegando à terceira idade. “É difícil aceitar que eles também envelhecem. Quando esses sinais começam a ficar evidentes, a hora da despedida fica ainda mais perto,” completa. Mas, se os cuidados com os vovôs caninos forem redobrados, esse momento pode demorar um pouco mais a chegar. Pelo menos é o que dizem os especialistas. Por isso, é importante ficar atento e procurar ajudá-los quando as forças começarem a diminuir.
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
Pelo grisalho Em certos casos, pode haver um branqueamento precoce do pelo, como acontece com o cabelo dos humanos. Pelo áspero O pelo passa por transformações na sua estrutura com o passar dos anos. Menor densidade e menos suavidade são características do pelo de um cão idoso. A alimentação de boa qualidade pode atenuar esses sinais.
Pelos opacos e dificuldade de visão são sinais de velhice.
Os dentes, que antes rosnavam pelo suculento osso, agora se perdem com os resquícios da idade. O pelo esbranquiçado contrasta com as dificuldades de locomoção. Eles não podem usar bengalas, nem dentaduras. Precisam de outro tipo de ajuda, colaboração que só o melhor amigo pode retribuir.
Sinais da velhice
É DIFÍCIL ACEITAR QUE ELES ENVELHECEM.
Rose Bolzzoni, dona da cachorrinha Lyah.
Sedentarismo Os cães idosos ficam mais preguiçosos, valorizando mais o tempo no sofá. Até certo ponto, isso pode ser previsto em razão do temperamento da raça – há raças que permanecem brincalhonas e mais ativas até mais tarde –, mas cada cão é diferente e tem a sua própria personalidade. Menor apetite Intimamente ligado ao sinal anterior, os cães que abrandam o ritmo de vida têm necessidade de repor menos energia e, por isso, não necessitam de tanta comida. Isso não quer dizer que o cão se alimenta mal; apenas que não tem tanta fome, por não fazer tanto exercício. 023
CULTURA
AGORA EM VINIL
Banda General BoniMores prepara compacto para 2014.
NO BALANÇO DAS LETRAS
Leitura nunca é demais. Ainda mais quando as opções de enredos e de assuntos são variadas. Confira algumas sugestões e entre no ritmo das letras.
A CULPA É DAS ESTRELAS
©Guto Escobar
(John Green) História de uma paciente em estado terminal e de um garoto do Grupo de Apoio a Crianças com Câncer. Inspirador, corajoso, irreverente e brutal. A culpa é das estrelas é a obra mais ambiciosa e emocionante de John Green, sobre a alegria e a tragédia que é viver e amar.
Divulgação
Dias mais felizes estão sacramentados para os rapazes da General BoniMores neste ano. Um compacto de vinil está saindo do forno pela 180 Selo Fonográfico. O disco vai apresentar a primeira versão do single Dia Feliz e a canção Tarde Demais. “Já estamos com uma base em Porto Alegre e até o fim deste ano vamos trazer mais novidades para os nossos fãs,” revela o vocalista da banda, Chico Frandoloso. O clipe da música Dia Feliz, produzido pela Film Journèe, foi lançado no fim do ano passado. A produção durou cerca de dois meses e mistura animações com gravações da banda. O estilo retrô, marca registrada do grupo, também ganhou destaque no clipe. Os rapazes revelam que preferem não seguir tendências, mas colocar um pouco da naturalidade de cada um. “Procuramos ser originais à medida que nos preocupamos com o visual, mas que ele se torne cada parecido com a nossas atitudes e com a nossa cultura,” conta Chico. Então, não se surpreenda se encontrar um “bonimor” com uma discreta bombacha campeira. Aliás, isso já aconteceu. Roupas à parte, corre para a rede e dá uma olhada no novo clipe da turma. O material está disponível no site generalbonimores.com e no canal da banda no Youtube.
A ARTE NÃO PRECISA DE JUSTIFICATIVA
(H. R. Rookmaaker) Nem por propósitos religiosos, nem para fins políticos ou econômicos. O autor mostra que o problema de precisar apelar comercialmente e de aderir à moda para fazer sucesso não é algo exclusivamente moderno.
CARTAS DE UM DIABO E SEU APRENDIZ
(C. S. Lewis) Ao mesmo tempo freneticamente cômica e surpreendentemente original, a correspondência entre o experiente diabo e o seu sobrinho Vemebile mostra o lado mais sombrio e jocoso de C. S. Lewis.
O FOTÓGRAFO
(Douglas Kennedy) Ben Bradford é um advogado bem-sucedido de Wall Street, sócio de um importante escritório de advocacia, casado com uma mulher bonita e inteligente e pai de dois filhos. Nada mal, se ele não odiasse esse papel. Na verdade, Ben sempre quis ser fotógrafo, mas, por pressão do pai, acabou assumindo uma vida que o deixa profundamente frustrado. Em 2010, foi lançada a versão francesa dessa história, o filme O Homem que Queria Viver Sua Vida, com Romain Duris no papel do fotógrafo (aqui como Paul Exben). 024
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
FÁBIO LUIS ROCKENBACH
Cine
filia.
SUSPENDER A DESCRENÇA... OU ESTRAGAR O FILME
VOCÊ ACEITA QUE UM HOMEM
Divulgação
normalmente percebe quando alguém tenta Acontece com todo mundo, uma vez ou enganá-lo. O procedimento padrão é fazer outra: você está confortavelmente assisNenhum ser com que um dos personagens demonstindo a um filme quando alguma coisa humano pode voar e ter superpoderes capazes de tre a mesma descrença que o público na história o tira do sério, como aquela fazer o tempo regredir, de mumanifestaria – como Neo, em “Matrix”, cena em que um personagem cai do dar o curso de mísseis ou de ser recusando-se a acreditar em tudo o terceiro andar, rola no chão e segue indestrutível. Mas nós “compramos” que está acontecendo. À medida que correndo. Dependendo do filme, a a ideia central de “Superman – O o personagem é convencido, o público primeira reação é a inconformidade. Filme” por uma série de razões. naturalmente o acompanha. Em outros E o filme, ali, perde pontos com você. Se não “comprarmos” essa casos, o filme trata de abraçar, desde o Nada mais natural, porque o ideia, o filme inteiro estará fadado a não funcinema tem muito a aprender com cionar. o teatro e divide com ele, também, certos conceitos. Quando vamos ao teatro, nos sentamos em frente a um tablado de madeira e assistimos pessoas como nós, vestidas de forma caricatural, em um cenário por vezes precário fazendo “as vezes” de uma casa, um campo aberto ou até espaços maiores. Sabemos que aquele cenário não é o que diz ser, mas aceitamos e “fingimos” pelo bem da início, que sua narrativa acontece em uma realidade que foge, completamente, aos padrões que regem a realidade narrativa que se desenrola à nossa frente. No cinema, “aceitar” essas liberdades, teori- em que se encontra o público – como no caso de “O Senhor camente, é menos trabalhoso pela facilidade que dos Anéis” e “Star Wars”, por exemplo. O cinema confia no fato de que há, em cada espectador, o cinema tem de “emular” a realidade. Mas, em termos de narrativa cinematográfica, o problema resquícios da mesma imaginação que foi tão produtiva na não está na representação, mas na ação. Tome este sua infância e de que ele a resgate em prol de sua própria exemplo: você se senta em uma poltrona e assiste diversão. É mais fácil, assim, acreditar em homens voadores, a um filme com pessoas absolutamente normais trolls, orcs, batalhas espaciais e homens que nascem velhos que vivem em uma grande metrópole. Uma delas, quando aceitamos que o universo que rege essas histórias porém – um jornalista – pula de prédios de dezenas é diferente do nosso, como eram os contos de fadas. Em de andares; na queda, tem sua roupa transformada razão disso, portanto, há a dificuldade em aceitar que em em uma traje collant. Sai voando pelos céus e é um filme ambientado em nosso “mundo real” coisas bem capaz de fazer buracos no chão, segurar pontes, mais tolas – como pular por sobre um carro que tenta levantar ônibus e carros, desviar mísseis e fazer atropelar um personagem – sejam aceitas por nós. Todo a Terra girar ao contrário para “voltar o tempo”. filme é território fértil para nossa imaginação voar longe, Em outra história, vemos um homem que nasce velho e mas tudo depende de um trato informal feito entre os dois lados dessa ação no momento em que o filme começa – e é cresce até virar bebê. Como podemos aceitar tamanhos absurdos sem bom que ele o convença de tudo o que quer nos primeiros contestar em nenhum momento o que estamos vendo à 15 minutos, senão... bom, deixa pra lá: essa história dos 15 nossa frente? E por que, em outros filmes, o simples fato de minutos é assunto para outra conversa. Antes de capturar um homem pular de um telhado, cair rolando no chão e sair sua atenção, o filme vai precisar capturar sua credulidade. correndo nos faz exclamar que “ele deveria ter quebrado Se fizer isso, será meio caminho andado! a perna ali, não poderia seguir correndo?” Fábio Luis Rockenbach é jornalista, especialista em Um termo resume tudo isso e está ligado, diretamenCinema e Linguagem Audiovisual, professor do Curso de te, à narrativa e ao roteiro: SUSPENSÃO DA DESCRENÇA. Jornalismo da UPF e co-fundador do Grupo de Pesquisa Bons roteiristas sabem que, no cinema, melhor do que em Leitura e Interpretação de Imagens da UPF tentar disfarçar a anormalidade é encará-la, porque o público
PODE VOAR E SER
INDESTRUTÍVEL, MAS NÃO QUE
UM HOMEM
PODE PULAR DO TERCEIRO ANDAR
E SAIR CORRENDO
ILESO. POR QUÊ?
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
025
026
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
027
CURIOSIDADE
DA CHINA PARA A
SUA CASA Sabedoria milenar localiza e equilibra diferentes tipos de energia nos ambientes Tainara Scalco
A disposição correta de cores, elementos e objetos pode ser sinônimo de prosperidade segundo o Feng Shui. A arte chinesa surgiu há mais de cinco mil anos no país que hoje é uma potencia mundial.
028
Você tem capa na sua tampa do vaso sanitário? Lixeira na cozinha? A sua cama fica de frente para a porta do quarto, embaixo de uma janela? Essas perguntas podem parecer bobagem para o senso comum. Por outro lado, no Feng Shui, elas têm um significado. A disposição de móveis e objetos em casas ou empresas pode direcionar as energias dos ambientes. Para adotar os ensinamentos é preciso fazer uma análise do local antes conforme explica a consultora de Feng Shui, Fabiana Ribeiro. “Observamos a planta baixa. Com uma bússola, mede-se a entrada de energia na porta principal. Depois de encontrar o centro energético do ambiente, identificamos as energias (positivas e negativas) e começamos um trabalho de cura, ou seja, de equilíbrio.” Essa parte da harmonização pode ser feita com objetos, elementos ou cores. Mudanças na cor da cortina, sofá, tapete. Nova disposição de móveis e objetos ou, ainda, a instalação de alguns elementos nos espaços. As alterações auxiliam na neutralização das energias dos ambientes. O Feng Shui é uma técnica chinesa milenar, mas há pouco tempo começou a se difundir no interior do Rio Grande do Sul. Mesmo assim, a cada ano cresce o número de pessoas a procura dos ensinamentos. Fabiana presta consultoria para residências e empresas de Passo Fundo e outras cidades da região, como Salto do Jacuí. Não existe restrições de setores, até empreendedores do agronegócio aderiram a sabedoria milenar. A técnica não oferece cura para todos os problemas da humanidade. Deve ser entendida como um dos vários sistemas existentes da filosofia chinesa, e não uma panaceia para todos os males. Ela não traz sucesso da noite para o dia, nem é uma mágica milagrosa. É preciso aplicar os conceitos cuidadosamente e, mais do que tudo, acreditar nas mudanças.
DEPOIS DE ENCONTRAR O CENTRO ENERGÉTICO DO AMBIENTE, IDENTIFICAMOS AS ENERGIAS (POSITIVAS E NEGATIVAS) E COMEÇAMOS UM TRABALHO DE CURA, OU SEJA, DE EQUILÍBRIO.
Fabiana Ribeiro, consultora de Feng Shui. VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
©123RF
Harmonize a sua casa: entre e receba suas visitas sempre pela porta principal da residência; no banheiro estão as energias mais densas do ambiente. O espaço precisa estar organizado e limpo. A sugestão é colocar uma planta para equilibrar as energias. A porta deve estar sempre fechada; jamais deixe joias no banheiro. Elas ficarão com todas as energias (pesadas) do espaço; na cozinha, o indicado é não ter lixeiras. O indicado é que se reúna o lixo enquanto estiver no local e logo o tire. Sem manter lixeiras sobre a pia principalmente; se você tem o fogão e a geladeira próximos, a sugestão é colocar uma planta para equilibrar as energias de fogo e água. Um pedaço de madeira também serve. a cama deve ficar em um espaço aonde você consiga enxergar quem entra e sai do quarto; no escritório, jamais trabalhe de costas para a porta; envelopes vermelhos são sinônimos de prosperidade. Guarde dinheiro e contas neles. VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
029
©Gui Benck
HOMENAGEM
NO MÊS DELAS, UMA HOMENAGEM A
HELOÍSA ALMEIDA
Mais de sete décadas dedicadas a ajudar o próximo. A guerreira de 86 anos conta o que move a solidariedade Tainara Scalco
Na teoria, é simples. Todos são adeptos. Concordam. Acreditam ser o melhor. Na prática, poucos conseguem fazer jus ao seu verdadeiro significado. Ajudar é uma tarefa nobre. No mês das mulheres, a nossa homenagem às leitoras se dá por meio de um exemplo que sempre soube conjugar esse verbo, sem distinções.
030
As marcas da idade contrastam com o sorriso jovem. O humor disfarça as consequências da senilidade. “Pode falar alto, minha filha, eu sou surda mesmo.” Com gestos delicados e um repertório de perdões, Dona Heloísa Almeida recebeu-me em uma sexta-feira escaldante, a última de janeiro. As desculpas eram pelo equívoco do dia anterior – tínhamos combinado a entrevista para a quinta à tarde, mas Dona Heloísa se esqueceu. Resquícios da idade? Talvez, mas não o determinante. A ex-vereadora tinha um compromisso em uma emissora de televisão no mesmo horário. Aos 86 anos, ela tem muito a contar, a compartilhar. A mulher guerreira que organizou seu primeiro evento beneficente aos 18 anos, uma festa de Natal no então distrito de Coxilha, pautou a sua caminhada na solidariedade. E ela ajudou muitos. E ela continua a ajudar! “Quando saio na rua, muitos vêm me abraçar, me chamam de Dona Luíza”, conta sorridente.
E não é para menos. As mãos que não se cansam de estender luzes de esperança são recompensadas com afeto. Foram muitos projetos sociais em Passo Fundo. Em 1956, ela veio morar na cidade onde nasceu e logo se debruçou ao voluntariado social. Ajudou a fundar o Clube da Saúde Arthur Leite e a Escola Assistencial do Centro Espírita Dias da Cruz. Dona Heloísa levava ao Centro Espírita, em uma Kombi, os meninos que encontravam refúgio na Praça da Cuia. Lá, eles ganhavam alimentação e carinho. O alto índice de jovens grávidas sem perspectivas na década de 70 despertou em Dona Heloísa a ideia de criar um local para abrigá-las. Surge a Casa Lar, um trabalho pioneiro na cidade. Com a bandeira “não estamos apoiando um erro, apenas amparamos quem errou”, a entidade reintegrou à sociedade centenas de adolescentes marginalizadas. VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
Na Câmara de Vereadores
O espírito político de Heloísa instigou o Movimento Democrático Brasileiro, o MDB, a convidá-la para disputar uma vaga no Legislativo. Poucas mulheres tinham alcançado uma cadeira na Câmara. Dona Heloísa assumiu em 1969. A bandeira da mulher guerreira era pela anistia dos brasileiros perseguidos pelo regime militar implantado em 1964 e pelo trabalho social em Passo Fundo.
Contra a fome, contra a miséria e pela vida
QUANDO SAIO NA RUA, MUITOS VÊM ME ABRAÇAR, ME CHAMAM DE DONA LUÍZA.
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
Há 21 anos, Heloísa Almeida comanda o Comitê da Cidadania em Passo Fundo. O trabalho da entidade consiste em arrecadar doações, recolher sobras de alimentos (não restos) de festas, restaurantes, padarias, estabelecimentos do gênero alimentício, para a produção de sopas. Recebe, também, material para o trabalho artesanal. O aproveitamento de todo o alimento arrecadado pelo ônibus do Comitê da Cidadania é, em seguida, distribuído nos bairros agendados.
Em família
Heloísa casou-se com Odorico Adão Bastos de Almeida, em 1946. Da união, nasceram os filhos Lauro, Herlon, Dorisa Fernanda e Bibiana. 031
LÍNGUA PORTUGUESA
A LINGUAGEM E O
REGIONALISMO
Ironi Andrade
O autor é professor, advogado e sócio-fundador do Sistema Educacional Ironi Andrade
Mostra-se equivocada a ideia A fim de estimular os alunos ao estudo continuado, eu os de que a Língua Portuguesa persuado com o argumento de que, quem não avança, regrié uma só em todos os rinde. Então, digo: “Cresce como rabo de égua, pra baixo”. cões onde ela é falada ou, mesmo, nos países em que Agarrado como carrapato em culhão de touro (muito próprio é tida como o idioma oficial. a políticos fisiologistas); Devo confessar que, há Apertado como rato em guampa (o verdadeiro “beco sem algum tempo, eu também saída”); encontrava dificuldades para entender esse fenômeno. Bueno como namoro no começo (algo muito bom, agradável); Hoje, um pouco mais viajado, Chiar como uma locomotiva no cio (reclamar excessivamente da sorte, da um pouco mais experiente, vida); um pouco mais lido e escoCobiçada como anca de viúva nova e bonita (aquilo que desperta muito lado, acho que compreendo interesse, que seduz); relativamente bem o caso. Lembro, por exemplo, Comer mais que remorso (aquilo que se devora com avidez); que, numa viagem ao norte Como tosa de porco: muito grito e pouca lã (muito barulho e pouco resultabrasileiro, passei uma mado); nhã toda procurando por Contente como cusco de cozinheira (faceiro pelo recebimento de benesses “bergamotas” nas quitandas ou, então, pela perspectiva de recebê-las); de Porto Velho, Rondônia. E, claro, isso bastou para meus Furioso como gato embretado em cano de bota (que se encontra num “beco amigos, de lá, tirarem sarro sem saída). da minha cara: pediram que voltasse e perguntasse se havia “mexerica” ou, então, “tangerina”. Voltei e, evidentemente, fiz um estoque de Mas há, é claro, muitas outras expressões que, mexericas. O mesmo ocorreu com o nosso aipim (ou aqui, as usamos didaticamente até; noutras paragens, mandioca), nosso cacetinho (juro que quase apanhei soariam trágicas, sem dúvida: da atendente), nossa torrada, e assim por diante. É claro que a lista se estende meio indefinidamente Vem-me à cabeça, ainda, outra experiência viven- e poderá, até, ser retomada noutra oportunidade. Mas ciada no nordeste. Lá, bar ou restaurante algum vende há de ser clara, também, esta constatação: nunca será “peixe destrinchado”, como diríamos aqui no amado Rio preocupação demasiada cuidar para que a comunicação Grande. Por lá, todos falam e escrevem corretamente, cumpra seu verdadeiro papel: comunicar. Para isso, vendendo “peixe trinchado”. será indispensável saber que, de acordo com a região, Aliás, por vezes, juro, fico boquiaberto observando o vocabulário a ser usado haverá de representar uma o olhar perplexo com que alunos, vindos de outras preocupação de quem quer comunicar-se bem. regiões do Brasil a fim de frequentar nossos cursos, E de fato, a linguagem, conforme a região, o me contemplam. Julgo que eles pensam não estarem estado, o país, varia muito, é muito rica, mas exige mais no Brasil. Depois, corrijo-me, é claro. bastantes cuidados! (54) 3046-1122 / 3046-0717 Rua Fagundes dos Reis, 825 - Sala 2f Centro - Passo Fundo - RS www.ironiandrade.com.br
032
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
033
PERSONALIDADE
NEI CÉSAR MÂNICA
O JOGADOR DE FUTEBOL QUE SE TORNOU EMPREENDEDOR DO AGRONEGÓCIO Taís Rizzotto O gramado de futebol seria pequeno demais para as ambições de Nei César Mânica. Quando jovem, talvez nem ele soubesse claramente o quanto poderia progredir no campo. Nascido em Tapera em 1952, o jovem jogador de futebol da década de 1970 poderia ter alcançado o sucesso independentemente da posição em que fosse escalado. Mas, o campo de atuação do profissional ultrapassou os limites dos estádios de futebol e foi para além dos gramados. O ex-juvenil do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense passou a ser, no campo, na lavoura, na gestão e, fundamentalmente, no cooperativismo, figura indispensável. Com uma visão empreendedora, guardadas as devidas proporções, Nei está para o campo do agronegócio assim como o craque está para o grande time. Nei é casado com Ana Elisa há
034
mais de três décadas, com quem tem três filhos, Marcelo, Micheli e Mariana, e duas netas, Camila e Isabela. Considera a família a base sólida da sociedade e, por isso, empenha todo o tempo do qual dispõe na convivência familiar, mesmo sabendo que, para a família, nessa trajetória, não dispensou o tempo de que gostaria. Admite, ainda, que a criação dos filhos coube à esposa. Mas tem a certeza de que a família sempre soube compreender a sua missão de fazer o melhor possível pelos outros. E isso demanda tempo e, principalmente, vocação. Filho de agricultores da cidade de Tapera, no Rio Grande do Sul, Nei Mânica chegou em Não-Me-Toque juntamente com os pais e outros três irmãos na busca por maiores espaços para desenvolver a agricultura. VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
©Nanci Zanella
Sobre a entrevista
Um homem objetivo, simples e com muito conhecimento na gestão do agronegócio. A entrevista à Versa Maganize aconteceu em dois locais: na sala do presidente da Cotrijal e na casa do Nei Mânica, ambas em Não-Me-Toque. Em meio à nossa conversa de aproximadamente duas horas, breves interrupções para que ele pudesse resolver questões importantes. Nei Mânica não para. Resolve os seus problemas, os da cooperativa, os dos outros...
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
035
©Nanci Zanella
PERSONALIDADE
No início da década de 1970, em pleno regime militar, parou com o futebol e serviu, durante um ano, ao Exército brasileiro no quartel da cidade de Cruz Alta, fato que considera ter agregado à sua vida os ensinamentos da disciplina, do respeito e da responsabilidade. Em março de 1971, por ocasião da abertura da colheita da soja no RS, o então Presidente da República, Gal. Ernesto Beckmann Geisel, veio ao estado e Mânica foi incumbido da missão de acompanhar os veículos que integravam a comitiva presidencial nas 10 estações a serem visitadas. Sabendo que os generais eram torcedores do tricolor gaúcho e, principalmente, diante da possibilidade de levar ao conhecimento do Presidente a sua condição de recente jogador do time 036
TEM QUE FALAR, TEM QUE PERGUNTAR, NÃO PODE TER MEDO, TEM QUE LEVANTAR DA CADEIRA E SER PROATIVO
gremista, Mânica desejava solicitar dispensa do serviço militar para retornar aos gramados em Porto Alegre. No entanto, faltou-lhe coragem. Naquela oportunidade, lembra que tão somente conseguiu comentar o fato com outro general que acompanhava a delegação, o Gal. João Batista Figueiredo, que posteriormente, tornou-se o sucessor presidencial. Hoje, percebe que se o pedido tivesse sido feito, certamente não teria chegado até aqui. A falta de iniciativa naquela oportunidade trouxe-lhe aprendizado: “Tem que falar, tem que perguntar, não pode ter medo, tem que levantar da cadeira e ser proativo”, destaca Mânica. A omissão da época lhe fez a diferença para o modo de agir dos dias atuais: proatividade. VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
SER GREMISTA FOI UMA COISA MUITO BOA NA MINHA VIDA, AFINAL SOU UMA PESSOA FELIZ. Das lembranças que traz da infância, recorda do emprego na cidade natal, em um escritório de contabilidade, aos 14 anos, em que desempenhava o cargo de auxiliar, na época denominado “contínuo”. Do primeiro emprego no escritório, recorda do “agrado” alimentar para o chefe. Ele comprava bananas e oferecia para o superior em troca da autorização para sair às 4h da tarde, a fim de jogar futebol no América, clube de futsal daquele município. Já adolescente, cursou o ensino médio na capital gaúcha no Instituto Champagnat e não chegou a concluir o nível superior. A faculdade de Administração na UPF – Universidade de Passo Fundo – ficou no passado. Porém, a vocação ao empreendedorismo, o dinamismo e a visão futurista de gestão corriam nas veias de Nei Mânica desde o período de produtor rural, como herança genética da família na propriedade localizada em vila Conceição, distrito de Tapera. VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
©Nanci Zanella
Em que pese a confessa paixão pelo time da capital, o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, onde integrou a equipe juvenil nos anos de 1969 a 1972, vestiu camisas de outros clubes e, em certa fase da carreira de jogador, defendeu, nas quadras de futsal, a Sercesa e o Pinheiro de Carazinho e o Russo Preto de Não-Me-Toque até meados de 1981.
NEI MÂNICA E A COTRIJAL
A caminhada profissional na Cotrijal – Cooperativa Agropecuária e Industrial - iniciou com o cargo de contínuo no setor de repasses. De lá para cá, são mais de 40 anos de serviços prestados, 19 dos quais na função de presidente. A vocação de Nei Mânica é indiscutível, tendo em vista o período pelo qual preside a Cotrijal e a julgar pela relação construída. Os nomes Cotrijal e Mânica soam entrelaçados ao longo da história e praticamente se completam. A cooperativa Tritícola de Não-Me-Toque surgiu da necessidade de organização de produtores rurais na busca por estímulos oficiais à modernização da agricultura. A defesa dos interesses econômicos do setor, a padronização e o beneficiamento dos produtos, a facilitação da comercialização da safra e a união dos agricultores que se dedicavam ao plantio do trigo fomentaram a organização cooperativista. Mânica dedica-se integralmente aos propósitos do agronegócio. Atualmente, está limitado a 10 horas de trabalho diário, muito embora admita estar “no ar durante as 24 horas do dia”. O período de férias a partir de 2014 é de 15 dias, isso porque, antes, era restrito a uma semana por ano. Afirmando não se apegar aos detalhes, Nei relata: “Se vejo uma teia de aranha dependurada, chamo a atenção de quem limpa o prédio”, enfatiza Mânica. Poderia ser devoto de São Thomé, pois gosta de ver para crer, adora mudanças, viagens e desafios. Não tem medo de errar. “Errar fazendo é o menor erro, pois, aquele que não faz, erra sempre.”
EU QUERO OLHAR PARA TRÁS E VER QUE EU DEIXEI ALGO DE POSITIVO. Criterioso, visionário e positivista, Nei Mânica afirma que a sua gestão é democrática, tanto quanto rígida: “Exerço uma espécie de democracia vigiada, com mão de ferro”. Atribui o sucesso da 037
©Nanci Zanella
PERSONALIDADE
TENHO PAVOR DA EXPRESSÃO “NÃO DÁ”! COMO NÃO DÁ? COMO NÃO PODE? TUDO PODE, PODE SER DIFÍCIL, MAS DÁ PRÁ FAZER.
038
Cotrijal durante os 56 anos de existência ao fato de nunca ter atrasado o pagamento de qualquer compromisso e a capacidade de superação a cada ano. Promover treinamentos, cursos e seminários e qualificar pessoas, como, também, fazer com que cada unidade da cooperativa tenha resultado positivo e, principalmente, trabalhar sempre visando ao lucro são ações que fortalecem e amparam a solidez. “Aqui, não há paternalismo e o que procuramos fazer é com que o produtor sinta-se dono da cooperativa”, comenta. Após quase duas décadas no cargo de presidente, sabe que um dia terá de parar e tem consciência de que a sua vida útil dentro da empresa chegará ao fim. Contudo, relata o caso de gestor que, aos 80 anos de idade, teve a capacidade de “oxigenar” uma cooperativa e que está lá trabalhando, mesmo que acompanhado da sua bengalinha. Relembra que, no início da sua gestão, resolvia o problema dos outros. Agora, se alguém apresentar um problema, ele deve, no mínimo, vir acompanhado por uma sugestão para solucioná-lo. Salienta que o maior patrimônio de uma empresa, de uma cooperativa não é sua estrutura física, são as pessoas. São elas que fazem o lugar.
EXPODIRETO
A feira iniciou em 1998, em Passo Fundo. No ano seguinte, realizou-se em Carazinho. Foi a partir do ano de 2000 que passou a acontecer na cidade de Não-Me-Toque. “Não queríamos fazer a feira no formato existente. Eu queria inovar. Não tínhamos nada do parque que existe hoje”, revela. Nei Mânica e equipe tiveram o período de outubro de 1999 a março de 2000 para criar o espaço da feira, além do novo formato e a logística. A Expodireto é considerada uma das maiores feiras do agronegócio brasileiro e delegações estrangeiras conceituam a Expodireto como a mais organizada em nível internacional.
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
039
©123RF
CARROS
INMETRO LISTA CARROS
MAIS ECONÔMICOS Levantamento mostra média de quilômetros rodados por litro de combustível. Redação Versa
Os testes foram feitos em laboratório e simulam condições da cidade e da rodovia. O levantamento do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) inclui carros com preços e com mercados variados. Foram analisados 495 modelos de carros de 36 marcas à venda no Brasil. Esses automóveis fazem parte do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular
(PBE Veicular), que busca indicar, por meio de um selo, quais são os mais eficientes. O resultado depende, entre outros quesitos, do tamanho do automóvel, do tipo e tamanho do motor – com vantagem para os que têm conjuntos com motor elétrico, os chamados híbridos – e até da inclusão de arcondicionado como item de série.
cidade
G
15,7 km/l 14,3 km/l Fotos: Divulgação
estrada
040
Veja, abaixo, as melhores e as piores médias de quilômetros rodados por litro de combustível: TOP 5 Listamos os 5 primeiros carros da pesquisa divulgada pelo Inmetro que, em média, fazem pelo menos 8 km/l na cidade e 10 km/l na estrada com etanol e acima de 10 km/l na cidade e 14 km/l na estrada com gasolina.
Toyota Prius
O Prius obteve a melhor média na lista de 2014 do Inmetro. O bom resultado é esperado pelo fato de se tratar de um modelo híbrido, que não depende só da combustão para rodar: ele tem também um motor elétrico. O conjunto soma 134 cv com 99 cv do motor 1.8 a gasolina e 82 cv do elétrico. Ao contrário dos carros comuns, os híbridos gastam mais na estrada, onde o motor à combustão é mais exigido.
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
Renault Clio sem ar
Os números do Clio também são os mesmos do ano passado. Ele é vendido exclusivamente com motor 1.0 16V de 80 cv com etanol e de 77 cv com gasolina.
cidade
G
14,3 km/l 15,8 km/l estrada
cidade
E
9,5 km/l 10,7 km/l estrada
Ford New Fiesta hatch 1.6 manual
G
cidade
12 km/l 14,3 km/l
Com visual renovado e agora feito no Brasil, o hatch da Ford melhorou as médias em relação ao ano passado. A versão 1.6 com câmbio manual superou a 1.5 com a mesma transmissão.
estrada
cidade
8 km/l 10 km/l
E
estrada
Volkswagen Gol Bluemotion sem ar
O Gol Bluemotion conta com motor 1.0 8V, também em busca de menor consumo, daí a versão sem ar-condiocionado ter tido números melhores que outras.
cidade
G
11,8 km/l 14,9 km/l estrada
cidade
E
8 km/l 10,1 km/l estrada
cidade
G
11,8 km/l 14,9 km/l estrada
cidade
E
8 km/l 10,1 km/l estrada
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
Volkswagen Voyage Bluemotion sem ar
Também sem arcondicionado, o Voyage Bluemotion repetiu os números de consumo do Gol, com o mesmo pacote.
041
MERCADO DE TRABALHO
NÃO GOSTA
DO SEU EMPREGO? Conheça estratégias para lidar com a insatisfação no ambiente de trabalho Redação Versa Ser infeliz no emprego é uma situação corriqueira, especialmente se o mercado está aquecido e se novas oportunidades costumam bater à porta. É comum olhar para o vizinho e achar que ele está mais satisfeito no aspecto financeiro ou em relação a status. Nem sempre, porém, o funcionário descontente dará ouvidos à tentação da mudança. Um salário difícil de ser equiparado,um curso bancado pela companhia ou a visibilidade de um cargo importante em uma grande multinacional são exemplos de fatores que, muitas vezes, amarram o empregado ao posto que o desagrada. Nesse caso, se a decisão é permanecer, como fazer para que o fardo não seja tão pesado? A estratégia consiste em desenvolver um olhar mais criativo sobre o ambiente de trabalho. Ao entrar no estado de desmotivação, a tendência é centrar-se no próprio umbigo, tornar-se um muro de lamentações. Em vez disso, é preciso buscar oportunidades ao redor.
Ponto de ruptura
INTERAJA COM AS PESSOAS, BUSQUE ALIANÇAS INTERNAS. É UMA QUESTÃO DE ATITUDE.
- Comece pela percepção de que nem tudo é ruim. Identifique o que exatamente provoca a insatisfação – entraves burocráticos ou uma determinada política de gestão, por exemplo. Esse pode ser o ponto de partida para adotar medidas pontuais para combatê-la. - Se procedimentos rotineiros já estão desgastados, por que não sugerir inovações que tornem o cotidiano de todos mais eficaz e menos enfadonho? Interaja com as pessoas, busque alianças internas. É uma questão de atitude. - Quando o chefe é a pedra no sapato, uma conversa clara com as esferas superiores vale como tentativa de superar o obstáculo. Ele mesmo pode estar em vias de ser realocado dentro da empresa, o que até abriria espaço para uma promoção. - Tentar migrar para outra área dentro da corporação também surte efeito no estado de ânimo profissional. Para tanto, é preciso estar atento a vagas que possam ser preenchidas internamente. ©123RF
Você acorda pela manhã e a primeira coisa que lhe vem à cabeça é: “Droga, mais um dia de trabalho”. Esse pensamento negativo antes mesmo de sair da cama, geralmente, indica que algo está errado em sua vida profissional.
À medida que as alternativas se esgotam e não há sinal de melhora, talvez seja mesmo o momento de pensar em pedir para sair. E preocupar-se em fazê-lo pela porta da frente. É melhor sair como um excelente profissional, sem deixar cair a performance nem ter a imagem desgastada, aconselham os especialistas. Vivemos muito da imagem que construímos, e um momento de baixa pode implicar um descarrilamento irreversível na carreira. 042
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
043
KETHERIN KAFFKA
Cabide
fashion.
VOLTA ÀS AULAS
NA MODA É chegada a temida época em que as férias acabam e em que voltamos à rotina de estudos. Claro que o foco são os livros, mas, um bom look, com estilo e conforto, é um ótimo complemento. Em toda turma, na faculdade, há alguns alunos que escolhem o look para ir à aula como se fosse a um esquenta para a balada, concordam? Isso é totalmente inconveniente. A roupa para essa ocasião precisa ser confortável e sutil. E, por isso, algumas dicas são importantes para lhe ajudar na hora da escolha. Não exagere na maquiagem, esqueça as roupas muito curtas ou muito coladas, evite muita transparência, decote grande e muito brilho. Lembre-se de que a faculdade não é nenhum desfile de moda. Mas, nem por isso você precisa se vestir como uma executiva. Se você curte tendências, há várias formas de usá-las sem chamar muito a atenção, como, por exemplo, mesclando-as com peças neutras, como calça jeans e blazer. 044
Pernas de fora: looks com as pernas de fora precisam de certo cuidado, pois há uma linha tênue entre elas e a vulgaridade. Se a sua faculdade permite, e a temperatura está muito alta, você pode investir nos shorts e nas saias. Mas opte por peças mais fluidas ou mais compridas, nada muito curto e apertado: é desconfortável e audacioso.
Quanto ao calçado, opte por sapatos confortáveis, como tênis e sapatilhas. Se seu curso exige mais formalidade ou você não desgruda do salto alto, dê preferência aos saltos grossos e inteiros e deixe os finos para o fim de semana. As espadrilles com salto supercombinam com o ambiente. Caso faça um curso como direito, o scarpin com um salto sutil é o ideal.
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
Para quem está em dúvida sobre o que usar, inspirações e dicas são bem-vindas. Confira algumas abaixo:
A dupla jeans mais t-shirt combina com vários estilos e pode ser incrementada com alguns acessórios. Este look ganhou um up com o colar.
3 PEÇAS CORINGAS PARA A VOLTA ÀS AULAS
Calça jeans
A calça jeans é uma das peças mais versáteis para esse ambiente. Combina com todos os estilos e biótipos. Vejam só estas inspirações de looks.
Legging
Outra peca coringa é a calça legging, seja ela em um material com elastano ou mesmo em couro. É uma opção moderna e fácil de combinar. Por ela ser justa, opte por algo mais largo na parte de cima, ou mesmo por uma sobreposição, como na primeira foto, blusa+camisa jeans. Para as mais estilosas, a combinação meia-calça e shorts é superbem-vinda. O tênis e a mochila quebraram a sobriedade da camisa, deixando o look ultramoderno Neste look, as peças são superbásicas: uma blusa mais soltinha, um tênis e um jeans destroyed. O que fez a diferença foi o lenço animal print, no mesmo tom da blusa, que deixou tudo super-harmônico e despojado. VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
Blazer
O blazer é uma peça clássica, porém há muito tempo perdeu a formalidade. Ele pode ser usado em looks casuais, com cortes e com as mais variadas cores. É versátil e dá um up em looks que podem estar despojados demais. Katherin Kafkka é produtora de moda, apresentadora e Blogueira www.kaffka.com.br
045
046
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
BELEZA
MADEIXAS
SENSAÇÃO O ruivo conquistou as celebridades e se tornou a cor do momento
Mariana Ruy Barbosa, Sophia Abrahão e Paloma Bernardi são algumas das estrelas que aderiram aos fios avermelhados. A cor é sinônimo de força e atração.
A mitologia grega pregava que pessoas de cabelo vermelho se transformavam em vampiros depois da morte. Os romanos admiravam a tonalidade. Os celtas chegavam a confeccionar perucas com cabelos de tribos germânicas. O contexto histórico comprova que as ruivas sempre chamaram a atenção. Não é à toa que muitas mulheres optam pela tonalidade para mudar as madeixas. Mas é preciso observar alguns aspectos antes de sair pintando os cabelos conforme explica Manno Escobar. “As mulheres de pele clara são as que ficam bem com cabelos ruivos.” O ruivo natural é nada mais, nada menos, do que um loiro acobreado. Nunca cereja, vermelho, cobre ou acaju segundo explica Manno. A maioria das pessoas, quando pensa em ruivo lembra-se de cabelos em vários tons de vermelho. Mas, o tom chamado ruivo é o loiro acobreado. “Este tom é mais facilmente conseguido para loiras. As morenas também podem conseguir com a ajuda de um colorista experiente. Não é o tipo de cor para se fazer experiências.”
Quase raros
A tonalidade ruiva ocorre em, aproxiVERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
madamente, 2% da população. É mais frequente em pessoas de ancestralidade europeia. O gene para cabelos avermelhados é recessivo. Ruivos podem nascer depois de gerações de morenos ou loiros na família.
Cuidados
Os cabelos ruivos naturais, geralmente, são grossos e em grande quantidade. Precisam de cuidados para a cor e hidratação. Recomenda-se o uso de tonalizantes para retirar o desbotamento e igualar a cor. Cabelos que receberam esta tonalidade através de processos químicos requerem ainda mais cuidados. É fundamental oferecer tratamentos que consigam manter a saúde do fio.
Curiosidades
Na cultura medieval, os cabelos afogueados eram típicos de um comportamento intempestivo e perigoso, pouco desejável numa mulher. Entre os germânicos, havia a crença de que os ruivos estavam ligados ao diabo e à bruxaria, atividade muito malvista e violentamente combatida entre esses povos. É no fim do reinado da Rainha Elisabeth que se generaliza a crença nas fadas como lindas mulheres dotadas de vastas cabeleiras ruivas.
Cabelos e Make de Manno Escobar e equipe Road Side – Produção de Moda de Jomara Amantino com apoio da UPF Curso de Moda e fotógrafo: Guto Escobar Manoffato – Figurinos da Mannoffato (indústria de Passo Fundo) com Produção de Moda de Cariane Camargo e fotos de Guto Escobar Maria Insana – Figurinos da Maria Insana (indústria de Tapejara) com Produção de Moda de Cariane Camargo e fotos de Diogo Ferreira
047
048
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
IVALDINO TASCA
livre.
Voo
FICA PROIBIDO SEPULTAR FILHO Na preparação para primeira comunhão, nos anos de 1950, uma lição deu conta que “Deus fez o céu, a terra, o mar e tudo que existe neles e no sétimo Ele descansou”. Foi a época em que deixamos de falar “Papai do céu”, afinal crescíamos, e era fantástico ficar imaginando a semana trabalhosa do Todo Poderoso para realizar essas coisas, inclusive algumas que acreditávamos estar erradas, mas que jamais ousamos expressar a um adulto. Pois, como disse a catequista com vibração, Deus era onisciente. Claro, o significado de onisciente entenderíamos mais tarde... Cada garoto imaginava de um jeito a construção do mundo. Em minha mente Deus era grandão, bonachão, barbudo, vestindo túnicas folgadas e mantos desses usados por árabes. Ele ficava em pé frente à mesa com mapas e anotações cercado por anjos aos quais delegava tarefas; os anjos se botavam a campo para cumprir as missões com rapidez, que uma semana é tempo curto; a gente já sabia que o tempo corria como faísca por que entre a confissão de um sábado e a confissão do outro sábado tudo corria rapidíssimo, num estalar de dedos, que nem dava tempo para cumprir a promessa de não mais pecar por pensamentos, palavras e obras. Agora fico imaginando: como podíamos pecar tanto naquele tempo se os garotos de hoje nem se confessam ao padre? Nos papos imaginávamos coisas diferentes, alterações sutis no mundo, pois não tínhamos coragem para grandes discordâncias, até porque o Deus apresentado na época era durão, brabo, castigava por qualquer coisinha, até pelos maus pensamentos que surgem por provocação do demônio (que também, diziam, era poderoso e matreiro) e, além disso, em nosso entendimento, Ele não teria paciência para ouvir reclames. Caso não falhe a memória, um de nós disse que se pudesse fazer sugestão ao Criador pediria que o pé de araticum (a gente falava ariticum) não fosse tão alto para facilitar a tarefa de surrupiar a fruta amarelinha do vizinho. Outro afirmou que se fosse Deus
EM MINHA MENTE DEUS
ERA GRANDÃO, BONACHÃO,
BARBUDO, VESTINDO TÚNICAS FOLGADAS E
MANTOS DESSES USADOS POR
ÁRABES.
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
daria a todos os demais a inteligência do garoto que praticamente tirava nota dez em todas as disciplinas enquanto a maioria amargava notas vermelhas que obrigavam a fazer promessa para passar de ano. Eu cheguei a imaginar como seria ter muro na frente da nossa casa que tivesse somente um lado – é o muro seria erguido com tijolos de um só lado. Assim, tomaríamos tranquilamente chimarrão no jardim sem que fossemos vistos e nós poderíamos enxergar quem passava pela calçada e pela rua. Ao pedir que Deus acabasse com os trovões que já haviam matado algumas pessoas o garoto foi contestado e ridicularizado pelo maior da turma porque, segundo o avô dele, o que mata é o raio e não o trovão. A discussão sobre quem mata, se raio ou trovão, nos alertou que sabíamos pouco para estar interferindo em demasia na obra de Deus. O tempo passa, crescemos, a vontade de mudar a mundo persiste, mas raramente ousamos interferir no plano original de construção da terra, do céu, do mar e tudo que neles existe fazendo alguma sugestão ao Todo Poderoso. Tornamo-nos práticos quando se trata de modificar o status quo que eventualmente desagrada e logo planejamos uma revolução armada e violenta que é para não deixar pedra sobre pedra e começar tudo de novo. Claro, mortes e sangue que ficam no rastro são, por assim dizer, efeitos colaterais de algo imprescindível para a felicidade geral. Assim, outro dia, mesmo sabendo que há contas a acertar com os céus, matutei sobre que mudança sugeriria na obra de Deus se por ventura fosse dada a oportunidade. Sei, sei, se aos cinco bilhões de terráqueos fosse dada a mesma chance encheríamos o Planeta de torres de Babel e o caos se instalaria. Entretanto, isso não impede que expresse meu desejo, coisa pouca mesmo e eu decretaria que de hora em diante nenhum pai, nenhuma mãe teria que fazer o sepultamento de um filho. Isso ficaria proibido definitivamente mesmo que cada uma das outras dores dos afetos tivessem pequeno percentual de acréscimo por conta de tal modificação. Ivaldino Tasca é Jornalista e radialista. Reside em Passo Fundo, onde já foi secretário de Meio Ambiente e de Cultura. Atuou na Cia. Jornalística Caldas Junior por dez anos, foi chefe de redação e diretor de O Nacional.
049
050
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
051
©123RF
EDUCAÇÃO
OS DESAFIOS DA
MUDANÇA DE ESCOLA
A troca de educandário pode ser motivo de inquietações para crianças e adolescentes Tainara Scalco
A participação da família é fundamental para superar os medos que a mudança envolve. Um dos maiores receios de crianças e adolescentes é não ser aceito por colegas ou sofrer algum tipo de bullyng.
052
Muitos especialistas dizem que não existe receita para administrar a adaptação ao novo educandário. O caminho está na conversa. “As palavras ajudam a dar um contorno às questões internas que nem sempre podem ser elaboradas de forma solitária,” explica a psicóloga clínica Ivana Gradaschi. E foi o diálogo que ajudou a estudante Letícia Cruzzi, de 7 anos, a aceitar a nova escola. A mudança não foi apenas de educandário. A família da pequena veio para Passo Fundo por causa do trabalho do pai. Os amigos e os laços fraternos ficaram há alguns quilômetros, lá no sul do estado, em Pelotas. “O novo nos assustou, mas conseguimos superar. E a Letícia foi muito bem recebida na escola,” conta a mãe Jussara Cruzzi. Mas, nem sempre é assim. Algumas crianças e adolescentes sofrem com o medo do novo, que sempre é ameaçador. Temem não dar conta das cobranças por parte dos pais e dos novos professores. A separação dos amigos, especialmente, se o aluno ficou muito tempo na escola anterior também é determinante.
A DIFICULDADE É A NÍVEL PSICOLÓGICO E NÃO UMA QUESTÃO DE ESPAÇO FÍSICO. Ivana Gradaschi, psicóloga clínica.
Uma forma de evitar se sentir “um peixe fora d’água” é tentar conhecer alguém da turma pela internet. As redes sociais podem ser boas aliadas na adaptação. Mudar de escola novamente caso fique difícil a adaptação pode não ser a solução ideal. “Penso que a dificuldade é a nível psicológico e não uma questão de espaço físico,” salienta Ivana. Considerando, claro, que cada caso é um caso.
Algo está errado!
Alguns sinais podem indicar dificuldades na adaptação de crianças e adolescentes a nova escola: • náuseas e dores de cabeça antes de ir para a escola; • crises de choro constantes, irritabilidade, agressividade e isolamento social; • dificuldade de cumprir regras.
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
053
COMPORTAMENTO
EXAGEROS PODEM CAUSAR DANOS AO CORPO E AO BOLSO
A quarta-feira fica mais cinzenta com as ressacas depois do Carnaval Tainara Scalco
O verbo pular está presente apenas no dicionário carnavalesco. E essa gramática da folia encerra na terça-feira. Na quartafeira de cinzas e ressacas, o verbo que impera é enfrentar – enfrentar as dores no corpo e no bolso.
054
Se o ano só começa depois do Carnaval, é melhor que não seja com ressacas. Mas, é difícil! O organismo fica em frangalhos e o bolso furado depois de quatro dias de excessos. O período é de comemoração e poucos param para pensar nas consequências da folia sem planejamento. E é na quarta-feira que a ficha começa a cair e o arrependimento ganha contornos mais fortes. “O comportamento hedonista que se manifesta nessa festa conduz muitas pessoas a buscarem o ‘prazer’ a qualquer custo,” explica o economista, sociólogo e educador financeiro Ginez Leopoldo de Campos. Na ânsia pela
satisfação, a prevenção fica de lado e a fartura é o que comanda a festa. Esse tipo de atitude não é apenas característica de jovens. Os “maduros” também pecam na folia. Depois, é preciso pensar em como driblar os efeitos corrosivos da ressaca. A nutricionista Mariele Donato salienta que uma forma bem simples de recuperar as reservas de energia do corpo é comer frutas. “Além de repor alguns nutrientes perdidos pelos excessos de líquidos liberados na urina, as frutas também são ricas em antioxidantes, nutrientes que protegem e fazem uma ‘faxina’ no corpo.” VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
Sem furos no bolso
Suco contra ressaca
1 cenoura 1 fatia de abacaxi 1 colher (chá) de mel 1 copo pequeno de água de coco 4 cubinhos de gelo É só bater e beber tudo no liquidificador. Não é necessário coar. Pode ser consumido nos lanches da manhã e da tarde.
Ginez Leopoldo de Campos dá algumas dicas para o bolso não furar: “É preciso definir, no orçamento doméstico, o valor destinado aos gastos no período de Carnaval. O valor definido deve ser gasto de forma controlada e planejada. Não tem nenhum sentido iniciar o ano com uma “ressaca de dívidas”, que, por sua vez, podem comprometer todo o resto do ano, à medida que tais dívidas podem tornar-se uma ‘bola de neve’ por meio da rolagem da dívida na fatura do cartão de crédito, no uso do cheque especial, ou nos empréstimos bancários com juros abusivos.”
Bebi demais. E agora?
A orientação da nutricionista Mariele Donato é simples: muito líquido! “O ideal é hidratar-se antes, durante e depois da bebedeira. A ingestão de isotônicos é uma ótima alternativa, mas água de coco é ainda melhor. Além de água, ela contém minerais que ajudam a repor o que foi perdido pela urina ou pelo suor. Também é importante investir em sucos naturais, pois eles são mais facilmente absorvidos e ajudam na hidratação. Antes de dormir, ingira bastante água. Essa tática ajuda seu organismo a metabolizar o álcool enquanto você descansa.”
Pobre organismo!
É PRECISO DEFINIR NO ORÇAMENTO DOMÉSTICO O VALOR DESTINADO AOS GASTOS NO PERÍODO DE CARNAVAL. Ginez Leopoldo de Campos, economista, sociólogo e educador financeiro.
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
O corpo começa a pagar as contas na quarta-feira, mas, e o bolso? “São faturas de cartão de crédito, cheques pré-datados, cobertura do cheque especial usado sem controle. Os meses seguintes ao Carnaval terão que ser de muita austeridade e de planejamento financeiro para sair do vermelho”, adverte Ginez. O principal desafio nesse período é ter disciplina, controlar os impulsos e as emoções. É como já dizia o velho ditado: “melhor prevenir do que remediar”. Entre sofrer com ressacas e aproveitar a festa com prudência, a segunda opção é a mais indicada.
A ressaca nada mais é do que uma série de sintomas desagradáveis gerados por uma intoxicação do corpo. O órgão que mais trabalha é o fígado, que precisa produzir enzimas para absorver tudo. Quando o trabalho acaba, o fígado quer mais e entra numa espécie de depressão, desorganizando todo o metabolismo. O sistema nervoso, que também foi acelerado, tem uma reação parecida. O resultado é uma queda da força muscular, dor de cabeça, enjoo, diarreia, sensibilidade à luz e um cansaço enorme. Embora a ressaca possa ser sofrida a qualquer tempo, geralmente aparece pela manhã. 055
BEEHIVE - HIJA / 29 jan / 漏 Marcelo Parizzi 路 Glow Press
056
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
PAGODE CHIC / 19 jan / 漏 Franco Rodrigues 路 Glow Press
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
.com.br
057
058
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014
059
060
VERSA MAGAZINE #25 FEV MAR 2014