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Atividade 2: Aspectos literários

Atividade 2: Aspectos literários

Professor, não existe uma maneira única de analisar os elementos de um texto literário, seja ele dramático ou não. O objetivo desta ação é que deve nortear o modo de análise. Neste material, pretendemos contribuir para que os estudantes do Ensino Médio compreendam, interpretem e percebam as relações que seus elementos estabelecem entre si e com o público/leitor, em determinado contexto. Então, sugerimos analisar estes elementos constitutivos do texto teatral escrito em foco:

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1. Enredo: é o texto teatral estruturado em atos e cenas, assemelha-se a um texto narrativo, que se constitui de fatos, personagens e história, que ocorre num determinado tempo e lugar. A adaptação em estudo mantém a mesma estrutura da peça shakespeareana, um drama tradicional. Neste quadro, sistematizamos as ações do enredo da peça:

ESTRUTURA

Ato Quantidade de cenas Momentos da narrativa CERNE DO ATO

1° ato 5 cenas Exposição Montékios e Capuletos estão rivalizando.

2º ato 6 cenas Ascensão da ação Romieta e Julieu se apaixonam, mas não podem ficar juntos. Então, se casam em segredo.

3º ato 5 cenas Clímax, momento decisivo Julieu mata parente de Romieta e é banido da cidade, mas, antes de partir, consuma o casamento e planeja a fuga do casal.

4º ato 5 cenas Declínio da ação Romieta tem seu casamento com Paris arranjado; o Padre elabora o plano de morte para a jovem e ela o coloca em prática.

5º ato 3 cenas Desfecho Julieu compra um veneno; a mensagem de Romieta não chega; em briga, Julieu mata Paris no cemitério, depois, se mata. Romieta acorda, vê a tragédia e tira a própria vida.

Peças clássicas que seguem essa estrutura podem ter seu enredo analisado sob a ótica de Gustav Freytag (1816-1895), em uma pirâmide que representa a evolução da ação dramática:

Pirâmide de Freytag

Clímax

Ascenção da ação Declínio da ação

Exposição Desfecho

Adaptado de Palco BF. Disponível em: https://www.palcobh.com.br/curiosidades/fevereiro2003/piramide.html, acesso em 18 jan. 2021.

Professor, a turma pode ser dividida em cinco grupos e os atos sorteados entre eles. Cada grupo ficará responsável por analisar um ato e verificar que momento da narrativa está relacionado a ele, indicando a ação central daquele ato. A culminância desta análise pode ser uma atividade em uma área externa, no pátio ou quadra escolar. É possível usar uma fita aderente ou giz para desenhar a pirâmide no chão para que cada grupo indique os elementos de sua análise e os posicione na pirâmide. Dessa forma, a peça, como um todo, pode ser analisada pela turma. 2. Narrador: é a entidade que conta a história. A figura do narrador não é obrigatória nas peças de teatro, pois elas costumam ser encenadas e, neste caso, a história em si é retratada pelos atores por meio dos diálogos. Em Romieta e Julieu, diversos diálogos da obra original foram transformados em narrações indiretas, o que reduziu a fala das personagens e tornou obrigatória a presença do narrador, que é totalmente parcial. Ele conta, critica, se assusta, se emociona, sofre, embora não seja necessariamente uma personagem. Nesta versão, o narrador ganha bastante destaque. Sua voz é grafada em letras maiúsculas na cor rosa. Sobre a figura do narrador, alguns questionamentos são importantes para a condução da análise dos aspectos literários da obra: • Por que motivo a autora precisou dar tamanho destaque ao narrador? O motivo estaria relacionado às tecnologias? • Quais manifestações do narrador denota sua parcialidade? 3. Personagens: são essenciais, nas peças de teatro, encenadas ou não.

Os atores dão vida às personagens, por meio de suas ações, suas palavras e seus trajes. As personagems podem ser analisadas por meio de descrições físicas e psicológicas. Também podemos analisar aspectos sociais, econômicos e históricos a elas relacionadas, além de poder traçar um perfil mais aprofundado de cada uma delas, destacando suas motivações, desejos e anseios.

Para estudar as personagens da obra, sugerimos retornar às páginas 20 e 21 do livro, em que há uma árvore genealógica das famílias Montékio e Capuleto e demais personagens envolvidos na trama, já com uma caracterização básica. A tarefa dos estudantes é completar esta caracterização, com base na leitura que fizeram da obra. Estes dados podem ser discutidos com toda a turma, pelo menos, no que tange ao perfil dos protagonistas.

Em seguida, para usufruir do viés tecnológico da obra, a turma pode criar avatares para cada personagem. Para esta criação, as personagens podem ser divididos entre os grupos de trabalho, levando em consideração o perfil de cada personagem traçado no momento em que foram analisados. Diversos aplicativos de celulares gratuitos podem ser

utilizados, tais como Bitmoji, Dollify ou Mojipop. Ao final, a turma pode apreciar a produção de cada grupo e avaliar se está adequada à obra. 4. Tempo e Espaço: se referem ao contexto histórico e ao local onde a narrativa se desenrola. Eles podem ser expliciatamente marcados, com indicação de data e nome do local, ou serem apresentados de modo mais implícito, por meio de acontecimentos históricos, ambientes e lugares citados. O tempo pode ser cronológico e/ou psicológico; e o espaço pode ser geográfico e/ou social.

Estas questões podem nortear a discussão sobre esses aspectos em

Romieta e Julieu:

• Em Romieta e Julieu, o uso das tecnologias indicam contemporaneidade; o contexto histórico e as relações sociais impostas marcam explicitamente tempos remotos. Então, como podemos entender o tempo nesta obra? • Os espaços são bem delimitados: a casa de Julieta, a igreja, o cemitério. Em Romieta e Julieu, o que torna os espaços da obra ambientes do século XXI? Ao fim desta atividade, os estudantes terão ampliado o olhar sobre a obra e suas possiblidades de significação.

HABILIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA EM13LP49: Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de diferentes gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas crônicas, a manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mundo nos poemas, a múltipla perspectiva da vida humana e social dos romances, a dimensão política e social de textos da literatura marginal e da periferia etc.) para experimentar os diferentes ângulos de apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura (Competência 1 e 6 - Campo artístico-literário). EM13LP52: Analisar obras significativas das literaturas brasileiras e de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos) ou outros critérios relacionados a diferentes matrizes culturais, considerando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais etc.) e o modo como dialogam com o presente (Competência 1 e 2 - Campo artístico-literário).

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