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SÃO PAULO, SÁBADO, 27 DE ABRIL DE 2013 www.readmetro.com
POR AÍ
FOTOS: ANDRÉ PORTO/METRO
Ateliê dedica-se à arte de fazer chapéus finos há mais de 40 anos
FAZENDO A CABEÇA
A
s paredes do acervo de chapéus no ateliê de Sabrina Grebinski ficam escondidas atrás de um sem-número de caixas catalogadas onde acomodam-se raríssimos exemplares. Alguns datam do início da década de 1960, quando, ainda adolescente, a então modelo já mostrava interesse pela arte de fazê-los. Sob a luz natural que vem de fora iluminar o ambiente, espalham-se moldes de cabeça de variados tipos e tamanhos. “Não se fabricam mais moldes apropriados, estes são de isopor, a gente tem que adaptar”, diz. O cenário não lembra exatamente um bureau de moda convencional. Acolhedor, o conforto da oficina de porta vermelha, instalada há mais de quatro décadas na mesma rua, no bairro de Planalto Paulista, remete, na verdade, aos tempos áureos da alta costura. Com vasta experiência no ofício, Sabrina, ao lado de sua irmã, Isa, que veio se juntar à equipe anos após a inauguração da casa, é uma das mais antigas designers e restauradoras de chapéus artesanais na ativa em São Paulo. “E talvez a única”, brinca ela. Descendente de uma família formada por franceses, alemães, poloneses e russos, seus olhos brilham de orgulho da rigorosa técnica que carrega consigo: a confecção ou restauro de uma única peça pode levar mais de um dia. “Pedimos sempre que as pessoas nos procurem com pelo menos seis meses de antecedência, pois trata-se de uma atividade laboriosa”, explica.
gurino da oficina, estão os musicais “Alô”, “Dolly”, “Família Adams” e “Evita”. Muita gente famosa já desfilou criações confeccionadas pelas irmãs ao longo dos tempos. Sabrina festeja, especialmente, o chapéu usado por Ana Maria Braga em seu casamento, e também aquele que vestiu Marta Suplicy na celebração de seu matrimônio com Luis Favre. Além disso, um punhado de marcas costuma procurar a assistência de Sabrina e Isa em determinadas coleções. “Fizemos chapéus para a Neon no SPFW de 2012, e trabalhamos por mais de 20 anos com a Eliana Tranchesi, da Daslu”, relembra. E engana-se quem pensa que o ateliê parou no tempo. Anualmente, Sabrina viaja à Europa para pesquisar tendências, novos modelos, materiais e técnicas. “Este ano eu estive em Londres e trouxe uma porção de novidades para colocar em prática. Tradição é uma coisa, ficar estanque é outra”, argumenta a refinada senhora.
Sabrina exibe alguns dos raros modelos
EDUARDO RIBEIRO METRO SÃO PAULO
Invicta rotina
A rotina de Sabrina começa às 5h. A equipe, formada por uma secretária e uma assistente, chega depois, a partir das 7h30. “Esse é o melhor período para produzir”, garante ela, que segue à risca tal filosofia desde 1970. Sabrina e Isa trabalham principalmente com pedidos para casamentos ou eventos sociais importantes. Mas elas também fazem muita produção de época e chapéus sob encomenda. “Muitos de nossos chapéus já foram vistos em novelas, peças de teatro e filmes. Como somos únicas no que fazemos, o pessoal de produção acaba chegando até nós. Chapéus para casamentos e eventos fora do país também saem frequentemente. Como em Dubai e na Itália.” Entre os espetáculos recentes que contaram com fi-
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Chapéu adornado com penas data de 40 anos
Valioso acervo tem peças do chão ao teto
SAIBA MAIS www.sabrinaeisaatelie.com.br
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