Suporte total ao deficiente
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TURISMO
Quinta-feira, 20/1/2011 C-12
Agora
ACESSIBILIDADE
Shimosakai, no abismo de Anhumas (MS)
Em 2001, um episódio mudaria para sempre a vida de Ricardo Shimosakai. Vítima de um sequestro relâmpago, ele foi baleado e perdeu o movimento das pernas. Em vez de se entregar à tristeza, decidiu pensar em alternativas para continuar fazendo aquilo que mais gosta: desbravar o mundo. Formou-se em turismo e se especializou em oferecer alternativas para deficientes. “Perce-
bi que não se tratava de uma vontade só minha e comecei a trabalhar nessa área, focado tanto em uma oportunidade de mercado quanto em um modo de orientar meus colegas com deficiência.” Hoje, ele é diretor da Turismo Adaptado, uma das maiores prestadoras de serviços voltadas exclusivamente a garantir acessibilidade a pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. (ER)
Sem medo de aventura
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EM BROTAS, TURISTA COM MOBILIDADE REDUZIDA PRATICA ESPORTES RADICAIS
Brotas é um dos destinos mais conhecidos pelos aventureiros do Brasil. A 235 km de São Paulo, o lugar é ideal para a prática de todo tipo de esporte radical em meio à natureza. Rafting, arborismo, trilhas, rapel, boiacross... As opções são inúmeras. Há 11 anos, uma agência de viagens foi inaugurada na cidade com o objetivo de prestar igual assessoria a todos os tipos de clientes, sobretudo aos deficientes físicos. “Uma agência de turismo comandada pela nossa família não poderia ser inaugurada sem apresentar condições de atender a todos”, argumenta a diretora da agência Eco Ação (www.ecoacao.com.br), Giovanna Guedes. Ela é sobrinha do ortopedista Marco Antônio Guedes. Especializado em próteses, foi ele quem cuidou da recuperação do velejador Lars Grael, que teve uma das pernas decepadas em um acidente com uma lancha. “Hoje, ainda não dá para dizer que a procura por pacotes de aventura por deficientes é intensa, mas aumentou bastante. No verão, sempre há dois ou três em cada grupo, mas alguns ainda têm um pouco de medo”, diz. Segundo ela, a equipe de profissionais da Eco Ação está capacitada para adaptar e orientar as atividades não só para cadeirantes e amputados, mas também para deficientes visuais, auditivos e portadores de síndrome de Down. Em parceria com a ONG Instituto Muito Especial, a agência promove palestras pelo Brasil para estimular o tu-
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André Cruz, que tem a perna direita amputada, fez canyoning em Brotas: ‘Isso motiva minha luta pela vida’
rismo de aventura entre os deficientes. Rafting, boiacross e canyoning, por exemplo, são atividades garantidas pela agência, além de algumas trilhas que até mesmo cadeirantes podem fazer. “A mobilidade reduzida não pode ser confundida com falta de liberdade. Descer uma corredeira e sentir a adrenalina substitui qualquer antidepressivo e faz a pessoa se sentir mais viva”,
argumenta Giovanna, que acredita que o turismo radical para deficientes deveria estar integrado a programas de elevação da autoestima. Quem já embarcou nessa aprova. O paulistano André Cruz, que teve a perna direita amputada, é um deles. “Gostei muito de ter participado do rafting e do canyoning. Eu me senti acolhido e tranquilo. Parecia que esta-
va entre amigos quando ouvia o Zé, meu instrutor no rafting, dando bem alto o nosso grito de guerra”, conta o rapaz. “Isso motiva minha luta pela vida. Depois que terminou, quis logo saber em que época do ano o rio está em um nível mais alto para conhecer outros trechos e corredeiras. E pegar o rio mais alto deve ser bem louco!”, disse, garantindo que voltará mais vezes. (ER)