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SÃO PAULO, SEGUNDA-FEIRA, 9 DE SETEMBRO DE 2019 www.metrojornal.com.br
{CULTURA}
DIVULGAÇÃO/FIGURA EDITORA
Detalhe da obra máxima da dupla Héctor Oesterheld e Alberto Breccia
CULTURA
‘Mort Cinder’
é favorito ao HQ Mix
Claudinho e Buchecha
Cinebio a caminho
O cantor Buchecha, da dupla com Claudinho, que morreu em 2002 num acidente de carro, anunciou nas redes sociais que a trajetória musical dos dois será contada em filme. Com o nome de “Nosso Sonho C&B For Ever”, o longa está previsto para 2021.
Quadinhos. Grande clássico das graphic novels surge como forte aposta estrangeira à 31a edição do nosso “Oscar” do gênero “Mort Cinder”, novela gráfica sobre um ser imortal, o “homem das mil mortes”, que se reergue uma vez mais de sua tumba, é a obra máxima de uma das maiores duplas da nona arte. Publicada originalmente em capítulos, entre 1962 e 1964, na revista argentina Misterix, ganhou versão de luxo apenas recentemente no Brasil, pela Figura Editora. A união do roteiro profundamente humano de Héctor Oesterheld com a arte expressionista de Alberto Breccia culminou numa realização indispensável para todo o fã do gênero. E, por isso mesmo, o tomo de 232 páginas é um forte concorrente ao 31º Troféu HQ Mix, na categoria de Melhor Álbum de Autor Estrangeiro lançado em 2018. O anúncio dos vencedores será feito hoje, e a cerimônia de entrega dos troféus acontece dia 15, no Sesc Pompeia. Héctor Germán Oesterheld nasceu em Buenos Aires, Argentina, em 1919. Geólogo de profissão, enveredou pela literatura logo na juventude. Em 1951 publicou sua primeira HQ, “Ray Kitt”, junto com Hugo Pratt, a qual marcou o início dessa mítica dupla que logo apresentaria o inovador faroeste “Sargento Kirk”. “Bull Rocket”, um de seus personagens mais po-
pulares, foi desenhado por nomes como Campani e Solano López. A saga de ficção-científica “O Eternauta”, parceria com López, se tornou um clássico. Na extensa obra de Oesterheld sempre esteve presente o espírito humanista e combativo. Em parceria com Alberto Breccia, fez as biografias em quadrinhos de Che Guevara e Evita Perón, e uma segunda versão de “O Eternauta”, com novo roteiro que lhe deu um forte tom político. Durante a ditadura militar na Argentina, em 1977, Oesterheld foi sequestrado pelas Forças Armadas. Estima-se que o autor tenha sido assassinado, pois nunca acharam seu corpo. Alberto Breccia (192993) nasceu em Montevidéu, Uruguai, mas aos três anos se mudou com a família para a Argentina, país que passaria a ser seu lar definitivo. Começou a desenhar ainda muito jovem, de maneira autodidata. Aos 19 anos, passou a publicar ininterruptamente. A primeira colaboração entre os dois foi em “Sherlock Time”, de 1958. “Mort Cinder” viria logo na sequência. EDUARDO RIBEIRO
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Livro subverte universo de Lobato Com curadoria de Felipe S. Mendes, autor de “Linha 4 Amarela”, suspense mais vendido da Bienal do Livro de São Paulo em 2018, e André Vianco, escritor best-seller do gênero sobrenatural, a antologia “O Lado Sombrio do Sítio” (Lura Editorial) traz em suas páginas contos de terror e suspense ambientados no universo de Monteiro Lobato. Além de ter atuado como um dos organizadores do
projeto, André Vianco também participa com “Pirlimpimpim”, uma história inédia e exclusiva. O espírito transgressor é o que mais atrai, tingindo o inocente imaginário infantil, rico de personagens folcóricos, de Lobato, com adornos perturbadores. Na obra, inusitadas possibilidades de situações horripilantes vêm à tona pela criatividade dos autores selecionados. As his-
“O LADO SOMBRIO DO SÍTIO” ANTOLOGIA R$ 39,90 287 PÁGS.
tórias, narradas em toada fluente, passeiam por vinganças étnicas, insanidades e jogos de tortura. Numa das histórias, “Banco Imobiliário”, de Mayara de Godoy, a boneca Emília acorda em um quarto diferente e logo percebe que terá que jogar o jogo mais difícil de sua vida. Em “Ana Benta”, de Rômulo Baron, um Pedrinho mais velho e amargurado volta ao sítio de onde teve que fugir.
Numa escrita à moda de Stephen King, a trama envolve e choca a cada linha. “Ela só tinha dez anos, brincava perto do milharal, já no escurecido fim da tarde. Ouviu um barulho e viu algo na plantação. Eram grandes olhos vermelhos, a fitavam intensamente, como faróis. Eles a seguiam, a cercavam, a buscavam”, lê-se num trecho do conto “O Lobisomem”, de Wanise Martinez. Sentiu o drama? METRO