Uma noite em 67

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quarta-feira, 28 de julho de 2010

almanaque almanaque@mtvbrasil.com.br • editada por douglas vieira

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papo sem cabeça

Nesta foto, Roberto Carlos, que defendia a música “Maria, Carnaval e Cinzas”; abaixo, Caetano Veloso, que fez história com “Alegria , Alegria”

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lucas lima/mtv

por didi

www.twitter.com/didif

Um psicopata à solta em Hollywood Mesmo em um mundo repleto de Britneys carecas, Cristianos Ronaldos überjetbronzeados e Xuxas perdendo a linha no Twitter, a recente baiana rodada por Mel Gibson ao telefone com sua exnamorada Oksana Grigorieva conseguiu fazer com que ele passasse a ser considerado por todos o maior psicopata do showbiz. Ora ameaçando botar fogo na residência caso Oksana não o satisfaça com um boquete, ora distribuindo insultos gratuitos ofegando como um cigano Igor em chamas, Mel consegue em seus happenings telefônicos (cinco já se tornaram públicos) fazer com que as palestras motivacionais de seu personagem antes das batalhas em Braveheart pareçam sensatas como um poema de Pedro Bial. Longe do mundo pós-apocalíptico de “Mad Max”, onde se sente bastante à vontade vestindo roupas de couro e explodindo carros, ele tem dificuldades em gerenciar suas escassas habilidades sociais e parece estar em plena cúpula do trovão sem nem ao menos uma Tina Turner de peruca loira para lhe ajudar. Para tentar aplacar a ira da opinião pública, chocada com tamanha misoginia e boca suja, Mel poderia alegar que confundiu sua ex-namorada com a atendente da assistência técnica da TV a cabo e partiu para a ignorância telefônica, assim como todos nós gostamos de fazer quando a imagem sai do ar bem no meio do “Project Runway”. Será este o fim de Mel Gibson? Maluco e sozinho em meio às chamas de um boquete recusado?

“Didiabólico” vai ao ar hoje, à 0h15

Os ecos de 1967

divulgação

Documentário “Uma Noite entrevista em 67” retrata momento de mudanças na música brasileira Renato Terra Na noite de 21 de outubro de 1967 foi transmitido, direto do Teatro Paramount, o III Festival de Música Popular Brasileira. No palco, disputavam o primeiro lugar artistas que rapidamente seriam transformados em ícones da música brasileira. Estavam lá Caetano Veloso, Gilberto Gil, Mutantes, Edu Lobo, entre muitos outros. Ao lado dos violões estavam guitarras. Surgia o embrião da Tropicália; Sérgio Ricardo respondia às vaias atirando o violão em pedaços na plateia. A MPB ficava com cara de rock and roll, mistura que faz eco até hoje. Esse panorama é retratado no documentário “Uma Noite em 67”, de Ricardo Calil e Renato Terra, que chega aos cinemas na próxima sexta. O filme, que levou sete anos para ficar pronto, resgata imagens históricas e traz depoimentos dos principais personagens, que falam sobre a chamada Era dos Festivais, entre 1965 e 1972. eduardo ribeiro

lançamento em festa O lançamento de “Uma Noite em 67” é celebrado na noite de hoje, em festa no Studio SP (r. Augusta, 591, tel. 3129-7040; R$ 20). No palco, a banda Cérebro Eletrônico, Tulipa Ruiz, Carlos Zimbher e Meno Del Picchia em show que apresenta o repertório do festival de 1967.

tes. Nesse festival, os quatro primeiros colocados defendiam suas próprias músicas.

Um dos diretores do longa “Uma Noite em 67”

Uma noite que mudou a MPB para sempre Porque o festival de 1967 foi tão emblemático? Ele sintetiza uma transformação na música brasileira. Foram apresentadas músicas maravilhosas, como “Domingo no Parque”, “Alegria, Alegria”, “Ponteio” e ”Roda Viva”, que são conhecidas até hoje. Qualquer um que tivesse ganhado estaria de bom tamanho. Nos festivais anteriores, poucos eram os compositores que conseguiam se consagrar como intérpre-

Houve também uma transformação nos gêneros musicais? A partir dali passa a ser aceita a interferência estrangeira na nossa música, com o uso da guitarra elétrica, os arranjos inspirados nos Beatles. Gente como Gilberto Gil, Edu Lobo, Elis Regina, Jair Rodrigues já haviam participado de uma passeata contra as guitarras. E, dois meses depois, o próprio Gil estava no festival com os Mutantes tocando guitarra. Ele, com “Domingo no Parque”, ao lado de Caetano, com “Alegria Alegria”, plantou a semente do que no ano seguinte seria chamado de Tropicalismo.


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