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O desafio de lutar contra o tempo na produção de sentido

prática. No que se refere à abordagem do problema, o estudo se construiu por meio de uma pesquisa quantitativa e qualitativa. A pesquisa quantitativa, que visa tabular as grades curriculares de cursos de jornalismo cursados por profissionais de Uberlândia, é um método que quantifica as informações coletadas mediante técnicas estatísticas.

Neste método também mapeamos o número de jornalistas em atividades nos meios de comunicação em Uberlândia e o tempo de formação. Já o método quali tativo será explorado para o entendimento e aprofundamento nos sujeitos de estudo: os recém-formados e os que já atuam há mais de 30 anos no mercado de tra balho, por meio de entrevistas em profundidade. A partir dos objetivos deste estudo é possível classificá-lo como uma pesquisa explicativa, já que ele busca proporcionar maior conhecimento e familiaridade com o problema tratado, lançando mão de recursos como o levantamento bibliográfico, sendo por isso uma pesquisa documental.

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Para a produção deste livro foram selecionados dois profissionais em cada um dos meios de comunicação supracitados, sendo que um deles com formação em até cinco anos e o outro superior ao tempo de quinze anos. As entrevistas foram realizadas em profundidade, analisando a base do currículo de formação do profissional, juntamente com as dificuldades encontradas por ele no campo do jornalismo. A memória do entrevistado se tornou fator imprescindível o valor da pesquisa para atingir a profundidade exigida pelo estudo, já que as experiências vividas pelos sujeitos são a principal fonte de informações.

Este livro está constituído de dez capítulos, sendo eles divididos em: o primeiro e o segundo sobre os profissionais da televisão, o terceiro e o quarto sobre os profissionais do rádio, o quinto e o sexto sobre os profissionais de assessoria de imprensa, o sétimo e oitavo sobre os profissionais do meio digital (web) e o nono e décimo sobre os profissionais da televisão.

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Entre a docência e concretização da perspectiva de ser jornalista. É nesse estado de conflito que Erivelton Rodrigues narra sua experiência vivida durante a entrevista realizada em uma das salas da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia. Não se trata de um sonho antigo ou de um testemunho que se refere somente ao passado. Pelo contrário: essa dimensão conflitiva se estende para o presente do sujeito, que ora se reveza em certeza sobre o caminho a ser seguido profissionalmente como jornalista, ora é deslocado somente como plano para atuar na área de ensino. O ponto central para entendermos o dito e o não-dito de Erivelton Rodrigues é que as profundezas deste dilema foram tomando corpo no decorrer do próprio processo de entrevista.

Primeiro é necessário entender qual fato ou contexto Erivelton Rodrigues releva da memória coletiva para materializar a definição de realizar o curso de jornalismo. Era adolescente, estudante de uma escola pública estadual, quando uma tragédia remeteu uma mudança na atitude do cotidiano que conduziu à redefinição de seu futuro profissional:

Há muitos anos assim, tipo, eu era criança, eu pensava em seguir pro lado de docência e tal. Mas, na adolescência, eu já enxergava a possibilidade de cursar jornalismo. Eu estudava em uma escola pública estadual. Houve uma tragédia e ai, ali com 15, acho que menos um pouco, menos, uns 14, 13 anos, eu escrevi o primeiro texto jornalístico. Era criticando uma falta de uma duplicação na BR

050. Na época morreram 11 pessoas e umas 8 eram do meu colégio. E aí, esse texto, a gente utilizou ele na escola só, num mural, a gente estava indignado com a situação, que a duplicação não saía... e alguém da escola, da direção da escola ali, fez com que esse texto de alguma forma fosse parar no jornal de Uberaba. Eu morava lá. E aí eles publicaram o texto na íntegra, tal, ali eu já vi que era por ali que eu ia seguir, que eu gostava daquilo: dos noticiários, de dar opinião sobre o que estava acontecendo, enfim... E aí foi meu primeiro texto. (ENTREVISTA, Erivelton Damião dos Rodrigues, 2016).

A publicação do primeiro texto, na íntegra, no Jornal de Uberaba adicionou ao seu processo de definição na adolescência para uma outra profissão. E ao mesmo tempo trouxe consigo uma justificativa plausível: a luta do jornalista contra a violência e o descaso público com a sociedade. Pois o texto que deveria ficar restrito ao Jornal Mural da escola, como um exercício de cidadania resultante de uma indignação de determinada escola, se transferiu para um plano maior: o da cidade. Até porque a morte dos colegas de escola e à crítica a demora na duplicação da rodovia deixa de ser um fato de preocupação específica de uma diretora de ensino para se transcender como problema social.

A dimensão profunda da produção de sentido de Erivelton não pode ser medida somente pela divulgação do texto, como se estivéssemos realizando somente análise de conteúdo. Pelo contrário: ela toma corpo no sentido produzido no cotidiano ao ponto de seu próprio eu ser levado a um estado de compreensão sobre a realidade. Os noticiários para ele deixaram de ser somente entendidos agora como ato receptivo, para ser articulado agora como possibilidade de ser sujeito emissor. Mas o que significa essa mudança de concepção teórica? Erivelton Rodrigues materializou a importância de dar opinião sobre o que acontece na realidade. Esse estado de reconhecimento de si como valor para o outro iria conduzi-lo para os dilemas que vivenciaria em tempos curtos.

E assim temos de entender o segundo elemento de análise de Erivelton: ser docente. Trata-se de um sonho que o acompanha desde criança. A frase, embora reconheça o

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sentido afirmativo do sujeito, deixa ainda um espaço para mergulharmos na experiência vivida do entrevistado e reconhecer a origem concreta desse desejo. A questão primordial nesses dois embates é que esses dois elementos fizeram parte da sua dimensão aflitiva ao ter de tomar a decisão sobre qual curso realizar n a graduação.

A sua narrativa explica que a vinda para Uberlândia, então com 19 anos, o levou primeiro a cursar filosofia. A justificativa para os dois anos neste curso estava mais na perspectiva de ser docente. E adicionado agora por outro fator: por ser um curso que estava dentro de suas possibilidades financeiras. Mas a abertura do curso de Jornalismo na Faculdade Católica de Uberlândia o levou a repensar o caminho. E, nesta redefinição, a memória precisa reformular e refazer as experiências de vida para traçar, na decisão do presente, o sentido do ato de deixar a Filosofia para in gressar no curso de Jornalismo.

Por ironia, ou qualquer outro nome que possamos estabelecer sobre determinados acontecimentos, o fato é que a abertura do curso na mesma faculdade em que estava cursando Filosofia trouxe materializado a perspectiva de realizar outro de seus desejos. E a frase de Erivelton Rodrigues percorre esse florescer do caminho: “ah, não, parece que o curso está vindo na minha direção...” (risos) e batia mais forte o coração pelo curso, ai eu fui e comecei a cursar jornalismo. Aí formei em 2011, estagiei, ai do estágio eu já fiquei na área... no estágio na TV Paranaíba, ai fiquei lá 4 anos.” (ENTREVISTA, Erivelton Damião dos Rodrigues, 2016).

Os dilemas dos sujeitos e a sua luta para se manter coerente têm outra reconfiguração depois do momento do ato da matrícula. E esse aspecto está subscrito na pergunta da entrevista que busca defrontar qual a perspectiva de realizar o curso de graduação. Poderíamos considerar que há determinado peso na perspectiva sobre o curso na mesma medida que o sujeito toma a decisão de deixar outros cursos para percorrer o matriculado? Para onde são direcionados àquelas outras potencialidades

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que interligam os sujeitos em propostas hoje consideradas díspares por ele, neste caso como a filosofia?

Quando optou por deixar a filosofia para o Jornalismo, Erivelton Rodrigues não tinha ciência do fato que iria marcá-lo para sempre no futuro: de que seria a única turma formada em jornalismo da Faculdade Católica . Ele responde que teve se defrontar com a visão romântica do ser jornalista - indício que pode ser apalpado, entre outros itens, para o sentido da justiça aplicada como instrumento de resolver a indignação pública do seu primeiro texto jornalístico, redigido aos 13 anos. Pois é preciso sempre se questionar de onde nasce esse sentimento que nos remete a perspectiva, senão em elementos que estabelecem sentido à realidade.

Então, eu pensei que ali eu ia receber pelo menos a essência da coisa, de como lidar, de como fazer, umas questões éticas. A gente tem uma visão muito rasa quando né, você só quer fazer, uma visão muito romântica. Eu pensei que a gente ia ter um direcionamento do que podia fazer, de como que ia fazer... em parte, tive, é... mas eu tive um.. no meu caso é uma questão acho que a parte do mercado geral, a gente teve um problema com o nosso curso, na época, na faculdade (ENTREVISTA, Erivelton Damião dos Rodrigues, 2016).

O anseio pela profundidade do jornalismo tinha que ser superado em esforço teórico e prático, para ao final do processo, ter elementos para considerar que o curso foi bom. Mais do que isso: de que a decisão da troca do caminho futuro está correta. A imediaticidade da faculdade trouxe consigo o pensamento da ausência de referências para se vestir e atuar no mercado. Será que a crise de ensino-aprendizagem da universidade se reflete no mercado de trabalho? A primeira reflexão crítica de Erivelton Rodrigues esteve no enfrentamento da experiência vivida sobre a crise daquele presente na Faculdade Católica. Não seria exagero aproximar a indignação dos 13 anos, agora transposta para outro espaço, como indicativo para considerar como crítica este ato de entender que a faculdade deve ser tratada com peso maior de ser do que restringi-la para uma funcionalidade da lógica de consumo.

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Não sei se reflete o mercado, na verdade a universidade que tem por aí, mas no nosso caso foi um curso problemático... então tinha uma expectativa e ela não foi atendida, assim, da forma que a gente pensou que fosse. Mas era um problema da faculdade, de investimento no curso, o curso acho que não foi visto da mesma forma que a gente via pela gestão, é, não teve o investimento que a gente esperava, mas o que não impediu que a gente lutasse pra que desse certo e viesse pro mercado depois lutar pelo nosso espaço e tal (ENTREVISTA, Erivelton Damião dos Rodrigues, 2016).

Há uma contradição aqui exposta e que está relevada ou submersa no conceito de investimento. A mera descrição do depoimento de Erivelton considera a diferença de entendimento do valor do jornalismo entre o rumo do curso e o horizonte dos jornalistas em formação. A luta tem início para ser formado e poder estar ciente de que o reconhecimento de ter se constituído como jornalista lhe será um momento de estar preparado para o mercado. Ele reconhece que a Faculdade é boa, tem cursos bons, e que o acontecido com o jornalismo foi pontual. Mas nada disso alivia o impacto que sofreu quando entrou na redação e descobriu, em outra realidade, que o conhecimento produzido na universidade era insuficiente para esse outro dia a dia.

Eu acho que apesar de tudo, apesar das dificuldades, do sofrimento que foi formar lá, é, tinham alguns professores que faziam valer a pena né? Que traziam conteúdo que valia a pena e que iam somar aqui no mercado depois. É... que a gente guarda umas coisas, alguns conselhos, né, até hoje. Mas faltou muita coisa de prática, por exemplo, é.. e que fez falta. Quando eu cheguei na redação eu falei “nossa, onde que eu to?” e eu acho até que faz falta mesmo pros que tem um laboratório bacana e que tentam ali, praticar de alguma forma. (ENTREVISTA, Erivelton Damião dos Rodrigues, 2016).

A revelação de estar em algum lugar distante do que se efetivou na academia leva, ao primeiro momento, a uma análise do percurso pessoal. Mas em seguida se direciona para um todo, em que a própria teoria é colocada em análise de ser, em sua própria natureza constitutiva, insuficiente para que o formando atinja a sua to-

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talidade. Ou, em outras palavras: a faculdade não tem estrutura para deixar o discente pronto para o mercado de trabalho.

Acho que qualquer profissional, você chega no mercado, é outra coisa, assim, é um pouco diferente ou muito diferente, você não vai, ah, chegar e achar que já tá pronto ali... Mas no meu caso, por a gente ter essas dificuldades, ai foi muito difícil, foi um choque muito grande, mas mesmo assim, a gente ainda teve um conteúdo que valeu a pena, pela luta, pela garra de alguns professores que fizeram valer a pena e que a gente carrega até hoje. (ENTREVISTA, Erivelton Damião dos Rodrigues, 2016).

A luta de Erivelton inicia em sua formação acadêmica para depois se estender no mercado tendo como sempre, como aliado, a memória coletiva. Quais são os materiais disponíveis para Erivelton no presente e que o remete ao pensar em sua formação, o choque na redação do não estar pronto para o mercado? Certamente é o que parece revelarmos: a resposta dele na entrevista veio com este refazer do passado diante do que se projeta e se aceita como ser jornalista no presente.

A primeira superação no caminho de ser jornalista veio de ordem subjetiva, mais precisamente neste momento em que o sujeito indaga a si mesmo, diante das dificuldades, qual caminho deverá seguir. Pois ao abandonar o curso de filosofia, de dois anos concluídos, para o de jornalismo, Erivelton Rodrigues se depara com a primeira grande crise. A incompatibilidade de investimento da gestão da Faculdade no curso de Jornalismo para o investimento subjetivo que o levou a mergulhar em sua nova formação. Será que este fato não o conduziu para alguma indefinição sobre se graduar em jornalismo?

Nem os problemas iniciais, muito menos as questões posteriores levaram o entrevistado a mudar o caminho definido.

Não, já tava bem seguro de que eu queria era isso mesmo. Que de um jeito ou de outro eu ia cursar jornalismo e que ia me formar em jornalismo. Inclusive a reta final, houve uma debandada pra Unitri (Centro Universitário do Triângulo), é... tentei ir pra lá também junto com alguns amigos mas ai já tinha acabado

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o prazo. A gente acabou ficando ali mesmo e formando ali. A gente é a única turma de jornalismo da Católica, que formou lá, porque existiam umas três ou quatro turmas mas elas foram lá pra Unitri e a gente ficou, resistiu e ficou. Ai logo o curso foi rifado lá da grade, não sei o que que fizeram, sei que não abriu mais turmas. (ENTREVISTA, Erivelton Damião dos Rodrigues, 2016).

A segurança subjetiva de optar pelo curso de Jornalismo não evita a crítica de denunciar que o curso foi rifado da grade. Qual o sentimento em que mergulha o sujeito quando se depara com a descontinuidade histórica na instituição da qual investe seu tempo de vida? A pergunta parece adequada para entendermos esse fato particular: havia outras turmas, mas que foram transferidas para outra universidade. Do grupo que ficou, em que estava Erivelton Rodrigues, pode ser denominado como ato de resistência. Mas cuja historicidade se fragmenta ao ponto de estilhaçar em uma pequena narrativa, cuja angústia remeteria a desistoricizar o fato e considerá-lo como acidente de percurso a criação do curso de jornalismo em uma Faculdade tradicional.

É provável que este seja o dilema vivenciado por Erivelton durante a sua narrativa, em que a memória de formação teórica e prática na Faculdade Católica parece se confundir com a memória de atuação no mercado de trabalho. Essa identificação é complexa, porque a temporalidade da distância desses dois momentos para o presente da entrevista é de curto período de cinco anos. Ao considerarmos essas questões como complexas de se tornarem autônomas em cada período, torna-se sintomático reconhecer os dois fatores importantes que Erivelton recorre para analisar a sua formação teórica.

O primeiro fator importante é a ética. De qual conceito de ética se apresenta na concepção do entrevistado? Erivelton Rodrigues apresenta como fatores desta discussão de ética a definição e as possibilidades da atuação do jornalista em cada área.

Questão de se ouvir todos os lados, da forma de apurar, até onde que você podia ir pra conseguir uma notícia, as delimitações mesmo. Questão de o entre-

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vistado saber ou não de todo processo ali que você tá fazendo, até onde valia a pena você omitir uma parte de um processo de uma reportagem ali pro entrevistado, se é em nome de um bem maior você podia omitir alguma coisa, ou não. E parte disso a gente vê hoje nesses desdobramentos políticos que tá tendo aí, a gente questiona por exemplo questão de gravação de ligação de ah vaza isso, vaza aquilo, quando que você pode fazer uso desse tipo de ferramenta, por exemplo, sem que outra pessoa saiba ou autorize, enfim, esses detalhes mesmo. (ENTREVISTA, Erivelton Damião dos Rodrigues, 2016).

Poderíamos problematizar aqui neste espaço se os detalhes narrados por Erivelton Rodrigues configuram sob qual conceito de ética: até onde um jornalista poderá ir para que obtenha a notícia? Será plausível que a defesa da notícia se estabeleça como ponto nodal o anonimato das suas fontes? O entrevistado tem o direito de saber toda a extensão do que se apura como notícia, já que o ponto de referência para a responsabilidade de atuação do jornalista seja sempre o bem comum? As perguntas aqui poderiam ser encadeadas de forma natural, mas é importante recontextualizá-las neste momento: de que forma essas questões perpassam a produção de sentido do entrevistado ao sabermos que naquele momento passava existencialmente por um debate ético?

E novamente o embate se faz aqui sobre sua formação. Mais precisamente, o entrevistado revela a frustração acadêmica.

Da forma que foi, sim. Eu não me arrependo de ter me formado em jornalis mo, de ter feito esse curso, mas pela forma que foi sim. E acho que qualquer um que você for perguntar da minha turma, da única turma que formou lá vai dizer isso também. (ENTREVISTA, Erivelton Damião dos Rodrigues, 2016).

Há aqui um sentimento de frustração que evoca o coletivo e ao mesmo tempo ampara uma discussão ética. Essa discussão, materializada como critica do entrevistado, se estende para outro horizonte de área quando precisa explicar, pelo cotidiano, os problemas de ética na sociedade.

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E parte disso a gente vê hoje nesses desdobramentos políticos que tá tendo aí, a gente questiona por exemplo questão de gravação de ligação de ah vaza isso, vaza aquilo, quando que você pode fazer uso desse tipo de ferramenta, por exemplo, sem que outra pessoa saiba ou autorize, enfim, esses detalhes mesmo. (ENTREVISTA, Erivelton Damião dos Rodrigues, 2016).

Antes de prosseguirmos para o segundo fator, é importante considerar um comentário pequeno, mas que traz toda a simbologia do que representa a memória de formação de Erivelton Rodrigues. Pois no momento em que fazia afirmativa sobre a Faculdade, ele aponta para a possibilidade de que determinados fatos narrados podem ter sido originados em espaços diferentes do qual está atribuindo denominação.

Então isso eu guardo, algumas coisas você guarda mas é... eu tenho um certo receio de a partir de um certo momento ser... pensando que você tem uma memória que ela te traz quando na verdade é algo que você passou a praticar e conhecer, que depois que tá no mercado, disso eu tenho um certo receio. (ENTREVISTA, Erivelton Damião dos Rodrigues, 2016).

Esse problema é importante porque estamos diante de dois quadros diferentes que já localizamos na discussão ética. O primeiro é a frustração do sujeito com a instituição por não atribuir o valor merecido ao investimento ao curso. Essa frustração remete a uma produção de sentido de crítica, em que a memória de Erivelton Rodrigues seleciona somente um pequeno grupo de professores que corroboram para o significado profissional dos que se tornaram resistentes.

Por outro lado, a crítica para a marginalização sofrida pelo jornalista, não pode afetar a produção de sentido do sujeito cuja certeza aponta para essa afirmativa profissional. E Erivelton Rodrigues neste embate optou em definir o caminho de reafirmação do seu caminho, cujo sentido esteve revelado quando enfim entrou no mercado de trabalho. A dúvida então do entrevistado se configura dentro deste quadro: será que estou atribuindo valor da experiência de atuar no mercado para a universidade diante dessas respostas? Até onde o refazer da memória, sendo coerente

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com sua experiência vivida, pode definir e separar os sentidos do significado que traz no presente sobre o que é ser jornalista?

Por meio das respostas podemos identificar o segundo fator importante da memória teórica do entrevistado cujo referente é o textual. Nas duas questões em que a resposta era sobre a memória de formação teórica, o elemento citado pelo entrevistado demarcou a produção de texto como ponto nodal para se chegar ao conhecimento. O elemento de origem para atribuir importância ao texto, se buscarmos no dito da memória de Erivelton Rodrigues, nasce da publicação do seu primeiro texto que do Jornal Mural da Escola foi publicizada no Jornal da Cidade. Talvez por considerar esse fator como principal característica em que materializou a perspectiva de ser jornalista, o entrevistado não só rememora como foi esse aprendizado na Faculdade diante da exigência que sofreu no mercado de trabalho.

A pergunta era: as disciplinas práticas contribuíram para a sua formação como jornalista? Erivelton Rodrigues é enfático:

Pouco. Contribuíram pouco. Porque foram pouquíssimas aulas, pra se ter uma ideia, a gente fez, cada um, cada aluno fez uma matéria, agora quando que você vai pensar que você fazer uma matéria, por exemplo, usando aqui como modelo a TV, você vai estar preparado pra fazer centenas, milhares, depois que você for pro mercado. Ai eu te repasso a pergunta: é suficiente? Eu acho que não. Então contribuiu pouco. Fui aprender a fazer e mesmo assim estou num processo de aprendizado que acho que é contínuo, né? Mas no mercado. (ENTREVISTA, Erivelton Rodrigues, 2016).

A frase exposta na resposta de Erivelton Rodrigues nos obriga a revisitar suas primeiras declarações quando indagado da perspectiva de cursar jornalismo. Entre outros trechos, consta dele ter pensado que na Faculdade iria receber pelo menos a essência da coisa, de como lidar, de como fazer, umas questões éticas. Da ética já tratamos anteriormente. O problema aqui está nesse “como fazer” do ponto de vista prático, que aqui ganhou corpo no texto. E o relato desvela esse sentimento de frus-

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tração: fazer somente uma matéria na disciplina de Telejornalismo, justamente para quem está vivenciando a realidade da TV.

É sintomático a pergunta que o entrevistado leva como crítica ao entrevistador: “Aí eu te repasso a pergunta: é suficiente?”. O que significa esse ato de deslocar ao outro o problema da história vivida? Este é o momento em que a entrevista deixa de ser o encadeamento de resposta para se configurar como testemunho. O entrevistador, neste complexo dialético diálogo, passa a ser a escuta do qual irá edificar o sentimento de angústia vivenciado pelo entrevistado para o social. De certa forma, há uma analogia da realidade que se pode arriscar em estabelecer neste momento: no passado, a direção da escola do Ensino Médio passou do jornal Mural para o jornal da cidade; no presente, o depoimento sobre as dificuldades de sua formação deverão ser levadas por este pesquisador da limitação da cidade de Uberlândia para o conhecimento nacional.

Foi um semestre de telejornalismo e no decorrer deste semestre, entre as atividades que existiam ali, a gente elaborou um jornal, e ai dentro desse jornal cada aluno fazia uma reportagem. Pro mercado é pouco, pra você encarar o mercado é pouco. (ENTREVISTA, Erivelton Damião dos Rodrigues, 2016).

O outro sentido do “suficiente” está amparado já pela problema da experiência vivida do entrevistado no mercado de trabalho. Pois o numeral singular, uma matéria da formação teórica, está confrontada com as centenas que teve de fazer no mercado de trabalho. A conclusão desse enfrentamento é que a faculdade não o deixou preparado para atuar no mercado de trabalho. O como fazer, o aprendizado sobre como construir o texto está sendo realizado somente agora no mercado de trabalho.

Quando teve de encarar o mercado de trabalho, atuando na área de TV, Erivelton Rodrigues se deparou diretamente com outro fator que não teve de lidar na aprendizagem da Faculdade: a luta contra o tempo. Podemos qualificar o testemunho de centenas de matérias dentro desta tônica. De uma matéria para o semestre,

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para várias matérias durante o dia. E assim a questão do texto passou a ser problematizada neste novo horizonte demarcado pela concepção de jornalismo.

A primeira parte do depoimento do entrevistado se refere ao choque ainda da correção de texto no mercado de trabalho:

Então, começa que você chega e aí você percebe que tem tudo pra melhorar com relação ao próprio texto. Embora você tenha considerado que talvez a parte textual tenha sido a melhor que você conseguiu captar lá na sala de aula (risos). Em alguns casos chega lá e você percebe que você precisa melhorar muito seu texto e isso é algo que você vai trabalhando diariamente. Senão, não haveria necessidade de um editor de texto, então todo dia que você chega com um material, o editor vai lá e fala “ó, não acho que você podia ter feito assim, podia ter dito isso, acho que você podia ter sido mais claro aqui, mais direto ali” enfim, texto mais curto, enfim, toda hora te passando esse tipo de orientação, mas isso foi mais na frente quando eu comecei a fazer texto pra TV. (ENTREVISTA, Erivelton Rodrigues, 2016).

Eis aqui o sentido de estar sendo formado pelo mercado de trabalho. Embora tenha considerado e estabelecido prioridade sobre a questão textual na Faculdade, Erivelton Rodrigues se defronta com o seu próprio limite. Esse é o fator contido em sua frase que remete ao perceber que tem tudo para melhorar. A percepção do entrevistado está diretamente vinculada a outro ato perceptivo: as correções diárias realizada pelo editor de texto. Qual o sentido de manter um funcionário como editor de texto em uma redação de TV? É então pelo retorno do editor que as matérias vão ganhando o sentido de ser publicável. Esse é o aprendizado manifesto de Erivelton Rodrigues sobre o mercado de trabalho.

O problema que se encaminha na experiência vivida de Erivelton Rodrigues é como unir a ética com o aprendizado da produção de texto diante da luta contra o tempo. Talvez seja por isso que ele relate que se trata de seu maior desafio:

Quando eu entrei na produção, o maior desafio foi a questão de lutar contra o tempo. Parece que jornalista luta contra o tempo. Você ali no meio de uma redação, ao vivo e você tendo que... nesse trabalho por exemplo de querer ouvir

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todos os lados. Então o repórter fez uma matéria X denunciando tal coisa e sai atrás do outro lado e nem sempre esse outro lado te respondia no tempo que você queria e ia sendo aquela batalha, ao mesmo tempo você marcando matérias, falando com todas as fontes que você precisava falar no teu dia-a-dia, tendo as ideias pra vivos e pra reportagens. Então essa luta pelo tempo já te causa um impacto logo no começo. Porque faculdade pode ter ali uma certo acesso a prática mas num tempo muito bem programado. É muito, sabe “ah, não deu hoje a gente faz amanhã”. Lá não meu filho, você tem um jornal pra colocar no ar e você tem que correr. (ENTREVISTA, Erivelton Rodrigues, 2016).

Ah, essa luta contra o tempo! Uma verdadeira batalha a ser enfrentada todos os dias. O tempo programado da Faculdade se esvai, evapora, e o presente demarca um tempo sólido. O hoje, a presentificação do trabalho exige outra compreensão da realidade. Quando a dificuldade de realizar a matéria na edição do hoje poderia ser deslocado para o amanhã, como na Faculdade, era possível dominar o tempo nesta longitude temporal. Mas agora, é necessário realizar outro dimensionamento. Há outro problema adicional: Erivelton Rodrigues descobre que não se trata de um movimento restrito ao subjetivo, ao eu, para dominar o tempo. Mas há o tempo dos entrevistados; o tempo de resposta das fontes; o tempo das ideias para as pautas; o tempo de entrega da produção para ir ao ar.

E nesse círculo de aprendizado de lutar contra o tempo, é preciso interrogar aqui qual qualificadora se pode apontar para o tempo do público, do telespectador. Será que há um tempo em que se pensa no público em meio a todo esse processo de luta? Eis o novo dilema. Erivelton Rodrigues reformula a concepção de jornalismo diante do tempo e se esvai então com a visão romântica nascida da adolescência. A pergunta, levada ao entrevistado, é direcionada especificamente para o mercado de trabalho: a imagem que você tinha do mercado de trabalho quando era estudante de graduação alterou depois que você entrou na TV?

A resposta é exteriorizada por dois sentidos. O primeiro é necessário percorrer os dilemas de formação e constatar que é possível identificar nas discussões postas pelo

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entrevistado. Para quem escreve o jornalista: para sua satisfação pessoal, para a empresa ou para o público? A resposta parece ser materializada na figura do editor de texto. E então uma das perspectivas que conduziu Erivelton Rodrigues ao jornalismo é colocada em debate em seu íntimo ao ponto de identificá-lo com frustração:

Sim, mudou. Eu acho que acontece com a maioria, primeiro sob o aspecto ideológico mesmo, que você entende que você está trabalhando pra alguém, que aquela empresa tem ali, sua ideologia, política ou não. E ali você vai atendê-los em parte. Se achar que não tá bom pra você, que você não consegue, ai você tem que puxar o barco. Então essa ideia romântica você já quebra um pouco na hora que chega no mercado. Você vai fazer jornalismo e acha que nossa eu vou mudar o mundo, fazer não sei o que, ah, não sei que. Você pode até dentro desses limites que o próprio mercado impõe, você tentar trabalhar pra mudar a vida das pessoas. E aí você não deixa de tudo aquela essência que era tentar mudar alguma coisa ou pelo menos mudar a vida de alguém, né? Mas que você vai ter a liberdade pra isso sempre, você não vai ter. A cima de você tem muita gente pra decidir o que que vai ou não ao ar e aí, não que isso seja um erro ou um acerto, mas é a realidade e a gente tem que trabalhar com ela. Então houve frustração sim. (ENTREVISTA, Erivelton Rodrigues, 2016).

A realidade do mercado conduz o recém-formado à frustração ao ter de enfrentar no cotidiano a posição ideológica da empresa. Finda a visão romântica é hora de se perguntar: fazer jornalismo possibilita mudar a vida das pessoas? Erivelton Rodrigues revela que esse sentimento de mudar o mundo vai sendo delimitado até o ponto de conseguir entender que está sob um conflito de determinação hegemônica. O que significa que é preciso considerar que não se é livre para fazer o que quiser no mercado de trabalho. Mas que, por outro lado, não há um determinismo hierárquico que o remeta somente a reproduzir a lógica ideológica da empresa. O mais importante é não perder “a essência” que conduz o jornalismo para mudar as pessoas.

Essa nova realidade, da luta contra o tempo, não alivia em qualquer momento. Entrar em uma redação é instigante porque você desconhece o que irá encontrar no seu dia de trabalho. Essa imprecisão traz também como decorrência esse sentimen-

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to de luta diária. E o sujeito nutre em si mesmo um sentimento contraditório: para se firmar profissionalmente, seu mergulho no cotidiano o leva a investir e com isso a gostar do tempo; por outro lado, esse tempo que se estabelece o prazer não é o mesmo tempo controlado pelo outro. A imprevisibilidade não está somente nos fatos, mas mesmo na enumeração das vitórias que se conseguirá para que o cotidiano não passe a ser transfigurado em rotina. Às vezes você pensa que é uma coisa mais calma, mais tranquila. E aí você chega naquele ambiente de tensão, que você aprende a gostar com o tempo e a lidar com ele com o tempo, mas você chega naquele ambiente que eu te falei, você lutar contra o tempo é muito difícil e quase sempre a gente perde, né (risos). Então é muito difícil, então mudou muito também sob esse aspecto. (ENTREVISTA, Erivelton Rodrigues, 2016).

O riso seguido da confissão, “quase sempre a gente perde”, revela o quadro de memória de tensão e conflito em que o entrevistado dimensiona sua historicidade. A questão agora é interrogar se nesta concepção, em que a empresa muito mais de fine o texto e o subjetivo quase sempre se perde, será que o jornalista não perde a defesa da causa social enquanto mergulha nesta luta contra o tempo? Para qual público escreve o jornalista? A afirmativa vem com o estado condicional já revelado aqui por Erivelton Rodrigues:

Eu acho que você... que a gente consegue ter uma certa visão de pra quem a gente está escrevendo. Tem uma certa autonomia, de que forma vai escrever pra esse público, mas sabendo que vai passar por alguém que vai avaliar aquilo. Aí a decisão de ir ao ar, daquela forma ou não, é uma outra questão, mas é que a gente tem essa consciência de pra quem a gente está escrevendo. A gente tem e o que a gente quer colocar naquele texto, mesmo que tenha uma direção ou outra ali já pré estabelecido. A questão do tempo influencia nesse resultado final também, apesar da gente ter essa consciência nem sempre a gente consegue fazer exatamente da forma que você gostaria de fazer, com todos os detalhes, de contar aquela história que você queria, por conta do tempo as vezes você não consegue. (ENTREVISTA, Erivelton Damião dos Rodrigues, 2016).

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A consciência de que o trabalho jornalístico é dedicado para mudar a realidade do social, mas não se tem essa autonomia. A atuação está definida pela determinação hegemônica. E atrelado ao caráter ideológico da empresa, há o fator tempo. Para que o jornalista consiga vencer é preciso atuar com ética, ouvir todas as par tes, produzir um ótimo texto que contribua para a crítica da realidade social dentro do espaço ideológico e ter tempo de experiência vivida suficiente para que consiga atingir a profundidade. Essa é a consciência que demarca o desafio da profissão.

Torna-se aqui importante passar ao questionamento que demarca esse debate: o trabalho do jornalista pode ser considerado como histórico? Erivelton Rodrigues afirma que sim. O primeiro aspecto é entender quais elementos ele traz como justi ficativa para responder esse dilema:

Ainda seguindo aquela ideia de que denunciando as coisas, trazendo algumas coisas pra discussão, você consegue mudar muita coisa, trazer coisas novas... seja em qualquer área, na saúde, na política e isso faz parte da história, né? Fica tudo registrado e acho que o jornalista tem um papel importante nisso, e eu vejo esse papel como parte da história. Cada coisinha que você consegue mudar, seja numa discussão micro ali ou macro, faz parte da história gente. O que as pessoas tão vivendo é o que vai ficar. (ENTREVISTA, Erivelton Damião dos Rodrigues, 2016).

Esse trazer algumas coisas para discussão está diretamente vinculado ao anseio trazido da adolescência ao ressignificar o sentido da matéria publicada do Jornal Mural e no Jornal da Cidade. No entanto, a complexidade da fala reside da passagem da afirmativa do sujeito jornalista que denuncia para o sentido “tudo fica registrado”, como se estivéssemos recaindo no tema do suporte tecnológico em vez da pessoa. O questionamento sobre esse dilema segue porque não se trata de responder a pergunta de forma genérica, mas a partir do contexto narrado pelo sujeito entrevistado. E então o questionamento se efetiva: e você acha que na velocidade com que são produzidas

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as informações, como você nos narrou, será que o jornalista quando está produzindo a matéria, ele tem consciência de que está fazendo história?

Eu acho que nem sempre. Vez ou outra, num assunto mais relevante, talvez, mas essas pautas cotidianas, eu acho que talvez passe batido, você tá preocupado em chegar ali, entregar o produto e pronto. (ENTREVISTA, Erivelton Damião dos Rodrigues, 2016).

É provável que as pautas cotidianas passem batido. Ou seja: que se produza jornalismo com ausência da consciência de que se faz história. E desta forma sobrevêm o diálogo entrecortado por duas respostas que parecem díspares. A afirmativa anterior de que acredita que o jornalismo é histórico. E depois, que nem sempre está consciente que se faz história pois está preocupado em entregar o produto e pronto. Como é possível afirmar que o jornalismo é histórico se o jornalista que produz o jornalismo, não tem consciência de que ele está fazendo história? A história é o registro do tempo ou é o processo de construção textual no momento em que se escreve?

Ai é que tá, é... talvez por essa questão de eu falar de... de não haver é... um... deixa eu ver como que eu vou explicar... das coisas ocorrerem de maneira parcial, em alguns momentos a gente tem consciência de que faz história, em outros não. Às vezes na correria do dia a dia, em algumas coisas a gente deixa passar batido, em outras não, a gente tem consciência de que tá fazendo história, por exemplo, num processo eleitoral que chama mais atenção, você sabe que você tá... da responsabilidade sua ali num debate, numa matéria. Assuntos políticos, por exemplo, sempre, por exemplo, chamam atenção nessa parte, nesse tipo de responsabilidade do que que você vai cativar ali, e às vezes alguma outra pautinha cotidiana por conta da correria pode ser que passe batido, e ai como eu disse: pode ser, que passa batido (risos). Então acho que como não tem um 8 e nem um 80, por isso, é possível fazer história dessa forma. (ENTREVISTA, Erivelton Rodrigues, 2016).

A resposta não estava sendo elaborada para se recair num maniqueísmo, em que a tônica poderia ser materializada ou oito ou oitenta. Mas no caminho dialético em que o sujeito entrevistado percorreu até este momento. O problema que se efetiva é

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