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Justificativa
INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO JUSTIFICATIVA JUSTIFICATIVA METODOLOGIA METODOLOGIA
Introdução
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Este livro é resultado da pesquisa realizada no período de dois anos e tem por objetivo identificar as implicações da cultura na construção de identidades do jornalista a partir de dois aspectos fundantes: a memória da formação teórica, seja educação formal seja informal, e a experiência vivida na atividade profissional no cotidiano de Uberlândia (MG). A proposta é identificar os conflitos vivenciados por esses profissionais no mercado de trabalho em um contexto em que a cultura como política passa a definir o contexto de pós-modernidade. Este livro-reportagem é resultado desse processo de entrevistas realizadas na pesquisa e tem como foco analisar a temática para entender as relações e os contra pontos possíveis entre o processo de formação dos recém-profissionais (últimos cinco anos) e profissionais formados há mais de 30 anos (com ênfase em sua for mação prática e teórica).
O objetivo geral é registrar as reflexões produzidas pelos entrevistados e estabelecer um sentido que responda às problemáticas de partida da pesquisa, observar o cotidiano como espaço e tempo de produção de sentido, a forma com que os profissionais lidam com os desafios da atividade jornalística, desde suas possíveis dificuldades até seus possíveis êxitos. Esses fatores serão correlacionados ao contexto sócio-histórico que compreende: o processo de formação dos respectivos entrevistados, o panorama da formação jornalística no Brasil a partir da discussão e im-
plantação das novas diretrizes e as tendências observadas nessa área do conhecimento no que se refere ao seu ensino nas universidades.
A partir das definições da pesquisa este livro tem por objetivos específicos: • Contribuir para a reflexão teórica e profissional sobre as implicações da formação jornalística; • Analisar a relação que se estabelece de hierarquização do ensino técnico em detrimento ao teórico (ou vice-versa); • Investigar como as reformas dos currículos definem uma identidade dos cursos de Jornalismo no Brasil; • Utilizar a memória como proposta teórica-metodológica para a narrativa da micro-história do jornalismo em Uberlândia; • Produzir um livro-reportagem com narrativa dos sujeitos jornalistas para contribuir com a discussão social.
Justificativa
importância deste livro está definida pelo contexto histórico: vivenciamos um período em que as políticas públicas e a sociedade defendem o incentivo ao ensino técnico, voltado especialmente à capacitação pro-A fissional dos estudantes de jornalismo para que estejam atualizados no mercado de trabalho a partir das inovações das tecnologias. A investigação presente neste livro segue no contraponto teórico do que se vislumbra como pós-modernidade: a cultura enquanto manifestação política exige, de forma intensa desde a década de 60 do século XX, uma mudança de significado e, porque não considerar, uma formação universitária plural e teórica para entender a produção de sentido no cotidiano do popular.
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Esse embate se estabelece ora impondo o pragmatismo na formação técnica do estudante, ora exigindo do profissional atualizado um arcabouço teórico para o exercício do ser jornalista como responsabilidade social. Este livro se propõe a ser um importante exercício teórico-metodológico para avaliar as consequências trazidas pela priorização ou abdicação deste modelo educacional na construção da identidade do sujeito jornalista e nas tensões durante o exercício profissional cujo propósito é representante o plural.
A área do jornalismo é um tênue campo de confronto entre essas duas frentes. Há quem defenda que o curso deva sair do interior da formação denominada “Comunicação Social” porque se perde em temáticas de outras áreas das quais a generalização só compromete com a formação prática do jornalista. Há quem defenda o contrário: o aprendizado técnico pode ser feito durante o exercício da redação, mas a base conceitual que remete ao jornalista como intelectual deve ser construído na academia. Este debate, muitas vezes, acontece de forma superficial e desconsidera todo o macroambiente do jornalismo.
Qual é realmente a realidade enfrentada pelos estudantes formados ao entrarem no mercado de trabalho? Em que momento a universidade ao reduzir a formação acadêmica à atualização tecnológica não compromete a própria construção social de identidade do jornalista enquanto responsabilidade pública? Em que momento a recusa ao outro extremo, de incentivar somente o conceitual, leva o recém-profissional a ser marginalizado pelo discurso do progresso irreversível? Quais são realmente as tensões e conflitos vivenciados pelos jornalistas e inscritos na memória diante dessas duas esferas de valores que passam a ser exigidos no contexto de pósmodernidade? Esta discussão, portanto, não coloca em questão apenas uma nomenclatura, mas uma gama de conceitos, vivências, ideias e teorias.
As discussões sobre a presença de componentes práticos e teóricos nos cursos de jornalismo não são recentes. O ensino de jornalismo tem passado por transfor-
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