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Estratégias para o Ensino da Fotografia
from Ponto Zero da Fotografia, Caderno com 101 atividades para o ensino da fotografia
by Marcelo Reis
fotográficas, entretanto, não se esgotam em si mesmas, pelo contrário, elas são apenas o ponto de partida, a pista para tentarmos desvendar o passado. Elas nos mostram um fragmento selecionado da aparência das coisas, das pessoas, dos fatos, tal como foram congelados num dado momento de sua existência [...]”. (p. 21)
Foi da possibilidade de pensar os benefícios do uso da fotografia junto ao campo multidisciplinar, que atuou como local de retenção e difusão do conhecimento que se sustentou os métodos utilizados nesta pesquisa, se para (souza 2018):
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“[...] O uso de fotografias em sala de aula constitui uma das mais instigantes experiências reflexivas hoje utilizadas. No entanto, o uso dessas imagens passa muitas vezes despercebido no cotidiano escolar, configurando um aspecto meramente decorativo ou reforçador daquilo que já foi ensinado durante uma aula. No entanto, haveria uma maneira de se deslocar essa função secundária destinada às fotos? [...]” (sousa, 2018),
Era natural que o caminho hoje percorrido fosse alimentado de certeza e incertezas, dos resultados obtidos por essa investigação, o que com corpo de Estratégias de ensino se faz chegar as mãos de outros professores interessados em ampliar seu campo de atuação nas artes, tirando a disciplina como coadjuvante das atividades escolares.
Estratégias para o Ensino da Fotografia
Em um mundo cada vez mais dominado pelas imagens, no qual segundo Barbosa (2014, p. 36), existe “[...] uma pesquisa na França mostrando que 82% de nossa aprendizagem informal se faz através da imagem a 55% desta aprendizagem é feita inconscientemente[...]”, neste sentido é imperativo o manuseio da fotografia por parte dos professores de artes para implementar atividades que potencialize o pensamento e o olhar de seus alunos através de atividades práti-
cas onde o fazer se determina proposta de eficiência dentro da sala de aula, ainda de acordo a Barbosa, (2014) essa prática é substituído para a aprendizagem da arte e para o desenvolvimento do pensamento/linguagem presentacional, que forma diferentes do pensamento/linguagem teoricamente aplicada, que caracteriza as áreas nas quais domina o discursos verbal, e também diferente do pensamento acadêmico cientifico presidido pela lógica. Compartilhando deste mesmo pensamento Flusser (2018, p. 17) vai dizer que o:
“[...]caráter magico das imagens é essencial para a compreensão das suas mensagens. Imagens são códigos que traduzem eventos em situações, processos em cenas. Não que as imagens eternizam eventos; elas substituem eventos por cenas. E tal poder mágico, inerente à estruturação plana da imagem, domina a dialética interna da imagem, própria a toda mediação, e nela se manifesta de forma incomparável [...].”
Não obstante, Sontag (2004, p. 41) vai dizer que: “[...] fotografar é atribuir importância. Provavelmente não existe tema que não possa ser embelezado, além disso, não há com suprimir a tendência, inerente a todas as fotos, de conferir valor a seus temas [...]”. Esta pesquisa foi substanciada pela colaboração de nove professoras, a partir de respostas de um longo questionário apresentado como aqui como apêndice, desta nove, com base nos dados analisados no formulário, cinco colaboraram com maior intensidade, na medida que cada uma delas, participaram de uma segunda etapa desta pesquisa, com a realização de uma entrevista remota.
Ao terem concluído a graduação na Licenciatura em Artes Visuais, (uneb), durante o curso desta pesquisa, essas professoras partiram de um novo ponto zero em suas carreiras, agora pelas Artes Visuais e por que não dizer, partiram de um novo ponto zero da fotografia.
Ao longo de suas vidas, já como professoras da rede municipal suas relações com a disciplina de artes, de acordo ao relato pela Professora Begônia , no tocante a decisão da Gestão de suas unidades escolares, para selecionarem professores para atuação na disciplina de artes, essa se dava por alguma predisposição
com quaisquer atividades lúdicas que eventualmente os professores desempenhasse, ou por terem qualquer afinidade com o fazer artístico. Neste contexto, a disciplina foi utilizada, por vezes para organizar eventos calendarizados da escola, datas comemorativas. Desde então, graças a nova visão sobre a arte-educação, adquirida na Licenciatura, e qual o papel da professora e da disciplina de Artes, a realidade destas professoras, aqui participantes desta pesquisa, para com seus estudantes bem como para a gestão, se modificou e em muito.
As experiências decorrentes do período da graduação entre diversas atividades pedagógica com vista ao desenvolvimento de estratégias para o ensino das artes, capacitou essas professoras para questões contemporâneas das artes, a partir de seu desenvolvimento durante a graduação. Neste contexto, as professoras passam a uma nova interpretação do ensino da arte, segundo Barbosa (2014, p. 33) descreve como:
“[...] o que a arte/educação contemporânea pretende é formar o conhecedor, fruidor, decodificador da obra de arte, uma sociedade só é artisticamente desenvolvida quando ao lado de uma produção artística de alta qualidade há também uma alta capacidade de entendimento desta produção pelo público [...].”
Neste cenário, as estratégias pensadas como ferramenta de despertar e potencializar os sentidos, e conseguintemente o olhar dos envolvidos em atividades desenvolvida por professores de arte, se darão com maiores resultados a partir da relação ampliada com o cotidiano seja ele escolar ou doméstico, isso considera-se também, o percurso entre a residência do estudante e sua escola, é nesta perspectiva é que Novais (1988, p.15) contextualiza: “[...]os sentidos são os mensageiros do conhecimentos [...]”, ele reafirma a possibilidade da disciplina de arte como uma janela para que alunos tenham novos olhares e desejos de todas as demais atividades escolares.
A proposta parte inicialmente do conceito trazido da fenomenologia, ao propor uma metodologia de como constituir relações com o cotidiano, a perspectiva de se pensar a experiência como metodologia presentes das atividades de sala de aula, como proposta de relação com os objetos, neste sentido Barbosa
(2014) reforça que o “[...] conhecimento em artes se dá na interseção da experiência, da decodificação e da informação [...]”, ainda neste argumento, Fischer (1966, p.115) descreve sobre o fato de que:
“[...] uma rosa é uma rosa é uma rosa, como se fosse um monótono encantamento mágico, a intenção é precisamente a de nos persuadir de ficar de fora de qualquer forma de realidade social; é a intenção de dissolver toda as conexões e concentrar a atenção em um objeto isolado, magicamente transformado em `coisa-em-si´”.
O que Fischer (1966) propõe é experiência singular, é o exercício fenomenológico posto em prática, na medida em que é realizado como atividades no campo da fotografia ganhando importante reverberação. Essa observação do mundo comum, gera possibilidade de os alunos visitarem seus lugares comuns, com isso surgindo novos interesse pelo espaço de circulação diária.
Partindo deste pressuposto, professora Girassol, desenvolveu atividade de observação onde os alunos realizaram a partir das janelas de suas casas, uma vez que confinados a possibilidade de saírem para as ruas e desenvolverem outros tipos de atividades, mas não mais potente, seria expor ao risco seus alunos, a mensagem descreveu a atividade a ser realizada como deve de casa:
“[...] Durante esses dias tenho pensado muito em como fazer para ajudar vocês através da arte, pois com arte a vida se torna maia leve. Sei o quanto deve estar sendo difícil para vocês terem que ficar em casa sem ter muito com que ocupar o tempo, mas podemos usar o nosso olhar para observar coisas ao nosso redor que antes nem percebíamos. Vamos treinar o nosso olhar para o que tem ao nosso redor? Hoje estou começando a série: O olhar dos alunos do Colégio André Prieto através da fotografia da janela ou do quintal de suas casas. Saudades de todos vocês. [...]”.
Com essa atividade, enviada via para seus alunos via aplicativo WhatsApp, que se tornou um dos meios utilizados pelas professoras durante a pandemia
para dar conta das aulas remotas, a professora Girassol, (informação verbal), lançou um desafio de observação das coisas presentes em seus cotidianos, a mensagem dizia aos alunos que: “[...] Daí da sua casa com a câmera de seu celular registrar uma foto e enviar para mim. Envie no pv para não sobrecarregar o grupo. Depois eu posto nos meus status para que todos possam contemplar a sua fotografia [...]”.
A fotografia da aluna Júlia Castro, (foto abaixo) é parte dos resultados obtidas pela professora Girassol, a partir da atividade proposta a seus alunos. Na qual é possível perceber, através do registro, o encantamento da aluna pela vista noturna de sua comunidade iluminada por uma lua minguante. Neste contexto Flusser (2018, p.17) afirma que as:
“[...] imagens são mediações entre homem e mundo. O homem “existe”, isto é, o mundo não lhe é acessível imediatamente. Imagem têm o propósito de representar o mundo. Mas, ao fazê-lo, entrepõem-se entre mundo e homem. Seu proposito é serem mapas do mundo, mas passam a ser biombos. [...]”.
Na atividade, O olhar dos alunos, foi possível observar a relação com três importantes aspectos que envolve a produção no campo das Artes Visuais a partir de uma Abordagem Triangular, Barbosa (1991), que consiste na construção de atividades que considere aspectos tanto do cotidiano dos estudantes envolvidos, como de suas realidades, tanto social quanto cultural. A Abordagem Triangular, Barbosa (1991) consiste em alinhar paramentos não hierarquizados onde o educador vai desenvolver atividades que possibilite uma plena Contextualização de seu mundo ou mesmo dos aspectos ou subsídios utilizados na sala de aula. No campo da fotografia, a contextualização poderá apresentar possibilidades de relação com o cotidiano do estudante, fazendo ele perceber o quanto é valido um olhar para cenas próximas de sua realidade, sem que necessariamente ele tenha que se dispor de um deslocamento para a realização de uma atividade neste perfil.
A segunda esfera da at consiste em oferecer ao estudante a possibilidade da Leitura, como maneira de despertar sua percepção, se para Novaes (1988, p. 14) ao citar Ponty, ele avigora que: “[...] ver é, por princípio, ver mais do que o que se vê, é acender a um ser latente. O invisível é o relevo e a profundidade do visível[...]”, é porque existe muito a ser percebido através de um esforço em torno das possiblidades de leitura como interpretação do espaço e do tempo, não uma leitura textual, muita das vezes gasto e falho por modelos de metodologias que instigam aos estudantes, mas uma leitura de realidade, como quem pretende aprofundar no visível tudo o que não é observado pelo estudante, em seu dia a dia, sobre este aspecto, reforça Didi-Huberman, (2020) ao afirmar que: “[...] quando ‘todas as palavras param e todas as categorias falham’ – quando as teses, refutáveis ou não, se encontram literalmente desconcertadas – , aí pode surgir uma imagem. Não a imagem-véu do fetiche, mas a imagem-dilaceramento que deixa entrever um fragmento do real [...]” (2020, p.119).
Uma vez que a Contextualização abriu os olhos para uma Leitura substanciada por essa nova visão, o professor poderá propor novas atividades visando o Fazer, uma produção que potencializado pelas duas instancias anteriores, poderá trazer aos estudantes novas perspectivas de geração de sentidos, e de desejos por construir novas imagens e fazer novas ou diferentes fotografias. Essas etapas, seguidas não nesta ordem, ampliará o processo fotográfico como atividade didática para a disciplina de artes.