ROCK IN RIO
DEPOIS 24 ANOS, GRUPO A-HA VOLTA AO BRASIL PARA TOCAR NO FESTIVAL
OSCAR 2015 ‘HOJE EU QUERO VOLTAR SOZINHO’ REPRESENTARÁ O BRASIL NA PREMIAÇÃO
ENTRETENIMENTO R E V I S T A
GAMEof THRONES
POR DENTRO DOS DETALHES DA QUINTA TEMPORADA DA SÉRIE DE FANTASIA MAIS EMOCIONANTE!
dezembro 2014 Nº 0 R$ 3,90
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S UMÁRIO
O fim da 4ª temporada de Game Of Thrones deixa telespectadores intrigados com o que há por vir. Página 7
SÉRIE DE TV O Que Esperar De Game Of Thrones?...........................................................................................................07 Temporada Final De ‘Glee’ Contará Com Apenas 13 Episódios..........................................................10 LITERATURA Adaptações De Filmes E Séries De TV Para Quadrinhos Ganham Força...........................................11 CINEMA ‘Jogos Vorazes’ Supera ‘Amanhecer’ E Tem A Maior Estreia Do Cinema No Brasil......................12 O Hobbit Estreia Em Dezembro No Brasil....................................................................................................12 Debi & Lóide 2 Estreia Dia 1º De Novembro Nos EUA............................................................................13 Brasil Indica ‘Hoje Eu Quero Voltar Sozinho’ Para Tentar Vaga No Oscar........................................14 Minha Mãe É Uma Peça 2 Já Tem Data De Estreia....................................................................................15 MÚSICA A-ha Toca No Rock In Rio Em 2015, 24 Anos Depois De Recorde No Maracanã............................16 CRÍTICA Filme Annabelle Decepciona............................................................................................................................17 BRASIL Indústria do Entretenimento Brasileiro Cresce..........................................................................................19 TV BRASILEIRA A TV Brasileira Abusa Da Importação De Formatos Estrangeiros E Da Falta De Originalidade.........................................................................................................................................................20 COLUNAS Em Cena: Desordem E Despejo........................................................................................................................22 Norueguesa Annie estréia com pop puro e animal..................................................................................23
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Editorial EXPEDIENTE Editor e diretor responsável ROBERTO ARAÚJO Redação PÂMELA SILVA Editor do site FABÍOLA CRUZ Revisão DANIEL PASSOS Editor de arte SÉRIO GOULART Assistente de arte PATRÍCIA MORENO Espaço Revista Entretenimento CAROLINA PAZ (carolinapaz@revistaentretenimento.com.br) Diretor financeiro TEREZA ASSUNÇÃO Gerente dpto. assinatura CARLOS ALBUQUERQUE Gerente financeiro LUCAS GUSMÃO Publicidade em João Pessoa (83) 3385-3385 Executivo de contas FÁBIO DE SÁ Gráfica: JB Distribuição exclusiva no Brasil (bancas): Dinap S/A – Distribuidora Nacional de Publicações REVISTA ENTRETENIMENTO é uma publicação quinzenal da Editora Conhecer Avenida Pedro Bandeira, 70 – 10º andar – Centro – João Pessoa – PB – CEP 58052-111 Tel.: (83) 3385-3385 – Fax: (83) 3385-3386 ENTRETENIMENTO ON-LINE revistaentretenimento@conhecer.com.br twitter.com/revistaentretenimento facebook.com/revistaentretenimento revistaentretenimento.com.br Matérias e sugestões de pauta redacao@revistaentretenimento.com.br
A TV e sua opinião
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Silvio Caccia
m 2011, 59,4 milhões dos domicílios brasileiros tinham televisão, o que equivale a 96,9% do total. De longe, a televisão é o meio de comunicação mais difundido e utilizado. Em fevereiro passado, segundo o Ibope, as maiores audiências da TV foram as novelas, os reality shows (BBB Brasil e Fazenda de Verão), o Jornal Nacional, a segunda edição do noticiário e os programas de auditório. O futebol das quartas-feiras fica apenas em nono lugar. A liderança de audiência da Globo é impressionante: são dela os 47 programas mais vistos da TV em 2012. E, se considerarmos o horário nobre, suas três principais novelas estão entre as dez atrações de maior audiência, tendo à frente Avenida Brasil, superando inclusive o BBB Brasil, o reality show mais popular. Ainda segundo o Ibope, o Jornal Nacional é o vice-líder absoluto da emissora. Essa situação configura, virtualmente, um monopólio privado da informação. A televisão é o meio de comunicação pelo qual se informa o maior número de pessoas. E muitos só se informam pela televisão. Não leem jornais, revistas. Sua opinião, portanto, é formada com base nessas informações. Sempre por trás de uma mensagem há alguém que a envia, e devemos nos perguntar por que esse alguém nos envia essa mensagem e por que neste momento. A sincronia, por exemplo, entre a ampla divulgação do julgamento do mensalão com as últimas eleições é uma dessas questões. A televisão brasileira, embora seja uma concessão pública, está nas mãos de poucos grupos que defendem interesses privados − seus interesses são os interesses do mercado, são os interesses das elites, alinhados desde os anos 1990, pelo menos, com a doutrina neoliberal. Promovem os valores do individualismo, da competição, do sucesso individual. Se você não consegue esse
dor desse discurso televisivo. Se esses comportamentos se apresentam como a única solução, se temos visões parciais, distorcidas, dos fatos, provavelmente teremos opiniões equivocadas sobre eles. Ao dar destaque à violência urbana e à criminalidade, a TV induz o público a demandar mais segurança, mesmo à custa de políticas que se formulam em prejuízo da liberdade e do respeito aos cidadãos, como a ocupação militar de territórios da cidade. Os meios de comunicação vivem uma relação promíscua com o poder político e o poder econômico. Basta ver quem detém as concessões, por exemplo, das estações retransmissoras das principais redes televisivas, distribuídas, em grande parte, para as oligarquias e lideranças políticas regionais. Seu objetivo não é mais servir à sociedade, mas se servir dela para alavancar interesses privados, para alavancar os negócios, para reproduzir as elites no poder. Há uma combinação de espetáculos – as novelas, os reality shows, os programas de auditório, o futebol – que desvia a atenção do público dos problemas importantes, tornando-o distante dos problemas sociais, com uma seleção e uma interpretação do que são as notícias que merecem sua atenção. A cultura imposta pela televisão tem tal influência que nos encontramos, muitas vezes, pensando na mesma linha. E não há como responsabilizar somente a TV por essa situação − a doutrina neoliberal, na verdade, se impregnou por toda parte. Nós a vemos nas próprias políticas de Estado. Seus valores se contrapõem à democracia, ao respeito à diferença, ao reconhecimento de uma sociedade plural. Eles promovem o sectarismo e uma polarização entre o bem e o mal, em que tudo que não se ajusta à sua doutrina é
sucesso, a culpa é sua, não tem nada a ver com a estrutura da sociedade e com o fato de que a economia só favorece os grandes. A televisão reduz os cidadãos à dimensão de meros consumidores. Não há análises de contexto, os fatos não se inscrevem em lógicas mais amplas. Quando há programas de debates, estes são em altas horas, não são para as massas. E mesmo assim os debatedores, em sua ampla maioria, se alinham com os interesses das emissoras. Seus noticiários destacam o crime e a violência, disseminando o medo na população e fazendo que esta aceite um mundo de arbitrariedades no qual, por exemplo, a polícia executa sumariamente “suspeitos”, consagrando a pena de morte na prática, sem qualquer julgamento, o que identifica o Estado não só como cúmplice dos crimes, quando não como os próprios agentes da violação de direitos, mas também como legitima-
considerado condenável e é criminalizado. Em vários países da América Latina esse império das comunicações está sendo questionado por governos democráticos, como na Argentina, no Equador e na Venezuela, e essa mesma mídia conservadora os desqualifica, os criminaliza, buscando garantir a continuidade de uma interpretação da história e dos acontecimentos cotidianos que só serve aos seus interesses. A TV é um bem público, assim como a informação. Ela deve servir aos interesses da sociedade, não aos interesses do mercado; ela não pode estar a serviço de uma doutrina que, para maximizar o lucro, viola sistematicamente os direitos dos cidadãos. E para sustentar a defesa do interesse público, da democracia, é preciso que cada um de nós se interrogue se a programação que temos hoje na TV brasileira é a que melhor atende aos nossos interesses. Dezembro 2014 • 3
ENTREVISTA
‘Hoje Eu Quero Voltar Sozinho’ Sílvia Carvalho
De onde surgiu a vontade de contar esta história? Esse assunto sempre me interessou. Me lembro das muitas conversas que tive com amigos em várias situações e de este ter sido sempre um assunto recorrente, sobre como cada um descobriu sua sexualidade, o primeiro amor da adolescência, essas coisas. Todos temos uma história dessa época da vida porque é uma fase muito marcante, e essas descobertas são comuns a todo mundo. E por que abordar essas descobertas a partir da experiência de um garoto cego? 4 • Entretenimento • nº 0
FOTO: CAIO FERREIRA
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iretor, roteirista e montador, Daniel Ribeiro fez sua estreia com o curta-metragem Café com Leite, em 2007, mas o sucesso absoluto veio com curta que se tornaria um hit na internet, o Eu Não Quero Voltar Sozinho (2010). Contando com extrema sensibilidade uma história que passa por sentimentos típicos da adolescência, como amizade, descoberta amorosa, insegurança e independência, o diretor ganhou inúmeros prêmios, como o de Melhor Filme – Prêmio da Crítica no 3° Festival Paulínia de Cinema. Seu primeiro longa-metragem, Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, inspirado no curta que o antecedeu, tem estreia marcada para o Festival de Berlim neste ano. A revista Entretenimento conversou com Daniel Ribeiro sobre o processo de criação do filme, a abordagem da homossexualidade no audiovisual e os planos para o futuro, confira!
“Para o público gay, quis que o filme fosse uma maneira de dizer para o mundo ‘é assim que eu me sinto.’” Na juventude, os primeiros estímulos de descoberta da sexualidade são provocados pela visão, nós vemos as coisas das quais gostamos e reagimos a elas. É um processo natural. No caso do Leonardo, é diferente por ele ser cego, então os estímulos acontecem de outras maneiras e o filme mostra isso. A chegada do Gabriel traz mais complexidade à história, porque além de descobrir seus interesses sobre sexualidade, ele lida com o fato de se apaixonar por um garoto. Você tinha a ideia de se comunicar com algum público específico por meio do filme? Fiz um filme que achei que poderia dialogar com todos os universos. É como falei, os conflitos da adolescência são universais, todos passamos por eles de alguma
maneira. Para o público gay, quis que o filme fosse uma maneira de dizer para o mundo “é assim que eu me sinto”. Mas foi incrível ver a quantidade de pessoas completamente diferentes que demonstraram sua identificação com a história desde a época do curta. Você acha que a questão do amor livre de preconceitos é mais próxima desta geração? Acho que a geração que o filme retrata é muito mais aberta para essa questão do que a minha. Tenho 31 anos e na minha época o gay praticamente “não existia”, no sentido de ser pouco representado, não sentia muita abertura para se expressar. Hoje, os jovens da idade do Leo convivem muito mais com gays assumidos porque têm amigos que se abrem mais cedo, ou têm alguém
ENTREVISTA
“As questões da adolescência continuam as mesmas: os vínculos de amizade, as relações de grupo, a busca por aceitação. Mas a geração que o filme retrata é bem mais aberta.” na família que seja e em outros ambientes. O cinema e a televisão ajudaram nesse processo também. É, muita coisa mudou de lá pra cá? Sim, a nossa geração viveu a fase de transição. Nos anos 90, lembro de assistir a séries como Will and Grace, que tinha protagonistas gays, e ver ela se tornar um grande sucesso. Até as novelas brasileiras passaram por esse processo, como em A Próxima Vítima, na qual Sandrinho e Jefferson eram namorados. E onde buscou referências para compor este cenário? Relembrei muito de como eu era nessa fase da vida para poder compor os personagens, até porque as questões da adolescência continuam as mesmas: os vínculos de amizade, as relações de grupo, a busca por aceitação. Não tem como não buscar nas nossas próprias experiências, né? No filme, o Leo tem uma amizade muito forte com a Giovana (personagem de Tess Amorim), eles se conhecem desde pequenos, cresceram juntos. Para criá-la, me inspirei em uma amiga que tive nessa idade, fazíamos tudo juntos. Me lembro de levá-la ao cinema para ver aquele filme que a Jennifer Aniston se apaixona por um amigo gay (A Razão Do Meu Afeto) para tentar entrar no assunto. Como foi pra você transportar a história original do curta-metragem para um longa de quase duas horas de duração?
A maior dificuldade foi conseguir enxergar o roteiro de uma maneira geral. Na época do curta, eu podia ler o roteiro inteiro umas cinco vezes por dia e visualizar o todo. No longa foi muito mais difícil. Quando estava escrevendo a personagem da mãe (do protagonista), por exemplo, algumas pessoas me disseram que ela estava pesada, eram muitas cenas dela super-protegendo o filho. De início, não tinha notado. Então,
Como se desenvolveu a preparação do elenco principal? Aproximadamente um mês antes das filmagens, nós começamos a ensaiar. O Ghilherme Lobo, o Fabio Audi e a Tess Amorim já tinham uma química que vinha do curta, então foi mais rápido pra nos dedicamos a entender cada cena, o que poderia sair, o que poderia acrescentar, que diálogos poderiam melhorar. E mais próximo das filmagens, começamos a ensaiar com os diferentes núcleos do filme separadamente: os alunos da sala de aula, a mãe (Lucia Romano) e o pai (Eucir de Souza) e as cenas com a vó de Leo, interpretada pela Selma Egrei. Não houve nenhuma preparação especial. Eu gosto de ler e reler o roteiro com os atores até encontrar-
“Fiquei muito emocionado em Berlim quando percebi que a reação tinha sido positiva, que as pessoas entenderam a mensagem.” algumas coisas foram mudando aos poucos, à medida que conseguia ver as partes com mais calma. Os personagens principais também mudaram na transição do curta para o longa? Eles já estavam bem definidos desde o curta, mas é normal que tenham ganho mais profundidade. No longa, acrescentei a questão da busca pela independência do Leo, que está ligada à relação dele com seus pais e com seu universo. Ele está cansado de estar sempre cercado de tantos cuidados, sofre um pouco com isso. A própria mudança do título do filme de Eu Não Quero Voltar Sozinho para Hoje Eu Quero Voltar Sozinho reflete o desenvolvimento desses sentimentos.
mos o que é confortável pra todos. Como foi a sensação de finalmente ver o filme completo? Já consegue pensar em novos projetos? Fiquei muito emocionado em Berlim quando percebi que a reação tinha sido positiva, que as pessoas entenderam a mensagem. Tinha um monte de gente da área lá, equipe, críticos, minha família, amigos. Estou há um ano e meio dedicando 100% do meu tempo a esse filme e agora ele finalmente está pronto. Claro que já tenho algumas ideias pro futuro, nada concreto ainda, não parei para escrever. Mas personagens homossexuais sempre estarão nos meus filmes, é um tema que pretendo continuar retratando. Dezembro 2014 • 5
SÉRIE DE TV
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SÉRIE DE TV
O que esperar de Game of Thrones?
MATÉRIA DA CAPA
A série Game of Thrones chegou ao fim de sua quarta temporada no último domingo e acabou causando mais furor pelo que não mostrou do que pelos contecimentos do episódio The Children. Lia Cruz
A
exibição do último episódio da 4ª temporada da série “Game of Thrones” no domingo (15/6) contou com os inevitáveis banhos de sangue, mortes de personagens importantes, vinganças, inícios de novos arcos e recorde de audiência. A atração foi vista por 9,3 milhões de telespectadores, somando a exibição ao vivo e suas reprises, nos EUA. O número indica que esse foi o melhor final de temporada na história da série, que já é a mais assistida do canal pago americano HBO em todos os tempos, com 18,4 milhões de telespectadores por capítulo em todas as plataformas. Mas os criadores da atração, David Benioff e D.B. Weiss, não celebram terem superado o longevo recorde da “Família Soprano”. “Números à parte, nada vai superar ‘Família Soprano’”, disse a dupla, em conversas com a imprensa sobre o fim da temporada. “Mais do que qualquer ou-
tra coisa, ‘Família Soprano’ criou a televisão moderna, expandiu as noções do que é possível na televisão e, às vezes, do que só é possível na televisão”, avaliam. Minimizar a audiência da série é também uma forma de diminuir a pressão pelos próximos capítulos. Benioff e Weiss sabem que precisarão mexer na trama dos livros para manter o ritmo intenso da última temporada. Possivelmente, terão que adiantar fatos que só aconteceriam mais adiante, por envolverem personagens que conquistaram o público. Mas isto também pode representar um fim mais rápido para certos arcos dramáticos. É um grande e complexo problema que lhes aguarda. A opção dos produtores pode, inclusive, avançar na direção oposta das duas últimas temporadas. Enquanto a história de “A Tormenta das Espadas”, o terceiro livro da saga conhecida como “As Crônicas de Gelo e
Fogo”, alimentou as tramas da 3ª e 4ª temporadas, Benioff e Weiss estariam condensando “O Festim dos Corvos” e “A Dança dos Dragões”, os dois últimos livros de George R.R. Martin publicados, já na próxima temporada. Os fãs da saga consideram esses livros menos intensos que a trilogia inicial. Além disso, suas páginas esquecem a jornada de personagens importantes, que ganharam mais destaque na televisão. É o caso de Tyrion Lannister (Peter Dinklage), que praticamente desaparece em “O Festim dos Corvos”. “Não vamos continuar a série como uma adaptação direta dos livros, simplesmente porque não podemos nos dar a esse luxo”, assumiu Benioff. “Não podemos adaptar ‘O Festim dos Corvos’ e deixar de fora metade dos personagens – sem falar no elenco. Por isso, vamos misturar as tramas de ‘Festim’ e ‘A Dança dos Dragões’ na 5ª temporada”, declarou Benioff. Dezembro 2014 • 7
O objetivo, ele explica, é condensar acontecimentos e manter o ritmo alucinante a que os fãs se acostumaram. “E garantir que a 5ª temporada seja ainda melhor”, explicou, mas não sem exprimir suas preocupações com o novo processo. “Há algumas sequências difíceis do ponto de vista de produção que precisamos resolver”, assumiu, resumindo como encara o desafio: “É intimidante”. Não que eles temam desafios, já que a 4ª temporada foi a que, até aqui, mais se distanciou da narrativa original, adaptada dos livros de George R.R. Martin. “Temos de fazer uma série que deve se superar sempre. Às vezes, isso significa desviar do que está nos livros. Algumas pessoas podem até ficar chateadas por isso, outras vão gostar. Obviamente, nós esperamos que a maioria goste sempre, mas nós não comprometeremos a série só para não chatear algum fã.” Uma das cenas do final da temporada que não estava nos livros foi o combate entre Brienne de Tarth (Gwendoline Christie) e Sandor Clegane (Rory McCann), o Cão de Caça. O encontro inesperado resultou numa batalha brutal, filmada ao longo de três dias na Islândia, que deixou os atores cansados e machucados. “A certa altura, simplesmente perdemos a consciência do que estava acontecendo”, contou Christie. “Foi algo primal”. Segundo Benioff, a decisão de confrontar os personagens “pareceu a mais adequada”. 8 • Entretenimento • nº 0
Tyrion Lannister (Peter Dinklage) é um anão, e por causa disso é chamado, zombeteiramente, às vezes, de Duende e Meio Homem.
“Ambos estavam no meio de uma jornada envolvendo as garotas da família Stark”, explicou. O final para um dos personagens, porém, foi similar, com Arya Stark (Maisie Williams) abandonando o moribundo Cão de Guarda. Em compensação, o outro confronto apresentado, envolvendo a vingança de Tyrion, aconteceu exatamente como descrito nos livros. Não que isso trouxesse soluções definitivas para os personagens. Ao contrário, o rastro de destruição do capítulo aumentou ainda mais a dispersão dos protagonistas da série. “Em temporadas passadas, os últimos episódios foram sobre esclarecer alguma coisa – muitas vezes algo emocionante – mas principalmente abordar as consequências de acontecimentos importantes do capítulo anterior”, observou Weiss. “Este episódio não foi desse tipo. O final da 4ª temporada foi mais uma explosão de limpeza. Na vida real, explodir coisas é geralmente muiBrienne de Tarth (Gwendoline Christie) é uma guerreira muito forte e hábil, que deseja se tornar um cavaleiro. Ela é considerada estranha por seu comportamento fechado e masculino, mas é honesta e teimosa.
to mais fácil do que limpá-las, mas na TV é muito mais difícil.” O que espera Arya e Tyrion, ao embarcarem numa nova jornada? A resposta está nos livros de Martin, mas mesmo assim os produtores se recusam a comentar. “Nós tentamos não falar sobre o que está por vir em futuras temporadas”, declarou Weiss. “Não fazemos isso porque não terminamos de escrever os roteiros das novas temporadas. Os livros de George R.R. Martin são a razão para isso. Eles são os nossos mapas e fornecem muitos ou a maioria dos destinos. Mas há muitas maneiras de chegar a cada destino, e algumas são mais apropriadas para a série do que outras”, explicou, deixando claro que novas mudanças virão. O intérprete de Tyrion, porém, não foge das consequências dos atos de seu personagem. “Acho que ele é inteligente o suficiente para saber que haveria consequências para o que fez”, disse Peter Dinklage. “Mas ele não podia seguir em frente sem fazer um grande ato. Ele precisava de um encerramento para esse capítulo de sua vida. Não importava o que fosse, ele precisava de alguma coisa. Talvez ele pudesse ser morto, mas ele simplesmente não poderia deixar aquilo passar em branco”, explicou o ator. Os criadores da série consideram que a evolução dos personagens passa justamente pelas consequências das ações vistas na temporada. “Muitos personagens REPRODUÇÃO
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John Snow (Kit Harington) é filho bastardo de Eddard Stark com uma mãe cuja identidade não é conhecida. John foi criado pelo seu pai ao lado dos seus meio-irmãos, mas juntou-se a Patrulha da Noite, quando atingiu a idade adulta.
outras ainda vão rolar. “O jogo dos tronos apresenta homens e mulheres disputando o poder, enquanto os impotentes tentam evitar serem esmagados pelos poderosos. Ninguém pode te proteger, nem deuses, nem família, nem amigos. Você tem de cuidar de si próprio e mesmo assim você pode ter sua garganta cortada”, definiu Weiss. As filmagens do 5ª temporada de “Game of Thrones” começam em julho e os episódios só estrearão em abril de 2015. Resta esperar para ver quais serão as novas surpresas que David Benioff e D.B. Weiss preparam para os fãs.
Conhecida como ‘A Mãe dos Dragões’ , Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) é uma jovem baixa e muito bonita, com cabelos loiro-platinados e olhos violeta, comuns aos membros da Casa Targaryen.
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passaram por mudanças drásticas em suas identidades e, por isso, esta temporada foi especialmente sobre pessoas que aprendem a enfrentar verdades duras sobre o mundo em que vivem e adaptar-se a essas verdades”, analisou Weiss. “Daenerys luta desesperadamente para ser justa, ao mesmo tempo em que lida com oponentes violentamente injustos. Jon Snow tenta viver com honra, mesmo sabendo que muitas vezes a honra pode assassinar seus familiares”, observou Benioff. A história, porém, chegou a seu ponto de virada. “Sentimos que chegamos na metade da jornada”, assume Benioff. “O que era um universo em expansão, agora começará a encolher. O que não significa que não haverá novos personagens na próxima temporada, pois haverão. Mas, na medida em que a história avança, serão cada vez menos que nas temporadas anteriores”, contou. Entre as novidades, por sinal, está prevista uma visita a Dorne e a introdução dos parentes de Oberyn Martell (Pedro Pascal). Uma coisa é certa: em se tratando de “Game of Thrones”, se muitas cabeças já rolaram, muitas
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SÉRIE DE TV
Temporada final de ‘Glee’ contará com apenas 13 episódios
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Não é surpresa que a série Glee se desencontrou após a morte do protagonista Cory Monteith. O criador Ryan Murphy cortou o núcleo principal da série e passou o programa para Nova York, dando um novo rumo a história. Laura Vasconcelos
Elenco da 5ª temporada do seriado Glee.
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6ª e última temporada da série musical “Glee” será reduzida, contando com 13 episódios, ao contrário das outras temporadas que tiveram uma média de 22 capítulos. A informação é do site The Hollywood Reporter. Segundo o site, o criador da atração, Ryan Murphy (“American Horror Story”), o canal americano Fox e o estúdio 20th Century Fox Television chegaram ao consenso de que esse número de episódios será o suficiente para concluir a história. A decisão, porém, tam10 • Entretenimento • nº 0
bém é financeira, já que a série sofreu uma queda significativa na audiência, pressionando a finalização de “Glee” para o quanto antes. O final da 5ª temporada registrou a pior audiência da atração nos EUA – apenas 1,9 milhão de telespectadores. Além disso, o impacto da morte de seu protagonista, o ator Cory Monteith (Finn) alterou bastante a produção. Há pelo menos uma boa notícia. Nesta quarta (10/7), foram anunciados os indicados ao prêmio Emmy deste ano. “Glee” conseguiu uma in-
dicação de Melhor Direção de Série de Comédia referente ao 100º episódio da atração. “A última temporada será adorável e mostrará o que acontecerá com os personagens que estão e os que já passaram pela série”, declarou Murphy. “Haverá o retorno dos personagens de Jane Lynch e Matthew Morrison de forma grandiosa. Será um final realmente interessante, adorável e satisfatório.” A 6ª e última temporada de “Glee” ainda não teve sua estreia definida, mas as gravações começarão em breve.
LITERATURA
Adaptações de filmes e séries de TV para quadrinhos ganham força Super-homem, Batman, Capitão América, Homem-Aranha, Vingadores são alguns dos heróis que migraram dos quadrinhos para o cinema ou para a televisão. No entanto, o caminho contrário começa a ganhar cada vez mais força. Personagens saem das telas e entram nas páginas das revistas. Nos últimos meses, alguns lançamentos movimentaram o mundo das adaptações. Albero Sedrim
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ntre eles, está o psicopata Dexter que, depois de habitar o mundo da literatura e das séries, chega ao universo dos quadrinhos no Brasil. A adaptação é uma história inédita — escrita pelo criador do assassino, Jeff Lindsay — publicada em edição de 120 páginas. Nelas, novos ângulos do psicopata são revelados ao público. Darth Vader, Luke Skywalker, C3PO e todos os outros clássicos personagens de Star Wars também estão de volta. Os heróis intergalácticos chegam às bancas nas revistas Star Wars – Legends, que narra os eventos que aconteceram logo depois do fim das batalhas no espaço narradas na hexalogia de George Lucas. A guerra nas estrelas também ganha versão de gala, com a coleção Comics Star Wars, que, em 70 volumes — lançados a cada 15 dias até o 16º volume e semanalmente a partir do 17º — relembra episódios conhecidos e novidades da saga. Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP) e especialista em quadrinhos, o professor Waldomiro Vergueiro acredita que essas adaptações fazem parte de um movimento de intersecção entre variados tipos de mídia — nesse caso, cinema, tevê e HQs. Para ele, apesar de isso ser positivo, é preciso estar atento às diferentes linguagens narrativas. Em outras palavras, aquilo que funciona em produções audiovisuais
pode falhar nos quadrinhos. “O mesmo ocorre quando se faz o caminho inverso, é claro. Além disso, trata-se de públicos diferentes, que podem ter interesses distintos”, explica. Mundos distintos O editor e professor de Comunicação Social Henrique Magalhães alerta para as especificidades de cada mídia. “Com os recursos atuais, não há mais limites para a criatividade e a invenção no cinema, desde que tenha uma boa história para contar. Há filmes que acabam virando livros, e isso, às vezes, gera um reducionismo.” A leitura pode proporcionar um ritmo distinto e mais aberto à intervenção do público. “Os quadrinhos têm a vantagem do ritmo de leitura, que depende de cada pessoa, enquanto o cinema usa a exibição linear”, conclui Henrique Magalhães. Nos EUA, outras produções audiovisuais também chegaram ao universo das HQs. Orphan black, Revenge e Once upon a time são exemplos de séries que foram lançadas recentemente ou serão em breve. Uma continuação do filme Edward, mãos de tesoura, clássico de Tim Burton protagonizado por Johnny Depp, também ganha o mundo das HQs em terras americanas. A partir deste mês, cinco revistas darão prosseguimento à história contada no longa-metragem. Dezembro 2014 • 11
CINEMA
‘Jogos vorazes’ supera ‘Amanhecer’ e tem a maior estreia do cinema no Brasil Terceiro filme da franquia, que chega às telonas na quarta-feira, será exibido em mais da metade das salas de cinema no país. Diane Silva
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ão dá para fugir, mesmo que se queira. ‘Jogos vorazes: a esperança – Parte 1’, terceiro filme da mais bem-sucedida franquia cinematográfica teen desde ‘Harry Potter’, chega amanhã aos cinemas brasileiros batendo recordes. A partir de quarta-feira, um dia antes das estreias semanais, o longa-metragem dirigido por Francis Lawrence passa a ser exibido em 1,4 mil salas de todo o país. É a maior estreia de um blockbuster – o recorde, até então, pertencia à ‘Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2’ (2012), que chegou a 1,3 mil salas. Ambos sequências da mesma distribuidora, a Paris Filmes, tomaram de assalto, cada um a seu tempo, metade dos cinemas no Brasil (atualmente, são 2.765 salas). Ou seja, renda-se às aventuras da heroína Katniss Everdeen ou então tente encontrar alguns horários para o que sobrar para as dezenas de filmes em cartaz no país. Nesta terça-feira, antecipando a estreia, haverá sessões à meia-noite para os fãs mais afoitos – em Belo Horizonte, serão seis exibições. Mantido sob sigilo também para a imprensa, o filme só terá uma exibição para a crítica brasileira antes da estreia, hoje pela manhã, em São Paulo. Há muitos apelos para assistir a este filme que vão além da luta por sobrevivência de uma jo12 • Entretenimento • nº 0
vem e um povo oprimidos pelos desmandos do poder numa sociedade dividida. O ator Philip Seymour Hoffman morreu em 2 de fevereiro em Nova York, uma semana antes do fim das filmagens. Ele chegou a filmar todas as cenas importantes da narrativa – tanto desta quanto da segunda parte. Cenas menores foram incorporadas por outros personagens. Desta maneira, ‘Jogos vorazes’ é o último filme do vencedor do Oscar. Além disso, a protagonista da saga, Jennifer Lawrence, virou alvo de escândalo recente. Fotos da atriz nua foram parar na internet graças à ação de um hacker, gerando uma discussão mundial sobre privacidade na web. Sua nova interpretação de Katniss é a primeira atuação de Jennifer desde a divulgação das imagens. Ainda há outras razões de menor apelo para ir ao cinema. Outra grande atriz – o elenco da franquia sempre primou por misturar atores experientes e de respeito a jovens em ascensão no universo de Hollywood –, Julianne Moore, passa a integrar a equipe do filme. A trilha sonora ficou sob a responsabilidade da atual queridinha da música pop, a neozelandesa Lorde, que convocou nomes como Kanye West, Chemical Brothers e Grace Jones para colaborarem nas músicas que ficaram incríveis e imperdíveis.
O Hobbit estreia em dezembro no Brasil Um dos filmes mais aguardados do ano encerra sua trilogia, O Hobbit A Batalha dos Cinco Exércitos.
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m dia após a Comic-Con, a Warner divulgou o primeiro trailer do capítulo final da saga “O Hobbit” e possível último filme de “O Senhor dos Anéis”. Mais uma vez dirigido por Peter Jackson, “A Batalha dos Cinco Exércitos” mostrará, de forma geral, a luta dos exércitos de anões, humanos, elfos e águias contra um batalhão gigantesco de orcs, que ameaçam a paz de toda a Terra Média. No fim do último filme, a companhia de treze anões liderada por Thorin Escudo-de-Carvalho e acompanhada por Bilbo Bolseiro conseguiu reconquistar Erebor – mas não sem provocar novamente a fúria de Smaug. Expulso do reino que outrora dominou, o dragão resolve descontar a raiva na cidade do Lago, acabando com as vidas de todos que cruzam seu caminho. E não bastasse essa desgraça toda, o vilão Sauron ainda resolve agir e mandar legiões de orcs rumo à Montanha Solitária. Pela sinopse que foi divulgada, o filme mostrará como os humanos, os anões e os elfos lidarão com suas próprias diferenças para evitar esse possível fim dos tempos. Ainda veremos discussões de Bilbo com Thorin, que não quer mais ajudar a ninguém, e o hobbit tomando uma decisão “desesperada e perigosa”, entre outras cenas diversas que poderão ser acompanhadas.
DIVULGAÇÃO
CINEMA
Debi & Lóide 2 estreia dia 1º de novembro nos EUA Debi & Lóide 2 mostra que zoeira não tem limites, mesmo 20 anos depois, sequência volta a trazer os dois amigos mais babacas do cinema, com Jim Carrey e Jeff Daniels. Breno Sá
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ebi e Lóides presidem estúdios de cinema nos EUA? É a pergunta que sugere as bilheterias deste fim de semana na América do Norte. Passaram-se 20 anos, mas o público se fez presente nas sessões de “Debi e Lóide 2. O filme que o estúdio New Line Cinema não quis fazer, porque “ninguém iria assistir” depois de tanto tempo, estreou em 1º lugar nos EUA. Quem é o Debi dessa história? Não a Universal Pictures, que distribuiu a comédia e contabilizou sua parte nos US$ 38 milhões da arrecadação que ganhou de bandeja da concorrência. “‘Debi e Lóide’ foi um filme muito amado em vídeo e na TV, e as pessoas querem se divertir. É puro escapismo”, observou o chefe de distribuição da Universal, Nikki Rocco, comemorando a liderança em entrevista ao site The Hollywood Reporter. A nostalgia pelos personagens vividos por Jim Carrey e Jeff Daniels superou as fortes permanências da animação “Operação Big Hero 6 e da sci-fi “Interestelar” no topo da arrecadação. A Red Granite Pictures, que financiou to-
talmente o orçamento de US$ 40 milhões da continuação do hit dos anos 1990, agora já fala em trilogia. A produtora não consegue parar de rir. Mas nem todos estão achando graça. A crítica, por exemplo, mostrou seu mau humor com uma pontuação baixa, de 27% de aprovação no site Rotten Tomatoes. Líder da semana passada, “Operação Big Hero 6 só perdeu 36% de público em seu segundo fim de semana em cartaz. A animação da Disney superou a marca dos US$ 100 milhões em menos de 10 dias. Também com forte aderência de público, “Interestelar” caiu apenas 39% nos EUA, ficando também muito próximo dos US$ 100 milhões no mesmo período. No exterior, porém, já superou os US$ 300 milhões, graças a um impetuoso lançamento global, que levou o longa a liderar as bilheterias em vários países, inclusive na China, onde fez praticamente o mesmo montante conquistado nos EUA neste fim de semana. Em 4º lugar, ficou outra estreia da semana, o drama musical “Além das Luzes”, sobre o sucesso de uma cantora fic-
tícia de R&B vivida pela inglesa Gugu Mbatha-Raw (série “Touch”). Apesar de já possuir título em português, o filme ainda não tem previsão de estreia no Brasil. Completa o Top 5 o suspense “Garota Exemplar”, que está a US$ 15 milhões de se tornar o maior sucesso mundial da carreira de David Fincher, devendo superar nos próximos dias o campeão “O Curioso Caso de Benjamin Button” (2008). Vale salientar que sua arrecadação já superou “Benjamin Button” nos EUA e é a maior contabilizada por um filme do diretor no mercado doméstico americano. Bilheterias: Top 10 EUA 1 - Debi & Lóide 2 2 - Operação Big Hero 6 3 - Interestelar 4 - Além das Luzes 5 - Garota Exemplar 6 - Sr. Vincent 7 - Coração de Ferro 8- O Abutre 9 - Ouija - O Jogo dos Espíritos 10 - Birdman
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CINEMA
Brasil indica
‘Hoje eu quero voltar sozinho’ para tentar vaga no Oscar
O
filme escolhido pelo Brasil para a disputa do Oscar 2015 é “Hoje eu quero voltar sozinho”, de Daniel Ribeiro. Após derrotar 17 concorrentes nacionais, o longa-metragem de temática LGBT agora precisa garantir vaga entre os cinco finalistas na categoria melhor filme estrangeiro da premiação. O longa desbancou títulos como “O lobo atrás da porta’, de Fernando Coimbra, e “Praia do Futuro”, de Karim Aïnouz. O diretor e roteirista recebeu a notícia da indicação na Austrália, onde exibiu na noite de quarta-feira o filme num festival LGBT, por meio de uma mensagem da produtora Diana Almeida. Comemorando a vitória sozinho de madrugada no quarto do hotel, Ribeiro falou por telefone com O GLOBO sobre a “honra” e a “felicidade imensa” da nomeação. — Estou feliz com a nomeação nesse momento, quando lidamos no Brasil com a questão da homofobia e da negação dos direitos dos gays. Está em sincronia com a sociedade o filme ser escolhido para representar a cara 14 • Entretenimento • nº 0
do país agora, com um tema atual e relevante — disse Ribeiro, que segue na próxima semana para Hong Kong e depois para a Europa, onde viaja por mais quase 20 dias, dando sequência à carreira internacional do longa. Uma pré-lista com nove títulos será anunciada pela Academia em dezembro. Os cinco finalistas serão revelados em janeiro de 2015, junto com os indicados para as outras categorias. Ano passado, 76 países enviaram candidatos ao prêmio, um recorde no número de inscrições para a categoria, vencida por “A grande beleza”, do italiano Paolo Sorrentino. Estrelado por Guilherme Lobo, Fabio Audi e Tess Amorim, o filme de Daniel mostra a relação
de um adolescente cego com um colega recém-chegado a sua escola. A história teve origem no curta “Eu não quero voltar sozinho”, também dirigido por Ribeiro, e que rodou por mais de 70 festivais pelo mundo desde sua estreia, em 2010. Em 7 de novembro, “Hoje eu quero voltar sozinho” será lançado comercialmente no Estados Unidos. O lançamento acontece no período de campanha das distribuidoras para as indicações ao Oscar de melhor filme estrangeiro. — A possibilidade de mais pessoas verem o filme em cartaz nos Estados Unidos aumenta um pouco as chances de uma indicação — explica o diretor, que, apesar do otimismo com o lançamento no momento certo, pondera que a seleção dos concorrentes é uma incógnita. — Faremos nossa campanha nos EUA. Vamos para brigar com gente grande. Percebemos que o filme se comunica bem com todo tipo de gente, porque trata do primeiro amor, do primeiro beijo — avalia Ribeiro, ansioso REPRODUÇÃO
Longa tem protagonista cego e gay e já ganhou prêmio em Berlim. Seleção final para candidatos a melhor filme estrangeiro é feita pelo Oscar. Tomas Silva
Cena do filme ‘Hoje eu quero voltar sozinho’.
CINEMA
Prêmio na Berlinale No Festival de Berlim, o filme conquistou os prêmios Teddy (dedicado a produções com temática LGBT), além da crítica da mostra Panorama e ainda um diploma por ter sido o segundo filme de ficção mais bem avaliado pelo público da mesma Panorama. A comissão que escolheu o representante brasileiro foi formada por Jeferson De (cineasta), Luís Erlanger (jornalista), Orlando Senna (presidente do conselho da Televisão América Latina), George Torquato Firmeza (ministro do Departamento Cultural do Ministério das Relações Exteriores) e Sylvia Regina Bahiense Naves (Coordenadora-geral
de Desenvolvimento Sustentável do Audiovisual da SAV/MinC). O anúncio foi feito nesta quinta-feira pela ministra da Cultura Marta Suplicy, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo. — É uma história original, com roteiro bem desenvolvido, empreendido por um elenco competente. Trata-se de uma obra de alta sensibilidade que aborda a adolescência vivenciada pelo protagonista frente a cegueira e sua descoberta do amor e da sexualidade. Uma produção de linguagem universal aberta à compreensão de diferentes públicos — disse Marta, durante o anúncio. A cerimônia do Oscar 2015 deverá ocorrer no dia 22 de fevereiro, sendo aguardada ansiosamente por toda equipe que trabalhou para que esse projeto ganhasse vida e todos aqueles que acreditaram, além é claro de todos os fãs que acompanharam o projeto. REPRODUÇÃO
para voltar ao Brasil e comemorar a escolha do MinC com sua equipe.
Da esquerda para a direita, Gabriel (Fabio Audi) e Leonardo (Ghilherme Lobo).
Minha Mãe É Uma Peça 2 já tem data de estreia Após atingir a marca de 4 milhões de espectadores e se torna o segundo filme brasileiro mais visto, produtores aposta em uma continuação da história.
P
ara quem viu e ficou com saudades de Dona Hermínia, já pode relaxar e se preparar para curtir Paulo Gustavo encarnando mais uma vez a dona de casa mais amada dos últimos meses. Minha Mãe é Uma Peça 2 já tem previsão de estreia para dia 26 de dezembro de 2014. A sequência do filme que superou a marca de 4 milhões de expectadores, teve início as gravações em abril deste ano. Sobre as novidades, temos a atriz Luana Piovani como a nova namorada de Carlos Alberto (Herson Capri). Além disso, nessa nova trama, Hermínia deverá ir em busca de um novo namorado, aproveitando a fama de seu programa de TV. O público que acompanhou o primeiro filme, mal pode esperar para a estreia tão aguardada.
MÚSICA
FOTO: RICARDO PAZ
A-ha toca no Rock in Rio em 2015, 24 anos depois de recorde no Maracanã Em 1991, a 2ª edição do evento levou 198 mil pessoas a show da banda. ‘Show do ano que vem estará lotado de ‘A-ha’, afirmou Morten Harket em uma entrevista exclusiva no Rio de Janeiro, onde recebeu fãs. Viviane Liu
Fãs do A-ha tietam os integrantes da banda no Maracanã.
A
o som de “Take on me”, a organização do Rock in Rio anunciou nesta quinta-feira (4), no Maracanã, a participação do grupo norueguês A-ha na edição de 2015 do festival, em setembro. A banda se apresentou na segunda edição do festival, em 1991, realizada no estádio, com recorde de público: 198 mil pessoas. No ano em que o evento e a banda completam 30 anos, o trio, presente durante o anúncio, tocará no Palco Mundo na mesma noite que Katy Perry. “Desde 1991, eu já voltei ao Brasil várias vezes, mas revisitar o país para fazer um show no Rock in Rio é uma nova experiência e uma oportunidade de revisitar essa experiência. Todo mundo mudou nesse tempo, mas o sentimento não muda nunca. O show do ano que vem estará lotado de ‘Aha’”, afirmou o vocalista Morten Harket em sua volta ao Maracanã, ao lado dos companheiros 16 • Entretenimento • nº 0
Magne Furuholmen e Pal Waaktaar, que chegaram a anunciar o fim da banda em 2010. Fãs encontram ídolos A relação da banda com o Rio de Janeiro começou em 1989, data da primeira apresentação no Brasil, na Praça da Apoteose. Nesta quinta, alguns fãs sortudos foram selecionados para cumprimentar o trio, em uma das tribunas de honra do estádio. “Eu vim ao show de 1991 e quando eles postaram na página deles na internet que estavam preparando uma surpresa, eu comentei na foto. Aí a produção do Rock in Rio me convidou para uma surpresa, mas eu não sabia o que era. Muita coisa mudou em 30 anos, eu me casei, tive uma filha, mas continuo amando essa banda”, disse a professora Elaine Ribeiro, de 40 anos. Tereza Carolina Fonseca, de 22 anos, nem era nascida quando o A-ha esteve pela
primeira vez no Brasil. Ela conta que foi apresentada à banda através de sua madrinha, Daniela Fonseca, de 39. “Minha madrinha veio ao show em 1991 e agora vamos viver juntas tudo de novo”, afirmou emocionada, após conseguir um selfie com o tecladista Magne Furulhomen. Pais e filhos unidos Diretora de marketing do Rock in Rio, Ághata Areas afirma que o festival queria fazer um resgate de edições passadas. Apesar de os estilos musicais de Katy Perry e A-ha serem distintos, ela diz que colocá-los no mesmo dia pode ajudar na convergência entre pais e filhos. “É um presente para todos nós. Enquanto pensamos no A-ha, eles já estavam pensando na gente. Uma feliz coincidência”, revelou. A edição brasileira do Rock in Rio será nos dias 18, 19, 20, 24, 25, 26 e 27 de setembro, na Cidade do Rock, na Zona Oeste.
CRÍTICA
Filme ‘Annabelle’ decepciona
Não há dúvidas de que a boneca Annabelle foi um dos grandes destaques do aterrorizante ‘Invocação do Mal’, apesar de sua pequena participação. O brinquedo ganha agora filme próprio com foco em sua gênese demoníaca, mas decepciona. Sérgio Campos
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om o sucesso de “Invocação do Mal” em 2013, era inevitável que a indústria cinematográfica americana fizesse uma continuação explorando aquele universo macabro. Mas eis que a aposta foi fazer um spin-off, contar a história de Annabelle, a sinistra boneca que inicia o filme de James Wan e que também faz parte da coleção de Ed e Lorraine Warren, casal de investigadores paranormais que serviu de inspiração para a película (a boneca existe, mas tem uma aparência bem diferente da mostrada aqui). Apresentando obviedades e sustos fáceis, o filme decepciona quem gostou do primeiro e acaba sendo apenas mais um produto genérico. A história se passa antes dos fatos relatados em “Invocação do Mal”. “Annabelle” explica o que fez a boneca de porcelana se tornar tão assustadora, ao ser possuída por forças malignas. No filme, John (Ward Horton, da série “One Life to Live”) compra Annabelle para presentear Mia (Annabelle Wallis, da série “Peaky Blinders”), sua esposa grávida. O casal vive de forma tranquila até ser atacado por membros de uma seita demoníaca. Após este encontro, estranhos fatos, sempre associados à boneca, trans-
formam completamente a vida dos dois. E mesmo tentando fugir, eles são constantemente perturbados por eventos sobrenaturais. A expectativa em torno do filme era alta, porém a ausência do cineasta James Wan na direção foi muito sentida. Com as franquias “Sobrenatural” e “Jogos Mortais” no currículo, o diretor despontou como um dos grandes nomes do terror, mas anunciou recentemente que se afastaria do gênero. Uma notícia triste para os cinéfilos, já que ele tinha conseguido revitalizar as produções do tipo, que andavam definhando e apelando para banhos de sangue. Aqui, Wan apenas produz o longa-metragem e deixa a direção para um colaborador de seus filmes, John R. Leonetti (diretor de fotografia de “Invocação do Mal”). Sob sua responsabilidade, “Annabelle” acaba não tendo o impacto ou os sustos das produções dirigidas por Wan. Há um ou dois momentos de arrepiar no longa, mas a maioria das situações sobrenaturais são óbvias. Se o filme apostasse em mais cenas como a em que Mia está no elevador (angustiante na medida certa) teria mais êxito. Mas, pelo contrário, “Annabelle” investe em um roteiro arrastado, numa trama que demora a enDezembro 2014 • 17
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gatar e, quase sempre, opta por sustos fáceis e pontuais. A trilha sonora, que poderia ajudar a criar um clima sufocante, é apenas burocrática. Sem dúvida, não há aquela atmosfera de medo crescente que “Invocação do Mal” provocou de forma tão bem sucedida. Um grande acerto da película são as atuações, muito seguras, principalmente de Annabelle Wallis. Sua Mia imprime doçura e veracidade a história, fazendo com que torçamos para o casal vencer as forças malignas. Alfre Woodard (“12 Anos de Escravidão”), no papel de Evelyn, também se destaca. Apesar de ser um chamariz e personagem-título, Annabelle se revela apenas uma coadjuvante na trama, o que se mostra uma es-
Annabelle tida como o brinquedo demoníaco.
Evenlyn (Alfre Woodard) em cena do filme Annabelle - A Invocação do Mal.
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CRÍTICA
Boneca Annabelle revela-se apenas uma coadjuvante no desenrolar do enredo.
colha errada. A boneca consegue amedrontar bem mais em sua pequena participação em “Invocação do Mal”. Mas o que mais decepciona é o desfecho. O roteiro optou por uma solução pouco impactante. Por fim e principalmente, o que se pode dizer é que a sensação que fica é que “Annabelle” foi feito apenas para tirar uma casquinha do sucesso de “Invocação do Mal”. Uma decepção que infelizmente semostra de certo modo facilmente esquecível e deixa-nos sem mais comentários.
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BRASIL
Indústria do entretenimento brasileiro cresce Com uma taxa de crescimento de 10,6% ao ano, Brasil se tornará o 7º maior mercado de entretenimento e mídia do mundo. Tomas Lima
U
m estudo divulgado recentemente pelo Sebrae mostrou que o mercado de entretenimento deve alcançar 71 bilhões de dólares no Brasil até 2017. A previsão é baseada no momento atual do país que tem ganhado visibilidade internacional por conta dos grandes eventos que receberá. O estudo apontou também que entre as áreas mais promissoras no cenário nacional, estão as atividades que envolvem o acesso à internet, publicidade e programas de TV que são responsáveis por 60% do faturamento da indústria de entretenimento no país. Hoje chegamos ao sétimo post da série: Por dentro dos nossos dados, que apresenta dados sobre a indústria de entretenimento que é caracterizada pela venda de diversão, arte e cultura. O segmento é o preferido entre os internautas, afinal, todo mundo gosta de se divertir! No último mês, mais de 51 milhões de pessoas acessaram com frequência sites com conteúdos relacionados a celebridades, humor, cinema, TV, música, tecnologia, jogos, notícias, ringtones e séries de TV. Perfil do público Diferente do que muitos pensam, o mercado de entretenimento não é dominado por adolescentes, a faixa etária mais representativa desta indústria é a de 25 a 34 anos (49%) e em segundo lugar os internautas de 18 a 24 anos (23%), os internautas com idades entre 13 e 17 anos ocupam uma fatia de apenas 3,55%. A maioria solteiros (57%) e pertencentes à classe C. Por se tratar de um tema que quase toda a população tem afinidade, a por-
centagem entre homens e mulheres fica bem próxima, eles ocupam uma fatia de 50,38% e elas 49,62%. Internet X audiência da TV Cada vez mais os brasileiros estão conectados à internet enquanto assistem TV, basta acessar canais como o Facebook e Twitter durante o horário nobre para saber que cresce a tendência de a internet influenciar na audiência da TV e vice-versa. Somando os internautas que navegam por sites relacionados à celebridades, TV e séries de TV temos um percentual de 75%, isso significa mais de 38 milhões de pessoas. Uma grande oportunidade para marcas alcançarem seu target em várias plataformas utilizando estratégias de cross media. Os brasileiros e os games O Brasil já o quarto maior mercado consumidor de jogos no mundo. De acordo com uma pesquisa divulgada pelo Ibope em 2012, as vendas movimentaram R$ 1,6 bilhões no ano passado, um crescimento de 60% em relação à 2011 e as expectativas de crescimento para os próximos anos são animadoras. A alta interatividade em multicanais está contribuindo para uma mudança no padrão de comportamento dos consumidores que cada vez mais se divertem intensamente com games, sejam eles de todos os tipos: consoles, sociais, online, de computador, mobile, etc. A grande participação dos brasileiros nas redes sociais também ajuda a criar um ambiente fértil para a disseminação de games, já que existe uma tendência natural de recomendação para os amigos. Diante
deste cenário, cresce também o número de empresas que investem em gamification (estratégias para engajar pessoas e empresas de maneira divertida), na prática instigar a cooperatividade e a competitividade dos internautas, o que estimula a divulgação, avaliação ou até mesmo captação de novos clientes para a marca. Dados do mês de julho, revelam que mais de 10,2 milhões de pessoas entraram em sites relacionados à games online e 3,7 milhões se interessaram em videogames. Do total do público, mais 1,3 milhões demonstraram intenção em comprar games. Dispositivos móveis Em julho, mais de 3,6 milhões de pessoas acessaram conteúdos de entretenimento via celular / smartphones, sendo 62% utilizando sistema operacional Android e 21% iOS. Quando se trata de acesso via tablet, o ranking inverte e iOS fica em primeiro lugar, com 77% o que representa mais de 1,9 milhões de pessoas, Android fica com 22% dos acessos.
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a d a s u b a a r i e l s i o s t a a r b m r V o T f A e d o ã ç a a t r d o e p s o im r i e g n e a d r t a d i es l a n i g i r o e d falta TV BRASILEIRA
s ptado a d a u so se pirado ntraponto s n i o co sã shows acionais. O Lima k l a t s tern ies e Laí Realit rogramas in e na ficção. c em p fortale
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va o pesquisador de seriados da Universidade Federal da Paraíba Marcel Vieira. No ar, The voice Brasil (TV Globo), A fazenda (Record) e MasterChef Brasil (Band) são apenas versões brasileiras. No caso dos realities shows, a adaptação é mais simples. “O formato é fácil de ser replicado, modelo de cotidiano e competição. Cria uma lógica dramática. Traz para o espectador uma audiência contínua”, complementa Marcel. Normalmente, as emissoras investem em atrações de sucesso, com experiências em quatro ou cinco locais e já com segunda ou
terceira temporadas. “Partindo desse princípio, é menos arriscado apostar num formato consolidado”, justifica o diretor de conteúdo da Band, Diego Guebel. Diz ele: a tendência é, cada vez mais, importar modelos internacionais para a TV brasileira. Em atrações como A hora do faro (Record) e Domingão do Faustão (TV Globo), quadros estrangeiros também aparecem recorrentemente. Além do peso, exibido no Programa da tarde (Record), é adaptação do argentino Cuestión de peso. No Programa Silvio Santos, algumas pegadinhas são importaMONTAGEM
J
á dizia o apresentador pernambucano Chacrinha: “Nada se cria, tudo se copia.” A frase, de fato, reflete a televisão brasileira. Em tempos de globalização de conteúdo, a expansão de TVs por assinatura e serviços de streaming realçaram a percepção comparativa dos telespectadores. Qual é a melhor versão? A brasileira ou a norte-americana? Isso é plágio ou uma homenagem? Questionamentos do gênero se tornaram mais constantes nas redes sociais. Nem as novelas, marcas da TV brasileira comercializadas mundo afora, driblam as associações. E embora a produção da teledramaturgia seja forte, não se pode dizer o mesmo de programas de entretenimento, como realities ou talk-shows. Faltam produções originais. A lógica de importação de produtos sempre foi a mais comum no Brasil. O modelo de negócio de TV funciona através da compra de formatos. “Temos uma tradição de fazer pouco formato. Não tem nenhum reality genuinamente brasileiro. Todos são baseados nos de fora”, obser-
As versões norte-americana e brasileiras do The Voice são alvos de comparações nas redes sociais.
TV BRASILEIRA
das. Israel, Holanda, Reino Unido e Estados Unidos são os maiores exportadores de conteúdo. O contraponto da originalidade se fortalece na ficção. Antes, a teledramaturgia se restringia à TV aberta. Agora, séries brasileiras dividem espaço com enlatados norte-americanos na TV paga. Avenida Brasil, Da cor do pecado e A vida da gentelideram a lista de produções mais exportadas - respectivamente, para 130, 100 e 98 países. Mas até os folhetins utilizam referências de fora. “A coisa da cópia ganhou essa atenção por causa da patrulha digital”, pontua Marcel. O caso recente foi a homenagem a Breaking bad (disponível no Netflix), feita pela novela Geração Brasil, com uma reprodução idêntica do personagem Salamanca. Até entender a reverência, o público “exigiu” uma explicação. Antes da estreia de Dupla identidade (TV Globo), os internautas já detalhavam as semelhanças com a série irlandesa The fall (BBC). Em entrevistas, a autora Glória Perez disse ser fã do seriado. No caso do SBT, a ficção também explora a fórmula de importação. A emissora exibe novelas latinas ou produz versões brasileiras de folhetins internacionais, como Chiquititas e Carrossel.
Em talk-shows O apresentador David Letterman, que se aposenta em 2015, e Jay Leno, já aposentado, são responsáveis por estabelecer um DNA de programas de entrevistas na TV norte-americana. O Programa do Jô (Globo), o mais antigo talk-show do país em exibição, remete às atrações de fora. A fórmula de bancada, sofá, banda e humor é replicada no The noite (SBT) e Agora é tarde (Band). Os dois se assemelham aos programas de Jimmy Fallon e Jimmy Kimmel. Logo quando estreou, o Encontro com Fátima Bernardes foi comparado com o programa apresentado por Oprah Winfrey, um dos rostos mais conhecidos dos EUA.
MONTAGEM
Na ficção A série Sessão de tera-
pia (GNT) é adaptação brasileira da israelense BeTipul, mas a terceira temporada teve roteiro original. O TNT anunciou que adquiriu os direitos para outra adaptação israelense, a série Allenby. A versão se chamará Rua Augusta. Além de remakes, as inspirações em cenas de novelas não passam despercebidas. Avenida Brasil e Revenge, série norte-americana, abordaram temáticas próximas: a vingança de uma mulher devido à morte do pai. Assim como Geração Brasil, que homenageou Breaking bad, a série Sexo e as negas faz referência explícita a Sex and the city no título.
O formato norte-americano, com bancada, sofá e caneca, é replicado em talk-shows brasileiros.
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uas perguntas foram feitas para Igor Sacramento, pesquisador de séries de televisão da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo em que importamos muito, não exportamos programas, à exceção de novelas. O que falta para o Brasil se fortalecer no mercado? Acho que mais investimentos. O Brasil, no cenário internacional, ainda mantém uma lógica muito subserviente. Exporta, sobretudo, aquilo que marca a televisão brasileira - a telenovela -, mas vem se mostrando incapaz de contar com uma indústria televisiva forte em outros setores e gêneros. É preciso sair dessa zona de conforto, do costume de apostar em ciclos de exportação, o que marca o modelo econômico do Brasil historicamente (pau-brasil, cana, ouro, café, soja). A exportação das telenovelas carrega ainda essa lógica colonialista. Você acredita que o modelo de importação é mais vantajoso financeiramente? Sim, é. No entanto, a busca não deve ser pelo lucro. Acredito que deve haver políticas públicas e consciência do mercado em ampliar a formação de profissionais aptos para criarem produtos diversificados para o Brasil. É preciso fortalecer a indústria cultural brasileira em diálogo com os formatos e produtos internacionais. Mas não podemos ter uma relação de subserviência. Precisamos ser capazes de produzir programas de televisão tão ou mais interessantes do que os que importamos. Dezembro 2014 • 21
COLUNA
Em cena
Desordem e despejo Bailarina do século XIX é resgatada com vida dos escombros do teatro paulistano Welington Andrade
S
egundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, Marieta Baderna foi uma dançarina italiana que esteve no Rio de Janeiro em 1851, provocando um “certo frisson” em suas apresentações. Seus admiradores eram chamados de “os badernas”, e assim então a palavra acabou incorporada à língua portuguesa, significando não somente uma situação em que reinam confusão e bagunça, mas também “divertimento noturno; boêmia, noitada”, dentre ainda outras acepções. Foi em torno dessa figura cuja trajetória é fascinante, embora um tanto quanto obscura – Marieta Baderna teria se interessado pelo lundu dançado pelos negros nas ruas do Rio de Janeiro e incorporado alguns passos desse gênero de forte apelo sensual às suas apresentações, escandalizando a elite conservadora e escravocrata que frequentava os teatros – que a atriz Luaa Gabanini concebeu a performance BadeRna. Um happening que funciona ao mesmo tempo como protesto e como réquiem. A companhia de teatro da qual ela faz parte está em vias de perder sua sede em razão do implacável processo de especulação imobiliária por 22 • Entretenimento • nº 0
que passa a cidade de São Paulo. Nas duas últimas décadas, a capital paulistana assistiu ao surgimento de um expressivo número de grupos que têm ajudado a revitalizar o teatro brasileiro por meio da condução de pesquisas muito consistentes e da realização de processos de trabalho pautados pela ousadia e pela inventividade. Se pudéssemos apontar de modo geral quais são as preocupações comuns de todos eles, certamente dentre as mais relevantes estará a relação tão profícua estabelecida com a cidade. As novas companhias de teatro de São Paulo não montam seus espetáculos seguindo a lógica do circuito do entretenimento. Antes, elas estão dispostas a fazer com que o teatro reencontre sua antiga vocação de arte pública, urbana, cosmopolita, política, enfim. Não à-toa, o helenista francês Jean-Pierre Vernant declara em Mito e tragédia na Grécia antiga que a tragédia ática surge no século IV a.C. como um poderoso instrumento por meio do qual a cidade de Atenas está disposta a tomar a si mesma como objeto de suas reflexões. Ocorre, entretanto, que a cidade que deveria abrigar tais coletivos está, literalmente, desalojan-
do-os de seus locais de trabalho. A performance de Luaa Gabanini trata do doloroso processo de expulsão do grupo Bartolomeu de sua sede no bairro da Pompeia (enquanto este texto está sendo concluído, não se conhecem ainda os desdobramentos da ação de despejo de que eles estão sendo alvo) por meio de uma articulação de sentidos entre passado e presente, que é a marca das criações da companhia, aliás. O fato de a atriz ter ido buscar uma figura tão transgressora como a bailarina italiana que entendeu rapidamente que a vivacidade da cultura brasileira estava nas ruas, de posse dos negros, já atesta o ponto de vista adotado. Os escombros em que se transforma o espaço da representação falam por si sós. E ainda reforçam um sentido ironicamente involuntário. Cada Pompeia produz as ruínas que lhe cabem. Seja por cataclismos naturais, seja por catástrofes político-econômicas. A cena do improviso de ideias é de uma pulsação cômica estonteante, sendo conduzida pela atriz com perfeito domínio do tempo, bastante acelerado. Arrebatador é o poema “Americabadernaterraavista!”, de autoria de Claudia Schapira (cuja habilidade no trato com a língua portuguesa, em todos os seus textos, é notável), que conduz a atriz a uma intensa dramaticidade, desdobrada na belíssima coreografia apresentada ao final, quando ela dança ao som do hino nacional brasileiro. Nesse momento, cada passo da intérprete se converte em um impasse, disposto a reverberar um corpo trágico, cômico, patético. Como se Marieta Baderna tivesse vindo visitar pessoalmente a sede do grupo para aumentar ainda mais a sensação de desordem que reina no local. Já que, por enquanto, a única ordem ali é a de despejo.
COLUNA
REPRODUÇÃO
Curtindo um som
Norueguesa Annie estréia com pop puro e animal Sandra Assis
O
álbum de estréia da cantora e compositora norueguesa Annie, “Anniemal”, é muito pop - muito mesmo - no melhor sentido da palavra. “Anniemal” (BigBeat, 2005, ainda sem previsão de lançamento no Brasil), traz 12 faixas (incluindo uma intro) das mais acessíveis, impecavelmente bem produzidas e mega grudentas músicas. Além dos botões e teclados que Annie manuseou na feitura do álbum, a produção conta com a ajuda de Richard X, o produtor e DJ finlandês Timo Kaukolampi, e de Svein Berge e Torbjörn Brundtland, dupla mais conhecida como Röyksopp. A produção do álbum segue a linha de um electro pop bem dançante e, embora não seja lá muito original, a combinação da produção crocante com as batidas ligeiras e a voz de gás hélio da loira de 27 anos é irresistível. Há refrões com platitudes como “sinta a batida do meu coração” sem que isso soe banal.
Pelo contrário, quando Annie canta com sua voz fininha e agudíssima o mencionado refrão, com uma batida de indie rock bem acelerado, soou tão fresco quanto da primeira vez que ouvi Madonna cantando “Holiday”. Se você não se lembra como era, ouça agora Annie cantando “Heartbeat” em alta ou em baixa velocidade. É o som da juventude. Madonna é uma forte referência para Annie - e qualquer pessoa que transita no universo pop pós anos 80. A primeira produção de Annie, “Greatest Hit”, lançado em longínquos 1999, foi feita em torno de um sample da música “Everybody” de Madonna. Annie tinha apenas 5 anos quando Madonna lançou “Everybody” em 1983. Foi essa música, lançada pelo selo independente Tellé na época, que levou Annie para o além das pistas de Bergen, cidade onde mora. A faixa fez sucesso na Europa e fez a imprensa especializada prestar atenção. Junto
com Röyksopp e Kings of Convenience, Annie era destaque da cena independente de Bergen. A música “Greatest Hit” é uma parceria com o Tore (Erot) Kroknes, um dos fundadores da Tellé. Kroknes era produtor e parceiro de Annie e morreu de uma doença no coração em 2001, com apenas 23 anos. “Greatest Hit” está no álbum “Anniemal” em sua quarta versão remixada pela dupla Röyksopp. Ouça “Greatest Hit” em alta ou em baixa velocidade. Com o novo sucesso, “Bubble Gum”, em parceria com Richard X, Annie chegou para marcar o seu território, não só nas pistas, mas também nas FMs. Ouça em alta ou em baixa velocidade. Richard X é também o responsável pela produção de duas faixas no álbum de estréia de outra menina dourada do pop atual, a M.I.A. Annie tem anos de estrada como agitadora e DJ da cena independente de música de Bergen. Comanda o seu próprio clube, “Pop till you Drop”, junto com seu amigo, o produtor finlandês Timo Kaukolampi. Kaukolampi dá uma mão em nove das 11 faixas do álbum. Ouça parceria Annie/ Kaukolampi na faixa título do álbum, “Anniemal”, em alta ou em baixa velocidade. Vale uma visita ao site oficial, que dá uma idéia de quem é Annie. O site é bem atualizado, traz muitas caras e bocas da moça - tudo em pink, preto e branco. Aproveite a visita e baixe grátis uma versão remixada, estilo N.e.r.d.s., da faixa “Always Too Late”. Dezembro 2014 • 23