Urrar, falar e cantar

Page 1

conseguimos!

mas com que org達o? H ilto n P ra do Antonel l i Mais de 1.400 vozes administradas


pimenta

Realização:

comunicação apimentandoideias.com

comunicação

or

|M

ath eu sJ ere Ma ra s| mi rtin as Oc s Fo tav rtu io na Au to gh us to

APIMENTANDO IDEIAS

Vit

te de

tu rti Pa

Ilu

str aç

õe

ão re ç Di

Re

pimenta

s|

Ar

iov |G ão vis

cu xe

ra E

ito Ed

Au

to

r|

Hil

ton

Pra

tiv a|

do

An ton elli Am an da Pim

en tel an na Pa na zzo llo

APIMENTANDO IDEIAS

Todos os direitos reservados A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais. (Lei no 9.610). Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Hilton Prado Antonelli Antonelli, Hilton Prado. Urrar, falar, cantar / Hilton Prado Antonelli. – 2014 Rio de Janeiro, RJ : Hilton Prado Antonelli, 2014. 128 p. : il. color. ; 20 x 20 cm. ISBN 978-85-917633-0-6 1. Voz. 2. Canto. 3. Técnica vocal. 4. Pseudo-aparelho fonador CDD 780 © Hilton Prado Antonelli, 2014

pimenta

comunicação APIMENTANDO IDEIAS


URRAR, FALAR e CANTAR

conseguimos! mas com que orgão?

Hilton prado antonelli

Voz é um dom; Canto é arte, talento; Impostação e Fonação é uma ciência, Pura conscientização!


foto: arquivo pessoal

Hilton Prado e Julie Joy em: oh! que delicia de show | rede Globo - RJ

4


APRESENTAÇÃO A princípio, a ideia era escrever uma autobiografia como cantor, ator e apresentador, evidenciando fatos pitorescos e feitos inusitados. Confesso que houve várias tentativas incentivadas pela minha família, amigos e produtores que acompanharam minha carreira. Mas, de tantas incertezas sobre a validade dessa autobiografia, me questionava: “Ela seria realmente interessante para futuras gerações ou apenas vaidade?”. E ainda chegava a pensar: “Para os que assim procederam, valeu a pena?”. De tanto vacilar, chegava à triste conclusão de que a inexorabilidade do tempo colocava esses fatos e feitos um tanto distantes da atual geração. O intuito de relatá -los seria como fazer um paralelo daquela época com o mundo tecnológico de hoje, ou seja, mostrando que um dia nós dirigimos carroças, que os programas de TV não eram gravados, ou ainda, que os discos eram gravados em acetato. E finalmente, concluindo que foram necessárias essas passagens para se chegar à geração espacial eletrônica e digital, num mercado globalizado, competitivo e com o progresso tecnológico fantástico de hoje. Confesso! Não estou arrependido de não ter escrito minha autobiografia. Ao contrário, o bom senso e a paciência me detiveram e me surpreenderam. Após 36 anos como profissional da voz e, paralelamente, mais de 20 como preparador e administrador de vozes, percebi que ao disseminar meus conhecimentos conquistados ao longo destes anos, eu já estaria obrigatoriamente falando sobre a minha carreira, minhas experiências pessoais e tudo o que tinha funcionado ou não quando precisava utilizar minha voz. Dessa forma, espero conseguir com este livro, harmonizar a necessidade de contar como nasceu o método, onde está alicerçado, como foi desenvolvido e como é praticado. 5


depoimentos Ailto Comino Antonelli Hilton Prado Gallo Conheço e admiro nosso querido autor há 43 anos. Desde a origem, como Ailto Comino Antonelli, um auto-didata. Na meia-idade, como Hilton Prado, um cantor lírico que enfrentou em múltiplos idiomas uma multidão de espectadores na majestosa plateia do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Aquilo, para mim, será sempre inesquecível: como pode uma voz, sem microfone, junto com uma orquestra e coro de dezenas de integrantes fazer-se ouvir naquele mais alto assento do balcão superior? Como é possivel cantar no limite da sua respectiva extensão vocal por 3 atos consecutivos, sem perder a força, sem perder a voz? Que técnica é essa? Que método é esse? Esses e outros mistérios, parafraseando o autor, fruto de uma evolucão da raça humana, será cirurgicamente desvendado nesta obra que tive o prazer de ler. Não menos importante - e para os íntimos - o Gallo! Aquele ‘explicador’ apaixonado pelo canto, pelas músicas, pelas vozes, pelos seus alunos, que vibra, incentiva, anima e dedica grande parte do seu precioso tempo para transmitir essa vasta experiência acumulada na sua extensa trajetória artística. Vida longa ao meu mentor e querido pai, Hilton Prado Antonelli. Leonardo Antonelli _________________________ Antes de tudo um amigo. Profissional da amizade. Dedicado aos amigos e a carreira. Trabalhei com incontáveis artistas, poucos com a garra de Hilton Prado. Cantor, ator, apresentador, professor, em todas essas atividades um traço comum: competência! Com todos esses méritos, formou também uma família bem-humorada e vitoriosa. Tenho imenso prazer e alegria em fazer parte da turma que o admira, meu caro Hilton! Mauricio Sherman Diretor de televisão da Rede Globo 6


Hilton Prado é um grande artista, dos mais completos intérpretes que conheci ao atuar nos palcos brasileiros. Conheci sua versatilidade e talento aplaudindo-o, ainda muito jovem, na maravilhosa montagem carioca de “Alô, Dolly!”, ao lado de Bibi Ferreira. Não apenas por seus dotes como ator, mas sobretudo pela rara beleza do timbre de sua voz. Sua presença cênica é sempre marcante. Assim, vinte anos depois, quando assumi a Direção Artística do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, foi que o contratei, com total convição de que faria um grande sucesso, para o difícil papel do Barão Scarpia da ópera “Tosca”, de Puccini, onde ele certamente faria brilhar a sua sofisticada personalidade interpretativa. Ainda mais que ele iria contracenar com a soprano Suzana Dennis, que havia vencido o Concurso Internacional de Canto que ocorreu naquele ano no Rio de Janeiro, onde eu era presidente do corpo de jurados. Avaliei que seria maravilhoso ouvir o encontro dessas duas belíssimas vozes, para deleite da plateia carioca. E foi um enorme sucesso! Parabéns pela tua brilhante carreira, amigo! E muito obrigado por seguir nesse magnífico trabalho de preparação de jovens talentos. Que os teus alunos encontrem, dentro deles, a realização de suas próprias perfeições e, através de seus ensinamentos, meu caro Hilton, atinjam a correta vibração dos harmônicos que conduzem ao êxtase de suas existências. Com admiração e a amizade de sempre. Fernando Bicudo Presidente da Associação Brasileira de Artistas Líricos _________________________ Trabalhar, conviver, conversar, fazer uma aula de canto com o professor Hilton Prado ou simplesmente ouvi-lo cantar, tem sido uma das experiências mais eletrizantes, enriquecedoras e agradáveis que eu tenho tido o privilégio de experimentar. Hilton transmite um otimismo intransponível, movido pela certeza do sucesso que decorre do empenho, inspirado por uma inabalável confiança nas potencialidades humanas, motivado pelo conhecimento que se adquire através da troca de experiências, descobertas, dúvidas e certezas. Com incomparável objetividade Hilton Prado desenvolveu um método orgânico de conscientização vocal, que generosamente transmite em aula aos seus milhares de alunos e agora, com a preparação do seu primeiro livro, desdobra-se em transmitir o resultado de seus quarenta anos de trabalho e de estudos para facilitar a vida das gerações futuras, rompendo velhos tabus, desmistificando alguns dogmas, mostrando caminhos viáveis e acessíveis a todos para o bom uso da voz no canto e na fala. Hilton Prado reúne em si a sabedoria do veterano aliada à alegria do principiante. Mariozinho Telles Ator, diretor e produtor. 7


fotos: arquivo pessoal

ao lado, no musical evita e abaixo, elenco hello dolly no teatro jo達o caetano

ao lado, opereta viuva alegre. rede globo

8


dedicatória Quero começar esta dedicatória de forma singular e totalmente diferente do que se costuma observar. Meus primeiros agradecimentos são a origem! Pela maneira que tudo orbita em minha mente, com grande profusão de imaginação e observações, por vezes, com excessiva criatividade, não poderia escrever essa dedicatória de outra forma. Muitas vezes ouvindo pessoas homenageadas, sempre era evidenciando a gratidão dirigida somente às pessoas que orbitam ao seu redor, que o ajudaram, e, tiveram a paciência de “aturá-lo”. Em meu caso, quero agradecer à origem. Sim, ela é de importância visceral. O porque disso, fica claro quando penso na minha existência e das pessoas que fizeram parte e deram início à minha família. Sou de procedência humilde. Com necessidade de ajuda mútua, familiar, para que tivéssemos acesso aos aspectos mais importantes: instrução, alimentação, saúde e lazer. Diante de tanta adversidade que se contrapunha à vontade de evoluir culturalmente, não posso deixar de agradecer às minhas origens. A todos os meus ancestrais que não tive o privilegio de conhecer, devido circunstâncias óbvias, mas que devo reconhecer que, por conta da magia da vida, a germinação de duas sementes (espermatozóide e óvulo), que se dera há milhões de anos, no início da minha fascinante jornada genealógica. E que mesmo com os entraves inerentes ao tempo, conseguiram chegar até mim, saudando-me com genomas de grande criatividade, o que tornou possível todos os feitos imagináveis e inusitados em minha vida profissional. Genes estes que se perpetuam! E nada mais natural do que homenagear seis de meus predecessores, com os quais tive o prazer de conviver, e, que influenciaram diretamente na formação de minha personalidade. São eles meus avôs maternos, Leonardo e Anna; paternos, Pietro e Ninna e, meus queridos pais, Durvalino e Aurora Cristina. Se a caminhada foi árdua para eles, a minha, por mais desafiadora, foi emocionante, gratificante e maravilho 9


sumário 19 Introdução 111 117 121 123 125

Conselhos úteis O canto ao alcance de todos Considerações finais dicionário bibliografia

23

43

A descoberta do pseudo-aparelho fonador

35 10

A descoberta e a aplicação do método

Pressão subglótica o método

49

diafragma e resppiração correta


61 57

Voz de peito, falsete e voz infantil

A Impostação é física ou vocal?

71

77

95

A genética do talento

Fonação lírica e popular

87

Vibrato, nasalização, afinação e fenômeno

103

Relaxamentos, alongamentos e vocalizes

Minha caminhada artística

11



cap 01

pseudo aparelho

A descoberta do

fonador


glândula tireoide

pulmão

laringe

corpo humano

e seus principais orgãos

diafragma coração fígado

intestino grosso

estômago intestino delgado

c

onfesso que me deixava intrigado esse tal órgão vocal que mencionavam em todos os livros que li. Ao mesmo tempo, em consulta aos livros de anatomia e fisiologia humana, nunca conseguia vê-lo e entendê-lo como algo palpável tal qual o coração, pulmões, fígado e outros órgãos, com funções específicas, próprias e importantíssimas para nossa sobrevivência. Então comecei a estudar.


Quando procurava as tais cordas vocais, sempre me deparava com o esfíncter-glótico, na altura da garganta (orofaringe), abertura que naturalmente se fecha a fim de impedir que líquidos e sólidos caiam para dentro de nossos pulmões, no ato da deglutição. A anatomia da glote é composta por dois lábios (esfíncter glótico), onde se desenvolveram as pregas vocais, que receberam o pseudônimo de cordas vocais, por produzir som.

glóte e suas lâminas

onde se encontram as pregas vocais cartilagem TIREOIDE glândula TIREOIDE

osso HIOIDE epiglote

base da lingua epiglote

glote pregas vocais cartilagem aritenóde

TRAQUEIA


No instante seguinte da percepção da imitação, nascia a grande malandragem universal, o ser humano passava a utilizá-la como um ardil, uma armadilha, para não só atender a sua necessidade de sobrevivência como impulsionar a sua própria evolução. A partir dessa primeira experiência, o homem primitivo passou a observar todos os sons a sua volta, de animais a eventos da natureza, e assim, voltou a imitá-los, desta vez, de maneira consciente e racional, para atrair suas presas ou espantar seus predadores. Mas o intrigante é que através desta primeira observação, eles passaram a aplicar a técnica da observação e imitação em tudo a sua volta. Por exemplo na caça. Observando os animais, suas maneiras de caçar, a utilização de garras e bicos, começaram a induzir a produção de objetos cortantes também para sua proteção, provando a frase que diz: “No mundo nada se cria, tudo se copia”. Hoje, podemos conjeturar que Julio Verne ao observar a baleia, pode ter sido inspirado em seu 1º submarino. Ou que Ícaro, com suas asas querendo imitar o vôo das aves, acabou em um ato tresloucado que não foi em vão! Pois, induziu mais tarde a Santos Dumont e os irmãos Wright na idealização dos primeiros aviões.


Você deve estar se perguntando: mas, o que a teoria da evolução e a criação de armas, submarinos tem haver com a voz? A resposta é que sem o acaso da descoberta da voz e sem a cópia ou consciência da imitação, nada teria evoluído até os dias de hoje. Ou seja, o canto não poderia ter evoluído se não tivéssemos referências de outros cantores que apontassem os caminhos para aperfeiçoar esta ação.


a explicação, sem o porquê desses subterfúgios e sua necessidade de utilizá-los, obviamente, não alcançarão qualquer objetivo douradoro. Destaco abaixo algumas dessas pinçadas de pessoas que se utilizavam da pressão e apoio glótico para induzir a consciência na superação das notas agudas: • Balançar os braços ao lado do corpo no compasso do vocalize e, na nota aguda que se pretendia alcançar, elevá-los até a altura dos ombros, e arremessá-los com violência para o chão, flexionando, simultaneamente, os joelhos e o corpo a fim de alcançar e dar firmeza à nota desejada. • Com uma almofada entre a cabeça e uma parede, procurar pressioná-la na execução da nota aguda, para obter maior firmeza. • Não posso deixar de registrar a pose secular no gesto do soprano e suas mãos com os dedos entrelaçados, abaixo de seus seios fartos, em forma de gancho, tencionados, uns contra os outros, para dar maior firmeza e coragem na emissão das notas agudas. • O mesmo sucedia com os tenores em sua postura tradicional, a mão apoiada sobre o piano ou segurando quaisquer apetrechos cênicos (espada, castiçais, mastros, etc.), na contemporaneidade, posso salientar os roqueiros e suas guitarras, microfones e pedestais para dar apoio (inconscientes) nas notas agudas. Daria para escrever outro livro sobre essas e outras artimanhas. Sem duvida, sempre houve de ambas as partes (alunos e professores) certo comodismo por tudo que anteriormente fora conquistado no canto. Era só seguir as regras e inventar alguma coisa a mais que facilitasse o apoio glótico – sem qualquer outra preocupação. Imaginemos uma pessoa que canta, sem muita sensibilidade rítmica e musical (passível de treino e aprendizado) e que, auxiliada por outra, que possua os quesitos que lhe faltam, possa até cantar a contento quando orientada com a voz guia.


9 // CANAL YOUTUBE

youtube.com/urrarfalarecantar seção // CAPÍTULOS DO LIVRO vídeo 2 // Pressão subglótica

Vídeo do exemplo do balão Tempo: 02:42

Essa mesma pessoa, com a guia auxiliando, se tiver que cantar a mesma música em um tom mais agudo, além de não conseguir, causaria um desastre. Sem o apoio glótico não teria como sustentar e aumentar sua extensão vocal e fatalmente estaria se esforçando para alcançar as notas, desafinando e, enfim, acabando com sua voz. Complementando, ainda que nascesse com essa pressão, alguns deixam de utilizá-la, outros a utilizam sem ter consciência. Aqui pretendemos resgatar e dar consciência desses valores a quem nasceu com eles e os utiliza. Para melhor compreensão da pressão subglótica, retenção do ar (intratorácico) e a movimentação das pregas vocais, eu recorro sempre à ajuda de uma bexiga(9), muito utilizada em festas infantis. Tal objeto se assemelha a um órgão vocal. Uma vez cheio de ar, contraímos e distendemos o bico do balão com a ajuda das pontas dos dedos de ambas as mãos. Distensão e contração vão produzir sons agudos e graves. Eis a maneira mais aproximada de mostrar o papel da glote nas emissões sonoras. No balão, a sua base seria o diafragma, o ar retido, o corpo. Na frente: músculos abdominais. E atrás: os dois grandes dorsais. Nas laterais estão os intercostais (costelas flutuantes), representados pelas palmas e dedos de ambas as mãos. Na parte superior do balão, podemos imaginar o pescoço e no topo (onde se sopra) representando a glote (pregas vocais), utilizaremos os dedos polegares e indicadores para sua movimentação. Neste exemplo, não vamos ter nem os ressonadores (cabeça e suas cavidades) e nem os formadores dos fonemas (boca e seus elementos). Ao enchê-lo com o ar, o corpo do balão insufla e sua base é, automaticamente, apontada para baixo, assim como o diafragma, e seu centro tendínio, empurrando as vísceras, concomitantemente, fechamos com os dedos, esticando as bordas da boca, presumidas bordas do esfíncter glótico, a fim de impedir que o ar escape.


salto de 3a, 5a e 8a

12 escala arpejada a

12a escala arpejada

para o falsete (antes do extremo com a voz de peito), mesmo com a quebra sovocálico peito/falsete nora audível. Qual não foi minhaMovimento surpresa? Após alguns meses –já Feminino conseguia vocalizar em toda extensão sem quebrar na passagem, principalmente, quando conservava a pressão na volta dessas escalas (do falsete para a voz de peito). A princípio me exigia muita atenção ao bloqueio do ar na base dos pulmões (costelas flutuantes), para que eu conseguisse uma execução das escalas mencionadas (subindo e descendo), uniformes, controlando a pressão, sem perdê-la, extensivaMovimento vocálico peito/falsete – Masculino mente à movimentação das pregas vocais. A falta de atenção implicava na quebra da voz na referida passagem para o falsete, ficando assim muito audível, dificultando uma boa percepção auditiva. Dentre as várias formas de execução para os exercícios vocalizados, a de boca fechada (bocca chiusa) era a que mais favorecia o controle glótico, utilizando-se da ressonância nasal, emitindo o som com a expressão – HUMMMMMMM. A vogal u é uma das mais indicadas, pois ajuda a evitar o relaxamento das pregas vocais provocada pelas vogais mais claras, que exigem abertura horizontal (lateral) da boca. Sempre procurei sentir onde o som se forma em seu nascedouro, nas pregas vocais, na glote, na garganta. Tentava dominar esta saída por entre as pregas vocais, de início, (sem qualquer preocupação com beleza sonóra) sempre usando pouco volume vocal e com atenção dobrada na pressão intratorácica, pois sem ela não é possível sentir e controlar as pregas vocais e a sensação de estar controlando a produção sonora e com ar. Sempre ouvia muito um de meus nove professores. O comentário mais relevante foi do colega de profissão que se tornou professor, o saudoso Alfredo Colosimo, que sempre mencionava, já em seu final de carreira: “hei de reconquistar esse lugarzinho em minha garganta que sempre me deu grande satisfação para a emissão dos agudos”. E o interessante é que o Pavarotti também mencionava em entrevistas que não se podia magoar a garganta (pregas vocais) e assinalava o tal ‘lugarzinho’, porém sem especificação anatômica ou fisiológica. Hoje, pelo menos para mim, anatômica e fisiologicamente posso falar desse tal ‘lugarzinho’. Que nada mais é que um ponto ou espaço, consciente, produzido por entre as pregas vocais sem perder a pressão intratorácica ou


12 // CANAL YOUTUBE

youtube.com/urrarfalarecantar seção // capítulos do livro VÍDEO 04 // Vocalização

Aluno executando Tempo: 04:11

o apoio glótico, similar a tensão com as mãos e os dedos que serviu como exemplo na bexiga. A sensação ao descobrir o tal ‘lugarzinho é a de sentir o som sendo produzido sobre a glote (em cima da glote), e não nela, de forma que sempre apoiada no ar retido, sem qualquer interferência ou impedimento e com total controle, para que a consumação do ato seja completa na emissão vocal. Sei que parece confuso o entendimento (por escrito) dessa ação. Muito mais fácil quando é demonstrado pelo instrutor e por referências de alunos que conseguiram essa forma de emissão vocal, ou mesmo, ouvindo cantores que a utilizam (conscientes ou não) com a emissão correta. Apesar de difícil de transcrevê-la, existe outra forma de sentir o tal ‘lugarzinho’, prosseguirei tentando com outro exemplo. Com a boca fechada, inspire pelo nariz, retenha o ar, procure uma nota com a glote no grave de peito, baseando-se nos gráficos abaixo, emitindo um som nasal utilizando-se das consoantes H e M e a vogal u - HUMMMM, continuamente(12). Com o som conseguido, inicie no grave alongando-o (legatto, ligado) ascendentemente aa, 5aa e imóvel a salto até o agudo (uma oitava da nota inicial), conservando salto dedea 33laringe , 5 e 88a e sob pressão. Automaticamente, o som vai terminar na região de falsete. Repita essa ação em movimentos rápidos e curtos até conseguir uma sonorização agradável, fluida e fácil ao prolongá-lo até a nota mais aguda, sempre sob pressão! O próximo passo é repetir o mesmo movimento vocálico e terminar fazendo uma coroa. Ou seja, ficar segurando o som obtido na nota mais aguda atingida (na região de falsete), sem perder a tensão. Com esse exercício é que consigo sensibilizar meus alunos 1212aa escala escala arpejada arpejada a descobrir o falsete apoiado que, na realidade, é transformado em voz. Com essa ação sob tensão, o falsete será emitido com apoio, ao passo que sem o apoio o ar se esvairia e obviamente o som agudo resultaria solto sem apoio.

falsete feminino falsete masculino

h u m.m m m m m Movimento vocálico peito/falsete – Feminino Movimento h u m – Feminino h u m vocálicoh u mpeito/falsete

m

mm Movimento Movimento vocálico vocálico peito/falsete peito/falsete –– Masculino Masculino h u m.m m m m hum hum hum


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.