segue o baile \ rodrigo rosm
segue o baile
© segue o baile \ romance © rodrigo rosm © editora casa 27 _
coordenação editorial isabel cristina mendes conselho editorial andré lisboa bernardo martins ian raposo natália mansur consultoria literária natália natalino orientação guto lins + julieta sobral texto & imagem rodrigo rosm projeto gráfico rodrigo rosm tiragem sob demanda casavintesete@gmail.com _ 1º edição. 2018
segue o baile \ romance
rodrigo rosm
segue o baile \ romance
1. prĂŠ - carnaval
08 - 53
2. carnaval
54 - 85
3. pĂłs - carnaval
rio de janeiro_brazil
86 - 121
@tarm1
1. pré-carnaval a educação do jovem caio a. o jovem casal b. a família de caio c. a casa - unidade espacial pedaços da cidade-corpo d. bloco de rua e. personagens da rua f. obras e intervenções visual content g. largo do curvelo - santa teresa h. prédios e fachadas - santa teresa i. tiradentes / bar do nanam
segue o baile \ pré-carnaval
a. o jovem casal A educação do jovem caio é uma preocupação latente para Fernando e Daiana. Muitas e muitas vezes Fernando fica furioso com o funk pornográfico do vizinho da frente e o teclado melodioso do vizinho do lado esquerdo. Fernando é taxista, fica o dia inteiro ouvindo rádio mpb FM 90.3. Daiana tem uma tatuagem de borboleta no ombro esquerdo. Se preocupa com a saúde da sua avó, Dona Zefa. Paulo se preocupa com plano de saúde do irmão, Carlos. O aluguel não pode atrasar. Mas a grande preocupação de toda a família é a educação do jovem caio. Período de férias uma criança de 7 anos saudável e sem amigos precisa ter suas horas do dia preenchidas, esse é o trabalho de Daiana enquanto Fernando roda pela cidade; o espaço reduzido exige criatividade, uma casa de 2 de dois cômodos, uma televisão 8-9
e cozinha externa, improvisada ali numa varandinha onde ficam os entulhos domésticos. Dona Zefa mora logo abaixo. caio joga videogame enquanto a comida fica pronta. Fernando gosta de comer cuscuz, aquele amarelinho com carne seca e muitas vezes esquece de descer o lixo. Dona Zefa não gostou do novo corte de cabelo de Fernando. Ele se defendeu sorrindo: Isso aqui é corte de camelô ! Dona Zefa1 reiterou sua posição: ficou feio... ridículo. não sei como Daiana aguenta… Daiana não aguenta mais, as vezes não suporta e pede para começar tudo novamente. Confessou tudo para sua avó, ela sabe de tudo. Paulo é encostado, trabalha escondido como mecânico e deve a conta de educação do jovem caio: a. o jovem casal
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1. Dona Zefa é a grande tutora da família e todas as decisões passam pelos seus ensinamentos de vida.
luz. Vira e mexe deixa recados escritos em folha de caderno na janela da sua mãe, Dona Zefa. Fernando mente para Daiana, moram todos muito perto. *** Daiana pede para que caio calar sua boca por alguns minutos. Esses dias Fernando saiu para pescar, trouxe sardinhas frescas, ótimas iscas; Daiana fritou sardinhas e serviu cervejas na quarta-feira à noite. Ele é flamenguista doente e quase nunca fica em casa. Carlos colecionava passarinhos, hoje alimenta os pombos na praça do Largo do 10 - 13
Curvelo. Fernando conhece toda cidade do Rio de Janeiro. Grajaú, Madureira, São Conrado, Benfica, Pechincha, Rocha Miranda, Muzema, Taquara, Campo Grande, Belford Roxo, Duque de Caxias, Santo Cristo, Vila do João, Tabajara, Nova Holanda, Urca e mais um pouco. Sempre tem fome e sono. Daiana prepara vitamina de banana e leite enquanto Dona Zefa brinca com o jovem caio no tapete da sala. Paulo é viciado em jogos. Fernando se preocupa com o carro. Daiana assisti programas de culinária toda manhã; de segunda à sexta. Quase não sai de casa. Postinho, Farmácia, Parquinho, Mercado, Banco… Fernando não gosto do tom da voz de Paulo; caio adora seu tio Carlos. Carlos deu um urubu de plástico para caio brincar. O urubu é uma ave da classe dos Abutres e apesar de ser flamenguista Fernando educação do jovem caio: a. o jovem casal
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@sncsncsncsnc
não gostou do presente, dentro de poucos dias deu um sumiço no objeto. Ele mesmo não dá presentes. Salvo aquele dia em que trouxe enroladinho de salsicha para todo mundo. Comprou lá no “Freguesão” da Lavradio; toda família comeu, custava apenas 1 real cada. Daiana gostou; não precisou esquentar o jantar… 12 - 15
b. a família do jovem caio O menino come na velocidade que se atravessa o sinal. Daiana comprou alcátra no Mundial, caio chora quando Dona Zefa sai para trabalhar, antes de sair sugeriu que cozinhasse cenoura, batata e inhame. Fernando gosta de purê de batata e linguiça de calabresa. Quando não almoça em casa, pede um prato feito no Boteco do Janela, Gomes Freire, 176, Lapa. Daiana guardar as compras. Comentou que se tive mais dinheiro compraria cerveja. Acho que tem muita água na panela disse Dona Zefa. Daiana não pode parar. Paulo ajudou o vizinho carregando parte da mudança; caio queria brincar com as outras crianças. educação do jovem caio: b. a família
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Fernando disse: Não estou nem pouco de bobeira. Legumes e Carne são um luxo. Está ótimo ! c. casa - unidade espacial ambiente urbano carioca - LAPA e adjacências: Ambulante Camelô Tia do Podrão Taxista Menor Bonde de Menores Segurança Apoio 14 - 17
Bêbado
Morador de Pensão
Doidão
Trabalhador Braçal
Folião
Transeunte comum
Trabalhador da Noite
Transeunte do supermercado
Tribos Urbanas : skatistas, ras-
Transeunte da faculdade
tafaris, punk, gays, góticos, ati-
Transeunte do metrô
vistas sociais ect .
Transeunte da padaria
Gringo
Transeunte da yoga
Gringas
[...]
Dono do bar Morador da área
***
Recepcionista de Hotel Flanelinha
Lugares e Estabelecimentos :
Cachorro do Morador de Rua Bicheiro
Botecos
Puta
Bares
Travesti
Sinuca
Gostosa da SmartFit
Bar sem sinuca
Mulata 40°graus
Febarj
Malandro de elite / traje clássico
LaPaz
e sapato branco
Lapa 40°
Malandro contemporâneo /
Padaria
vodka + oakley + thugnine
Farmacia
Vendedor de Miçangas
Lavanderia
Dono de Sebo
Bares Gourmet
Livreiro
Antiquário
Novinha do funk
Papelaria
Pixador
Livraria
Grafiteiro
Igrejas
Grafiteiro Residente
Ladeiras
Morador de Rua
Escadarias educação do jovem caio: c. a casa
Marcenaria
Rua Joaquim Silva
Club
Rua do Teatro
Hotel de 0 a 5 estrelas
Rua do Senado
Academia
Rua da Relação
Hostel
Rua do Ouvidor
Sebo
Rua dos Andradas
Bibliotecas
Rua Rosário
Instituições educacionais
Rua do Mercado
Prédios icônicos
Rua Senador Pompeu
Prédios clássicos
Av. Rio Branco
Vilas
Av. Passos
Cortiços
Av. Primeiro de Março Av. Presidente Vargas
***
Av. Marechal Floriano Ladeira do João Homem
Ruas e Praças :
Rua Camerino Rua Sacadura Cabral
Praça Pessoa
Rua do Jogo da Bola
Praça da República
Rua Acre
Praça Tiradentes
Rua Benjamim Constant
Praça da Cruz Vermelha
Rua da Quitanda
Praça Pio X
Rua Bueno Aires
Praça XV
Rua da Alfândega
Rua Riachuelo
Rua Frei Caneca
Rua Gomes Freire
Rua Caldas de Campilho
Rua da Lavradio
Rua da Constituição
Rua Luís Camões
Rua Paula Matos
Travessia das Belas - Artes
Rua da Lapa
Rua do Rezende
Rua Visconde de Paranángua
Rua dos Inválidos
Rua Taylor
Rua Mem Sá
[...] 16 - 19
*** Casa pequena; 3 cômodos e 1 área externa; Sala / Cozinha; 2 quartos; Uma televisão grande na sala. educação do jovem caio: c. a casa
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@rasrosm
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d. blocos de rua Vou por ali. não por aqui. sigo o fluxo em direção ao metrô da cinelândia, mas eu não vou de metrô. vou caminhar até a praça sentar em algum banco e narrar determinados fatos que passam pela minha cosmovisão 2. No caminho, após atravessar à rua sem pressa observo mais adiante três indivíduos. Logo na frente um homem debilitado e de roupas sujas remexe todas as latas de lixo, enquanto o bicheiro da rua arruma o dinheiro da saída das 14 horas. O homem debilitado parece não encontrar nada do seu interesse e dá uma cusparada no chão. Enquanto estava com o olhar disperso na figura do bicheiro, um dos três indivíduos sorriu na minha direção e educamente com um sotaque tão agudo que logo reconheci ser um irmão africano, forçosamente apadrinhado pela língua portuguesa. Ele me pediu para tirar uma foto dele e seus amigos em um smartphone de pedaços da cidade-corpo: d. blocos de rua
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2. Cosmovisão: (cosmo+visão) Sistema pessoal de ideias e sentimentos acerca do universo e do mundo; concepção do mundo.
média qualidade. Sorriso de quem venceu uma batalha ou de quem chegou a um ponto da jornada não - imaginado. Perguntou - me da Farofa Carioca, dos sambas de Cartola e Noel Rosa … - Onde posso dormir com segurança junto de meus amigos ? - Pensão Santa Helena - Largo do Farinha - Avenida Marechal Floriano. - Temos pouco para pagar, irmão. - Certamente irá identificar uma placa de madeira com o escrito “quarto p/ rapazes” em cima do boteco do Farinha. - O que fazem na Grande Rio ? ou melhor o que os trazem a cidade maravilhosa ? 20 - 23
- Temos ouro e prata. Nesse momento já comecei a pensar sobre o qual seria a nacionalidade daqueles três indivíduos. E talvez eu não pudesse mais pensar sobre aqueles homens como simples fetiche literário de um escritor em formação. Quais seriam os nomes e procedências desses três homens vendendo ouro e tirando fotos do centro do Rio de Janeiro, bem próximo ao Theatro Municipal. - E tu o que faz para viver, irmão ? - Transformo material bruta em artefatos refinados e pólidos. - Como as pedras de Serra Leoa ? - Mais ou menos… são todos feitos de papel. O bloco vai passar, aceitam uma cerveja de milho ? - Acabamos de chegar, irmão… infelizmente não há tempo para tal pedaços da cidade-corpo: d. blocos de rua
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folia que vocês tanto fazem nesse período do ano, sei que a cidade está cheia e vamos primeiro em busca de um abrigo. Outro indivíduo do grupo puxou seu smartphone de média qualidade do bolso e disse: tem facebook ? ficamos conectados por lá ! O terceiro indivíduo do grupo não esboçou nenhuma reação, nem abriu a boca, parecia nervoso ou talvez nem falasse nossa língua. Após a troca de contatos eles seguiram minhas coordenadas para chegar na Pensão Santa Helena, continuei caminhando até a praça. Nunca mais eu veria esses homens, apenas receberia notificações no ciberespaço de seus passeios turísticos pela cidade. ***
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Sentado num banco verde eu vi o bloco passar, observava esse breve acontecimento que tanto distorcer à normalidade dos acontecimentos citadinos. Havia poucos indivíduos naquele cortejo… > daqui a pouco é carnaval. E naquele mesmo dia, acabou que avistei de longe Valentina, nem tão longe assim, ali na Joaquim Silva, popular rua do reggae, pé dos arcos da Lapa. Foi tão próximo que pude ouvir sua voz. Por sinal, que voz forte e particular. Como em outras situações, só continuei no meu passo contido para o objetivo estabelecido. Tal voz e fala contundente agiram com magia para transformar um encantamento inicialmente imagético em algo que ainda não sei descrever, sua dimensão ainda não pode ser aferida. Talvez fosse o momento para uma apresentação presencial, sem “likes” gratuitos. Acho que seria bem recebido devido pedaços da cidade-corpo: d. blocos de rua
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às circunstâncias. Ou não ? - Prazer, Rodrigo Rosm ! *** Pode-se conhecer um homem pelo seu lixo. Ou seja o excremento da sua produção enquanto cidadão que vende horas da vida para acumular/obter papel-moeda e adquirir artefatos industrializados e comercializados por todo o globo. Artefatos configurados por profissionais especializados em estética, neuromarketing e ergonomia informacional, e ao mesmo passo que produz, consome, produz para consumir mais e entope as veias de gordura. Uma massa corpórea de tecido adiposo e rançoso; acumula sacos plásticos e componentes inorgânicos pela casa.
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e. personagens da rua Praça vazia, como não há comida não existem pombos, apenas seres moribundos enrolados em sacos plásticos. Gargalhadas de uma bruxa de desenho animado. O senhor grisalho com passo rápido parece correr atrás do ponteiro do relógio. Um grupo de 5 jovens vestidos iguais, passam pelo Largo de São Francisco de Paula gritando e chutando latas de lixo, enquanto isso, um deles registra tudo em formato mp4 no seu smartphone de alta qualidade. O ponto de táxi está vazio. No prédio mais alto, no andar que não consigo aferir, uma senhora com cabelos na cor de algodão doce observa os indivíduos de aparência suspeita: 1. Barba e bigode ralo. boné de aba reta. camisa de time. oakley e chinelo kenner; pedaços da cidade-corpo: e. personagens da rua
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2. Bigode Fino. Curativo acima do olho esquerdo. Boné Rosa e Pólo de Número. A senhora da janela acaba de preencher as cores dessa caricatura. As luzes do apartamento começaram a piscar em intervalos irregulares. Não havia mais algodão doce. A praça estava vazia. O barulho da bicicleta enferrujada conversava com o ritmo da britadeira no outro quarteirão. A cidade está em obra. E parece que está rolando samba ali na esquina, o mulato está rindo à toa. > são androgenias carnavalescas ! O colchão já não é tão confortável como um meio fio e uma caixa de papelão dobrada. Há momentos em que o som, na forma de música e 26 - 27
ruído, pode ser percebida como massa. Ou seja, densidade volumétrica no espaço, código sonoro legível pelo sentido da audição. Essa massa é constituída de componentes, a massa é um arranjo duro, sólido, mas disforme. Não gera incômodo no abrigo de papelão tanto quanto o vapor agudo do portão de ferro abrindo, rasgando os ouvidos. Ali, no espaço delimitado por grades azuis e preços em laranja se mede o tempo de veiculos motorizados em repouso. Incômodo gera movimento. O samba, gritos e olhares aglutinam-se e formam a massa já comentada, que por se dizer onipresente encerra-se em algo comum caminhando para o banal. O agudo sobrepõe e rabisca a massa, causa movimento. Inércia improdutiva nunca deve ser entendida como repouso. O olhar segue atento às luzes piscando... no banco ao lado o companheiro cruza as pernas e coça à cabeça. Talvez esteja pensando em movimentos constantes e predeterminados pedaços da cidade-corpo: e. personagens da rua
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para conquistar o repouso de uma espreguiçadeira na região dos lagos. As aventuras são necessárias, são vapor agudo na massa sólida de acontecimentos predeterminados. Daqui a pouco é carnaval ! O amigo do banco ao lado desapareceu nas ruas do centro da cidade; outro com camisa nos ombros e barriga de choop, sabe que não precisa ter pressa de nada ou medo do carro preto que vem com farol baixo. Ainda bem que daqui a pouco é carnaval e o samba está a cada dia mais presente nessa massa disforme. O barulho de badaladas na igreja contrapõe-se ao da tampa solta do bueiro solta que geme. A senhora com cabelos ruivos flamejantes dar voltas no monumento histórico acompanhada de seu cão pequinês. Lobita, bela cadela que fica nos pés da dona enquanto bebe chá de ervas e folheia o jornal metrô do dia anterior. Nada mais afetuoso do que uma xícara de chá quente numa noite fria. É provável que viva no edifício maior onde as 28 - 31
luzes piscaram em intervalos intermitentes. Havia um club ali, acho que era o 75, requinte e fronhas aveludadas. Atenção ao homem de cabeça baixa e mãos rápidas. > Daqui a pouco é carnaval ! Aquele colchão de solteiro foi avaliado como confortável para algum morador de rua atento. Nesse período do ano atenção é a palavrachave, o barriga de choop ali está ciente de tal máxima. A hora do dia determina seu grau de elevação... sempre em ponto de urgência, pois virar na próxima esquina pode não ser a melhor escolha. O ritmo é outro. O samba tem outra sintonia. A luz apagou... mas amanhã é tudo novo “dinovo”. Os pombos e taxistas estarão presentes, homens e mulheres, o rastro de papelão rasgado, a fila de motorizados no pedaços da cidade-corpo: e. personagens da rua
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Largo São Francisco de Paula. Braços cruzados, bolsas coladas no corpo, mãos nos bolsos e passo apressado. > Daqui a pouco é carnaval ! *** Insert - [ Na praça tiradentes está localizado o club 25, na calçada do centro carioca de design, após uma pastelaria chinesa: uma mulher de meia idade apenas de calcinha toma uma assusto após receber uma encomenda do motoboy, dava para saber que não era de comer, nem beber… ninguém iria perguntar. ]
*** 30 - 33
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Em determinado ponto da curva3 me sinto próximo do chão e logo pedi para ficar ali mesmo, no acostamento seguinte. O mototáxi não entendeu nada e só me deixou por ali mesmo no Catumbi. Eu estava com medo do asfalto quente e áspero, por alguns segundos eu imaginei minha pele sendo arrastada por aquela superfície, dois corpos espalhados no túnel Santa Bárbara entre os carros em alto velocidade, eu sentia essa dor. Paguei e segui andando sem direção, as luzes dos carros me deixava atordoado, estava sobretudo cansado, não queria subir a pé, nem mototáxi e não tinha dinheiro para um táxi confortável em bandeira dois. Já passa da meia noite. Continuei caminhando no contrafluxo dos carros e eu não tinha consciência da minha confusão mental, não conseguia agir com segurança, caminhava errante talvez esperando uma resposta na próxima curva. Eu sentia medo do mundo. *** pedaços da cidade-corpo: e. personagens da rua
FOUCAULT
3. É na curva, na dobra, aonde há o corte, que algo diferenciado acontece alterando nossa percepção do mundo, elencando nossas práticas discursivas. Sobre esse efeito: o desdobramento como questão de método, ver : FOUCAULT, Michel. A Arqueologia do saber. rio de janeiro : Forense, 1986.
Fábio Santiago. Itabuna, Bahia Somente um olho. O outro foi perdido anos atrás. Vive no meio dos animais, dorme à noite em um pequeno mezanino nos fundos do aviário ali na rua do teatro, perto do IFCS. Pombas brancas, galinhas pretas, aves de todo o tipo em gaiolas fazendo barulho dentro uma loja comercial e uma luz no fundo. Foi nesse dia que eu conheci o Fábio. Na mesa, um prato raso com resto de farofa e linguíça de churrasco. Fábio tem parte da barba branca, não mente e tem objetivos diários. Lembrou que Itabuna não é só terra do cacau e dos caudilhos. Há também belas praias e terreiros de candomblé. 32- 33
Um cigarro marlboro vermelho na orelha e camisa retrô da seleção alemã, reparei também que tinha uma garrafa de cachaça na mesa, ele gosta da “granfina”, cachaça barata com tampa que serve como dosador. Após algumas doses o baseado já estava no final. - É o último tiro ! Entre uma dose e outra, Fábio confessou que tudo aquilo parecia assombroso. Fantasmagorico e citadino. *** Insert - [ Trabalha na madrugada sob efeito de entorpecentes, principalmente cocaína e passa dias sem dormir, não desliga a televisão. A luz do abajur sempre fica acesa na mesa ao lado da cama. pedaços da cidade-corpo: e. personagens da rua
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A hora de trabalho será recompensada com outras horas de lazer ou de mais trabalho. ] A rua fede; a praça inevitavelmente é um depósito de pessoas, cada gole de cachaça serve de estímulo para o homem sem destino. Domingo tem feira na praça da Cruz Vermelha. E sempre aparece umas sacolas de frutas para os pedintes. Não há residentes, chega um, depois chega outro. Mochilas e cobertores garante o conforto possível entre os meios-fios e bancos. Crianças correm na praça… A senhora com dificuldades motoras, estava com muito calor no barraco e por isso resolveu dar uma volta com as crianças. *** Fernando convidou Daiana para ir à praia. 34 - 35
f. obras e intervenções Bar e Café continental República do Líbano com a Visconde do Rio Branco Uma placa informa: O melhor café da cidade Abro meu caderno de anotações, estava passando um filme do Kevin Costner na Temperatura Máxima; era um belo dia de domingo. Ao meu lado 3 trabalhadores da comlurb almoçam, um deles comentou: - Nunca passa um filme bom quando eu tô em casa. Eu tava namorando uma lasanha à bolonhesa, aí chegou um cara pedindo copo de conhaque de alcatrão, o garçom fez uma piada que pedaços da cidade-corpo: f. obras e intervenções
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não consegui escutar muito bem e cara começou a fazer uma longa explanação sobre a fórmula química da conhaque de alcatrão. Disse bem alto para que todos presentes no bar pudessem ouvir: - Isso aqui é ouro líquido da minha terra, não tem macho que goste dessa belezura. Ainda faz bem para saúde, meu bom. Vou te contar que lá em Santo Agostinho, no interior de Pernambuco, saem para mais de 30 mil garrafas por mês, negão. O negócio é bom demais... Deu um gole, bate o copo vazio no balcão pedindo mais um. Esse cara ganhou a atenção de todos presentes, eu fiquei uns 3 minutos ali pensando na escolha do meu prato e fazendo anotações sobre a longa história daquela bebida afrodisíaca. Acabei escolhendo um prato comercial mais baratinho, ainda era cedo e eu sabia que iria ficar muito mais tempo na rua e o dinheiro era curto; uns 10 minutos 36 - 37
“55”
depois do meu pedido o garçom trouxe para mim uma bela porção de carne assada com batata acompanhado de arroz e feijão. Fiquei querendo provar uma dose de conhaque depois da refeição, mas fiquei só na vontade… imagine só se fizesse todas essas coisas que ativam minha curiosidade. *** Rua da Quitanda nº 20 Não pareço suspeito. Os policiais passam sem se preocupar, falam entre si como se acabassem de sair do horário de almoço; as badaladas das igreja mais próxima marcam às 16h20. > Daqui a pouco é carnaval ! pedaços da cidade-corpo: f. obras e intervenções
CCBB
O casal de idosos passeiam de mãos dadas nas ruas do centro. Somente táxi e ônibus vazios; ali no alto mais uma tag do bonde “55”, os malucos são brabo! No final da Rua da Quitanda esquina com a rua São José há um mural imenso de pastilhas predominantemente azul. Não reconheci a assinatura, mais adiante outra tag do mano “Tarm” agora no primeiro pavimento. Um maluco vestido de Lanterna Verde passa remando para chegar na praça XV, segue na contramão pela Rua da Assembléia. Lembrei que precisa comprar aspirinas e açúcar. Amanhã será um dia de aventuras… Fui caminhando para biblioteca do CCBB, ainda tinha umas quatro horas de leitura. *** 38 - 39
Literatura Brasileira sobre a mesa : Aventuras - Rubem Braga O natimorto - Lourenço Mutarelli O cheiro do ralo - Lourenço Mutarelli Cadeiras Proibidas - Loyola Brandão A casa dos budas ditosos - João Ubaldo Ribeiro Gozo Fabuloso - Paulo Leminski Zero - Loyola Brandão
pedaços da cidade-corpo: f. obras e intervenções
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*** É difícil escrever sem medir palavras, seus caracteres e espaço na página, e principalmente seus significados etimológicos para determinado contexto de suas aparições. Falar sobre a dimensão das palavras em caderno de anotações é demasiado fácil, parece até brincadeira tal pretensão. De qualquer forma, mesmo sem todo aparato teórico multidisciplinar necessário para realizar esse exercício, julgo valiosa e merecedora de alguma nobreza reconhecer a força da palavra em estado sólido [ escrita ] e/ou na oralidade [ vapor ] como o principal meio de expressão e interlocução de coisas tão internas [ sentimentos ] e ao mesmo tempo tão banais [ esse texto ] ! _
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visual content: g. largo do curvelo - santa teresa
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visual content: g. largo do curvelo - santa teresa
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visual content: h. prĂŠdios e fachadas
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visual content: h. prĂŠdios e fachadas
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visual content: i. tiradentes / bar do nanam
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visual content: i. tiradentes / bar do nanam
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2. carnaval educação do jovem caio j. intervenção no relógio da central k. fernando entre o taxi e daiana l. a presença de dona zefa pedaços da cidade-corpo m. liberdade sexual n. o calor e o corpo o. ocupação do espaço público visual content p. praça paris q. ouvidor r. arcos da lapa
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j. intervenção no relógio da central As palavras também são sujeitas à lei da gravidade ? Em tempos de carne e osso. Ou melhor, de liberdade sexual e androgenias carnavalescas. Tudo é um escândalo; smartphones de todos os qualidades são escondidos próximos das genitais. O casal senta no banquinho da praça e contam juntos as notas de papel - moeda amassadas, as moedas também são lembradas. Outro bloco atravessa a praça tiradentes. A liberdade está onipresente em cada atitude. O camisa 10 ali pediu mais uma cerveja. A mulata sorrir. Entre uma vibração e outra chegam novas notificações: o crush ainda está no Catete. A passagem está cara demais, julgou que pudesse ir caminhando; os banheiros químicos, pequenas estações de plásticos moldado são espalhados pela cidade. Os porcos fardados não perdem tempo com os grupos de meninos desordeiros, preferem demonstrar serviço impondo suas ferramentas de trabalho de aço fundido e oferecendo informações detalhadas as meninas estrangeiras desorientadas no centro da cidade, ainda comemoram em gargalhadas os sucessos do plantão. Liberdade é que todos querem, o mestre de cerimônia reclamou do copo vazio.
educação do jovem caio: j. intervenção ao relógio da central
segue o baile \ carnaval Após ser pega pelo braço a menina declara sua insatisfação com ofensas neofeministas: - misógino de merda, sai daqui doidão ! Ele coleciona insucessos. Ela se aborrece até a sensação de urgência trazida por uma nova notificação:
via whatshap - ”encontrei zezinho aqui na Lapa, vou marcar um 10, toma aquela cerva de lei.” nome do contato - boyzinho Sorriu e guardou o smartphone na virilha esquerda, um grupo de cinco indivíduos com camisas amarradas na cintura caminha em direção ao Arco do Teles. Até que horas aquela garrafa tridestilada vai durar acompanhada de gelo e energético ? - Vamos colar pro Teles, meninas ? Eram quatro meninas, todos aplumadas e derretendo com seus cocares vermelhos; o mestre de cerimônia não parecia 100%. Estava tudo vermelho e meus olhos pegando fogo. O que não faltava era baseado, porém bolhas de sabão, saias de hula-hula, corpos de super-heróis da 56 - 59
marvel não garante nenhuma fantasia ! Homem em um sedan preto aponta para uma jovem que urinar nas próprias pernas; banheiros químicos não são confiáveis e os sotaques são a melhor coisa do carnaval. *** Chega um momento em que a liberdade gera exaustão física. Empurra-se caixas e caixas de isopor com enlatados e gelo escama. A exaustão para alguns é sinônimo de lucro: trabalho = obrigação diária. - Pega uma cerveja lá, piranha ! O ônibus 386 traz trabalhadores de Guadalupe para o centro da cidade. Solicitar ajuda é normal em tempos de carne e osso. Enquanto isso o rapaz já perdeu a conta dos insucessos. Ainda tem vodka e gelo. A lua cheia é um brinde a todas essas atitudes de liberdade. - Você não quer beijar ? tem que comer quem quer te comer, piranha. Ao passo que a noite avança, os goles e pedidos de educação do jovem caio: j. intervenção ao relógio da central
segue o baile \ carnaval cerveja e ganham um intervalo maior, hoje, toda família está na rua trabalhando: . dois adultos . três adolescentes e uma criança de colo. *** Passo de malandro, boné estilo schoolboy Q , nextel na cintura, t-shirt da Nike no ombro. Segue no fluxo, desaparece entre foliões igualmente fantasiados. No muro chapiscado uma declaração manifesta de afeto:
“ EU TE AMO, HUGO ” assinado G80. As vibrações cessaram. O táxi aguarda na porta do hotel; notícia boa vem à cavalo. O príncipe acabou de pedir uma cerveja: - Me dar um latão ! Ela nem falou nada, só arrumou os cabelos num gesto imperceptível e delicado. Olhou profundamente e sorriu levantando o rosto na direção contrária; jogou um charme para o príncipe mas ele não percebeu, era o ponto final. *** 58 - 61
segue o baile \ carnaval Daiana castiga caio por suas desobediências: - Chega de videogame, só faz merda… vou contar tudo para Dona Zefa. caio ficou choramingando na janela olhando para o horizonte. Na televisão o jornal de meio dia informa enquanto Daiana termina o almoço: “O tradicional relógio da Central do Brasil foi pichado na última sexta. A depredação foi ação de vândalos corajosos, a pichação dizia:
Nossa pátria está onde somos amados” Daiana correu para frente da televisão e sentou para ouvir todo bloco do jornal com rara atenção. O jovem caio ver o relógio da central todos os dias da janela da sala e contagiado pelo tédio perguntou para mãe: - O que é pichação, mãe ? Ainda chateada com seu mal comportamento recente, Daiana ignorou o questionamento do jovem caio, fingiu que não ouviu e voltou para os preparativos do almoço. Fernando ia almoçar em casa hoje.
educação do jovem caio: j. intervenção ao relógio da central
nossa pátria está onde onde amados
k. fernando entre o taxi e daiana Fernando não gosta que caio assista o besteirol televisivo do domingo à noite; Dona Zefa fez doce de jaca. Daiana se divertir com os amigas até altas horas da madrugada falando da vida; uma delas descobriu que faria 43 e não 45 depois do carnaval. - Errei a conta do meu ano de nascimento, acredita menina? [ risos ] Daiana comenta sobre o besteirol televisivo com Carlos. Durante o carnaval Fernando quase não parava em casa. - É o trabalho… preciso fazer dinheiro, Amor. É ano de olimpíadas !
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Daiana parece entender. Paulo ofende caio regularmente em tom de brincadeira: viadianho, bicha, boiola, homenzinho. Fernando acha que é o homem da casa. Refere-se a Daiana como sua mulher e solicita à obediência de caio. Daiana lembrou do convite para ir à praia. Eles não pretendiam ter outro filho. Já caio confessa que gostaria de ter um irmãozinho. Fernando reclama das contas para pagar; Daiana vende cremes e perfumes informalmente, é o dinheiro que lhe permite pouco de independência financeira, não precisa ficar pedindo para Fernando quando quer comprar suas coisas. Dona Zefa ajuda fazendo propaganda para suas amigas de trabalho falando sobre o benefícios e qualidade dos produtos Jequiti.
> Todos vivem muito próximos e sabem tudo de todos !
educação do jovem caio: k. fernando entre o táxi e daiana
segue o baile \ carnaval
@rasrosm
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l. a presença de dona zefa Dona Zefa é empregada doméstica. Sempre foi… muitas famílias, crianças e mesas diferentes servidas. Parece que cada gesto da sua existência é conduzido por um afeto que só uma mãe pode nutrir; caio não fala e retribui com abraços. _ Ralph Ellison, Nasceu em oklahoma e foi músico, antes de se tornar escritor desde 1936, escreve artigos, contos, ensaios. Seu principal livro, Homem invisível ganhou o National Book Award e o Russwurm Awards. Sobre o seu livro Homem Invisível ele disse: Eu sabia que poderia recorrer à rica cultura das histórias populares tanto quanto à do romance e, caso me sentisse inseguro quanto minha habilidade, sempre poderia improvisar com meu material tal como um músico de jazz faz seu tema atravessar uma explosão selvagem de variações. _ nota de rodapé: Praça da Cinelândia. O escritor e a cidade. Rodrigo Rosm e a cidade do Rio de Janeiro. Anotações sobre a paisagem informacional da cidade viva, seus signos e transeuntes. educação do jovem caio: l. fernando entre o táxi e daiana
segue o baile \ carnaval _ Aberrações Tipográficas - David Byrne a respeito da influência de David Carson : “ O improviso não será obrigado apenas a dar informação. Ele recebeu (ou tomou, nesse caso) sua liberdade. Não haverá volta. É o renascimento, a ressurreição, como uma coisa que não se reconhece à primeira vista. Se transformou em outra coisa.” _ - É carnaval ! _ lembrete: organização é a palavra-chave, rapaz! _ Em casa falando sozinho em voz alta : Não é brincadeira, é uma postura em relação ao modo de produzir: entende-se produzir como captar histórias/enredos, dados textuais e imagéticos, normatizar em publicações refratárias de conteúdos cuidadosamente elaborados. O nosso próximo passo é criar uma poupança, investir em ativos geradores de renda e comprar uma impressora. Casa27 vive !!! 64 - 67
m. liberdade sexual - Faço ele interinho ! A barata morreu pisoteada enquanto aranhas brigam próxima a praça Tiradentes. Nada demais, nem choca mais os transeuntes. É só um corpo estendido no chão. Toda hora de trabalho será compensada com outras horas de cansaço, a rua fede e a praça é inevitavelmente um depósito de pessoas, cada gole de cachaça serve de avanço para o homem … uma concentração de indivíduos que caminham sem destino. Sábado tem feira no Bairro de Fátima sempre aparece uns sacos de frutas para os residentes e pedintes. Não há residentes, um chega outro sai, depois outro chega; mochilas e cobertores garante o mínimo de conforto nos bancos e meios-fios. Crianças correm na praça da Cruz Vermelha. A senhora caminha com dificuldade. - Está calor no barraco, vou dar uma volta com as crianças ! Não se pode andar em círculos, busque sempre a linha reta e/ou diagonal. O homem dos sacos plásticos ataca novamente, sem registro de feridos. pedaços da cidade-corpo: m. liberdade sexual
segue o baile \ carnaval
- Eu moro em guadalupe ! *** Parece que não é a hora de dormir para alguns. É preciso confiança para acessar determinados espaços. Tudo isso dependem observações preliminares. Agora mais indivíduos chegam às mediações com mochilas e sacos plásticos. Aqui cachaça é água, compartilha-se doses num copo descartável. Novos pedaços de papelão chegam, foi bem rápido, chegou voando … - Beija minha mão, pretinho ! n. o calor e o corpo Insert - [ A luz acesa do abajur vermelho ] O que causa temor no folião de carnaval na rua: roubo de smartphones. Ali na praça da carioca, perto da Rio Branco, um grupo de menores organizam suas atividades. Aquela menina na sorveteria me lembra a Valentina, nem pela voz, mas pelo tom da pele e cabelo. No vidro da porta observo, não é Valentina. Mas é carnaval e os guardas municipais fiscalizam pessoas que fazem xixi na rua enquanto o rapaz rever suas mensagens em um smartphone de alta qualidade. O barulho peculiar das sirenes da PM provocam rebuliço na multidão, uns correm, outros se agrupam; todos sentem medo. 66- 69
É carnaval e os gestos de afetividade não são interditados. Neste carnaval nenhuma nudez foi castigada; corpos desnudos desfilam pelo vão do prédio modernista. O dia ainda é Azul ! É domingo de Carnaval e o ônibus 391 traz trabalhadores e foliões de Padre Miguel até a Praça Tiradentes: - Água, latão, skolbeats é 3 por 10. Enquanto smartphones de todas as qualidades são escondidos próximos das genitais, o temor geral é que o bloco acabe. Na outra esquina um integrante do bloco mistura de raças caminha no meia da multidão dispersa entoando uma frase desconhecida na sua cuíca solitária. O cheiro de fezes humana é quase onipresente na Lapa e adjacências. A bailarina purpurina não se incomoda com o mau odor, rodeada de suas amigas igualmente purpurinadas cantam um refrão batido do Raul Seixas: “ PREFIRO SER ESSA METAMORFOSE AMBULANTE” X 2 No bar mais próximo duas amigas bebem cerveja e relatam pequenos acontecimentos de suas relações conjugais do passado recente. Partilham da falta de companheirismo: - Ele era muito pornográfico, me falava coisas ofensivas na cama… As pichações são incisões sobre o tecido da paisagem urbana, não se preocupam com a ortografia, alguns afirmam que a intenção é a mãe da retórica. A multiplicação gera consistência ao discurso… Aquele nos oferepedaços da cidade-corpo: m. liberdade sexual
segue o baile \ carnaval ce o horário de sua intervenção. A noiva comemora com saltos e gargalhadas por ter encontrado a moça da pipoca. Tem doce e salgado. Grande e Pequeno. E atrás do Teatro Carlos Gomes um homem, que poderia ser meu pai, comenta com o pipoqueiro que nem todos conseguem vender bem no carnaval. A mercadoria >>> omelette, batata, maionese, tomate, queijo… é caro demais! - É triste ! *** A viatura passa e observa o indivíduo sentado na banco da praça. Um casal de mão dadas fuma seu baseado tranquilamente ! ! ! *** O carnaval é um sonho periódico, uma ilusão que se deflagra na consciência do brasileiro, dias de luto e manifestações cívicas são sobrepostas pela magia das marchinhas de Noel e compositores contemporâneos. As letras de funk exemplificam o que é o corpos reproduzem na Av. Primeiro Março. O suor, a libído, o calor, a alegria, o samba, a ousadia, o prazer e a promiscuidade. Tudo age como um refresco para cabeça, um antídoto temporário para anular o veneno chamado cotidiano. Os bonitos de corpo exibem suas conquistas. A regata estampa à seguinte frase: “ Que a sua inveja se transforme em massa muscular. “
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o. ocupação do espaço público Toda essa vista do largo do curvelo é muito prazerosa, a visão do mar e o repouso da nave arquitetônica criada pelo inventivo homem modernista [ Oscar Niemeyer ] criaram uma espécie de tatuagem no meu córtex. É uma imagem que sempre vou lembrar. Já aterro no a família pode desfrutar de dias ensolarados com tranquilidade, são 50 anos dessa obra urbanística monumental que redesenhou o espaço da cidade do Rio de Janeiro, a patroa preparou sanduíches, o moleque solta pipa e o sol é de todos. Embaixo da sombra porcos fardados confabulam sobre formas de financiamento, compra e venda de imóveis, um deles demonstram preocupação com a educação da filha. O narrador de rua balança no cipó da arvóre. Raizes longas e fortes de um lindo pé de jacarandá; gari elegante de óculos escuros cumpri sua tarefa com excelência. caio foi à praia. Esperou ansiosamente Fernando chegar para lhe contar sobre seu dia. caiu acabou caindo no sono. Um indivíduo equipado de uma bicicleta com sistema de som percorre toda extensão da Praia do Flamengo reproduzindo hits de Mc Katia, Mc Bin Laden e outras canções de ordem festiva.
- Unidos da Tijuca ou Beija-flor ?
pedaços da cidade-corpo: o. ocupação do espaço público
segue o baile \ carnaval
Fim de tarde. O sol vai ficando e o bola se mantém suspensa na altinha entre amigos. O Rio de Janeiro é fruto de um desenho geológico sem igual. Daqui posso observar o Pão de açúcar e a ponte Rio x Niterói. O gari elegante termina seu expediente. _ Em frente ao Hotel Novo Mundo, nordestinos de diversos estados confraternizam com futebol e churrasco numa segunda-feira que parece domingo. Acaba o primeiro tempo e o time de azul corre em direção ao chef churrasqueiro enquanto o goleiro do time verde reclama dos passes errados e gols perdidos. Ao fundo se pode ouvir o canto da cigarra. > Ainda é carnaval !
_ < oferecimento : carnaval da BOA > _ Sempre gosto de fazer percursos nunca feitos pela cidade, mesmo temendo o virar de cada esquina : GRAFFITE É ARTE NÓS É PIKA assinado SARAPO 70 - 73
Localização: Ladeira da Nossa senhora esquina com a Rua Russel, perto do Buraco do Getúlio. A família volta para casa depois de um dia de céu, sol e o mar ! Daiana reclama que Fernando trabalha demais. Fernando diz que é o momento de fazer dinheiro. - Eu preciso rodar, Daiana ! Paulo acorda cedo para passear com seu vira-lata chamado BAM-BAM. Carlos dorme cedo e acorda tarde. ***
terça gorda Algumas lojas abriram na Uruguaiana, vende-se camisas falsificadas, cangas de praia para todos os gostos, adereços carnavalescos e outros produtos made in China. Todos reclamam do calor infernal. O termômetro marca 37º. O sol forte faz a urina evaporar, no horizonte, é possível ver o calor se descolando do asfalto. Só queria encontrar minha irmã querida e falar da vida, fazer planos e tal. E enquanto eu reproduzia uma melodia de ART BLAKEY mentalmente um idiota passa com sua motocicleta barulhenta apontando o dedo médio para os transeuntes. O ponto está lotado, parece que todos estão no centro do pedaços da cidade-corpo: o. ocupação do espaço público
segue o baile \ carnaval cidade. Ainda é carnaval ! O observador de pequenas coisas do mundo está com fome e cansado. Dia cheio e longo deslocamento na cidade, é carnaval em toda parte e o boletim meteorológico informa que o calor intenso continua até domingo. Uma bola de fogo pouso na praia da barra e uma jovem temeu ser enterrada. *** Praça da Cruz Vermelha. Final da Terça gorda… quase meia-noite. Próximo ao monumento em homenagem à Ana Neri uma criança de aspecto saudável se refresca num balde cheio d’água. No chão, resquícios de uma churrasco improvisado, grelhas, pedras, cinzas, sorrisos e um baseado na roda. O marido se orgulha da mulher que escolheu para viver : - Essa mulher é phoda, só me dá papo do futuro. A Mangueira ganhou o estandarte de ouro pela homenagem aos 50 anos de Maria Bethânia, entidade do cancioneiro popular. Já a caninha da roça agrada todos presentes. Um grupo de homoafetivos vestidos de mulhermaravilha ocupam a praça. O amigo do banco ao lado rasgo o jornal MEIA-HORA, ele prefere as palavras-cruzadas ao sudoku e afirma: - Essa festa só acaba em outubro. As olimpíadas vão ser outra bagunça. *** A festa acabou, o povo sumiu, a noite é quente ! 72 - 75
visual content: p. praรงa paris
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@flipon
3. pós-carnaval a educação do jovem caio s. os tios de caio t. volta às aulas u. o futuro de caio pedaços da cidade-corpo v. purê de batata e divagações matutinas w. espaço urbano e trabalho criativo x. o futebol visual content y. praça da cruz vermelha z. aterro do flamengo z.z. relógio da central
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segue o baile \ pós-carnaval
s. os tios de caio Hoje de manhã a polícia prendeu o sujeito do quarto da frente. Não era criminoso, nem nada. Estudante mesmo, negócio de política. Estragaram o quarto dele inteirinho, rasgaram roupa, livros, farejaram armários. O vizinho olhou toda ação pela fresta da porta. Paulo comentou o ocorrido com o irmão. Carlos manteve sua atitude habitual de fingir interesse e esquece tudo em menos de dois minutos, nesse momento ainda estava concentrado assistindo um documentário sobre aves de rapina no NatGeo. - Que loucura hein, Paulo. Fiquei em casa o dia inteiro e não vi nada disso… Paulo é mecânico encostado e aficcionado em eletrônica, já Carlos é aposentado por invalidez, problema na coluna e adora animais. Um tio virtual e outro completamente orgânico, o que acaba por gera conflitos. A família inteira é mobilizada, mas a maior parte do tempo são irmãos que se respeitam e cuidam da saúde da mãe, dona Zefa. O conflito é inevitável. t. volta às aulas caio é privado de suas poucas diversões quando todos estão em casa. Fernando deu uma motocicleta de plástico, quebrou em poucas semanas; Daiana uma sunga; Paulo um jogo de videogame; Carlos um canarinho, que na verdade foi uma desculpa para começar novamente sua coleção de passarinhos; educação do jovem caio / pós-carnaval
a oportUnidade FaZ o ladrÃo oU o ladrÃo QUe FaZ a oportUnidade
Dona Zefa um caderno de desenho e lápis de cor. u. o futuro de caio - O ano só começa depois do carnaval, negão ! caio ganhou uma mochila dos Minions do seu tio Carlos e foi para seu primeiro dia de aula com seu caderno cheio de letras rabiscadas; escreveu seu nome de diferentes formas e tamanhos várias vezes no papel, logo seus cadernos foram vistos em sala, a professora fez comentários elogiosos e seus amigos tinham demonstraram apreço pela sua caligrafia. Em pouco tempo caio estaria coordenando um grupo de escritores de urbanos. A oportunidade faz o ladrão ou o ladrão que faz a oportunidade? 88 - 91
segue o baile \ pós-carnaval
v. purê de batata e divagações matutinas Valentina não foi vista ao longo da história. *** Acordei atribulado por um sonho suíço. Sonhei que estava na sala de convivência da Biblioteca do CCBB conversando com Karl Gerstner sobre pesquisa avançada, hipertexto, sistemas de grid e desenho universal. Um mestre e um mero estudante de comunicação visual. Karl, foi extremamente cordial e solícito, respeitando minha explícita dificuldade com a língua anglo-saxônica e respondia meus apontamentos com um português pausado e coloquial. Atento e encabulado com tal circunstância extraordinária, eu mal conseguia formular frases pertinentes; fiquei alguns minutos de cabeça baixa fazendo anotações recursivas em um caderno pedaços da cidade-corpo: v. purê de batata e divagações matutinas
karl gerstner
feito à mão chamado CAMILE. Karl, parecia entender minha posição de estudante empolgado e fazia digressões sobre escola de Ulm, racionalismo do design brasileiro, citando trechos e momentos da obra de Aloísio Magalhães, comentou sua obra EDITORAÇÃO HOJE publicada em 1975 e destacou o site organizado pelo instituto de memória gráfica brasileira [ www.aloisiomagalhaes.org ] com todo acervo do designer/artista/produtor brasileiro. Ainda falou sobre literaturas obrigatórias para o desenvolvimento de um pensamento visual integrativo, como um manipulador de signos, seu papel e função social: Art as Experience - Jonh Dewey /// Pedagogical Schetbook - Paul Klee /// Graphic Design Manual - Armim Hoffman. Karl, ainda levantou questões sobre as responsabilidades de um projetista gráfico. 90 - 93
E me fez uma pergunta: - você sabe o que é a navalha de Ockham ? Obviamente não sabia, ele também não me respondeu e pediu para eu leva essa questão como um objeto de pesquisa para vida. Enquanto afirmava: textos são discursos… uma música do t entrava na minha cabeça e aquele sonho clarividente e ao mesmo tempo incoerente por cruzar pessoas, dados e conceitos de espaços — tempos diferentes chegava ao fim. Eram seis horas da manhã e alguns minutos de uma segunda — feira.
A realidade é densa. pedaços da cidade-corpo: v. purê de batata e divagações matutinas
segue o baile \ pós-carnaval
A luz do dia ainda nem se fazia presente e eu observa a janela aberta e pensei (…) sagaz é o urubu que nas manhãs solares abre as asas para receber a energia vital do sol e seguir na sua labuta diária. E nas manhãs chuvosas olha fixo para o horizonte buscando um ponto seguro que lhe permita continuar seu ciclo. dia após dia ! Texto publicado no facebook em 19 de fevereiro de 2016. Era um dia nublado, cinzento recheado de afazeres e como exercício de descontração resolvi transcrever meu sonho da última noite. Fiz o cruzamento de frames do sonho com anotações das minhas leituras, havia passado um fim de semana inteiro na biblioteca do CCBB entre as seções de editoração, fotografia e comunicação visual. E nesse processo, acabei por reler esse texto inúme92 - 95
ras vezes, ia e voltava, muitas das citações acima são objetos de estudo que me acompanham sempre, são exemplos das minhas preferências sobre as coisas do Mundo. Porém, dois elementos narrados no texto “Divagações Matutinas’’ serviram para motivar o desenvolvimento de um projeto gráfico que desejo apresentar: 1. Navalha de Ockham é um princípio criado pelo frade inglês Willian de Ockham ( 1050–1120 ) que afirma que para explicação de qualquer fenômeno deve se aplicar a simplificação máxima das premissas necessárias para o entendimento geral do fenômeno, teoria ou hipótese. Ou seja, negar todas as pluralidades que não contribuam para a compreensão geral, valorizando a simplicidade e a síntese. Sendo assim, trouxe esse princípio para o conceito do projeto como uma ideia de recorte e filtragem. Conceito usado na Física e Química. pedaços da cidade-corpo: v. purê de batata e divagações matutinas
segue o baile \ pós-carnaval
2.O urubu é um animal que sempre me encantou pela sua imponência e sobre sua função na cadeia alimentar, além de ser o mascote do meu time do coração. Na frente da minha casa em Santa Tereza havia um ninho de urubu e por isso fiz essa relação no texto, sempre os observava e com passar do tempo acabei por gerar desenhos e anotações referente a esse animal peculiar. Avancei com uma pesquisa sobre a família das Abutres ( cathartidae ) e conheci mais sobre a figura mitológica do Condor para as comunidades Andinas. O Condor foi considerado uma divindade por todas estas civilizações. Para as tribos andinas, o Condor é uma ave sagrada, é conhecida como Kúntur entre os Quéchuas, Kunturi entre os Aymaras, Manque ou Alcaman entre os Mapuches ou Oyikil entre os Tehuelches. O guardião dos céus.
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Esse projeto gráfico foi iniciado com todo carinho e seu objetivo é explorar a presença do preto no reino animal, cruzando dados científicos, empíricos e abusando da minha intuição criativa. Agora na fase 1 ( da ideia ) onde ocorre o levantamento de dados e aprofundamento das particularidades da pesquisa. Meus objetos de estudo são o preto, a síntese gráfica e a mitologia andina. Eu não sei o que é esse projeto, como será sua forma, suas aplicabilidades e correlações, apenas identifico e acabo por registrar seus passos progressivos, sigo lendo, escrevendo e desenhando. Esse é o meu processo, sempre busco conexões entre minhas práticas e o trabalho. Adiciono, agrupo, recorto, redimensiono, edito, invento e arquivo. O projeto gráfico ainda sem nome e forma continua em construção, sigo trabalhando e usando o desdobramento como método criativo.
pedaços da cidade-corpo: w. espaço urbano e trabalho criativo
segue o baile \ pós-carnaval
w. espaço urbano e trabalho criativo O graffiti assume sua forma de arte da urbanidade, é uma manifestação inerente às megalópoles e cidades do mundo, tatuando as ruas com sua linguagem plástica e objetiva, explanando os sintomas e necessidades desse ser humano que caminha no espaço urbano. Como na Arte Rupestre, onde o homem primitivo expressava-se e desenhava sua rotina e seu ambiente social nas cavernas; a arte de rua é a modalidade que melhor expressa as características da contemporaneidade, interagir com o espaço urbano exprimindo os sintomas de uma sociedade complexa e desigual, onde há sempre paradigmas a serem quebrados. A estética do graffiti não impõe limites ou padrões apenas segue uma corrente de inovações e criações conceituais, e nesse pique de transformações o coletivo carioca sónacorreria [ SNC ] segue produzindo e experi96 - 97
mentando formas de expressão usando a cidade como suporte e matéria-prima para solidificação do seu trabalho. A SNC funciona como uma organização de criativos com objetivo de trabalhar uma linguagem visual que seja própria ao ambiente urbano e para isso, quatro artistas de vertentes diferentes ocupam e agrupam— se em torno de exercícios e práticas estendidas ao tecido tridimensional da cidade. TED + TON + TIÃO + KOSHA = SNC Cada qual com suas características alinhados por uma motivação maior: sentir-se vivo e atuante na sociedade a partir das ferramentas de comunicação proporcionadas pela prática artística. A rua é o palco para esses agentes sociais. Intervir sobre o tecido da c i d a d e é um processo de reconhecimento e co-habitação, pedaços da cidade-corpo: w. espaço urbano e trabalho criativo
segue o baile \ pós-carnaval
para intervir é preciso conhecer esse espaço, é preciso saber como, porque e o que executar, sendo assim estar e pintar na rua assemelha-se ao ato de habitar esse espaço. O trabalho realizado, seja ele uma pintura, adesivo, escultura e/ou intervenção, habita e reconfigura o ambiente escolhido, causa impacto e reações dos transeuntes. Nessa sobreposição de intenções reside a essência do trabalho coletivo da organização criativa sónacorreria. Não é possível falar sobre o trabalho desses indivíduos criativos sem lembrar da palavra movimento, implícito em todas as atitudes do coletivo, é possível observar esse movimento como deslocamentos no espaço, de um ponto ao outro, acompanhado de uma inquietação que sempre leva a descoberta. O fruto dessa atitude criativa está exemplificada nas jornadas realizadas pela crew com objetivo de pintar : Rio de Janeiro e adjacências, Brasília, Curitiba, 98 - 99
SNC
Recife, Olinda, Cidade do México, outros lugares e eventos pontuais já foram habitados por suas intervenções. Outra dimensão da palavra movimento está caracterizada pelas interações, relações interpessoais que esse movimento exploratório provoca, assim, encontros com outros produtores criativos geram o que podemos chamar de uma rede. E nesse cenário criativo de acontecimentos, TED + TON + TIÃO + KOSHA = SNC , são ao mesmo tempo protagonistas e coadjuvantes, pois essa cena é sustentada simples e unicamente pela troca e co-organização. Nesse sentido o prefixo coletivo pode ser ampliado para irmandade, atuam como uma espécie de família que só cresce e ganha força a cada passo dado. x. o futebol Fla x Flu - passeio de turista, paisagem que encanta qualquer um, é só parar e observar sem pressa, no tempo em que o vento bate pedaços da cidade-corpo: x. o futebol
O MUNDO GLOBAL VISTO DO LADO DE CÁ
na copa das árvores, no sobe e desce dos Teleféricos do Pão de Açucar. As diferentes intervenções arquitetônicas da paisagem da cidade - o prédio da Urca [ antiga TV TUPI ] lá no fundo; os prédios antigos da Glória; o agolmerado de tijolos do Santo Amaro; à presença vertical do prédio ladeaodo ao shopping RIO SUL. Tudo isso é uma encantamento para o olhar atento. localização: parque das ruínas - santa tereza *** PUC - Rio_ 2016.1 | Departamento de Artes e Design DSG 1411 - Design e a Expansão dos Sentidos | alexandre cantini Aluno : rodrigo rosm 100 - 101
Título: Uma outra globalização Para iniciar uma reflexão sobre o fenômeno da globalização trago para mesa o documentário “O mundo global visto do lado de cá”, organizado pelo cineasta Silvio Tendler, que discute as consequências do grande capital sob perspectiva das periferias do Mundo, os chamados subdesenvolvidos, a partir da obra do geográfo e intelectual brasileiro Milton Santos, que dedicou a maior parte do seu trabalho a essa reflexão. Santos criou o termo Globalitarismo para denominar a atual ordem mundial analisando esse fenômeno em três modalidades: 1. A globalização como fábula: o fenômeno visto apenas pelas perspectivas dos beneficiados pelo sistema e pelo enredo midiático conduzido por monopólios da comunicação; pedaços da cidade-corpo: x. o futebol
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2. A globalização como perversidade: o mundo como tal, a realidade nua e cru das relações interpessoais dilacerados pelo poder do grande capital; 3. A globalização como instrumento: o fenômeno visto de forma otimista, reconhecendo as ferramentas tecnológicas criadas pelo homem que possibilitam um caminho para uma globalização mais próxima das necessidades sociais, da dignidade humana e afastada da força perversa do grande capital. Sendo detectado essas modalidades do fenômeno da globalização sigo com a construção da minha breve análise convergindo pontos de interseção entre o texto, lido e discutido em sala, “globalização: consequências humanas” do autor Zygmunt Bauman, uma longa e 102 - 105
precisa reflexão sobre a compreensão do espaço/tempo provocada pela ação do grande capital em uma dimensão histórica, e o filme “Roger and me” do polêmico documentarista Michael Moore, que denuncia aspectos reais do capitalismo numa visão local e revelando as relações de classe na cidade de Flint, Michigan, Estados Unidos. Território - global x local O argumento de Bauman baseia-se em uma tentativa de tratar do processo globalizador revelando suas raízes e decorrências sociais.“Globalização é a ordem do dia”. Não há possibilidade de fuga, pensar sobre esse processo histórico é um exercício demasiado extenso, mas que merece nossa atenção justamente por suas implicações diretas na vida diária. Podemos até pensar nas Expansões Marítimas das grandes nações européias do pedaços da cidade-corpo: x. o futebol
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século XV como um movimento prematuro desse monstro hoje conhecido como capitalismo. O que motivou o empreendimento dessas grandes expedições era dominar e conquistar novos territórios com o intuito de obter mais matéria-prima e solidificar novos canais de distribuição de manufaturas; e hoje identificamos em nossas ações diárias esse movimento potencializado, os territórios são a grande matriz de controle e poder dominatório na atual ordem mundial. Ao longo do texto, Bauman, chega disserta sobre uma pretensa morte da geografia, considerando seus aspectos físicos e de entidades locais, e conclui com o termo “extraterritorialidade” para exemplificar essa mobilidade do capital em um Mundo sem fronteiras. E após ler o texto e assistir o documentário de Michael Moore, o termo e x t r a t e r r i t o r i alid a d e pode ser identificado em uma 104 - 107
situação real: o deslocamento da Empresa GM - General Motors da cidade de Flint e o consequente desemprego em massa. Ou seja, o documentário é construído em cima dessa relação extraterritorial do grande capital, que se movimenta desconsiderando fronteiras e principalmente as inúmeras pessoas que tinham suas vidas diretamente ligada à empresa, que especificamente no caso Flint, grande parte da história desenvolvimento econômico estava atrelado à presença da Empresa. Milton Santos observava as “empresas como um centro frouxo do mundo, que atuam sem responsabilidade social e moral, sobretudo.” Michael Moore revela as entranhas de uma cidade em declínio. O deslocamento das atividades da GM tiveram como consequência o desmoronamento da principal fonte de renda da população, toda uma classe de operários têm suas vidas diretamente induzidas pelo movimento do capital. O olhar crítico de Moore concentra-se pedaços da cidade-corpo: x. o futebol
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justamente no caráter impessoal da mudança e também sobre como esse movimento empresarial é apresentado à população por meio dos veículos de comunicação. E fica evidente que essa mobilidade só pode ser acessada por alguns poucos indivíduos. Nova velocidade da comunicação Se não há fronteira para capital, para informação atualmente não há nenhum tipo de restrição ou impedimento .“A informação agora flui independente dos seus portadores”. Hoje, os canais estabelecidos de comunicação tem ferramentas de distribuição nunca vistas na história humana. E como no caso do grande capital, essa informação está monopolizada na mão de uma elite que conduz 106 - 107
o pensamento de uma maioria. A expressão “massa de manobra” serve para demonstrar tal ação perversa; os meios de comunicação tem o objetivo de alinhar e condicionar as pessoas para reproduzirem determinados comportamentos.“Roger and Me“ é uma crítica contundente ao “american way of life “ , um conjuntos de hábitos sociais impostos através da mídia para que o cidadãos americanos se alinhassem a um estilo de vida padronizado, onde somente o acúmulo de capital fosse o principal objetivo da vida. Hoje podemos falar do neuromarketing como ferramenta científica que atua para potencializar esse processo de formação do cidadão-consumidor. Os aparelhos da mídia são capazes de alienar e assim conduzir para um comportamento perene no caminho escuro até o buraco da existência humana esvazia de valor moral, apenas o valor material é reconhecido como mérito.
pedaços da cidade-corpo: x. o futebol
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Luta pela dignidade humana O documentário sobre a vida de Milton Santos também apresenta algumas movimentações em torno do globo, que revelam alternativas que visam construir uma nova ordem mundial, a partir do trabalho comunitário e ação conjunta. O documentarista Silvio Tendler percorreu cidades periféricas como México, Bogotá, La Paz, Rio de Janeiro e Buenos Aires para revelar um lado altruísta de todo esse sistema de dominação. É possível ver o quanto essa luta é covarde e que esse empreendimento precisa de muito mais apoio e engajamento de grande parte da população. Lutar é o verbo de ordem. *** > O carnaval acabou e sol também; chove na cidade maravilhosa ! 108 - 111
visual content: y. praรงa da cruz vermelha
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visual content: y. praรงa da cruz vermelha
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visual content: z. aterro do flamengo
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fonte: mapa - memória da administração pública brasileira
visual content: z. aterro do flamengo
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visual content: z.z. relรณgio da central
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visual content: z.z. relรณgio da central
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anexo I
dia de domingo | sonho interrompido - 1 de agosto de 2017 Acordei de um sonho interrompido com a barriga vazia e uma imagem na cabeça; fiquei tentando lembrar, era bem cedo. Na real eu nem tinha dormido, estava apenas com a minha imaginação tão aberta que à realidade das coisas parecia um sonho, tudo era meio que palavras virando imagens e imagens virando palavras em uma nuvem de acontecimentos. Era tudo como um sonho, um sonho que foi interrompido. Olhei para janela e vi que o dia estava nascendo, o café era de ontem e a açúcar tinha acabado, ainda era cedo. Não sabia se voltava dormir ou ia ler um livro; entrei na internet, escutei uma música, outra música e que levou para outra. E assim várias imagens surgiram, como uma espécie de cascata associativa, uma música, uma imagem, uma música outra imagem. Eu queria começar meu dia com uma atividade. Todo mundo tem suas atividades e se organiza para cumprí-las, horas, datas, semanas e obrigações ; eu queria começar meu dia com uma atividade e aí desci para caminhar, peguei o skate; ainda era bem cedo, neblina, domingo 5:30 da manhã na LAPA . - Quem anda na LAPA essa hora ? - Quem vive na LAPA essa hora ? - O que exala da LAPA essa hora ? Rua da Lapa, depois Rua da Glória. Desci remando, sentia aquele cheiro bom de peixe fresco, as barracas sendo montadas, é isso, o dia está começando … uns no mar, outros pedalando, aqueles caminhando, outros indo comprar pão, uns preparando suco de laranja, jovens chegando da noitada. Então, muitas atividades na cidade e é
sempre assim, independente da data ou hora são muitas atividades. E eu ainda tinha uma imagem na cabeça, ela não era clara, havia uma camada de opacidade, mas eu segui o caminho, pura intuição. Havia saído de casa para encontrar essa imagem. Continue remando, aterro, praia do flamengo… já era 6 e pouquinho e por ali puder ver o sol nascer. Porém continue remando, tomei um tombo, rasguei minha canela direita, é isso, faz parte da remada. Baile que segue, o dia começa para uns e termina para outros. Para os tiozinhos do futebol matinal de todo domingo no aterro o dia está só começando, o café da manhã das crianças e patroa já está na mesa, e o futebol entre amigos é o único lazer de suas semanas: - Chutaaaaaaa ! - Porra sabino, vai ficar de molecagem ! - Vem comigo, Zé ! Quando eu falo que gosto de futebol, é disso que me refiro. O encontro dominical de amigos de trabalho, aquela resenha, nem são 7 horas e a pelada está rolando firme… - Quem joga hoje ? - Hoje tem mengão x corinthians na globo ! No domingo o aterro virá um playground gigantesco e nesse domingo estava ocorrendo uma semi-maratona. De Copacabana até o início do aterro, ali na praça do índio, aproveitei que era cedo ainda não havia ocorrido a largada e segui contra o fluxo. Fim do aterro, praia
anexo I
de botafogo, Túnel 1, shopping Rio Sul, Túnel 2 … nesse ponto já era possível ver uns atletas correndo. Vi alguns pelotes passando ali na av. princesa isabel. Bebi o último gole de água e cai remando para o Leme, só queria ver o mar. Os trabalhadores preparando suas barracas, o surfista palmiando as ondas, a senhora caminhando com seu cão de estimação, aquele cheiro de maresia. Parei para olhar o mar ! > Eram 7 e 45 da manhã, e tudo aquilo por um sonho interrompido. Fiquei algumas horas olhando para o mar. Voltei remando sentido Copabacana, pensei vou colar lá no Arpoador. Os profissionais já estava longe e amadores de todos os tipos ainda corriam por uma meta pessoal … chegando no posto 5 eu já estava morto, avistei uma bandeira do flamengo no horizonte, era o meu checkpoint, era hora de voltar para casa. Na volta passei por todos os pontos de hidratação para os atletas pegando isotônico, confesso que foi o combustível para remada final. E aquela imagem ainda se fazia nebulosa. Uma imagem que apareceu e me deixou super incomodado foi aquela quantidade imensa de copos plásticos no chão e uma equipe de três homens varrendo e a cada 500 metros outra equipe na mesma função. Julguei que seria mais fácil colocar pontos de coleta ao longo do trajeto, mas foi preferível pagar uma merreca para aqueles homens varrem do que repensar esse hábito de jogar lixo no chão. Segui remando… O aterro já estava lotado, eu acho lindo ver a cidade assim, ocupada pelas pessoas, são atividades de todo o tipo. O futebol é o lazer comum da maioria, o futebol do trabalhador que aposta uma caixa de cerveja com o amigo, futebol no dia de domingo é isso, o placar da
rodada serve para alimentar a resenha, o churrasco está na brasa. A patroa trouxe farofa e vinagrete, as crianças correm… lindão ver essa cena, a cidade sendo ocupada por quem de fato constrói a cidade, o trabalhador comum que tem no futebol matinal suas poucas horas de diversão. É desse futebol que eu estou falando… é a cidade ocupada. O sonho foi interrompido, mas eu sonho todos os dias. Eram quase 11 horas… e a imagem do meu sonho se fez clara e segue na próxima página dupla.
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sem tĂtulo [ baleia ], angelo venosa | praia do leme.rj | photo @rasrosm
anexo II
Depois de algumas horas de leitura sobre a História Secreta do Ocidente, brindei à vitória da Estação Primeira da Mangueira com doses e doses de cachaça de gengibre no bloco das Trepadeiras em Santa Tereza. Encontrei Valentina4 brilhando e transpirando purpurina.
4. Valentina é um vulto5 da minha imaginação literária. 5. Vulto.sm. rosto, acepção; Configuração externa ou contorno de um ser; aparência, aspecto, corpo; Figura ou imagem indistinta; algo que parece ser imaterial; sombra; Grandeza física; massa, volume; Qualidade de algo que deve ser levado em conta; importância, interesse; Pessoa de grande importância; figura notável; Imagem de escultura.
Fonte: Dicionário Michaelis Online
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via messenger
Rodrigo Rosm: olá valentina, como vai ? RR: decerto que nunca conversamos pessoalmente, mas temos tanto amigos em comum e “aparentemente” interesses em comum que sua imagem é recorrente para mim, me lembro da primeira vez que eu vi vc no rolê [ artcore 2015 ] fiquei ligeiramente encantado, fiquei na cabeça que precisa falar com essa mulher da pele preta maravilhosa, o tempo passou e eu não fiz nada; acho vc muito linda ,Valentina, mas tem algo que é além da sua beleza e que estimula minha curiosidade para te conhecer melhor. isso aqui é não um xaveco barato, eu faço essas coisas, são palavras sinceras de alguém acompanha seu brilho. acredito, que antes de coisa, seriamos bons amigos ! Valentina: menino ... que delícia de mensagem assim de repente ! RR: eu queria escrever / falar com vc há muito tempo. Valentina: arrasou no xaveco barato hahahahah Valentina: vc é amigo do dani né Valentina: devemos ter uma pencas de interesses em comum na real ! RR: exato , daniboy amigão da puc... fechamento. RR: vc faz belas artes , não é ? RR: bora ver uma expo pelo centro por esses dias. Valentina: sim. eu faço. Valentina: faço meio capenga na real
Valentina: já ñ sou apaixonada. quase ao contrário na verdade Valentina: eu tô desatualizada do q tá rolando ... vc sabe? RR: no ccbb tá rolando o mondrian, mas na casa frança-brasil tá rolando um expo phoda. RR: Espólios ... mais fotografias e documentos organizados, alguns livros. eu gostei do que vi por lá. Valentina: mmmmmmondrian ainda ñ vi Valentina: aliás há séculos venho perdendo expos ótimas por negligência pura... na casa-frança a expoo é de arte contemporânea ? RR: sim sim, arte contemporanea . Valentina: ó, meu whatsap 997823012 RR: tá salvo, bunyta ;) RR: agora eu to morando no rio comprido, ando essa área do centro inteira, adoro essa parte do rio antigo, casas sobrados , as pessoas que vivem por aqui , sempre sai andando para fotografar. Valentina: Ah massa... eu moro do seu lado ! Valentina: Faz tempo que não saio com a câmera para fotografar. Na verdade ela tá parada com filme dentro dela pra revelar. Vc sabe de um lugar que tenha um preço justo e um resultado bom? Eu fazia ali na Carioca mas passei ñ gostar do resultado. RR: ai bunyta, a última que imprimi minha fotos foi ali na uruguaina, no
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Japcolor, lá tem um preço maneiro ... essa aqui é a tabela : 15 x 21 - 1,20 20x25 - 2,20 20x30 R$ 2,70 30x40 - R$ 6,00 RR: gostei da qualidade e preço. acha que vale dar um conferida ou pedir um orçamento e tal. Valentina: ah massa ! Valentina: pô uma vez eu paguei ali na Carioca. veio tudo queimado hahahahahahahah... só uma salvou :( RR: a maioria das minhas fotografias são digitais, só preciso salvar em pdf e mandar pra eles. vou imprimir uma série por agora ...30 fotos / 15X21 Valentina: boto fé ! Valentina: eu agora só to usando a analógica mesmo. minha digital quebrou... mas aí quero ver suas fotos, Rodri ! RR: eu tenho uma Yashica aqui, mas não tenho usado quase tudo do smartphone mesmo. aqui tem algumas da série sobre centro do rio : > > > www.instagram.com/rasrosm [ acesse o link ] Valentina: ah massa... to abrindo aqui ! Valentina: eu ñ manjo mto de fotografia ñ sabe... vou tirando bem sem saber. queri muito me concentrar e aprender.
e sobre as dos outros eu só digo se gosto ou ñ hahahah ñ tenho aqueles comentários técnicos. Valentina: tudo P&B... massa hein. gosto dessa estética ! RR: valeu, valentina. eu não sei nada , sou só curioso mesmo... e gosto de ver a fotografia impressa em livros, jornais ect. Valentina: sim, eu também me amarro naqueles livros caros hahahahahah Valentina: com papel bom e que você quase chora com a qualidade da impressão... ahahhaahhahahaha RR: verdade, os mais caros e mais phoda ! Valentina: eu só fico de olho... RR: TASCHEN RR: COSAC NAIFY... essas coisas ! Valentina: AMOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO ! Valentina: caramba eu novinha era obcecada. Valentina: meu sonho era ter tudo da taschen hahahahah acho q nunca tive nem um ñ tive na real. RR: vou ter dar um TASCHEN de presente... rdsredsredsrdsrsdrsdsrd RR: sabe aquelas biografias lindas ? Tenho uma do Mondrian ! Valentina: sim, vou amar ! Valentina: adoro aqueles livros de moda, tatuagem e pintura...
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RR: eu tenho um pequeno acervo, durante uum tempo foi voluntário em uma biblioteca em Búzios e acabei por colecionar alguns livros. Valentina: vc é de lá ? RR: várias revistas tbm. RR: sim sim , Buziano :) Valentina: ah delícia, menino. Valentina: fui pouco pra lá... Valentina: eu tenho um micro acervo pessoal com muitas coisas da época que eu queria fazer moda... hj ñ sei muito bem oq fazer Valentina: se vendo... enfim. Valentina: mas aí, Rodri... vou deitar bem princesa Valentina: amanhã o dia é longo ! RR: boa noite princesa e bons sonhos. *** RR: como vai, valentina? tudo em ordem ? Valentina: bom dia! Tentando colocar tudo em ordem hahaha e com vc? RR: dsrdsrsrds . tbm tentando buscar uma ordem . RR: mas tô bem sim. acordei feliz hoje com copo de suco de laranja. Valentina: ahhhh q delícia. Fui tomar banho desculpa a demora. Eu vou já
fazer meu suco verde tbm hahahahahah Valentina: e carnaval vc fica aqui no rio, pretinho ? RR: vou sim, gostaria de brincar alguns blocos por aqui... de forma moderada é claro. rdsrdsrsedrsedsresdrsdser RR: e vc vai viajar ou ficar pelo rio ? Valentina: hahahahaha pq moderada RR: questões de ordem financeira... dredrsedre Valentina: vou ficar aqui sim. Valentina: nem vou viajar, precisaria de muitos dinheiros hahahah Valentina: é... tem de se criar estratégias hahaha RR: sim sim, RR: tem algum estratégia aí ? RR: me conta isso, valentina. *** Valentina: hoje tem sessão do Eu não sou seu negro no Odeon. Valentina: tá afim? RR: ia te responder agoraaa ; RR: eu pilho sim... que horas ? RR: partiu, bunyta ! -
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todo poder ao povo preto. intervenção urbana | arco do teles.rj | photo @rasrosm
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PRÁXIS
LER OUVIR ESCREVER DESENHAR EDITAR ANALISAR REFINAR PUBLICAR DISTRIBUIR
Rodrigo Rosm é programador visual e artista residente no Rio de Janeiro. Estudou Desenho, Pintura e Texto em Arte na EAV Parque Lage e Design\Comunicação Visual na PUC.RIO. Um observador de pequenas coisas do Mundo, que na construção do seu trabalho em Artes Gráficas investiga linguagens, formas e suportes para comunicar e gerar conhecimento. Envolvido em produções culturais diversas na cidade do Rio de Janeiro, atuando como facilitador gráfico e produtor, é co-fundador da editora independente Casa 27 onde atua como editor e gestor de projeto editorial. Seu trabalho é uma síntese de práticas e exercícios criativos que buscam gerar sentidos por meio da organização e direcionamento crítico da informação. - leia o livro !
Argeu Rés da Mota
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Este livro foi organizado na cidade do Rio de Janeiro, entre janeiro 2016 e janeiro de 2018, impresso e montado no PRELO - Laboratório de Experimentos Gráficos [ P U C . R I O ] , composto nas fontes Arial e Minion Pro com miolo de papel offset 90gr + capa de cartão supremo 300gr + box de papel kraft 420gr e distribuído pela editora independente Casa 27. 147 -
Um “romance” multifacetado de um artista de múltiplas artes e interesses. Rodrigo Rosm descobre o Rio, formas de ver, de dizer, de sentir e nos leva a uma jornada especial por espaços do Rio de Janeiro enquanto conta a historia de uma familia. E também viajar pelos espaços do pensamento dele mesmo: ouvir acordes, imagens, pedaços desta cidade tão complexa e desigual como toda grande metrópole; rompendo barreiras se colocando enquanto brasileiro e negro, Rosm nos faz viajar por um mundo inusitado, diferente mas o mesmo tempo próprio ao artista criador na busca de uma compreensão humana e do detalhe revelador tão importante na arte. segue o baile é um romance [ como ele o classifica ] intrigante e fora dos padrões... que venham outros.
Maria Esmeralda Forte