Round Table on Responsible Soy
CONSTRUINDO UMA LIDERANÇA GLOBAL Demanda por Soja Responsável: Políticas e Finanças 11 - 12 Junho de 2019, Utrecht, Holanda
UTRECHT, PAÍSES BAIXOS 11-12 DE JUNHO DE 2019 CONTEÚDO PRIMEIRO DIA. Palestra de Abertura
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Caso de Destaque: Nordeste do Brasil
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Impactos Positivos da RTRS na Cadeia de Suprimentos da Soja
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Painel de Discussão sobre a Demanda
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O Hub da Soja
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Painel de Discussão sobre Finanças
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Histórias dos Produtores
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Primeira Edição dos Prêmios da RTRS
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Galeria de fotos da Primeira Edição dos Prêmios da RTRS
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Galeria de fotos do primeiro dia
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SEGUNDO DIA. Palestra de Abertura
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Palestra Abertura: Ecometrica
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Painel sobre Políticas Públicas
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Painel de Encerramento: O Futuro da Colaboração na Cadeia de Suprimentos
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Galeria de fotos do segundo dia
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Galeria de Networking
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Links para os vídeos
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Primeiro Dia.
Palestra de Abertura
A conferência anual de dois dias da Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS), realizada na sede do Rabobank (em Utrecht) nos dias 11 e 12 de junho de 2019, começou batendo o recorde de participação. Com a participação de mais de 250 pessoas do mundo inteiro e de todas as partes da cadeia de suprimentos da soja, a conferência de 2019 teve como tema central o aumento da demanda por soja responsável e o papel dos instituições financeiras, do governo e das cadeias de suprimento.
“Vamos começar com uma conclusão inescapável precisamos produzir soja de forma sustentável. O mundo só terá futuro se for sustentável.” Berry Marttin, Rabobank
O anfitrião do evento foi o Rabobank, um banco internacional holandês com sede em Utrecht e membro de longa data da RTRS; o Rabobank é líder global em financiamento de alimentos e agricultura e é conhecido por seu posicionamento firme em relação à sustentabilidade.
Marttin elencou uma série de medidas que o Rabobank - um banco focado na agricultura - vem adotando para ajudar os produtores na transição para a soja responsável, inclusive por meio do Fundo Agri3, um fundo dedicado para quem busca mudar suas práticas. O banco também quer criar um novo sistema de classificação (rating) de clientes, alçando, pela primeira vez, a classificação de sustentabilidade (chamada de ‘e-rating’) ao mesmo patamar que a saúde financeira.
Berry Marttin, membro do Conselho Administrativo do Rabobank, abriu o evento junto com Marina Born, Presidente da RTRS. Ele é um banqueiro holandês que também administra uma fazenda de propriedade familiar no Brasil. Com experiência prática em praticamente todos os elos da cadeia da soja, Marttin conhece bem o setor - do campo até o até o prato.
Ele citou o desafio duplo de alimentar uma população mundial crescente (150 pessoas se somam à população mundial a cada minuto) ao mesmo tempo que se reduz a pegada de carbono da produção mundial de alimentos, que atualmente equivale a 12 gigatoneladas de carbono e precisa ser reduzida a quatro gigatoneladas. A agricultura pode ser positiva do ponto do carbono.
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Primeiro Dia. Palestra de Abertura. “Como um banco de agricultores, buscamos liderar. Como podemos ajudar o planeta a se alimentar com sustentabilidade? De uma maneira que não destrua o planeta.” Berry Marttin, Rabobank
O processo de redução da pegada de carbono inclui ações para sequestrar mais carbono da terra por meio de práticas agrícolas inovadoras que, futuramente, prometem retornos na forma de carbono comercializável; o banco está justamente investigando como comerciar esse carbono.
“O negócio agrícola é volátil. Os preços oscilam. O clima muda. Precisamos tornar as cadeias de valor mais resilientes.”
A responsabilidade compartilhada foi um tema recorrente da conferência, além de um tema prioritário na introdução do Rabobank. Para atingirem o objetivo de sustentabilidade Berry Marttin, Rabobank em toda a cadeia de valor, as ações precisam ser compartilhadas e não podem ficar apenas O discurso de abertura do Rabobank nas mãos dos consumidores (em termos de concluiu com os temas de transparência, maior preço) ou dos produtores (maior custo). conscientização dos consumidores e A visão global do Rabobank para o futuro maior demanda por mais sustentabilidade leva em consideração a nutrição humana, a no mercado: como os consumidores são distribuição da fome em nível global, o futuro influenciados? Qual é o nosso plano de da nutrição e como equilibrar tudo isso com engajamento? Como o Rabobank pode a redução da pegada de carbono. apoiá-lo?
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Primeiro Dia. Palestra de Abertura. LIDERANÇA GLOBAL Marina Born, Presidente da RTRS, agradeceu ao Rabobank por sediar a RT14 e por seu apoio contínuo à RTRS. Considerandose a importância do financiamento para a RTRS, juntamente com a demanda e as políticas globais, parece bem adequado que a conferência ocorra na sede de uma instituição financeira que exerce um papel de liderança global em matéria de soja responsável. Ao lançar a Iniciativa Colaborativa de Soja convocada pela RTRS, que reúne vários esforços e iniciativas em um só local para promover compromissos globais com a sustentabilidade, Marina Born falou sobre os planos de fortalecer o papel vital da RTRS no estímulo ao diálogo e à cooperação. O desafio, segundo ela, é conseguir “um engajamento maior, melhor e mais profundo’. Em seguida, a Presidente da RTRS apresentou a próxima palestra da manhã, de Heleen van den Hombergh, Consultora Sênior de Agrocommodities da IUCN na Holanda. Heleen van den Hombergh discorreu sobre os estudos recentes da IUCN NL sobre padrões de certificação de soja. Em sintonia com o Rabobank, ela afirmou que a soja responsável e livre de desmatamento é importante para a consecução de diversos objetivos: colheitas saudáveis, a preservação de espaço para a natureza e o combate às mudanças climáticas. Acelerar a adoção da soja sustentável deve ser uma ação prioritária. Será que isso é possível apenas com o cumprimento da lei? A lei oferece, sim, um certo grau de proteção, mas também permite o desmatamento de até 110 milhões de hectares e a conversão
legal de muitos outros pastos e savanas em todo o Brasil, Argentina e Paraguai, afirmou van den Hombergh (IUCN NL 2019, Uma análise das leis existentes sobre proteção florestal). Cumprir a lei é importante, mas não é suficiente.
A VISÃO DA IUCN NL Heleen van den Hombergh outlined the vision of IUCN NL on elements necessary for the good governance of agrocommodities such as soy: • E nabling
finance – both green finance but also greening regular finance;
• S hifting
consumption patterns and more land efficient production models – also for protein;
• C apacity
building, among others with producers;
•
Better landscape planning;
•
Good monitoring; and last but not least
• A pplication
of robust commodity standards, which she described as ‘oil on the wheel’ of good governance.
The Amsterdam Declarations Partnership and other platforms are striving for deforestation free value chains, but are we making sufficient progress? In 2017 only 22% of European soy use was verified by standards compliant with FEFAC soy sourcing guidelines, she told the conference, and within that only 13% was verified deforestation-free by standards (European Soy Monitor, IDH and IUCN NL 2019).
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Primeiro Dia. Palestra de Abertura. A Profundo fez uma comparação para a IUCN NL dos padrões que cumprem com as diretrizes de aquisição de soja usadas pela FEFAC. O padrão é livre de desmatamento? Evita a conversão de ecossistemas de valor? Protege as zonas úmidas? Além disso, qual é o nível de garantia - p. ex., a quantidade e a qualidade da verificação? Existem muitas diferenças entre os padrões. Oito dos 17 padrões examinados podem ser chamados de livres de desmatamento (Profundo 2019, Definindo o padrão da soja livre de desmatamento na Europa). A RTRS se destaca como “líder de mercado em qualidade” se combinarmos os critérios de conservação e de garantia, van den Hombergh disse aos participantes, embora outros padrões também tenham as suas funções - por exemplo, no suprimento físico de soja não-OGM. A adoção do padrão RTRS e de outros padrões de soja responsável e livre de desmatamento deve - e pode - melhorar na Europa.
Referindo-se à RTRS como líder de mercado em qualidade de garantia, ela disse aos participantes que todos os padrões mapeados têm uma função. Os resultados de seu trabalho podem ser usados para incentivar as ações de atores específicos da cadeia da soja: Traders - para se tornarem mais transparentes em relação aos padrões aplicáveis. Varejistas - para exigirem soja bem verificada, livre de desmatamento e conversão, resumindo o que van den Homberg chamou de “paisagens de risco’. Setor financeiro - para mobilizarem financiamento verde para as paisagens de risco. Governos da União Europeia (UE) - para optarem por compras públicas verdes, um plano de ação forte em nível da UE e também planos de ação nacionais. E também recorrerem à “diplomacia verde” em apoio aos países produtores.
“Há várias razões para não agir, mas também há muitas outras razões para agir.” Heleen van den Hombergh, IUCN NL
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Primeiro Dia.
Caso de Destaque: Nordeste do Brasil
Como a certificação contribui para o desenvolvimento regional? O caso do Nordeste brasileiro. Moderada por Oswaldo Carvalho, do Earth Innovation Institute, a primeira sessão do painel da RT14 contou com representantes de todos os elos da cadeia da soja ao explorar o caso específico do Nordeste do Brasil e a contribuição da certificação de soja responsável. A discussão começou com a apresentação de uma produtora brasileira, Ani Heinrich Sanders, do Grupo Progresso, e dos esforços para a sua fazenda se tornar uma empresa modelo na produção de soja e milho na região. A história do Grupo Progresso compreende 18 anos de produção de soja na região do Cerrado; para Ani Heinrich Sanders, opção de impor altos padrões ambientais e sociais à produção de soja é uma parte integrante da vocação que é a agricultura; também lhes rendeu reconhecimento nacional e internacional como uma empresa que “faz a diferença”.
“A certificação nos trouxe muitas mudanças. Foi uma recompensa por anos de trabalho compenetrado. Uma maneira de nos convencermos de que nosso trabalho valeu a pena. Agindo corretamente e seguindo os padrões internacionais. Atuando da maneira certa e dando o exemplo.” Ani Heinrich Sanders, Grupo Progresso
Além de produzir uma ampla gama de commodities e aplicar padrões ambientais rigorosos, o Grupo Progresso investe conscientemente nas comunidades onde atua, ajudando as famílias que dependem da agricultura e fornecendo instalações como espaços de ensino. A comunidade e o município, de modo geral, foram representados por Ângelo Pereira, Prefeito do Município de Sebastião Leal (Piauí). Ele ressaltou que o relativo isolamento geográfico da comunidade lhes forçou a desenvolver suas próprias estratégias e um senso de direção, principalmente no que diz respeito à promoção do setor agrícola e à adoção da produção responsável.
“A certificação da RTRS mostra que a nossa região é capaz de produzir soja de maneira ambientalmente correta e economicamente viável.” Ângelo Pereira, município de Sebastião Leal, Estado do Piauí. Para o município de Sebastião Leal, a produção de soja responsável é um motivo de grande orgulho para a comunidade local, pois vai além dos ganhos puramente ambientais e proporciona também o desenvolvimento de talentos, instalações esportivas e de lazer e benefícios para a comunidade decorrentes do trabalho com parceiros como o Grupo Progresso. De acordo com análises recentes, em 2017 o Município dobrou sua meta de matrícula de crianças no ensino básico. 7
Primeiro Dia. Caso de Destaque: Nordeste do Brasil. Numa região que produz um grande volume de proteína para mercados do mundo inteiro, o caminho da certificação e da adoção de soja responsável deixa clara a importância do uso da RTRS como ferramenta de certificação. Este ponto foi enfatizado no painel por Gisela Introvini, Superintendente da FAPCEN e membro do Comitê Executivo da RTRS
“Se cuidarmos do meio-ambiente, essas crianças não vão precisar emigrar quando crescerem; poderão permanecer na região.” Gisela Introvini, FAPCEN Novas ideias e inovações são prontamente adotadas pela FAPCEN (e seus parceiros) em seus esforços para criar empregos e apoiar a economia regional, preservando o Cerrado e garantindo que a economia baseada na natureza continue florescendo para as gerações futuras. Seus programas incluem o apoio às mulheres na agricultura e apoio educacional para as crianças. Introvini também fez referência ao ensino das crianças em nações consumidoras ao dizer que um objetivo importante talvez seja conscientizar mais consumidores do fato de que a agricultura e a comida começam no campo, não nas prateleiras dos supermercados. Gisela observou ainda que o MATOPI, no Brasil, é uma região que produz muita proteína para os mercados internacionais. Para os estados à frente das fronteiras agrícolas, como o Maranhão e o Piauí, a renda da produção de soja trouxe enormes benefícios sociais, incluindo mais empregos e maior arrecadação tributária para os municípios, protegendo o agronegócio. Gisela fez um resumo do valor que a RTRS
trouxe para esses territórios, proporcionando a devida visibilidade aos produtores, à sua forma de fazer negócios e ao legado que querem deixar para as gerações futuras. Depois dos produtores e da cadeia regional da soja, Jorn Schouten, líder de commodities ambientais da ACT Commodities, trouxe a perspectiva de um prestador de serviços. Para a ACT, a demanda é uma questão crítica. A pressão das ONGs, em particular, mudou a opinião dos consumidores, principalmente na Europa; por isso, hoje as marcas buscam fontes mais sustentáveis para uma série de commodities. A ACT vem trabalhando com afinco para gerar demanda por soja responsável, ocasionando um aumento da oferta no Nordeste do Brasil. Com os serviços da ACT, a rede líder de supermercados Lidl teve um no Maranhão e no Piauí, dois dos estados mais pobres do Brasil. Os temas de demanda do consumidor, transparência e melhor entendimento da soja no sistema alimentar dominaram grande parte das discussões e apresentações da parte da manhã. Judith Kontny , da Lidl, também anunciou a Lidl Soy Initiative.
“Começamos este projeto em 2017 e rapidamente nos demos conta do desafio que é o fato de a soja ser, na realidade, uma mercadoria ‘oculta’”, disse ela. “É por isso que a discussão de especialistas deu lugar a uma discussão capaz de educar os consumidores sobre a soja.” Judith Kontny, LIDL
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Primeiro Dia. Caso de Destaque: Nordeste do Brasil. Trabalhando junto com a RTRS, a Lidl anunciou recentemente o seu compromisso com a soja responsável certificada em toda a sua cadeia de suprimentos, em vários países europeus. Seu trabalho com a RTRS teve como foco algumas das áreas produtivas mais pobres do Nordeste brasileiro, onde a certificação possui um componente social muito forte, além de garantir desmatamento zero e conversão zero. Kontny concluiu sua contribuição para a discussão do painel com um novo vídeo da Lidl, que explica aos consumidores sua decisão de adquirir apenas soja responsável em vários países europeus. Para Lidl, o fato de a soja ser uma “commodity oculta” é algo que precisa ser resolvido; chegou a hora de passar de uma “discussão especializada” para outra que inclua os consumidores.
PARTICIPANTES DO PAINEL Oswaldo Carvalho. Pesquisador Associado. Earth Innovation Institute Jorn Schouten, Commodities Ambientais, ACT Commodities Ani Heinrich Sanders, Produtora, Fazenda Progresso - Grupo Progresso Gisela Introvini, Superintendente, FAPCEN Ângelo Pereira, Prefeito, Município de Sebastião Leal, Piauí, Brasil Judith Kontny, Responsabilidade Corporativa, LIDL
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Primeiro Dia.
Impactos Positivos da RTRS na Cadeia de Suprimentos da Soja Juliana de Lavor Lopes, Diretora de Sustentabilidade, Comunicação e Compliance da Amaggi. Na primeira manhã de apresentações e discussões, surgiu o tema importante de aumentar a demanda por soja certificada e responsável. “Se você quer gerar sustentabilidade entre os produtores, precisa dar os sinais certos”, disse Juliana de Lavor Lopes, Diretora de Sustentabilidade, Comunicação e Compliance. Juliana apresentou pesquisas sobre o impacto positivo que a certificação RTRS teve sobre os produtores no Brasil e lançou o desafio para o resto da cadeia de suprimentos da soja de aumentar ainda mais a demanda. Por meio de uma pesquisa com produtores e principais partes interessadas, a RTRS buscou entender a) o impacto positivo da certificação e b) como a RTRS pode continuar desenvolvendo o seu padrão para se adequar
ao Código de Impactos da ISEAL, como precursor à candidatura para se filiar à ISEAL. Ao todo, 52 agricultores foram entrevistados. Dos entrevistados, 98% apontaram a melhoria da gestão da fazenda como um dos resultados da certificação, juntamente com o maior alinhamento com a demanda do mercado e o cumprimento das exigências legais. Uma conclusão (ou mensagem) da pesquisa foi que os agricultores não estavam tendo o nível de demanda que esperavam, principalmente considerando-se os esforços investidos na certificação. A mensagem do mercado simplesmente não é forte o suficiente. A pesquisa ajudará a RTRS a evoluir sua ferramenta de certificação. Um desdobramento futuro será o uso da ferramenta RTRS para ajudar a orientar a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE), além de seu papel atual na produção de resultados sociais e ambientais positivos.
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Primeiro Dia.
Painel de discussão sobre a demanda Quais mudanças vêm ocorrendo nos mercados de consumo e como elas afetarão as cadeias de suprimentos? O que podemos aprender com exemplos específicos sobre o compartilhamento equitativo de custos de iniciativas de soja responsável? Compartilhar responsabilidades, estimular a demanda e se valer do ressurgimento do pensamento ecológico - esses foram alguns dos temas que surgiram na reunião do painel, que discutiu a demanda global por soja responsável no final da primeira manhã da RT14. Charton Locks, Diretor de Operações da Aliança da Terra, deu início às discussões lembrando que a produção de soja é uma cadeia complexa que liga diversos atores, cada um com o seu papel a desempenhar na resposta e estímulo à demanda. Dos fornecedores de sementes e produtos agrícolas ao financiamento, tecnologia, crescimento, processamento e comércio, a cadeia da soja é complexa. Ao dizer na conferência que este ano traria a “maior safra de soja responsável certificada pela RTRS até o momento”, Locks enfatizou que, com o desafio de uma cadeia de suprimentos complexa e uma mercadoria oculta para o consumidor final, a questão principal não é a oferta, mas sim a demanda. Para a Charton Locks e a Aliança da Terra, o lado da equação que representa a produção muda e se adapta com rapidez, pronto para reagir a mudanças na demanda. Os
“Nosso objetivo é permanecer no mercado por um bom tempo. Produção sustentável significa uma produtividade maior e melhor. Para garantir a prosperidade de longo prazo no setor, precisamos que a produção seja responsável.” Charton Locks, Aliança da Terra produtores que trabalham com a RTRS no Brasil produziram 4,9 milhões de toneladas de soja responsável e podem se orgulhar de seus 600.000 hectares de floresta preservada. Wei Peng, participante do painel e Diretor de Sustentabilidade da Cofco Internacional, também se referiu à mudança climática como uma questão importante para o futuro. Como empresa que liga os agricultores ao mercado, a Cofco representa um elo importantíssimo da cadeia; de acordo com Wei Peng, para permanecermos no setor a longo prazo, precisamos agir com responsabilidade e investir em produção sustentável. Essa percepção é sustentada pelo fato de que a mudança climática já está causando um impacto negativo nos rendimentos. A conferência ouviu em seguida que, da perspectiva das marcas de consumo, a demanda vem crescendo consideravelmente. Madeleine Eilert, Líder Global de Abastecimento Responsável de cereais, açúcar e soja da Nestlé, disse à RT14 que seus clientes, mais do que nunca, querem a certeza de que os produtos que compram foram produzidos com responsabilidade. A resposta da Nestlé a essa demanda é um padrão de compras responsáveis que reflete as opiniões dos clientes e se pauta pela transparência; a empresa só pode agir e mudar se souber a procedência dos produtos. 11
Primeiro Dia. Painel de discussão sobre a demanda. Segundo Eilert, a Nestlé, como uma marca respeitável, precisa ter certeza de que as matérias-primas que adquire são livres de desmatamento e livres de qualquer exploração dos trabalhadores. Para tal, ela delineou uma filosofia de colaboração e lembrou que o impacto só será real se trabalharmos juntos na cadeia de suprimentos.
“Nossos clientes, como Nestlé, Unilever e Danone, querem fazer negócios com empresas que seguem políticas rígidas de desmatamento zero.”
Wei Peng concordou prontamente com essa visão; existe uma clara oportunidade de colaboração, especialmente em matéria de monitoramento e avaliação. Emma Keller, participante do painel e Chefe de Commodities Alimentares do WWF-UK, também concordou e foi além:
considerando-se a pegada da soja, o setor de rações foi um ator crítico em termos de demanda. O desmatamento zero por 20 anos ou mais deve ser comprovado. A total transparência nas compras é essencial para comprovar as alegações de redução de GEE.
“Precisamos passar da colaboração e da troca de conhecimentos para ações reais e tangíveis”, ela disse à RT14. “Está claro que soja responsável ainda não é a regra; há muito mais a ser feito. Se houver uma demanda conjunta por um mundo melhor, então também precisamos de responsabilidades e ações compartilhadas.” Keller também ressaltou a necessidade de envidar esforços para evitar a redução da demanda. “Alguns consumidores demonizam o óleo de palma”, ela disse, “e nós absolutamente não queremos que o mesmo aconteça com a soja.” Jaap Petraeus, Gerente Corporativo de Assuntos Ambientais e Sustentabilidade da FrieslandCampina, ressaltou que a FrieslandCampina usa 100% de soja responsável na produção de laticínios nos Países Baixos. Para Petraeus, está surgindo um novo nexo, principalmente no mercado europeu, de redução de GEE, proteção da biodiversidade e transição para compras mais responsáveis de commodities como a soja. Para ele,
Jaap Petraeus, Friesland Campina
No painel dedicado à demanda dos consumidores, um tema examinado foi a comunicação com os consumidores sobre fontes mais responsáveis. Será que o branding pode agregar valor? Precisamos de um selo de soja responsável? Madeleine Eilert, da Nestlé, não se mostrou muito certa em relação ao branding, principalmente porque a maioria dos produtos não contém soja como ingrediente. Se houvesse um movimento global em direção ao consumo mais direto de soja, e não via carne e produtos lácteos, isso poderia mudar. “Por toda a Europa, há um forte movimento em direção a produtos à base de plantas; em resposta a essa tendência, lançamos o nosso Incredible Burger”, disse ela. Independentemente do uso indireto ou direto de soja, o painel manifestou a necessidade de maior transparência com os consumidores e, para aumentar a demanda, compartilhar mais histórias sobre o impacto positivo da soja certificada e responsável.
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Primeiro Dia. Painel de discussão sobre a demanda. “Precisamos fazer mais para evidenciar os agricultores responsáveis e as paisagens que protegem.” Madeleine Eilert, Nestlé Charton, da Aliança da Terra, concordou plenamente. Ele disse que o trabalho da RTRS e outros ainda não foi comunicado aos consumidores. A história de um produtor rural que fez um investimento na produção responsável, que está cuidando das fontes de água, evitando incêndios florestais, tratando bem os trabalhadores e preservando a natureza - esta história é positiva, disse ele aos participantes.
Para Emma Keller, do WWF-UK, o papel dos governos do mundo inteiro continua sendo fundamental, pois têm um papel de capacitação na transformação das cadeias de suprimentos. No Reino Unido, uma nova mesa redonda sobre a soja, com apoio do governo, vem promovendo ações principalmente entre os varejistas. As palavras finais do painel sobre demanda incluíram um lembrete de Wei Peng de que o pagamento por serviços ecossistêmicos ainda é uma clara oportunidade de financiamento futuro, que pode ajudar a virar de jogo. Charlton Locks reiterou que 2019 terá o maior nível de produção de soja responsável até o momento e que os produtores precisam ver o mercado responder com um sinal claro de demanda.
E as histórias positivas agregam valor. Wei Peng e Charton Locks foram além da situação europeia e destacaram que, embora possa haver mudanças nos padrões de consumo, no resto do mundo há um aumento global na demanda por carne bovina e produtos cárneos, além de um aumento na demanda por soja. Em termos de demanda chinesa, mais especificamente, Wei Peng informou que até agora eles não perceberam muito interesse de clientes chineses em soja responsável: “Simplesmente ainda não existe uma sinalização do mercado.” O painel disse que a posição do governo da China pode ser fundamental, assim como o fato de que, em 2020, a Conferência das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica será realizada em Pequim.
PARTICIPANTES DO PAINEL James Allen. Diretor, Facilitador da Olab & GTC (moderador) Charton Jahn Locks, Diretor de Operações, Aliança da Terra Wei Peng, Chefe de Sustentabilidade, Cofco Emma Keller, Chefe de Commodities Alimentares, WWF Reino Unido Jaap Petraeus, Gerente Corporativo de Assuntos Ambientais e Sustentabilidade da FrieslandCampina Madeleine Eilert, Líder Global de Abastecimento (Sourcing) Responsável de cereais, açúcar e soja da Nestlé
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Primeiro Dia.
Soy Hub Uma visão geral das reflexões e ações mais recentes em matéria de soja responsável
envolvidas. Os parceiros enfatizaram que, nessa região, finalmente foi atingido o objetivo de fazer com que todos os atores da cadeia de suprimentos trabalhassem juntos.
A sessão vespertina da RT14 começou com uma série de apresentações rápidas sobre novos desdobramentos, iniciativas e tecnologias que ajudaram no avanço da soja responsável.
Renata, da Cargill, ressaltou que eles se aproximavam de uma grande conquista: “Em nossa discussão sobre compensação, estamos prestes a encontrar uma solução para preservar as áreas que poderiam ser legalmente convertidas. Estamos trabalhando para encontrar as soluções necessárias para acabar com a conversão do Cerrado.”
Kit de Ferramentas da Soja Pedro Amaral, da ProForest, apresentou aos participantes o trabalho de elaboração de um ‘kit de ferramentas de soja’, que ajuda as empresas a entender quais ferramentas e iniciativas estão disponíveis para ajudálas a adquirir soja responsável. Frente a um ecossistema de iniciativas em rápida evolução no mercado, pode ser assustador acompanhar tudo o que está acontecendo, mesmo para aqueles que se dedicam ao setor, explica Amaral.
Monitor de Soja Europeu Heleen van den Hombergh retornou ao palco e, ao lado de colegas da iniciativa de comércio sustentável, a IDH apresentou o relatório do Monitor de Soja Europeu, de grande abrangência e que analisa em detalhes o impacto do consumo coletivo de soja na Europa.
Reconhecendo que o trabalho para combater as externalidades da produção de soja O kit de ferramentas tem cinco elementos só é possível com o desenvolvimento de principais: avaliar e planejar; compreender o cadeias de suprimentos sustentáveis, os risco da cadeia de suprimentos; engajar os fornecedores; sistemas de controle de compras; apresentadores destacaram que seu relatório sobre a soja em 2017 concluiu que apenas e monitoramento, verificação e relatoria. 22% (7,6 milhões de toneladas) do uso total de soja na Europa eram compatíveis com as www.soytoolkit.net Diretrizes de Aquisição de Soja da FEFAC (uma Grupo de Trabalho do Cerrado referência em matéria de soja responsável) e apenas 13% das importações de soja da (GTC) Europa (4,2 milhões de toneladas) tiveram sua James Allen da Olab (também facilitador da origem livre de desmatamento verificada. RT14), Frederico Machado (WWF Brasil) e Eles ressaltaram que certificações como a Renata Nogueira (Cargill) apresentaram uma RTRS, ProTerra, Donau Soja e Europe Soya, visão geral dos dois anos e meio de trabalho ISCC e CRS deixaram mais fácil para as do GTC. empresas exigirem soja sustentável, mas, Os integrantes do GTC têm trabalhado atualmente, a produção de soja sustentável juntos para levantar e analisar dados sobre ainda excede a demanda. uso da terra no bioma Cerrado; em junho, https://www.idhsustainabletrade.com/ será celebrado um acordo entre as partes publication/european-soy-monitor/ 14
Primeiro Dia. Soy Hub. Manejo Integrado de Pragas Gustavo Herrmann, da Koppert Brasil, apresentou o histórico de sua empresa na implantação de soluções biológicas para a produção de soja no Brasil, enfatizando que, juntamente com a rotação de culturas e controles químicos, as soluções biológicas introduzindo insetos - podem gerar menos grãos danificados e aumentar a produtividade, com resultados de sucesso em 85% das áreas onde as soluções foram implantadas. . https://www.koppert.com
VANTs no Controle de Doenças e Pragas Biológicas Nei Salis Brasil Neto, da FT Sistemas, fez uma apresentação junto com a Koppert Brasil sobre veículos aéreos não tripulados (VANTs ou drones) e como são atualmente usados em paralelo a prestadores de soluções biológicas para ajudar a implementar serviços de dados complexos e atualizados no controle biológico de pragas e doenças. http://ftsistemas.com.br
Promovendo a Governança da Sustentabilidade por meio do Conhecimento Integrado Patricia Prado, da Universidade de York no Reino Unido, apresentou o trabalho que vem sendo realizado por um consórcio de universidades britânicas financiadas pelo programa Global Food Security, chamado ‘IKnowFood’. O programa procura entender como aumentar a resiliência dos sistemas alimentares, gerando mudanças sociais e ambientais positivas.
Rumo a uma Abordagem Trans-commodity e de Paisagem Laure d’Astorg, da Alliance for the Preservation of Forests, apresentou o trabalho realizado pela aliança, por meio de uma coalizão de parceiros do setor privado, para incentivar uma abordagem baseada em paisagem em prol da sustentabilidade nas cadeias de suprimentos do café, soja, borracha e outras commodities importantes. Seu trabalho começou na França há seis anos, inicialmente com o óleo de palma, e agora abarca uma série de commodities e está sendo ampliando para toda a Europa. As principais conquistas incluem a Estratégia Nacional Francesa de Não Desmatamento, uma plataforma que ajuda as empresas na França a trabalhar com fontes sustentáveis, e um projeto que analisa a rotulagem de desmatamento zero voltada para os consumidores. http://alliance-preservation-forets.org
Insights sobre a Defesa da Política de Sustentabilidade da Soja Alex Ehrenhaus, da Solidaridad, subiu ao palco para apresentar o trabalho da Rede no combate ao desmatamento na Bolívia, principalmente junto aos pequenos produtores, que representam 86% da cadeia de soja naquela região. Em relação ao trabalho para fortalecer o desenvolvimento de políticas com vistas a reduzir o desmatamento ilegal, Ehrenhaus disse na conferência que esse tipo específico de trabalho reduziu o desmatamento ilegal de 67% para 43% nas áreas de atuação.
No caso da soja, o foco do trabalho foi tornar a rastreabilidade mais eficaz, entender melhor onde reside o poder na cadeia de suprimentos da soja e refletir sobre o fato de que os consumidores não sabem que uma dieta à base de carne aumenta a demanda por soja - a maior parte produzida de forma insustentável.
Fundada em 1969, a Rede Solidaridad é uma organização internacional da sociedade civil que facilita o desenvolvimento de cadeias de suprimentos socialmente responsáveis, ecologicamente corretas e rentáveis. Opera com oito centros regionais especializados em mais de 40 países.
http://www.iknowfood.org/
https://www.solidaridadnetwork.org 15
Primeiro Dia. Soy Hub. Global Forest Watch Pro Identificar, Monitorar e Gerenciar os seus Riscos de Desmatamento Ryan Sarsfield, do World Resources Institute (WRI), encerrou a sessão do Soy Hub com uma demonstração da ferramenta de dados da WRI, a Global Forest Watch Pro. Desenvolvida para ser usada por gerentes de cadeias de suprimentos e empresas financeiras, a ferramenta apresenta todas as plantações de soja na América do Sul, com dados históricos sobre conversão; todos os dados sul-americanos do último ano-safra estarão disponíveis em breve. https://pro.globalforestwatch.org/
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Primeiro Dia.
Painel de Discussão sobre Finanças O que a cadeia de valor precisa e espera das organizações financeiras? Como atender a essas necessidades mais adequadamente?
Bas Rüter, Diretor de Sustentabilidade do Rabobank, também participou do painel e enfatizou a motivação da instituição em encontrar abordagens inovadoras em prol da sustentabilidade, além de garantir o retorno sobre o investimento.
Upstream, que impacto as instituições financeiras podem ter sobre o uso da terra?
Com esse intuito, o Banco firmou parcerias com a ONU para lançar seu Fundo AGRI3, com o objetivo de liberar pelo menos US$ 1 bilhão em financiamento para a agricultura e o uso da terra com sustentabilidade e sem desmatamento. O objetivo primordial é reduzir o risco de investimentos em modelos de produção responsável. Com isso, o fundo também pode contribuir para a resolução da crise climática, com foco na redução das emissões de GEE.
De quais soluções práticas dispõem para influenciar o mercado? Downstream, o que as instituições financeiras podem fazer para fomentar a demanda por compras responsáveis? O que os investidores podem fazer para incentivar os bancos a desenvolverem novos produtos com responsabilidade social e ambiental? A sessão da tarde do primeiro dia da RT14 incluiu um painel com representantes de diversos bancos, investidores e instituições financeiras mistas. Lucian Peppelenbos, da APG Asset Management, atuou como moderador e iniciou o painel de discussão falando das enormes expectativas que muitos tinham sobre como o financiamento pode ser um divisor de águas na soja, em termos de criar as condições de mercado certas para uma demanda maior e também aumentar os lucros dos produtores responsáveis. Como gestor global de fundos e responsável por um fundo de pensão que cobre 4,5 milhões de pessoas, ele afirmou que o objetivo específico da empresa é evitar o risco da carteira, reconhecendo, ao mesmo tempo, a necessidade de investir com sustentabilidade.
Em vigor pelos próximos 5 a 10 anos, o Fundo buscará apoiar esquemas inovadores que prometam desmatamento zero, práticas agrícolas sustentáveis e que também melhorem os meios de subsistência rurais Para Johnny Brom, da Sail Ventures, tudo isso tem que se tornar corriqueiro (“business as usual”). Sua empresa de investimentos é consultora da &Green. O Fundo foi lançado em 2017 com capital de US$ 100 milhões e a missão de provar que financiar a produção de commodities com inclusão e sustentabilidade e sem desmatamento pode ser uma opção comercialmente viável e replicável. Uma colocação importante feita por Johnny à conferência foi que, em um setor grande e complexo, grande parte do custo envolvido em práticas mais sustentáveis pode acabar recaindo sobre os participantes de menor porte da cadeia de valor. Para incentivar uma mudança nessa prática, são necessárias parcerias de longo prazo com os produtores para apoiar seus investimentos em práticas sustentáveis.
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Primeiro Dia. Painel de Discussão sobre Finanças. “Ao conversar com os agricultores e comerciantes, percebemos que o risco não lhes parece muito atraente. Parcerias de longo prazo são necessárias para mudar a prática.” Johnny Brom, Sail Ventures Segundo Bas Rüter, a pressão por parte da demanda e dos consumidores também precisa aumentar. Embora o suprimento sustentável de alimentos seja uma responsabilidade compartilhada, isso pode ter um impacto mais forte e imediato do que qualquer outra opção disponível para os financiadores e investidores; o mercado tem que se mexer.
Danielle Carreira - Gerente Sênior da Principles for Responsible Investment, a principal defensora de investimentos responsáveis em nível mundial - destacou seu trabalho relacionado ao uso sustentável da terra e desmatamento. Os dados e a transparência foram desafios destacados pelo grupo de trabalho sobre investimentos; as dificuldades surgem quando não há dados suficientes para administrar um processo de redução de risco financeiro. Ela também comentou que um índice de líderes em desmatamento zero seria uma inovação muito bem-vinda. Todos os contribuintes do painel concordaram que obter bons ganhos de longo prazo é fundamental. Se os investidores estiverem cientes dos ganhos a longo prazo, estarão dispostos a investir. O financiamento público em apoio a melhores práticas também pode ajudar na transição para o desmatamento zero.
Em seguida, Peter van der Werf, da Robeco, disse que sua empresa busca um ponto de equilíbrio entre investir com responsabilidade, “Trata-se de uma questão de mitigando os riscos de sua carteira, e sua segurança alimentar, água, necessidade, enquanto investidora de direitos humanos e longo prazo, de manter um diálogo com biodiversidade, além da as empresas que ainda não atingiram o desmatamento zero. Em termos de mudança climática.” fomento à demanda por soja responsável, Danielle Carreira, Principles for ele disse que, a partir de 2012, eles têm Responsible Investment convocado outras empresas - com as quais já trabalharam ativamente no tema de cadeia sustentável de soja - para definirem um PARTICIPANTES DO PAINEL padrão mínimo e certificar a soja adquirida. Moderador - Lucian Peppelenbos, Especialista em Investimentos Responsáveis e “O desafio tem sido as empresas Sênior Governança, APG Asset Management
que pensam apenas nos custos adicionais, embora o mais provável é que o investimento não seja tão arriscado; elas precisam ver o exemplo de outras empresas.” Peter van der Werf, Robeco
Bas Rüter, Diretor de Sustentabilidade, Rabobank Danielle Carreira, Gerente Sênior de Assuntos Ambientais, UNPRI Johnny Brom, Especialista em Engajamento, Sail Ventures Peter van der Werf, Director of Active Ownership, Robeco 18
Primeiro Dia.
Histórias dos Produtores
O primeiro dia da RT14 se encerrou com Luiz Iaquinta também descreveu o porte das estilo: uma série de apresentações fascinantes operações: de representantes de produtores de soja, começando com Luiz Iaquinta, das Fazendas • O tamanho médio das fazendas certificadas Bartira (Brasil). pela RTRS é de 4.600 hectares; • Em uma série de slides, ele apresentou estatísticas impressionantes sobre o impacto • 85% da produção global certificada pela RTRS vêm do Brasil, onde existem 226 positivo das fazendas certificadas pela RTRS fazendas certificadas - ao todo, mais de um em todo o Brasil. milhão de hectares; e • Cada tonelada de soja RTRS ajuda a preservar 157 árvores e impede a liberação • A proteção de áreas com florestas naturais de 16 toneladas de carbono; custa aos agricultores o equivalente a US$ 4 por hectare.
• Juntas, as fazendas certificadas pela RTRS preservaram 616 milhões de árvores em florestas naturais e impediram a liberação de mais de 64 milhões de toneladas de carbono
Após demonstrar o enorme impacto positivo da produção certificada, ele exortou o restante da cadeia de suprimentos da soja a intensificar o trabalho voltado para a demanda e também os preços. Precisamos ouvir o lado da demanda, ele disse.
• Com tecnologias de plantio direto, os produtores reduzem as emissões de GEE e retiram mais de 1,8 milhão de toneladas de carbono por ano; • Menos água utilizada na aplicação de defensivos agrícolas e nenhum solo exposto; • Preservação de uma área de floresta natural equivalente a seis vezes a área de Amsterdã; • Todas as fazendas RTRS adotaram programas de gestão de resíduos e auditorias; • As fazendas RTRS empregam 10.000 pessoas diretamente e mais de 25.000 indiretamente; e
“Estamos pagando mais do que recebemos de volta do mercado. Qual é o preço da sustentabilidade? Menos de 1%?.” Luiz Iaquinta, Fazendas Bartira
• Existem vários programas sociais voltados para as comunidades locais, com uma média de 60 horas de treinamento por ano para cada funcionário.
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Primeiro Dia. Histórias dos Produtores. Francisco Nhanale, Coordenador nacional da Solidaridad em Moçambique, foi o próximo a falar. A África teve seus primeiros agricultores certificados pela RTRS - 223 em 2017. Agora, querem expandir para Malaui e Zâmbia. Francisco Nhanale se mostrou bem otimista em relação aos benefícios positivos da certificação RTRS: •
pena. O custo extra de cumprir o padrão é compensado por rendimentos mais elevados, menos insumos e melhores resultados sociais para os trabalhadores e as comunidades locais.
Em referência a três produtores da região dos Pampas Úmidos, Speroni falou do uso eficiente da terra e da água, sua resiliência Eles observaram uma maximização da às mudanças extremas no clima e seu produção junto com benefícios ambientais compromisso com a biodiversidade. e sociais;
• Usaram sementes certificadas que deram bom rendimento; •
Muitas das fazendas passaram a registrar dados pela primeira vez;
•
O uso de pesticidas ficou mais sustentável; e
•
Outras práticas positivas também foram adotadas, incluindo a rotação de culturas e a redução dos custos de transporte.
De acordo com Julio Fernández Speroni, consultor sênior de produtores certificados pela RTRS na Argentina, a implementação do padrão RTRS “dá muito trabalho”, mas vale a
PARTICIPANTES DO PAINEL MODERADOR Ulises Martínez Ortiz. Professor da UBA e Assessor da Fundación Vida Silvestre Argentina Luiz Iaquinta. Diretor de Qualidade, Certificação, Saúde, Segurança e Meio Ambiente. Fazendas Bartira. Brasil Francisco Nhanale. Coordenador Nacional Moçambique. Solidaridad Julio Fernández Speroni. Consultor Sênior de produtores certificados pela RTRS, Argentina from RTRS certified producers, Argentina
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Primeiro Dia.
Primeira Edição dos Prêmios da RTRS A RT14 também teve a primeira edição dos Prêmios da RTRS, anunciados no encerramento do primeiro dia da conferência. Essa nova premiação foi introduzida para ajudar a reconhecer as principais contribuições para as práticas sustentáveis no setor da soja. Os prêmios foram apresentados pelo Diretor Executivo da RTRS, Marcelo Visconti. A Lidl foi premiada por promover cadeias de suprimentos mais sustentáveis. A FAPCEN recebeu dois prêmios por sua contribuição a parcerias sustentáveis e pela gestão inovadora da produção de soja.
“Ficamos surpresos com o alto nível das inscrições, com o interesse de uma série de marcas de consumo de peso em participar e demonstrar seu compromisso com o futuro sustentável da soja”.
“Desde que confundamos a RTRS, a Unilever já percorreu um longo caminho com a organização. Temos muito orgulho deste reconhecimento; este prêmio demonstra o nosso forte compromisso e apoio à produção responsável de soja”. Jan Kees Vis, Unilever O prêmio foi entregue ao Diretor Global de Compras Sustentáveis da Unilever, Jan Kees Vis. A próxima edição dos prêmios será na conferência anual de 2020; as indicações serão abertas por e-mail e no site da RTRS.
Marcelo Visconti, Diretor Executivo da RTRS. Para marcar a primeira edição da cerimônia de premiação, a RTRS também reconheceu uma de suas principais organizações líderes de mercado. A Unilever - empresa membro da RTRS que vem se posicionando como uma das principais compradoras de material RTRS desde 2016 - recebeu reconhecimento especial como Principal Comprador de Material Certificado pela RTRS 2019.
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Galeria de fotos da Primeira Edição dos Prêmios da RTRS.
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Galeria de fotos do primeiro dia.
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Segundo Dia.
Palestra de Abertura
A RTRS já percorreu um longo caminho, afirmou o Diretor Executivo da RTRS aos participantes da sessão de abertura do segundo dia da RT14. Marcelo Visconti agradeceu novamente ao Rabobank por seu apoio à conferência e por seu compromisso contínuo e expressivo com a sustentabilidade. Marcelo disse aos participantes que um dos principais aspectos da RTRS é seu poder convocatório, uma verdadeira mesa redonda de todos os atores da cadeia de valor da soja. Os membros e parceiros, muitos presentes no recinto, são o ponto mais forte, ele observa. A Associação foi criada como “um espaço seguro para dialogar sobre questões sociais e ambientais no complexo sistema da soja.” Após sua formação, os membros da RTRS concordaram em um conjunto amplo de padrões para materializar sua visão e um sistema de certificação para atingir esse objetivo. Foi um dos primeiros processos confiáveis para garantir a transparência nas cadeias de suprimentos da soja.
Ele reiterou o valor holístico do padrão RTRS, que promove locais de trabalho seguros e saudáveis, benefícios para a comunidade e boas práticas agrícolas, entre outros. Ele também se referiu aos vínculos que a RTRS pode criar. No Nordeste do Brasil, a RTRS o elo de ligação entre a demanda europeia e a oferta local.
“Estamos sempre olhando para o futuro. A definição do que é ser responsável ou sustentável está sempre evoluindo.” Marcelo Visconti, RTRS
“Hoje”, disse Marcelo, “a RTRS continua se esforçando para fortalecer seu papel como espaço de diálogo. A associação continua a desempenhar um papel crítico na ligação entre oferta e demanda. O desmatamento zero e a conversão zero, agora estão no centro do padrão.” Marcelo Visconti, RTRS
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Segundo Dia. Palestra de Abertura. Em seu trabalho no Cerrado, a RTRS se vinculou a outras mesas-redondas e parcerias em busca de um objetivo comum. Esse papel de ligação vai ganhar cada vez mais proeminência, observou Marcelo. A RTRS vem se juntando a um grupo crescente de produtores em cada vez mais locais. Marcelo disse que ano que vem, na RT15, a organização apresentará uma estratégia da RTRS para “Além de 2020”, com a inovação no centro dos planos da Associação para
o futuro. A estratégia incluirá vários temas: desde uma abordagem multiculturas em um escopo geográfico mais amplo e medição das emissões GEE na fazenda. Fechando com um apelo à ação, Marcelo afirmou que os próximos dez anos serão críticos e que o sucesso dependerá de atrair mais atores, mais produtores comprometidos a atingir esse objetivo tão vital: aumentar a demanda por soja responsável.
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Segundo Dia.
Palestra magna: Ecometrica A palestra magna do segundo dia foi proferida por Richard Tipper, Presidente Executivo da Ecometrica, uma empresa de consultoria líder em dados e relatórios de sustentabilidade que “monitora a saúde da Terra”. Ele usou sua palestra para traçar um panorama geral e destacar várias “megatendências” que podem vir a impactar o trabalho da RTRS e seus parceiros. Alterações nos padrões de consumo e grandes mudanças nas escolhas alimentares foram a primeira megatendência destacada por Richard. Embora alguns mercados em desenvolvimento ainda apresentem uma tendência ascendente no consumo de proteínas animais, ele observou que, em toda a Europa, os jovens, em particular, estão reduzindo o consumo de carne e laticínios e passando a consumir produtos à base de plantas. Motivadas pela conscientização ambiental, por questões de saúde e pela preocupação com o bem-estar dos animais, as pessoas estão incorporando uma visão mais ética em seus estilos de vida. Para o setor de soja, isso significa que estão consumindo soja mais diretamente e, por isso, estão mais interessados em conhecer a origem do produto. A mudança climática é um fator global que motivou, em parte, essa mudança nos padrões alimentares (bem como compromissos globais sobre desmatamento e conversão zero). Mas também é um fator que influencia a resiliência dos sistemas agrícolas e a necessidade de elaborar planos de adaptação às mudanças no clima que já não podem ser evitadas devido às emissões históricas de GEE.
“No nível de paisagem, é provável que, nos próximos dez anos, tenhamos que adotar incentivos para garantir o sequestro de carbono na terra. A restauração dos ecossistemas e o bloqueio do carbono são áreas que devem crescer bastante na próxima década.” Richard Tipper, Ecometrica Richard também apresentou uma visão mais ampla do conceito de resiliência no setor. Além das tendências climáticas, estresse hídrico e perda de solo, há também pragas e doenças a combater - como o atual surto de gripe suína na China, que já está impactando a demanda por soja. No caso de grandes mudanças em como e onde a soja é produzida, além do volume, ele pediu aos participantes que adotem uma “mentalidade de oportunidade”, principalmente nas transições motivadas por mudanças na demanda - qual será o tamanho do mercado de produtos não alimentares à base de soja, como solventes, revestimentos e substitutos do plástico? Ele mencionou aos participantes que os novos produtos e inovações apresentam uma grande oportunidade e lembrou o espírito inovador de Henry Ford que, já na década de 1930, tinha a ambição de combinar a agricultura com a indústria, abrindo as portas para grandes experimentos com a soja. Ford chegou a encomendar um terno feito de fibras de proteína de soja, que trajou em uma fotografia tirada em seu aniversário de 78 anos, em 30 de julho de 1941. 26
Segundo Dia. Palestra magna: Ecometrica. Concluindo com um chamado à colaboração, Richard Tipper ressaltou que o grande desafio era fazer mais do que apenas celebrar as melhores iniciativas; era preciso fazer o setor avançar em direção a 100% de desmatamento e conversão zero, conectando e conservando as áreas de biodiversidade e melhorando os padrões sociais.
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Segundo Dia.
Painel sobre Políticas Públicas
Como os governos nos mercados consumidores estão se mobilizando para acelerar os compromissos com compras responsáveis? Como as abordagens jurisdicional e de cadeia de suprimentos se complementam? Como o trabalho da RTRS com a certificação jurisdicional está vinculado a iniciativas como a Produzir, Conservar, Incluir (PCI) e a compromissos multilaterais, como a Declaração de Amsterdã? Toby Gardner, Pesquisador Associado do Stockholm Environment Institute, abriu o painel sobre políticas públicas e atuou como moderador. Com frequência, as políticas públicas são concebidas isoladamente, sem a participação das empresas e da sociedade civil, Toby afirmou aos participantes. Ele lançou algumas perguntas iniciais: • Que tipo de coordenação, incentivos e estratégias devem existir entre os lados da demanda e da oferta na equação?
Internacional da Natureza da Agência Federal de Conservação da Natureza da Alemanha. Ela representa um país consumidor e fez quatro observações. Bettina iniciou sua intervenção afirmando que as informações, a comunicação e a conscientização sobre o abastecimento sustentável são muito importantes. Na Alemanha, por exemplo, há pouca conscientização entre os consumidores em relação aos impactos ambientais e sociais da produção de soja nos países produtores e às ligações com seu consumo de carne. O Programa Nacional de Consumo Sustentável da Alemanha (lançado em 2017) descreve medidas concretas para promover a informação, comunicação e conscientização dos consumidores. A segunda observação de Bettina foi sobre a necessidade de políticas coerentes nos países consumidores em apoio às compras sustentáveis. Ainda existem incentivos e políticas perversas que se opõem à produção e consumo sustentáveis. Na Alemanha, existem incoerências entre as políticas de agricultura, meio ambiente, saúde pública e cooperação para o desenvolvimento.
A terceira observação foi que as compras públicas de países consumidores representam • O que podemos fazer para superar a inércia no um grande potencial para as commodities produzidas com mais responsabilidade. O aumento dos prêmios pagos, por exemplo? setor público da Alemanha gasta cerca de 10% • Ou, se mudarmos para alternativas à soja, do PIB nacional por ano em compras públicas quais seriam as consequências para os (300-400 bilhões de euros). Se milhares de produtores de soja responsável no Brasil? cantinas públicas se comprometessem a • Outra pergunta crítica: quais medidas estão adquirir produtos responsáveis - inclusive sendo tomadas para incentivar a adoção de com desmatamento e conversão zero - a soja responsável na Europa? demanda por produtos produzidos com responsabilidade seria gigantesca. A primeira a responder foi Bettina HeddenDunkhorst, Chefe da Divisão de Conservação • E onde isso não está acontecendo?
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Segundo Dia. Painel sobre Políticas Públicas. Em sua quarta observação, Bettina disse que demonstrar a ligação entre as compras responsáveis (principalmente de soja) e debates e processos internacionais ajudaria a aumentar a visibilidade e a relevância da soja sustentável. Alguns processos internacionais importantes são: a Fridays for Future Initiative (mudança climática, desmatamento); A Convenção sobre Biodiversidade (biodiversidade); O Quadro de Programas de 10 anos sobre Padrões de Consumo e Produção Sustentáveis da Rio+20 (e seus seis subprogramas); e a Assembleia Ambiental da ONU (Declaração sobre Consumo e Produção Sustentáveis). Segundo Vincent van den Berk, que representa o Ministério da Agricultura, Natureza e Qualidade Alimentar dos Países Baixos na Parceria das Declarações de Amsterdã, a conscientização mais uma vez surge como problema. A soja é uma ‘dor de cabeça’, disse ele, porque houve poucos avanços em comparação a outras commodities atreladas ao desmatamento, como o cacau e o óleo de palma. Há muitas questões sobre o desmatamento em análise em seu Parlamento. Da perspectiva da Parceria das Declarações de Amsterdã, eles vêm tentando alinhar os programas de apoio agrícola com as prioridades políticas. Na UE, um plano de ação está sendo elaborado para tratar do desmatamento e da degradação florestal ligados à expansão agrícola. Uma Comunicação da UE nesse sentido foi publicada em julho, tratando de outras ações relativas ao desmatamento, incluindo a soja. Vincent van den Berk também falou de uma estratégia de proteína da UE, que trataria de algumas questões importantes, mas que tem o potencial de prejudicar a soja, já que a estratégia trata da preocupação de que o mercado europeu esteja muito dependente de soja importada; também vem acontecendo uma discussão na China.
Em um diálogo posterior com o moderador Toby Gardner, a França foi citada como um bom exemplo, pois a elaboração das políticas públicas ocorre com a devida diligência (due diligence).
“É uma questão de parceria e investimentos. Estamos em um momento decisivo no engajamento com a sustentabilidade na agricultura. No Brasil, estamos fazendo muito sobre esse assunto. Como podemos ter incentivos para consolidar a produção e a preservação? Estamos enfrentando esse desafio.” João Adrien, Ministério da Agricultura do Brasil Ele falou do desafio proposto pela ONU de reduzir as emissões de GEE e, ao mesmo tempo, aumentar os níveis de produção um desafio nada fácil. Ele questionou: como podemos ser mais intensivos e, ao mesmo tempo, mais sustentáveis? O Brasil vem trabalhando mais intensamente no manejo integrado de cultivos e no combate ao desmatamento ilegal, ele afirmou. Para o governo brasileiro, no entanto, é fundamental que os custos da produção sustentável sejam compartilhados diretamente na cadeia de valor da soja, e que haja um aumento na demanda e um prêmio sobre o preço para fomentar o mercado.
“Os custos da sustentabilidade devem ser compartilhados por toda a cadeia de valor da soja. Não podem ficar apenas nas costas do produtor.” João Adrien, Ministério da Agricultura do Brasil 29
Segundo Dia. Painel sobre Políticas Públicas. Assim como outros oradores, ele expôs a sua opinião sobre as principais questões e desafios: • Como podemos incentivar a agricultura de baixo carbono? • É possível ter financiamento internacional para os investimentos em agricultura sustentável?
Eduardo Lago, Presidente da EMAP, a Empresa Maranhense de Administração Portuária que administra o Porto de Itaqui, apontou que não faltava demanda por soja comum. Como elo entre os produtores e o mercado, seu porto estava bem posicionado para avaliar o fluxo de materiais.
O porto exportou 4,9 milhões de toneladas de soja em 2015, com um aumento para 8,5 • Como podemos gerar valor para as florestas milhões de toneladas em 2019. Só a China deve receber mais seis milhões de toneladas preservadas? de soja nos próximos cinco a seis anos. • E como financiar o reflorestamento? “O estado do Maranhão quer trabalhar Neste momento, Fernando Sampaio, Diretor para encontrar soluções”, disse ele, “visto Executivo da Estratégia Produzir, Conservar, que as questões de mudança climática, do Incluir (PCI) no Brasil, representando o desmatamento e da soja responsável são Governador do Estado do Maranhão, entrou fundamentais para o Governo do Estado.” na conversa. Algumas regiões mais pobres do Brasil veem o crescimento agrícola como sua Vários participantes da conferência única oportunidade de prosperar, ele disse concordaram com os comentários do painel. aos participantes. Ele afirmou que as sanções Os palestrantes reiteraram novamente a e embargos não são a solução, mas sim a necessidade de um sinal do mercado. Além demanda do mercado. disso, o que significa ‘produção legal? E a “As pessoas dizem que as florestas China? Por que os varejistas não seguem o têm valor, mas não vemos isso. O exemplo da Lidl e exigem soja responsável?
mercado não está respondendo “Nós podemos produzir. Podemos a isso. No estado de Mato Grosso, segregar. Podemos fornecer podemos preservar as florestas não-OGM. Os agricultores estão e aumentar a produção - não prontos. O porto está à disposição. por meio de sanções, mas com Os comerciantes estão prontos parcerias.” para negociar. Temos milhões de toneladas de soja responsável Fernando Sampaio, PCI disponíveis. Só precisamos da demanda.” Vincent van den Berk falou da necessidade de garantir “condições iguais” para a soja responsável e livre de desmatamento em todo o mercado europeu. Um mercado tão grande seria um prêmio em si mesmo, gerando a demanda que falta atualmente e abordando a crescente preocupação dos consumidores com a forma como a soja é produzida.
Produtor do Maranhão João Adrien disse que, do ponto de vista dos recursos e investimentos, a legislação da UE pode ser um divisor de águas. Se a demanda por soja responsável se concretizar, os agricultores trabalharão com rapidez se tiverem apoio. 30
Segundo Dia. Painel sobre Políticas Públicas. “Fechar o mercado não vai resolver a situação. Não vai mudar a realidade. Precisamos de incentivos.” João Adrien, Ministério da Agricultura do Brasil O último comentário do plenário veio de Juliana de Lavor Lopes, Diretora de Sustentabilidade, Comunicação e Compliance da Amaggi e membro do Comitê Executivo da RTRS. Ela disse que, de uma forma ou outra - seja por meio de políticas públicas, demanda ou pressão da cadeia de suprimentos - é, sim, possível dialogar e atingir o desmatamento zero; a RTRS pode guiar o processo por meio da certificação e de sua plataforma global multipartes, que pode ajudar a gerar consenso quanto às soluções.
PARTICIPANTES DO PAINEL Toby Gardner, Pesquisador Associado, Stockholm Environment Institute Bettina Hedden-Dunkhorst, Chefe da Divisão de Conservação Internacional da Natureza, Agência Federal de Conservação da Natureza, Alemanha Fernando Sampaio, Diretor Executivo, PCI. Representando o Governador do Estado do Maranhão Eduardo Lago, Presidente, EMAP, Empresa Maranhense de Administração Portuária Vincent van den Berk, Ministério da Agricultura, Natureza e Qualidade Alimentar dos Países Baixos João Francisco Adrien Fernandes, ex-agricultor e atual assessor do Ministério da Agricultura do Brasil
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Segundo Dia.
Painel de Encerramento: O Futuro da Colaboração na Cadeia de Suprimentos Quais são as oportunidades de harmonizar os diversos esquemas de certificação e mesas redondas de commodities com vistas a simplificar o mercado e promover maior aceitação? Quais são as ligações entre as mesasredondas, os sistemas de certificação e iniciativas globais como a Accountability Framework e a Tropical Forest Alliance? A última sessão da RT14 foi dedicada a uma série de atores de outras mesas-redondas e alianças, moderada pela Presidente da RTRS, Marina Born. “Enfrentar o desmatamento não é um problema simples, o escopo e a complexidade do desafio englobam a biodiversidade e os meios de subsistência. As empresas sozinhas não conseguem resolver esse desafio tão urgente. Existe a necessidade de gerar resultados em várias frentes, cuja importância é percebida de forma diferente por grupos diferentes. Chegou a hora de uma nova abordagem, com a transição de ações individuais para ações coletivas com vistas a combater o desmatamento ”, disse Justin Adams, Diretor Executivo da Tropical Forest Alliance (TFA), em suas observações finais. Organizada no Fórum Econômico Mundial, a Tropical Forest Alliance é uma plataforma global público-privada e neutra que reúne mais de 150 empresas de bens de consumo, governos, organizações da sociedade civil, povos indígenas e outros atores ambientais que buscam reduzir o desmatamento em áreas tropicais ligado a cadeias de suprimentos de commodities.
Jeffrey Milder, Diretor de Programas Globais da Rainforest Alliance, foi o próximo a falar e apresentou a Accountability Framework initiative (AFi), um esforço colaborativo de 14 ONGs parceiras para acelerar os avanços e aumentar a responsabilização por cadeias de suprimentos éticas. A AFi acaba de lançar o Accountability Framework, que traz princípios, definições e orientações comuns para as empresas definirem compromissos, tomarem medidas e demonstrarem resultados relativos ao não-desmatamento, à não-conversão e ao respeito pelos direitos humanos. O princípio básico da AFi não é duplicar esforços já existentes e abordagens que já se provaram eficazes, como a certificação, mas sim alinhar melhor os diversos padrões e ferramentas, ao mesmo tempo que ajuda a preencher lacunas nas orientações e boas práticas. Essa abordagem ajuda as empresas a obter uma produção e um suprimento responsável em todo o espectro do negócio, mesmo incluindo várias commodities e reunindo diversos continentes. Também pode ajudar a promover a colaboração e o alinhamento entre os vários sistemas e padrões de certificação, que geralmente trabalham para resolver problemas semelhantes.
“Precisamos convergir para avançar em áreas de interesse comum. Qual seria um bom patamar? O nosso princípio principio fundamental não é duplicar os esforços alheios.” Jeffrey Milder, Diretor de Programas Globais da Rainforest Alliance 32
Segundo Dia. Painel de Encerramento: O Futuro da Colaboração na Cadeia de Suprimentos. Ruaraidh Petre, Diretor Executivo da Mesa Redonda Global para a Carne Bovina Sustentável (GRSB), foi a próxima pessoa a se pronunciar. Sua commodity foi uma das últimas a formar uma mesa redonda; ou seja, tiveram a oportunidade de aprender com as demais, disse ele, principalmente para garantir que os produtores estivessem no centro das atividades. Eles têm mesas-redondas nacionais e também um órgão mundial, cobrindo uma ampla gama de sistemas de produção de carne bovina. Em seguida, Rolf Hogan, Diretor Executivo da Mesa Redonda dos Biomateriais Sustentáveis (RSB), apresentou a sua organização, que, como a RTRS, é uma plataforma que reúne várias partes interessadas. A Mesa Redonda surgiu de ações voltadas para os biocombustíveis e tem uma forte ligação com o setor de aviação e com esforços para reduzir as emissões de GEE. Agora, a RSB também está se voltando para embalagens e outros biomateriais; a mesa redonda também é membro pleno da ISEAL e está iniciando um novo projeto de três anos com a WWF e a Boeing. A RSB pode ser aplicada a qualquer cultura agrícola ou resíduo. A RSB tem interesse em colaborar com a RTRS na certificação conjunta de culturas de cobertura e na rotação de culturas envolvendo soja, além de engajar marcas globais e novos setores na questão da sustentabilidade. A Mesa Redonda de Óleo de Palma Sustentável (RSPO), representada por Inke van der Sluijs, Chefe de Operações Europeias, também participou da conversa. Uma das responsabilidades de Inke é o desenvolvimento do mercado na Europa; ela disse aos participantes que entende a importância - e os desafios - de aumentar a demanda.
“Nós, enquanto mesas redondas, precisamos evoluir. Desde o início, considerávamos um padrão de certificação. Depois, essa necessidade cresceu e se materializou em uma plataforma de discussão sobre parcerias. Precisamos mostrar que estamos causando um impacto.” Inke van der Sluijs, RSPO Ela falou da necessidade de as mesas redondas redondas evoluírem, reconhecendo que todas compartilham atores iguais ou semelhantes, e que o trabalho conjunto pode trazer grandes benefícios. Na sessão de perguntas e respostas, o painel se debruçou sobre uma questão fundamental - como evitar a “demonização” de commodities como a soja, para que os varejistas e as principais marcas de alimentos não retirem a soja de suas cadeias de suprimentos e para que apoiem a soja responsável e certificada. Inke compartilhou sua experiência na Mesa Redonda de Óleo de Palma Sustentável. Ela disse que é fundamental disseminar as histórias positivas sobre a produção responsável, antes que a mensagem mais ampla (de qualquer campanha) deixe de apoiar os produtores responsáveis e passe a vislumbrar mudanças no atacado de commodities.
“À medida que nos aproximamos de 2020, não dá mais para carregar os retardatários nas costas. Os líderes não podem ficar mais vulneráveis. Isso não vai ajudar. Precisamos encontrar maneiras de apoiar e celebrar os líderes.” Justin Adams, Tropical Forest Alliance 33
Segundo Dia. Painel de Encerramento: O Futuro da Colaboração na Cadeia de Suprimentos. Justin Adams enfatizou a importância de compartilhar as responsabilidades entre as várias partes interessadas em acabar com o desmatamento nas cadeias de suprimentos. Ele afirmou que, embora esse seja um processo lento e doloroso, está ganhando velocidade. Cada vez mais atores estão sinalizando que o desmatamento deve ser eliminado das cadeias de suprimentos. Ele ressaltou que a TFA está disposta a apoiar e proporcionar uma plataforma onde os parceiros possam trabalhar coletivamente para acelerar as ações. As mesas-redondas têm um papel importante no aprofundamento dessas discussões e no incentivo à ação prática. Há um movimento irresistível em direção à sustentabilidade. É o que as pessoas exigem. Os governos respondem com novas regras. Os mercados respondem optando por produtos verificados. E os que ficarem para trás vão precisar cada vez mais do nosso apoio, disse ele. Se nos restringirmos às histórias negativas, inibiremos o progresso. Em vez disso, vamos nos concentrar em destacar as histórias
positivas e priorizar a colaboração em ações em prol de um futuro positivo para as florestas.
PARTICIPANTES DO PAINEL Marina Born. Presidente da RTRS Justin Adams, Diretor Executivo, Tropical Forest Alliance Jeffrey Milder, Diretor de Programas Globais, Rainforest Alliance / Accountability Framework Ruaraidh Petre, Diretor Executivo da Mesa Redonda Global para a Carne Bovina Sustentável (GRSB, Global Roundtable for Sustainable Beef) Rolf Hogan, Diretor Executivo da Mesa Redonda dos Biomateriais Sustentáveis (RSB, Roundtable on Sustainable Biomaterials) Inke van der Sluijs, Chefe de Operações Europeias da Mesa Redonda de Óleo de Palma Sustentável (RSPO, Roundtable on Sustainable Palm Oil)
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Galeria de fotos do segundo dia.
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Segundo Dia. Galeria de Networking.
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PANORAMA GERAL DA CONFERÊNCIA Para assistir a alguns dos destaques da RT14, acesse: https://youtu.be/XRkXtmtUk1g
https://youtu.be/hW2yWOzU1f8
https://youtu.be/htRt2KoNiQk
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Round Table on Responsible Soy CONSTRUINDO UMA LIDERANÇA GLOBAL Demanda por Soja Responsável: Políticas e Finanças 11 - 12 Junho de 2019, Utrecht, Holanda
http://www.responsiblesoy.org/?lang=pt 38