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Angélica Lucio
(1974)
Poeta paulistana, é mestre em teoria literária e uma das editoras do jornal O Casulo, de literatura contemporânea. Foi uma das organizadoras da Antologia Vacamarela 17 poetas brasileiros do XXI (edição dos autores : 2007) e publicou o livro de poemas Mergulho às avessas (2008).Quando criança odiava escola. Adulta fez duas faculdades, mestrado e doutorado. Aos 15 anos leu Mallarmé, Baudelaire e Rimbaud sem entender nada. Mas gostou: “aquela poesia era como música, que toca os sentidos antes da razão.
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POUR FAIRE LE PORTAIT D’UN POÈME IDEAL era o alvorecer e o sol mais intenso uma paixão de descompasso as penas as glórias e os sabotadores da história a pequenez dos homens altos e a grandeza das mulheres baixas o gozo e o riso dos sem dentes era minha infância tataravós e escola teus sapatos altos debaixo da cama varridos junto com o medo a poeira acumulada e que sempre retorna a mônada que nos cabe certamente tudo que não este deserto
MUSA fantasma do texto boca da palavra sexo de mulher que fala serpente que engole a própria cauda e no branco espalha o gozo lágrima da tara
O SEM-NOME vermelho-laca com grandes brasas por detrás dos olhos, os cães ouviram o assobio, o homem ouviu – lhe disseram é o que anda sem os pés, o que se esgueira por entre as copas de árvore e não é cobra – e virá
encarnado é texto, oração, pensamento, desencarnado é sangue, suor, frio na espinha, a ameaça da terra, o chão.