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Daniela Galdino
(1975)
Poeta paulistana, mora em Joinville desde 1981. Cursou letras e é professora da rede estadual de ensino. Autora dos livros de poesia:Água Confessa ( 2001), Sete Silêncios (2004), Matadouro Imperfeito (2016), e Feito Vértebras de Colibris (2017). Este último integra a coleção Mariana Edições, movimento que promove a literatura produzida por mulheres.
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REFÚGIOS PARA GUARDAR MEU PAI
A saudade desenha seus estiletes, pai. De dentro para fora. Teus molinetes, agora ornamentam a casa com inconformável beleza: procuram tua pesca. Nenhuma fresta entre nós. Nenhuma isca.
Na antifesta de estar, o mar desfeito não comemora comigo: estamos sós.
E não há pacto de anzóis que capture a precocidade de tua ausência ou te devolva como devolvíamos os peixes para a água. — Lembras?
Apareceram uns cansaços nas paredes. Onde antes teu descanso sobre o dorso das redes, agora memórias rendadas avarandam a chuva em chamamento.
Enquanto o vento motiva algum sol, embala-me ainda teu riso nos braços já fracos da infância.
— As tarrafas cresceram, pai. Ainda não aprendi a dobrá-las.
in memoriam