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Leila Guenther
(1975)
Poeta catarinense, tradutora e artista visual. Evadida dos cursos de letras português, artes cênicas, comércio exterior e letras alemão e do cursinho para medicina. Formada em tradução e interpretação inglês/ português pela Unibero. Publicou pela Editora Córrego os livros de poemas Caminhão de Mudança (2017) e Para-choques (2018). Desde 2006, mantém uma oficina permanente de criação poética no blog http://www. caminhaodemudanca.blogspot.com/. Lá publica seus poemas, fotopoemas, videopoemas, qualquer-coisa-poema, desenhos, fotos e colagens.
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DIE ZEIT BEIßT é março vou deixar o outono desfiar o meu casaco DOS GIRASSÓIS À MELANCOLIA sobre o meu travesseiro ninguém dorme nem eu me sento na cama sobre as rendas da insônia enquanto meus dedos se desfiam em dores de papel perdido
o botão de uma lágrima se descostura no canto do rosto e o dedo leva à língua esse objeto triste meus olhos são dois punhais cegos cansados de desferir sonhos minha gravata é um nó no pescoço das estrelas minha boca é uma mancha soterrada por arestas que desejo dizer
penso em você nas minhas mãos desfiadas e no cansaço que é vencer cada dúvida: a comida de cada corvo que aqui dentro nunca acaba
e a existência menos furiosa? plástico endurecido numa vitrine desbotada do centro onde olhos morrediços vão se espelhar em meu corpo que se quebra a cada sentido em meu coração vencido [a golpes de arco em cello num céu adiado