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Angela Castelo Branco
(1977)
Poeta mineira, é mestre em literatura brasileira e doutora em literatura comparada pela UFMG. Seu primeiro livro, A vida submarina (2009), reúne poemas vencedores do Prêmio cidade de Belo Horizonte nos anos de 2007 e 2008. Ganhou também o Prêmio Alphonsus de Guimaraens, pelo seu segundo livro, Da arte das armadilhas (2011). Trabalha como redatora e revisora na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
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ESPELHO Dentro do armário do seu quarto de dormir deve haver um espelho. Se você sai e deixa o armário aberto durante todo o dia o espelho reflete um pedaço da sua cama desfeita. Se você sai e deixa a porta fechada durante todo o dia o espelho reflete o escuro do seu armário de roupas, a luz contida dos vidros de perfume. Do outro lado do poema não há nada.
PAPEL DE ARROZ Mira: as coisas construídas oscilam numa frágil arquitetura (os papéis cultivados em campos guardarão sempre a memória seca dos dias alagados). Também as palavras revelam somente o que escondem: eis a solução de uma questão delicada.
VASO Moldar em torno do nada uma forma aberta e fechada. Palavra por palavra o poema circunscreve seu vazio.