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Beatriz Bajo
(1979)
Poeta carioca, escreve desde os 12 anos. Em 2014 conquistou o segundo lugar no Concurso Internacional de Poesia promovido pela Casa de Espanha.Teve poemas incluídos em algumas antologias. Publicou em 2016 seu livro de estréia: Divinos Conflitos. Ao pedir sua minibio, ela escreveu-me: “não possuo cursos, nem formação acadêmica e nem trabalho em área ligada à literatura ou magistério. Sou uma pessoa sem nenhuma ligação com o sistema. Sou poeta na crueza do termo e porque esse dom me foi dado”.
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BIOGRAFIA MUDA Minha linguagem é feita de silêncio. Da densidade sólida Que corrói as paredes De todos os templos. Prece muda, quase um fluído Se esvaindo do pensamento. O verbo que fala de mim, sussurra. Está noutro tempo, Noutra rima, Noutro verso. Verbo imperfeito Que não quer virar palavra: Verbo que cala, Verbo que morre, Verbo que mata. Assim, sou um rascunho Entre junho e julho, Quando o frio é um poema fatigado De esperar o inverno puro de agosto.
DESCRENÇA Alguém me disse Que outubros são pra caçar verbos. Olhando pela janela ainda é maio. Então eu guardo meu estilingue Entre meus livros velhos E vou dormir Para espantar o tempo dos olhos. Dou boa noite à Poesia Que arranca de mim O meu relógio quebrado E as pedrinhas que me dera quando, Testando a minha crença no mundo, Pendurou aquela paisagem No vidro inocente do meu quarto.