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Equipamento
by RUMINANTES
EQUIPAMENTO | ROBOT DeLaval V 300 ROBOTS CHEGAM AO ENSINO PROFISSIONAL
PARA COLOCAR TECNOLOGIA DE PONTA À DISPOSIÇÃO DOS ALUNOS DO CURSO PROFISSIONAL TÉCNICO DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA , A ESCOLA PROFISSIONAL DE AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO RURAL DE PONTE DE LIMA ADQUIRIU, EM ABRIL, UM ROBOT DE ORDENHA DeLaval V 300. FOMOS ATÉ À ESCOLA, E FALÁMOS COM AMÂNCIO CERQUEIRA, DIRETOR DO ESTABELECIMENTO DE ENSINO, E COM OS TÉCNICOS RESPONSÁVEIS PELA ASSISTÊNCIA AO ROBOT. POR Ruminantes | FOTOS FG
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Que indicadores utilizam para perceber se a vacaria está a funcionar bem?
As produções leiteiras e o estado de saúde dos animais. As produções esperadas são aquelas que, no mínimo, nos paguem os custos de produção e as amortizações do que investimos. Estamos com uma média diária por vaca de 32,6 litros e o objetivo é chegar aos 35 litros.
Como comercializam o leite?
Vendemos à Agros.
Em abril deixaram a sala de ordenha convencional e iniciaram a ordenha com robot. Porquê?
Porque acreditamos que podemos melhorar a produção de leite e porque, em termos de futuro, este sistema das estações de ordenha robotizadas dá muita qualidade de vida a quem está a fazer as ordenhas.
Como relaciona o robot com o bem-estar animal?
É uma relação bastante positiva. Penso que deu qualidade de vida aos animais, as vacas habituaram-se rapidamente, vão naturalmente ao robot para serem
Amâncio Cerqueira, diretor da Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Ponte de Lima, acredita que o robot trouxe vantagens, quer em termos de bem-estar animal, quer em termos de qualidade de vida dos trabalhadores. ordenhadas. Claro que vão ao robot porque também lhe damos alguma coisa em troca, neste caso ração. O stress animal que existe na sala de espera e na entrada dos animais para a ordenha convencional, não existe no robot. O sistema de tráfego que temos é totalmente livre.
Que equipamento têm? Porquê?
Um robot de ordenha DeLaval V 300, com BCS (câmara de medição de condição corporal), OCC (laboratório de contagem de células somáticas) e Delpro
SOBRE A ESCOLA
A Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Ponte de Lima (EPADRPL), criada em 1992, insere-se numa vasta propriedade agrícola. É uma escola profissional pública vocacionada para o desenvolvimento rural do concelho de Ponte de Lima e aualmente oferece cursos na área agropecuária, na de gestão equina e na de restauração/gastronomia. O Curso Profissional Técnico de Produção Agropecuária assume um caráter de extrema importância na qualificação do tecido empresarial da região, tendo como principal objetivo formar futuros técnicos. A exploração agrícola da EPADRPL encontra-se dividida em diferentes setores de atividades: bovinicultura, ovinicultura, suinicultura, avicultura e apicultura.
(programa que faz a gestão de toda a informação). Foi o equipamento que ganhou o concurso público realizado e que cumpriu melhor o caderno de encargos definido. De qualquer forma, enquanto gestor da exploração, essa teria sido a minha opção.
Que sistema de ordenha tinham?
Uma sala de ordenha em espinha, com capacidade para 6 animais.
Quanto tempo levavam a ordenhar as vacas?
Cerca de 5 horas por dia, para as 2 ordenhas.
A instalação do robot foi em abril, estamos no final de setembro. Como tem corrido?
Confesso que tive algum receio, tanto que mantivemos a sala antiga montada. Mas agora, passados estes meses, sinto que já podemos “destruir” a sala antiga, porque de facto há uma grande fiabilidade na utilização do robot. Acima de tudo, há um ponto fundamental que está a funcionar em pleno, que é a assistência ao robot.
Quando recebemos alarmes a meio da noite de problemas que não conseguimos resolver, a assistência da Harker vem de imediato. A qualidade da assistência e a celeridade são fundamentais neste negócio.
Como fizeram a transição de um sistema para o outro?
Como tínhamos tempo, optámos por passar as vacas, durante 30 dias, pelo robot apenas para comerem ração. Para as vacas de primeira lactação é muito fácil, elas entram, e como nunca foram ordenhadas encaram muito bem o braço do robot. As outras, de início estranharam, porque estavam habituadas à voz do tratador e a serem massajadas. Hoje, estão praticamente todas adaptadas, só 2 ou 3 vacas mais velhas é que ainda precisam de ser levadas para o robot.
O que mudou na rotina das pessoas?
Na brincadeira, diria que agora as pessoas não precisam de cá vir, apenas têm que estar de serviço. Têm a aplicação do robot e observam os alarmes para ver se há vacas a “vermelho”. As pessoas adaptaram-se muito facilmente à aplicação, é muito intuitiva. A versão que os funcionários utilizam permite exclusivamente a visualização, não permite fazer alterações. Isto dá um descanso muito grande para quem tem que começar e tem medo de errar, pois não permite “estragar” nada. Se, da observação dos dados, houver necessidade de alterar alguma coisa, pedem para alterar.
Tiveram quebras de produção? E na qualidade do leite?
Nunca tivemos quebra de produção de leite, e rapidamente superámos a que tínhamos. Relativamente à qualidade do leite, diminuímos bastante a CCS.
Quantas ordenhas por vaca e dia têm?
Nunca estivemos abaixo das 2. Hoje, temos 2,8. Temos uma regra implementada segundo a qual as vacas só podem ser ordenhadas num intervalo igual ou superior a 8 horas, ou seja, não podem fazer mais de 3 ordenhas/dia. Muito em breve teremos 55 ou mais animais em ordenha, e todas as ordenhas têm que ser rentáveis, porque têm sempre um custo associado (iodo, energia na bomba de vácuo...). Como referência não devemos ter ordenhas com menos de 13 kg, embora a regra do potencial máximo do número de ordenhas deva ser sempre um compromisso entre o efetivo que se tem e a produção de leite esperada. Ou seja, eu sei que quantas mais vezes o animal for ao robot, mais leite terei, mas a pergunta é: vale a pena?
Decidiram melhorar a genética por causa do robot?
Decidimos refugar animais porque quisemos melhorar o nosso potencial genético. Tínhamos animais com médias de 25 litros dia, hoje temos perto de 33 litros. Este melhoramento foi feito com a compra de animais, tendo em vista o bemestar animal, a longevidade e a produção leiteira. Também adquirimos alguns animais muito bem conformados, para permitir aos nossos alunos participarem em concursos pecuários. Como é difícil conciliar os dois interesses, temos como que 2 linhas genéticas na exploração.
Analisa o investimento no robot pelo leite ordenhado ou por vaca?
O robot tem potencial para ordenhar 3000 a 3500 kg de leite por dia. Mas isto depende muito do fluxo de leite das vacas, se é rápido ou não. Este robot, além de conhecer todas as vacas, tem a função de pulsação inteligente. Assim, gere a relação entre o tempo que está a tirar leite (de 60 a 70%) e a massajar (40 a 30%). Há vacas que precisam de mais pré-massagem ou estimulação que outras.
A ração que dão no robot é especial?
Sim, tem que ser granulada e mais densa, dura e sem pó. E os ingredientes têm que ser mais apetentes.
Quando começaram a dá-la?
No robot. Não fizemos período de adaptação, quando terminou a ração “convencional” que tínhamos na exploração e que estávamos a dar no período de adaptação ao robot, passámos para a nova ração.
O custo alimentar, antes do robot e agora, é igual?
O custo mensal manteve-se, mas como passámos a produzir mais leite, penso que hoje o custo da alimentação por litro de leite baixou.
O futuro da produção de leite, na região norte, passa pelos robots?
Não tenho dúvida que sim. E estou certo de que se os alunos se habituarem a trabalhar com o robot, estarão preparados para trabalhar com qualquer tipo de ordenha. A nossa escolha deveu-se a isso.
EQUIPAMENTO EXTRA
Acerca dos extras instalados no robot DeLaval V 300, falámos com os técnicos assistentes da Harker, Ana Paiva e Carlos Manuel.
BCS (Body Condition Score) – Câmara de medição da condição corporal
Ana Paiva: O animal é identificado quando entra na estação de ordenha. É esta identificação que é utilizada na fotografia (imagem técnica em 3D) que é gerada quando o animal sai do robot e passa na zona da câmara.
Com esta imagem e com a utilização de um algoritmo, o BCS faz a medição da condição corporal.
A classificação passa para o Delpro, e aí é possível consultar quer a nível individual a evolução da classificação da condição corporal ao longo do ciclo de lactação, quer a nível do efetivo a posição do animal em relação aos outros animais do efetivo.
As medições são feitas sempre que o animal vai ao robot e estes dados ficam disponíveis no Delpro.
Na prática, a leitura desta importante informação é muito simples. A classificação BCS é de 1 a 5. O programa assinala a linha ideal da classificação que os animais deveriam ter em cada momento da lactação, e também o intervalo adequado admissível com o valor máximo e mínimo. Graficamente aparece o ponto ideal, o máximo, o mínimo desejável e o valor do animal em análise. Portanto, desde o primeiro dia em que o sistema começa a funcionar, podemos perceber como está o efetivo em relação ao teórico/esperado.
O programa também dá a informação da variação da classificação de cada animal, chamando a atenção, com alertas, se os valores variaram e quanto variaram.
As informações fornecidas pelo BCS permitem suplementar/ corrigir nutricionalmente os animais que não estão a conseguir manter-se dentro do intervalo definido como ideal para a condição corporal em cada fase da lactação, quer seja por excesso ou por deficit. Esta correção pode ser feita pela quantidade de ração fornecida no robot.
O valor do investimento são cerca de 4000€. A licença de utilização e as atualizações estão incluídos no preço, não existem custos anuais de manutenção.
OCC – Laboratório de contagem de células somáticas
Carlos Manuel: Trata-se de um verdadeiro laboratório que faz a contagem exata das células somáticas no leite. As análises são feitas de acordo com o programa de análises que definimos. Esta definição pode estar relacionada com a condutividade detetada durante a ordenha, ou seja, sempre que a condutividade de um animal esteja fora dos parâmetros normais (valor alto), o robot dá instruções para se fazer uma análise com OCC. Mas também podemos, caso desconfiemos de algum animal, dar instruções para analisar o leite desse animal em todas as suas ordenhas.
A fiabilidade dos resultados é de 100%, já que se trata de um verdadeiro laboratório, ao contrário do que acontece com alguns robots no mercado que relacionam as medições de condutividade com a contagem de células somáticas através de uma tabela de equivalências.
O custo deste laboratório é cerca de 9000 euros, tendo que haver um OCC por robot. Se se tratar de uma vacaria que costuma ter problemas frequentes com CCS, a amortização é rápida, porque evita que o leite vá para o tanque e provoque penalização na classificação do leite. Se é uma vacaria sem problemas, talvez este investimento possa não fazer sentido.
O custo médio dos reagentes ronda os 30€ por vaca e ano, dependendo do programa de análises do produtor.