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ALTRUÍSMO HERÓICO

O mundo ficou perdido em seu vazio de respostas, Como podemos conviver com atos de rostos sem mostras, Encurralados como cordeiros em uma matança anteposta?

Perdemos nosso alvissareiro redentor de esperanças, Que mesmo na sua morte demonstrou com lisura sua bonança, Em um cenário assombroso de um dia lastimável de inferno, Nem mesmo sua dor momentânea relegou seu espírito paterno.

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Na escuridão dos escombros irracionalizados por almas desumanas, Sua sôfrega voz coroou com nobreza, seu extremo sentido de misericórdia, Diante de um total desatino de homens perdidos em sua própria discórdia, Apelou pela integridade de mantença de sua inacabada obra, Revestindo de carisma e humildade este seu pleno e último ato de glória.

Sabedor que a humanidade trilha por caminhos sem paz latente, Maravilhou olhos frios e relapsos de tantas nações jacentes, Como os que o julgavam um mero charme diplomático aparente, Com exercícios de uma sabedoria indescritível e transparente.

Hoje o mundo está mais triste, pois perdeu um guardião do bem viver, Não os truculentos belicistas travestidos de range-ranges de poder, Mas um infante pacifista armado pelo sorriso e pelo saber, Como um anjo verdadeiro, daqueles que Deus nos oferta sem merecer, E que maltratamos sem piedade em nossas sevícias de muito querer.

Acordamos manchados pelo sangue demarcador de uma tragédia, Com projeções apocalípticas ocultas em embustes de comédia, Em nome de Deus, em luta pela liberdade, em busca do paraíso? Em defesa da globalização, em honra da democracia, em estranho juízo? Navegando por vinganças, pirateando vidas sem prévio aviso, Exterminando sua própria espécie como um torpe vício.

E se não bastasse, ainda assassinamos nossos médicos comportamentais, Que tentam demonstrar com exemplos, no que uma boa alma se compraz, Em repudiar ganâncias expressas em um parlatório sequaz, Que não objetiva reais benefícios, humanitários e sociais.

Ficamos sem crédito! Ficamos sem mérito! Ficamos sem voz! Atordoados por tal violência, torpedeados por uma covardia atroz, Restou-nos em poesia, saudar nosso herói e mártir diligente, Sérgio Vieira de Mello, o altruísmo heroico de um brado retumbante.

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