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LENDAS SEM ESCOLA
from Brasileiro
Uirapuru cantou na mata ardente, Parece querer anunciar que está mais quente.
Manati bubuiou para respirar, Conversa miúda com o boto cor de rosa, Tempo bom quando era possível tal prosa, Em que não havia homem a escutar.
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Pirarucu não salta mais nos remansos de agora, Que saudade da lança cabocla de outrora, Hoje tem rede no igapó a toda hora.
Cadê a pintada a esturrar noite afora, Será que estou surdo ou ela foi-se embora?
Mapinguari, curupira são lendas sem escola, Videogame, internet são ledices de agora.
Cobra grande ficou encruada na memória, O que será deste povo sem as suas tantas histórias? Lamento triste ressecado por uma jequitiranaboia.
Nem guariba, nem cuatá murmuram mais neste lugar, O jacaré saltou de banda e levou o matamatá.
Nem piranha habita mais neste lago de fome, Ouço alguém perguntar: “Como era mesmo o seu nome”?
Anavilhanas, pantanais, redutos que jazem solenes, Nos resta saber até quando suas almas ficaram perenes, Resistirão até quando a esta raça tão indene?
São perguntas mal respondidas na memória reticente, De florestas derrubadas pela ambição de um mal inconsequente.