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CLAMOR DA FLORESTA
from Brasileiro
Como grumos de um ritual cataléptico, Que anuncia uma premeditada sina.
De uma ambição capital e espoliante, Que urge como uma ameaça à natureza exuberante.
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Cujas trilhas e caminhos descansam encobertos, Preservando a riqueza de um lastro néscio.
Aqui não tem lugar para teus pastos e emplastros, Homem sequioso e formador de desertos!
Não deflores a virgem mata neófita, Ó filho, das trevas e de incesto objetivo.
Pois tua mãe reclama a autoridade, De porvir em teu coração, menor maldade.
Fazer nascer em ti, mais maturidade, Para que possas entender este manancial de vida.
Que renegas como um filho desta pátria parido, Pois deste útero, não foste cuspido.
Peço que ouças o esturro desta floresta ao teu ouvido, Com a solidez com que a pintada anuncia.
Acho que o peixe-boi também se aproxima, Vem reclamar da tua tirania.
Tantos sonetos neste cenário que agoniza, Enquanto tua alma pelo poder se privatiza.
Sintas o cheiro de cio presente em tuas narinas, De vidas que querem permanecer em liberdade vívida.
Permitas o cintilar desta aquarela pulsante, Entremeada nesta predominância verdejante.
Por onde passeia brincante uma macacada infante, No estribilho do gorjear de uma passarada cantante.
Como podes, homem, ser tão obtuso e renitente, Insensível indiferença a uma paisagem tão envolvente.
Não te vendas à cobiça de um povo estrangeiro, Pois não há valia neste vil dinheiro.
Sejas menos compassivo e hospitaleiro, Com quem quer te tornar num ardiloso espinheiro.
Não firas a tua própria dignidade, E sejas nesta hora um brasileiro de verdade, Pois só assim poderás viver a minha eternidade.
E quão bom que eu fosse tão eterna, Que não lograsse nunca, que ficasse tão deserta.
Como um triste Saara, sem vida e sem qualquer fim, Que meu Deus nunca permita que tu, homem, me faças assim!