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Madrugada

Madrugada

A placidez está a um passo dos teus gritos: Basta dar este passo.

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Pode crer, amigo: Os filmes da madrugada não foram mesmo feitos Para remediar angústias. Nesta noite (e em todas as noites?) você nem se dá conta, Mas a sua dor e sua variada programação têm um Interruptor:Acionando o controle remoto, você viaja... E em um dos canais, Alguém fala de Cristo, E seu poder trans-formador. Hoje você está meio louco, pára um pouco, Resolve ouvi-lo.

E o cara de fala firme Que de Cristo fala Fala-lhe de algo: Cristo te oferece uma mão Mas uma MÃO Que formou todas as mãos estrelas hipopótamos riachos anjos Paisagens elementos periódicos pessoas e veio aqui Nesta terra que gira Morrer por você. Isso, se admitido, muda muita coisa, Muda o termo de tudo: o máximo fez-se mínimo (manjedoura – andanças – cruz) Por nós, que satanás quer fazer crer Que viemos do nada.

Você repara no homem que de Cristo fala, Desconfia de seu terno, “mais um papa-dinheiros” .

Pena que (e não conheço esse que agora lhe fala) o homem Que de Cristo fala não prioriza relatar A sua (dele) vida: Será sempre a história de um heróico resgate. Pois as ações de Deus principiam por uma salvação. E o pregador, loquaz, lhe fala de Paz, paz paz paz paz paz paz paz Mas não a paz das passeatas, não a paz dos acordos, Paz de hominídeos: Mas da Paz de Deus, Além da tua imaginação.

E Você quer ver mas algo como que lhe manda mudar mas Tu (ainda assim e exaustivamente) sabes, Quanto aos outros canais, seus Filmes da madrugada são reprises de velhos filmes Reprisados à exaustão no diurno plantão, No diuturno mundo. Mas uma voz de amargura diz a madrugada Tem sempre histórias mal contadas (Como a querer dizer que você talvez não esteja entendendo o que está começando a entender), E você acaba adormecendo, Em meio a ela, Em meio aos filmes que Hollywood ou os monsieurs Não fizeram mesmo para calar angústias, Em meio à própria insônia.

Mas contra este sono incipiente A tua angústia velha e rabugenta Discursa hoje como um De Gaule, Um Fidel, um qualquer que a razão humana Cegou. Ela discursa, ela relembra detalhes De dor. Tua dor.

Detalhes que te cansam, e permanecem.

O homem da TV chama um vídeo-clip, Uma mulher que você acha cabeluda, mas de voz arrasadora Canta, canta como você nunca ouviu (Palavras doces, que cortam) E chega num verso assim: “Ajoelhe-se e clame...” E de repente, Entre tudo isso que a madrugada amontoa, Entre gritos por dentro e barulhos desertos, Entre filmes mudos sobre vaidades, Algo improvável para quem está do lado De fora da tua casa ocorre, Algo vulcânico, inadiável, algo que fala, Que grita em voz tenórica sobre rupturas e resgates... Lágrimas, lágrimas hiper-retro-retidas explodem, Você derrete do sofá ao chão, E abre a sua boca e asas e coração... E sabe entre seus soluços Que agora pertences ao Cristo.

E agora (e este é o AGORA por quem todos os outros agoras existiram) Tu estás nEle, e Ele em você. E você não vê Mas as trevas da noite lá fora Como que se incendeiam, E a filmografia holiudiana passa a ser Apenas filmografia, E as vaidades passam a ser Só vaidades, E a angústia passa a ser só mais um Dos palácios do inferno,

Que só teus vizinhos o sabem, só o mundo Sem Cristo... E a dor é enterrada nos morros de Hollywood, Nas literaturas da França, No peito de satanás: E você está livre. E a vida - olha que coisa mais inesperada, mais inesperável –Passa a fazer SENTIDO. E você vê que teus avós erraram, Cristo é muito mais que catedrais estátuas Rezas decoradas:

Cristo é Vida, Cura e Liberdade.

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