Revista Construtores de Histórias

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ÍNDICE

MATÉRIA DA CAPA Para além dos 50 minutos

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Biografias

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Notícias dos Construtores

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Editorial

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POESIAS Primavera da Maturidade

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Cinderela em Cordel

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Ser amiga de um cadeirante

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Quem sou eu? / O tempo passa

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Os Construtores de Histórias

CONTOS Tereza

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Grafite em Parelheiros

ARTIGOS Filmes e livros

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Por que escrevo?

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A importância do Hip Hop

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Infância

20 Profs. Fabiano e Weslay

E MAIS... Eu vou! - Biblioteca no Cemitério

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- Dúvidas: Os porquês e Mas X Mais

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Nas Estantes da Zona Norte

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Variedades

22 Gravação Gaiolas e Asas


NOTÍCIAS DOS CONSTRUTORES

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Gaiolas e Asas Teve estréia no SESC Santana esse mês o curta-metragem de Sandra Martins em parceria com Abílio Canel, a gravação foi dos Construtores Matheus Mendes e Vinicius Escócia e todo o trabalho foi desenvolvido com a equipe do Sirene.com. liderada pelo notável Rodrigo Marcelino. O curta fala sobre os diversos tipos de escola baseada na frase célebre de Rubem Alves “Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas”e tem duração de 11 minutos. Vale a pena conferir e já está disponível no Youtube.

Áudio book Segue a gravação do áudio-book do livro “O Segredo dos Amuletos – Tempora Vitae” no estúdio da Fábrica de Cultura Jaçanã, o grupo inteiro tem feito ensaios e um esforço fenomenal para realizar um bom trabalho. A perspectiva é que no início de 2016 possamos distribuir nas instituições de apoio à pessoas com deficiência visual e disponibilizar na internet para login o áudio. A proposta é uma gravação com todos os sons característicos e vozes correspondentes aos diversos personagens. Muitos amigos Construtores já gravaram e muitos ainda gravarão. Obrigada a todos!

Biblioteca nas Ruas A equipe cobriu o evento das bibliotecas esse mês para a revista Nossa ZN, não somente cobriu como também participou da ação em Santana. Na rua falar sobre leitura é realmente atender à todos, proposta que o grupo apóia e divulga. Visita a Rádio Parte da equipe dos Construtores visitou uma rádio e pôde ter acesso a todo o trabalho realizado para levar um programa ao ar. O projeto Tela Cidadã desenvolvido pelo Projeto Cidadão tem o intuito de produzir cinema na periferia. A experiência nossos construtores levaram para sempre.

Palestra do Vinicius Nosso Vinicius Soares proferiu a sua primeira palestra solo. Sobre as paredes do Colégio Cyrene de Oliveira Laet, no Jaçanã para o grupo do jornal escolar ele contou os desafios que enfrenta como cadeirante, como atleta da AACD e nas outras loucuras que gosta de fazer, por exemplo, rapel invertido. Mas isso é história para a próxima vez...


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Tereza A música agora estava lenta, a atenção do bar se dividia entre meu corpo semi-nu dançando sensualmente e a letra da música, que quase inaudível dizia sobre estar em um mundo onde ninguém dava valor para o que realmente somos. As palavras cantadas se encaixavam perfeitamente comigo, refletia sobre elas, enquanto seguia a coreografia de sempre. Tentava não aparentar o quão desconfortável eu estava naquele lugar, por isso, sorria para todos aqueles velhos pervertidos. Abaixava um pouco da minha roupa dando indícios da minha genitália, mas nunca a mostrava de verdade. No fundo, o olhar de desejos que eram estampados nos rostos daqueles homens me deixava um pouco feliz. Podia não ter sorte na vida, mas pelo menos conseguia algo com minha beleza. Nunca quis ser uma dançaria de boate, ninguém quer estar nessa situação. Porém, o desespero fala mais alto. Sonhava em ser uma psicóloga, tratar diferentes mentes com problemas, mas acabei me tornando uma mente doente que precisa de ajuda. Peguei a nota de cinquenta que um homem de terno jogou no palco e guardei entre meus seios, piscando como agradecimento em seguida. Para ele, podia não representar muita coisa, mas para mim seria o almoço e a janta do dia seguinte. O que eu lucrava naquele bar não era suficiente para viver, mas sempre havia uma gorjeta generosa de clientes cheios de tesão que pagariam até muito mais para me ter em sua cama. Entretanto, uma coisa aprendi muito pequena, um ensinamento da minha mãe: nunca desfaça de ninguém, não sabemos de sua história ou se um dia precisaremos de sua ajuda. E naquele momento eu dependia deles, e do quanto eu me esforçava para deixá-los com desejo. Essa razão fazia de mim uma das melhores dançarinas daquele lugar, a mais ousada, a “atração principal”, como eles me chamam. A música mudou, deixando de lado a melodia calma para algo mais dançante. A luz também mudou, antes azul agora era um vermelho sensual, indicando que meu show já estava para acabar. Fazia minha última dança enquanto recolhia no chão as notas jogadas pelos velhos, olhava para todo dinheiro, seria ótimo poder a cada show ficar com todo aquele valor. Mas o dono da boate não tinha dó em lucrar em cima de suas dançarinas. Fiz o caixa, pegando a merreca que ganhava por noite. Mesmo cansada, não tinha vontade de voltar para o lugar que chamava de casa. Era meio desesperador passar o resto da noite sozinha em um quarto, a única companhia que tinha era o mofo das paredes. Por isso optava em ficar sentada no bar da boate, ouvindo música e principalmente conversando. Uma coisa que aprendi com os anos nessa profissão é que as pessoas têm uma vida fora do bar, e às vezes é difícil imaginar aqueles homens suados cheio de vontade de uma transa, em um ambiente de trabalho, entre amigos, e até mesmo, em uma família. Porém, cada um vive em um mundo, que muitas das vezes é inalcançável e que ninguém entende. Gosto de encontrar esse tipo de pessoa, que vai ao bar normalmente beber para esquecer os problemas. Sinto que mesmo não sendo uma doutora, posso ouvi-los e realizar uma parte do meu sonho: tratar mentes que necessitam de ajuda. Lembro-me, das primeiras vezes que decidi observar o movimento do bar, havia um homem que chamou muito a minha atenção. Este mantinha presença por ali e pelo que se ouvia, tinha fama de garanhão e era cobiçado por muitas mulheres, mas não era isso que ele desejava. Ele escondia um enorme desejo por homens, garotos especificamente, mas por não poder demonstrar isso se tornou uma pessoa amarga. Foi difícil no começo conversar com ele, mas algo nele me intrigava. Até que um dia, o bar já estava para fechar, seus amigos já tinham ido embora e diversas doses de tequila lhe subiram a cabeça; começou a desembuchar tudo que passava em sua


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EU VOU! mente. Todos os casos que ele mantinha com garotos de programa e sobre a dificuldade que é esconder de todos o que ele realmente era. Me senti imponente diante de toda aquela situação, mas percebi o que ele precisava, uma amiga com quem partilhar todas suas angústia. Toda semana, eu recebia sua visita no fim de meu expediente. Deixamos de falar apenas dele, e começamos a falar sobre a vida, e muita das vezes o encorajava a ser quem ele realmente era. Mas ele não aceitava a ideia nem um pouco bem. Mesmo confiando em mim, já havia ameaçado me fazer mal caso eu contasse algo sobre o segredo dele a alguém. Um dia se espalhou a notícia de que meu amigo havia se matado, após ser pego transando com um rapaz, do qual ele sempre me contava e demonstrava estar apaixonado. Fiquei durante algumas semanas muito mal, não apenas pela perda de alguém que havia se tornado importante pra mim, mas pelo mundo em que vivemos, pelo fato de ditarmos nossas vidas conforme todos julgam correto. Haveria algum problema caso ele tivesse escolhido viver uma vida com outro homem? Por que é tão impossível ser feliz? Essas perguntas martelavam na minha mente. As pessoas tendem a estragar a sua vida, viver uma mentira, para assim estar em padrões dessa maldita sociedade. Eu não me achava uma exceção em tudo isso, não conseguia ser sincera comigo mesma, não tinha coragem de dar um passo inicial e mudar o rumo de minha vida. Nesse dia a dia tão solitário que seguia, sentia que todos aqueles homens, mesmo não sabendo nome de muitos, mesmo eles não ligando pra mim, se tornaram minha família e a forma de amor mais próxima que eu podia nutrir.

Paulo Giordan

Se você, assim como nós, MORRE de amores pela literatura, com certeza vai adorar a dica desta edição! Já imaginou ir a uma biblioteca que fica dentro de um cemitério?! Exótico, não? Mas a Revista Construtores de Histórias encontrou! A biblioteca Caminhos da Leitura - localizada em Parelheiros, Zona Sul - é um projeto criado por Bel Santos e Vera lindo, no ano de 2008. O foco era a realização de debates sobre os direitos humanos. E o local encontrado para a realização das reuniões foi o cemitério da região. A biblioteca está aberta ao público de segunda a sexta, das 9h às 17h. Para conhecer mais sobre esta iniciativa e acessar as novidades da programação, basta curtir a página do Facebook:Caminhos da Leitura.


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Filmes e Livros Onde seus pensamentos estão neste momento? Você já leu algum livro? Este artigo é sobre minha opinião e como eu vejo a importância de ler não só em minha vida, mas também na vida de cada pessoa. A leitura está presente em todo lugar em placas na rua, na internet, nas receitas enfim, mas nos livros... Há, os livros! Eles me inspiram, eles alegram, te deixam com um nó em sua cabeça, às vezes, que te faz aprofundar em algo ou em um assunto. Têm aqueles que te fazem querer mudar ser uma pessoa melhor, eles te inspiram a ser como aquele super herói. Têm aqueles que te deixam alegre e normalmente são lançados mais do que um livro, dois ou três que contam a história de um ser, mas os momentos as horas e reflexões te prendem e você chora, ri no livro e como você já deve ter percebido ele te dá várias emoções. Os livros te levam para outro mundo, você bebe o espírito do autor, você sente o que ele queria que você sentisse, tudo isso ao ler os livros. Não venha com aquele papinho -"Eu não gosto de ler". Para isso que existem os variados livros para todos os tipos de gostos, letras enfim, Não há como se decepcionar lendo um livro que é de seu gosto, a não ser que o seu personagem favorito morra (risos). Enfim, essa é a minha opinião sobre a importância de ler, eles no comovem, ás vezes nos mudam e nos dão todos os tipos de emoções e experiências. Não posso mudar a sua cabeça, mas uma coisa é certa, todo bom filme saiu de um ótimo livro, espero que gostem do meu texto, agradeço aos Construtores por essa oportunidade.

Samuel Nicodemos da Silva Tem 17 anos, seus pais são Rosângela e Jair, nasceu em 10 de maio de 1998 e reside em São Paulo desde sempre. É blogueiro, estudante da escola pública e adora estudar. Cursa o 3º ano do Ensino Médio e pretende tornar-se bioquímico. Nas horas livres é escritor.


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POR QUE ESCREVO? Todos somos escritores. Mas por que escrever, se ninguém vai ler? Quem nunca escreveu um pensamento, uma poesia, um conto... Uma frase inspirada? Rabiscado num guardanapo, num pedaço de papel qualquer e que vamos guardando dentro de uma gaveta. E quando nos damos conta, temos um livro guardado. Aí então bate o desejo de produzir o livro. E por que editar, se ninguém vai comprar? As editoras estão todas aí, querendo editar. Mas quem é você? Não dou ouvido ao meu lado limitador de sonho e começo a correr atrás de uma editora que queira lançar o meu livro. A minha obra prima. Manda para uma, duas, três, dez, vinte...Tr... E uma ou outra perde tempo em responder. E por incrível que pareça, até as respostas são iguais. Parecem até combinadas. “O nosso quadro de autores já está completo, sua obra é interessante, mas, não temos interesse.” Há! Mas uma dá uma resposta positiva. Oba! Alguém se interessou pela minha obra. Reconhecem o meu valor. O coração quer sair pela boca. Surgiu então, a editora mágica. Aquela que vai lançar o meu livro. Mas desde que eu banque a produção. E eles vendo o meu interesse atiçam meu ego. “Seu livro é ótimo!” “Você escreve como não sei quem.” “Sua história é envolvente e blá, blá,blá, blá,

A gente edita o seu livro por... A gente vai divulgar no nosso site e... Você tem cartão de crédito? Nós podemos dividir em... E você vai receber...” Espera um pouco! Eu pago todo o valor da produção do livro é só vou receber essa porcentagem? Mas o Editor muito concentrado e muito majestoso,me responde. “Você não imagina o quanto vamos gastar para produzir o seu livro.” E sem querer fui envolvido na teia do meu sonho de lançar um livro. E arremata. “Mesmo pagando pelo seu livro, não existe garantia de que ele irá aparecer nas livrarias. Você não é conhecido e a editora não investe em desconhecidos.” E só então percebo que produzir um livro é igual plantar alface. O lavrador que faz empréstimo no banco para comprar a semente, que ara a terra, que planta a semente, que rega ela todo o dia e que espera para colhê-la, irá receber menos do que aquele que não planta. Mal entende de alface e vai ganhar muito mais do que quem produziu. E sem correr nenhum risco. Confesso não entender essa matemática estranha. E com todo esse papo me sinto desanimar e querer parar definitivamente de escrever. O que então me parecia um sonho, começou a virar pesadelo. Onde eu estava com a cabeça de querer escrever livros?

Edson Mendes Autor do livro infantil Peixinho Peixoto, é uma dessas pessoas raras que se envolvem em tudo que se refere à cultura. É um autor multifacetado, escreve dezenas de histórias, poesias e textos teatrais. Até mesmo as ilustrações de seu épico infantil são de autoria dele mesmo. Tem o projeto de fazer uma editora comunitária e hoje soma-se aos Construtores como alguém que acredita no potencial das pessoas.


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PRIMAVERA DA MATURIDADE Primavera da maturidade, Primavera verdadeira, É como sentir o perfume. Das flores das laranjeiras Primavera da maturidade, Primavera, do amor No jardim, da vida Nasce mais uma flor Primavera da maturidade Como lindo viver Ver filhos e netos crescerem É lindos frutos colher!!!!!

Maria Lúcia Barbara dos Santos Lúcia Barbara, tem 70 anos, gosta de pessoas inteligentes em busca de igualdade e valoriza todos aqueles que respeitam direitos e deveres. Suas maiores paixões são a sua família, a sua comunidade e a conquista do bem comum por todos.


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Cinderela em Cordel Vou contar pra vocês, Uma história que era uma vez...

O príncipe de cara se encantou por Cinderela E teve a certeza que se casaria com ela

Cinderela, vivia de empregada Tinha que fazer tudo, mas sem falar nada

Estava tudo lindo, apaixonante Mas Cinderela tinha que ir naquele instante.

Morava com sua madrasta, e as filhas dela Mas as três, tinha inveja de Cinderela.

Saiu correndo, mas sem querer deixou para trás seu sapatinho de cristal Tão lindo, ninguém tinha visto outro igual

Cinderela, era linda e de bom coração E as três eram feias, feias de montão A mando do príncipe, um homem foi avisar Que haverá uma festa, e com o príncipe as moças irão dançar E a moça que ele gostasse com ele iria se casar Todas moças foram convidadas, mas Cinderela não poderia ir Pois a madrasta, não deixava ela sair Chegou o dia, todas as moças estavam lá, menos Cinderela Mas apareceu a Fada Madrinha por sorte e para felicidade dela A fada madrinha ajudou com o sapato, cabelo e o vestido. Mas deixou um aviso Antes da meia noite ela deveria estar em casa, se não tudo seria destruído. Na festa Cinderela apareceu e era a mais bela Todas as moças ficaram com inveja dela

O príncipe pegou o pequeno sapato, e foi atrás de Cinderela Mas ela já estava longe, dentro da casa dela. Ele falou que iria se casar com a dona do sapatinho Em todas as moças, deveria experimentar, mas tinha que servir certinho O sapatinho não coube no pé de nenhuma moça, tudo com o pezão Só Cinderela que não. Até que Cinderela resolveu experimentar. Serviu! Então, com o príncipe ela foi se casar A madrasta e suas filhas ficaram emburradas Mas Cinderela não estava nem ai, para as recalcadas. Depois de tudo, o grande dia chegou, e a história chegou ao final E nesse clima, nesse belo astral, nós falamos para todos vocês tchau! Ilustração: Danielle Modesto Isabella, Thayne e Thuane

Thayne e Thuane Nuevo são irmãs gêmeas e estão com 14 anos, Isabella C. Oliveira tem 13 anos e, apesar de não ser irmã de verdade das meninas, completa o grupo como a trigêmea que faltava. Estudam na 7ª série do Ensino Fundamental e iniciam sua trilha pela escrita já prometendo novos textos.




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O PAPEL DO PROFESSOR NA AUTONOMIA DO ALUNO No contexto real da mudança social, qual a verdadeira função da escola? Conta o Mito da Caverna, de Platão, que centenas de homens viviam presos a um mundo de sombras o qual acreditavam ser a verdade. Um belo dia, um deles conseguiu desvencilhar-se das correntes que o prendiam e enxergar o mundo tal como era. No início ele teve grandes dificuldades, teve de adaptar-se a forte luz, a exaustão dos passos, mas, de repente tudo valeu a pena porque tinha diante de si um mundo muito mais bonito do que as sombras que conhecia. Porém, como era de se esperar o homem voltou a caverna para ajudar que outros de seu grupo pudessem ver e também desfrutar desse novo e fantástico mundo recém-descoberto... A filosofia tem seu principal objetivo, enquanto matéria, transformar o pensamento do aluno, levá-lo a questionar as coisas. Em tempos de repressão ela foi excluída do currículo, já foi reduzida a uma única aula e hoje é contemplada, apenas no ensino médio e em duas aulas de 50 minutos, onde espera-se que nesse curto tempo o professor possa mostrar todo o pensamento que acompanhou a humanidade por séculos. Prof. Fabiano Pereira e Prof Weslay Araújo “A matéria parece complicada, mas a partir do momento que a gente traz pro cotidiano, passa a ver filosofia em tudo” explica Giovanna (16) 2º ano do ensino médio. Ela e mais 30 alunos fazem parte de um projeto que ocorre no colégio Vereador Elísio de Oliveira Neves, em Guarulhos. Lá os professores Weslay Araujo Maia (filosofia) e Fabiano Pereira (sociologia e Artes) estão somando forças a fim de transcender aos 50 minutos de aula e transformar seus alunos em verdadeiros pensadores. No último dia 26, eles realizaram o terceiro Café Filosófico, este abordou os regimes dos totalitaristas e recebeu mais de 120 pessoas. Tanto prestígio se deve ao fato desse grupo ter feito um trabalho de seis meses no contra turno e aos sábados, com dois grupos de estudos, um sobre Filosofia Política e o outro sobre Filosofia da Religião. Nesse trabalho os professores reunem três disciplinas: “A filosofia traz o pensamento, a sociologia representa


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o corpo, necessário para se sustentar essa reflexão” justifica o professor Fabiano “e, por fim, a arte que soma a essência, o coração ao trabalho”. As reuniões culminam no evento “O evento Café Filosófico coroa meses de muito trabalho em um assunto que hoje é escolhido por enquete pelo próprio grupo.” completa o professor Weslay. A ideia ocorreu em 2013 quando Weslay percebeu que depois das aulas muitos alunos desejavam mais, queriam aprofundar-se e o tempo era curto. Para resolver o problema ele trouxe a ideia em seu Blog, extremamente visitado pelos jovens. Convidou um outro professor que tinha a mesma linha de trabalho que ele e se dispuseram a vir voluntariamente para o projeto. “No primeiro ano tivemos um evento bem tímido tivemos como palestrante um professor universitário e um dos nossos alunos do grupo, hoje formado. Mas eu e o Fabiano temos visto o projeto crescer bastante.” O projeto tem alunos veteranos que se formarão esse ano e que, mesmo formados não desejam parar: “É meu terceiro ano no Café e a gente começou com um grupo bem menor, esse ano a meta era 100 pessoas e a gente foi além, isso é muito importante e ano que vem quero estar aqui de novo e informar ainda mais pessoas.” explica Paloma (17) 3º ano. Ela na verdade poderá continuar, visto que os professores abriram seu projeto para a comunidade e têm pessoas das mais variadas idades presentes nesse contexto. “É preciso fazer alguns exercícios mentais para acompanhar, cheguei aqui pela curiosidade e me apaixonei pela filosofia” alega Maria Madalena (70) que Figurino utilizado nas Intervenções no grupo é conhecida como Madá. Severino, que mora nas proximidades, nos contou “Cheguei aqui por acaso, mas hoje observo que o pensamento é abstrato e, até mesmo, para ver um filme estou cada vez mais reflexivo”. Alexia, aluna do 3º ano, leva a irmãzinha Sara para as reuniões “Eles não limitam, aqui todos se respeitam” “Nos dois primeiros anos eu fiquei na platéia e só assisti ao evento, mas eu gostei tanto que eu tinha que participar.” Sobre o trabalho o professor Weslay explica “É maravilhoso ver nesse trabalho o desenvolvimento pessoal deles, alguns chegaram aqui tímidos e isolados, mas se tornaram autônomos, criaram novas perspectivas de vida, aprenderam a trabalhar em equipe. Isso me


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faz uma pessoa realizada. Mas é só o começo, ainda quero fazer muito mais”. A aluna Síria (17) 3º ano, surpreende falando de sua escolha profissional “Eu vou fazer Ciências Sociais e darei aula e, é claro, que passarei adiante levando essa experiência para meus alunos. Um projeto tão bom não pode morrer aqui!” “Um sentimento resume tudo que estamos fazendo, estamos trabalhando com amor, eu me recuso a formar copistas, a dar uma aula chata e teórica” garante o professor Fabiano “É preciso mediar o conhecimento e deixar o aluno escolher o caminho”. ... Ao retornar a caverna, esperamos que no mínimo alguns nosso herói tenha conseguido resgatar e ajudá-los a ver a luz. Alguns se recusaram, sempre existirão os resistentes, os que vêem nas sombras a única forma de realidade, segurança ou o que quer que seja. Mas muitos entenderam e, assim, o mundo além caverna pôde ser muito melhor. Mediado por aquele que foi liberto das correntes e conquistado por todos que decidiram arriscar. Gostou do Projeto? Para mais informações, acesse: filosofaremaulas.blogspot.com.br


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A Importância do Hip Hop A cultura hip hop, hoje em dia, está cada vez ganhando mais espaço entre os jovens cada vez há mais interesse. Vendo vídeos, filmes, referência como grupo de dança – sejam nacionais ou internacionais. Isso os ajuda não só no dia a dia, como a conhecerem lugares novos, pontos de dança e cultura. Ao pesquisar a história da dança percebo que a maioria dos jovens se espelha nos dançarinos ou passos de agora, mas também há aqueles que buscam os de antigamente – mais ou menos década de 90. Percebo que a diferença daquela época para agora são os passos que duraram muito, o tipo de música é cada vez mais eclético e quem gosta de dançar consegue mesclar e compreender tudo isso. Existem dezenas de séries de TV que tem relação com a cultura hip hop, seja no tema, seja na trilha sonora, influenciando significativamente o interesse dos mais jovens. Já nas comunidades, bairros e escolas existem grupos de amigos que acabam por reunir-se para fazer um “passinho” que foi lançado na mídia e tornou-se o Hit do momento, isso também contribui para a multiplicação da cultura HIP HOP. As casas de hip hop espalhadas em São Paulo têm sempre o objetivo de ensinar e motivar esse aprendizado. São muitos os caminhos e lugares para se ter acesso: aulas, workshops, CEUs, Fábricas de Cultura, todos só beneficiando quem ama e quer conhecer cada vez mais esse mundo. Os jovens de hoje gostam de mesclar os estilos de dança não ficar em um único estilo e sim, abranger vários, as misturas também são bem vindas e acabam difundindo o hip hop. Assim, a meu ver é preciso deixar de lado o preconceito e respeitar as manifestações de dança como parte da arte. Afinal, já dizia o poeta Augusto Branco: ‘‘Não é o ritmo nem os passos que fazem a dança, mas a paixão que vai na alma de quem dança.’’ Roberto Castro Roberto Castro é professor de HIP HOP na comunidade da Vila Zilda e líder do grupo Pac Man Crew onde usa a alcunha de Lobo, tudo isso com apenas 18 anos, estuda na EE Dr. Pedro de Moraes Victor e foi contemplado pelo Instituto Itaú Cultural em um projeto para ensinar dança a jovens da periferia.


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Ser amiga de um cadeirante Ser amiga de um cadeirante é compreender, de fato, que o mundo possui muito mais desafios do que imaginamos. É educar o seu cérebro para uma mente muito mais inclusiva. É entender que se o seu amigo cadeirante não consegue frequentar determinado local, ali não é bom o suficiente, mesmo quando você está falando da sua própria casa. É se descabelar quando escuta a palavra “escara”, porque só quem tem um amigo cadeirante de verdade entende o real significado dessa palavra. É saber que espasmos não representam um ataque cardíaco. É odiar passeios desnivelados, obstáculos e tapetes. Ser amiga de um cadeirante é aprender o porquê de você não poder estacionar nas vagas reservadas para pessoas com deficiência nem por um minuto. Ah, é inclusive aprender porque o termo correto é: pessoa com deficiência. É aperfeiçoar todos os dias a arte da paciência: entenda, ele levará o triplo do tempo para entrar e sair do carro e, nesse momento, você aprenderá o prazer de poder ajudá-lo. Ser amiga de um cadeirante é aprender que você não precisa falar com voz de bebê e nem cheia de pudores, pisando em ovos, muito menos que tem que ficar rindo o tempo todo para ele. Você pode ser quem você é. Pode, se necessário, chorar, gritar, brigar, “pedir colo”, criticar e tudo mais... É incrível! Eles não quebram pelo simples fato de vocês terem uma relação normal. E acreditem... Muitas vezes eles possuem um senso de humor bem mais aguçado que o seu. Ser amiga de um cadeirante é pisotear todos os dias sobre seus próprios preconceitos. É tornar seu amigo um “objeto” de estudo, porque você quer saber dele todas as dúvidas que todo mundo tem. É correr desesperadamente até ele para contar todas as vezes que você: ver, encontrar, conhecer, conversar com qualquer deficiente. É contar para qualquer pessoa nova que você conheça que você tem um amigo cadeirante. É saber de todos os eventos da cidade que abordem sobre a dignidade da pessoa com deficiência e se tornar um “consultor” sobre o assunto, porque todo mundo quer tirar dúvidas com você. É comprar briga. É trabalhar o tempo inteiro com logísticas. Ser amiga de um cadeirante é andar com seu amigo por aí e por um minuto analisar o mundo ao seu redor e se perguntar: “Por que estão todos encarando?”, já que na maior parte do tempo até mesmo você esquece a deficiência dele. Ser amiga de cadeirante é percorrer a linha tênue da autonomia e da dependência. É pedir constantemente: “Me conta de novo a sua história?”, pelo simples fato de ser a história mais emocionante que você conhece. É se emocionar, com a alma, em todas as conquistas dele. Ser amiga de um cadeirante é, todos os dias, ter um choque de realidade ao reclamar da sua vida e se lembrar das inúmeras dificuldades que ele suporta. É ter um exemplo, bem ali ao seu lado. É agradecer a Deus todos os dias, pelos mais variado motivos, mas, principalmente, por ter tido a chance de conviver com ele e chamá-lo de amigo.

Vinicius Soares

Deficiente é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino. Mário Quintana


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Quem sou eu? Talvez, irracional, ilógico e egocêntrico? Sei lá !!! Se tenho sucesso em minhas realizações, ganho falsos amigos e verdadeiros inimigos. O bem que faço hoje, será esquecido amanhã. A honestidade e a franqueza me torna vulnerável. Aquilo que levo anos para construir, pode ser destruído de um dia para o outro. E nem adianta dizer que não… Fosse eu mais pobre, teria necessidade de ajuda, E, talvez ai, poderia ser atacado, iludido, E a ajuda, cadê a ajuda ?

Tudo bem, nem preciso tanto assim... Conclusão: Não dou ao mundo e aos outros o melhor de mim, pois, sei que vou correr o risco de me prejudicar. E, assim vou vivendo e me mostrando, Como sou ? Quando for meu amigo(a) de verdade, saberás ! E, por último, minha frase preferida !! "A modéstia, mostra-se perfeitamente nas pessoas fortes, pois, talvez, seja o maior medo das pessoas fracas !!!"

E o Tempo Passa Outro dia eu ainda era criança, uma sombra o que sou hoje, Mas, o tempo passou e algumas coisas mudaram. Hoje eu escrevo, ou tento escrever a minha vida em poesias, E assim, eu posso me lembrar de tudo o que antes, eu fazia. Lembro-me que quando criança eu imitava os mais velhos, Fazia caras e caretas, admirava meus ídolos, pessoas notáveis... Que boas lembranças me vieram agora... Como é bom relembrar. Dizem que isso é viver, e é verdade. Eu vivia bem e contente, tinha aquilo que

queria, tudo! Hoje, as coisas não mudaram muito, mas algumas coisas me confundem. Coisas bobas, acho que são apenas meus pensamentos e sentimentos... Não sei, talvez, eu quisesse voltar um pouco no tempo e reviver alguns daqueles momentos Mas talvez, isso fosse pedir muito, na verdade nem sei a quem pedir e se é possível! Bom, esquece! É melhor viver o hoje e apenas lembrar do passado e ir escrevendo-o. Talvez assim, eu possa reinventar minha história, mudando apenas uma coisa... ...A experiência de toda uma vida vivida, sem me reservar a momentos ocultos...

ERO'z (Eliudieser R. Oliveira) Nascido em 04 de novembro de 1974, em Petrolina no Pernambuco, formou-se em administração de empresas e cursa direito na UNINOVE. Profissionalmente, é coordenador de projetos e eventos do sindicato dos Agentes Comunitários, mas isso fala muito pouco dele que também é professor de capoeira no Grupo Guerreiros dos Palmares e autor de centenas de poemas.


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Infância Na infância, todos nós temos sonhos, um planejamento de alguma meta, é isso que nos faz sermos crianças: pensar no distante como algo próximo. Mas há pessoas que idealizam o sonho como algo infantil e chegam a dizer que não tem sonhos. Quando começamos a sonhar e a planejar uma meta pessoal ou profissional, sempre pensamos em duas coisas: conquistar a meta ou não conquistar a meta e se decepcionar. Esse medo de fracasso é tão grande que desistir se torna uma opção e acabamos sofrendo antecipadamente por algo que se quer aconteceu. O que te ofereceram para você desistir? Um emprego com ótimo salário? Não é difícil achar pessoas que ficam estressadas no dia a dia, isso as tornam rígidas, o motivo é a rotina que não gostam de exercer. Tudo isso gira em torno de medo natural que criamos em nós mesmos, mas não é natural abandonar seus projetos de vida, seus sonhos e metas que tanto deseja. Siga-os acreditando que vai vencer. Nunca abandone o que deseja, a sua felicidade. Não dê forças aos medos, "sonhos nos motivam a viver". Medos existem e sempre teremos. Cabe a cada um de nós dar ou não força a nossos pavores. Não existe sonho impossível, só é impossível para quem se limita a acreditar.

Priscila Enokida Priscila S. Enokida é uma garota tímida, inteligente e curiosa, nascida no ano 2000 no bairro do Jaçanã onde vive até hoje. Desenvolveu a escrita através de um projeto escolar jornalístico. Além de escrever suas outras paixões são a veterinária, livros e artes cênicas.


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NAS ESTANTES DA ZONA NORTE Além de estarem localizadas, na Região Norte da capital paulista, o que as estações Tucuruvi, Parada Inglesa, Santana e Carandiru têm em comum? São nessas estações que ocorre o projeto Nas Estantes da Zona Norte que distribui gratuitamente livros para todos os usuários do serviço. O projeto nasceu na Biblioteca Pedro Nava e, hoje, conta com o apoio de quase todas as bibliotecas da região, alguns patrocinadores e a Rede Social Zona Norte como organizadora dessa ação. Na edição anterior entregou-se cerca de 18 mil livros e para o evento desse ano a previsão é ainda maior.

Agende-se:

Dia 29 de outubro – quinta-feira Estações: TUCURUVI – PARADA INGLESA SANTANA – CARANDIRU - DÚVIDAS


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VARIEDADES Curiosidades Curiosidades! Nesta edição, a Revista Construtores de Histórias traz sete informações que você precisa saber para entender a literatura. Bom... Na verdade, você não precisa saber nenhuma dessas coisas. Mas, com certeza, vai ser bem legal para exibir aos amigos! Acabou com o estoque de canetas! A escritora inglesa J.K. Rowling escreveu todos os livros do Harry Potter à mão. Muito sangue... A autora que mais vende é Agatha Christie. Nada como ler um bom assassinato... Fonte de inspiração bem negativa, não é? Para escrever Jogos Vorazes, Suzanne Collins se inspirou em cenas da Guerra no Iraque transmitidas pela TV.

OK = Amor! A palavra OK, amplamente utilizada no livro A Culpa é das Estrelas, é a mais falada no mundo. Mas que garrancho... A caligrafia de Machado de Assis era tão ruim que, às vezes, nem ele era capaz de entender o que escrevia. Excelente escritor, péssimo datilógrafo! J.R.R. Tolkien digitou toda trilogia O Senhor dos Anéis com dois dedos. Poliglota... O inglês William Shakespeare é o escritor mais traduzido do mundo. Sua obra já foi lida em mais de 110 idiomas.

Na última edição, nós desafiamos o seu conhecimento sobre versos famosos. Confira agora se você respondeu corretamente:

1-Ce2-B


EDITORIAL

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Essa é a segunda edição de um sonho, um sonho que começa no momento em que alguém sem ter muita certeza do porquê segura um lápis e escreve suas primeiras palavras. Isso nos permite ser mais do que viventes como os outros animais, nos permite sermos cronistas de nosso tempo e quando aprendemos a ler, analisar o que outros grupos de seres – humanos ou não – passaram até esse momento e nos contaram através de sua escrita. É, por isso, que essa revista produzida pelo coletivo e patrocinada pelo VAI é tão importante, apesar de nem pensarmos nisso, estamos todos escrevendo a história de nosso tempo. Aqui não tem idade para escrever, todos narramos experiências, ideias, perspectivas e boas histórias, passando pela experiência da Dona Lúcia e chegando a iniciação do trio Isabella, Thayne e Thuane todos temos a mesma ideia: mostrar nosso texto para o mundo. Agradeço a confiança e convido você leitor a fazer parte desse grupo que está construindo a cada mês uma nova revista. Boa Leitura, Sandra Martins - Idealizadora do coletivo

Atenção! Se você sempre quis ser um escritor, essa é a sua chance. Venha ser um Construtor de Histórias! Envie seu texto para: construtoreshistorias@gmail.com Realização: Construtores de Histórias Direção de Redação: Sandra Martins Diagramação e Editoração: Matheus Mendes Publicidade e Designe Gráfico: Vinicius Escócia Direção de Arte: Paulo Giordan Arte da Capa: Ronaldo Ferreira Revisão e Pesquisa: Vinicius Soares Seleção de Conteúdo: Rodrigo Marcelino Reportagens: Catarina Souza e Danielle Modesto Impressão: Construtores de Histórias

Autores convidados: Edson Mendes Eliudieser Oliveira Isabella Oliveira Maria Lúcia dos Santos Paulo Giordan

Priscila Enokida Roberto Castro Samuel Nicodemos Thayne Nuevo Thuane Nuevo Vinicius Soares

Contato: construtoreshistorias@gmail.com www.facebook.com/construtoresde histórias

Tiragem: 3.000 Exemplares Distribuição Gratuita - Venda Proibida

PATROCÍNIO:

A reprodução total ou parcial dos textos só é permitida mediante autorização ou citação de fonte e autor.


REALIZAÇÃO

MISSÃO Nossa missão é promover e auxiliar experientes e novos escritores nesse árduo trajeto de criar e contar uma história. O objetivo principal é motivá-los a começar ou continuar a produzir literatura. VISÃO Estabelecer um elo entre o escritor e a escrita de modo a promover uma maior perspectiva, recuperando autoestima e sonhos ou criando-os ao lono da atuação. VALORES Trabalho em equipe, Responsabilidade, Motivação, Inovação, Criatividade, Inclusão.

PATROCÍNIO


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