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Sandra Martins, formada em Letras, é professora da Rede Estadual de São Paulo, onde começou seus dois maiores projetos: o jornal mural Construindo o Futuro e a saga O Segredo dos Amuletos – iniciativa que deu base para a formação dos Construtores de Histórias. Paralelamente, é organizadora da coletânea Poesias Engavetadas e do Jornal Sirene.com. Matheus Mendes, com 19 anos, é universitário em Ciências Econômicas e idealizador do Coletivo. É coautor da saga O Segredo dos Amuletos e está envolvido em projetos de apoio a jovens que almejam adentrar a Universidade. Ministra palestras, nas quais conta o processo de escrita – que iniciou aos 11 anos – e a importância da literatura em sua vida.
Paulo Giordan tem 18 anos, iniciou a iniciou a escrita na saga O Segredo dos Amuletos, sendo, também, idealizador do Coletivo. Atualmente, participa da produção da Revista Nossa ZN e cursa Engenharia de Produção.
Vinicius Escócia tem 21 anos, engajado com a cultura desde pequeno, hoje atua como oficineiro de teatro no Coletivo Teatro Mocidade e cursa a faculdade de Publicidade e Propaganda. Além disso, é voluntário no Circo DaniAlegria e um dos escritores de Gnômon. Vinicius Soares tem 20 anos e é deficiente físico desde o nascimento. Determinação é o seu combustível, nunca deixou de buscar seus objetivos e realizar sonhos. É atleta de natação da AACD, escritor do livro Gnômon e pesquisador para a Revista Nossa ZN. Catarina Souza tem 16 anos, está cursando o 2º ano do ensino médio, é coautora dos livros Terra dos Papagaios e Gnômon junto a outros escritores, participa da produção da Revista Nossa ZN e da equipe de edilção do Jornal Mulheres em Questão.
Danielle Modesto, de 13 anos, já escreve os livros Gnômon e Terra dos Papagaios. Estudante do Ismart Online, desenvolve um aplicativo com o grupo Leitoras Conectadas. Apaixonada por tecnologia, é gamer e, nas horas vagas, alimenta seu vlog. Rodrigo Marcelino, de 17 anos, cursa o 3º ano do Ensino Médio. Atualmente, faz parte do projeto Jornal Escolar, escreve os livros Gnômon e Terra dos Papagaios. Participa da produção da Revista Nossa ZN e da coletânea Poesias Engavetadas.
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MATÉRIA DA CAPA Universo Literário: o futuro da literatura em foco
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Conheça os Construtores
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Apresentação
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Editorial
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POESIAS Pai, arranca!
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Por quantas vezes vou sorrir?
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Governos despóticos
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Eu te amo, Jaçanã
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Trem da Alegria
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Peixinho Peixoto, de Edson Mendes
CONTO Os olhos não eram meus ainda
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A casa da mulher de branco
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O Segredo dos Amuletos (Trecho)
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Adolêser: Jovens Leitores
ARTIGO A matemática real existe?
17 Jornal Sirene.com - Projeto de escrita
E MAIS... Exposição no Museu do Jaçanã
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- Dúvidas: uso do hífen
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+ Construtores: Alunos lendo para alunos
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: Leituras: Sugestões de livros e bibliotecas
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x Escritores: Clube dos Autores
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Variedades
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Trio Biblio-Ré - Música e Literatura
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No ano de 1922, um grupo decidiu unir toda forma de arte, alegando que a literatura não podia – e não devia – se restringir a textos escritos e regras gramaticais. Devia ir além dos padrões estabelecidos e valorizar toda a produção humana. Esse grupo compôs a Semana de Arte Moderna e, assim, mudou a concepção literária em nosso país. Nós, Construtores de Histórias, olhamos com certa tristeza para o mundo globalizado e multi-cultural, que ainda insiste na retrógrada discussão a cerca do que é, ou não, literatura. No impresso que você tem em mãos, toda forma de expressão será considerada e, justamente por isso, trataremos do universo literário. Enxergamos tudo como literatura – desde a produção de uma imagem, passando pela escrita em papeis, muros ou na própria pele, chegando ao conteúdo onde o homem conta sua história, idéias e pensamentos na internet. Nosso objetivo é respeitar, nesse contexto, as idéias e concepções de cada um, sejam eles imagéticos, escritos ou difundidos pelo mundo em ações. Nossa missão é, nas páginas desta revista, dar visibilidade a todo tipo de expressão cujo espaço é reduzido pelo mercado e pela mídia. Também almejamos difundir novas práticas voltadas para a escrita e para a leitura, que estimulem e agreguem novas tendências e incentivo a quem escreve oi quer se tornar um escritor. Por último, esperamos com essa publicação dar oportunidade a todo sonho que nasceu em um papel, a toda pessoa que vê na Arte (literatura) sua oportunidade de fazer parte da história do mundo. Quer conhecer mais trabalhos realizados pelos Construtores de Histórias? Confira as publicações nas quais você pode nos encontrar.
TERRA DOS PAPAGAIOS Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma para sempre. Clarice Lispector
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Pai, arranca! Pai, arranca essa bandeira suja da porta de casa!
numa indústria que produziu
Pai, arranca essa bandeira da porta de casa!
Essas cores são até bonitas,
numa escola que varreu.
Estas cores são tão sujas
mas elas apagam a tua cor legítima
Vi sempre teus sonhos cair como os muros derrubados
Não combinam com tua luta
de quem construiu toda uma história
Marcando vitórias que nunca foram suas
Nem com teu sangue naquele muro
em que os golpes desta nação sempre foram constantes
Essa bandeira é a cor de um grande assalto
Já faz tempo que queria te dizer
contra a esquerda de teu peito
Da terra verde que nunca teve
Ai pai! Estas cores elas estão tão sujas... Nem brilham mais
Do ouro por sua mãe e seu pai escavado
Já faz tempo pai que queria te dizer -Vi teu sangue escorrendo num muro que você construiu numa laje que bateu
Eu vi teu sangue escorrendo
Do mar que nunca pode desfrutar Esse branco da paz pai, nunca te aceitou A não ser como escravo, pedreiro e jogador (ainda te insultando)
Junto com muita esperança De dias bem alimentados e um verde pra morrer, mas pai cada dia que passa a tua pátria te extingue sonegando a tua vida tua humanidade Pai, arranca essa bandeira suja da porta de casa!
Ana Paula Risos É pós-graduanda (latu-sensu) em ciências sociais Economia-Mundo, Arte e Sociedade no Centro Universitário Fundação Santo André, bacharel em Comunicação das artes do corpo com habilitação em teatro na PUC-SP. Escreveu o livro Quem Roubou Quem? de contos, poemas e algumas propostas de dramaturgia (2011). Participou de duas antologias, Sarau da Conquista e Poesia da Brasa.
Por quantas vezes vou sorrir? Podendo sorrir e acertar Por quantas vezes vou sorrir? E, algumas vezes, até falhar... Por quantas vezes vou chorar? Porém, vou fazer tudo pra melhorar Sou um ser humano e, da vida, quero Vou amadurecer, crescer e buscar experimentar! Buscar em mim uma força cada vez maior. Quero sair e viajar Conhecer o mundo... Quero sonhar! Ter um sonho bonito que vá pra qualquer Rodrigo Marcelino lugar.
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Os olhos não eram meus ainda Mas um dia seriam, disso eu tinha certeza. Enquanto eu esperava, ouvia música. Ouvia muita música nessa época. E ouvia os sons da cidade-caos em que eu vivia. Passei a admirar um tanto mais o silêncio também. Vez ou outra, meu pai me levava ao parque. Eu ouvia os pássaros e o balançar dos galhos das árvores. Sentia o cheiro da grama molhada pela chuva no dia anterior. Fui entendendo e apreendendo o mundo de outros jeitos, diferentes daquele com o qual eu estava acostumada. As pessoas me perguntavam como eu me sentia. E eu sempre dizia estar ansiosa, mas bem. Pra falar a verdade, eu estava muito esperançosa. Todo dia, antes de dormir, eu repassava mentalmente os acontecimentos do dia e dizia para mim mesma que tudo ia ficar bem. Eu sentia muita saudade de ler. Meu pai lia para mim. Sempre os livros favoritos dele. Eu não me importava e alguns favoritos dele eram meus favoritos também. Foi nessa época que conheci o que ele mais gostava na literatura. Nunca estivemos tão próximos com este nosso gosto em comum. Um dia meu pai leu o Ensaio sobre a cegueira, do Saramago. Ele não gostava tanto, eu, muito. Era bom ouvi-lo lendo esse por causa do ritmo imposto pela ausência das vírgulas e pontos. Mais do que nunca eu me identificava com esse livro. Eu enxergava muito branco nesta época, como se eu tivesse nascido e vivido toda a minha vida na neve. Foi uma época estranha e muito pouco colorida aquela que eu passei esperando na fila por um transplante de córnea. Mayra Guanaes Estuda Letras na Universidade Federal de São Paulo. Tem publicações nos jornais Entrementes, Altavoz e O Pimenteiro no qual também era responsável pela edição. Participou da antologia Aquarela da editora Andross com a crônica Quebra de expectativa, que recebeu o 3º lugar no concurso Apud Letras 2014. Recentemente ganhou menção honrosa pelo 7º lugar do Concurso de Contos Dirce Doroti Merlin Clève com o conto Quinze minutos.
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Governos despóticos Governos despóticos Segregação caótica Indiferença... Descrença
Animais sobrevivem Tentamos não morrer
Realismo ou pessimismo? Mundo, mundo vasto mundo Desigual, imundo! Governado por três Oh, Estado burguês Ciência Tecnologia Globalização Dinheiro, dinheiro, dinheiro, Ao todo inexistente
Falsa moral Imposta ética Religião, perdão AMÉM Fascismo Racismo Machismo Fundamentalismo
Empreendedorismo aparente Crianças carentes
Ismos enfim, feminismo Tendências igualitárias Mas com destrinchamentos Autoritários
Produz-se o dobro Morre a metade Prevencionismo equivocado O que está errado?
Vinganças Egoísmo Onde mora o Perdão e o altruísmo?
Dos interesses Do lucro, capital! Mundo selvagem Banal
Deus pai todo poderoso Esse purgatório infernal É mais do que o juízo final.
Jennifer Ernesto Artista na arte de aprontar, dar desculpas e aprender de tudo. Previsivelmente preguiçosa, bagunceira metódica. A esotérica estudante de direito que abusa de todas as artes, acredita na bondade intrínseca da humanidade. Pisciana, com ascendente em escorpião, lua em leão e Vênus em peixes. Esse é o meu caos ordenado! Vamos tomar um café preto? DOS MILAGRES O milagre não é dar vida ao corpo extinto, Ou luz ao cego, ou eloquência ao mudo... Nem mudar água pura em vinho tinto... Milagre é acreditarem nisso tudo! Mario Quintana
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Eu te amo, Jaçanã! AH MEU ADMIRÁVEL BAIRRO: JAÇANÃ Canto a ti hoje e cantarei também amanhã. Cada rua cada beco me traz felicidade, Tomando-se para mim uma grande cidade. Vida amada: És o concreto que vira magia, Sutilmente converte-se em pura poesia. No seu berço esplêndido, acolhe como mãe gentil, Professores, padres, historiadores, aviadores Doutores, comendadores, escritores, pintores Fazendo mais orgulhoso o nosso imenso Brasil. Fito-a e fico apaixonado por sua geografia. Aí então, meu espírito menino se manifesta, Tudo fica encantado transformando-se em festa. Cai, cai balão, cai, cai balão, Aqui na minha (pequenina) mão... Que doce saudade das noites de São João: Batata doce, fogueira, pipoca, canção, pinhão. Se essa rua fosse minha, eu mandava preservar, Só pra ver novamente meu primeiro amor passar... Se eu fosse um peixinho, herói de televisão, Tirava do meu Piraí essa malvada poluição!
Tantas canções faziam parte de nossa realidade: Amélia, sei que você é uma mulher de verdade, Sinto muito, amor, mas não pode ser... ... minha mãe não dorme enquanto eu não chegar... - Não! Amélia, não venha com vaidades, sabes onde eu moro? Moro em Jaçanã. Esse trem que sai agora, às onze horas, se eu perder... Ih! Minha nega, só amanhã de manhã. E no palco desse show, tínhamos “Mário Lago e Adoniran”. Tenho guardado na espaçonave chamada lembrança, Uma viagem gostosa que me transforma em pura criança. Permita então você maravilhoso Jaçanã, Que te chames de imaginário Canaã Chácara do Sapé, Teixeirão, ovelhas, bezerros, cavalo Piririca, Cabritos, coelhos, peixinhos, sapinhos e, até, rã Pé-de-cana, seja com esse Poetinha sempre complacente. Pois, dedico-te agora, um poema singelo de presente.
Luís Madeira Luís Carlos Eduardo Silva, mais conhecido como Luís Madeira, é poeta, escritor, fotógrafo e colunista de jornais de bairro e exlocutor de rádios de pequeno porte. Entre suas várias publicações, está o livro de poesias, Amizade Natural (1986).
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Falando em Jaçanã... Com um sorriso no rosto e talento latente, o artista Chikenzie Nwamzburuka. fez a exposição de seus quadros no museu do Jaçanã. Em suas obras, o artista nigeriano se orgulha de mostrar a mulher africana na sua essência em situações cotidianas seja suas danças, suas tarefas do dia a dia ou as suas mais comuns características: “Na copa, o mundo inteiro conheceu a alegria presente na África” explica o autor “Em minhas obras, eu retrato a mulher africana com toda a sua alegria e beleza, e esses sentimentos são independente dos padrões de beleza impostos pela sociedade”. Uma prova disso é um de seus quadros intitulado Mulheres Gordas que mostra as mulheres nuas sem a preocupação midiática com as curvas. “O artista deseja ser valorizado não após sua morte, mas com espaço para mostrar sua obra e sua trajetória ainda em vida” a mulher de Chikezie, Lilian Idelfonso, salienta a importância de dar espaço a artistas como ele “Esse resgate da cultura africana e essa identificação é o que nos falta, até mesmo para uma maior aceitação de nossa matriz africana”. Para mais informações sobre o artista, acesse o Facebook dele Chikezie Artes, onde você pode ver cada uma das obras desse brilhante pintor.
Trem da Alegria Puxa, que linda cantiga Eu também vou brincar de roda Coloquei um laço bem apertado de fita Para não desarrumar o cabelo Pois vou pular corda. E lá fui eu... Segurei firme nas mãos das crianças E cantei, cantei as cantigas de ciranda Girando, sorrindo e pulando até brinquei Ah! Que bom, que alegria! Lá estava eu nessa folia. Brinquei de palhaço, de rei Quis quebrar vidraças, fiz careta, pirraças Brinquei de amarelinha, esconde-esconde
Até o despertar do horizonte Envolta pelas nuvens de alegria fiquei E novos planos, com contagiante alegria traço. O sol levemente o dia arrasta, Amarrei no cabelo enorme laço E sai correndo a brincar, E na luz do sol poente A lua toma seu rosto Escutei as cantigas, eram diferentes... Não entendi, mas senti que o tempo passou. E não pude, e nem posso mais Brincar de amarelinha, rodopiar nas cirandas Passou o tempo de criança E o trem dessa alegria não volta atrás...
Lola Isaias Ativista social, lutando sempre pelo resgate da autoestima e reintegração dos jovens através do processo cultural, nossa poetiza escreve vários tipos de textos como uma forma de expressar a sua arte.
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A Casa da Mulher de Branco Me chamo Steve, moro numa cidade pequena longe da agitação do centro, moro aqui desde que nasci. Cercada por uma floresta, repleta de trilhas. Alguns caçadores usam quando a temporada de caça está aberta, meu pai é um deles, eu sempre que possível o acompanho nessas temporadas de caça, pois ele insiste em me ensinar a caçar e eu, também por interesse, acompanhava-o, além de tudo era legal estar com ele. Nessa floresta há uma trilha específica que leva a uma casa antiga, ela é extremamente grande, e na cidade sempre rolou boatos do fantasma de uma mulher que vivia ali, e assombrava todos que ameaçassem entrar. Diz a lenda que em meados dos anos de 1978 uma mulher vivia com seu marido a nessa tal casa, que tem dois andares, os de cima ficam os quartos e banheiro e no de baixo ficam a sala, cozinha e etc, como de costume, voltando a lenda, essa mulher se chamava Ellen Kedward e seu marido Drew Kedward. Em uma certa tarde Ellen estava no andar de cima limpando os quartos, quando um homem que até hoje não se sabe a origem entrou na propriedade e sem que ela percebesse subiu as escadas e foi até o quarto que Ellen estava, ela estava agachada limpando o chão e de costas para a porta do quarto, até que percebeu alguém atrás de si. Virou-se rapidamente, mas já era tarde, recebeu um golpe do desconhecido na cabeça com um machado. Ellen morreu na hora, o assassino porém desferiu mais 5 golpes na pobre mulher. Quando Drew chegou de seu trabalho e viu sua esposa morta no chão do quarto, entro em pânico e chamou a polícia. O assassino não foi identificado e segundo o marido de Ellen não haviam motivos para o ataque, ele afirmava que não tinham inimigos, afinal, ambos eram amigáveis com todos. Drew se mudou da cidade e nunca mais ninguém soube do seu paradeiro. Desde então, a casa ficou abandonada e dizem que o fantasma de Ellen, preso á casa, vagueia por ela até os dias atuais. Eu sempre duvidei dessa história. Sou muito cético sobre esses assuntos, acreditava que era apenas uma casa abandonada como muitas outras e que os adultos inventavam essas histórias para as crianças não iram a floresta, xeretarem a casa ou coisa do tipo. Mas um dia, esse meu conceito mudou. Eu estava de férias da escola e como de costume meus primos Talya e Richard vieram passar umas semanas em minha casa. Tudo correu normal nas semanas que se passaram, até que num domingo á noite decidi propor á eles de irmos ver essa "tal casa assombrada" pois eles iriam embora segunda de manhã e queria que essa última noite fosse algo, vamos dizer assim,"diferente". Eu e meus primos estávamos sentados na calçada conversando e eu sugeri a eles: -Ei, ja que essa á ultima noite que vocês ficaram aqui em casa, que tal se nós fizéssemos algo marcante? -Tipo o quê? – perguntou Talya com cara de dúvida. Então eu propus: -O que acham de irmos até aquela casa da floresta que dizem ser assombrada para ver se esse fantasma realmente existe? Richard que até então estava quieto se manifestou: -Boa ideia, eu sinceramente duvido dessa história que o povo fala, além do mais como só nos veremos de novo daqui um tempo, por que não tirar essa dúvida logo? Talya como não gostava de se sentir excluída falou: -É... pode ser, mas vamos sem nada? -Lógico que não! - respondi de prontidão - Vou levar meu celular pra tirar fotos desse tal fantasma se ele realmente existir. Então fui até a cozinha e disse á minha mãe que íamos dar uma volta. Enquanto, adentrávamos na floresta, seguindo a trilha estava tudo bem, estávamos até descontraídos, pois, não sabíamos o que nos esperava dali em diante. Chegamos ao fim da trilha e lá estava a casa abandonada já sem a porta da frente, janelas quebradas e a madeira com pigmentos verdes devido á umidade da mata. Ficamos nós três encarando a casa, estávamos tensos, mas, como eu tinha proposto isso, não podia me dar ao luxo de "amarelar" além disso já estávamos ali e decidimos ir até o fim. Talya tomou a iniciativa: -Já estamos aqui, vamos acabar logo com isso. Ela entrou na casa e Richard e eu a seguimos, por dentro a casa estava totalmente escura, o chão esburacado e rangendo a cada passo nosso, a porta dava para a sala, o sofá totalmente podre, sua espuma esta-
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va preta por causa do bolor e rasgado, a estante que no qual ficava a TV caindo aos pedaços...os quadros nas paredes empoeirados. Eu iluminava tudo com a luz do meu celular, até que do nada um ruído na andar de cima fez nós três congelarmos e apontei a luz do celular para a escada que dava acesso aquele andar. -Merda, o que foi isso? – Perguntou Richard tenso. -É uma casa velha, ruídos assim são normais. – respondeu Talya com a voz trêmula. Eu, então, apenas balancei a cabeça em afirmativo com os olhos fixos na escadaria, nos dirigimos a cozinha. Com a tinta da parede totalmente descascada, o velho fogão enferrujado e os armários alguns com as portas abertas, eu me aproximei para ver se tinham alguma coisa dentro. No entanto, só haviam teias de aranha que me deram um certo arrepio. De novo ouvimos outro ruído vindo do andar de cima que durou um pouco mais. Eu e meus primos olhamos pra trás assustados, mas não havia nada. Saímos da cozinha e fomos até escadaria que dava ao 2° segundo andar... -Só falta o segundo andar agora. - apontei a luz do celular para o topo das escadas tentando ver algo. -Já que você deu a ideia, você deve ir! – afirmou Richard -Não vem com essa, seu trouxa, nós viemos aqui juntos, vamos em todos os lugares juntos! – retruquei de imediato. - Verdade, não vamos nos separar - defendeu-me Talya -, mas você vai na frente então Steve já que está com o celular. -Ta bom- respondi. Começamos á subir á escadas que rangiam á cada passo nosso, isso nos congelava o sangue, chegando no topo viramos para direita que dava para o corredor onde ficava os quartos e o banheiro. No primeiro quarto que fomos deduzimos que era onde hóspede ficavam, pois haviam duas camas, olhamos o quarto todo não havia nada. Então, fomos para o outro quarto que era onde Drew e Ellen dormiam, nada também. Fomos para o fim do corredor que era o banheiro eu e Richard olhamos tudo e não havia... Nesse momento, ouvimos um grito... Olhamos para trás percebemos que Talya não estava nos seguindo, apontei a luz para o começo do corredor Talya estava petrificada olhando para dentro do quarto onde ficavam o casal, Richard e eu corremos até ela, Richard assustado disse: -Talya o que foi? Por que você gritou?! Talya sem dizer nada apontou para dentro do quarto, eu apontei com a luz do celular para onde ela indicava. Eu vi... esse maldito fantasma ele é real, era uma mulher que vestia roupas brancas manchadas de sangue, estava olhando para nós com o rosto desfigurado. Essa maldita mulher-fantasma começou a correr atrás da gente, nos saímos em disparada sem olhar para trás, descemos a escada correndo e tropeçando, então saímos correndo pela porta da frente, mas antes decidi tirar uma foto da frente da casa estranhei o fato do fantasma ter sumido, mas não dei muita importância e sai correndo, chegamos em minha casa estávamos ofegantes e apavorados. Talya disse então: -Mas que merda foi essa?! Eu me sentei no sofá, afinal, não conseguia ficar em pé por causa do cansaço e do tremendo choque que acabamos de sofrer, Richard estava com a mão na cabeça não acreditando no que havia ocorrido. Falei com a voz ofegante: - Eu tirei uma foto da frente da casa antes de sair correndo, vamos ao meu computador pra ver se consegui pegar algo! Fomos ao meu quarto e de frente ao computador o que vimos nos deixou sem palavras. Logo acima da porta em uma das janelas estava uma mulher, um espectro olhando diretamente para a câmera. Depois disso nunca mais me atrevi á ir naquela trilha novamente, apesar de tudo, continuo indo caçar com meu pai, e toda vez que estou lá ,vejo ela me observando entre as árvores enraivecida por eu ter invadido sua propriedade... estranho, ouvi um barulho aqui no meu quart...
Matheus do Nascimento Tem 17 anos e cursa o 3º ano do Ensino Médio na Escola Estadual Albino Cesar. Escreve contos e histórias de terror.
No momento de maior transformação literåria do mundo, nossa revista questiona: O que chamaremos de literatura daqui a cem anos?
O mundo está em constante transformação, algo que acontece há muitos anos – é claro –, mas que nunca se deu de maneira tão acelerada. Todos os dias, somos bombardeados por muito mais informação do que podemos absorver. São cartazes, rabiscos nos muros da cidade, centenas de filmes e livros, músicas dos mais variados estilos. Os pensadores, poetas e dramaturgos se multiplicam e na internet (o mecanismo de comunicação cuja ascensão é mais evidente), não é diferente. Os blogs, vlogs e web sites detêm toda a memória de uma geração movida à gigabytes por segundo. Mas, em meio a uma variedade tão grande, o que nossos netos consider arão como Literatura, daqui a cem anos? Aquilo que muitos classificam como poluição visual pode ser visto, sem o viés do preconceito, como literatura em algum momento? E a escrita produzida pelas massas? O que consideramos marginal vai se tornar clássico e passar a ser cobrado em vestibular? A Revista Construtores de Histórias quer debater com você essa questão! Tire suas próprias conclusões e defina seus próprios conceitos. Afinal, o que é literatura?
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Para dar início ao nosso debate, falaremos naquele que é, na opinião da grande maioria, o mais importante elemento de literatura e aquele que certamente – ainda na opinião desta maioria – manterá seu posto no futuro: o Livro. De acordo com o multifacetado Edson Mendes, poeta, dramaturgo, produtor cultural, ilustrador e autor do livro infantil Peixinho Peixoto, o futuro do livro é incerto e qualquer previsão pode soar inexata, já que tudo dependerá do tratamento que os livros receberem nos próximos anos. Ainda segundo o autor, se a imposição continuar a ser o primeiro contato dos mais jovens com as páginas, é Sinopse Peixinho Peixoto muito provável que o livro perca cada vez mais adeptos, pois ele mesmo não gostava da leitura. “Ler era uma exigência na escola e Era uma vez... um peixinho que adorava sonhar. não fui apresentado a nenhum livro levado pelo meu próprio Queria conhecer tudo! Até uma interesse e sim pelas notas que a leitura representava”. cidade. Partilhando da mesma opinião, Sandra Martins, professora de E lá foi ele. Língua Portuguesa da Rede Estadual de Ensino há 10 anos, acredita que é preciso reinventar os moldes como esse processo se dá com Mas... A cidade lhe reservava surpresas. relação a crianças e adolescentes. Movida por esse pensamento, atua Leia o livro e descubra em um projeto que tem por intento a inserção de jovens no mundo da leitura e da produção escrita de maneira mais prazerosa e motivadora, na E.E Dona Cyrene de Oliveira Laet (Vila Nilo). “O jornal Sirene.com vai muito além de um simples jornal escolar. É um trabalho que prioriza a integração entre alunos com diversas idades e aptidões para os mais variados gêneros de escrita”, conta a professora. “Aqui no jornal eu me divirto e aprendo muitas coisas”, explica Nayla, 13. “Eu perdi muito a minha timidez, fiz coisas pela escola e conheci muitas pessoas”, completa Verônica, 14. Os alunos diversificam seus textos e suas atividades, mas a proposta é que cada um desempenhe um papel e assuma responsabilidades próprias. “Estar à frente da equipe é muito bom, eu já havia feito Equipe Sirene.com teatro, mas amo estar com o grupo, que cresceu aos poucos e que, hoje, grande parte da escola quer fazer parte” explica o supervisor de equipe, Gabriel, que tem apenas 17 anos. Vale ressaltar que o gênero jornalístico não é visto como literatura, mas alguns dos textos publicados pelo Sirene.com, como contos e poesias, são considerados escritas literárias. Além disso, há alguns anos, as crônicas também não versavam na restrita lista de textos literatos. Assim, fica sobre nós a pergunta: o trabalho realizado por essa equipe, um dia, será estudado nas aulas de literatura? No mundo atual, o ato de reinventar práticas literárias ou mesclá-las com outras formas de arte é uma constante cada vez maior. Bom exemplo disso pode ser apreciado na Fábrica de Cultura - Jaçanã,
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com o Trio Biblio-Ré, uma banda formada por quatro dos articuladores da biblioteca, cujo intuito é promover saraus lúdicos e levar a literatura, misturada a instrumentos musicais, de formainovadora aos jovens. “Repassar cultura para uma criança é algo que não tem palavras”, conta Márcio, um dos integrantes, emocionado. A idéia de formar o grupo surgiu no primeiro semestre de 2015, após um encontro de formação com a escritora Regina Machado, “Queríamos dar voz para as crianças”, diz Wellington. O nome do grupo se deu de maneira muito simples, Biblio, vem do local de trabalho, a biblioteca, e Ré é o tom necessário para acompanhar a flauta. Só não fica muito claro o motivo de o trio ser formado por quatro integrantes (risos). Os bibliotecários da Biblio-Ré É um projeto audacioso, que visa levar a leitura de forma diferenciada para as crianças da comunidade, mas, principalmente, transformar a biblioteca em um lugar mais aconchegante e deixar o ambiente dos livros mais atrativo. É interessante observar como, em nossos tempos, o contato com a literatura para os jovens, como os que atuam no Sirene.com ou interagem com o Biblio-Ré, é incentivado e pode ser vislumbrado em equipamentos públicos, possibilitando um alcance muito maior. Infelizmente, não foi sempre assim. Edson, conta que, quando passou a se interessar pela escrita, durante a adolescência, encontrou grandes obstáculos por conta do Regime Militar: “Eu escrevia poesias e nós nos reuníamos na casa de uma jornalista para ler e discutir o que escrevíamos. Até o dia em que ela disse que recebeu a notícia de que não poderíamos nos reunir mais. Eu achava aquilo muito estranho... Como podia a poesia incomodar tanto?”. “Aqui no Sirene.com, nós priorizamos a liberdade. Cada um escolhe o assunto que escreverá e a forma como irá se expressar. Ninguém é 'podado' em sua criação e é por isso que todos se engajam”, relata o chefe de redação, Rodrigo, em um comentário que resume de maneira ímpar o contraste entre os dois períodos. Apesar de não se deparar mais com os entraves estabelecidos pelo poder público, dedicar-se a um projeto de difusão literária ainda é uma tarefa árdua, sustentar-se, financeiramente, da escrita, então, é quase utópico, “Publicar um livro no Brasil, hoje, é uma estranha cruzada. Profª Sandra e seus alunos Sabemos que precisamos de autores, de incentivo a leitura, de crianças lendo... Tudo isso. Porém, há uma enorme distância entre escrever e publicar um livro”, lamenta Edson.
Em 2008, os redatores do Jornal C.O.F
Construindo o Futuro É sempre bom lembrar que o Coletivo Construtores de Histórias é fruto de um projeto similar ao Sirene.com, o Jornal Mural Construindo o Futuro, realizado entre os anos de 2008 e 2011, na E.E Prof Sérgio da Costa. É nesse período que os fundadores de Coletivo, Sandra Martins, Matheus Mendes e Paulo Giordan, se unem e iniciam sua trajetória pelos caminhos da Literatura.
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Outro gênero textual considerado não-literário, mas que tem se expandido em nosso país é o Texto Científico, conhecido popularmente como TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), obrigatório para concluintes de graduação e afins. Todos os anos, centenas de artigos são incorporados ao acervo de escrita e disponibilizados na internet e nas próprias instituições. Tais textos têm em comum a presença de pesquisas, observações e interpretações que ajudam no desenvolvimento das mais diversas áreas. Apesar de não receberem classificação literária, estas obras estão intimamente ligadas – através de citações e intertextualidades – a dezenas de outras obras. A Revista Construtores de Histórias conversou com alguém que conhece bem tais produções: a professora de filosofia Célia Costa, que se graduou em Filosofia, em 2010, pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, mesmo ano em que estudou na FLUC (Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra). Em 2013, iniciou seu Mestrado na Faculdade de São Bento em São Paulo, onde estuda a relação entre Heidegger e Foucault. Além disso, ministra aulas de Filosofia na E.E José do Amaral Mello, Vila Nova Galvão, São Paulo. Nossa entrevistada é uma das muitas pessoas que abandonaram todos seus hábitos de lazer em nome de conquistar a titulação de pós-graduada, “Eu comecei minha produção acadêmica pelo artigo cientifico, que se faz a partir de uma ou mais perguntas, algumas hipóteses formuladas pelo pesquisador-aluno, um professor interessado na pesquisa para fazer a orientação dos rumos e analises dos argumentos utilizados pelo pesquisador e, finalmente, uma instituição que dê investimento, não somente espacial e temporal, mas também financeiro. Afinal, um artigo cientifico leva de 12 a 18 meses para ser escrito, com dedicação de 4 ou mais Nossa entrevistada, Célia Modesto horas diárias”. Esse trabalho tão laborioso e complexo, na opinião de nossa entrevistada, devia receber a definição de literatura. “Minhas pesquisas são literaturas, porém elas não buscam um fim estético, para agradar o meu leitor; elas denunciam algo que está acontecendo em nossa sociedade, a fim de levar o sujeito à consciência de sua condição”. Com tanta produção escrita sendo realizada ao nosso redor, tal discussão é praticamente infindável e muito ainda será discutido sobre os rumos da escrita no Brasil e no mundo. Evidentemente, nenhum meio de comunicação e de produção artística sairá incólume diante das inovações de nosso tempo. As pixações e cartazes, que tanto vimos em movimentos sociais do século passado, hoje, coexistem com frases estampadas em camisetas e até mesmo na própria pele. Os manifestos pendurados em postes, agora estão nos murais das grandes redes sociais. Tudo – ou quase tudo – pode ser resumido em uma hashtag. Os livros abrem espaço para os e-books e aplicativos de leitura digital. Apenas uma certeza é absoluta: nunca se produziu tanto e de maneira tão diversificada. Quanto ao futuro? Resta-nos construir uma história em que a literatura deixe de ser guiada por regras e moldes, passando a atender aos interesses e necessidades da humanidade.
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A matemática real existe? Quando pensamos em matemática nos vêm à cabeça um emaranhado de números e contas, normalmente difíceis, o terror da maioria dos estudantes e da população em geral. Mas será que a matemática que conhecemos é apenas a praticada na escola? Que leitura matemática fazemos em nosso dia a dia? Para conversarmos sobre isso, pense no seu dia de hoje. Você usou números, cálculos ou representações geométricas em algum momento? Provavelmente, sim. Encontramos a matemática desde o nosso nascimento, ou mesmo antes, quando, o médico verifica o tempo de gestação, acompanha o crescimento do feto, prevê o nascimento, batimentos cardíacos. Todos nós ficamos felizes ao observar um bebê indicar a idade com os dedos das mãos. Intuitivamente, já faz leitura e representação matemática. A Educadora Matemática Katia Stocco Smole afirma que "os dedos das mãos foram, talvez, os primeiros instrumentos de contagem e de cálculo utilizados pelo homem." No decorrer de nossa vida "lemos" matemática, também, intuitivamente. Quem nunca contou os minutos para encontrar uma pessoa querida? E os batimentos cardíacos em situações diversas? E admiração por um "ser perfeito"? E aquela música que não lhe sai da cabeça? A beleza humana e a música, também, são Matemática. Em tudo ao seu redor, considerado "belo", há proporcionalidade. Quantas vezes ouviu a expressão: "Fulano é tão desproporcional"? Muito antes de Cristo já havia a aplicação da proporção Aurea, pelos escultores, músicos, arquitetos. Observe o que lhe faz bem aos olhos e verifique a proporção, há grandes chances do resultado ficar em torno de 1,618, caso contrário não existe "beleza", matematicamente falando. Infelizmente o medo "geral" da matemática faz com que a maioria da população não perceba situações cotidianas de seu uso e há pouca motivação na escola. O que mais observamos nas aulas de matemática são cálculos exaustivos, com pouco ou nenhum contexto. Atualmente, na Educação Matemática, há incentivo de Leitura, também, na disciplina considerada "numérica", normalmente associada à resolução de problemas, porém, podemos considerar, também, a leitura de gráficos, de receitas culinárias e muitas outras situações. Os tempos mudaram, estamos numa era tecnológica na qual, em segundos, resolvemos cálculos extremamente difíceis, mas nem sempre esses aparatos tecnológicos nos ajudam na solução de problemas "reais", muitos dos quais sem solução. O matemático Luiz Roberto Dante sugere quatro etapas para a resolução de problemas matemáticos: Compreender o problema, elaborar um plano, executar o plano e verificar a solução ou outra maneira de resolver (quando há solução). Podemos transpor essas etapas para o nosso dia a dia? Que leitura matemática fazemos para identificar um "problema real"? Quando percebemos que o problema não tem solução? Não daríamos conta, aqui, de ler e enxergar toda a matemática em nosso cotidiano. Então, fique atento!
Lourdes Bonanno Professora e pesquisadora em Educação Matemática há 23 anos. Atualmente, Professora Coordenadora na Rede Pública Estadual. Mestre em Ensino de Matemática, pela PUC-SP, com "Um estudo sobre o cálculo operatório no campo multiplicativo com alunos de 5ª série do Ensino Fundamental" (2007).
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Dúvidas Uma dúvida frequente na Língua Portuguesa é o emprego do hífen (-). Se esse é o seu caso, confira nossas dicas!
A letra “H” é uma letra sem som. Por isso, não deve estar junto a prefixos. Ex.: préhistória; anti-higiênico; sub-hepático; super-homem Letras iguais são separadas. Letras diferentes, juntas. Ex.: anti-inflamatório; neoliberalismo; supra-auricular; extraoficial Quanto ao "R" e o "S", se o prefixo terminar em vogal, a consoante deverá ser dobrada. Ex.: suprarrenal (supra+renal); contrarregra (contra + regra) Se o prefixo terminar em consoante, não se unem de jeito nenhum. Ex.: sub-reino; ab-rogar; sob-roda O hífen se mantém diante dos prefixos "ex-, sota-, soto-, vice- e vizo-": Não se usa o hífen diante de "co-, re-, pre" (sem acento)
Construtores Alunos lendo para alunos Com uma ação que promove leitura, interação e troca de experiências, o projeto Adolêser, realizado na EMEF Marechal Rondon (São Paulo), é o foco de nosso coluna hoje. A Sigla mescla Adolescente, ler e a possibilidade de através dessa prática ser, isto é, transformar-se a si próprio. “Os alunos são leitores que estão se descobrindo, porém de uma forma prazerosa” explica a professora Vânia, formada em história e responsável pela biblioteca e pelo projeto “Eles se doam em paciência e em seu tempo livre, pois o projeto ocorre no contra-turno. Os interessados aparecem aos poucos, mas todos vão mudando com essa ação. E não considero um projeto meu, mas de todos os alunos envolvidos nele”. O grupo da educadora é formado pelos alunos do 8º ano, que leem para os alunos do 2º ano: “Eu odiava ler” conta Patrick, “Hoje leio até para a minha irmã”. O aluno Gustavo explica Professora Vânia e o grupo de leitores, Adolêser animado: “As crianças escolhem o livro que querem ouvir e eu procuro ser engraçado”, “Eu quase sempre leio pra elas A vaca que botou um ovo”, completa Danielle “E várias vezes elas nos pedem para ler novamente assim que acabamos de ler”. O projeto é ousado “Envolver o 8º com o 2º ano é reunir o ciclo de alfabetização com o ciclo autoral, isso representa um amadurecimento do leitor e do ouvinte em conjunto de forma critica e prazerosa” finaliza a professora “Mesmo aqueles que ainda não sabem ler, tem nos monitores do projeto fonte de sua inspiração”.
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Escritores Fundado, em 2009, por Índio Brasileiro Guerra Neto, Ricardo Almeida e Anderson de Andrade, o Clube de Autores é a maior plataforma de autopublicação da América Latina – representando cerca de 10% do total de livros publicados no país. Ao cadastrarem-se, os autores podem publicar suas obras sem tiragem mínima e sem pagar nada por isso. No Clube de Autores, quem decide o que publicar é o próprio autor. Para isso, basta clicar em “Publique seu Livro” e seguir as instruções que aparecem na tela. Durante o processo, ele cadastrará o arquivo de sua obra e ainda poderá definir qual acabamento quer em seu livro. Além de decidir o valor, referente aos direitos autorais, que deseja receber. Automaticamente, o sistema compõe o preço da publicação e a coloca à venda no site em duas opções: Impressa ou E-book. Quando alguém comprar o livro, a obra será impressa e enviada ao comprador ou terá seu download autorizado. É uma excelente oportunidade para quem quer dar seus primeiros passos no ramo editorial, mas não tem muitos recursos para fazê-lo.
Leituras E Não Sobrou Nenhum - Agatha Christie
Folhas de Relva – Walt Withman
Conhecido como O caso dos dez ne g rinhos, E não sobrou nenhum é a prova de que Agatha Christie é a rainha do crime. Dez pessoas em uma ilha; acusados presentes no tribunal; uma morte de cada vez; não há saída; um deles é o assassino; um poema infantil dita as regras: quem está matando e por quê?
Considerado o maior poeta da literatura norteamericana, introduziu o verso livre e o tratamento poético das coisas cotidianas. Folhas de Relva, representa quatro décadas de dedicação e celebra a vida e o sexo com franqueza e sinceridade, fazendo desse autor um profeta da natureza.
Pararatibum eu vou... Falando em livros, que tal dar uma passada no ÔnibusBiblioteca. Trata-se de um coletivo itinerante pelos bairros de São Paulo. Nele, você pode fazer empréstimos de livros, periódicos e gibis. O projeto tem 72 roteiros diferentes em toda a capital paulista e atende de terça-feira a domingo das 10h às 16h. A programação está disponível na internet!
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Trecho extraído do livro: O Segredo dos Amuletos - Infernus
Marcelo entrou em seu quarto batendo a porta com um estrondo que estremeceu a mansão, poderia ser repreendido por isso, mas não se importava. Um sentimento de ódio brotava dentro dele. Não. O sentimento estava lá há muito tempo, desde que pisara naquela mansão pela primeira vez. Adormecera por um período, é fato, mas agora estava aceso dentro do menino como uma chama a consumi-lo. Os olhos seguravam ainda toda aquela dor, não daria a Geraldo nem uma única lágrima. Deu três socos contra a parede. Ofegava. Seu corpo todo esquentava em um ritmo impossível de controlar. Yori era culpado! Por que o escolheu? A verdade é que todos tinham direito de escolher, menos ele. Quem resolveu que ele deveria ser o líder da Aliança, carregar o Amuleto Central e lutar contra Eliberto? Ele não quis nada daquilo! Nada! Amanda prometeu que não o abandonaria. Mas... Olhava pra si mesmo e só via solidão. Ninguém podia entendê-lo. Ninguém queria. Ele era insignificante demais. Onde se meteram aqueles que o chamavam de Mestre? Estavam todos preocupados demais vivendo suas próprias vidas, enquanto ele destruía seu corpo e sua mente para aprender a guiálos. Guiá-los para onde? Não sabia nem mesmo onde ele próprio deveria ir. E será que alguém merecia mesmo todo o seu sacrifício? Tinha que “salvar o mundo”, mas o mundo merecia ser salvo?! Sentiu as costas arderem, levou os dedos ao ponto que levara os açoites. Tinha marcas vermelhas e inchadas por toda a pele. “Confie em si mesmo!”, martelava em sua cabeça. Mas como confiar em si se, nem ao menos, ele sabia quem era? Jogou-se sobre a cama, exausto. Treinos, sofrimento, submissão... Até quando suportaria tudo aquilo? A dor nas costas era grande. Recusava-se a chorar. Mas sentia toda a dor. “Os homens dessa família não choram!” pensou em Eliberto.
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- Eliberto, com certeza, é melhor do que eu! – bradou, fazendo referência aquilo que fora seu mantra nos últimos treinos. Levantou-se da cama, ao lado dele, uma bandeja com alimentos – parte de seu castigo: pão e água. - Odiava muito aquela casa! Aquele quarto! Que família era aquela que ele desejou tanto fazer parte: Amanda, longe... Ruan, longe... Tinha Geraldo. Mas antes não tivesse. Atirou a bandeja contra a parede: prato, copo, comida; tudo espalhado. Ainda sentia a dor nas costas. Ainda via o brilho de satisfação nos olhos do capoeirista. Aquele que era seu amigo, esperava pelo momento de vê-lo. Ansiava por isso! Agora, desejava nunca tê-lo conhecido. A raiva ainda o consumia e passou a quebrar todo o quarto. Primeiro derrubou o guarda-roupas, depois com um chute jogou a TV no chão. Seus livros, seus cachorros a balançar a cabeça, seus jogos... Cada objeto daquele ambiente tornara-se um alvo em potencial. Tudo aquilo lhe deixava mais e mais possesso. Pela janela, a revoada de passarinhos que fizera para Amanda adentrou seu quarto. As aves batiam as asas de maneira descompassada e seu cantar não era belo como há pouco. Os olhos do menino pararam sobre um pássaro azul quando uma pequena fagulha brotou na ponta das penas de sua asa. Instantaneamente, viu suas penas enegrecerem, consumidas por uma combustão instantânea. O animal foi ao chão com um estampido surdo e o mesmo aconteceu com todos os outros que o acompanhavam. O olhar de Marcelo tornou-se vazio ao ver a cena. Seu ódio era tão grande que matara os animais que ele mesmo criara? Ajoelhou-se ao lado de um dos corpos imóveis e o tomou em suas mãos trêmulas. - O que você fez?! – ouviu por trás de si a voz chocada de seu irmão. - E-Eu... – Marcelo era incapaz de formular qualquer frase. Ruan olhava-o como se fosse um monstro e, talvez, fosse mesmo. Antes que pudesse se defender, viu seu irmão sair do quarto. Pensou em ir atrás dele, mas não tinha forças para isso. Com o cadáver ainda em suas mãos, não foi capaz de segurar as lágrimas e chorou compulsivamente. Sandra Martins Matheus Mendes Paulo Giordan
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Charada Literária Chegou a hora de testar seus conhecimentos! Será que você está em dia com a leitura ou é hora de correr para a biblioteca? Relacione o trecho em destaque com seu autor 1 - "Ser poeta é ser mais alto, é ser maior\Do que os homens! Morder como quem beija!\É ser mendigo e dar como quem seja\Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!"
2 - "Quero vivê-lo em cada vão momento\E em seu louvor hei de espalhar meu canto\E rir meu riso e derramar meu pranto\Ao seu pesar ou seu contentamento"
A) Cecília Meireles
A) Oswaldo de Andrade
B) Clarice Lispector
B) Vinicius de Moraes
C) Florbela Espanca
C) Carlos Drummond de Andrade
D) Sophia de Breyner Andresen
D) Olavo Bilac
E) Beyonce
E) José Sarney Confira as respostas na próxima edição.
Enquanto isso, em Brasília...
Abilio Canel Professor da Rede Estadual de ensino há ... anos, ministra aulas de filosofia na E.E Dona Cyrene de Oliveira Laet. Nas horas vagas, exercita seu gosto pela leitura e pelo desenho.
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Nossa primeira revista! Há tanta gente para agradecer... Gostaríamos de agradecer a Deus, a nossas famílias e amigos, que tanto torceram por esse trabalho. Obrigada pela confiança e estímulo de sempre. Sem vocês, nada disso seria possível. A equipe do VAI, na pessoa do Elton, que tem dado uma força gigantesca para que o trabalho aconteça, nos ensinando os melhores e mais produtivos caminhos. É excelente fazer parte de um projeto tão bem sucedido. A todos os autores que cederam seus textos, tempo, histórias e sonhos para essa publicação. Espero que o trabalho lhes agrade mais do que a todos os outros. Nessa revista, procuramos falar sobre a gigantesca diversidade literária que existe em nossa metrópole e procuramos exemplos de como e onde ela ocorre. Esperamos, com isso, demonstrar nossa intenção de contemplar qualquer tipo de literatura, primando pela variedade e pelo respeito que a sociedade deve - sempre - a qualquer artista. E de pois de tantos ag radecimentos e explicações, nos colocamos a disposição para contemplar o seu texto, tanto em nossas publicações quanto em nossa página online. Seja você também um Construtor de Histórias. Boa Leitura, Sandra Martins Realização: Construtores de Histórias Direção de Redação: Sandra Martins Diagramação e Editoração: Matheus Mendes Publicidade e Designe Gráfico: Vinicius Escócia Direção de Arte: Paulo Giordan Arte da Capa: Ronaldo Ferreira Revisão e Pesquisa: Vinicius Soares Seleção de Conteúdo: Rodrigo Marcelino Reportagens: Catarina Souza Danielle Modesto Impressão: Construtores de Histórias
Autores convidados: Abilio Canel Ana Paula Risos Jennifer Ernesto Lola Isaías Lourdes Bonnano Luís Madeira
Matheus Mendes Matheus Soares Mayra Guanaes Paulo Giordan Rodrigo Marcelino Sandra Martins
Contato: construtoreshistorias@gmail.com www.facebook.com/construtoresde histórias
Tiragem: 4000 Exemplares Distribuição Gratuita - Venda Proibida
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A reprodução total ou parcial dos textos só é permitida mediante autorização ou citação de fonte e autor.
Construtores de História é um coletivo fundado por Sandra Marins, Matheus Mendes e Paulo Giordan – escritores da saga “O Segredo dos Amuletos”. Composto por pessoas de todas as idades, movidos pelo mesmo sentimento: a paixão pela escrita. E o intuito dessa revista é dar visibilidade aos textos daqueles escritores, que não são atendidos pelo mercado editorial. E almejamos difundir novas práticas voltadas para a escrita e para a leitura. Esperamos com essa publicação seja a oportunidade de cada integrante fazer parte da história do mundo, estimular a continuidade do trabalho literário e elevar a autoestima do escritor.
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