A Vice do avesso O que faz a pessoa nº 2 na escala do poder dos EUA? Julia Louis-Dreyfus revela onde buscou inspiração para todas as situações hilárias que uma vice-presidente pode viver no seriado Veep
por Sarah Mund, de Los Angeles* 66+Monet+julho
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s novas aventuras da velha... selina? Quem ainda se lembra de julia louis-dreyfus como a atrapalhada Christine de The New Adventures of Old Christine irá perceber que a nova personagem da atriz em Veep não lhe deixa nada a dever. agora ela é uma política bem-sucedida, uma ex-senadora que chegou ao cargo de vicepresidente. Mas não é por isso que ela irá se meter em menos confusões. Como que para confirmar isso, ao chegar ao encontro com jornalistas em um hotel de los angeles, a atriz ficou acidentalmente trancada do lado de fora do quarto e teve de singelamente bater à porta para que alguém a deixasse entrar. Porém, depois das risadas, veio um discurso inspirado: “Gostaria de ver mais mulheres em posições de poder. Fico feliz de vê-las assumindo o controle nos negócios, na arte, na política, mas eu diria ‘vamos atrás de mais!’. acho que o mundo seria um lugar melhor”, declarou. Mas nem por isso Veep será uma aula de política. “a ideia é mostrar os bastidores do que acontece entre os momentos públicos de uma vida nesse meio”, esclarece julia sobre o mote da atração. Mesmo assim, existem alguns aprendizados. diferentemente do que muitos podem pensar, não é na Casa Branca ou próximo do famoso salão oval que um vice-presidente trabalha, mas sim em um escritório no edifício eisenhower, em Washington. É em uma réplica perfeita das dependências que a produção da hBo é gravada. “o engraçado é que no estúdio todos me chamam de Madame vice Presidente e eu meio que estou gostando VEEP i dia 23, disso”, revelou a atriz. “É uma posição segunda, 22h35, de poder, mas ao mesmo tempo eu não hBO, 71 e 571 (hd) acho que nenhum político por aí diria
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fOtOs: divulgaçãO
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Trabalho estressante – Na rotina da vicepresidente Selina Meyer (Julia Louis-Dreyfus) o mais difícil talvez não seja lidar com as crises políticas, mas sim com sua incompetente equipe: 1) A chefe de gabinete Amy (Anna Chlumsky), o porta-voz Mike McClintock (Matt Walsh) e o ambicioso assessor Dan Egan (Reid Scott); 2) Selina vê dar errado sua iniciativa de adotar o uso de talheres plásticos; 3) O atrapalhado Gary (Tony Hale) acaba perturbando mais do que ajudando em uma reunião de trabalho
que aspira a se tornar vice-presidente. É um paradoxo, sempre ser lembrado que se chegou em segundo lugar”, completou. se amy Poehler foi a primeira mulher a encarnar o jeito Michael scott de ser (papel de steve Carell em The Office) ao dar vida à sua leslie Knope em Parks and Recreation, não há dúvida de que selina Meyer “administra” a carreira da mesma maneira que eles. Prova disso é uma de suas falas no primeiro episódio, ao decidir não aparecer publicamente usando óculos: “Me fazem parecer fraca, são as cadeiras de rodas dos olhos”. Politicamente incorreto + frivolidade = a fórmula de sucesso das duas séries acima citadas. se depender de armando Iannucci, criador de Veep, é isso que eles irão alcançar. “sempre achei que o papel de vice-presidente tem uma comicidade em que ninguém pensaria de cara. É uma pessoa que chegou tão perto e ao mesmo tempo está tão longe do poder. e ainda por cima sua identidade está atrelada à do presidente”, analisou. a hBo parece estar satisfeita com os resultados nos eua, onde o primeiro episódio atingiu a marca de 3,7 milhões de audiência, e já encomendou a segunda temporada. resta saber se, em ano de eleições presidenciais, o humor dos americanos vai se manter tão positivo. * A jornalista viajou a convite da HBO julho+Monet+67
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