American Horror Story é para assustar, já em Being Human (US) dá até para se identificar com os dramas dos monstros. Conheça os dois modos de levar o sobrenatural à TV por Sarah Mund, de San Diego, e Raquel Temistocles
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o embalo do Halloween, você pode escolher entre sentir muito, mas muito medo ou até uma certa simpatia pelos monstros que vão aparecer na tv. chegando à segunda temporada sob o tema “asylum”, American Horror Story sacudiu a poeira do gênero ao trazer para a televisão uma mistura de terror e suspense que vai muito além da temática sobrenatural AMERICAN HORROR explorada até então em atrações como STORY I DIA 30, TERÇA, Ghost Whisperer e Supernatural. com 23H15, FOX, 50 uma bem-sucedida fórmula, a criação BEING HUMAN (US) de ryan murphy (Glee) mostrou uma I DIA 24, QUARTA, 22H, família passando por experiências SONY SPIN, 90 bizarras em uma casa para lá de mór-
bida habitada por um ser vestido de látex, fantasmas e resultados de experiências médicas usando corpos humanos. agora com novos personagens (apesar de contar com parte do mesmo elenco), coisas estranhas irão acontecer em um manicômio comandado por freiras misteriosas. Já a versão americana de Being Human é bem mais light. a produção acompanha a rotina de um vampiro, uma fantasma e um lobisomem que, contra todas as expectativas, tentam levar uma vida humana. lutando para sobrepujar suas naturezas míticas, os personagens vividos por Sam witwer, meaghan rath e Sam Huntington conseguem cativar o público de tanto sofrer para se adequar à sociedade. e vivem emoções tão genuínas quanto os vampiros vegetarianos de Crepúsculo ou os protagonistas apaixonados de The Vampire Diaries.
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FOTOS: gDIvUlgAÇãO
Novidades monstruosas – A nova temporada de american Horror Story (à esquerda), “Asylum”, se passa em um manicômio nos anos 60 e promete trazer freiras macabras. Zachary Quinto (Heroes) e Jessica Lange (King Kong) estão de volta em novos papéis, e o cantor Adam Levine faz sua estreia como ator. Apesar de being Human (acima) contar com um elenco em grande parte novato, um nome de peso como Mark Pellegrino (lost e Supernatural) deixa sua marca como um vampiro poderoso
Independentemente de qual dessas pegadas você prefere, saiba que existe um porquê para continuar grudado ao balde de pipoca no sofá, mesmo que tremendo de medo. “alguns de nós adoramos terror e outros odeiam. É um tipo de arte que mobiliza coisas muito intensas e infantis. depende de como esses tipos de conflitos universais estão acumulados em cada um de nós”, explica ernesto duvidovich, diretor do centro de estudos psicanalíticos de São paulo. não é à toa que crianças e adolescentes representem boa parte do público que consome o gênero. “o pesadelo tem a ver com o terror, com o medo, com a angústia, e isso tudo vem do tempo da infância em que a estrutura psíquica não está totalmente desenvolvida”, completa. enquanto American Horror Story toca em alguns dos medos mais íntimos que carregamos dentro de nós, o que nos ajuda a lidar com eles em um ambiente controlado como a televisão, Being Human evoca o monstro que existe em cada um, fazendo com que nos identifiquemos com os dramas vividos pelos personagens. “apesar de sermos esses seres sobrenaturais ridículos, o que torna
o programa interessante é o fato de ter apelo real, e acho que é isso que atrai as pessoas”, acredita Sam Huntington, o lobisomem Josh da série. ou seja, sua trama não só apresenta um terror mais moderado, como sabe dosar momentos descontraídos ao longo dos episódios. “os roteiristas encontram humor no absurdo dessa realidade. É maluco! uma fantasma simplesmente aparece por aí; o lobisomem persegue um presunto amarrado a um poste; e um vampiro se alimenta de uma bolsa de sangue hospitalar”, aponta Sam witwer, intérprete do vampiro. e quem tem medo de que assistir atrações de terror pode despertar o Jason que existe em você, pode ficar tranquilo. Segundo duvidovich, não há nada a temer. “muitas vezes se coloca a responsabilidade da violência social nas produções de terror. eu considero isso um erro. É uma tendência ideológica da educação que não sabe ou não considera a realidade íntima do sujeito. as pessoas brincam com a violência como fantasia e não a realizam. Se não brincarem com isso, a chance de realizarem é muito maior.” afinal de contas, o lado de cá da tela ainda parece mais seguro. outubro+Monet+49
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