Herói corrompido - Monet

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o astro da série

the following entrevista exclusiva sobre seu primeiro trabalho como protagonista na tv e os bastidores do thriller mais esperado do ano

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fevereiro 2013 i Nº 119 i r$ 11,90

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Kevin bacon

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corrom rr pi rrom Kevin Bacon faz sua estreia como protagonista na TV em The Following. Com exclusividade, MONET entrevistou o astro de Footloose e Sobre Meninos e Lobos, o autor Kevin Williamson e o ator James Purefoy, que faz um assassino inspirado por Edgar Allan Poe por Sarah Mund, de San Diego* 26+Monet+fevereiro

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exiSTem CerCa de 300 assassinos em série ativos nos estados Unidos e a maioria deles age só. mas e se um deles decidisse fazer diferente? Um criminoso carismático e capaz de arrebatar uma legião de seguidores dispostos a dar sequência ao seu legado é uma possibilidade mais que assustadora e não é de espantar que a ideia tenha surgido da mesma mente que criou a franquia Pânico. the following i DIA 21, QUInTA, 22H50, WARnER, 47 E 547 (HD)

Voltando à ativa – Mesmo afastado do FBI, Ryan Hardy (Kevin Bacon) volta a investigar um antigo caso quando o condenado escapa da prisão

Kevin Williamson conta que a inspiração surgiu antes mesmo dos filmes que popularizaram uma certa máscara: “eu tive a ideia há 15 anos, quando assisti a um documentário sobre um serial killer que atuava no campus de uma faculdade. era apenas mais um perturbado, mas me fez pensar que seria interessante se na verdade fosse um professor sofisticado que estivesse matando as mulheres com a ajuda de estudantes que o acompanhassem”. Surgia ali o personagem de James Purefoy (da série Roma). e se um herói só pode ser tão importante quanto o vilão que enfrenta, em The Following, Kevin Bacon encontrou um par à altura para sua estreia na televisão. “Cerca de quatro ou cinco anos atrás, comecei a sentir que era tendência os bons roteiristas migrarem para a Tv e comecei a discutir isso com meus amigos. Tantos programas passaram a ter impacto no meu mundo de entretenimento que comecei a pensar que talvez fosse a hora de mudar”, revelou Bacon sobre os motivos que o levaram a aceitar o papel na série depois do sucesso tanto comercial quanto de crítica em filmes como Footloose (1984), X-Men: Primeira Classe

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Para seguir

Logo no primeiro episódio vários personagens são apresentados em The Following. Entre agentes do FBI e a família do serial killer muita coisa é mais do que aparenta à primeira vista. Saiba quem promete mudar de perspectiva ao longo da temporada

APRENDIZ DE GÊNIO

DETETIVE DURONA

MOCINHO PERTURBADO

ASSASSINO CHARMOSO

EX-MULHER INDECISA

FILHO DE UM MONSTRO

Mike Weston, interpretado por Shawn Ashmore (trilogia X-Men), é o típico nerd iniciante de quem todos tiram sarro. Fascinado pelo trabalho de Hardy (Bacon), não esconde sua admiração e estudou com afinco o caso de Carroll (Purefoy), motivo que o tornou um alvo ainda maior de gozação. Até que, justamente por esse conhecimento, ele é chamado para trabalhar ao lado do ídolo quando o assassino consegue escapar da cadeia.

Apesar de sua eficiência, já foi anunciado que a detetive Jennifer Mason (Jeananne Goossen) não vai ficar por perto. Ela é a típica mulher policial que se impõe mais que muito machão e logo de cara tem problemas com o protagonista. Na trama, ela busca ajuda da especialista em cultos do FBI Debra Parker (Annie Parisse), que é quem deve assumir o papel de parceira de Hardy (Bacon) – e também quem irá ajudar a mantê-lo na linha.

Ninguém tem dúvida que Ryan Hardy, personagem de Kevin Bacon, é o grande herói que foi capaz de prender Carroll no passado. A não ser, é claro, ele mesmo. Por motivos que ainda serão explorados na série, ele se desentendeu com a chefia do FBI e deixou o trabalho de agente. Com problemas de alcoolismo, ele se envolveu com a exmulher do homem que prendeu e ao que tudo indica a relação entre os dois vai além da de policial e bandido.

Como não se deixar levar pelo sotaque de James Purefoy? Ainda mais quando o ator está em cena recitando poemas de Edgar Allan Poe na pele do professor de literatura – e serial killer – Joe Carroll. De tão carismático, ele é capaz de mover uma verdadeira legião de seguidores que irão dar sequência à sua “obra” e matarão em seu nome. Sozinho, ele assassinou 14 alunas da faculdade onde dava aula (com ajuda, ele tem potencial para ir muito além).

Deve ser difícil assimilar o fato de que o homem com quem era casada levava uma vida dupla de pai dedicado e criminoso. Ainda assim, Claire Matthews, vivida por Natalie Zea (de Justified), aparenta não ter superado seus sentimentos pelo ex-marido e para complicar ainda mais a situação acabou se envolvendo com o homem que prendeu seu marido. Claro que esse fato não vai passar em branco para quem está atrás das grades.

O pequeno Joey Matthews, interpretado pelo novato Kyle Catlett (de Unforgettable), talvez ainda seja muito novo para entender a complexidade do que seu pai fez, mas sabe que ele está no corredor da morte e que desde que foi para a prisão sua mãe se tornou superprotetora. É difícil dizer se algo será revelado sobre o menino, mas sem dúvida todos temem que ele possa ser alvo de uma visita depois que seu pai consegue escapar do presídio.

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(2011) e Sobre Meninos e Lobos (2003). Claro que esse não foi o único motivo. além de a série ser filmada em Nova York, onde mora com os filhos e a mulher (a atriz Kyra Sedgwick, com quem é casado desde 1988), a atração conta só com 15 episódios e é filmada em cerca de três meses, o que permite que ele continue atuando em filmes também. mas suas motivações são outras: “eu queria interpretar um mocinho. É que ultimamente eu só tenho pegado personagens maus no cinema, o que eu gosto – vilões são ótimos –, mas eu quero ir além. eu queria pelo menos uma vez ser o herói, mas um complexado, com falhas e traumas”. Desejo alcançado. Logo no primeiro episódio fica claro que as coisas não andam muito bem para ryan Hardy, um ex-agente que se entregou à bebida e vive isolado. o que o deixou tão perturbado foi o último caso no qual trabalhou perseguindo e eventualmente prendendo Joe Carroll, personagem de Purefoy. oito anos depois ele é chamado de volta ao fBi para ajudar a capturálo, já que conseguiu escapar da penitenciária poucos dias antes da execução de sua sentença de morte. É quando fica claro que a relação entre eles não é apenas a de bandido e mocinho, pelo menos não para o matador. mesmo não gostando da situação, Hardy não pode recusar, já que é a pessoa que melhor entende o assassino, tanto que chegou a escrever um livro sobre a experiência. Tudo que um psicopata poderia querer. “esse é o problema: nós não mencionamos o que esses caras fazem porque eles leem jornais e o que mais lhes dá prazer é saber que as pessoas estão falando sobre eles. É responsabilidade dos jornalistas não dar a eles mais poder do que já têm”, falou Purefoy.

O Poe é pop

Relação complexa – Hardy (Kevin Bacon) e Carroll (James Purefoy) são mais que mocinho e bandido: o serial killer quer provocar o ex-policial que ganhou fama escrevendo um livro sobre ele após capturá-lo e que ainda se envolveu com sua ex-mulher

É justamente aí que entram os requintes de terror de Williamson. “eu queria que fosse um ator carismático porque se as pessoas vão acompanhar esse personagem por um longo tempo e ter medo dele, eu também quero que elas o amem. Quero que as mulheres fiquem na dúvida se querem dar um beijo nele ou fugir dele”, descreveu o criador. “Para mim, ele não é apenas mais um serial killer; não é uma simples necessidade de matar. o que me assusta nele é que aparentemente há algo muito maior do que podemos imaginar arquitetado e ele é o único que sabe.

Mais de 160 anos se passaram da morte do homem que é considerado o criador do suspense policial e

O CORVO

i DIA 2, SÁBADO, 22H, HBO, 71 E 571 (HD)

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uer jeito melhor de explorar o maior mistério envolvendo o mestre do terror do que um suspense que precede o seu próprio fim? Ainda mais levando em consideração que até hoje não se sabe quais as causas da morte do escritor, que foi encontrado com sintomas que podem ser atribuídos a uma overdose de drogas, abuso de álcool ou envenenamento. Na trama, estrelada por John Cusack, um assassino se inspira em suas histórias para cometer crimes e a polícia conta com sua ajuda para tentar impedir novas mortes. Mas o criminoso envolve o próprio Poe em uma caçada na qual as pistas levam a mais mortes e o prêmio final é a vida de sua amada Emily (Alice Eve). Quase um Sherlock Holmes, só que romântico e assumidamente viciado em ópio.

LONGA NACIONAL No fim do ano passado, o diretor pernambucano Marcelo Gomes e o videoartista mineiro Cao Guimarães uniram forças para começar as filmagens de O Homem das Multidões, baseado no conto homônimo de Edgar Allan Poe. O filme narra o peculiar hábito de um personagem que gasta seu tempo observando as pessoas e criando conclusões sobre suas vidas. Até que um homem mais velho chama sua atenção e ele passa a ficar obcecado por essa figura. A produção trará os atores Paulo André e Sílvia Lourenço, e, como já adiantaram os diretores, flertará um pouco com a linguagem documental.

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Se você está criando um culto de assassinos, o que planeja alcançar?”, ponderou o próprio ator sobre as intenções de Carroll, que envolvem uma inspiração artística. “Se você prestar atenção, verá que o que o move é romance e paixão. ele mata pela mesma coisa que edgar allan Poe acreditava, que diz que não há nada mais belo que a morte de uma mulher bonita”, apontou Williamson. ou seja, seus atos, para ele, são uma obra de arte. e como se já não bastasse o lado macabro, o assassino ainda é um conquistador: “ele tem esse jeito de olhar direto nos olhos que o torna atrativo para pessoas com baixa autoestima. até porque elas também querem se sentir poderosas. É uma terrível simbiose em um jogo de poder”, analisou Purefoy. ou seja, Bacon talvez tenha topado até com o que esperava, mas com a chance de, mesmo sendo o herói da vez, as pessoas no final gostarem mais do assassino. afinal de contas, seu personagem não é dos mais felizes: “esse é um cara que sente que a morte o cerca, que as pessoas de quem se aproxima podem acabar mortas. Talvez seja isso que o tortura, então obviamente voltar a esse caso não vai ajudar em nada”, descreveu Bacon. “ele nunca vai ter o tipo de intelecto que o personagem de James [Purefoy] tem, nem o charme, nem a capacidade de se comunicar com as pessoas. mas ele tem bons instintos e é isso que o separa do resto”, completou. vale lembrar que esse não será nem o primeiro nem o último serial killer a conquistar a simpatia do público. impossível esquecer o manipulador Hanibbal Lecter de anthony Hopkins – que, aliás, também irá ganhar uma série de Tv para chamar de sua. e Dexter morgan

um dos maiores representantes do terror. No entanto, Edgar Allan Poe parece estar na moda mais que nunca

POE, A SéRIE

POE POR CORMAN

A ideia era fazer uma série que trouxesse um Edgar Allan Poe um pouquinho diferente. O plano do canal americano ABC era apresentar o escritor como um jovem atraente e envolvido em investigações criminais – não parece que estamos falando da mesma pessoa no retrato ao lado, certo? A justificativa era de que a história se passava antes de ele perder a esposa e se tornar uma pessoa melancólica, mas parece não ter agradado muito aos fãs de Poe, já que apenas o episódio piloto foi produzido em 2011 e desde então o projeto está gelado, como um cadáver.

O diretor de filmes de terror B já chegou aos 86 anos e ainda não pensa em parar. Em 2013, Roger Corman começa a produzir nada menos que oito adaptações de contos de Edgar Allan Poe. Os filmes de baixo orçamento, no máximo 2,5 milhões de dólares, serão financiados por sua produtora e são na verdade remakes de produções dirigidas por ele nas décadas de 50 e 60. O plano é rodar dois por ano, começando com O Solar Maldito, seguido de O Poço e o Pêndulo, O Sepultamento Prematuro, Muralhas do Pavor, O Corvo, O Palácio Assombrado, A Máscara da Morte Rubra e Ligeia.

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(michael C. Hall) também tem uma legião de fãs torcendo por ele. “acho que é a velha história do bem contra o mal. eu me lembro de no estúdio dizer coisas completamente opostas para o Kevin [Bacon] e o James [Purefoy]. eu quero que ryan tenha dificuldades em se conectar emocionalmente com as pessoas e por outro lado quero que Carroll seja misterioso e não revele demais”, apontou o diretor e produtor marcos Siega, que já trabalhou em séries populares como Dexter e com Williamson em The Vampire Diaries. ainda assim, fica a pulga atrás da orelha: por que sentimos tanto fascínio por psicopatas? “acho que o que nos atrai no assassinos em série é que apesar de assustadores ainda assim queremos entendê-los. Todo mundo gostaria de poder identificá-los para se proteger, mas não acho que seja possível. alguns são tão inteligentes e educados que não conseguimos entender por que agem

dessa forma e não há resposta. até onde posso dizer é pura maldade, eles simplesmente sentem a necessidade de matar” opina Shawn ashmore (franquia X-Men), que na trama dá vida ao jovem agente do fBi mike Weston, que venera o trabalho de Hardy e estudou tudo a respeito do caso Carroll. “apesar de matar pessoas, o que realmente me atraiu quando li o roteiro foi que ele leva a uma espécie de culto. Como você consegue mais de mil pessoas para fazer o que você diz? me atraiu a ideia de que alguém pode convencer tanta gente apenas sendo carismático”, confessou Siega, o que prova que não só as mulheres correm o risco de cair no charme de Carroll. e como ele ainda é culto e recita edgard allan Poe, vai ser praticamente impossível resistir. *A jornalista viajou a convite do Warner Channel

FOTOS: DIvUlGAçãO

As várias faces de Bacon – No alto, em cena com Sean Penn no filme dirigido por Clint Eastwood e ganhador de duas estatuetas do Oscar, Sobre meninos e Lobos (2003); como o adolescente que abalou uma cidadezinha ao som de rock no filme que o tornou um pop star, footloose (1984); no terror ecos do além (1999), ele começa a ver aparições de um fantasma após ser hipnotizado; contracenando com Meryl Streep no suspense o rio Selvagem (1994)

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Kevin Bacon é o centro do universo Marilyn Monroe Os Desajustados

Kristen Stewart

Branca de Neve e o Caçador

Eli Wallach

Sobre Meninos e Lobos

Charlize Theron Encurralada

Barack Obama

The Road We’ve Travelled

Jim Carrey

The Incredible Burt Wonderstone

Steve Carell

Tom Hanks

Amor a Toda Prova

Apollo 13

Kevin Bacon Anne Hathaway O Diabo Veste Prada

Meryl Streep O Rio Selvagem

Tom Cruise

Steven Spielberg

Questão de Honra

Sean Penn

Minority Report: A Nova Lei

Sobre Meninos e Lobos

Robin Williams

Julia Roberts

Gênio Indomável

Linha Mortal

Benício Del Toro 21 Gramas

Rodrigo Santoro Che

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o universo hollywoodiano, pelo menos. O que começou como brincadeira, virou estudo e hoje é até ação de caridade. O jogo Seis Graus de Separação de Kevin Bacon começou entre alunos da Universidade de Albright, nos EUA, e consiste em achar a conexão entre qualquer ator ou atriz de Hollywood e Kevin Bacon através de até seis pessoas com quem tenham trabalhado. A novidade chegou à Tv e se popularizou, e embora não gostasse a princípio, Bacon abraçou a causa e até criou uma rede social que ajuda a distribuir doações a fundações de caridade.

Matt Damon

Onze Homens e um Segredo

E, no final das contas, até o Google entrou na brincadeira, e em 2012 lançou uma ferramenta de busca que ajuda a determinar qual o “número Bacon” de uma pessoa famosa e como ela está conectada ao astro. Basta digitar o nome da pessoa que se deseja pesquisar seguido de “Bacon number” e, voilà, você pode descobrir que até o presidente norte-americano Barack Obama está ligado ao astro através de apenas uma pessoa.

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