Entrevista Will Arnett - Monet

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[ WILL AR NETT ]

Comédia da vida privada Em entrevista para divulgar a sitcom Os Millers, o ator revela que gosta de humor inspirado em coisas reais e chega a levar fatos do seu cotidiano para serem usados no roteiro

E

por Sarah Mund, de Los Angeles

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Os Millers podem ser considerados uma típica família americana? Integrantes de famílias disfuncionais de qualquer outro país também podem se identificar com as situações?

FOTO: GETTY IMAGES

ACREDITO QUE AS COISAS QUE MAIS TE FAZEM RIR SÃO AQUELAS QUE VIERAM DE ALGO VERDADEIRO”

SE, DURANTE UMA FESTA em sua casa, você – recémdivorciado tentando conhecer novas pessoas –, tem de lidar com sua mãe, que aparece de pijama pedindo para tomar sorvete e dançar ao seu lado porque está deprimida com a separação do seu próprio pai? Já deu para imaginar o pesadelo em que se tornou a vida de Nathan, papel de Will Arnett na sitcom Os Millers. Na trama, seus pais Tom (Beau Bridges) e Carol (Margo Martindale) se divorciam depois de perceber que OS MILLERS I o filho prodígio está QUARTAS, 20H30, muito bem, obrigado, TBS, 136 mesmo já não vivendo mais com a esposa. E, para deixar a coisa caótica, a irmã de Nathan, Debbie (Jayma Mays), não consegue adaptar a rotina de sua família à da mãe. A convivência não só causa situações hilárias, como verdadeiras pérolas envolvendo flatulência e danças constrangedoras. Confira mais sobre a série no nosso papo com o ator.

Eles são bem típicos e, na verdade, ser disfuncional é a regra. Famílias certinhas são uma exceção. Eu não conheço famílias perfeitas, você conhece? Você não pode escolher sua família, como faz com seus amigos. Se um parente te irrita por algum motivo, você não pode simplesmente parar de conviver com ele. Então, neste ponto, todos podem

se identificar com as coisas que os Millers vivem. Antes sua vida já estava definida aos 25 anos, mas hoje em dia existem as mais variadas situações. Então é bem comum ver familiares voltando a viver juntos. São questões da vida moderna. É com isso que os Millers lidam. Mesmo sendo uma família disfuncional, eles se amam e estão tentando tirar o melhor da situação. O que você faria se os seus pais fossem viver com você? Como lidaria com a situação?

Uau! Eu tenho que ser cuidadoso com essa resposta... Meus pais acabaram de passar uma semana na minha casa. Acredito que pelo menos umas cinco vezes por dia eu pensava que deveria anotar o que eles fizeram, para que pudéssemos usar em algum episódio. Ultimamente, minha mãe está com essa mania de tentar adivinhar tudo o que vou dizer até eu perder a paciência, porque seria muito mais rápido se ela simplesmente esperasse para saber o que eu queria falar. Sou muito achegado aos meus pais, mas acho que com isso dá para ter uma ideia de como eu me sentiria morando com eles novamente. O relacionamento com os seus pais mudou depois da estreia da série? Como eles se comportam com você depois do lançamento?

Sim, nós tivemos alguns momentos interessantes. É sempre divertido quando meus pais conhecem meus pais fictícios e foi engraçado vê-los ao lado de Beau [Bridges] e Margo [Martindale]. Acho que eles estão tentando se comportar porque sabem

que qualquer coisa pode parar em um episódio. Eles sempre se chocam quando eu compartilho histórias pessoais com os outros, mas se eles falaram essas coisas para mim, que mal tem em contar para os outros? Só estou sendo honesto. O próprio Greg Garcia, antes da estreia, deu um carro para cada pessoa da família como um pedido de desculpas adiantado pelo que elas veriam na televisão. Você comentou que às vezes seus pais fazem coisas parecidas com as situações da série. Você já se pegou agindo como eles com os seus próprios filhos?

O tempo todo! Cada vez mais eu me sinto envergonhado por falar para meus filhos coisas que, quando mais novo, me prometi nunca fazer. Sinto como se estivesse ouvindo as palavras do meu pai saindo da minha boca. Essa é uma coisa engraçada da vida. Me lembro de quando criança ficar irritado e achar injusto ficar de castigo por aprontar alguma coisa. Hoje eu gostaria de poder voltar no tempo. Pelo menos uma vez por semana tenho vontade de ligar para o meu pai para pedir desculpas porque ele sempre estava certo. Você fez tantos tipos diferentes de comédia que gostaria de saber o que faz você rir na vida real. O que você acha divertido?

Acredito que as coisas que mais te fazem rir são aquelas que vieram de algo verdadeiro. Se você analisar esses momentos em que sua barriga fica doendo de tanto rir, vai perceber que eles possuem camadas de compreensão. Aquilo é engraçado porque você conhece a pessoa com quem está naquele momento. Muitas vezes, quando tenta contar aquilo para outros, perde todo o sentido, mas naquele momento e com aquela pessoa foi autêntico. Então, eu sempre acabo sendo atraído por comédias que partiram de uma história. Se você consegue recriar em um programa aquilo que acontece na vida real, aí sim será impactante. É por isso que considero Arrested Development meu início de carreira na comédia e foi por isso que topei fazer Os Millers. Depois que você conhece esses personagens passa a rir junto com eles. M A R Ç O + M o­n e t + 2 9


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