Pela estrada afora COMO UM GRUPO DESCOBRIU UMA MINA DE OURO NO MUNDO DOS FRETES E O REALITY SHOW GUERRA DE ENTREGAS CONSEGUIU TRANSFORMAR O TRANSPORTE DE CARGAS EM ALGO EMOCIONANTE por Sarah Mund, de Miami*
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Qualquer tamanho e destino – Distâncias e dimensões não costumam intimidar os transportadores de Guerra de Entregas. Se eles possuírem equipamento capaz de carregar a mercadoria e estiverem dispostos a percorrer os quilômetros, basta dar um lance no serviço de concorrência online e torcer para ser a melhor oferta. Nas fotos, alguns exemplos de cargas de proporções impressionantes, incluindo um avião, e outras inusitadas, como uma locomotiva churrasqueira
as compras caíram drasticamente durante a crise econômica americana. Quando viu que uma pessoa precisava de alguém que transportasse dois modelos da marca Harley Davidson, com a qual costumava trabalhar, ele não pensou duas vezes antes de usar sua caminhonete. “Eu percebi muito rápido que poderia ganhar um bom dinheiro com isso. Então troquei meu veículo por um maior, tirei todas as licenças e entrei para o ramo”, relata.
Um dos transportadores que mais lucrava através de serviços de ofertas online nos EUA, Roy Garber era também um dos mais polêmicos – e por isso mesmo um dos favoritos dos fãs do reality show
CARGA PESADA O programa acompanha um grupo de transportadores participando das disputas online para agendar os mesmos transportes e embora a briga seja acirrada, eles nem estão presentes no mesmo espaço físico. Entre os concorrentes de Springer, indicados pelos donos do site para participar do reality show, estão a durona Jennifer Brennan, o novato Jarrett Joyce e os atrapalhados Christopher Hanna e Robbie Welsh. Roy Garber era o mais polêmico dos participantes, mas faleceu no começo
* A jornalista viajou a convite do canal
IN MEMORIAN
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Algumas cargas são tão inusitadas – seja por suas condições ou dimensões – que as empresas de frete tradicionais não se interessam pelo serviço. Foi assim que surgiu uma forma criativa de ganhar dinheiro: um site de ofertas online reúne contratantes anunciando os serviços que precisam ser realizados e transportadores dispostos a oferecer o melhor preço possível para encarar o desafio. E foi retratando o dia a dia desse grupo que o reality show Guerra de Entregas, que chega agora à sua quarta temporada, conquistou um público fiel. Seja pelo interesse em programas GUERRA DE que mostram negócios diferentes, ENTREGAS para ver as disputas entre os proI A PARTIR fissionais, torcer contra os contraDO DIA 28, tempos que surgem no caminho QUARTAS, 22H30 A&E, 138 ou simplesmente por se apegar aos personagens, mais de um milhão de telespectadores americanos sintonizam sua televisão semanalmente. O número não é nenhum recorde, mas para uma atração tão específica em um canal fechado, não é de se esnobar. E para entender como funciona o negócio, conversamos com Marc Springer, dono da Snortn’ Boar Transport, que conta com três caminhões. Tudo começa no site UShip (versão em português: http://www.uship.com/br/). O site reúne o cadastro de inúmeras empresas e autônomos, e basta cadastrar o que você precisa que seja transportado para começar a receber ofertas para o frete. O poder de escolha fica nas mãos de quem solicitou o orçamento, de acordo não só com os melhores valores, mas também nas características dos concorrentes. A partir daí, começa a aventura. Para ele, a entrada no mercado aconteceu por pura necessidade. Vendedor de motocicletas de luxo, viu suas comissões irem para o ralo quando
de 2014 (confira mais no quadro). “Nós não nos vemos muito, mas é ok. Eu gosto da Jennifer e o resto do pessoal é ok. Menos o Roy. Nós somos como arqui-inimigos”, revelou à época, sem imaginar o destino trágico do colega. Claro que, além de acompanhar a competitividade entre eles e de torcer para as mercadorias chegarem dentro do prazo e inteiras a seus locais de destino, boa parte da diversão é ver as coisas malucas que eles transportam. Nos caminhões deles já embarcaram casas, aviões, esculturas de proporções descomunais, foguetes, carros antigos etc. Para Springer, a mais curiosa foi uma mão de aço gigante controlada por uma luva. Já a mais delicada e perigosa foi a de um carregamento de ametistas brasileiras durante o terceiro ano da atração. “Não só a carga era muito valiosa, como o dono era um maluco. Ele me encheu tanto o saco que eu acabei tendo que contratar uma guarda armada. Eu sei que as pessoas querem drama, mas eu prefiro não entrar em detalhes. Não vale a pena morrer pelo entretenimento.” A verdade é que mais da metade do transporte de carga no Brasil, segundo a Confederação Nacional do Transporte, e quase 70% nos EUA, segundo a Secretaria do Comércio americano, é feito por caminhões. Ou seja, Springer está certo em apontar que o setor é um dos mais importantes em inúmeros países: “Apesar de muitos defenderem outras formas de transporte e reclamarem de poluição, o nosso planeta entraria em colapso se os caminhões simplesmente deixassem de operar”, opinou. Ou seja, até que haja um investimento em outros meios de transporte, pode contar que veremos muitos carretos divertidos na TV e pelas estradas por aí.
“Olhe a definição de perfeição no dicionário, você verá uma foto minha”. Era o tipo de frase que Roy Garber disparava. Encrenqueiro, para ele a máxima de que o cliente sempre tem razão não era muito válida. Apesar do jeito truculento (ou por causa dele), era adorado pelos fãs da atração. Pai solteiro de um rapaz de 18 anos, percorria as estradas acompanhado da gata Muffy. Perguntado sobre a relação com os demais participantes do programa, Marc Springer negou a rivalidade que costuma aparecer nos episódios. “Menos o Roy, ele é o que você vê na tela. Nós somos como arqui-inimigos e as pessoas adoram odiá-lo. Ele é importante para o programa”, revelou, durante entrevista meses antes da morte do colega. Garber não resistiu a um ataque cardíaco e faleceu aos 49 anos, em janeiro de 2014 e ganha uma maratona com seus melhores momentos no programa. MARATONA GUERRA DE ENTREGAS I DIA 21, QUARTA, 21H30, A&E, 138
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